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Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

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Academic year: 2021

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Centro Universitário Adventista de São Paulo

Fundado em 1915 — www.unasp.edu.br

Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Visão: Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos.

Imprensa Universitária Adventista Editor: Rodrigo Follis Editor Associado: Felipe Carmo

Conselho Editorial: José Paulo Martini, Afonso Cardoso, Elizeu de Sousa, Francisca Costa, Adolfo Suárez, Emilson dos Reis, Rodrigo Follis, Ozéas C. Moura, Betania Lopes, Martin Kuhn

A Unaspress está sediada no Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP. Administração da Entidade

Mantenedora (IAE) Diretor Presidente: Domingos José de SouzaDiretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Administração Geral do Unasp

Campus Eng. Coelho

Campus São Paulo

Reitor: Euler Pereira Bahia

Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Tânia Denise Kuntze Pró-Reitora de Graduação: Sílvia Cristina de Oliveira Quadros

Pró-Reitor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Secretário Geral: Marcelo Franca Alves Diretor Geral: José Paulo Martini

Diretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Francisca Pinheiro S. Costa Diretor de Graduação: Afonso Ligório Cardoso

Diretor Geral: Hélio Carnassale

Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Marcos Natal de Souza Costa Diretor de Graduação: Ilson Tercio Caetano

Campus Virtual Diretor Geral: Valcenir do Vale Costa

Faculdade de Teologia Diretor: Emilson dos Reis

Coordenador de Pós-Graduação: Ozeas Caldas Moura Coordenador de Graduação: Adolfo Suárez

Faculdade Adventista de

Hortolândia Diretor: Euler Pereira BahiaDiretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Tânia Denise Kuntze Diretora de Graduação: Sílvia Cristina de Oliveira Quadros

Secretário Geral: Marcelo Franca Alves

Campus Hortolândia Diretor Geral: Alacy Mendes Barbosa

Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Eli Andrade Rocha Prates Diretora de Graduação: Elna Pereira Nascimento Cres

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Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Manual do educador : princípios adventistas para integrar a fé e o ensino-aprendiza-gem / Adolfo S. Suárez, organizador. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress - Imprensa Universitária Adventista, 2015.

ISBN: 978-85-8463-001-1 Bibliografia.

1. Adventistas do Sétimo Dia - Educação 2. Educação - Filosofia 3. Educação - Estu-do e ensino 4. Fé I. Suárez, AEstu-dolfo S.

1. Manual do Educador : Estudo e ensino 268.07

14-10646 CDD-268.07 Caixa Postal 11 — Unasp

Engenheiro Coelho-SP 13.165-000 (19) 3858-9055 www.unaspstore.com.br Imprensa Universitária Adventista

Editoração: Matheus Cardoso Revisão: Rodrigo Follis, Felipe Carmo Normatização: Vinícius Aguiar, Giulia Pradela Diagramação: Bárbara Katherinne, Fábio Roberto

Manual do educador: princípios para inte-grar a fé e o ensino-aprendizagem

1ª edição — 2015 2.200 exemplares

Todos os direitos em língua portuguesa reservados para a Unaspress. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

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Pareceristas

Adolfo S. Suárez. Doutor em Ciências da Religião (Universidade Metodista

de São Paulo).

Afonso Ligório Cardoso. Doutor em Literatura Brasileira e mestre em Estudos

Literários (Unesp).

Allan Macedo Novaes. Mestre em Comunicação Social (Universidade Metodista

de São Paulo); doutorando em Ciências da Religião (PUC-SP).

Carlos Flávio Teixeira. Doutor em Ciências da Religião (Universidade

Metodista de São Paulo).

David Mesquita da Costa. Mestre em Educação (Unasp).

Eli Rocha Prates. Doutor em Psicologia (Universidade de São Francisco).

Milton Luiz Torres. Doutor em Arqueologia Clássica (Universidade do Texas, em

Austin); Doutor em Letras Clássicas (USP).

Neumar de Lima. Mestre em Linguística Aplicada (PUC-SP); especialista em

Estudos Teológicos (Unasp).

Silvia Cristina de Oliveira Quadros. Doutora em Letras (USP). Sônia M. Mastrocola Gazeta. Mestre em Linguística Aplicada (Unicamp).

