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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NO PROCESSO DO TRABALHO

Maria Célia Toro Fernandez

Orientador

Jean Alves pereira Almeida

Niterói 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NO PROCESSO DO TRABALHO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Processual Civil.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Antonio Fernandez Antiqueira e Josefa Toro Fernandez, a quem devo minha existência e a força para alcançar esta vitória. Obrigado, vocês me dão tanto orgulho por sua história de vida.

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DEDICATÓRIA

In memorium

Juan Carlos Toro Fernandez, pela sua curta passagem pela minha vida tanto me ensinou e por quem sempre me inspiro a cada passo que dou.

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EPÍGRAFE

“A força do direito deve superar o direito da força”

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RESUMO

Este trabalho vai tratar do procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho que foi instituído pela Lei 9.957/2000 que acrescentou os artigos 852-A a 852-I à Consolidação das Leis do Trabalho, objetivando tornar o processo do trabalho mais célere, sendo aplicado aos dissídios individuais, cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação. Em virtude da baixa relevância econômica que tais ritos exigem, bem como da prevalência de interesse das partes (dissídio individual), seus prazos são mais curtos e a dilação probatória é mitigada pelo art. 852-D da Consolidação da Leis Trabalhistas que confere poderes ao magistrado para determinar quais provas devem ser produzidas pelas partes. É um procedimento todo balisado pela principio da celeridade, o parágrafo 1º do art 852-H, impõe às partes o dever de manifestar-se em plena audiência sobre as provas apresentadas pela parte contrária, salvo entendimento contrário do juiz.

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METODOLOGIA

O estudo utilizado para abordagem do tema explorado neste trabalho, do qual verificará o procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho, foi o hipotético dedutivo, utilizando-se os procedimentos históricos e comparativos.

O tipo de pesquisa utilizado foi a bibliográfica-descritiva. A pesquisa se realizou através de fontes como a doutrina, a jurisprudência e a legislação. Adotando-se dois procedimentos para a coleta de dados.

Na parte bibliográfica foi utilizado as leituras exploratórias, seletiva, crítica e interpretativa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 08

CAPÍTULO I – PROCESSO E PROCEDIMENTO ... 10

1.1 CONSIDERAÇÕES ... 10

CAPÍTULO II – CELERIDADE PROCESSUAL ... 11

CAPÍTULO III – PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO... 14

3.1 RELATO HISTÓRICO ... 14

3.2 DOS PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS NO RITO SUMARISSIMO ... 19

3.3 CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS ... 27

3.4 CONVERSÃO DE PROCEDIMENTO ... 29

3.5 PRODUÇÃO DE PROVAS ... 31

3.6 DECISÃO DE PLANO DOS INCIDENTES E EXCEÇÕES ... 34

3.7 SENTENÇA ... 36

CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS ... 39

4.1 RECURSO ORDINÁRIO ... 39

4.2 RECURSO DE REVISTA ... 40

CAPÍTULO V – DA RECONVENÇÃO NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO ... 42

CONCLUSÃO ... 44

ANEXO ... 47

BIBLIOGRAFIA ... 48

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INTRODUÇÃO

O tema apresentado neste trabalho tem como objetivo demonstrar os procedimentos submetidos ao rito sumaríssimo na Justiça do Trabalho, os quais os valores das ações propostas não podem ultrapassar a 40 vezes o salário mínimo.

O que justifica a forma sumaríssima é a simplicidade do direito em questão e a menor complexidade da matéria factual (causa petendi), o que, por si só, constitui condição suficiente para a redução e a simplificação dos prazos, fases e termos procedimentais dessa natureza. A primeira critica que pode ser feita ao preceito, porquanto a complexidade da causa nem sempre está diretamente relacionada com seu valor.

Cumpre salientar que o regramento processual do trabalho sempre teve como pedestal à informalidade procedimental, delimitada pelo principio da oralidade, da imediatidade, da concentração, da simplicidade, da celeridade, da economia processual, da imutabilidade do juiz e da irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

Sabemos que a grande parte das demandas trabalhistas é de ações cujo valor é menor que $ 18.600,00, pois, na sua maioria trata-se de reclamações de trabalhadores que recebem em torno de um salário mínimo, mais fácies de serem enganados nos seus direitos trabalhistas por seus empregadores, e assim este trabalhador que ganha por volta de um salário mínimo se vê compelido a clamar pelo judiciário para que tenha garantido os seus direitos.

Foi com este intuito de sempre proteger o hipossuficiente que a Justiça do Trabalho instituiu os ritos sumário (ou de alçada) e sumaríssimo. Assim, os que mais necessitam da prestação jurisdicional poderiam tê-la de maneira mais célere, garantindo o sustento de sua família.

Todo o empenho do legislador foi no sentido de garantir uma prestação jurisdicional mais célere por parte do Estado. Necessidade esta que, conforme vai decrescendo o poder aquisitivo das partes, aumenta-se a carência por um processo livre das custas habituais e de eficácia mais imediata.

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Muitas eram as reclamações trabalhistas antes do procedimento sumaríssimo entrar em vigor, entretanto, ações demoradas chegando em alguns casos a durarem por mais de três anos só na fase de conhecimento, e desta forma, muitos reclamantes se submetiam a acordos e vontades favoráveis ao pólo mais forte de relação de fato.

Contudo, o que observamos na prática trabalhista o Judiciário ainda é carente de recursos humanos e da aparelhagem imprescindível para um deslinde tão imediato quanto exige a Lei. Nesta ótica, podemos adiantar que a celeridade proposta pelo procedimento sumaríssimo sejam meramente programáticos. Desta maneira, o rito sumaríssimo e até mesmo o sumário, tem cada vez se aproximado mais ao do rito ordinário, perdendo infelizmente grande parte das suas características originais, no que diz respeito aos prazos para audiência inaugural, prolação da sentença.

Além das reformas que estão sendo feitas no nosso ordenamento jurídico, o Tribunal Superior do Trabalho, atento às transformações e aos problemas sociais, fez um estudo das causas do grande número de processos a serem julgados na Justiça do Trabalho, a fim de encontrar soluções para dar celeridade à prestação jurisdicional e modernizar a jurisprudência estabelecida nos Enunciados, cancelando alguns deles e, alterando a redação de outros, antecipando-se, portanto, à reforma trabalhista já tão esperada.

O estudo aqui proposto encontra-se organizado por capítulos e logo após a parte introdutória, no primeiro capítulo aborda-se o processo e procedimento fazendo breves considerações explicitando sua diferenciação. No segundo capítulo abordaremos o principio da celeridade basilar no procedimento sumaríssimo. No terceiro capítulo faremos considerações a respeito do Procedimento Sumaríssimo, seu relato histórico, e como são processados todos os procedimentos relativos a este rito especial, do inicio da audiência ate a sentença.

No quarto capítulo demonstraremos como se procede a interposição do recurso ordinário e recurso de revista quando tratarem de ações processadas pelo rito sumaríssimo, e no quinto e ultimo capítulo faremos breves comentários da reconvenção e intervenção de terceiros nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. E, finalizando, apresentam-se as conclusões acerca deste estudo.

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CAPÍTULO I

PROCESSO E PROCEDIMENTO

1.1 CONSIDERAÇÕES

O procedimento é a forma pela qual o processo se exterioriza. Sabido é que o processo é uma relação jurídica que se desenvolve entre as partes de um lado e o juiz de outro. Já o procedimento surge como o modo pela qual essa relação se efetiva, ou seja, o modo pelo qual os atos processuais são realizados, ou exteriorizados.

