• Nenhum resultado encontrado

Receituário: conferência, processamento e faturação

Parte I Descrição das atividades desenvolvidas no estágio na Farmácia de Coimbrões

5. Receituário: conferência, processamento e faturação

A receita médica é, segundo o artigo 3º, Decreto-Lei n.º 20/2013, de 14 de fevereiro, um documento que nos transmite a informação do medicamento, ou dos medicamentos prescritos por um médico, de acordo com a necessidade terapêutica de cada utente [22]. Na sequência da Lei n.º 11/2012, de 8 de março,e no desenvolvimento do regime da prescrição eletrónica do medicamento a Portaria n º 224/2015, de 27 de julho regula a prescrição de medicamentos e produtos de saúde e define as obrigações de informação a prestar aos utentes. Os modelos de prescrição que existem são: a prescrição eletrónica (desmaterializada e materializada) (Anexo VII) e a prescrição manual em documento pré-impresso (Anexo VIII). O objetivo da Direção Geral da Saúde é, de forma progressiva, que sejam excluídos os procedimentosque pressupõem o suporte de papel da receita. A numeração da receita médica varia de acordo com a forma como a mesma é disponibilizada (materializada online ou offline, e desmaterializada) [19].

Estas alterações surgem da necessidade de promover a utilização racional de medicamentos, de criar regras específicas que permitam a normalização de procedimentos relacionados com a prescrição, dispensa e conferência de receituário. A

DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia, integraram o conjunto de modificações relativamente à prescrição dos medicamentos [19].

5.1.1. Receita eletrónica desmaterializada

A Portaria nº 224/2015, de 27 de julho, estabelece novas regras de prescrição de medicamentos. Obriga à prescrição eletrónica de medicamentos, incluindo os manipulados e os estupefacientes e psicotrópicos, no qual a partir de 1 de abril de 2016, a receita sem papel tornou-se obrigatória [18-20].

As receitas eletrónicas desmaterializadas são receitas sem papel, realizadas por via eletrónica. Os equipamentos eletrónicos utilizados permitem interpretar e aceder à prescrição. Os softwares de prescrição médica validam e registam a receita no sistema central de prescrições - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. A via eletrónica facilitou bastante o processamento e validação de receituário.

A Base de Dados Nacional de Prescrições (BDNP) atribuí a cada receita um número único constituído por 19 dígitos e adicionalmente uma codificação específica a cada linha. Para além disso, são emitidos dois códigos que podem ser impressos no Guia de Tratamento ou disponibilizados via SMS ou e-mail, para o utente poder usar no processo de dispensa eletrónica pela farmácia [33].

5.1.2. Receita eletrónica materializada

No que diz respeito à receita eletrónica materializada, a prescrição pode ser feita em modo online e fica registada na BDNP ou em modo offline não podendo ser dispensada de forma eletrónica uma vez que o registo da prescrição não fica visível para a farmácia. Estas prescrições podem ser renováveis se os medicamentos que contêm sejam destinados a tratamentos de longa duração. Podem ter até 3 vias, sendo que cada via deve ser mencionada (1.ª via, 2.ª via, 3.ª via). Cada via de receita materializada tem um número de receita único, de acordo com as normas para a atribuição do número da receita [33].

5.1.3. Receita manual

As situações que permitem exceções para a prescrição feita por via manual são: a falência do sistema informático, a inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional, a prescrição ao domicílio e outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês [18-20]. A receita para ser considerada válida deve incluir o número da receita; o local de prescrição ou respetivo código; a identificação do médico prescritor; o nome e número de utente; a entidade financeira responsável, o nome do medicamento, o número de embalagens e a data da prescrição [19, 20]. As receitas manuais são mais

suscetíveis a erros, após a dispensa requerem a observação do regime de comparticipação e dos medicamentos prescritos pelos profissionais (32).

No decorrer do meu estágio contatei com todos os modelos de receitas. Em todas as situações cuidei em verificar todos os campos sujeitos a avaliação farmacêutica. Nas situações em que foram detetados erros tive a oportunidade de ver como os mesmos podem ser resolvidos e solucionados entre a farmácia, o médico e o utente.

5.2. Regime de comparticipação de medicamentos

Existem várias entidades responsáveis pela comparticipação dos medicamentos, contudo é o Serviço Nacional de Saúde que comparticipa a maioria dos utentes, sendo que a percentagem difere em cada entidade.

O estado assegura a comparticipação do regime geral garantindo o pagamento de uma percentagem do PVP dos medicamentos segundo os quatro escalões estabelecidos. A comparticipação varia de acordo com a utilização do medicamento, a indicação terapêutica, o consumo acrescido em determinadas patologias, e a entidade prescritora. No escalão A, a comparticipação é de 90%, no B de 69%, no C é de 37% e no D é de 15%. Os beneficiários pensionistas têm um regime de comparticipação especial e na receita consta a sigla “R”, “RO” ou “RT”. Já as pessoas com doenças específicas devem na receita deve constar a letra ”O” e no local referente à designação do medicamento sujeito a comparticipação, a indicação da portaria, do despacho ou do decreto de lei associado. No regime especial o escalão A tem uma comparticipação acrescida de 5% e os restantes de 15%. No caso da Diabetes os protocolos do estado existentes permitem a comparticipação de 85% para tiras-teste e de 100% para as agulhas [34]. Os utentes da FC são maioritariamente comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde. Contudo, tive contacto com outras entidades de comparticipação como por exemplo o SAMS, a CGD, CTT e seguros particulares.

5.3. Conferência de receituário

Com a prescrição eletrónica afigura-se uma prescrição de qualidade, desenvolvendo um circuito do medicamento seguro e eficaz. A sua implementação no sistema de saúde permite um diálogo ativo entre os vários profissionais envolventes no circuito do medicamento, minimizando os erros relacionados com a prescrição e a dispensa de medicamentos. O receituário deve ser devidamente organizado e corrigido de forma a simplificar o envio das receitas para as entidades que que restituem o valor da comparticipação [35]. Na dispensa do medicamento ao utente, independentemente do modelo de receita, há um conjunto de itens de validação que a farmácia deve seguir. Cabe aos serviços de saúde validar ou não uma receita. Para que a validação se verifique, tem de cumprir um conjunto de requisitos no seu preenchimento. Cada

profissional de saúde deve certificar-se que todos estes requisitos são cumpridos e devidamente preenchidos [19].

Na FC as receitas são conferidas para a deteção de possíveis erros. Após isso, são organizadas de acordo com o organismo de comparticipação e são inseridas no sistema informático em lotes de 30 receitas. Quando o lote fica concluído é fechado e sinalizado com o respetivo verbete de identificador de lote. As receitas e os seus verbetes, a relação dos lotes correspondentes a cada entidade e a fatura global em três exemplares são enviados até ao dia 10 do mês seguinte, para o Centro de conferência de faturas todo o receituário do Sistema Nacional de Saúde e para a associação de Farmácias de Portugal todo o receituário das restantes entidades. Posteriormente, o Centro de conferência de faturas envia à Farmácia o comprovativo da receção do receituário e as notas de devolução com irregularidades. Sempre que é possível, estas receitas são corrigidas e colocadas na faturação do mês seguinte [35].

Durante o meu estágio participei na validação e correção de receituário, assim como ajudei a fechar os lotes das diversas entidades.

Documentos relacionados