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Comissão Científica do I Simpósio Unasp da Confessionalidade Adventista, ocorrido em janeiro de 2013 no Unasp, Campus São Paulo, a partir do qual este livro foi produzido:

Adolfo S. Suárez, Presidente Afonso Ligório Cardoso Allan Macedo Novaes David Mesquita da Costa Eli Andrade Rocha Prates Elna Pereira Nascimento Cres Ilson Tércio Caetano Silvia Cristina de Oliveira Quadros

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S u m á r i o

11 Palavras iniciais

Euler Pereira Bahia 13 Prefácio

Silvia Cristina de Oliveira Quadros 17 Introdução

Adolfo S. Suárez

Unidade 1 - Fundamentos

25 A educação adventista no Brasil

Renato Gross

35 A Bíblia na educação adventista

Ozeas C. Moura

43 “Jamais alguém falou como este homem”

Adolfo S. Suárez

55 A pedagogia do Espírito

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79 Ellen G. White e a formação da filosofia educacional adventista

Renato Stencel

93 Filosofia da educação adventista

Orlando Mário Ritter

105 Criacionismo versus evolucionismo

Nahor N. Souza Jr.

115 Integração fé e ensino

Wellington Gil Rodrigues

123 Epistemologia bíblico-cristã

David Mesquita da Costa

141 Estilo de vida adventista

Leslie Andrews Portes, Márcia Cristina Teixeira Martins

157 Educação hebraica

David Mesquita da Costa

Unidade 2 - Diálogo

173 A antiga educação grega

Milton L. Torres

185 O ensino da língua materna

Silvia Cristina de Oliveira Quadros 193 Presença da ficção literária

em escolas cristãs

Afonso Ligório Cardoso 203 Teopoética

Milton L. Torres

211 O ensino da história

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223 Integração fé e ensino no curso de direito

Carlos Flávio Teixeira

249 O ensino de arte nas escolas adventistas

Ellen de A. Boger Stencel 257 Educação física

Leonardo T. Martins, Natália Vargas e Silva, José Carlos Júnior 269 Educação física, integrando fé e ensino

Admilson G. de Almeida 275 Vínculos afetivos na educação adventista

Eli Andrade Rocha Prates, Ellen Oliveira Rocha Prates

Unidade 3 - Atores

285 Administração escolar

Alacy Mendes Barbosa

293 Gestão escolar adventista

Hélio Carnassale

303 O líder servidor e a educação adventista

José Iran Miguel

311 Coordenação pedagógica

Suzete Águas Maia

321 O professor de ensino religioso na educação adventista

Douglas Menslin

331 Perfil de professores e estudantes em Ellen G. White

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345 O professor cristão e o pós-modernismo

Luis Fernando Assunção

355 Desafios na educação de estudantes superdotados

Janete Tonete Suárez, Solange Múglia Wechsler

Unidade 4 - Ferramentas

373 Ciência e imprensa em sala de aula

Allan Novaes

385 O encanto da virtualidade

Vanderlei Dorneles

397 A mídia em sala de aula

Stella de Mello Silva

Unidade 5 - Resultados

407 Desafios da educação adventista

Francislê Neri de Souza, Genésia Maria Neri de Souza 419 Filha da educação adventista

Suellen E. Timm

429 Conclusão

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Palavras iniciais

Euler Pereira Bahia1

O Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) é uma instituição confessional pertencente à rede mundial de instituições educativas mantidas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, cuja razão de ser e propósitos se amparam na visão bíblica da realidade e por esta se orienta e desenvolve toda a sua proposta educativa. A realização do I Simpósio Unasp da Confessionalidade Adventista, ocor-rido em janeiro de 2013 no Unasp, Campus São Paulo, teve como propósi-to realçar e revitalizar a característica confessional da instituição. Além disso, através de uma abrangente reflexão, buscou explicitar aspectos e formas diver-sas em que essa confessionalidade deve se apresentar na instituição.

A partir dessa identificação pode-se perceber que a confessionalidade no Unasp é o fundamento do escopo filosófico que sustenta sua forma de organização, permeia as suas múltiplas relações e inspiram o “saber” e o “fazer” acadêmicos na instituição.