Quando há existência de conflitos é através da jurisdição que se faz funcionar o poder estatal, que buscamos a solução dos conflitos. Através das leis vigentes o juiz indica o direito a ser aplicado, desta forma, afirmamos que nessa modalidade de solução dos conflitos é o Estado que expeça a saída da lide na forma de sentença constitutiva, declaratória ou condenatória. A Jurisdição utiliza-se do processo como forma de garantir a ampla defesa, a isonomia, o contraditório, limitando assim, os poderes do Juiz na condução do procedimento.

O processo é um instrumento da jurisdição, é o conjunto ordenado de atos processuais que visam restaurar a paz em cada caso concreto. Não se pode confundir processo e procedimento, uma vez que este é o rito pelo qual se desenvolve o processo. O processo é o conjunto de etapas ordenadamente dispostas tendo em vista uma finalidade, em contrapartida o cumprimento destas etapas pode se dar de diversas formas cada qual regulada pelo seu procedimento, ou seja, o conjunto de atos que realizam a finalidade do processo é denominado de procedimento.

O processo é formado por atos processuais, dos quais são aqueles praticados dentro do processo e com fim de integrá-lo na relação processual.

Neste trabalho abordaremos o procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho, partindo da sua formação e primeiro aparecimentos na história, passando pela sua aplicabilidade na atualidade e chegando a conjeturar possíveis caminhos para os procedimentos em análise, e sua verdadeira efetividade.

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CAPÍTULO II

CELERIDADE PROCESSUAL

Após a EC 45 a celeridade processual passou a ser erigida como garantia fundamental do cidadão, só terá eficácia se for compatibilizada com o princípio do devido processo legal, consubstanciado na Carta Magna, no seu artigo 5º, LIV, que em seu enunciado reúne todas as demais garantias processuais.

Mister salientar a importância do princípio da celeridade, que ganhou status constitucional com a edição da EC nº 45/04. Com efeito, um dos maiores tormentos a que são submetidos os litigantes é a morosidade do processo judicial, pois avilta a parte, fere de morte o ideal da justiça e se constitui mais uma razão para o descrédito e o desprestígio do Poder Judiciário.

A busca de uma prestação jurisdicional célere e eficaz na Justiça do Trabalho é um ideal buscado pelos operadores do direito atuante nesta área, inclusive na tentativa de recobrar o prestígio desta Justiça especializada.

Entretanto, devemos ficar atentos para que esta celeridade não venha obstruir direitos e garantias constitucionais, e desta forma bem enfatizou Cândido Rangel Dinamarco (DINAMARCO, 2001; 112).

deve haver equilíbrio entre duas exigências antagônicas. De um lado, a celeridade processual que, tem por objetivo a solução do conflito em tempo razoável, daí porque haver no processo a preclusão e a coisa julgada, e de outro, a qualidade dos julgamentos, trazendo segurança jurídica às partes e justiça social.

Na Justiça do Trabalho, a celeridade processual ganha especial relevo em face da natureza alimentar dos créditos trabalhistas. A grande maioria dos que ajuízam ações trabalhistas estão desempregados e necessitam receber seus créditos o mais brevemente possível.

Foi divulgada uma estatística pelo Tribunal Superior do Trabalho1, que nos dias atuais, o aumento no número de demandas trabalhistas impôs a criação de

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um mecanismo que fizesse valer os princípios da celeridade e da economia processual e, com esse espírito, foi editada a Lei do Procedimento Sumaríssimo.

O procedimento sumaríssimo que surgiu com a lei nº 9.957, de 12 de janeiro de 2000 acrescentando arts. 852-A, 852-I à Seção II-A do Título III (Dos Dissídios Individuais) e os arts. 895, § 1º, 896, § 6º, e 897-A ao Capítulo VI (Dos Recursos) do Título X da Consolidação das Leis do Trabalho. A lei que criou o procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho foi na tentativa de desafogar os tribunais das causas de menor complexidade, ou seja, aquelas cujo valor não exceda a quarenta vezes o valor do salário mínimo vigente à época da interposição.

A questão é: será que o que a lei criou efetivamente acelerou o julgamento das causas de menor complexidade e serviu para desafogar o Judiciário?

A lei instituiu um procedimento mais rápido, compreendidos como de observância obrigatória, para causas até quarenta salários mínimos, o qual, segundo a doutrina, foi inspirado na Lei nº 9.099, de 26.09.95, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, em substituição aos antigos Juizados de Pequenas Causas, previstos na Lei nº 7.244, de 07.11.84.

Importante lembrar que a lei dos Juizados Especiais teve como inspiração a Consolidação das Leis do Trabalho, e a Lei que institui o procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho, teve como inspiração a Lei 9.099/95. O que parece é que a legislação trabalhista andou em circulo. (MARTINS; 2005; 198).

Não podemos negar que a Lei nº 9.099/95 trouxe celeridade às causas de pequeno valor, porque criou Juizados Especiais. Na Justiça do Trabalho, sem a criação de Varas Especiais, será difícil efetivar um procedimento distinto do tradicional. De fato, o número de causas pendentes de julgamento não sofreu redução com a implantação do procedimento sumaríssimo.

Por outro lado, nenhuma mudança foi feita na fase de execução, o que dificulta a prestação da tutela jurisdicional – apesar da recente reforma na Execução Civil a mesma não se utiliza a mesma no âmbito trabalhista, já que a matéria não é omissa na CLT - logo nada adianta que o processo de conhecimento célere gera apenas uma sentença, já que a verdadeira entrega do bem jurídico só se concretiza com a execução da sentença, que continua morosa.

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No processo comum, o juiz, diante de um pedido líquido, deverá proferir sentença líquida (CPC, art. 459, parágrafo único). No procedimento sumaríssimo trabalhista, tal dispositivo foi vetado, inexistindo obrigatoriedade de o juiz proferir sentença líquida. Com o texto atual, há necessidade do início normal de uma fase de execução, ou seja, devem as partes, o contador judicial ou o perito liquidar a sentença. Portanto, ainda que a prolação da sentença se dê mais rapidamente – o que não tem ocorrido –, de qualquer sorte, na fase da execução o trâmite continua lento, o que induz à conclusão que o procedimento sumaríssimo é na verdade utópico.

Com efeito, a morosidade na Justiça Trabalhista continuou, visto que o número de juízes não aumentou, não foram criadas Varas especializadas para causas de pequeno valor, nem a fase de execução foi alterada pela Lei do procedimento sumaríssimo.

Concluímos este tópico afirmando que a celeridade processual, que desde a EC 45 passou a ser erigida como garantia fundamental do cidadão, só terá eficácia se for compatibilizada com o princípio do devido processo legal, insculpido na Constituição Federal no artigo 5º, LIV, que em seu enunciado reúne todas as demais garantias processuais, tais como: ampla defesa, contraditório, inafastabilidade do Poder Judiciário, duplo grau de jurisdição e outros, e com o princípio da razoabilidade, a justiça da norma. Também não podemos esquecer que os princípios devem ser interpretados sistematicamente à luz dos valores vigentes à época dos fatos.

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CAPÍTULO III

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

3.1 RELATO HISTÓRICO

Ao longo do tempo o processo civil romano dividiu-se em três diferentes períodos. Valendo ressaltar que existem conflitos quanto a esta divisão: a primeira refere-se ao período das “legis actione”, aproximadamente desde a fundação de Roma (754 a.C.) até o ano de 149 a.C, aproximadamente; o segundo é o período Formulário cerca de 149 a.C.a 205 d.C.; por fim o cognitio extraordinária no período de 205 d.C. a 568 da era cristã. (BATALHA; 1985; 321).

