• Nenhum resultado encontrado

A possibilidade de reafirmação da data de entrada do requerimento (DER) na concessão de aposentadorias programáveis do RGPS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A possibilidade de reafirmação da data de entrada do requerimento (DER) na concessão de aposentadorias programáveis do RGPS"

Copied!
75
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA THAYSE GENUINO PATRICIO

A POSSIBILIDADE DE REAFIRMAÇÃO DA DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO (DER) NA CONCESSÃO DE APOSENTADORIAS

PROGRAMÁVEIS DO RGPS

Araranguá 2020

(2)

THAYSE GENUINO PATRICIO

A POSSIBILIDADE DE REAFIRMAÇÃO DA DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO (DER) NA CONCESSÃO DE APOSENTADORIAS

PROGRAMÁVEIS DO RGPS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Guilherme Macieski Marcon, Esp.

Araranguá 2020

(3)

THAYSE GENUINO PATRICIO

A POSSIBILIDADE DE REAFIRMAÇÃO DA DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO (DER) NA CONCESSÃO DE APOSENTADORIAS

PROGRAMÁVEIS DO RGPS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Araranguá, 06 de julho de 2020.

______________________________________________________ Professor e orientador Guilherme Macieski Marcon, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Geraldo Paes Pessoa, Ms.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. José Adilson Cândido, Esp.

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por suas bençãos e por guiar meu caminho.

Agradeço a minha família, principalmente aos meus pais, Vilmar e Anadilce, por todo suporte emocional e financeiro, sempre me incentivando a alcançar meus objetivos e pelo apoio e confiança nas minhas escolhas.

Agradeço ao meu irmão, Thiago, pelo companheirismo, apoio e compreensão. Agradeço ao meu namorado, Flávio, por se manter ao meu lado em todos os momentos, por compreender minhas angústias e por acreditar que meus objetivos seriam alcançados.

Agradeço ao meu orientador, Guilherme, por aceitar conduzir o meu trabalho de pesquisa, dedicando seu tempo e compartilhando seu conhecimento. Suas contribuições foram valiosas durante toda minha trajetória acadêmica.

Agradeço aos professores que no decorrer do curso sempre transmitiram seus conhecimentos e contribuíram para construção da minha jornada acadêmica.

Por fim agradeço aos amigos e colegas do curso, que tornaram a graduação mais leve e me incentivaram a concluir o curso.

(5)

“A sabedoria consiste em compreender que o tempo dedicado ao trabalho nunca é perdido” (Ralph Waldo Emerson).

(6)

RESUMO

O presente trabalho tem como finalidade discutir a possibilidade de reafirmação da data de entrada do requerimento (DER) para a concessão de benefícios de aposentadorias programáveis, no âmbito dos processos administrativos e judiciais. Por meio da pesquisa bibliográfica e documental, discutiu-se os aspectos que envolvem a análise do direito do segurado a concessão de uma das aposentadorias programáveis previstas no Regime Geral de Previdência Social. Através da aplicação da metodologia dedutiva, verificou-se que em que pese o Instituto Nacional do Seguro Social aplicar a reafirmação da DER em sua análise administrativa, nas ações judiciais previdenciárias invoca a falta de prévio requerimento administrativo como forma de obstar o reconhecimento do direito do segurado. Ocorre que, diante do julgamento em ambos sentidos, o Superior Tribunal de Justiça foi instado a pacificar a controvérsia, firmando a tese de que é possível reafirmar a DER, considerando-se os fatos supervenientes até o julgamento nas instâncias revisoras.

(7)

ABSTRACT

The purpose of this paper is to discuss the possibility of reaffirming the application filing date (DER) for the granting of programmable retirement benefits, within the scope of administrative and judicial proceedings. Through bibliographic and documentary research, the aspects involving the analysis of the insured's right to grant one of the programmable pensions provided for in the General Social Security System were discussed. Through the application of the deductive methodology, it was found that despite the National Institute of Social Security applying the reaffirmation of the DER in its administrative analysis, in social security lawsuits it invokes the lack of previous administrative request as a way to prevent the recognition of the insured's right. It so happens that, in view of the judgment in both directions, the Superior Court of Justice was urged to pacify the controversy, stating the thesis that it is possible to reaffirm the DER, considering the supervening facts until the judgment in the reviewing bodies.

(8)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 9

2 A SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA... 11

2.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS ... 11

2.2 FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO ... 13

2.3 BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ... 14

2.3.1 Segurados obrigatórios e facultativos ... 15

2.3.1.1 Segurado empregado ... 16

2.3.1.2 Segurado empregado doméstico ... 17

2.3.1.3 Segurado contribuinte individual ... 17

2.3.1.4 Segurado trabalhador avulso ... 18

2.3.1.5 Segurado especial ... 19

2.4 MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO ... 20

2.5 CARÊNCIA ... 21

2.6 SALÁRIO DE BENEFÍCIO ... 24

2.7 APOSENTADORIAS PROGRAMÁVEIS ... 26

2.7.1 Aposentadoria por idade ... 26

2.7.1.1 Urbana ... 26

2.7.1.2 Rural ... 29

2.7.1.3 Híbrida ... 30

2.7.2 Aposentadoria por tempo de contribuição... 31

2.7.3 Aposentadoria do professor... 33

2.7.4 Aposentadoria especial ... 34

3 ASPECTOS GERAIS DO PROCESSO PREVIDENCIÁRIO... 37

3.1 O PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO ... 37

3.1.1 Fase inicial ... 38

3.1.2 Fase instrutória ... 39

3.1.3 Fase decisória ... 40

3.1.4 Fase recursal ... 41

3.2 O PROCESSO JUDICIAL PREVIDENCIÁRIO ... 43

(9)

3.2.2 Competência para as ações previdenciárias ... 45

3.2.3 Interesse de agir em matéria previdenciária ... 47

3.2.4 Coisa julgada ... 49

4 ASPECTOS CONCERNENTES A CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DE APOSENTADORIAS PROGRAMÁVEIS... 51

4.1 O INTERESSE PROCESSUAL SUPERVENIENTE – A REAFIRMAÇÃO DA DER 52 4.2 A REAFIRMAÇÃO DA DER NOS PROCESSOS PREVIDENCIÁRIOS ... 55

4.3 A CONTROVÉRSIA JURISPRUDENCIAL ... 58

4.4 O ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ... 60

4.5 O TEMA REPETITIVO N. 995 DO STJ ... 61

4.5.1 A aplicação do art. 493 do CPC/2015 (art. 462 do CPC/1973) ... 62

4.5.2 O momento processual oportuno para requerer a reafirmação da DER ... 63

5 CONCLUSÃO ... 65

(10)

1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento e desenvolvimento populacional, tornou-se mais frequente o surgimento de problemas sociais que afetam a qualidade de vida da população.

A sociedade tem no trabalho a sua fonte de subsistência, pois é por meio do labor que o indivíduo se insere na comunidade como um ser útil, é na sua força de trabalho que extrai a sua fonte de renda.

Após um longo período de trabalho, o indivíduo, muitas vezes, não possui mais a vigorosidade para o labor. Esta falta de capacidade para permanência nas atividades pode decorrer do advento da idade, pela falta de condições física ou ainda pela exposição a fatores prejudiciais.