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Manual do educador

A formação moral do indivíduo é um dos componentes mais importantes do pro-cesso de educação já que, na escola, os estudantes se encontram na interface dos múltiplos ambientes nos quais vivem e viverão sua vida futura. E é nesse ambiente que a vocação confessional da instituição deverá ser tanto mais concreta e mais eficiente com vistas a perseguir os efeitos do seu labor educativo.

O que caracteriza, em essência, uma educação verdadeiramente confessional não é apenas vincular o nome de uma confissão religiosa ao nome da instituição; não é tam-pouco expressar uma declaração de missão que contenha preocupações religiosas ou mesmo oferecer disciplinas de conteúdo religioso. A confessionalidade deve ser uma ma-nifestação viva do conjunto de conceitos e de valores que compõem o credo institucional, os quais, expressamente, devem ser declarados como a verdade. Com efeito, uma confes-sionalidade autêntica não é um compartimento ou mero departamento que se confina às suas restrições. Ao contrário, ela se manifesta em sua plenitude no discurso harmonioso de todas as vozes que a proclamam. E devem ser, de fato, todas. No entanto, sua maior eloquência é decorrente de uma prática viva, que traduz sua essência com simplicidade e objetividade aos leitores das atitudes de cada um de seus representantes.

A educação chamada secular não tem conseguido responder adequadamente às demandas reais da sociedade atual, precisamente porque educação significa, de forma tímida, apenas formação, qualificação intelectual, preparo técnico profissional e acadê-mico. Contudo, é necessário insistir e persistir na oferta de uma educação mais ampla; aquela que considera o homem como um todo; que não se oriente apenas no sentido de atender aos requisitos de uma vida terrena, mas que se ocupe, em especial, da mo-delagem de um ser integral – físico, moral, intelectual e espiritual –, visando com isso a ampliar o alcance de seu preparo para dimensões além das limitações desta existência.

É disso que se ocupa a educação confessional adventista ao conectar o estudante com as realidades eternas desdobradas diante dele mediante a apresentação das revela-ções de Deus ao homem: sua Palavra escrita, suas obras de criação e sua manifestação suprema na pessoa de Jesus Cristo.

Como instituição adventista, não podemos negligenciar nossa herança e vocação cultural e espiritual. Nossa origem e história nos conclamam a manter vivos o sentido e o propósito de nossa existência, que se expressam em serviço, empatia, solidariedade, amor, justiça, perdão e equidade, que são os reclamos de uma sociedade que cada vez mais tem se afastado da Fonte dessas virtudes. Ao editar esta obra desejamos, além de prolongar os efeitos positivos do evento junto à comunidade interna do Unasp, ampliar o seu alcance, propiciando a instituições educativas – adventistas ou não –, tanto quanto seus professores, o contato com esta seleção de temas de absoluta pertinência para uma prática escolar cristã.

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Prefácio

Silvia Cristina de Oliveira Quadros1

O Núcleo de Integração Fé e Ensino (NIFE) do Unasp presenteia os pro-fessores da Educação Adventista com esta obra de grande valia, pois aborda o assunto que nos é o mais caro: inserir a “Cristo nas salas de aula”, que se traduz na prática da integração fé e ensino/aprendizagem. Esta obra é o resultado do I Simpósio de Educação Confessional Adventista, realizado em janeiro de 2013, no Unasp campus São Paulo.

O NIFE, criado em 1994, busca promover a excelência da Educação Ad-ventista por meio da integração da fé com o ensino e a aprendizagem em todos os níveis acadêmicos, numa cosmovisão bíblica. E para o cumprimento desse objetivo, tem organizado palestras, seminários, cursos em várias partes do país, orientações e disponibilização de textos pela internet. Como resultado do I Semi-nário realizado em 1996, a publicação denominada “Cristo na sala de aula: Uma

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Manual do educador

abordagem Adventista sobre Integração Fé e Ensino”, que tem sido uma fonte de consulta

para os docentes. Atualmente, coordenado pelo Prof. Dr. Adolfo S. Suárez, o NIFE nos coloca à mão este trabalho, que será o referencial para o estudo, reflexão e orientação para a prática integração fé e ensino/aprendizagem.

Este livro registra as reflexões de educadores do Sistema Adventista de Ensino que, com base na cosmovisão bíblica, apresentam aspectos teórico-práticos da integração fé e ensino/aprendizagem, tanto para a educação básica como para a educação superior, a fim de oferecer subsídios para o fortalecimento da Identidade da Educação Adventista, assim como, um referencial para o trabalho docente em sala de aula.