A “legis actione” foi sucedida pelo período formulário, que emergiu com fulcro na Lei Aebutia, suprimindo os procedimentos da “legis actione” quase em sua plenitude. O período Formulário deu vazão as duas Leis de Júlias que completaram a alteração dos procedimentos. A passagem para o período da extraordinária

cógnito fez-se paulatinamente, este novo procedimento iniciou-se no século I e

concluí seu ciclo por volta do século III.

A passagem do procedimento formulário para o da "extraordinária cognitio" fez-se lentamente, no início da era cristã (século I), quando começaram a concorrer ambos os procedimentos, e, mercê do paulatino predomínio do processo "extra ordinem", no século III, já se tinha completado o ciclo evolutivo, operando-se a inteira substituição do processo formulário pelo "extraordinário", circunstância documentada por uma constituição do imperador Diocleciano de 294 d.C., sem embargo de ponderável segmento doutrinário mencionar, diversamente, uma constituição de Constantino de 342 ou, como anotam outros, de 343.

Os dois primeiros períodos compondo uma etapa a que se convencionou chamar de "Ordo Judiciorum Privatorum", designação que, no entanto, segundo alguns as fontes aparentemente desconheceram como sentido que lhe é comumente emprestado.

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O processo dessa etapa caracterizava-se por sua natureza eminentemente privatista, despontando como elemento preponderante a voluntas, isto é, a vontade das partes, saliente sobretudo na feição contratual do litiscontestatio. Este se desenvolvia em dois momentos distintos; um in jure, perante o magistrado (pretor); outro in judicio (ou apud judicem), perante o juiz (árbitro), como mostram os estudos a respeito.

No primeiro momento (in jure) punha-se como objeto de apreciação do praetor, basicamente, matéria de direito; no segundo (in judicio), ao reverso, deferia-se ao judex unus ou arbiter (juiz ou árbitro; também chamado às vezes "jurado") o conhecimento, por excelência, de matéria de fato. O pretor podia examinar e solucionar determinadas questões prévias, inclusive denegando a ação ou dando por finda a instância, conforme o caso, sendo esta a origem remota do atual saneamento do processo.

Finalmente, a última fase – a cognitio extraordinária, ou extra ordinem judiciorum privatorum, ou seja, o processo imperial romano da última fase, até Justiniano, caracteriza-se pela atuação predominante do magistrado, do juiz funcionário público na ordenação da instância da causa, no julgamento e na execução. O magistrado que, no processo anterior, usava apenas de uma parte muito limitada de seus poderes – a jurisdictio – passou a usar seu imperium, como se a relação processual abrangesse matéria política e administrativa.

Este novo processo se formou da periferia para o centro do mundo romano, tendo sua consagração legislativa por uma constituição de Diocleciano, em 294 d.C., pela qual este imperador recomendou aos governadores que resolvessem eles mesmos os litígios que, anteriormente, eram resolvidos ao conhecimento dos judics pedanei. (BATALHA; 1985; 332).

O processo das legis actiones era o do povo romano primitivo, rude e austero criador do direito; o das fórmulas, o processo dos juristas clássicos; o extraordinário, o processo dos funcionários e Bizâncio. No primeiro sobreleva o direito da força privada; no segundo, primam a lógica dos juristas e a ordem legal; no terceiro, predomina a sutileza bizantina. Por isso os dois primeiros eram gratuitos, orais e públicos; o terceiro, escrito, pago e secreto.

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sumário, ao lado do ordinário, na época do direito romano ou, mais precisamente nas três fases do procedimento romano, reconhecendo-se contudo que "mais que nota, ... os ritos sumários, ... nas três modalidades procedimentais romanas, como

formas de procedimentos especiais, consoante os critérios do CPC brasileiro. No

processo de conhecimento romano inexistia um rito comum sumaríssimo, que se apresente igual para diferentes causas. Sempre nos deparamos com nuances diferenciadoras". (LIMA; 2004; 594).

Com o surgimento do direito escrito, o rito sumário não foi adequadamente explorado. Já que na definição, o rito sumário, pode ser conceituado como uma técnica processual, a qual procura a sua celeridade. No entanto o rito sumário romano se tornou moroso, vindo, inclusive, a ser chamado por alguns doutos de “vulgar”. Como exemplo clássico desse acontecimento, podemos citar o Código Filipino, aplicado durante anos no Brasil, onde continha procedimento sumário.

Desta forma fez-se gritante a necessidade da criação de um processo que interligasse a celeridade e o caráter hierárquico da revisão dos julgados, atualmente denominado de recurso. Existindo assim a necessidade da sumarização do processo do trabalho.

Todavia, não parece provável se possa com acerto identificar a presença de procedimento sumário – muito menos sumaríssimo – no processo civil romano, ao menos à época da ordo judiciorum privatorum, pois, na o direito antigo não conheceu "um procedimento sumário, senão exceções isoladas de procedimento normal".

Também no período das legis actiones seria incompatível a existência de um efeito sumário ou sumaríssimo. Não se ignora, todavia, o caráter genérico da actio per sacramentum, a ponto de ser aquela a que deveria recorrer o litigante todas as vezes que a lei lhe conferisse uma ação sem precisar o procedimento, podendo ser encarada na atualidade, como autêntico procedimento ordinário ou comum de então, inobstante a restrição temporal.

Quanto ao procedimento per formulas, embora este se divida em quatro partes (ntentio, demonstratio, condemnatio e adjucatio), sem contar a nominatio

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unicamente de acordo com as características ou peculiaridades de cada são, sem qualquer vestígio de sumariedade.

Na verdade, o procedimento sumário ou sumaríssimo, verdadeiramente, somente surgiu numa etapa seguinte – a do processo comum, por influência do direito canônico, sendo adotada a forma absolutamente escrita no lugar da oral.

No direito Português com as Ordenações Afonsinas de 1.446 ou 1.447 chegaram a ter vigência no Brasil-colônia durante algum tempo. As Ordenações Manuelinas surgiram cerca de 21 anos depois do descobrimento (em 1521). Já naquela época os escrivães tomavam nota, em seus protocolos, das questões e das respectivas sentenças. Os autos, atos processuais escritos, com juntada de documentos e outras, só nas demandas de maior valor. Anotavam como os Juízes condenaram ou absolveram, e acolhendo a assinatura destes para as Ordenações

Manuelinas, de 1.521.

As Ordenações Filipinas surgiram em 1603 tinham procedimento semelhante, o que denota a sumariedade. Clementina Saepe introduziu formalmente no processo comum o procedimento chamado sumário indeterminado, origem remota do atual procedimento sumaríssimo. Daí certamente autores aludirem a "processos sumários e sumaríssimos"

No direito Brasileiro apesar da emancipação política do Brasil ocorreu em 1922, porém o direito português continuou vigorando por muito tempo. O primeiro ato legislativo do novo império foi o decreto de 20.10.1823, mandando que, enquanto não fossem elaboradas as leis e códigos pelos quais dever-se-ia reger o Brasil, continuassem em vigor as Ordenações, Leis, Regimentos, Alvarás, Resoluções e Decretos promulgados pelos reis de Portugal, continuando, assim, o país a ser regido pelas disposições do Livro III das Ordenações Filipinas.

O primeiro período do direito processual civil brasileiro inicia-se com a lei de 29.11.1832, constando no art. 10 do Título Único (que continha 27 artigos, concernente a Disposição Provisória acerca da administração da Justiça Civil), alusão às causas ordinárias e sumárias.

