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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.270.572 - SC (2011/0187136-8)

RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES

AGRAVANTE : HEZ ADMINISTRAÇÃO SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES LTDA ADVOGADO : GRAZIELLE SEGER PFAU E OUTRO(S)

AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REMISSÃO FISCAL. DEPÓSITO JUDICIAL. CONVERSÃO EM RENDA. DESCONTOS DO ART. 1º, § 3º, DA LEI N. 11.941/09. EXCLUSÃO DOS JUROS QUE REMUNERAM O DEPÓSITO JUDICIAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 126/STF. 1. A Primeira Seção desta Corte, por ocasião do julgamento do REsp n. 1.251.513/PR, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), da relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, DJe de 17.08.2011, firmou orientação de que o crédito tributário pode ser objeto de remissão e/ou anistia entre o trânsito e julgado e a ordem de transformação em pagamento definitivo, quando a lei não a exclui expressamente, de forma que não há impedimento para que o contribuinte possa promover o pagamento dos débitos, na forma prevista na Lei n. 11.941/09, excluindo, contudo, os juros remuneratórios (taxa SELIC) incidentes sobre o depósito judicial.

2. A invocação do princípio da isonomia, no presente caso, não atrai a incidência do óbice contido na Súmula 126/STF, pois a forma como se deu o aproveitamento dos valores depositados foi definida exclusivamente com análise da legislação infraconstitucional, qual seja a Lei n. 11.941/09. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete Magalhães, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 22 de maio de 2014(Data do Julgamento).

Ministro Mauro Campbell Marques Presidente

Ministro Og Fernandes Relator

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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.270.572 - SC (2011/0187136-8)

RELATÓRIO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES: Trata-se de agravo regimental interposto contra decisão que deu provimento em parte ao recurso especial da Fazenda Nacional para excluir da remissão a que se refere a Lei n. 11.941/07 o montante relativo à SELIC incidente sobre a conta vinculada ao processo judicial.

Alega a parte recorrente, em síntese, que "(i) o recurso especial é inadmissível, por força do disposto na Súmula 126/STJ; e (ii) houve erro material, já que o contribuinte requereu a desistência da ação judicial para valer-se dos benefícios da Lei n. 11.941/07, ou seja, não ocorreu após o trânsito em julgado".

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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.270.572 - SC (2011/0187136-8)

VOTO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES (Relator): A pretensão não merece prosperar.

A invocação do princípio da isonomia, no presente caso, não atrai a incidência do óbice contido na Súmula 126/STF, pois a forma como se deu o aproveitamento dos valores depositados foi definida exclusivamente com análise da legislação infraconstitucional, qual seja a Lei n. 11.941/2009.

A propósito, essa foi a orientação firmada quando do julgamento dos embargos de declaração nos autos do REsp 1.251.513. Confira-se:

EMENTA 1 PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO PARTICULAR. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. A invocação da isonomia possibilitou o aproveitamento dos valores depositados para efeito de gozo do benefício, contudo, a forma com que se deu esse aproveitamento (possibilidade de resgate da diferença de juros depositados) foi definida exclusivamente com análise da legislação infraconstitucional. Trata-se da própria compreensão do conteúdo do art. 10, da Lei n. 11.941/2009, o que não requer discussão a respeito da isonomia. Isto afasta a incidência da Súmula n. 126/STJ para o caso, tendo em vista que o "fundamento suficiente" é apenas o infraconstitucional (compreensão dos termos do art. 10, da Lei n. 11.941/2009) e não o constitucional (isonomia entre depositantes e não depositantes). Não ocorreu qualquer obscuridade ou contradição quanto ao ponto.

