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Relatório de Estágio realizado na Farmácia de Coimbrões

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Farmácia de Coimbrões

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia de Coimbrões

Setembro de 2017 a fevereiro de 2018

Cátia Alexandra Vieira Teixeira

Orientador: Dra. Carla Maria Torrão Ferreira

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Helena Vasconcelos Meehan

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i

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente

indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 19 de março de 2018.

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Agradecimentos

À Dra. Carla Ferreira gostaria de exprimir o meu mais sincero agradecimento pela oportunidade de realização do estágio profissionalizante na Farmácia de Coimbrões, pela disponibilidade, orientação, exigência, motivação e conhecimento transmitido, que tanto contribuiu para o meu crescimento a nível profissional como a nível pessoal. Para mim é, sem dúvida, uma profissional com os melhores valores éticos e humanos e um exemplo a ser seguido. A amizade e o companheirismo demonstrados ao longo do estágio foram essenciais para o sucesso do meu estágio.

À Dra. Lurdes um agradecimento por todo o conhecimento transmitido, disponibilidade e orientação ao nível do atendimento e na parte da gestão da farmácia, amizade, simpatia, paciência e respeito demonstrado durante todo o estágio.

Ao Dr. João Moreira agradeço todo o apoio e disponibilidade, amizade e compreensão. A sua presença no meu estágio foi essencial para consolidar, relembrar e para a minha aprendizagem. Recordo-me de estar sempre muito atento, não hesitava em me auxiliar nos momentos de maior aflição no atendimento, demonstrando-me confiança e motivação.

Ao Sr. Domingos Ferreira e ao Sr. Vítor Rajão um agradecimento especial por todo o ensinamento, apoio, disponibilidade, companheirismo e amizade demonstrada ao longo do todo o estágio. Não posso deixar de demonstrar a minha profunda admiração e respeito por todo o trabalho desenvolvido junto dos utentes. Obrigada por todos os conselhos que me ofereceram, que foram e serão bastante úteis na minha atividade profissional. Ao Sr. Vítor Ferreira agradeço a disponibilidade, simpatia e amizade.

Todo o meu período de estágio irá ser recordado com saudade, por ter sido acompanhado por esta esquipa de profissionais excecionais, a quem devo todo o respeito e consideração.

À minha mãe, Carla Alexandra Figueiredo Vieira e ao Filinto Elísio da Cunha Silva Feio, um obrigado muito especial por tornarem possível tudo o que sou hoje, por estarem sempre do meu lado a apoiar-me e a incentivar-me para querer sempre mais a nível académico. Obrigada pelo carinho, amizade e força transmitida.

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Ao meu melhor amigo e companheiro de vida, Tiago Diogo Ribeiro de Carvalho, um obrigado muito especial por todo companheirismo, paciência, compreensão e incentivo demonstrado.

A todos os meus colegas e amigas, que me acompanharam durante estes últimos cinco anos, agradeço a amizade, a partilha de conhecimentos, os momentos de alegria, e o apoio nos momentos mais difíceis. Sem vocês tudo teria sido bem mais difícil.

Por fim, agradeço à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a todos os meus Professores que contribuíram para minha formação académica e pessoal. Ao Professor Jaime Manuel Guedes Morais da Conceição gostaria de exprimir o meu mais sincero agradecimento pela oportunidade na participação no Núcleo de Investigação e posteriormente em Projeto I, disponibilidade, orientação científica, motivação e conhecimento. Muito obrigada por ser um excelente Professor e um exemplo a ser seguido. Ao Professor Doutor José Manuel Sousa Lobo um agradecimento especial por tornar possível a minha participação em Projeto I. Um muito obrigado pela coorientação científica e por todo o conhecimento transmitido não só neste Projeto como também ao longo de todo percurso académico. Gostaria de agradecer, ainda, à Comissão de Estágio, em particular à Professora Maria Helena Vasconcelos Meehan pela orientação e disponibilidade demonstrada ao longo do todo o estágio.

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A vontade (o querer) é um processo racional e consciente. Já o acreditar (crer) é algo abstrato e subconsciente.

Quando queremos alguma coisa sabemos conscientemente que a queremos… Mas não sabemos se acreditamos totalmente na sua obtenção… Não sabemos exatamente o que, subconscientemente, imaginamos. Assim, alguém pode aplicar enorme “força de vontade” na concretização de um objetivo, não acreditando realmente no sucesso, ou seja, imaginando o fracasso, sem que disso tenha consciência. Aqui reside a mais insuspeitada verdade: quando a verdade e a imaginação entram em conflito, a imaginação sai sempre vencedora.

A fórmula: “- Eu quero (vontade) e tenho a certeza que consigo (imaginação)”, é completamente diferente de: “- Eu quero!... E quero acreditar que consigo…”.

______________________________ Filinto Elísio Feio

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Resumo

A farmácia comunitária apresenta um conjunto de atividades que permitem um seguimento especializado na prestação de cuidados de saúde. Estas atividades englobam a cedência de medicamentos de forma racional, a preparação de manipulados, o controlo, o aconselhamento e o seguimento farmacoterapêutico. O farmacêutico deve desempenhar as suas funções com o objetivo de minimizar o risco associado à administração de medicamentos. A atividade farmacêutica exige um conjunto complexo de cuidados farmacêuticos, indo ao encontro das expectativas e necessidades dos doentes.

A unidade curricular Estágio faz parte do plano curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e decorreu de 1 de setembro de 2017 a 28 de fevereiro de 2018, na Farmácia de Coimbrões, em Vila Nova de Gaia. Este estágio assume particular importância pelo facto de a farmácia comunitária ser numa das principais áreas de trabalho do farmacêutico. Este primeiro contacto com o exercício da profissão constituiu para mim um momento de aprendizagem e de preparação para o meu futuro profissional. Este estágio permitiu-me aplicar e consolidar os conhecimentos adquiridos ao longo da formação académica, assim como, contactar com a realidade do que é ser farmacêutico, ou seja, perceber o papel do farmacêutico comunitário. O trabalho diário organizacional e de gestão desenvolvido, a prestação de cuidados de saúde, de aconselhamento farmacêutico e de dispensa de medicamentos e ainda o apoio de cariz social.

O seguinte relatório tem como objetivo descrever o trabalho desenvolvido ao longo dos seis meses de estágio e apresentar aspetos inerentes ao seu funcionamento. Para isso, divide-se em duas partes: a Parte I descreve as atividades realizadas na farmácia, desde o funcionamento à prestação de cuidados farmacêuticos; a Parte II refere-se aos temas desenvolvidos indo de encontra às necessidades da farmácia e dos seus utentes. Os temas desenvolvidos foram “Envelhecimento cutâneo”, “Marketing farmacêutico” e “Pediculose capilar”.