A primeira menção à forma sumaríssima no direito processual civil teria surgido com o Decreto 143, de 15.03.1842, que regulou o Título II da Lei 261, de

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03.12.1841, pertinente a "Disposições Civis" e desdobrado em 11 artigos (do 114 ao 124).

Com isto, a o processo ganha em precisão, todavia, o juiz perde em liberdade. Em cada sentença surge o contraste entre a verdade moral e a verdade processual, como ocorre na maioria dos processos escritos do direito moderno. Daí começa a surgir os intermináveis atrasos no andamento dos processos. Com o aumento dos processos, a capacidade de trabalho dos juízes diminui, e o atraso foi justificado como acúmulo de feitos, ocasionando a união de juízes e advogados para acusar a Lei, como única responsável pela morosidade dos processos.

Observamos que o objetivo da sumarização, nada mais seria que uma segurança nas decisões judiciais, entregando em um período curto a prestação jurisdicional, assegurando, com o direito de todo cidadão, principalmente as questões de natureza alimentar, principalmente as reclamações trabalhistas.

Com o que foi exposto anteriormente, sobre uma rápida noção sobre o rito sumário, e sua importância também no processo trabalhista, devemos ressaltar que, quando mencionamos em procedimento sumário no processo do trabalho brasileiro, não podemos deixar de demonstrar a Lei nº 5.584/70, o qual iniciou normas no seu procedimento, essencialmente, com a fixação de valores para alçada nos conflitos individuais que seria equivalente a dois salários mínimos vigentes.

No entanto, vale salientar que o rito sumário não atendeu a tão desejada celeridade, uma vez que a burocracia, custas processuais e a super lotação muitas vezes obrigam as partes a entrarem em acordos como, demonstra muita bem essa falha o douto Eduardo Henrique Von Adamovich. (ADAMOVICH; 2009; 532).

serve muitas vezes, de vilão para a parte especialmente tutelada, que é o empregado, que se vê constrangido a aceitar acordos sabidamente desvantajosos em nome de evitar a enfadonha espera pelo longínquo trânsito em julgado da decisão, único momento que lhe permitirá efetivamente apropriar-se das quantias.

Diante deste do não cumprimento do rito sumário quanto ao seu objetivo de celeridade processual, deu-se o surgimento do procedimento sumaríssimo na justiça do trabalho. Tal procedimento deve ser aplicado aos dissídios individuais cujo valor não exceda a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo vigente na data da

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reclamação. Essa matéria esta expressa pela lei 9.957/2000 nos artigos 852-A a 852-I, assim como em seus artigos 895, § 1º e 2º, 896, § 6º e 897-A.

Importante mencionar três requisitos fundamentais para a reclamação sumaríssima:

• \Pedido certo ou determinado e terá que indicar valor correspondente;

• \Não se fará citação por edital, cabendo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado;

• \A apreciação da ação deverá ocorrer no prazo Maximo de 15 (quinze) dias do seu ajuizamento.

No artigo 852-B na segunda parte dispõe “... podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Vara do Trabalho” alguns operadores do direito entende esta parte deste dispositivo como brecha para que a audiência não seja realmente marcada dentro do prazo de 15 dias conforme explicita na primeira parte do referido artigo. Mais uma vez vem à tona a sobrecarga das Varas do trabalho.

Mister destacar que no procedimento sumaríssimo estarão excluídas as demandas em que sejam partes a administração pública, autarquias e fundação, ou seja, não podem ser submetidas ao procedimento sumaríssimo, como autora ou rés. Esta deferência concedida à administração não ofende o principio da isonomia (caput, art. 5° da CF) porque, in casu, está em jogo o interesse público que, de regra, se sobrepõe ao interesse privado.

Ademais disso, há um outro motivo a justificar essa exclusão da administração pública: os prazos processuais mais dilatados que lhe são concedidos e que podem desfigurar a celeridade do procedimento sumaríssimo.

3.2 DOS PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS NO RITO SUMARISSIMO

A Lei 9.957/00, ao ser vigorada, não revogou a Lei nº 5.584/70, relativa às causas de alçada, na medida em que não regulou inteiramente a matéria tratada

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pela legislação anterior. Como exemplo pode-se citar as regras para fixação do valor da causa, aplicando o disposto no artigo 2.º, parágrafo 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil. Pode-se afirmar a subsistência, para as causas de valor igual ou inferior a dois salários mínimos, do procedimento previsto na Lei 5.584/70, mantida, também, a irrecorribilidade da sentença, sempre que não haja matéria constitucional em debate, no mesmo sentido Julio César Bebber. Como preceitua o próprio CPC em seu art. 272, nos pontos em que for omissa a nova regulamentação, terá toda pertinência aplicação subsidiária das disposições relativas ao procedimento comum trabalhista. (SARAIVA; 2008; 456).

Dispõe o art. 852-A, caput, da CLT: "Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo".

A demanda individual, cujo valor da causa corresponde ao montante máximo de quarenta salários mínimos, fica sujeita ao procedimento sumaríssimo. Deve ser observado o salário mínimo vigente na época da distribuição da ação trabalhista.

Independente do valor da causa, as demandas em que é parte a Administração Pública Direta, autárquica e fundacional não se sujeitam ao procedimento sumaríssimo (art. 852B-A, § único, CLT).

As demandas que se enquadram no procedimento sumaríssimo devem observar as seguintes regras: a) o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente; b) não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação e endereço do reclamado (art. 852-B, I e II, CLT).

A não observância destes requisitos implicará ao reclamante o arquivamento da reclamação e conseqüente condenação ao pagamento das custas, as quais serão arbitradas sobre o valor da causa (art. 852-B, § 1º, CLT).

A CLT, em seu artigo 840, § 1º dispõe:

Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do presidente da Junta, ou do juiz de direito, a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e assinatura do reclamante ou de seu representante.

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O CPC, por sua vez, no artigo 282 estabelece quais são os requisitos da petição inicial: a) o juiz ou tribunal, a que é dirigida; b) os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; c) o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; d) o pedido, com as suas especificações; e) o valor da causa; e) o valor da causa; f) as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; g) o requerimento para a citação do réu.

Cotejando-se os referidos dispositivos citados, concluímos que as discrepâncias repousam no valor da causa, nas provas solicitadas e no requerimento para a citação do réu.

Não vamos nos debruçar sobre as provas e o requerimento para a citação, na medida em que representa indicações que não se interagem com o presente estudo.

Embora a singeleza do art. 840, § 1º da CLT, pela experiência forense, é comum aos advogados a formulação das iniciais trabalhistas, observando-se os elementos previstos no art. 282 do CPC.

Apesar da experiência forense, entendemos que sempre foi necessária a indicação do valor da causa nas ações trabalhistas, para que fosse possível a diferenciação entre o rito previsto na CLT e o estatuído na Lei nº 5.584/70.

O referido artigo dispõe sobre os processos de alçada exclusiva da Vara do Trabalho, sendo que o valor é igual ou inferior a duas vezes o salário mínimo. Se o valor fosse indeterminado no pedido, o Juiz Presidente deveria estabelecê-lo, havendo a possibilidade desta impugnação. Mantendo-se o valor fixado, a parte interessada poderia solicitar a revisão ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho. Trata-se de um recurso sem efeito suspensivo. O importante frise-se, é que as referidas demandas de alçada exclusiva da Junta não poderiam ser reapreciadas pelas instâncias superiores, exceto se a matéria envolvesse questão constitucional.

As ponderações sobre os requisitos da petição inicial, bem como do procedimento de alçada exclusiva da Junta foram efetuadas com o intuito de apontar e realçar a importância do valor da causa. O valor da causa é fator importante na Justiça do Trabalho, mesmo antes da adoção do procedimento sumaríssimo, para se fazer às diferenciações entre o rito comum e o previsto na Lei nº 5.584/70, art. 2º.

