Potencial de Uso
Agrícola das Terras
Profa. Nerilde Favaretto
Notas de aula – AL050 Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas e AL323 Recursos Naturais Renováveis
Universidade Federal do Paraná
Caracterização
• Recomendação de uso agrícola das terras de
acordo com suas potencialidades e limitaçoes
• Fundamental para o planejamento de uso
sustentável das terras (ambiental, econômico e
social)
• Uso inadequado das terras: diminuição do
potencial produtivo e degradação ambiental
(água e solo)
• Avaliação do potencial de uso Agricola
(diferentes escalas): propriedade, microbacia,
bacia, municipio, estado…
3
SISTEMAS
DE AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE USO
AGRÍCOLA DAS TERRAS
Existem dois sistemas clássicos:
•
Sistema
de Aptidão Agrícola das Terras (SAAT)
(Ramalho Filho & Beek, 1995 – Embrapa)
•
Sistema de Capacidade de Uso (SCU)
4
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS
Características básicas:
• Desenvolvido pela Secretaria Nacional de Planejamento Agrícola
(SUPLAN) e pelo Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solo (SNLCS) ( 1ª Edição: Ramalho-Filho et al., 1978).
• Interpretação de levantamentos de solos
• Enfoque amplo de planejamento (originalmente escala regional ou nacional; adaptaçoes para escala de bacia ou microbacia).
• Envolve aspecto sócio-econômico
• Considera três níveis tecnológicos (A,B,C))
Levantamento de solos:
-
Detalhado (> 1 : 25 000) propriedade
- Semi-detalhado (1:25.000 a 1:50.000) municipios
- Reconhecimento (1:50.000 a 1:1.000.000) estados
- Exploratórios (< 1:1.000.000) regiões
Ou
Levantamento utilitário:
levantamento a campo de informações (tipo de
solo, profundidade, textura, declividade…)
6
Sistema
de Aptidão Agrícola das Terras (SAAT)
Passos para a classificação:
1)
Estimativa das limitações
Deficiência da fertilidade (f)Deficiência de água (h) Deficiência de oxigênio (o) Suscetibilidade à erosão (e)
Impedimento à mecanização (m)
2) Estimativa da redução das limitações
3) Classificação - Uso de quadro-guia
7
Estrutura do Sistema - Níveis de manejo/Níveis Tecnológicos
❑Nível de manejo A = primitivo (baixo)
• Práticas agrícolas com baixo nível tecnológico;
• Não há aplicação de capital para o manejo, melhoramento e conservação das lavouras e do solo;
• Trabalho braçal podendo ser utilizada alguma tração animal com implementos simples.
❑Nível de manejo B = pouco desenvolvido (médio)
• Práticas agrícolas com emprego de médio nível tecnológico;
• Modestos aplicação de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento e conservação das lavouras e do solo;
• Praticas agrícolas incluem a calagem, NPK, trat. fitossanitários simples, tração animal, motomecanização apenas para o desbravamento e preparo inicial.
❑Nível de manejo C = desenvolvido (alto)
• Práticas agrícolas com emprego de alto nível tecnológico;
• Aplicação intensa de capital para o manejo, melhoramento e conservação das lavouras e do solo;
9
Níveis categóricos do sistema de Aptidão Agrícola
GRUPO de aptidão agrícola: indica o tipo de uso
1, 2, 3, 4, 5 e 6
CLASSE de aptidão agrícola: indica o grau de intensidade das
limitações
“boa”, “regular”, “restrita” e “inapta”
SUBGRUPO de aptidão agrícola: indica a classe de aptidão
agrícola, o nível tecnólogico e o uso do solo.
Grupos de aptidão agrícola
Aumento da intensidade de uso e diminuição das limitações
11
Classes de Aptidão Agrícola
BOA – terras sem limitações significativas para a um determinado tipo de manejo. Simbologia: letra maiúscula.
REGULAR- Terras com limitações moderadas para um determinado uso. As limitações reduzem a produtividade, elevando a necessidade do uso de insumos. Simbologia: letra minúscula.
RESTRITA – terras com limitações fortes para a produção de um determinado tipo de uso. As limitações reduzem a produtividade, elevando a necessidade do uso de insumos ou ações corretivas justificáveis. Simbologia: Letra minúscula entre parenteses
12
Simbologia correspondente ao grupo (tipo de utilização)
e as classes de aptidão agrícola
- - -
-Pastagem
plantada
Silvi-cultura
Pastagem
nativa
A
B
C
B
B
A
Boa
A
B
C
P
S
N
Regular
a
b
c
p
s
n
Restrita
(a)
(b)
(c)
(p)
(s)
(n)
Inapta
?