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Índice

Declaração de Integridade ... i Agradecimentos ... ii Resumo ... v Índice ... vi Índice de figuras ... x Índice de anexos ... xi

Lista de abreviaturas ... xii

Introdução ...1

Parte I - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio na Farmácia de Coimbrões ...2

1. Organização e gestão ... 2

1.1. Localização geográfica ... 2

1.2. Horário de funcionamento ... 2

1.3. A equipa de trabalho ... 2

1.4. Perfil dos utentes ... 2

1.5. Organização do espaço físico e equipamentos ... 3

2. Gestão e aprovisionamento de medicamentos e produtos de saúde ... 5

2.1. Sistema informático ... 5

2.2. Gestão de stocks ... 5

2.3. Realização de encomendas ... 6

2.4. Receção e conferência de encomendas ... 6

2.5. Marcação de preços ... 8

2.6. Armazenamento ... 8

2.7. Controlo de prazos de validade ... 8

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3. Interação farmacêutico/utente/medicamento ... 9

3.1. Comunicação com o utente ... 9

3.2. Uso racional do medicamento ... 10

3.3. Promoção de adesão à terapêutica ... 10

3.4. Posologia e modo de administração ... 11

3.5. Seguimento farmacoterapêutico ... 11

3.6. Farmacovigilância ... 11

4. Dispensa de medicamentos ... 12

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 12

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ... 12

4.3. Medicamentos com legislação especial ... 13

4.4. Medicamentos e produtos de uso veterinário ... 13

4.5. Medicamentos Homeopáticos e Suplementos alimentares ... 14

4.6. Outros produtos de saúde ... 15

5. Receituário: conferência, processamento e faturação ... 16

5.1. Receita médica e prescrição ... 16

5.2. Regime de comparticipação de medicamentos ... 18

5.3. Conferência de receituário ... 18

6. Cuidados e serviços farmacêuticos ... 19

6.1. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ... 19

6.2. Outros serviços ... 20

7. Recuperação de medicamentos ... 20

8. Formações ... 20

Parte II - Temas desenvolvidos na Farmácia de Coimbrões ... 25

Tema 1 - Envelhecimento cutâneo ... 21

1. Enquadramento ... 21

2. Introdução ... 21

2.1. Fisiologia da pele ... 21

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2.3. Cuidados básicos da pele ... 28

3. Intervenção na farmácia comunitária ... 30

Tema 2 - Marketing farmacêutico ... 30

1. Enquadramento ... 30

2. Introdução teórica ... 31

2.1. Análise SWOT ... 33

2.2. Recursos Humanos ... 33

2.3. Caraterização dos clientes fidelizados e futuros e o comportamento durante as compras ... 33

2.4. Estabelecer objetivos ... 33

2.5. Fazer avaliações e controlo ... 33

2.6. Marketing mix ... 33

2.7. Produtos ... 34

2.8. Marketing interno ... 34

3. Intervenção na farmácia comunitária ... 36

4. Objetivos ... 37

5. Tratamento dos dados obtidos dos inquéritos ... 37

6. Resultados ... 37

7. Discussão dos resultados e conclusão ... 39

Tema 3 - Pediculose capilar ... 40

1. Enquadramento ... 40

2. Introdução teórica ... 40

2.1. Características epidemiológicas e transmissão ... 41

2.2. Ciclo de vida do parasita ... 41

2.3. Sinais e sintomas ... 42

2.4. Diagnóstico ... 42

2.5. Tratamento ... 43

2.6. Prevenção e controlo ... 43

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Conclusão ... 45 Referências ... 47 Anexos ... 54

(12)

Índice de figuras

Figura 1- Piolho adulto. Adaptado de [99]. ... 41 Figura 2- Ciclo de vida do Pediculus humanus capitis. Adaptado de [98]. ... 42

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Índice de anexos

Anexo I - Cronograma das atividades desenvolvidas na FC. ... 54

Anexo II – Espaço exterior e interior da FC ... 55

Anexo III – Gabinete de cuidados farmacêuticos. ... 56

Anexo IV - Zona das gavetas e de armazenamento da FC. ... 56

Anexo V – Armazém da FC, no piso -1. ... 57

Anexo VI - Exemplo de uma fatura. ... 58

Anexo VII - Exemplo de uma receita médica eletrónica. ... 59

Anexo VIII - Exemplo de uma receita médica manual. ... 60

Anexo IX - Cartaz publicitário “Chá de firmeza” da marca Anjelif®. ... 60

Anexo X - Panfleto informativo “Envelhecimento da pele”. ... 61

Anexo XI – Questionário de satisfação de clientes da FC. ... 63

Anexo XII – Resultados obtidos do questionário de satisfação de clientes da FC. ... 66

Anexo XIII - Métodos químicos tópicos usados no tratamento da Pediculose capilar (adaptado de [102]). ... 71

Anexo XIV - Métodos físicos usados no tratamento da Pediculose capilar (adaptado de [102, 104, 105]). ... 72

Anexo XV – Apresentação em PowerPoint® intitulada “Piolhos na Escola? Tira essa ideia da cabeça”. ... 73

Anexo XVI - Fotos da apresentação “Piolhos na Escola? Tira essa ideia da cabeça!”. ... 78

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Lista de abreviaturas

BDNP Base de Dados Nacional de Prescrições CPN Código Nacional de Prescrição

DCI Denominação Comum Internacional

FC Farmácia de Coimbrões

IVA Imposto de Valor Acrescentado

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PVF Preços de Venda à Farmácia

PVP Preços de Venda ao Público

RAM Reações Adversas de Medicamentos ROS Espécies Reativas de Oxigénio

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Introdução

O estágio profissionalizante permite aos alunos integrar nas diferentes realidades profissionais do farmacêutico. Nessas realidades, o aluno contacta com as várias atividades relacionadas com o circuito do medicamento.

A farmácia comunitária apresenta uma elevada importância na continuidade de prestação de cuidados de saúde à população. Graças à sua acessibilidade, serve a comunidade com o maior profissionalismo e qualidade, focando o bem-estar do doente e o uso racional do medicamento. Numa farmácia comunitária estão definidos objetivos concretos nas atividades realizadas para o medicamento e para o doente. A cedência de medicamentos é a principal funcionalidade da farmácia comunitária, ficando a cargo do profissional de saúde criar condições que minimizem os riscos associados ao uso do medicamento. Este conceito, segundo a Organização Mundial de Saúde, designa-se por cuidados farmacêuticos e reflete-se em colocar o doente no centro das atividades e responsabilidades do farmacêutico. Só assim, é possível maximizar o efeito da terapêutica associada, melhorando os resultados clínicos [1].

Atualmente, os cuidados farmacêuticos adotam um conjunto de procedimentos com maior complexidade, para além de ir, ainda mais, ao encontro das necessidades dos doentes, apresenta um papel importante na educação para a saúde, ou seja, no aconselhamento e revisão da terapêutica adotada, no acompanhamento farmacoterapêutico e na vigilância, para que o medicamento seja usado com a maior racionalidade possível.

Assim, o objetivo principal deste estágio reside na preparação do aluno em enfrentar as exigências socio-farmacológicas presentes na comunidade, como também obter conhecimentos de todo o circuito do medicamento, desde a preparação e controlo até à sua dispensa, respeitando as normas éticas envolventes neste processo.

O presente relatório está dividido em duas partes em que a parte I refere-se á prática farmacêutica na Farmácia de Coimbrões (FC) (gestão, dispensa de medicamentos e de outros produtos farmacêuticos e serviços farmacêuticos). A parte II descreve as atividades desenvolvidas durante o estágio. No Anexo I, estão mencionadas de forma cronológica as atividades executadas.

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Parte I - Descrição das atividades desenvolvidas

no estágio na Farmácia de Coimbrões

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1. Organização e gestão

1.1. Localização geográfica

A FC situa-se na rua Machado dos Santos, número 820, em Coimbrões, pertencente ao concelho de Vila Nova de Gaia. A farmácia localiza-se no rés-do-chão de um prédio habitacional, num local de fácil acesso, junto a uma rotunda que interliga três localidades com bastante população (escolas, espaços comerciais e residências): Coimbrões, Candal e Canidelo.