A importância desta obra se destaca na contribuição que ela trará aos educadores quanto ao direcionamento do trabalho acadêmico que deve ser realizado tendo como referência a Bíblia que deve, em uma instituição cristã, ser a base da perspectiva do estudo dos componentes curriculares.

Partindo da assertiva de que a educação vai além do trabalho realizado para o desenvolvimento da competências e habilidades do estudante, a verdadeira educação é aquela que vai além do contato diário da sala de aula ao estudar os conteúdos designa-dos para os níveis de ensino, pois ultrapassa a nossa existência e aponta para a vida eter-na, visando desenvolver harmonicamente as faculdades físicas, intelectuais e espirituais. O propósito da verdadeira educação só pode ser alcançado se alicerçado em um trabalho docente fundamentado na integração entre fé e ensino/aprendizagem na con-dução da visão analítica dos conteúdos em estudo, onde os princípios e valores bíblicos estão presentes no universo escolar/acadêmico.

O trabalho com a integração fé e ensino/aprendizagem deve ir além do discurso e estar presente nas práticas pedagógicas. Essa abordagem envolve um compromisso pes-soal do professor, abrange seu estilo de vida, seus valores e atitudes. Assim, os docentes tanto da educação básica como da educação superior, ao desenvolverem seu trabalho, precisam ir além de seu preparo acadêmico e, sobretudo, preocuparem-se com sua proxi-midade ao mestre da educação – Jesus.

Na educação básica, é na figura do professor que se intersecciona o mundo adulto e o infantil ou adolescente e, a prática da integração fé e ensino precisa primeiro fazer sentido para esse professor para que suas atitudes, sua metodologia de trabalho seja pautada em valores bíblicos e que eles sejam percebidos e apreendidos pelos alunos de forma natural e significativa. E as reflexões, discussões e prática que nesta obra se lerá vem justamente a permitir que o docente direcione sua visão de mundo e molde seu trabalho didático-pedagógico, proporcionando a integração fé e ensino/aprendizagem.

Para a educação superior, este livro consiste em um importante subsidio para o corpo docente, uma vez que o docente representa para o aluno a relação entre o mundo acadêmico e o mundo pessoal e do trabalho, e é nessa relação que a prática da integra-ção fé e ensino/aprendizagem pode fazer com que o aluno desenvolva nesse período de seu preparo profissional uma postura ética fundamentada em valores bíblicos.

A integração fé e ensino/aprendizagem precisa ser um processo natural no traba-lho do professor adventista, pois ambos fé e ensino/aprendizagem devem, de fato, ser

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Prefácio

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integrados, visto que a fé professada pelo docente, sua cosmovisão bíblica do mundo direcionará seu comportamento, sua metodologia de trabalho e o estudo do conheci-mento se processará dentro do contexto bíblico, do plano de restauração do homem ao seu estado original, sem pecado. Assim, a cosmovisão bíblica moldará a forma de estruturar o conhecimento, de compreender a realidade circundante e essa integração resultará naturalmente.

Desejamos que esta obra Manual do educador: pincípios para integrar a fé e o

ensi-no-aprendizagem possa ser grandemente utilizada por todos os educadores, que atuem

como professores ou gestores na educação básica e superior, pois no fortalecimento da integração fé e ensino, toda a comunidade acadêmica deve estar envolvida no processo, e o ambiente da instituição como um todo deve propiciar essa integração. A Deus seja toda honra e glória pelo privilégio de sermos agraciados por este trabalho, fruto direto da iniciativa do nosso estimado Prof. Dr. Adolfo S. Suárez. Que educadores e educado-ras possam ser abençoados com esta proveitosa leitura.

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Introdução

a importância da raíz identitária

Adolfo S. Suárez1

“Então Josué chamou os doze homens que havia escolhido e disse: ‘Passem adiante da arca da aliança do Senhor, o Deus de vocês, e sigam até o meio do Jordão. Cada um ponha no ombro uma pedra, uma para cada tribo de Israel. Essas pe-dras ajudarão o povo a lembrar daquilo que o Senhor tem feito. No futuro, quando os seus filhos perguntarem o que essas pedras querem dizer, vocês contarão que as águas do Jordão pararam de correr no dia em que a arca da aliança atravessou o rio. Essas pedras farão com que o povo de Israel lembre sempre desse dia’” (Js 4:4-7).