?
?
?
?
?
Classe de
aptidão
Nível de manejo
Lavouras
Tipo de utilização
13
Subgrupo Descrição
1ABC
Terras com classe de aptidão boa para lavouras nos níveis de manejo A, B e C
1ABc
Terras com classe de aptidão boa para lavouras nos níveis de manejo A e B, e regular no nível C – solo raso
1bC Terras com classe de aptidão boa para lavouras no nível de manejo C, regular no nível B e inapta no nível A
– prob. de fertilidade
-2ab(c)
Terras com classe de aptidão regular para lavouras nos níveis de manejo A e B, e restrita no nível C
2(b)c Terras com classe de aptidão regular para lavouras no nível de manejo C, restrita no nível B e inapta no
nível A
3(ab) Terras com classe de aptidão restrita nos níveis A e B e inapta no nível C declividade alta
-4P Terras com classe de aptidão boa para pastagem plantada
4(p) Terras com classe de aptidão restrita para pastagem plantada
5Sn
Terras com classe de aptidão boa para silvicultura e regular para pastagem natural
5s(n)
Terras com classe de aptidão regular para silvicultura e restrita para pastagem natural
6 Terras sem aptidão agrícola
Simbologia correspondente aos subgrupos de aptidão
14
Passos da classificação: 1)
Estimativa da limitações
Símbolo Fator de Limitação f Deficiência de fertilidade
h Deficiência de água
o Excesso de água ou deficiência de oxigênio e Suscetibilidade à erosão
15
Graus de limitação
Para cada fator de limitação ( f, h, o, e, m) existe uma
classificação em:
• N – nulo • L – ligeiro • M – moderado • F – forte • MF - muito forteSímbolo Fator de Limitação
f Deficiência de fertilidade h Deficiência de água
o Excesso de água ou deficiência de oxigênio e Susceptibilidade à erosão
Passos da classificação: 2) Estimativa da redução das limitações
Viabilidade de Melhoramento das Limitações
• CLASSE 1: correspondente a melhoramentos viáveis com práticas
simples e com pequeno emprego de capital. Esta classe é compatível com o nível de manejo B e as práticas de melhoramento são suficientes para atingir o grau indicado no quadro guia.• CLASSE 2
: classe de melhoramento viável apenas com práticas intensivas, sofisticadas e com considerável aplicação de capital, compatíveis com o nível de manejo C. Esta classe prevê práticas de melhoramento que podem ser executadas pelos agricultores individualmente e que são consideradas economicamente compensadoras.• CLASSE 3
: classe de melhoramento viável somente com práticas de grande vulto, aplicadas a projetos de larga escala, que estão, normalmente, além das possibilidades individuais dos agricultores.• CLASSE 4
: classe sem viabilidade técnica ou econômica deDeficiência de Fertilidade *
Deficiência de Água
Excesso de Água *
Suscetibilidade à Erosão *
Impedimentos à Mecanização
Possibilidades de melhoramentos
Possibilidades de melhoramentos (exemplos)
Deficiência de Fertilidade
CLASSE 1:
Adubação verde
Aplicação de esterco ou outros resíduos orgânicos
Correção do solo (calagem até 2 t/ha)
Adubação com NPK (até 200 kg/ha)
CLASSE 2:
Adubação com NPK + micronutrientes
Adubação foliar
Dessalinização
Possibilidades de melhoramentos (exemplos)
Excesso de água
CLASSE 1:
Trabalhos simples de drenagem
CLASSE 2:
Possibilidades de melhoramentos (exemplos)
Suscetibilidade a erosão
CLASSE 1:
Preparo reduzindo do solo
Cultivo em faixa / Cultivo em contorno
Enleiramento de restos culturais em nível
Rotação de culturas / Plantas de cobertura
Cordões de retenção vegetados / Cordões de pedra
Pastoreio controlado
CLASSE 2:
Terraceamento
Escarificação / Subsolagem
Canais escoadouros
Faixas de retenção permanente
Estruturas especiais (bueiros) / Controle de voçorocas
Plantio direto
Informações:
• Solos
• Declividade
Exercícios
Solo Deficiência de Fertilidade Deficiência de águaExcesso de água Susceptibilidade à erosão
Impedimento a mecanização
Aptidão
25
26
Sistema de Capacidade de Uso das Terras
Caracterísiticas básicas• Definição: Potencial que a terra possui para diversos fins, sem que sofra
depauperamento pelos fatores de desgaste e empobrecimento (Lepsch et. al., 1991).