1.2. Horário de funcionamento

O horário de funcionamento das farmácias engloba o período de funcionamento diário e semanal e, ainda os turnos de serviço permanente aprovadas pela administração regional de saúde da área geográfica competente [2]. A FC encontra-se aberta de segunda a sexta das 9h00 às 20h00, com horário de encerramento para almoço das 13h00 às 14h00, sábado das 9h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h30 e encerra aos domingos dia de descanso semanal. Nos turnos de serviço permanente mantém-se em funcionamento 24h, interruptamente, desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte. O meu horário de estágio na FC foi das 9h às 18h (Segundas, Quintas e Sextas) e das 10h às19h (Terças e Quartas).

1.3. A equipa de trabalho

A equipa de trabalho da FC é constituída por seis profissionais competentes: três farmacêuticos, dois técnicos auxiliares de farmácia e uma pessoa responsável pela receção de encomendas, cumprindo requisitos referentes aos recursos humanos descritos no Decreto-Lei n.º 307/2007 de 31 de agosto [3]. Equipa da FC: Dra. Carla Ferreira – Farmacêutica e Diretora Técnica; Dra. Maria de Lurdes Costa - Farmacêutica adjunta; Dr. João Moreira - Farmacêutico; Domingos Ferreira - Técnico auxiliar de farmácia; Sr. Vitor Rajão - Técnico auxiliar de farmácia; Sr. Vitor Ferreira- Responsável pela receção de encomendas. Cada elemento da equipa exerce as suas funções de acordo com a organização pré-definida de forma assegurar o funcionamento eficaz da farmácia.

1.4. Perfil dos utentes

O utente tipo da FC é um cliente habitual, fidelizado e com uma relação com os profissionais muito próxima e de grande empatia. O ambiente vivido nesta farmácia é bastante familiar, em que a prestação do serviço farmacêutico é feita de forma educada, com uma linguagem simples, competência, e com total disponibilidade. O tempo de atendimento ocupado com cada um dos utentes é o necessário para cada caso, não havendo qualquer preocupação por parte do profissional em se adiantar e de o acelerar.

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A proximidade farmacêutico/utente permite que o perfil de saúde de cada utente seja conhecido pelos profissionais visto que já ao longo de muitos anos os utentes aviam as suas receitas de medicação crónica nesta farmácia, o que garante que haja um acompanhamento farmacoterapêutico. Estes profissionais servem de suporte tanto ao nível da saúde como ao nível social, havendo uma notável admiração, respeito e confiança pela equipa técnica da FC, por parte destes utentes.

Devido à mudança recente do local da FC e como acompanhei este meio ano do novo espaço, apesar da maioria ser já um cliente habitual, presenciei o aparecimento de novos clientes, clientes esses que passaram a frequentar regularmente esta farmácia. Destes novos clientes foram vários os que afirmaram que o atendimento na FC é personalizado, preocupado e único.

1.5. Organização do espaço físico e equipamentos

Os profissionais que integram uma farmácia são o suporte base do bom funcionamento da farmácia, mas as instalações e equipamentos disponíveis também, são fundamentais. De acordo com o Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de agosto, Artigo 29.º, as farmácias devem adequar as suas instalações, visando “a segurança,

conservação e preparação dos medicamentos” e, ainda, “ a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo pessoal”[4].

A FC é constituída por dois pisos, sendo o piso zero a farmácia propriamente dita. A zona de atendimento ao público apresenta cinco postos de atendimento, no qual, cada um deles, possui um computador, a respetiva caixa e, ainda, impressoras apropriadas para a impressão dos códigos dos produtos e medicamentos dispensados, com ou sem receita médica, e que permitem emitir talões e faturas de cada venda (Anexo II). Neste local encontra-se também, a zona comercial.Esta zona está disposta de acordo com o tipo de produto. Os produtos de cuidados de rosto, corpo, higiene oral, higiene íntima e protetores solares estão expostos em local privilegiado em termos de marketing, pois desperta o interesse do utente e incentiva-o a comprar. No lado interior do balcão encontram-se expostos suplementos alimentares, produtos homeopáticos e certos medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).

O gabinete de atendimento personalizado é o local destinado a um atendimento individual e personalizado. Em situações de cariz mais confidencial o farmacêutico tem a possibilidade de em privado auxiliar e responder às inúmeras solicitações sociais e humanas que natural e frequentemente os seus clientes necessitam. Ainda neste espaço é possível a realização de testes a parâmetros bioquímicos, como o teste de glicémia, colesterol, triglicerídeos, teste de gravidez, medição da tensão arterial, peso

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corporal e administração de vacinas. São prestados também serviços de acompanhamento nutricional (Anexo III).

A zona das gavetas situa-se junto num espaço lateral ao local de atendimento e é o local de armazenamento dos medicamentos. Nas gavetas os medicamentos estão organizados por ordem alfabética, estando separados por: psicotrópicos e estupefacientes (gaveta com fechadura), produtos de protocolo, medicamentos de uso veterinário, medicamentos originais em comprimidos/cápsulas/sistemas transdérmicos, medicamentos genéricos comprimidos/cápsulas/sistemas transdérmicos, pomadas/cremes, saquetas, ampolas, medicamentos de uso vaginal, supositórios, injetáveis e medicamentos para inalação ou gotas. Há ainda um armário onde estão armazenados os xaropes/pós para soluções orais; compressas, luvas, algalias, seringas, frascos de colheita, e alguns produtos de cosmética como: água de rosas, óleo de amêndoas doces, entre outros. Também neste espaço existe um frigorífico onde são armazenados medicamentos com condições de armazenamento especial, os designados termolábeis (máximo de 8ºC) (Anexo IV).

No piso inferior encontra-se o armazém e a zona do vestuário. O armazém é o local onde são armazenadas grandes quantidades dos medicamentos e outros produtos de saúde. Este local é constituído por vários armários onde os medicamentos estão organizados por marcas de laboratórios genéricos, por produtos de cosmética, suplementos alimentares, de apoio geriátrico e de alimentação especial (Anexo V).

A FC tem um cuidado especial no que diz respeito às exigências de condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação em todas as zonas de armazenamento e tais condições são analisadas e registadas frequentemente, garantindo a integridade dos medicamentos, produtos farmacêuticos e matérias-primas. Também, os equipamentos necessários às diversas atividades dos profissionais seguem um plano de manutenção cumprindo o desempenho pretendido através do bom estado de funcionamentos dos mesmos.

Quanto ao espaço exterior a farmácia está bem sinalizada com o reclame luminosos publicitário com a designação “Farmácia de Coimbrões” e com o símbolo da “cruz verde” intermitente que passa informações, por exemplo, o horário de funcionamento, hora e data.”. Apresenta duas portas de entrada de vidro, nas quais estão presentes o horário de funcionamento, direção técnica da farmácia e as escalas de turnos das farmácias do município [4]. Os passeios junto à farmácia são bastante largos o que facilita e torna seguro o acesso principalmente para os clientes mais idosos. A contornar a farmácia, tanto na frente como na parede lateral direita, existem duas grandes montras com bastante visibilidade. As montras permitem essencialmente a exposição de publicidade e promover serviços.

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2. Gestão e aprovisionamento de medicamentos e

produtos de saúde

2.1. Sistema informático

Os equipamentos informáticos utilizados pelas farmácias surgem da necessidade de melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados, e da necessidade de uma melhor gestão de recursos. O 4Digital Care® é o sistema informático licenciado adotado

pela FC. Este apresenta um conjunto de aplicações que permitem aperfeiçoar a gestão da farmácia. Ao possibilitar maior fiabilidade, estabilidade e rapidez de funcionamento, adequa-se às necessidades de cada utente e permite uma maior facilidade na venda e tratamento de receitas. De forma a diminuir o erro associado à dispensa do medicamento este programa permite a consulta rápida de informações sobre o medicamento como posologia recomendada, interações, reações adversas e contraindicações.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de explorar algumas das funcionalidades do programa 4Digital Care®, nomeadamente, gestão de stock (receção de encomendas,

devoluções, verificação de prazos de validade), POS (atendimento, abertura e gestão de fichas de clientes), fecho de lotes e impressão de verbetes.