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O valor da causa retrata o valor do pedido. Representa a mensuração pecuniária do pedido indireto ou mediato aduzido em Juízo. Denota a apreciação pecuniária do bem da vida que é lesado e cuja tutela é requerida em juízo. A CLT não traça regras explícitas quanto aos procedimentos para a mensuração do valor da causa, justificando-se a aplicação subsidiária do CPC, de acordo com o que dispõe a inteligência do art. 769 da CLT.

Não é objetivo deste estudo o exame acurado das regras processuais civis quanto aos critérios do valor da causa. Devemos ponderar que as regras encontram-se nos arts. 258 a 261 do CPC.

Para que a parte possa utilizar o procedimento sumaríssimo, deverá indicar o valor do pedido de forma líquida. Não se admite mais a expressão "a apurar".

Trata-se de uma disposição que já existe no Processo Civil e que está inserida no art. 286, o qual assim enuncia em seu caput: "O pedido deve ser certo ou determinado...".

A doutrina mais autorizada lê o referido dispositivo como traduzindo pedido certo e determinado. Certo indica que o pedido deve ser explícito. Determinado indica, como regra, que o valor deve ser líquido. Como exceção, a ilíquidez, é admissível nos pedidos genéricos.

O procedimento sumaríssimo trabalhista é mais rígido. Admite somente o pedido explícito e com valores indicados.

Além desta denotação, para a adoção do procedimento sumaríssimo, o reclamante deverá indicar corretamente o nome e o endereço da reclamada, não se admitindo a citação por edital. O não atendimento destas determinações levará ao arquivamento da demanda.

Pela exigüidade no prazo para a sentença, não se admite no procedimento sumaríssimo, a emenda ou retificação quanto ao teor da inicial (art. 284 do CPC e Enunciado nº 263, TST).

Não observados os requisitos quando da propositura, o magistrado trabalhista já está autorizado a proceder ao arquivamento da demanda.

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procedimento sumaríssimo, além de observar o teor dos arts. 840, § 1º da CLT e 282 do CPC, devem indicar valores líquidos para todos os pedidos, bem como o nome e o endereço corrigem quanto ao pólo passivo, não se admitindo em hipótese alguma a emenda da inicial.

A apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento. Se houver necessidade, poderá constar de pauta especial, o que irá ocorrer de acordo com a pauta da Vara do Trabalho (art. 852-B, III, CLT).

As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação (art. 852-B, § 2º, CLT). Toda e qualquer alteração de endereço deve ser comunicada nos autos, presumindo-se válidas as intimações ocorridas. Trata-se de uma adaptação da inteligência contida no parágrafo único do art. 39, do CPC ao processo sumaríssimo trabalhista.

O que justifica a forma sumaríssima é a simplicidade do direito em questão e a menor complexidade da matéria factual (causa petendi), o que, por si só, constitui condição suficiente para a redução e a simplificação dos prazos, fases e termos procedimentais dessa natureza. A primeira critica que pode ser feita ao preceito, porquanto a complexidade da causa nem sempre está diretamente relacionada com seu valor.

Cumpre salientar que o regramento processual do trabalho sempre teve como pedestal à informalidade procedimental, delimitada pelo principio da oralidade, da imediatidade, da concentração, da simplicidade, da celeridade, da economia processual, da imutabilidade do juiz e da irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

Restou firmado no texto legal em analise uma regra de fixação do procedimento a ser adotado, tendo em vista o valor da causa, ou seja, demandas cuja totalidade dos pleitos não ultrapasse o limite de quarenta salários mínimos, hoje equivalentes a R$ 18.600,00.

Até a edição dessa norma não havia uma preocupação técnica maior dos magistrados com a fixação do valor da causa pelas partes, sendo apenas observado

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o fato de ter sido dado a ela um montante menor, igual ou superior a dois salários mínimos para efeito do que dispõe o § 4. º, do art. 2.º da Lei n.º 5.584/70.

Diferentemente do que ocorre no âmbito cível, em que o valor da causa é objetivamente delimitado pelo regramento processual a ele aplicável (arts. 258 a 260 do CPC), nas ações trabalhistas os pedidos, a priori, possuem natureza ilíquida, de forma que a sua quantificação não se apresenta de forma simplista como pretendeu o legislador.

Convém destacar a falha técnica cometida pelo legislador, porque o pedido determinado já quer dizer liquido o que significa pedido com indicação de seu valor correspondente. Deve-se ressaltar, concomitantemente, que a conjunção “ou”, prevista no texto da lei ora analisada, que também existe no texto do art 286 CPC, não se trata de “uma alternativa, mas de uma copulativa, pois ambas as qualidades lhe são imprescindíveis”, Em outras palavras, a “conjunção ‘ou’ vale aí por ‘e’: o pedido deve ser certo e determinado”.(SAAD; 2006; 841).

A nova Lei não prevê a possibilidade de formulação de pedido genérico, ou seja, pedido ilíquido, como permitido no citado art. 286 do CPC, mas haverá de se entender possível formulação, sempre que a exigência da indicação do valor se constitua “obstáculo ao exercício do direito de ação”. Além disso, é preciso frisar que os juros e a correção monetária não precisam, necessariamente, ser indicados na inicial, conforme sistemática já adotada no processo civil, nos termos da lição de Vicente Greco Filho, in verbis: (GRECO FILHO; 1995; 148).

Certo, aqui, quer dizer expresso, explícito e devidamente delimitado, o que se contrapõe à idéia de implícito, tácito ou genérico. Há, porém, conseqüências de direito material ou processual que eventualmente podem ficar omitidas porque decorrem necessariamente do pedido principal. Apesar de ser recomendável que nada fique omitido, o que decorre inexoravelmente de lei e que é inseparável do bem jurídico que constitui o pedido mediato pode ser entendido como compreendido no principal, como, por exemplo, os juros legais e a correção monetária nos termos da Lei n. º 6.899/81, bemcomo o pagamento das custas e honorários.

Com a nova disciplina surge à preocupação de como fixar o valor da causa, que, em principio, não mais poderia ser atribuído subjetivamente pelo autor da demanda.

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Uma vez que o procedimento é aplicável a pequenas causas, a lei exige que o valor seja certo e determinado (art. 852-B, I, CLT), por força do presente inciso, os pedidos, neste rito, deverão desde logo ser exteriorizados de forma líquida, de modo a não apenas justificar o enquadramento no procedimento, mas também para facilitar o julgamento da lide. Tal afirmativa se reforça pelas próprias razões do veto ao § 2. º do art 852-I, CLT, que impedia a prolação de sentença condenatória por quantia ilíquida, demonstram o árduo ônus que essa Lei estabelece aos reclamantes, caso venha a ser considerada de utilização obrigatória e não apenas facultativa.

Outra questão diz respeito as audiências unas. Já que as demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular (art. 852-C, CLT).

Não há novidade alguma nesse dispositivo. O artigo que impõe a audiência única, não significando propriamente qualquer novidade face àquilo que sempre explicitou a CLT, em seu art. 849. É de se supor que as mesmas razões de ordem pragmática que levaram ao fracionamento cotidiano da audiência trabalhistas em três diferentes sessões (inicial, instrução, julgamento) também exerçam forte influencia sobre o rito sumaríssimo, sempre a despeito e em consideração à intenção do legislador.

As ações trabalhistas submetidas ao rito sumaríssimo devem ser apreciadas em uma única audiência. O rito previsto na CLT também adota a intitulada audiência una, como se depreende da leitura do art. 849, que assim enuncia:

A audiência de julgamento será contínua; mas se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova intimação. (SAAD; 2006; 839).