No final de 2010, tive a oportunidade de viajar até a minha cidade natal, no meu país, a Bolívia. A cidade se chama Guayaramerín e tem aproximadamente

1 Graduado em Teologia pelo Instituto Adventista de Ensino (1993); graduação em Pedagogia pelo

Centro Universitário Adventista de São Paulo (2002); mestrado em Ciências da Religião pela Uni-versidade Metodista de São Paulo (2005); doutorado em Ciências da Religião pela UniUni-versidade Metodista de São Paulo (2010); pós-doutorado em Teologia, na Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS; e é aluno do Post Doctoral Fellowship na Andrews University, Michigan. Atua como professor de Teologia no Unasp, Campus Engenheiro Coelho, e como coordenador do Núcleo de Integração Fé e Ensino (Nife).

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Manual do educador

40 mil habitantes. Na língua tupi-guarani, Guayaramerín significa “pequena cachoeira”. Lá passei alguns dias com a minha mãe e com minha irmã Ester. Numa tarde quente, coloquei chinelos nos pés e saí para caminhar. Andei por ruas onde está parte da minha história de vida. Passei pela escola católica onde estudei até a quinta série. Passei em frente à casa onde morava a minha primeira professora, da primeira série, a senhora Emma de Bascopé. Passei no porto onde pelo menos uma vez por semana comia uma deliciosa empanada, típico pastel boliviano. Andei pelo mercado da cidade, o qual eu visitava praticamente todos os dias, dos meus 9 aos 17 anos.

Passei pelo prédio onde, na época, funcionava a principal rádio AM da minha ado-lescência. Chamava-se rádio “Paititi”. Esse é um lugar importante para mim, porque aos 12 anos de idade ganhei um concurso que consistia em decorar as capitais dos países do mundo e a sua bandeira. Esse concurso era feito ao vivo, aos domingos, nessa rádio. Ga-nhei um passeio; foi a primeira vez que viajei de avião. No final da tarde fui até o cemitério, e depois de 23 anos revi o túmulo do meu pai, seu Joaquin, que faleceu com 34 anos de idade. Sentado no túmulo azul, me lembrei de quantas vezes pintei esse túmulo, e quantas vezes escrevi o nome de meu pai, a data de seu nascimento e falecimento. Lembrei-me, também, as tantas vezes que acompanhei a minha mãe no dia de finados e, como bons ca-tólicos, lá ficávamos até tarde da noite. Para encerrar a tarde, passei alguns minutos vendo um pessoal jogar bola no campo onde muitas vezes eu joguei, disputando campeonatos de futebol juvenil e adolescente.

São cenas como as que acabei de descrever que formam os capítulos da nossa vida. Todos nós temos a nossa história, muito preciosa. Se ela se perder, se as cenas que a compõem forem apagadas da nossa mente, o que restaria de nós? Restariam páginas em branco, livros sem letras. Restaria uma vida sem identidade, sem raiz, sem sentido.

Instituições educacionais também são feitas de história. As escolas, faculdades e universidades adventistas são fruto de um ideal, e muitas cenas de superação e luta compõem a nossa história como instituição. Tudo começou com uma escola paroquial de 12 alunos, Battle Creek School, em 1872, que posteriormente se tornou o principal centro de estudos da Igreja Adventista do Sétimo Dia no mundo: a Andrews

Universi-ty, atualmente localizada em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos. Hoje em dia,

podem ser contabilizadas pouco mais de 7.800 instituições educacionais, que incluem escolas, colégios e universidades ao redor do mundo, com pouco mais de 1,8 milhão de estudantes e 90 mil professores. No Brasil, de meia dúzia de alunos – em 1º de julho de 1896 –, a educação adventista conta atualmente com aproximadamente 176 mil

estu-dantes, 10 mil professores, em pouco mais de 450 unidades escolares.