É importante realçar que os dados pertencentes á farmácia são confidenciais, estando definidos níveis de acesso diferenciados relativos a utilização do sistema informático. O acesso restrito ao sistema informático da farmácia evita modificações de registos não autorizados mantendo segura toda a informação existente.

2.2. Gestão de stocks

A farmácia comunitária requer uma complexa gestão dos produtos a comercializar e dos stocks existentes para cumprir as necessidades dos clientes e tendo em conta os produtos sazonais. Hoje, a gestão está num plano importante na atividade farmacêutica, devido à redução dos ganhos das margens financeiras e ao aumento da concorrência direta. O sistema informático é uma ferramenta essencial para a e gestão eficaz em farmácia pois permitem fazer uma avaliação do volume de vendas mensais, gerir níveis de stocks mínimos e máximos, gerar automaticamente um reforço de stock e avaliar as condições de venda dos vários fornecedores [5, 6].

Um aspeto importante na gestão de stocks é a análise do tempo médio de existência de um produto, o valor dessa existência e se são produtos de baixa ou de alta rotação. As exigências cada vez maiores do mercado devido a medicamentos esgotados, prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI), a escolha do medicamento de marca ou genérico pelo utente, faz com que o controlo de stocks seja mensal e a realização da encomenda seja acertada [5, 6].

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Durante o estágio tive a oportunidade de participar na gestão de produtos em

stock, nomeadamente, detetar erros de existências, avaliar a rotatividade, verificar os

produtos de baixa rotação e reajustar os stocks mínimos e máximos dos produtos.

2.3. Realização de encomendas

Na farmácia comunitária, o circuito do medicamento inicia-se na realização de encomendas. Através do controlo diário de compras de produtos, avaliando as notas de encomendas e as entradas e saídas de consumo, realiza-se a encomenda. Na ficha do produto é definido um stock mínimo e um stock máximo, assim como, o fornecedor que normalmente cede esse produto. Sempre que um produto atinge um stock mínimo gera automaticamente uma encomenda. As vendas de determinados produtos de saúde são diferentes ao longo do ano, sendo importante adaptar essas vendas ao stock que existe na farmácia. O fornecedor deve assegurar que o produto está de acordo com os requisitos de qualidade e segurança da farmácia e legais [3].

Na FC a Diretora Técnica, Dr.ª Carla Ferreira, é a principal responsável pela compra, definindo critérios de seleção de fornecedores de produtos de saúde, de medicamentos e de dispositivos médicos, e determina as condições de compra, reunindo toda a informação, avaliando a existência de stock e a necessidade de nova encomenda. A encomenda pode ser realizada diretamente, através dos Delegados de Informação Médica, que representam um determinado laboratório farmacêutico e que expõem os seus produtos ou aos armazenistas/ distribuidores grossistas. Os principais armazenistas da FC são: a Cooprofar, Empifarma e Medicanorte. A encomenda aos armazenistas é feita através do sistema informático da farmácia, que pode ser realizado por toda a equipa, cumprindo alguns horários pré-definidos, de modo a que seja possível fazer as entregas no horário delineado pelo fornecedor. Por vezes, quando um medicamento não tem muita saída, mas, é pedido pelo utente pode-se averiguar a existência desse produto e encomendá-lo via encomenda instantânea ou telefone.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de perceber como funcionava a realização de encomendas diárias aos vários armazenistas, mas mais comumente realizei encomendas instantâneas ou por telefone. Tal acontecia sempre que durante o atendimento necessitava dispensar um produto que veria a verificar a sua inexistência em stocks na farmácia.

2.4. Receção e conferência de encomendas

Existem critérios de verificação de receção de encomendas específicos. Alguns desses procedimentos passam pela confirmação do fornecedor, averiguar se os produtos de saúde e/ou medicamentos são recebidos em condições adequadas, sem ocorrência de danos, e conferir os prazos de validade. A verificação da receção de

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medicamentos de frigorífico deve ser um procedimento prioritário, devendo serem transportados pelo fornecedor junto de cuvetes ou dentro de um saco térmico, mantendo a integridade do medicamento.

A receção de encomendas faz-se através do sistema informático na ferramenta “receção de encomendas”. O sistema informático apresenta um sistema de leitura ótica, que ao fazer a leitura do código de barras do produto (Código Nacional de Prescrição (CPN)), este é identificado e registado automaticamente. No entanto, é possível que um produto seja novo e ao ser lido pelo sistema de leitura ótica não seja reconhecido pela base de dados das fichas de produtos, neste caso, será necessário criar uma nova ficha de produto. Ao iniciar a receção deve-se verificar se esta foi requerida por via informática, consultando as encomendas que possam estar pendentes. Cada encomenda é acompanhada pela respetiva Fatura ou Guia de Emissão (Anexo VI). Assim, ao receber uma encomenda verifica-se se a fatura apresenta os produtos e medicamentos que possam estar nas encomendas pendentes. Caso não corresponda, faz-se uma receção direta. Em ambos os casos seleciona- se o respetivo fornecedor e procede-se a avaliação das quantidades, dos preços de venda à farmácia (PVF), dos Preços de Venda ao Público (PVP), dos descontos comerciais, das margens de lucro, do imposto de valor acrescentado (IVA), assim como, a conferência e atualização de prazos de validade.

Antes de validar a receção de encomendas, deve-se verificar se o valor total da fatura corresponde ao valor listado no sistema informático. É importante que este passo seja verificado com bastante atenção, para que não ocorram erros de preços de medicamentos, que prejudiquem, tanto a farmácia, como o utente quando lhe é dispensada a medicação. Se os valores finais na fatura corresponderem finaliza-se a receção de encomenda. A receção de encomenda de estupefacientes e psicotrópicos ocorre de igual forma relativamente aos restantes produtos. A diferença é que o fornecedor envia uma requisição especifica destes medicamentos que posteriormente é assinada pelo farmacêutico responsável por esta tarefa e enviada ao fornecedor de forma a comprovar a receção do medicamento enviado.

Por vezes, ocorrem erros de encomenda do próprio fornecedor, como por exemplo, a troca de produtos e/ou medicamentos, os preços que estão nas etiquetas não correspondem ao PVP estabelecido, as quantidades encomendadas não correspondem às recebidas, entre outros. Nestas situações, é importante entrar em contacto o mais rápido possível com o fornecedor e expor o ocorrido. O fornecedor, normalmente, resolve rapidamente a questão enviando o produto ou medicamento em falta, ou, ainda, pode fazer uma nota de crédito do produto. Estas notas de créditos são, posteriormente, regularizadas e arquivadas.

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2.5. Marcação de preços

A partir de 2011 torna-se obrigatório estar assinalado, “através de impressão, etiqueta ou carimbo”, na rotulagem dos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) a indicação de PVP [7]. Os MSRM o PVP já vem estabelecido do fornecedor. Os restantes produtos o PVP é calculado tendo em conta o PVF, o IVA e as margens de lucro estabelecidas pelas farmácias.

A marcação de preços é realizada através do sistema informático, na ferramenta “edição de etiquetas”. As etiquetas dos produtos devem conter: a identificação do medicamento, a forma farmacêutica e dosagem; o PVP; o CNP e o IVA. Todos os medicamentos e produtos de saúde expostos na zona comercial e de atendimento da farmácia devem estar devidamente etiquetados com o valor do preço. Assim, é importante, ter sempre em atenção quando se procede à reposição de stock, de modo a não ficar exposto nenhum produto que não esteja devidamente identificado.