O ideal da Lei nº 9.957/2000 é a celeridade na prestação jurisdicional, impondo-se a realização da audiência única a ser observada pelo Juiz Titular da Vara do Trabalho. Porém, a realidade demonstra uma outra situação, a qual, infelizmente, demonstra ser inaplicável aos juízes titulares das Varas do Trabalho a

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adoção da audiência única, inclusive, observando-se o prazo de quinze dias para a sentença. Não podemos negar as pautas que já se encontram carregadas de outros processos, os quais inviabilizam a adoção de plano da pauta para as demandas sujeitas ao rito sumaríssimo.

Diante deste quadro, caberá aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho, a adoção de mecanismos para a elaboração de pautas com juízes auxiliares, atuando em conjunto com os titulares em todas as Varas do Trabalho.

Não se pretende negar a adoção do rito sumaríssimo em sua plenitude, porém, refletir a exata noção de cada Vara do Trabalho e as demandas já existentes até a publicação desta Lei, além dos processos já distribuídos e que foram ajuizadas antes da vigência da lei.

Diante desta situação, o legislador havia previsto a convocação de juiz substituto, o qual atuará em conjunto com o titular. O juiz, como sujeito da relação jurídica processual, se coloca acima e entre as partes. Deve preservar a imparcialidade e a igualdade no tratamento das partes, observando-se o contraditório, durante todo o transcorrer do procedimento, como forma de resguardar a dignidade de sua posição e do próprio Poder Judiciário.

Como dirigente do processo, de acordo com o art. 852-D, da CLT, possuem os seguintes poderes: a) a liberdade quanto às provas a serem produzidas, observando-se o ônus probatório das partes (art. 818 da CLT e art. 333, I e II do CPC); b) a limitação quanto às provas, podendo limitar ou excluir as excessivas, impertinentes ou protelatórias; c) a liberdade na apreciação das provas, dando-se especial valor às regras de experiência comum ou técnica.

A bem da verdade, o referido dispositivo consolidado, resume vários outros dispositivos já existentes no ordenamento jurídico nacional, a saber:

Art. 765, CLT: Os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla

liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

Art. 130, CPC: Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,

determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

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fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.

Art. 335, CPC: Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz

aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.

O juiz, como dirigente do processo, é soberano para a apreciação das provas e fatos trazidos em Juízo, contudo, em qualquer hipótese de rito, deverá indicar os motivos que levam ao seu convencimento. Trata-se de norma constitucional, a qual deriva do Estado Democrático de Direito, ou seja, a obrigação quanto à fundamentação de toda e qualquer decisão.

Neste sentido, temos o art. 93, IX, da CF: “... todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes”.

Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência (art. 852-E, CLT).

A conciliação é obrigatória, como já ocorre para o procedimento comum na Justiça do Trabalho. A conciliação é obrigatória na abertura da sessão (art. 846, caput, CLT), bem como após o término da instrução (após o oferecimento das razões finais (art. 850, caput, CLT)).

No rito sumaríssimo não há a obrigatoriedade da segunda tentativa de conciliação. Mas nada obsta, de acordo com o espírito da lei, que o juiz utilize os meios cabíveis para compor a demanda, em qualquer fase da audiência.

3.3 CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

O art. 852-E, CLT, repisa a original vocação do judiciário Trabalhista à conciliação prévia, que, de qualquer sorte, deve ser tentada em toda fase processual.

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Por outro lado, a autorização contida no art. 852-F, CLT, de registro resumido de atos, de afirmações e de informações úteis à solução do litígio denota a simplificação dos procedimentos rotineiros do processo trabalhista. Inequivocadamente, o intuito de desburocratizar e agilizar os atos processuais podem gerar alguma dificuldade para as partes e para o órgão jurisdicional. Já que a nosso ver, atos essenciais, que devem ser resumidos na ata da audiência, são, de regra, os seguintes: propostas conciliatórias, contestação feita oralmente, depoimento das testemunhas, razões finais e eventuais incidentes processuais.

No tangente à prova testemunhal, lembramos o disposto no § 2° do art. 416 do CPC: “As perguntas que o juiz indeferir serão obrigatoriamente transcritas no termo, se a parte o requerer”.

A implantação de modelo tendente à celeridade, todavia, há de ser tomada com prudência e precaução, porquanto estaria aberto razoável espaço para a arbitrariedade das autoridades judicantes, podendo ocasionar eventuais nulidades.

Como reitor do processo, o magistrado o dirige de acordo com os preceitos autorizados na lei (arts. 130 do CPC e 765 da CLT). Porém, de acordo com os comandos insertos nos arts. 852-F e 852-I da CLT, do indigitado diploma, a seleção e registro ao crivo do juiz patenteiam o risco de lesão ao principio do contraditório a da ampla defesa, caso o julgador aja com pouca cautela.

O problema da nulidade das decisões e dos atos processuais praticados na fase instrutória atrai outro aspecto. A revisão desses atos, como já sedimentado np processo trabalhista, somente será viabilizada em grau de recurso, condição que exige também dos órgãos jurisdicionais de segunda instancia uma nova atenção ao procedimento.

De acordo com a regra geral adotada na Justiça do Trabalho até hoje, a supressão de informações e o indeferimento de perguntas a testemunhas ou de quesito ao perito poderiam implicar nulidade do feito com a reabertura da instrução. Com a edição do novo rito, as posturas devem ser revistas: no primeiro grau, para que os juizes exerçam sua capacidade de sintetizar os fatos relevantes para a solução do conflito sem incorrer em arbitrariedades e sem cercear o direito dos litigantes; no segundo grau, para que os julgadores não reconheçam nulidade em face de qualquer omissão ou resumo legalmente facultado ao prolator da decisão

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sub judice.

Não pode se esquecer que a lei em tela tinha maior amplitude, pois o projeto aprovado pelo Congresso estabelecia a possibilidade restrita de recurso ordinário. Originalmente, os feitos sujeitos ao novo rito só dariam ensejo à revisão da decisão de primeiro grau quando verificada a violação de lei ou a contrariedade a algum enunciado da Súmula do TST. O veto não acatou a restrição, viabilizando o reexame da matéria de fato pela segunda instancia, em respeito à índole vigente do recurso ordinário.

Dispositivo apto a gerar polêmica é o inserto no art. 852-G, da CLT, mormente no que tange à decisão de plano das exceções. A observação é consubstanciada no fato de que os incidentes processuais na vocação trabalhista são solvidos em audiência. No que tange às exceções, no entanto, o quadro se desassimila, pois, como resposta do réu, nem sempre o exceto terá, à sua disposição, contraprova a produzir e, não raro, não quererá desistir do prazo legalmente estatuído no art. 800 da CLT. A hipótese in concreto, portanto, imporá ao juiz ignorar o regramento, dando prevalência ao norte constitucional da ampla defesa.

A evidencia, a própria ideologia do processo cognitivo sujeito ao novo rito não traduz compatibilidade com o acatamento dos institutos de intervenção de terceiros, de resto já extremamente polêmicos no processo trabalhista.

3.4 CONVERSÃO DE PROCEDIMENTO

Recebida à reclamação segundo o procedimento sumaríssimo, elevando-se o valor da causa além do limite de quarenta salários mínimos, os atos já praticados não ficam prejudicados (CPC, art. 250). Havendo, todavia, pauta especial, deve a reclamação ser incluída em pauta comum.