Como educadores e educadoras, não estamos meramente acrescentando ele-mentos a esses dados, e nem sequer estamos meramente ajudando a melhorar esses números. Não; essa certamente não é nossa principal preocupação. Como educadores e educadoras, damos continuidade aos ideais que foram iniciados há quase 142 anos. No Unasp, é a nossa intenção labutar para que as raízes permaneçam firmes a fim de que a identidade educacional que nos caracteriza se mantenha viva e diferenciada. É isso que dá real sentido ao nosso trabalho.

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Introdução

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O corpo docente da educação adventista é diverso. Entre nós há pessoas que co-nhecem muito bem a história do sistema educacional adventista. Há outras que têm conhecimento razoável da educação adventista. E há professores e professoras que sa-bem pouco ou quase nada sobre a educação adventista. Você que conhece muito sa-bem a história do nosso sistema educacional tem a responsabilidade de manter acesa a chama dos pioneiros que originaram este movimento. Eu estimulo você a partilhar cenas de nossa história em sala de aula para os estudantes, ou partilhar dessas cenas com algum docente na sala dos professores.

Você que conhece apenas algumas coisas sobre a educação adventista, ou mesmo não conhece nada, eu o estimulo a aprender um pouco mais nos livros, nas revistas e nos DVDs que narram a história da igreja e de seu sistema educacional. No Unasp, campus Engenheiro Coelho, há o Centro de Pesquisas Ellen G. White, onde trabalham pessoas preparadas e dispostas a lhe mostrar coisas interessantes sobre esta igreja. E se você é do tipo que prefere descobrir sozinho ou sozinha, então eu lhe recomendo a leitura de dois livros fundamentais: Educação, de Ellen G.White, e Pedagogia adventista. Neles você terá uma ótima introdução aos fundamentos de nossa maneira de entender a educação.

Por que isso é importante? Nós que trabalhamos na educação adventista precisa-mos sempre lembrar que nossas escolas e faculdades são mais do que apenas institui-ções de ensino. A nossa intenção é mais do que apenas formar profissionais competen-tes. Nós queremos mais do que isso. Queremos formar e transformar vidas. Acima de tudo, queremos conduzir nossos alunos a um relacionamento com Jesus Cristo, pois compreendemos a educação como um processo de redenção. Sim, este é o nosso alvo principal: educar para redimir. A finalidade da educação adventista é restaurar o ser humano a seu estado original de perfeição, preparando crianças e jovens para uma existência significativa na Terra e para a vida eterna.

Isso quer dizer que a educação adventista propõe-se a fazer um trabalho diferencia-do, pois nosso conceito educacional pode ser assim resumido: “A verdadeira educação é o desenvolvimento harmonioso das capacidades físicas, intelectuais e espirituais. Prepara o estudante para a alegria do serviço neste mundo, e para aquela alegria superior por um serviço mais abrangente no mundo vindouro.”

Nosso diferencial não é meramente religioso. Permita-me pensar em dois aspec-tos fundamentais que tornam a educação adventista algo diferenciado. Primeiramente, na educação adventista, devemos ensinar para salvar. A educação adventista é a trans-formação total de uma personalidade. Essa é a síntese de nossa proposta educacional. Ou seja, a educação adventista é vista como uma atividade redentora. O educando é considerado num todo, pois a pessoa inteira é importante para Deus. Por isso, o objeti-vo da Educação Adventista é a restauração da imagem de Deus no ser humano.

Considere as palavras impressionantes de Ellen G. White (2008) a respeito do papel do educador e da educação redentora:

O verdadeiro ensinador não se satisfaz com trabalho de segunda ordem. Não se contenta com encaminhar seus estudantes a um padrão mais baixo do que

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Manual do educador

o mais elevado que lhes é possível atingir. Não pode contentar-se com lhes comunicar apenas conhecimentos técnicos, fazendo deles meramente hábeis contabilistas, destros artistas, prósperos homens de negócio. É sua ambição incutir-lhes os princípios da verdade, obediência, honra, integridade, pureza – princípios que deles farão uma força positiva para a estabilidade e o erguimento da sociedade. No mais alto sentido, a obra da educação e da redenção são uma.