2.6. Armazenamento

Depois da receção e da marcação de preços os produtos são armazenados de forma organizada e em locais definidos. O armazenamento é a tarefa que desde do inicio do estágio entramos em contato, permitindo-nos conhecer os produtos existentes, entender como e onde estes estão guardados, para que depois a fase do atendimento seja o mais otimizada possível.

O armazenamento é organizado obedecendo à regra de que os produtos com o prazo de validade menor é o que é cedido primeiro e quando os produtos não têm validade definida, o primeiro produto a ser rececionado é o que é vendido primeiro. As condições de armazenamento estão descritas e têm de ser respeitadas. A FC garante as condições de temperatura e de humidade (temperatura inferior a 25ºC e humidade relativa menores de 60%) pois periodicamente estas condições são avaliadas e registadas através de termo-higrómetros e, posteriormente, enviadas num relatório à entidade responsável. Os medicamentos armazenados no frigorifico são armazenados em temperaturas dos 2-8ºC [1].

2.7. Controlo de prazos de validade

O controlo de prazos de validade é uma tarefa que é realizada regularmente. Para isso, imprime-se uma lista dos medicamentos e produtos de saúde. Com a lista, procede-se à verificação da validade, isto é, se a validade apresentada na lista é a mesma que está no stock existente na zona de gavetas e na zona de atendimento. Se a validade não corresponde, esta deve ser atualizada na ficha do produto através do sistema informático. Os produtos cuja validade caduca no prazo de dois meses, devem ser retirados dos locais onde estão armazenados e são devolvidos ao fornecedor ou ao

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laboratório. Ao longo do estágio o controlo de prazos de validade foi uma das tarefas que mais tive em atenção, fazendo um controlo diário aquando a receção das encomendas e também, um controlo mensal. Os produtos com validade a caducar devolviam-se ao fornecedor e os produtos com validade curta, mas que ainda cumpriam as condições de validade separava-os ou colocava uma nota com a validade do produto, para que não ficasse em esquecimento.

2.8. Devoluções

Há várias razões que levam à necessidade de fazer uma devolução ao fornecedor. Entre as principais razões enquadram-se, o prazo de validade caducado ou curto, o produto enviado pelo fornecedor em quantidades não correspondentes às pedidas, engano no envio de um produto que não foi pedido, produto danificado ou em condições não aceitáveis de armazenamento ou produtos pedidos por engano.

Pelo sistema informático faz-se uma devolução ao fornecedor tendo em conta parâmetros como: o fornecedor, o preço de custo, o PVP, o motivo da devolução, o número de fatura e a validade do produto. A nota de devolução depois de finalizada é comunicada e impressa em triplicado. Cada folha é carimbada e assinada e é enviada ao fornecedor a nota de devolução original e a duplicado juntamente com o produto que se pretende devolver. O triplicado é arquivado na farmácia até receber resposta do fornecedor sobre a devolução, ou seja, se é enviado uma nota de crédito do produto ou não. Caso a devolução não for aceite o produto é enviado para quebras de stock da farmácia. Quando ocorria uma das situações mencionadas anteriormente tive responsabilidade durante o estágio para realizar devoluções a fornecedores.

3. Interação farmacêutico/utente/medicamento

3.1. Comunicação com o utente

Viver em comunidade implica assumir diferentes relações interpessoais assegurando o respeito e a responsabilidade na comunicação, mantendo os valores éticos e morais do outro. A comunicação é a ferramenta base na prestação de cuidados de saúde. Em farmácia comunitária o objetivo essencial é integrar o doente na adesão e seguimento farmacoterapêutico, onde a comunicação estabelecida é a ferramenta essencial para o aperfeiçoamento da prestação dos serviços farmacêuticos [8].

A farmácia comunitária deve proporcionar ao doente o máximo de segurança e estabilidade, tanto emocional como física, visando o bem-estar do doente, pois interfere diretamente em dois bens essenciais para o doente: a sua saúde e o seu dinheiro. Surge, assim, a importância da comunicação na dispensa de medicamentos e na prestação de cuidados farmacêuticos [8].

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A comunicação entre o farmacêutico e doente deve ser simples e clara garantindo a correta compreensão e, focando o doente como o centro das atenções, ou pelo menos, oferecer-lhe a atenção que ele necessita [8].

3.2. Uso racional do medicamento

A prevenção, manutenção e recuperação da saúde promove a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Para isso, é indispensável que a utilização do medicamento seja correta, que a dispensa seja responsável e, que a toma e dosagem sejam a estabelecida pelo médico prescritor ou farmacêutico, respeitando sempre os intervalos entre as tomas e a duração do tratamento farmacoterapêutico [9]. Os medicamentos têm alguns requisitos principais: efetividade e benefício comprovados, e um custo apropriado. Para que a relação benefício/ risco seja positiva, o circuito dos medicamentos, isto é, a prescrição, a dispensa e a sua utilização, devem ser realizadas de forma racional, promovendo a qualidade de vida do utente [1, 9].

3.3. Promoção de adesão à terapêutica

A adesão à terapêutica apresenta uma das preocupações de todos os profissionais de saúde. É importante que a interação entre profissionais de saúde estabeleça um olhar, permanente, nos comportamentos dos utentes e seus familiares promovendo a consciencialização dos efeitos indesejados da não adesão da terapêutica, tanto a nível pessoal e social, como também, a nível económico. Estudos revelam que nos países desenvolvidos, a não adesão ao tratamento por idosos é, em média, de 50%. Este facto revela um aumento de casos de hospitalizações, diminuindo a qualidade de vida, aumenta a morbilidade e a mortalidade [10, 11].

A adesão à terapêutica relaciona-se com diversos fatores: a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais de saúde, o tratamento indicado, a patologia que está associada, o doente e as condições económicas do mesmo. Apesar, do doente ter um papel fundamental no cumprimento da terapêutica prescrita pelo médico, a responsabilidade do sucesso do tratamento não se atribui apenas ao doente. Surge, assim, uma responsabilidade que deriva do estabelecimento de uma relação consciente e de confiança entre o doente e o farmacêutico. O doente não deve ter receio de procurar o farmacêutico quando surgem dúvidas relativas à toma da medicação, assim como este tem o dever de analisar se o doente está consciente das atitudes a tomar (p.e.: adaptar o regime terapêutico ao ritmo de vida) e se não resta nenhuma dúvida em relação ao tratamento farmacoterapêutico a seguir. O farmacêutico deve esclarecer e reforçar a adesão à terapêutica, especialmente em casos de doença prolongada ou crónica, através de uma melhoria contínua de comunicação estabelecida [12-14].

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3.4. Posologia e modo de administração

A medicação, normalmente, é administrada ou pelo próprio doente, ou com ajuda de familiares, de equipas de enfermagem e, ainda, dos serviços farmacêuticos nas farmácias comunitárias. Para que a efetividade da terapêutica seja assegurada, a administração dos medicamentos deve ser efetuada de forma rigorosa. Toda a informação dos cuidados a ter com a administração dos vários medicamentos deve ser fornecida e esclarecida ao doente antes de iniciar a toma. Assim, é fundamental que o farmacêutico alerte o doente para a dose do medicamento recomenda por dia, qual a via de administração, o intervalo de tempo entre as tomas, e a duração do tratamento. Na dispensa de medicamentos o doente deve, também, ser alertado para possíveis efeitos secundários que possam ocorrer, avaliar se há risco de interações medicamentosas que possam piorar a condição do doente e, por fim, ser esclarecido sobre as contraindicações do medicamento. Para auxiliar o doente a não se esquecer da posologia e o modo de administração da medicação ou para evitar erros relacionados com a troca de medicamento, o farmacêutico pode facilitar esse processo ao escrever toda a informação importante na embalagem de cada medicamento [1].