2. Todo o raciocínio montado no presente processo o foi para explicar que: não há saldo excedente de depósito judicial porque 1º) não houve depósito em excesso e 2º) porque o depósito efetuado não pôde gerar posteriormente qualquer saldo que excedesse ao valor do crédito tributário pois: a) a titularidade do contribuinte somente ocorre ao final da ação na hipótese de restar vencedor da demanda, o que não ocorreu; b) a remuneração pela SELIC somente ocorre ao final da ação na hipótese de o contribuinte restar vencedor da demanda, o que não ocorreu; c) a remissão recai somente sobre o crédito tributário e não sobre o depósito judicial; d) o crédito tributário estava suspenso antes mesmo da fluência de juros, não havendo objeto a ser remitido; e) à semelhança de quem efetuou o pagamento de todo o crédito tributário dias antes da publicação da norma remissiva, o risco de efetuar o depósito e sobrevier uma norma

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remissiva é exclusivo do contribuinte; f) é absurda, com todas as vênias, a comparação entre o depósito judicial e qualquer investimento de caráter privado. Todos os pontos levantados pelos embargantes foram analisados, não havendo omissão, e os argumentos utilizados são claros e suficientes à conclusão e com ela não estão em contradição.

3. Não havendo omissão, obscuridade, contradição ou erro material, merecem ser rejeitados os embargos declaratórios interpostos que têm o propósito infringente.

4. "Os embargos não se prestam a esclarecer, como via de prequestionamento, temas constitucionais, sobretudo se não correspondentes com o quanto discutido e aprofundadamente debatido" (EDcl no AgRg nos EDcl nos EREsp 1007281 / ES, Corte Especial, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1.7.2011).

5. Embargos de declaração do PARTICULAR rejeitados.

EMENTA 2 PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA FAZENDA NACIONAL EM RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. NECESSIDADE DE FIXAÇÃO DE TESE JURÍDICA. TEMA SUFICIENTEMENTE DEBATIDO. PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. A técnica de julgamento do recurso representativo da controvérsia não trata apenas do exame da admissibilidade do recurso, da amplitude de seu efeito devolutivo e da solução ao caso concreto, mas também de firmar com dado grau de objetividade a tese vencedora de modo que sua aplicação seja possível aos demais processos sobrestados.

2. O tema contra o qual se insurge a Fazenda Nacional foi suficientemente debatido pois foi levantado no próprio recurso especial por si proposto. Também houve enfrentamento nas contrarrazões, em Parecer do Ministério Público Federal, em petição posterior da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em memoriais e na sustentação oral.

3. "Os embargos não se prestam a esclarecer, como via de prequestionamento, temas constitucionais, sobretudo se não correspondentes com o quanto discutido e aprofundadamente debatido" (EDcl no AgRg nos EDcl nos EREsp 1007281 / ES, Corte Especial, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1.7.2011).

4. Não havendo omissão, obscuridade, contradição ou erro material, merecem ser rejeitados os embargos declaratórios interpostos que têm o propósito infringente.

5. Embargos de declaração da FAZENDA NACIONAL rejeitados.

(EDcl no REsp 1251513/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/09/2013, DJe 17/10/2013)

De outra parte, quanto ao mérito da questão, tem-se que a Primeira Seção desta Corte, por ocasião do julgamento do REsp n. 1.251.513/PR, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), da relatoria do Ministro Mauro Campbell

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Superior Tribunal de Justiça

Marques, DJe de 17/8/2011, firmou orientação de que o crédito tributário pode ser objeto de remissão e/ou anistia entre o trânsito e julgado e a ordem de transformação em pagamento definitivo, quando a lei não a exclui expressamente, de forma que não há impedimento para que o contribuinte possa promover o pagamento dos débitos, na forma prevista na Lei n. 11.941/09.

Restou assentado, ainda, que i) na benesse concedida (remissão de juros de mora, multa e encargo legal, que compõem o crédito tributário), não se inclui o resgate de juros remuneratórios incidentes sobre o depósito judicial; e ii) se houve trânsito em julgado confirmando o crédito tributário antes da entrada em vigor da Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 10/2009 (em 9/11/2009), não há que se falar em requerimento de desistência da ação como condição para o gozo do benefício. Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. PARCELAMENTO OU PAGAMENTO À VISTA COM REMISSÃO E ANISTIA INSTITUÍDOS PELA LEI N. 11.941/2009. APROVEITAMENTO DO BENEFÍCIO MEDIANTE A TRANSFORMAÇÃO EM PAGAMENTO DEFINITIVO (CONVERSÃO EM RENDA) DE DEPÓSITO JUDICIAL VINCULADO A AÇÃO JÁ TRANSITADA EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE DE DEVOLUÇÃO DA DIFERENÇA ENTRE OS JUROS QUE REMUNERAM O DEPÓSITO JUDICIAL E OS JUROS DE MORA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO QUE NÃO FORAM OBJETO DE REMISSÃO.