Neste contexto, a Previdência Social, por meio do Regime Geral de Previdência Social, garante aos segurados, benefícios previdenciários de aposentadorias programáveis, de modo a substituir a sua remuneração e como forma de prover o seu sustento.

As aposentadorias programáveis possuem previsão no art. 201 da Constituição Federal, bem como estão disciplinadas na Lei 8.213/91. Tais benefícios amparam o trabalhador por meio da aposentadoria por idade para quem atinge a idade prevista na lei, a aposentadoria por tempo de contribuição, quando o trabalhador adquire o tempo de contribuição necessário. Há ainda, a aposentadoria especial, quando o segurado trabalha exposto a agentes prejudiciais à saúde durante um determinado período de tempo mínimo, e uma espécie de aposentadoria para o segurado que exerce a atividade de magistério, sendo concedida a aposentadoria do professor.

Dessa forma, satisfeitos os requisitos para concessão do benefício previdenciário de aposentadoria, o segurado deverá pleitear junto ao INSS o reconhecimento de seu direito.

No momento em que o segurado postula a concessão do benefício que entenda fazer jus, será fixada a data de entrada do requerimento – DER, data que será utilizada para fins de análise da satisfação dos requisitos para a aposentadoria.

Contudo, não raro, em razão do lapso temporal para a análise dos pedidos de aposentadoria, tanto na via administrativa quanto na via judicial, o segurado diante das incertezas que permeiam a análise de seu direito, continua a exercer a sua atividade.

Diante desse contexto, questiona-se: é possível a alteração da data de entrada do requerimento de modo a considerar fatos ocorridos no curso da análise do benefício no âmbito

(11)

do processo administrativo? Sendo indeferido o beneficio na esfera administrativa, é possível alterar a data de entrada do requerimento para que sejam utilizados os fatos ocorridos após o indeferimento do processo administrativo e aqueles ocorridos no curso do processo judicial?

À vista disso, o presente trabalho tem por objetivo discutir a possibilidade de reafirmação da DER, considerando fatos ocorridos no curso do processo para preenchimento dos requisitos para concessão dos benefícios de aposentadorias programáveis, bem como demonstrar o entendimento exarado pelo Superior Tribunal de Justiça ao julgar o tema.

O tema possui grande relevância no âmbito previdenciário, haja vista as divergências doutrinárias e jurisprudenciais. No âmbito processual previdenciário, grande parte dos processos possuem pedidos de alteração da DER, com o objetivo de ter reconhecido fatos ocorridos no curso da ação.

Ademais, importante destacar que, sendo a previdência social instrumento de proteção social, a discussão vai além das questões processuais, e se insere na garantia do segurado de efetivação do seu direito.

Para tanto, o trabalho será desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica e documental, utilizando-se livros, publicações de artigos e periódicos, dissertações e jurisprudências.

Ainda, por meio do método dedutivo utilizado, a pesquisa apresentará argumentos considerados verdadeiros, chamados de premissas, para ao final chegar a conclusões específicas sobre o tema tratado.

A pesquisa iniciará com a abordagem sobre a previdência social, destacando sua importância no âmbito da seguridade social, sobre o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), os segurados amparados e os benefícios previdenciários de aposentadorias programáveis.

O segundo capítulo discorrerá sobre o processo previdenciário, administrativo e judicial. Para tanto, apresenta as fases que compõem o processo administrativo previdenciário e as peculiaridades que diferenciam o processo judicial previdenciário.

Por fim, no terceiro capítulo será analisado os aspectos a serem considerados para a concessão dos benefícios de aposentadorias programáveis no âmbito administrativo e judicial. Além disso, tratará da possibilidade de alteração da data de entrada do requerimento (DER), abordando sua ocorrência nos processos administrativos e judiciais.

(12)

2 A SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA

A Constituição Federal, no art. 194, tratou de disciplinar a seguridade social como um conjunto integrado de ações de competência dos Poderes Públicos em conjunto com a sociedade (BRASIL, CRFB, 2020).

Conforme preceito legal, a seguridade social, sistema de proteção social, possui em sua composição três divisões: a previdência social, a assistência social e a saúde, que juntos visam proteger a todos de alguma forma.

Analisando os três subsistemas que compõem a seguridade social, Ribeiro (2015, p. 49) comenta que, “tanto a saúde como a assistência social são ações destinadas a quem dela necessitar. Trata-se de uma política de acesso universal. Já a Previdência Social é limitada, pois exige do participante, chamado segurado, a respectiva contribuição”.

No tocante a Previdência Social, Martins (2012, p. 23) acrescenta que “a Previdência Social vai abranger, em suma, a cobertura de contingências decorrentes de doença, invalidez, velhice, desemprego, morte e proteção à maternidade, mediante contribuição, concedendo aposentadorias, pensões, etc.”

Para ter direito subjetivo à proteção social, o chamado segurado está condicionado a contribuir para o custeio, situação que se assemelha a um seguro (SANTOS, 2019, p. 37).

Assim, a previdência social visa suprimir as contingências sociais que influenciam na capacidade laborativa do trabalhador e que trazem consequências a capacidade de autossustento, por meio da proteção do Estado, em uma espécie de seguro obrigatório, na qual o custeio é obrigatório e compulsório para àquele abrangido pela proteção do sistema (DIAS; MACÊDO, 2012, p. 38).

Diante do exposto acima pelos autores, tendo em vista que o tema a ser abordado está inserido no âmbito da previdência social, o trabalho deixará de abordar os temas saúde e assistência social, que compõem a tríade da seguridade social.

2.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS

A previdência social, direito social com previsão constitucional e inserida no sistema da seguridade social é constituída por três regimes: o Regime Geral de Previdência Social – RGPS, regime mais amplo, abrangendo a maioria dos trabalhadores do setor privado;

(13)

o Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, destinado a proteção dos servidores públicos titulares de cargos efetivos e, ainda, o regime privado, representado pela previdência complementar (LAZZARI; CASTRO, 2017, p. 104).

Dentre os sistemas previstos na legislação brasileira, o RGPS é o principal regime, abrangendo os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja, aqueles regidos pelas normas trabalhistas aplicáveis no ordenamento jurídico brasileiro, bem como os trabalhadores autônomos, inseridos no sistema previdenciário como contribuintes individuais.

O site da Secretaria da Previdência esclarece como é organizada a Previdência Social nos seguintes termos:

O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem suas políticas elaboradas pelo Ministério da Previdência Social (MPS) e executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal a ele vinculada. Este Regime possui caráter contributivo e filiação obrigatória. Dentre os contribuintes, encontram-se os empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais (PREVIDENCIA..., 2015, p. 1).

O RGPS é regido pela Lei 8.212/1991 e permite a inscrição de contribuintes como segurados facultativos, tendo em vista o princípio da universalidade do atendimento, disposto no artigo 194, parágrafo único, I da Constituição Federal (LAZZARI; CASTRO, 2017, p. 102).

Em se tratando de servidores públicos titulares de cargos efetivos, de qualquer dos entes da federação, o regime previdenciário aplicável será o Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, que encontra no art. 40 da Constituição Federal.