3.5. Seguimento farmacoterapêutico

Um fármaco apresenta uma constituição química com propriedades farmacológicas, que interagem com o organismo, de modo a combater o processo fisiopatológico desencadeado. Por vezes, este processo não é alcançado devido à toma não segura do fármaco, pondo em causa não só a saúde e bem-estar do doente, como também um desperdício económico para o Sistema de Saúde [9].

Neste sentido, torna-se essencial adotar medidas que aumentem a segurança e eficácia do medicamento, minimizando os erros associados à toma do medicamento. Cria-se, então, um conceito designado por “seguimento farmacoterapêutico”, que tem como objetivo detetar, prevenir e resolver esta questão que põe em causa a Saúde Pública. A atividade farmacêutica melhora a qualidade da terapêutica seguida pelo doente, monitorizando e avaliando-a. O farmacêutico trabalha para diminuir a mortalidade associada ao uso do medicamento, esclarecendo e informando sobre a posologia, contraindicações e interações medicamentosas associadas [9].

3.6. Farmacovigilância

A Farmacovigilância baseia-se na identificação, quantificação, avaliação e prevenção dos riscos associados aos medicamentos, sendo possível notificar reações adversas de medicamentos (RAM). Sempre que haja suspeitas de RAM, o farmacêutico deve proceder à sua identificação através do preenchimento de um formulário e, posteriormente, notificá-la ao Sistema Nacional de Farmacovigilância.

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A informação a enviar às autoridades responsáveis passa pela descrição dos sinais e sintomas, a duração, gravidade e evolução da reação adversa. É essencial estabelecer uma relação dos sinais apresentados com a administração do medicamento suspeito e outros medicamentos que possa administrar nesse período de tempo (anotar o dia de início e fim da toma do medicamento). A informação sobre o lote, a via de administração e a indicação terapêutica devem ser descritos no formulário [15, 16].

4. Dispensa de medicamentos

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Os MSRM são aqueles que podem significar um risco, quando administrados para o fim a que destinam, sem vigia médica ou quando são utilizados com frequência para fins não destinados em quantidade considerável [17]. A prescrição de um medicamento inclui a respetiva DCI da substância ativa ou nome comercial, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação, a quantidade e a posologia [18-20].

O farmacêutico após confirmar a validade e legitimidade da receita prescrita deve interpretar o tipo de tratamento e os propósitos do prescritor, efetuando a análise do regime farmacoterapêutico. Compete ao farmacêutico pôr à apreciação do cliente se pretende os medicamentos de marcas ou genéricos. Deve também, para que o cliente obtenha o benefício máximo da terapêutica, dar toda a informação necessária para o correto uso do medicamento (posologia, duração do tratamento, contraindicações, interações e possíveis efeitos secundários) [1].

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM são os medicamentos que apesar de poderem ser prescritos numa receita médica, não é exigida a apresentação da mesma aquando a sua dispensa, não beneficiando, desta forma, de comparticipação. Estes medicamentos podem ser dispensados em farmácias ou em locais de venda apropriados e autorizados pelo Infarmed. Mas atendendo ao perfil de segurança e a indicação terapêutica há MNSRM que são de venda exclusiva de farmácia [21].

Na dispensa de MNSRM, o farmacêutico tem um papel fundamental, devendo avaliar a situação clínica do utente aconselhando e orientando-o na escolha do tratamento mais seguro e eficaz. O farmacêutico deve considerar, também, o historial clínico do utente e possíveis interações com a toma diária da medicação de longa duração. Para além de explicar que os mesmos devem ser sempre utilizados de acordo com a informação disponível no folheto informativo e de forma responsável deve indicar a posologia, as interações e as reações adversas principais [22]. Os MNSRM que tive oportunidade de contactar com mais frequência foram os dispensados para situações como sintomas gripais, rinite alérgica, tosse, aftas, obstipação, diarreia, entre outras.

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4.3. Medicamentos com legislação especial

4.3.1. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são medicamentos com funções sedativas, narcóticas e euforizantes, capazes de causar dependência e toxicomania [23]. A receita destes medicamentos tem que ser identificada como receita especial e não pode conter outros medicamentos. No ato da dispensa do medicamento, o farmacêutico verifica se a receita se encontra devidamente preenchida e no sistema informático é obrigatório completar a informação identificativa do médico prescritor, do doente e do adquirente. A farmácia tem vários procedimentos a cumprir: deve manter arquivada por ordem de dispensa a cópia da receita durante três anos; tem que enviar para o Infarmed até ao dia 8 do mês seguinte aquele a que respeita, a listagem de saída desses produtos, trimestralmente a sua entrada e anualmente a listagem de todas as entradas e saídas [23].

4.3.2. Medicamentos manipulados

As condições a que obedecem a preparação e dispensa de medicamentos manipulados estão descritas no Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril. O medicamento manipulado é “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”. A qualidade e a segurança do medicamento manipulado devem ser asseguradas, implementando as boas práticas laboratoriais relativas à manipulação de medicamentos em farmácia comunitária, de modo a obedecer às doses das substâncias ativas e à possível interação medicamentosa da preparação [24].

A preparação de manipulados só pode ser realizada se no mercado não existir a especialidade farmacêutica com a mesma dose ou forma farmacêutica. Esta exceção aplica-se apenas aos seguintes casos de medicamentos manipulados: para aplicação cutânea; para adequar a dose para uso pediátrico e para doentes com condições de administração e farmacocinética alteradas. As substâncias ativas utilizadas na preparação de medicamentos manipulados devem fazer parte do conjunto de matérias-primas afixadas pelo Infarmed [24]. Segundo o Despacho nº18694/2010, de 16 de Dezembro, a comparticipação de medicamentos manipulados é aprovada pelo Ministro de Saúde e a comparticipação corresponde a 30% do seu preço [25].

4.4. Medicamentos e produtos de uso veterinário

Segundo o Decreto-Lei 232/99, os medicamentos de uso veterinário caracterizam-se por uma substância ou mistura de substâncias que possuem efeitos decaracterizam-sejáveis para o tratamento e prevenção de doenças ou sintomas. Os seus efeitos quando assegurados promovem o bem-estar do animal, e/ou modificação das funções

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metabólicas ou, ainda, para diagnóstico [26]. Os medicamentos de uso veterinário apresentam algumas especificações acerca dos recipientes e embalagens. Estes devem ter caracteres legivelmente visíveis em português mencionando a denominação do medicamento, a composição qualitativa, quantitativa do princípio ativo e a designação de “uso veterinário”.

Na farmácia o cliente deve ser informado sobre as indicações terapêuticas do medicamento de uso veterinário, para que tipo de animais é descrito, a posologia, via de administração e intervalos entre as tomas da medicação. O farmacêutico deve estar devidamente informado para este tipo de medicação, de modo, a prestar um atendimento adequado e seguro [26].

4.5. Medicamentos Homeopáticos e Suplementos alimentares

A FC está preparada para utilizar outros métodos terapêuticos à base de plantas medicinais, prevenindo e atenuando diversos sintomas, através da disponibilidade de produtos homeopáticos e de suplementos alimentares.

Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou na farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado Membro. Estes medicamentos devem reunir as seguintes condições: ser de administração oral, o grau de diluição tem que garantir inocuidade do produto e não pode estar mencionado qualquer informação terapêutica sobre o produto no rótulo [17].