• Desenvolvido pelo Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos (Klingebiel & Montgomery, 1961).
• Adapatado ao Brasil: Lepsch et al. (1978, 1991, 2015).
• Desenvolvido para uma escala de pequena bacia hidrográfica ou propriedade agrícola.
• Informações para a classificação são obtidas de levantamentos de solo detalhados.
• Quando não se tem levantamento detalhado, é necessário um levantamento utilitário.
27
Níveis categóricos
- GRUPO de capacidade de uso: Define o tipo de uso. A, B, C
- CLASSE de capacidade de uso: Define o grau de limitação ao uso. I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII
- SUBCLASSE de capacidade de uso: Define a natureza da limitação e, s, c, a
28
Grupos
❑Grupo A
Qualquer tipo de uso (culturas anuais, pastagens, reflorestamento e preservação). Classes I, II, III, IV
❑Grupo B
Impropria para cultivos anuais (e as vezes semi-perene). Ainda adaptada para pastagens, reflorestamento e preservação.
Classes V, VI, VII
❑Grupo C
Somente para preservação permanente. Classe VIII
29
Classes
oClasse I: culturas anuais. Sem problemas de conservação.
oClasse II: culturas anuais. Com problemas simples de conservação.
oClasse III
: culturas anuais. Com problemas complexos de conservação.oClasse IV: culturas anuais . Cultiváveis apenas ocasionalmente.
oClasse V: pastagens ou reflorestamento. Sem problemas de conservação (planas)
oClasse VI: pastagem e refloestamento. Com problemas simples de conservação.
oClasse VII: pastagem e reflorestamento. Com problemas complexos de
conservação.
oClasse VIII: impróprias para culturas anuais, pastagens ou reflorestam. Somente
preservação.30
Subclasses
e
limitações por erosão e/ou risco de erosãos
limitações relativas ao soloa
limitações por excesso de águac
limitações climáticasIIe
(Terras cultiváveis, com problemas simples de
conservação – limitações pela erosão presente e/ou risco
de erosão)
31
32
4.6. Levantamento do meio físico –
LEVANTAMENTO UTILITÁRIOO levantamento utilitário (ou conservacionista) é um inventário de dados
essenciais relativos as características e propriedades da terra relevantes para sua classificação de uso e conservação.
FÓRMULA OBRIGATÓRIA
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
33
Classe de profundidade efetiva Profundidade (cm) Símbolo
Muito profunda > 200 pr1
Profunda 100-200 pr2
Pouco profunda 50-100 pr3
Rasa < 50 pr4
Profundidade efetiva (horizonte A+B)
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
34
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
35
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
36
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
Presença de
Presença de erosão em sulcos
Frequencia e profundidade
39
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
40
profundiade efetiva - textura - permeabilidade
fatores limitantes - uso atual declividade - erosão
Enquadramento
Metodo Sintético
ou
Informações:
• Solos
• Declividade
Exercicio
Solo Profundidade Textura Drenagem Declive Erosao
Laminar
Erosao Sulcos
BIBLIOGRAFIA
ALVARENGA, M.I.N. & PAULA, M.B. Planejamento conservacionista em microbacias. In:EPAMIG. Manejo de microbacias. Informe Agropecuário v. 21, n. 207. P. 55-64, 2000 BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Icone, 1990. 355 p. LEPSCH, I. F.; ESPINDOLA, C.R.; VISCHI FILHO, O.J.; HERNANI, L.C.; SIQUEIRA, D.S.
Manual para levantamento utilitário e classificação de terras no sistema de capacidade de uso. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2015. 169 p.
PARANÁ. Secretária de Estado da Agricultura e Abastecimento. Manual técnico do subprograma de manejo e conservação do solo. 2. ed. Curitiba: PARANÁ/SEAB, 1994. 372p.
RAMALHO FILHO, A. & BEEK, K.J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3 ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1995. 65 p.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Manual de uso, manejo e conservação do solo e da água. 2 ed. Florianópolis: EPAGRI, 1994. 338p.