Ribeiro (2015, p. 23), ressalta que os “Regimes Próprios de Previdência Social são mantidos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e por alguns Municípios, bem como pelas autarquias e fundações públicas, em favor de seus servidores públicos”. Nos entes federativos que dispõem de regime próprios, os servidores não são filiados ao regime geral – RGPS.

Ressalte-se que os servidores que são apenas titulares de cargo em comissão, temporários ou empregados públicos serão segurados obrigatórios do RGPS, na condição de segurados empregados, nos termos do artigo 40, §13, da Constituição Federal, bem como os titulares de mandato eletivo, pois o RPPS só abarca os servidores efetivos em todas as esferas de governo, desde a Emenda 20/98 (AMADO, 2017, p. 184)

(14)

O mesmo autor esclarece ainda, que os militares também não estão abrangidos pelo RPPS, visto que o texto constitucional passou a não mais considerar os militares como servidores públicos.

Assim, como explica Lazzari et al. (2017, p. 72) os militares possuem diferenciação quanto ao reajuste de suas remunerações e também quanto a concessão de benefícios de inatividade.

Além dos regimes previdenciários de filiação compulsória, é permitida a existência na previdência social brasileira dos regimes complementares, de caráter privado e facultativo, disposto no art. 202 da Constituição Federal:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar (BRASIL, CRFB, 2020).

Contudo, como explica Ribeiro (2015, p. 98) “a adesão a um dos planos de previdência privada não exclui a obrigatoriedade de inscrição ao do Regime Geral de Previdência Social – RGPS”.

Nas previdências complementares o Poder Público exerce apenas o poder fiscalizador, que atualmente é exercido pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC, autarquia vinculada atualmente ao Ministério da Fazenda (LEITÃO; MEIRINHO, 2018, p. 603).

Como visto, no Brasil existem vários regimes específicos para abranger os trabalhadores. O Regime Geral de Previdência Social – RGPS, é em linhas gerais o regime previdenciário que abarca o maior número de segurados, visto que permite a participação de qualquer pessoa, desde que contribua para o sistema.

2.2 FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO

A filiação, nos termos do art. 20 do Decreto 3.048/99 consiste no vínculo estabelecido entre a previdência social e o segurado. Dessa relação nascem direitos e obrigações a ambas as partes.

É possível classificar a filiação em obrigatória e facultativa. Na filiação obrigatória, como ocorre com o empregado, o empregado doméstico, o empresário, o trabalhador autônomo, o equiparado a autônomo, o trabalhador e avulso e o segurado especial, há o imediato ingresso no sistema previdenciário, independendo da vontade do

(15)

segurado. Na filiação facultativa, fica ao livre alvedrio da pessoa manter-se ou não no sistema previdenciário, dependendo exclusivamente da sua vontade, o que se dá com o primeiro recolhimento da contribuição (MARTINS, 2012, p. 117).

Salienta Ribeiro (2015, p. 100) que a filiação decorre “do exercício de atividade remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo. Para o segurado especial, a filiação decorre automaticamente do exercício de atividade rural”.

Acrescenta Amado (2017, p. 318) que, no tocante aos segurados obrigatórios, por força normativa, a idade mínima para filiação é de 16 anos, ou na condição de aprendiz aos 14 anos. Contudo, a violação das normas protetivas do trabalhador não pode ser interpretada em seu desfavor, e assim, caso o segurado tenha laborado em violação a idade mínima, este tempo deverá ser reconhecido para fins de tempo de contribuição.

Sendo a filiação o vínculo entre o segurado e a Previdência Social, a inscrição é considerada a formalização desse vínculo, porquanto se caracteriza pelo cadastramento do segurado no RGPS, conforme art. 18 do Decreto 3.048/99:

Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracterização, observado o disposto no art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma (BRASIL, Decreto nº 3048, 2020).

Para Amado (2017, p. 325), “atualmente a inscrição é feita no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS, um sistema responsável pelo controle das informações de todos os segurados e contribuintes da Previdência Social, criado em 1989”.

O CNIS reúne as informações previdenciárias do segurado, servindo como base de dados para o reconhecimento de direitos e controle das arrecadações e das concessões dos benefícios de cada segurado.

2.3 BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os beneficiários do RGPS são classificados como segurados e dependentes, nos termos do art. 10 da Lei 8.213/91.

Ambas espécies de beneficiários são sujeitos ativos da relação jurídica previdenciária, porquanto tem como objeto o recebimento de alguma prestação por meio de benefício previdenciário.

(16)

Leitão e Meirinho (2018, p. 125) explicam que a diferença entre as espécies se dá pelo fato de que “o segurado é titular de direito próprio. O dependente também exerce direito próprio, contudo sua vinculação com a Previdência Social dá-se de forma reflexa”.

Tendo em vista que o tema a ser desenvolvido no presente trabalho vincula-se aos benefícios de aposentadoria programáveis, cujos titulares são os segurados da previdência social, será abordado nos próximos tópicos apenas a espécie segurados.

2.3.1 Segurados obrigatórios e facultativos

Os segurados da previdência social estabelecem um vínculo com o regime por meio das contribuições, que podem ser obrigatórias ou facultativas. Quando obrigatórias, diz-se diz-segurado obrigatório do Regime Geral da Previdência Social.

São considerados segurados obrigatórios as pessoas físicas que exercem atividade remunerada, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, como disposto no art. 9ª e seus parágrafos do Decreto 3.048/1999 e art. 12 da Lei 8.212/91 (BRASIL, 2020).

Castro e Lazzari (2017, p. 151-152) explicam que “o pressuposto básico para alguém ter a condição de segurado do RGPS é o de ser pessoa física [art. 12 da Lei. 8.212/91], pois é inconcebível a existência de segurado pessoa jurídica”. Os autores explicam ainda que, no tocante a atividade laborativa, é requisito que esta seja remunerada e lícita, visto que àquelas ilícitas não são protegidas pelo ordenamento jurídico.

Importante esclarecer que, em atenção ao disposto no artigo 7ª, XXXIII da Constituição Federal de 1988, que veda qualquer tipo de trabalho ao menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos de idade, somente serão segurados obrigatórios os maiores de 16 anos de idade que exerçam atividade remunerada (BRASIL, CRFB, 2020).

Diante dos requisitos ensejadores da caracterização do segurado como obrigatório, Leitão e Meirinho (2018, p. 126) afirmam que “o reconhecimento da qualidade de segurado na modalidade obrigatória independe da vontade do indivíduo. Para alguém ser considerado segurado obrigatório, basta exercer atividade remunerada, situação que dá ensejo a obrigação de verter contribuições previdenciárias para o RGPS”.

Ribeiro (2015, p. 106), cita que são espécies de segurados obrigatórios, “o empregado, o empregado doméstico, o contribuinte individual, o trabalhador avulso e o segurado especial”.

(17)

Quanto aos segurados facultativos, explica Martins (2012, p. 111) que “é a pessoa física que não tem obrigação legal de se inscrever no sistema e de recolher a contribuição previdenciária, mas o faz para poder contar tempo de contribuição”.

A qualidade de segurado facultativo representa ato de vontade da parte em estabelecer um vínculo com o RGPS, gerando efeitos a partir da inscrição e recolhimento da primeira contribuição (LEITÃO; MEIRINHO, 2018, p. 160).