A legislação implementada recentemente, cria um regime idêntico ao já existente para os medicamentos. Porém, existem especificações para os produtos homeopáticos como a baixa quantidade de princípio ativo e a dificuldade em implementar ensaios clínicos. O Infarmed, tem o dever de garantir critérios de avaliação de medicamentos homeopáticos que promovem a sua segurança e efetividade [27, 28].

Os suplementos alimentares são considerados géneros alimentícios que se destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal, não devendo ser utilizados como substitutos de uma dieta variada. Não sendo considerados medicamentos não podem referir propriedades profiláticas, de tratamento ou cura de doenças ou sintomas. As categorias de suplementos alimentares dividem-se em vitaminas e sais minerais, plantas e extratos botânicos e outras substâncias (fibras e probióticos, ácidos gordos essenciais e aminoácidos e enzimas) e são comercializadas em cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas, saquetas de pó, ampolas de líquido, frascos com conta-gotas [29].

A segurança destes produtos deve ser assegurada pelos operadores económicos que os colocam no mercado, através do cumprimento das regras comunitárias de Segurança Alimentar vigentes em toda a União Europeia [29]. O farmacêutico deve ter

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um olhar atento sobre este tipo de medicamentos, atualizando os seus conhecimentos frequentemente, para que possa exercer a sua função de prestação de cuidados de saúde e aconselhamento de forma ativa.

4.6. Outros produtos de saúde

4.6.1. Produtos de cosmética e de higiene corporal

Na FC é possível encontrar uma vasta variedade de produtos destinados à cosmética e à higiene pessoal. Um bom aconselhamento e informação prestada ao utente promovem a educação para a saúde, relevando a importância dos cuidados a ter com a pele, com o sistema capilar, as unhas, os lábios, a higiene oral e, ainda, dos órgãos genitais externos. Há um conjunto de doenças ou, até, medicamentos que fragilizam as superfícies corporais designadas anteriormente, daí surge a necessidade do profissional de saúde em orientar e informar o utente de procedimentos que devem tomar para reverter a situação [30].

As exigências cada vez maiores dos consumidores levam a um maior empenho por parte dos laboratórios de cosmética e produtos de higiene, em criar produtos de excelência. Existe, assim, uma grande variedade de: cremes, emulsões, loções, leites e óleos para a pele; máscaras de beleza e outros produtos de maquilhagem; sabonetes, desodorizantes, produtos capilares; perfumes e produtos de banho; produtos depilatórios e para a barba; produtos de higiene bucal; protetores solares e de bronzeamento, etc. O farmacêutico tem por obrigação manter-se informado sobre os produtos de higiene e cosmética, existentes no mercado, de forma a prestar um aconselhamento responsável e conquistar a confiança do utente [30].

Durante o estágio foi frequente a participação em formações sobre as várias gamas de produtos cosméticos existentes na FC, as quais foram essenciais para consolidar o conhecimento adquirido ao longo do curso e melhorar o atendimento e aconselhamento neste tipo de produtos.

4.6.2. Produtos de puericultura

Nas farmácias comunitárias, especificamente, na FC existem gamas completas e diversificadas de produtos de higiene e alimentardes direcionadas para os mais pequenos. A nível de produtos de higiene pode-se encontrar produtos de banho, hidratação corporal, fraldas, entre outros produtos. A nível de alimentação o cliente tem a sua disposição as melhores marcas de papas, leites, farinhas e boiões adequados para a idade do bebé. Devido à extrema fragilidade dos bebés, é obrigatório fornecer cuidados especiais por parte do farmacêutico, aconselhando os pais e familiares quais os produtos dedicados especialmente para eles.

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4.6.3. Alimentação especial

A alimentação especial destina-se a indivíduos em fase de recuperação que necessitam de uma ingestão proteica e calórica maior do que o habitual. Na FC, estão disponíveis suplementos dietéticos destinados a doentes oncológicos, com diabetes, ou, em idade geriátrica que devido à condição física ou metabólica resulta uma baixa ingestão de alimentos. Estão ao dispor da comunidade, várias gamas de suplementos nutricionais orais destinadas, mais especificamente, a carências nutricionais e geriatria, exigências nutricionais e metabólicas específicas.

4.6.4. Dispositivos médicos

Dispositivo médico é qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento, atenuação de uma doença, de uma deficiência ou de uma lesão; do estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção. Funcionam como instrumentos de saúde atingindo os objetivos previstos através de ações não farmacológicas e metabólicas, sendo distinto dos medicamentos. A aquisição de dispositivos médicos tem que seguir os requisitos essenciais do Infarmed. É, igualmente importante, que a rotulagem e o folheto informativo estejam devidamente visíveis e na língua materna [31, 32].

5. Receituário: conferência, processamento e faturação

5.1. Receita médica e prescrição

A receita médica é, segundo o artigo 3º, Decreto-Lei n.º 20/2013, de 14 de fevereiro, um documento que nos transmite a informação do medicamento, ou dos medicamentos prescritos por um médico, de acordo com a necessidade terapêutica de cada utente [22]. Na sequência da Lei n.º 11/2012, de 8 de março,e no desenvolvimento do regime da prescrição eletrónica do medicamento a Portaria n º 224/2015, de 27 de julho regula a prescrição de medicamentos e produtos de saúde e define as obrigações de informação a prestar aos utentes. Os modelos de prescrição que existem são: a prescrição eletrónica (desmaterializada e materializada) (Anexo VII) e a prescrição manual em documento pré-impresso (Anexo VIII). O objetivo da Direção Geral da Saúde é, de forma progressiva, que sejam excluídos os procedimentosque pressupõem o suporte de papel da receita. A numeração da receita médica varia de acordo com a forma como a mesma é disponibilizada (materializada online ou offline, e desmaterializada) [19].

Estas alterações surgem da necessidade de promover a utilização racional de medicamentos, de criar regras específicas que permitam a normalização de procedimentos relacionados com a prescrição, dispensa e conferência de receituário. A

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DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia, integraram o conjunto de modificações relativamente à prescrição dos medicamentos [19].

5.1.1. Receita eletrónica desmaterializada

A Portaria nº 224/2015, de 27 de julho, estabelece novas regras de prescrição de medicamentos. Obriga à prescrição eletrónica de medicamentos, incluindo os manipulados e os estupefacientes e psicotrópicos, no qual a partir de 1 de abril de 2016, a receita sem papel tornou-se obrigatória [18-20].

As receitas eletrónicas desmaterializadas são receitas sem papel, realizadas por via eletrónica. Os equipamentos eletrónicos utilizados permitem interpretar e aceder à prescrição. Os softwares de prescrição médica validam e registam a receita no sistema central de prescrições - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. A via eletrónica facilitou bastante o processamento e validação de receituário.

A Base de Dados Nacional de Prescrições (BDNP) atribuí a cada receita um número único constituído por 19 dígitos e adicionalmente uma codificação específica a cada linha. Para além disso, são emitidos dois códigos que podem ser impressos no Guia de Tratamento ou disponibilizados via SMS ou e-mail, para o utente poder usar no processo de dispensa eletrónica pela farmácia [33].

5.1.2. Receita eletrónica materializada

No que diz respeito à receita eletrónica materializada, a prescrição pode ser feita em modo online e fica registada na BDNP ou em modo offline não podendo ser dispensada de forma eletrónica uma vez que o registo da prescrição não fica visível para a farmácia. Estas prescrições podem ser renováveis se os medicamentos que contêm sejam destinados a tratamentos de longa duração. Podem ter até 3 vias, sendo que cada via deve ser mencionada (1.ª via, 2.ª via, 3.ª via). Cada via de receita materializada tem um número de receita único, de acordo com as normas para a atribuição do número da receita [33].