Se, ao contrario, a reclamação foi apresentada segundo o procedimento ordinário, fixado o valor correspondente ao do sumaríssimo, far-se-á a conversão do procedimento (CPC, art. 277, §4º), de imediato se possível, ou, caso de contrario, mediante concessão de prazo para o autor, na forma do art. 284, do CPC, preceito

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cuja aplicação ao processo do trabalho mostra-se perfeitamente cabível, consoante já afirmado pela jurisprudência. Todos os atos que puderem ser aproveitados como, por exemplo, a citação, onde não comporta anulação ou repetição (art. 250 CPC). Sobrevindo a conversão apenas com o provimento da impugnação ao valor da causa, depois de colhidos, portanto, mais depoimentos testemunhais do que os permitidos em procedimento sumaríssimo, não há exclusão, eliminação ou riscadura do excedente. A conversão se faz praticando os atos faltantes, mas sem prejuízo de que fiquem os tornados supérfluos.

Em suma, a impugnação ao valor da causa tão desprezada, aqui ganha especial relevância.

O reclamado tanto poderá argumentar que o valor atribuído pelo autor está superestimado quanto subestimado, vale dizer: no primeiro caso irá insurgir-se contra o processamento da ação pelo procedimento ordinário; e, no segundo, contra a adoção do rito sumaríssimo.

Da mesma forma que ato de indeferimento da petição inicial, a apreciação da impugnação caberá sempre ao Juiz do Trabalho, em caráter monocrático (Lei nº5,584/70, art. 2º caput). E um aspecto interessante a ser examinado relaciona-se aos efeitos que o acolhimento da impugnação pelo magistrado poderá ocasionar no processo.

Em entendendo o Juiz que o rito ordinário não se amolda às dimensões da demanda, temos que a conseqüência lógica inevitável será a extinção do processo, sem exame de seu mérito, mediante aplicação supletiva do quanto disposto no inciso IV do art. 267 do CPC.

Solução diversa, porém irá impor-se caso o magistrado conclua que o tamanho da causa não justifica seu procedimento da impugnação da causa pelo réu ofertada implicará apenas a conversão do procedimento, sendo aproveitados os atos anteriormente praticados, medida que se revela coerentes às disposições contidas nos arts. 250 e 295, V, do CPC, e 794 e 769, letra “a”, da CLT.

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3.5 PRODUÇÃO DE PROVAS

Como a audiência é una, todas as provas serão produzidas na referida sessão, ainda que não requeridas previamente (art. 852-H, CLT). A regra é da produção de todas as provas em audiência, porém, há situações nas quais isto não é possível como é o caso da prova técnica para a apuração de insalubridade ou periculosidade (art. 195, § 2º, CLT e art. 852-H, § 4º, CLT).

A prova documental deve ser produzida com a inicial e a defesa (arts. 787, CLT e 283 e 396, CPC). A reclamada deverá manifestar sobre os documentos juntados com a inicial quando da formulação da resposta, adequando-se a resistência ao que foi produzido pelo reclamante, sob pena de sofrer as decorrências do princípio da eventualidade (art. 302, CPC). Quanto aos documentos juntados com a defesa, o reclamante deverá manifestar em audiência, não se justificando o adiamento, exceto a hipótese de absoluta impossibilidade, a critério do juiz (art. 852-H, § 1º, CLT).

As testemunhas permitidas são de no máximo de duas para cada parte, as quais deverão comparecer a audiência, independentemente de intimação (art. 825-H, § 2º, CLT). Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva (art. 825-H, § 3º, CLT).

Cotejando-se os dois parágrafos, temos: a) cada parte poderá ouvir no máximo duas testemunhas; poderá se for o caso, o juiz limitar o número de testemunhas a serem ouvidas de acordo com o art. 825-D, CLT; b) as testemunhas deverão comparecer de forma independente de intimação; a intimação só é cabível quando a testemunha convidada não comparece, devendo a parte comprovar o convite, sob pena de preclusão da prova; c) não comparecendo a testemunha intimada, haverá a sua condução coercitiva; em tal hipótese teríamos um segundo adiamento, o que prejudicaria o prazo dos 15 dias; o juiz, se a testemunha for convidada e não comparecer em primeira audiência deverá determinar a sua condução coercitiva de imediato, evitando-se assim um segundo adiamento.

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821, CLT), sendo que as testemunhas devem comparecer à audiência independentemente de intimação. As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas à condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado não atendam à intimação (art. 825, CLT).

Há situações nas quais não é possível, ao magistrado, concluir a audiência com o encerramento da instrução processual. Neste caso, interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa (art. 852-H, § 7º, CLT). Podemos exemplificar tais situações como sendo o adiamento para se ouvir testemunhas convidadas, para realização de prova técnica, etc.

Quanto à prova técnica, seja imposta por lei (insalubridade e periculosidade) ou em função do fato (perícia médica em face de um pedido de reintegração), a mesma será deferida, devendo o juiz fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito (art. 825-H, § 4º, CLT).

Entendemos, diante do texto claro e objetivo da lei, bem como do prazo para o término da instrução e prolação da sentença, que não é cabível a faculdade para indicação de assistentes técnicos e formulação de quesitos pelas partes. Pondere-se, ainda, que o juiz possui a liberdade para determinar as provas a serem produzidas, limitando ou excluindo as que considerarem excessivas (art. 852-D, CLT).

Após a entrega do laudo dentro do prazo fixado pelo juiz, as partes serão intimadas para a respectiva intimação no prazo comum de cinco dias (art. 852-D, § 6º, CLT).

Se o juiz, não sentenciar no prazo máximo de trinta dias, deverá justificar os motivos nos autos (art. 852-H, § 7º, CLT). Pondere-se que somente são aceitos motivos relevantes. Um dos argumentos relevantes, claro que em descompasso com o espírito da Lei nº 9.957/2000, é a falta de elementos materiais e funcionais para a celeridade processual. É comum nas Varas do Trabalho, a falta de funcionários, aliás, nem todas possuem a lotação completa.

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brevemente resenhado, por questão metodológica, a análise será destacada, porquanto diversos incidentes podem advir dessa importante fase processual, norteadora da solução do conflito intersubjetivo.

Os alentadores mecanismos para o órgão jurisdicional no tocante à coleta de provas introduzidas pelo diploma em estudo devem ser sublinhados, porquanto essa talvez seja a mais complexa etapa na experiência judicante – a busca da verdade real. Esses dois instrumentos estão estatuídos no art. 852-H, § 1.º (redução do número de testemunhas), e no art. 852-F, autorizador da resenha dos atos processuais, ambos da CLT.

A prova oral no rito sub examine, além da restrição já mencionada, sofre a imposição da audiência una, devendo ser produzida na ocasião designada, não sujeita a requerimento prévio, que para o professor Manoel Antonio Teixeira Filho, (2000), expurga “malfadado rol prévio, que caiu no gosto de alguns juizes do trabalho”.

A previsão inovadora da Lei n.º 9.957/2000 condicionada a possibilidade de intimação (art. 852-H, § 3.º) com a conseqüente postergação da audiência se, convidada, a testemunha não comparece. À parte é imposto o ônus de comprovar que efetivamente convidou sua testemunha; portanto, a sua recusa em comparecer em juízo não é presumível, mas depende de prova para facultar o indigitado § 3. º. A extrema vicissitude criada pelo procedimento repousa na forma de comprovação que, de regra, não se dará por escrito. Aqui se conta, mais uma vez, com o poder criativo dos Juizes do Trabalho, diuturnamente sujeitos a imbróglios legislativos.