[...]

3. De acordo com o art. 156, I, do CTN, o pagamento extingue o crédito tributário. Se o pagamento por parte do contribuinte ou a transformação do depósito em pagamento definitivo por ordem judicial (art. 1º, § 3º, II, da Lei n. 9.703/98) somente ocorre depois de encerrada a lide, o crédito tributário tem vida após o trânsito em julgado que o confirma. Se tem vida, pode ser objeto de remissão e/ou anistia neste ínterim (entre o trânsito em julgado e a ordem para transformação em pagamento definitivo, antiga conversão em renda) quando a lei não exclui expressamente tal situação do seu âmbito de incidência. Superado, portanto, o entendimento veiculado no item "6" da ementa do REsp n.º 1.240.295 - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 5.4.2011.

4. O § 14, do art. 32, da Portaria Conjunta PGFN/RFB n.º 6/2009, somente tem aplicação para os casos em que era possível requerer a desistência da ação. Se houve trânsito em julgado confirmando o crédito tributário antes da entrada em vigor da referida exigência (em 9.11.2009, com a Portaria Conjunta PGFN/RFB n.º 10/2009), não há que se falar em requerimento de desistência da ação como condição para o gozo do benefício.

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5. A remissão de juros de mora insertos dentro da composição do crédito tributário não enseja o resgate de juros remuneratórios incidentes sobre o depósito judicial feito para suspender a exigibilidade desse mesmo crédito tributário. O pleito não encontra guarida no art. 10, parágrafo único, da Lei n. 11.941/2009. Em outras palavras: "Os eventuais juros compensatórios derivados de supostas aplicações do dinheiro depositado a título de depósito na forma do inciso II do artigo 151 do CTN não pertencem aos contribuintes-depositantes." (REsp. n.º 392.879 - RS, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13.8.2002).

6. No caso concreto, muito embora o processo tenha transitado em julgado em 12.12.2008 (portanto desnecessário o requerimento de desistência da ação como condição para o gozo do benefício) e a opção pelo benefício tenha antecedido a ordem judicial para a transformação do depósito em pagamento definitivo (antiga conversão em renda), as reduções cabíveis não alcançam o crédito tributário em questão, pois o depósito judicial foi efetuado antes do vencimento, não havendo rubricas de multa, juros de mora e encargo legal a serem remitidas.

7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008. (destaquei)

Assim, correta a decisão recorrida ao excluir da remissão fiscal contida no art. 1º, § 3º, da Lei n. 11.941/09 o desconto de juros remuneratórios (taxa SELIC) incidentes sobre o depósito judicial.

Já em relação ao erro material, tem-se que assiste razão à recorrente, uma vez que, no caso dos autos, a manifestação pelos benefícios da Lei n. 11.941/09 ocorre antes do trânsito em julgado. Contudo, tal situação não influencia no deslinde da controvérsia.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2011/0187136-8 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.270.572 / SC

Números Origem: 00340055020104040000 200572050013900 340055020104040000

PAUTA: 22/05/2014 JULGADO: 22/05/2014

Relator

Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocuradora-Geral da República

Exma. Sra. Dra. MARIA SÍLVIA DE MEIRA LUEDEMANN Secretária

Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

RECORRIDO : HEZ ADMINISTRAÇÃO SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES LTDA

ADVOGADO : GRAZIELLE SEGER PFAU E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : HEZ ADMINISTRAÇÃO SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES LTDA

ADVOGADO : GRAZIELLE SEGER PFAU E OUTRO(S)

AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete Magalhães, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

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