Portanto, o professor adventista não apenas “não dá aulas”; ele ensina para salvar vidas. Em segundo lugar, na educação adventista, devemos valorizar a comunhão. Nos corredores de uma universidade não adventista, presenciei uma cena que me fez pensar a respeito da comunhão entre estudantes e professores. Observei três garotas, que apa-rentavam ser de classe média alta. Uma delas chorava e as outras duas tentavam acalmá--la. Eu fiquei curioso, e consegui ouvir o desabafo da garota que chorava. Ela disse:

– Aqui, eu sou tratada apenas como um número, mais uma aluna. Ninguém liga para mim, ninguém se importa comigo. Os professores não estão nem aí. É só cobrança, trabalhos. Isso é muito chato! Afinal, eu sou gente!

Entendo que o espaço acadêmico pode se tornar um lugar emocionalmente frio, porque a correria pelo conhecimento, pelas pesquisas, pelas provas, pode ocupar muito tempo, restando pouco ou quase nenhum tempo para aquilo que nos distingue como verdadeiros seres humanos: a comunhão, o relacionamento, a pessoalidade. A educação adventista não deve cair nessa armadilha. Nossas salas de aulas, corredores e alamedas devem ser lugar de comunhão, não apenas entre estudantes, mas especialmente entre estudantes e professores.

No contexto do trajeto a Emaús, Lucas 24:28-31 narra o seguinte:

Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez Ele [Jesus] menção de passar adiante. Mas eles o constrangeram, dizendo: “Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina.” E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, quan-do estavam à mesa, tomanquan-do Ele o pão, abençoou-o e, tenquan-do-o partiquan-do, lhes deu; então se lhes abriram os olhos, e o reconheceram.

De repente o estranho torna-se amigo na caminhada, a ponto de os discípulos pe-direm: “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.” Jesus fica com eles, e na hora de partir o pão, Ele é reconhecido. Que interessante: o Mestre é reconhecido no momento da comunhão! Isso nos faz pensar que o ensino completo produz comunhão, o ato de sentar-se à mesa para partilhar algum alimento e intimidade. Estar em comunhão é estar disposto a partilhar algo com o outro. No caso do professor cristão, ele partilha co-nhecimento, amor, calor humano, preocupação com os estudantes. Precisamos fazer do nosso ensino um ato de partilha. Precisamos estar em comunhão com os nossos alunos. Para poder praticar um ensino que salva e um ensino que valoriza a comunhão, a educação adventista precisa das “velhas fórmulas”. Todos nós entendemos que o que torna adventista uma instituição adventista não é uma bonita placa luminosa, e nem

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Introdução

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mesmo um determinado padrão arquitetônico. A nossa diferença não está também em nosso alto padrão acadêmico, e nem mesmo em nossa capacidade de pesquisa. Em meio a tantas instituições que pretendem deixar sua marca na vida dos discentes, nós da educação adventista precisamos lembrar nossos fundamentos. Precisamos mostrar à sociedade qual é nosso diferencial. O passado e os marcos filosóficos são o nosso ponto de referência. Precisamos constantemente tê-los diante de nós. Precisamos lembrar da nossa história, da nossa origem. Precisamos estar certos da nossa identidade.

Não precisamos “ir para o futuro” a fim de procurar as mais inovadoras e eficazes práticas pedagógicas. Não precisamos beber de fontes seculares a fim de sermos consi-derados inovadores, gente de vanguarda na educação. Não; nós da educação adventista temos as ideologias e práticas de vanguarda em nossa origem. Três exemplos disso:

1. As mais modernas práticas educacionais sinalizam que, além do pensamento lógico e analítico, os bons modelos educacionais devem enfatizar, também, as habilida-des artísticas, expressivas, criativas e espirituais. Ou seja, os bons modelos educacionais devem considerar a complexidade humana. Ora, nós da educação adventista temos isso desde as nossas origens, porque praticamos uma educação que redime. E o que é reden-ção? É o resgate da totalidade, da complexidade do ser. Redenção é a transformação total de uma vida. Desde as nossas origens, valorizamos a complexidade humana. Isso está na principal definição daquilo que nós da educação adventista entendemos como educação: “Educação é o desenvolvimento harmonioso dos poderes físicos, mentais e espirituais.” Isso é estar preocupado com a complexidade humana.

2. As mais modernas práticas educacionais sinalizam também que é necessário haver interatividade e diálogo entre o professor, o aluno, o conhecimento e a experiên-cia, objetivando a autonomia do estudante. Ora, nós da educação adventista temos isso desde as nossas origens, porque nós somos orientados a praticar uma educação que prepara o estudante para o exercício de seu livre-arbítrio, de sua liberdade, estudantes que não sejam meros repetidores dos pensamentos de outros.