De outra quadra, a testemunha instada a comparecer e abstinente deve ser conduzida na oportunidade (art. 852-H, §3 º, in fine), o que impõe a presença de um oficial de justiça à disposição do condutor da audiência, pois a norma não supõe a possibilidade de adiamento sob essa motivação. Decorre daí a impossibilidade de prever a duração de cada audiência e a extensão temporal da sessão, gerando tumultos e possíveis plantões de partes e procuradores.

Sob outro enfoque, sem poder deixar de falar sobre o caráter excepcional da lei instituidora do rito sumaríssimo, onde não se ensejou a possibilidade de expedição de carta precatória inquiritória. Assim, sempre que a ação dependa de intimação da parte ou de testemunha residente em diferente jurisdição através de

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deprecação, a conversão do rito se impõe, pois a medida somente torna compatível a adoção do ordinário.

Novamente a conversão do rito deve ser opção do magistrado, para não incorrer em cerceamento do direito de acesso à Justiça e em atentado ao principio da economia processual.

A realização de prova técnica resta condicionada à sua imprescindibilidade (art. 852-H, § 4º, CLT), legal ou factual, jungindo-se ao ato ordenatório a fixação do objeto da investigação pericial, a nomeação do especialista e o prazo de entrega do laudo, quando as partes se pronunciarão no prazo comum do qüinqüídio.

A celeridade a ser impressa pelo novo rito sucumbiu em face do veto ao § 5.º do art. 852-H, CLT, que reduzia para 72 horas o prazo para os litigantes e impedia a indicação de assistentes.

Ainda que o imperativo desta prova possa se enquadrar no art. 852-H, § 7o, CLT, facultando ao juiz justificar o retardamento dos exíguos.

3.6 DECISÃO DE PLANO DOS INCIDENTES E EXCEÇÕES

Após a propositura da conciliação, se a mesma restar prejudicada, haverá o prosseguimento dos trabalhos, sendo que o juiz, de imediato, deverá resolver todos os incidentes e exceções que possam prejudicar o prosseguimento do feito, sendo que as demais serão apreciadas a final, juntamente com a sentença (art. 852 –G, CLT). Quando se fala no prosseguimento do feito, entenda-se da própria audiência e processo.

As situações que devem ser analisadas de plano são as que prejudicam de fato o andamento da audiência e do processo, tais como: inexistência ou nulidade da citação; incompetência absoluta ou relativa (quando argüida); inépcia da petição inicial; perempção; litispendência; coisa julgada; conexão; incapacidade da parte e carência de ação (art. 301, CPC).

As referidas hipóteses, em linhas objetivas, são as que envolvem as condições da ação, bem como os pressupostos de constituição e de validade do

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processo. Tais figuras representam as matérias preliminares e que devem estar inseridas na contestação, apesar do Magistrado poder conhecê-las de ofício (art. 301, § 4º, CPC).

Convém salientar, ainda, de forma destacada, que caberá analisar se há os próprios requisitos a justificar a adoção do rito sumaríssimo que é invocado pela parte em sua demanda.

Deverão, ainda, como matéria prejudicial ao andamento da audiência, analisar as intituladas prejudiciais de mérito, notadamente, as alegações de prescrição e de decadência.

Não há grandes formalidades quanto aos registros dos atos praticados em audiência que serão registrados, de forma resumida, os atos essenciais (comparecimento das partes, a tentativa de conciliação, a defesa apresentada, requerimentos formulados). Quanto aos relatos pessoais, o juiz está autorizado a registrar somente as afirmações fundamentais das partes. Em relação as testemunhas ouvidas, basta as informações úteis (art. 852-F, CLT).

Quanto a transcrição dos relatos orais e testemunhais, em concreto, deve o juiz agir com cautela e objetividade. O interessante é relatar todas as respostas dadas quanto as perguntas formuladas, evitando-se um desgaste desnecessário entre o juiz e os advogados, o que poderá gerar um tumulto prejudicial aos trabalhos em audiência.

O espírito da lei é interessante. A interpretação plausível é a simplicidade e a objetividade da transcrição do que ocorre em audiência. Tudo o que ocorrer em audiência deve ser transcrito, mas com palavras claras, concisas e objetivas.

São públicas as reclamações dos advogados quanto aos procedimentos dos juízes trabalhistas que não transcrevem perguntas indeferidas ou os protestos lançados. Às vezes, é melhor a simplicidade da transcrição, do que o desgaste em não lançar os requerimentos ou as perguntas que são solicitadas ou indeferidas.

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3.7 SENTENÇA

A sentença, como ato de inteligência e vontade, é composto de partes que devem ser interpretadas de forma harmônica. Os elementos integrantes são: relatório, fundamentação e a conclusão (art. 832, caput e art. 458, CPC).

As demandas trabalhistas submetidas ao procedimento sumaríssimo e as respectivas sentenças, em função do art. 852-I, CLT, dispensam a elaboração de relatório.

Dispõe o referido dispositivo, em seu caput: "A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório".

Entendemos, que estão mantidos na sentença, a fundamentação e a conclusão.

Na elaboração da fundamentação, ao apreciar os fatos expostos em Juízo, das provas produzidas com a inicial e a resposta, bem como na própria audiência, o juiz adotará a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum (art. 852- I, § 1º, CLT).

Referido dispositivo merece algumas superações: a) pela leitura da lei, o legislador atribui ao juiz, quando da formulação da sentença, a mescla de um juízo de equidade e de valorização do fim teleológico da legislação material que envolve a matéria posta a sua apreciação; b) interpretar, em linhas objetivas, representa o estabelecimento do alcance e do conteúdo da lei. Várias são as técnicas interpretativas, tais como: literal, lógica, sistemática, histórica, autêntica e teleológica.

Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (art. 5º, LICC).

Maria Helena Diniz (DINIZ; 2002; 279):

Observa Tércio Sampaio Ferraz Jr., com a argúcia que lhe é peculiar, que os termos fins sociais e bem comuns são tidos como sínteses éticas da vida em comunidade, por pressuporem uma unidade de objetivos do comportamento humano social. Os fins sociais são do direito; logo, é preciso encontrar nos preceitos normativos o seu fim,

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que não poderá ser em hipótese alguma anti-social. O bem comum, por sua vez, postula uma exigência que se faz à própria sociabilidade; logo, não se trata de um fim do direito, mas da vida social.

c) integrar denota o preenchimento de lacunas que há no sistema normativo. Direito, pela visão tridimensional, representa a interação de fato, norma e valor.

O Direito, visto como um sistema, denota uma seqüência lógica e ordenada de fatos, normas e valores. Quando tais elementos estão em harmônica com uma dada realidade, não se visualiza a lacuna no ordenamento jurídico como um todo.

O sistema jurídico é aberto, na medida em que não consegue dar todas as respostas necessárias ao vasto complexo das relações jurídicas e sociais, as quais envolvem a vida em sociedade.

As lacunas podem ser: a) axiológicas – temos fato, valor e norma previstos no ordenamento, mas o valor tutelado não corresponde aos anseios de justiça de uma dada realidade; denota a ausência de uma norma justa; b) ontológica – temos a interação já declinada, mas o valor tutelado não mais corresponde aos anseios de uma dada realidade; representa a norma em desuso; e c) a normativa, ou seja, o fato não está previsto na norma.

O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade na lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito (art. 126, CPC).

O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei (art. 127, CPC). Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (art. 4º, LICC).

Eqüidade não é um vocábulo unívoco ou equívoco, mas sim análogo, na medida em que se interage com realidades conexas ou relacionas entre si. Não há consenso quanto ao verbo em apreço, eis que o seu conceito está intimamente relacionado com a concepção jurídico-filosófica de uma dada realidade.

Referências

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