Ressalta Ribeiro (2015, p. 117) que “é vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de Regime Próprio de Previdência Social, salvo na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio”.

No tocante aos segurados obrigatórios, faz-se a seguir uma breve descrição acerca das características das espécies de segurado para melhor compreensão dos sujeitos que poderão pleitear os benefícios previdenciários de aposentadoria.

2.3.1.1 Segurado empregado

A legislação previdenciária traz em seu artigo 12 um conceito genérico de segurado empregado, fazendo analogia ao conceito extraído do artigo 3º da CLT, que dispõe que:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual (BRASIL, CLT, 2020).

Explica Martins (2012, p. 83) que o empregado é “pessoa que recebe salário pela prestação de serviços ao empregador. É da natureza do contrato de trabalho ser este oneroso. Não existe contrato de trabalho gratuito”.

Para Santos (2019, p. 175) a categoria de segurado empregado “se restringe àqueles que têm relação de emprego, abrangendo trabalhadores urbanos e rurais. O rol dos segurados obrigatórios na condição de empregados está contido no inc. I, a a j, do art. 11 da Lei n. 8.213/91, e no art. 12, I, a a j, da Lei n. 8.212/91”.

(18)

Assim, conforme rol citado, nem todo segurado empregado necessariamente manterá uma relação de emprego regida pela CLT, não tendo, portanto, a norma previdenciária conceituado o segurado empregado como o fez a CLT.

2.3.1.2 Segurado empregado doméstico

O trabalho doméstico está disciplinado na Lei Complementar 105/2015 que conceituou o empregado doméstico e regulamentou seus direitos e deveres perante o empregador.

Em observância ao preceito legal, Ribeiro (2015, p. 113) explica que será considerado trabalhador doméstico “aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa da família, no âmbito residencial destas, por mais de dois dias por semana”.

No âmbito previdenciário, o segurado empregado doméstico encontra previsão no artigo 12, II da Lei 8.212/91.

Além disso, “o conceito legal indica que os empregados domésticos podem exercer diversas atividades vinculadas à rotina doméstica de seu empregador: governantas, copeiros, mordomos, cozinheiros, jardineiros, os motoristas particulares dos membros da família, o caseiro do sítio, etc.” (SANTOS, 2019, p. 179).

Martins (2012, p. 90) acrescenta que para a configuração do empregado doméstico, “é preciso que os serviços sejam prestados com continuidade. A faxineira que vai uma vez por quinzena ou por mês na residência da pessoa pode não ser considerada empregada, por não estar presente o requisito continuidade.”

Cumpre esclarecer ainda que, do exposto no texto normativo, extrai-se que o empregado doméstico não exerce atividade para pessoa jurídica, caso ocorra, será considerado empregado para fins trabalhistas e previdenciário (LEITÃO; MEIRINHO, 2018, p. 159).

2.3.1.3 Segurado contribuinte individual

Os segurados enquadrados como contribuintes individuais estão previstos no artigo 12, inciso V da Lei 8.212/91, e podem ser conceituados como pessoas físicas que recolhem individualmente, ou seja, por conta própria suas contribuições.

(19)

Para Santos (2019, p. 181) essa classe de segurados “não tem vínculo de natureza trabalhista, como empregados, com outras pessoas físicas ou jurídicas. É o que no senso comum se denomina ‘trabalhador autônomo’, ‘por conta própria’, de forma que a denominação da antiga legislação era mais esclarecedora”.

O trabalhador autônomo é aquele que assume o risco da sua atividade:

O autônomo diferencia-se do empregado em razão de que este tem subordinação e o outro autonomia na prestação dos serviços. O autônomo não está subordinado às ordens determinadas pelo empregador, podendo exercer livremente sua atividade, de acordo com sua conveniência. O autônomo assume os riscos de sua atividade, trabalhando por conta própria. O empregado trabalha por conta alheia, do empregador, sendo que este é quem assume os riscos de sua atividade econômica (MARTINS, 2012, p. 95).

Castro e Lazzari (2017, p. 170) explicam que alguns trabalhadores não detém os requisitos para enquadramento como trabalhadores autônomos, porém, em consonância com a legislação, são a eles equiparados para fins de contribuição ao RGPS, e portanto, classificados como contribuintes individuais, “é o caso dos ministros de confissão religiosa e de empregados de organismos internacionais com atividade em território brasileiro, estes últimos desde que não sejam filiados a regime de previdência social junto ao respectivo organismo”.

Leitão e Meirinho (2018, p. 140) acrescentam que “a categoria de contribuinte individual foi formada a partir da unificação de três espécies de segurados, quais sejam, o empresário, o autônomo e o equiparado ao autônomo, procedida pela Lei n. 9.876/99, que deu nova redação ao inciso V e revogou os incisos III e IV do art. 11”.

2.3.1.4 Segurado trabalhador avulso

Trabalhador avulso é aquele que, sindicalizado ou não exerce atividade a diversas empresas, sem possuir vínculo empregatício. As atividades desenvolvidas podem ser urbanas ou rurais.

O trabalhador avulso é, assim, a pessoa física que presta serviços e natureza urbana ou rural, a diversas pessoas, sem vínculo empregatício, sendo sindicalizado ou não, porém com a intermediação obrigatória do sindicato de sua categoria profissional ou do órgão gestor de mão de obra (MARTINS, 2012, p. 92).

Para fins previdenciários, somente será considerado trabalhador avulso aquele que presta serviço por intermédio de gestor de mão de obra ou sindicato da categoria correspondente.

(20)

Para Amado (2017, p. 286) os trabalhadores avulsos podem ser classificados em trabalhador não portuário e trabalhador portuário:

O trabalhador avulso não portuário é aquele que presta serviços de carga e descarga de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério, o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios), o amarrador de embarcação, o ensacador de café, cacau, sal e similares, aquele que trabalha na indústria de extração de sal, o carregador de bagagem em porto, o prático de barra em porto, o guindasteiro, o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos. O trabalhador avulso portuário é aquele que presta serviços de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações na área dos portos organizados e de instalações portuárias de uso privativo, com intermediação obrigatória do OGMO.

Com efeito, verifica-se que o trabalhador avulso se diferencia do empregado pela ausência de vínculo empregatício, assim como não pode ser enquadrado como contribuinte individual pelo fato de sua prestação de serviço ser intermediada por um órgão gestor de mão de obra ou sindicato.

2.3.1.5 Segurado especial

O segurado especial está definido no art. 195, §8º da Constituição Federal:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei (BRASIL, CRFB, 2020).

Ribeiro (2015, p. 138) conceitua segurado especial como sendo “a pessoa física que exerce atividade rural como produtor rural, extrativista ou seringueiro, pescador artesanal ou o indígena, de forma individual ou em regime de economia familiar, para a sua subsistência sem a utilização permanente de mão de obra”.

Para que o produtor e o pescador artesanal sejam considerados segurados especiais para fins previdenciários, as atividades devem ser desenvolvidas individualmente ou ainda em regime de economia familiar.

Considera-se regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua

(21)

dependência e colaboração, sem utilização de empregados. A atividade não pode ser exercida por intermédio de empresa (MARTINS, 2012, p. 109).