5.1.3. Receita manual

As situações que permitem exceções para a prescrição feita por via manual são: a falência do sistema informático, a inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional, a prescrição ao domicílio e outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês [18-20]. A receita para ser considerada válida deve incluir o número da receita; o local de prescrição ou respetivo código; a identificação do médico prescritor; o nome e número de utente; a entidade financeira responsável, o nome do medicamento, o número de embalagens e a data da prescrição [19, 20]. As receitas manuais são mais

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suscetíveis a erros, após a dispensa requerem a observação do regime de comparticipação e dos medicamentos prescritos pelos profissionais (32).

No decorrer do meu estágio contatei com todos os modelos de receitas. Em todas as situações cuidei em verificar todos os campos sujeitos a avaliação farmacêutica. Nas situações em que foram detetados erros tive a oportunidade de ver como os mesmos podem ser resolvidos e solucionados entre a farmácia, o médico e o utente.

5.2. Regime de comparticipação de medicamentos

Existem várias entidades responsáveis pela comparticipação dos medicamentos, contudo é o Serviço Nacional de Saúde que comparticipa a maioria dos utentes, sendo que a percentagem difere em cada entidade.

O estado assegura a comparticipação do regime geral garantindo o pagamento de uma percentagem do PVP dos medicamentos segundo os quatro escalões estabelecidos. A comparticipação varia de acordo com a utilização do medicamento, a indicação terapêutica, o consumo acrescido em determinadas patologias, e a entidade prescritora. No escalão A, a comparticipação é de 90%, no B de 69%, no C é de 37% e no D é de 15%. Os beneficiários pensionistas têm um regime de comparticipação especial e na receita consta a sigla “R”, “RO” ou “RT”. Já as pessoas com doenças específicas devem na receita deve constar a letra ”O” e no local referente à designação do medicamento sujeito a comparticipação, a indicação da portaria, do despacho ou do decreto de lei associado. No regime especial o escalão A tem uma comparticipação acrescida de 5% e os restantes de 15%. No caso da Diabetes os protocolos do estado existentes permitem a comparticipação de 85% para tiras-teste e de 100% para as agulhas [34]. Os utentes da FC são maioritariamente comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde. Contudo, tive contacto com outras entidades de comparticipação como por exemplo o SAMS, a CGD, CTT e seguros particulares.

5.3. Conferência de receituário

Com a prescrição eletrónica afigura-se uma prescrição de qualidade, desenvolvendo um circuito do medicamento seguro e eficaz. A sua implementação no sistema de saúde permite um diálogo ativo entre os vários profissionais envolventes no circuito do medicamento, minimizando os erros relacionados com a prescrição e a dispensa de medicamentos. O receituário deve ser devidamente organizado e corrigido de forma a simplificar o envio das receitas para as entidades que que restituem o valor da comparticipação [35]. Na dispensa do medicamento ao utente, independentemente do modelo de receita, há um conjunto de itens de validação que a farmácia deve seguir. Cabe aos serviços de saúde validar ou não uma receita. Para que a validação se verifique, tem de cumprir um conjunto de requisitos no seu preenchimento. Cada

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profissional de saúde deve certificar-se que todos estes requisitos são cumpridos e devidamente preenchidos [19].

Na FC as receitas são conferidas para a deteção de possíveis erros. Após isso, são organizadas de acordo com o organismo de comparticipação e são inseridas no sistema informático em lotes de 30 receitas. Quando o lote fica concluído é fechado e sinalizado com o respetivo verbete de identificador de lote. As receitas e os seus verbetes, a relação dos lotes correspondentes a cada entidade e a fatura global em três exemplares são enviados até ao dia 10 do mês seguinte, para o Centro de conferência de faturas todo o receituário do Sistema Nacional de Saúde e para a associação de Farmácias de Portugal todo o receituário das restantes entidades. Posteriormente, o Centro de conferência de faturas envia à Farmácia o comprovativo da receção do receituário e as notas de devolução com irregularidades. Sempre que é possível, estas receitas são corrigidas e colocadas na faturação do mês seguinte [35].

Durante o meu estágio participei na validação e correção de receituário, assim como ajudei a fechar os lotes das diversas entidades.

6. Cuidados e serviços farmacêuticos

6.1. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

De acordo com o artigo nº 2, da portaria nº 1429/2007, de 2 de Novembro, “as farmácias podem prestar serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes em condições legais e regulamentares, e por profissionais legalmente habilitados” [36]. A FC no gabinete de cuidados farmacêuticos, tem as condições necessárias para a realização da medição da pressão arterial, da determinação do colesterol total e de glicemia.

A determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos exige um acompanhamento farmacêutico especializado, o parâmetro mais solicitado diariamente na FC é a medição acompanhada da pressão arterial. No estágio tive oportunidade de vigiar e acompanhar muitos utentes já hipertensos, outros que não eram até a data hipertensos nem tomavam medicação para esta patologia, mas que já há algum tempo não estavam a conseguir ter uma pressão arterial controlada e outros utentes que apenas iam fazer a medição porque naquele dia não se tinham sentido bem. Antes de cada medição tive sempre o cuidado de verificar se o utente necessitava de algum tempo de repouso e se estavam confortáveis, para assim maximizar a veracidade dos valores obtidos. Outras medições também frequentemente solicitadas que pude realizar foram a determinação do colesterol total e de glicemia. Os valores das medições eram registados e em função dos valores obtidos fazia uma análise e um aconselhamento de forma a esclarecer e a educar o utente para a importância da adoção de estilos de vida

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mais saudáveis. O farmacêutico pode ter um papel ativo na prevenção e controlo da diabetes, participando na educação e monotorização da doença, na prevenção de risco cardiovasculares, como também, contribuir para a eficácia da terapêutica.

6.2. Outros serviços

Existem ainda outro tipo de testes que podem ser realizados de forma, igualmente, simples rápida, segura e eficaz, tais como: testes de gravidez, peso e administração de medicamentos injetáveis. Estes serviços são prestados, também, no gabinete de cuidados farmacêuticos, no qual o profissional de saúde deve ter o máximo de cuidado de higiene e desinfeção.

7. Recuperação de medicamentos

A ValorMed® é responsável pela gestão dos resíduos de embalagens de

medicamentos ou produtos equiparados, de medicamentos e de produtos de uso veterinário, provenientes das farmácias comunitárias.

Os farmacêuticos da farmácia comunitária têm a obrigação de sensibilizar os utentes para importância da implementação de boas práticas ambientais, através da recolha de medicamentos que já não são usados ou que já estejam fora do prazo de validade. Existe, assim, um contentor onde pode ser colocado todos os medicamentos entregues pelos clientes e que respeitem as condições de recolha, como por exemplo, que sejam, efetivamente, embalagens de medicamentos e produtos de saúde, e não outro tipo de embalagens. Quando o contentor fica cheio são levados pelas empresas de distribuição [37].

8. Formações

Ao longo do tempo de Estágio na FC, tive oportunidade de frequentar, várias formações promovidas pelos laboratórios farmacêuticos. Estas ações são de extrema importância. Permite-nos compreender e conhecer novos produtos, clarificar conhecimentos e dúvidas existentes para exercer a profissão com máxima de excelência, indo de encontro às necessidades da comunidade envolvente. As formações que frequentei foram de variadíssimo espectro terapêutico, tais como Lierac Paris®, Matiderm®, Aboca e Nestlé Health Science.

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Parte II - Temas desenvolvidos na Farmácia de

Coimbrões

Referências

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