3. As mais modernas práticas educacionais sinalizam, além disso, que, num mun-do cada vez mais interdependente, os bons modelos educacionais devem promover e ensinar o voluntariado, a solidariedade. Ora, nós da educação adventista temos isso desde as nossas origens, porque somos orientados a praticar uma educação que consiste no serviço prazeroso, aqui e na eternidade.

Os trinta e quatro capítulos que você lerá nesta obra retratam a estrutura mencio-nada acima: uma educação que redime, promovendo a autonomia, e que se operaciona-liza no exercício da solidariedade.

O livro foi organizado em cinco unidades, numa sequência lógica: Inicia-se pelos

Fundamentos (capítulos 1-11), na tentativa de estabelecer o ponto de partida para a reflexão

de uma educação que integra a fé e o ensino/aprendizado. Para tanto, são abordados temas como história, filosofia e método da educação adventista, o papel da Bíblia e do Espírito Santo no processo pedagógico, o impacto de Cristo e dos escritos de Ellen G. White na educação, a perspectiva adventista das origens, a noção de integração fé e ensino, o estilo de vida adventista e educação hebraica.

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Manual do educador

A seguir, na unidade 2 (capítulos 12-21), estabelece-se um Diálogo entre diversas áreas de conhecimento e a fé cristã, evidenciando que é possível uma prática educacio-nal consistente e reconhecidamente bíblica. Aqui, aparecem os temas: educação grega, língua portuguesa e literatura, história, arte, educação física e vínculos afetivos.

A unidade 3 (capítulos 22 a 29) consiste na abordagem de alguns dos principais Atores envolvidos no processo ensino-aprendizado, dentre os quais: administração es-colar, a figura do gestor, o líder servidor, a coordenação pedagógica, o professor de Ensi-no Religioso, o perfil de professores e estudantes, o professor frente à pós-modernidade e o estudante talentoso.

A unidade 4, denominada Ferramentas, (capítulos 30-32) é um exemplo de como é possível utilizar recursos da atualidade para o exercício da integração fé e ensino. Os temas aqui abordados são: ciência e imprensa em sala de aula, o encanto e desafios da virtualidade, e a mídia em sala de aula.

O livro encerra apresentando Resultados (capítulos 33 e 34) de uma educação com-prometida com a informação, formação e transformação, retratados na experiência alta-mente positiva de dois profissionais egressos da educação adventista.

Querido educador e educadora: Quando praticamos uma educação

pauta-da no “Assim diz o Senhor”, nós praticamos o que há de mais avançado em termos

educacionais. Isso não significa uma postura arrogante e presunçosa de quem acha que não precisa aprender nada com ninguém. Nada disso! O que estou dizendo é que temos uma herança educacional riquíssima, e não precisamos buscar autoridades se-culares para legitimar aquilo que Deus já revelou dizendo que é bom.

A Grande Comissão diz: “Ide e ensinai”. Há uma história a ser contada, uma ideo-logia a ser preservada e, acima de tudo, pessoas a serem salvas. Fomos chamados para este momento e esta tarefa. O Magistério é o nosso Ministério.

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Unidade 1

Fundamentos

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A educação

adventista no Brasil:

uma visão diacrônica

Renato Gross1

A educação adventista no Brasil (tanto de internato quanto de externato) iniciou nos três estados meridionais: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em dois cenários distintos: primeiro em uma capital (Curitiba, PR) prati-camente sem presença adventista. Em segundo, em um ambiente rural, onde já havia uma igreja formalmente organizada (Gaspar Alto, município de Brusque, SC). A primeira era de sustento próprio, cujas entradas financeiras eram pro-venientes das mensalidades escolares que a mantinham. A segunda, podemos hoje chamá-la de “escola paroquial”. Em ambos os casos, o ensino era ministra-do em alemão, para alunos filhos de famílias de imigrantes e seus descendentes que, em casa e fora dela, tinham o alemão como língua primeira.

1 Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2005); Mestre em Educação pela

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1998); Graduado em Pedagogia pela Pontifícia Uni-versidade Católica do Paraná (1970).

Referências

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