Os segurados especiais recebem esta nomenclatura tendo em vista o tratamento diferenciado no tocante a contribuição e carência para concessão de benefícios previdenciários, disposto no texto constitucional acima citado.

Contudo, no tocante a concessão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição ou outro benefício com renda mensal superior ao salário mínimo, o segurado especial deverá verter contribuições ao regime previdenciário como contribuinte individual (SANTOS, 2019, p. 191).

A necessidade de recolhimento de contribuições como contribuinte individual para concessão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição decorre de entendimento firmado por meio da Súmula 272 do Superior Tribunal de Justiça. “o trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito a contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher contribuições facultativas” (BRASIL, STJ, 2002).

2.4 MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO

Via de regra, o segurado só possui direito a proteção dada pela previdência social se estiver contribuindo para o RGPS. Contudo, determinados infortúnios podem inviabilizar a continuidade do pagamento das contribuições. Assim, diante do caráter contributivo da previdência social, em tais situações, o segurado estaria imediatamente desprotegido.

Nesse contexto, em razão do princípio da solidariedade, o ordenamento jurídico prevê que, diante das vicissitudes de ordem financeira e laboral, o segurado conserva por determinado período a sua proteção previdenciária, fazendo jus aos direitos que lhe são inerentes, é o que a doutrina denomina de período de graça (AMADO, 2017, p. 572).

Leitão e Meirinho (2018, p. 176) explicam que o período de graça é assim conhecido “por se tratar de um período adicional de cobertura previdenciária que, na maioria das vezes, sai, literalmente, de graça. Só há um caso de pagamento da contribuição durante o período de graça: ocorre quando a segurada está em gozo de salário-maternidade”.

Ribeiro (2015, p. 123) conceitua o período de graça como sendo o “lapso de tempo durante o qual o segurado não está contribuindo para a Previdência, por não estar

(22)

exercendo atividade a ele vinculada, mas tem garantido alguns direitos previdenciários. Isso significa que durante o período de graça, não é perdida a qualidade de segurado”.

O artigo 15 da Lei 8.213/91 e o artigo 13 do Decreto 3.048/99 disciplinam as situações em que o segurado mantém a proteção da previdência social, bem como os prazos de manutenção da qualidade de segurado:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente; II - até doze meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social, que estiver suspenso ou licenciado sem remuneração ou que deixar de receber o benefício do Seguro-Desemprego;

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;

IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (BRASIL, Lei nº. 8.213, 2020).

A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito às aposentadorias, que serão concedidas, independentemente da qualidade de segurado, contanto que tenham sido preenchido os requisitos para a concessão, segundo a legislação vigente à época em que os requisitos foram preenchidos, nos termos do artigo 102 da Lei 8.213/91.

2.5 CARÊNCIA

O artigo 24 da Lei 8.213/91 conceitua o período de carência como sendo o número mínimo de contribuições que um segurado deve recolher para ter direito a concessão de benefícios previdenciários.

A partir do conceito disciplinado no artigo supramencionado, Amado (2017, p. 583) explica que “com o intuito de resguardar o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, bem como prevenir a ocorrência de fraudes, a concessão de alguns benefícios previdenciários depende do prévio pagamento de um número mínimo de contribuições previdenciárias em dia”.

(23)

O termo inicial da contagem do período de carência dependerá do tipo de segurado:

O período de carência é contado, para o segurado empregado e o trabalhador avulso, a partir da data da filiação ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS. Para o segurado empregado doméstico e o contribuinte individual, a partir da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição em dia. Para os optantes pelo recolhimento trimestral, a contagem será desde a inscrição, se o pagamento ocorreu na data prevista.

Para o segurado especial, a contagem inicia-se a partir do exercício da atividade rural (RIBEIRO, 2015, p. 126).

Cumpre esclarecer que o período de carência dependerá, ainda, do benefício a ser requerido pelo segurado, podendo os benefícios serem distinguidos entre aqueles que exigem carência e aqueles que dispensam o período de carência (LEITÃO; MEIRINHO, 2018, p. 222).

O art. 25 da Lei 8.213/91 disciplina acerca dos períodos de carência a serem cumpridos pelo segurado para que sejam concedidos os benefícios previdenciários:

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26: I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais; II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais;

III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V e VII do caput do art. 11 e o art. 13 desta Lei: 10 (dez) contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei; e

IV - auxílio-reclusão: 24 (vinte e quatro) contribuições mensais. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o inciso III será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado (BRASIL, Lei nº. 8.213, 2020).

Todavia, convém ressalvar que o período de carência mencionado só será exigido para os segurados filiados ao sistema após a vigência da Lei 8.213/91. Isto deve-se ao fato de que em período anterior a vigência da lei em comento, a carência necessária para a concessão de benefícios de aposentadoria programáveis era de 60 contribuições mensais (SANTOS, 2019, p. 224).

Assim, tendo em vista o caráter protetivo das normas previdenciárias, previu-se no ordenamento jurídico uma regra de transição, disposta no artigo 142 da Lei 8.213/91. De acordo com este artigo, para aqueles segurados inscritos até 24 de julho de 1991, a carência para concessão das aposentadorias levará em consideração o ano em que os requisitos foram

(24)

implementados, de acordo com a tabela progressiva disposta no artigo. (MARTINS, 2012, p. 311).

Ainda, de acordo com a Súmula 44 da Turma Nacional de Uniformização, no caso de aposentadoria por idade, os períodos de carência dispostos na tabela prevista no artigo 142 da Lei 8.213/91 devem ser aplicados de acordo com o ano em que o segurado implementou a idade, não sendo necessário o preenchimento simultâneo da idade e carência (BRASIL, TNU, 2011).

Para fins de concessão de benefícios previdenciários, o histórico laboral de cada segurado é contato com base no seu período contributivo.

No caso do segurado especial, o trabalho rural exercido em competências anteriores a novembro de 1991 não pode ser utilizado para efeito de carência, em consonância ao que dispõe o §2º do artigo 55 da lei 8.213/91 (SANTOS, 2019, p. 217).

No mesmo sentido, o artigo 27, inciso II da mencionada lei dispõe que para aqueles segurados da previdência social na qualidade de contribuinte individual ou facultativo, a carência é computada a partir do primeiro recolhimento efetuado sem atraso, não podendo ser efetuados recolhimentos de competências anteriores (BRASIL, Lei nº. 8.213, 2020).

Porém, não são somente as contribuições efetivamente pagas pelo segurado que serão computadas como carência. Explica Leitão e Meirinho (2018, p. 229) que para o Superior Tribunal de Justiça – STJ, “o período de recebimento de auxílio-doença deve ser considerado no cômputo do prazo de carência necessário à concessão de aposentadoria por idade, desde que intercalado com períodos contributivos”.

No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização editou a Súmula 73 que dispõe que além do auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, quando não proveniente de acidente trabalho poderá ser computada desde que intercalado com períodos contributivos (BRASIL, TNU, 2013)

O artigo 27-A da Lei 8.213/91 acrescentado pela lei 13.457/2017 determina que na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins de aproveitamento das contribuições anteriores como carência o segurado deverá cumprir a metade da carência exigida pelo benefício pleiteado (BRASIL, Lei nº. 8.213, 2020).

(25)

O referido artigo não faz menção ao número de contribuições necessárias na hipótese do segurado, após perder esta qualidade, desejar requer as chamadas aposentadorias programáveis.

A regra da carência de reingresso não se aplica aos benefícios programáveis de aposentadoria (aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial). Isso porque, desde o advento da Lei n. 10.666/2003, a qualidade de segurado deixou de ser considerada para a concessão dessas aposentadorias, desde que o segurado conte com, no mínimo, a carência exigida para o benefício em questão (LEITÃO; MEIRINHO, 2018, p. 241).

Observa-se que para estes tipos de benefício, em que pese a necessidade de cumprimento da carência e demais requisitos previstos em lei, é dispensável a qualidade de segurado, não sendo, portanto, necessário cumprir o período de carência de reingresso.

2.6 SALÁRIO DE BENEFÍCIO

As disposições relativas ao salário de benefício e as regras de cálculo encontram-se nos artigos 28 a 32 da Lei 8.213/91.

Para Santos (2019, p. 219), “no cálculo do valor dos benefícios são utilizados fatores cujo conceito deve ser antes fixado: salário de benefício, salário de contribuição, Período Básico de Cálculo [PBC] e Fator Previdenciário [FP]”.

Salário de benefício é a média aritmética de um certo número de contribuições atualizadas utilizadas para o cálculo da renda mensal inicial do benefício. O salário de benefício não é ainda o valor do benefício, pois é necessário aplicar o coeficiente de cálculo para chegar à renda mensal inicial (MARTINS, 2012, p. 313).

No tocante ao salário de contribuição, este pode ser conceituado como a base de cálculo da contribuição do segurado (SANTOS, 2019, p. 220).

Ribeiro (2015, p. 133) complementa que “o salário de contribuição é o valor sobre o qual vai incidir a contribuição à previdência social do segurado e da empresa”.

Para se obter o salário de benefício, inicialmente deve-se definir o período básico de cálculo – PBC, que com a promulgação da Emenda Constitucional nº 103 de 13 de novembro de 2019, passou a considerar todo o período contributivo do segurado.

Conforme Castro e Lazzari (2020, p. 796), as novas regras estabeleceram que no cálculo dos benefícios, “será utilizada a média aritmética simples dos salários de contribuição atualizados monetariamente, correspondentes a 100% do período contributivo desde a

(26)

competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência”.

Ainda, importante a análise da aplicação do fator previdenciário para determinar o valor final do salário de benefício, que nas palavras de Castro e Lazzari (2020, p. 807-808) “levava em conta o tempo de contribuição, a idade na data da aposentadoria e o prazo médio durante o qual o benefício deverá ser pago, ou seja, a expectativa de sobrevida do segurado”.

Segundo Leitão e Meirinho (2018, p. 254) a lógica do fator previdenciário é que:

Quanto maior o tempo de contribuição, maior o fator previdenciário; logo, maior o benefício. Quanto maior a idade, maior o fator previdenciário; logo, maior o benefício. Quanto maior a expectativa de sobrevida, maior será o tempo em que o segurado receberá o benefício. Portanto, menor será o fator previdenciário e menor o benefício.

Explica ainda Rocha (2019, p. 207), que “o fator previdenciário é aplicável no cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição e no cálculo da aposentadoria por idade (facultativamente). Ele incide sobre a média dos salários de contribuição, acarretando uma diminuição do salário de benefício”.

Contudo, face a edição e promulgação da EC 103/2019 que alterou algumas disposições legais no tocante a concessão de benefícios previdenciários, Castro e Lazzari (2020, p. 808) ressaltam que diante da aprovação da idade mínima para as aposentadorias, “o fator previdenciário perdeu sua razão de ser, salvo na regra de transição para o segurado que busca a aposentadoria por tempo de contribuição, desde que na data da EC n. 103/2019 faltasse até dois anos para implementar os requisitos”.

O salário de benefício é a base de cálculo das aposentadorias programáveis e dos benefícios por incapacidade. É a partir do resultado obtido com o cálculo do salário de benefício, que se determinará o valor da renda mensal de cada benefício (MARTINS, 2012, p. 313)

Na próxima seção, passa-se a análise das aposentadorias programáveis, benefícios concedidos aos trabalhadores urbanos e rurais filiados ao RGPS. Ressalta-se que as aposentadorias não são os únicos benefícios previstos no regime da previdência social. Ocorre que, face ao tema a ser abordado discorrer acerca da possibilidade de reafirmação da data de entrada do requerimento nos benefícios de aposentadoria, faz-se importante discorrer sobre tais benefícios.

(27)

2.7 APOSENTADORIAS PROGRAMÁVEIS

Os benefícios previdenciários substituem a remuneração que o trabalhador percebia, e assim, asseguram a proteção ao risco social, possuindo características e regras de concessão distintos, encontrando previsão constitucional disciplinada no art. 201.

Nas palavras de Castro e Lazzari (2017, p. 703), “a aposentadoria é a prestação por excelência da Previdência Social, juntamente com a pensão por morte. Ambas substituem, em caráter permanente [ou pelo menos duradouro], os rendimentos do segurado e asseguram sua subsistência e daqueles que dele dependem”.

Nesta seção, serão analisadas as aposentadorias programáveis, cujos benefícios são a aposentadoria por idade, a aposentadoria por tempo de contribuição, a aposentadoria do professor e a aposentadoria especial.

2.7.1 Aposentadoria por idade

Conforme já mencionado, a previdência social tem como escopo a proteção diante das adversidades que possam desencadear transtornos de ordem financeira ou social aos seus segurados.

Para Leitão e Meirinho (2018, p. 301), a proteção da pessoa com idade avançada decorre de norma constitucional, prevista no artigo 201 da Constituição Federal.

Para Lazzari, Castro e Kravchychyn (2016, p.1), a aposentadoria por idade é concedida “com requisitos diferenciados em relação aos segurados que exercem suas atividades na área urbana e rural e, ainda, comporta uma terceira hipótese, que mescla tempo de atividade urbana e rural, sendo por isso chamada de aposentadoria ‘híbrida’”.

2.7.1.1 Urbana

A idade avançada possui proteção constitucional porquanto é um dos fatores da incapacidade laboral dos trabalhadores urbanos e rurais. A incapacidade ou a diminuição da capacidade para o exercício das atividades habituais refletem na empregabilidade dos trabalhadores.

(28)

Assim, Ribeiro (2015, p. 289) conceitua a aposentadoria por idade como “um benefício de prestação continuada devido ao segurado que tenha atingido a idade mínima abarcada pela atual legislação, desde que cumprido, também, a carência mínima exigida pela lei.”

A aposentadoria por idade está prevista no artigo 201, §7º, I da Constituição Federal. In verbis:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:

[...]

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:

I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição; (BRASIL, CRFB, 2020)

Isso porque, a partir da promulgação da Emenda Constitucional nº 103 de 2019, que entrou em vigência em 13 de novembro de 2019 e promoveu alterações no sistema de previdência social, a aposentadoria por idade que era devida aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade para os homens e 60 (sessenta) anos de idade para as mulheres, passou a exigir como requisito para a concessão, a idade de 62 (sessenta e dois) anos para as mulheres, permanecendo inalterado o requisito etário para os homens (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 961-962).

A EC 103/2019, promoveu ainda, alterações no tocante ao tempo de contribuição exigido para efeito de carência. Aos segurados homens filiados ao RGPS após a entrada em vigor da Emenda Constitucional, passa a ser exigido 20 (vinte) anos de tempo de contribuição, vejamos:

Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de contribuição, se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem (BRASIL, EC nº. 103, 2020).

Contudo, para quem atendeu os critérios da legislação anterior a vigente, é ressalvado o direito adquirido, ou seja, respeitado o direito a concessão do benefício segundo os critérios a época exigidos.

(29)

Para Lazzari et al. (2020, p. 59), “direito adquirido, em síntese, pode ser compreendido como o direito subjetivo incorporado pelo titular em face do implemento dos requisitos previstos em conformidade com a lei velha e cujo exercício permanece garantido em face da lei nova [incluindo uma emenda constitucional]”.

Assim, para aquele acobertado pelo direito adquirido, face aos critérios da legislação anterior a EC nº 103/2019, Rocha (2019, p. 296) explica que para obter a aposentadoria por idade “deverá o segurado comprovar a carência de 180 [cento e oitenta] contribuições ou 15 [quinze] anos [art. 25, II], observada a regra de transição do art. 142, [...]. além disso, o requisito específico é a idade de 65 [sessenta e cinco] anos para o homem e de 60 [sessenta] para mulher”.

Ademais, o §1º do artigo 18 da EC 103/2019 disciplinou uma regra de transição no tocante a regra geral de aposentadoria por idade para as mulheres inscritas no RGPS até a entrada em vigor da EC 103/2019:

Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderá aposentar-se quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:

[...]

§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) anos da mulher, prevista no inciso I do caput, será acrescida em 6 (seis) meses a cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade (BRASIL, EC nº. 103, 2020).

No tocante aos requisitos, não se faz necessário o preenchimento simultâneo da idade e carência para concessão dos benefícios. Além disso, a qualidade de segurado não é requisito a ser considerado para o benefício de aposentadoria por idade, bastando que, na data do requerimento o segurado conte com o tempo de contribuição mínimo correspondente ao exigido para fins de carência (LAZZARI et al., 2017, p. 293).

Preenchido os requisitos idade e carência para concessão da aposentadoria por idade, Leitão e Meirinho (2018, p. 306) explicam que o valor do benefício “consistirá numa renda mensal de 70% (setenta por cento) do salário de benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário de benefício”.

Este cálculo deve ser aplicado aos casos em que o segurado implementou os requisitos até a promulgação da EC 103/2019. Isso porque, a chamada reforma da previdência

(30)

alterou a sistemática de cálculo do valor do salário de benefício, como mencionado na seção 2.6.

Além disso, como explica Castro e Lazzari (2020, p. 979), a renda mensal “corresponderá a 60% da média aritmética (SB), com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, para os homens, e de 15 anos, para as mulheres”.

No tocante ao valor do benefício, Rocha (2019, p. 313) acrescenta que a aplicação do fator previdenciário é facultativa nas aposentadorias por idade, sendo aplicável somente se resultar em um valor mais benéfico ao segurado.

2.7.1.2 Rural

A aposentadoria por idade do trabalhador urbano consiste em um benefício para aqueles que, cumprido o tempo de serviço exigido na forma da lei, possuírem 65 anos de idade se homem, e 62 anos de idade, se mulher.

Em se tratando de segurado especial, nos termos do artigo 201, §7º, II da Constituição Federal, haverá uma redução no requisito etário para estes trabalhadores, desde que exerçam suas atividades em regime de economia familiar (LEITÃO; MEIRINHO, 2018, p. 303).

Para Martins (2012, p. 349) a justificativa do prazo diferenciado na área rural é de que “o trabalho seria mais penoso, pois o segurado presta serviço a céu aberto, sujeito a sol, chuva, frio, etc. Assim, o trabalhador se desgastaria mais rapidamente do que outra pessoa”.

No tocante ao período de carência, a Súmula 54 da TNU em consonância com o que dispõe o artigo 48, §2º da Lei 8.213/91, dispõem que o segurado especial deve comprovar o efetivo exercício da atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício (RIBEIRO, 2015, p. 310).

Contudo, ressalta Lazzari et al. (2017, p. 295) que “a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais editou o Enunciado n.º 14, assim expresso: ‘Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício’”.

Com relação as modificações promovidas pela EC 103/2019, Lazzari et al. (2020, p. 111) ressalta que “na EC 103/2019 não há referência de que o tempo de atividade do rural

(31)

será mantido em 15 anos, nem que será elevado para 20 anos”. Assim, os autores acreditam que o período de carência deverá permanecer inalterado.

No tocante a renda mensal do benefício de aposentadoria por idade rural, Rocha (2019, p. 297) cita que:

O art. 39 garante aposentadoria por idade, de valor mínimo, independentemente de carência (compreendida aqui no sentido de exigir o recolhimento de contribuições – art. 26, III), para os segurados especiais (art. 11, VII), ou seja, o produtor, parceiro, meeiro e arrendatário rural, pescador artesanal e assemelhado, que exerça sua atividade em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges, ou companheiros, e filhos maiores de 16 anos (idade exigida em face da nova redação do inciso XXXIII do art. 7º da Carta Política operada pela EC nº 20/98) ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.

Contudo, caso o trabalhador rural recolha contribuições como contribuinte individual, terá seu benefício calculado nos termos da regra geral das aposentadorias por idade urbana, conforme dispõe o art. 39, II da Lei 8.213/99.

2.7.1.3 Híbrida

Os benefícios mencionados anteriormente visam amparar os trabalhadores que possuem o período necessário de carência exigido laborado em sua totalidade no meio urbano, ou no meio rural.

Contudo, Rocha (2019, p. 299) ressalta que muitos trabalhadores possuíam períodos laborais em ambas atividades, ou seja, alguns períodos laborados na atividade urbana e alguns períodos de trabalhado no labor rural, não preenchendo os requisitos de nenhuma das modalidades do benefício de aposentadoria por idade.

Dessa forma, a Lei 11.718/2008 acrescentou o §3º do artigo 48 da Lei 8.213/91 que prevê que os trabalhadores rurais para fins de cumprimento do período de carência poderão somar o tempo rural com o período urbano. No entanto, com relação ao requisito etário, deverão cumprir a idade necessária para a aposentadoria por idade urbana.

Do mesmo modo que a entrada em vigor da EC 103/2019 resultou em mudanças na concessão do benefício de aposentadoria por idade urbana, as regras deverão ser aplicadas também na aposentadoria por idade híbrida, com o aumento do requisito etário para a mulher e do período de carência para os homens que ingressaram no RGPS após a reforma, bem

(32)

como a mudança na sistemática de cálculo do valor da renda mensal do benefício (LAZZARI et al., 2020, p. 114).

Ainda no tocante aos períodos a serem somados para o cumprimento do período de carência, em importante julgamento de repetitivo o Superior Tribunal de Justiça firmou no Tema 1007 a seguinte tese:

O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo, anterior ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser computado para fins da carência necessária à obtenção da aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido efetivado o recolhimento das contribuições, nos termos do art. 48, § 3o. da Lei 8.213/1991, seja qual for a predominância do labor misto exercido no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo. (BRASIL, STJ, 2019)

Com relação ao valor da renda do benefício em questão, Leitão e Meirinho (2018, p. 306) explicam que “o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário de contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário de contribuição da Previdência Social”

Acerca do fator previdenciário, Castro e Lazzari (2020, p. 980) esclarece que no benefício de aposentadoria por idade hibrida, “não se aplicava o fator previdenciário, mesmo que pudesse ser superior a 1,0 – pois a referência feita pelo art. 48, § 4º, da Lei n. 8.213/1991 (inserido pela Lei n. 11.718/2008) remete ao critério de cálculo dos benefícios não sujeitos ao fator previdenciário”.

2.7.2 Aposentadoria por tempo de contribuição

Até o advento da EC 103/2019, a redação do art. 201, §7º, inciso I, da Constituição Federal previa o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, sendo devido aos trabalhadores que somassem 35 (trinta e cinco) anos de contribuição se homem, e 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher (BRASIL, CRFB, 2020).

Leitão e Meirinho (2018, p. 312) explicam que tendo em vista que o benefício é concedido independentemente de uma idade mínima, ou seja, não havendo uma contingência social, os autores chegam a conclusão que tal benefício trata-se de um prêmio ao trabalhador pelo acúmulo de determinado tempo de contribuição.

(33)

O período em que o segurado verteu contribuições para a Previdência Social. Este período será contato data a data, desde o início do período contributivo até a data do requerimento do benefício ou do desligamento da atividade abrangida pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS (RIBEIRO, 2015, p. 330).

Conforme esclarece Santos (2019, p. 268) a Emenda Constitucional nº 20 de 1998 pode ser considerada como um marco temporal importante para o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, “pois tem normas específicas que regem as situações dos segurados que ingressaram no RGPS antes e dos que ingressaram depois de sua publicação, bem como dos que já haviam preenchido os requisitos para a aposentadoria por tempo de serviço”.

Castro e Lazzari (2016, p. 254) explicam que para aqueles que se filiaram ao RGPS até a data da publicação da EC 20/98, duas possibilidades de benefícios por tempo de contribuição poderão ser concedidos, aposentadoria com valores integrais ou proporcionais ao tempo de contribuição, “quando proporcional, o coeficiente de cálculo será de 70% do salário de benefício acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma do tempo de 30 anos, se homem, ou 25 anos, se mulher, mais o tempo adicional relativo ao pedágio”.

Conforme mencionado no tópico 2.6, de modo a evitar aposentadorias com idades reduzidas, por meio da Lei 9.876/1999 foi instituído o fator previdenciário, a ser aplicado nas aposentadorias por tempo de contribuição como um redutor no valor do benefício.

Em 2015, os impactos do fator previdenciário foram atenuados com a criação, por meio da Lei 13.183/2015, de um sistema de pontos, que ficou conhecido como a fórmula 85/95. Nestes casos o segurado poderia afastar a incidência do fator previdenciário se a soma da sua idade e do seu tempo de contribuição atingissem 85 pontos, se mulher e 95 pontos, se homem (ROCHA, 2019, p. 219).

Mais recentemente, diante dos problemas financeiros relativos à previdência apontados pelo Governo a aprovação da Emenda Constitucional nº 103/2019 promoveu mudanças na concessão do benefício em questão.

Com isso, a solução proposta e aprovada, constante da EC n. 103/2019, foi a extinção da previsão de aposentadoria por tempo de contribuição (sem a previsão de uma idade mínima) das regras permanentes da Constituição. Temos, assim, a partir da EC n. 103/2019, somente a possibilidade de concessão de aposentadoria voluntária com o cumprimento de tempo de contribuição e de idade mínima ou pontuação mínima (idade + tempo de contribuição). No entanto, foi prevista regra de transição para a aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima, para homens e mulheres que faltavam cumprir até 2 (dois) anos de contribuição na data da publicação da EC n. 103/2019, mesmo assim, com um pedágio de 50% do tempo faltante (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 992).

(34)

No tocante a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, Leitão e Meirinho (2018, p. 315) explicam que “a aposentadoria por tempo de contribuição é devida a quase todos os segurados da previdência social. Só há duas exceções: 1ª) segurado especial que não opte pelo pagamento de contribuições facultativas; 2ª) segurado que aderiu ao plano simplificado de previdência social”.

Pelas novas regras vigentes a partir da promulgação da EC 103, o valor do benefício, para a maioria dos casos, “corresponde a 60% da média aritmética (SB), com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano que exceder o tempo de 20 anos de contribuição para os homens e de 15 anos para as mulheres” (LAZZARI et al., 2020, p. 115).

2.7.3 Aposentadoria do professor

A aposentadoria do professor está disciplinada no art. 201, §8º da Constituição Federal e prevê a redução de 5 anos no tempo de contribuição para os trabalhadores que comprovem efetivo exercício nas funções de magistério (BRASIL, CRFB, 2020).

Quanto aos professores que tem direito ao benefício, Dias e Macêdo (2012, p. 267) explicam que será devido para “o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio [...]. O professor universitário não faz mais jus à aposentadoria com tempo de contribuição reduzido”.

No tocante ao valor do benefício o art. 56 da Lei 8.213/91 dispõe que a renda mensal será de 100% do salário de benefício, devendo o cálculo observar o que dispõe a Seção III do Capítulo II (BRASIL, Lei nº. 8.213/91, 2020).

Diante da redação do artigo, nas palavras de Santos (2019, p. 292), “a Seção III é justamente a que disciplina o cálculo do valor dos benefícios. E lá, o art. 29, I, prevê a aplicação do fator previdenciário às aposentadorias por idade e por tempo de contribuição”.

Desse modo, Ribeiro (2015, p. 337) ressalta que a discussão em torno da aposentadoria do professor é acerca da aplicação do fator previdenciário. Isso porque, se o legislador tinha por objetivo beneficiar os exercentes deste tipo de atividade, a aplicação do fator previdenciário é vista como uma penalidade para a aposentadoria precoce concedida.

Tendo em vista as discussões doutrinárias e jurisprudenciais acerca da aplicação do fator previdenciário, o Superior Tribunal de Justiça determinou a suspensão dos processos

Referências

Documentos relacionados

Naturalmente, é preciso conter os desvios significativos que possam ser ditados por comportamentos como resistência às mudanças ou postura comodista em razão das

- Identificar os fatores dificultadores da Certificação ISO 9001:2008 na Escola Estadual Eduardo Ribeiro, a partir da percepção de funcionários administrativos,

Este projeto de capacitação em serviço foi planejado para oportunizar aos educadores da Escola Estadual Paula Frassinetti, ampliar seus conhecimentos sobre a temática aqui

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

[r]

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

É importante destacar também que, a formação que se propõem deve ir além da capacitação dos professores para o uso dos LIs (ainda que essa etapa.. seja necessária),

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar