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Programas de intervenção alimentar/nutricional em meio escolar metodologias de desenvolvimento e implementação : Monografia : School-based food & nutrition intervention programs development and implementation methodologies

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ALIMENTAR/NUTRICIONAL EM MEIO ESCOLAR

Metodologias de desenvolvimento e implementação

School-based Food & Nutrition Intervention Programs

Development and implementation methodologies

Ângela Marina Cardoso Marques

Orientado por: Mestre Mónica Tânia Silva Magalhães

Tipo de documento: Monografia

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Índice Lista de Abreviaturas ... ii Resumo ... iii Palavras-chave ... iii Abstract ... iv Key-words ... iv Introdução ... 1 Revisão da literatura ... 2 1. Promoção da Saúde ... 2 1.1.O conceito de Empowerment ... 3

1.2.O papel da Educação Nutricional ... 4

2. Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional em Meio Escolar ... 5

2.1.Escola: o cenário ideal ... 5

2.2.A evolução dos PIANME ... 7

2.3.Fundamento teórico dos PIANME ... 8

2.4.Componentes que podem levar ao sucesso dos PIANME ... 10

2.5.Recomendações para a implementação dos componentes dos PIANME . 17 2.6.Outras considerações acerca dos PIANME ... 26

3. Etapas da elaboração de um PIANME ... 27

4. Aprende a Comer com a Fada Dentinho – um exemplo local ... 30

Considerações finais ... 34

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Lista de Abreviaturas

DCV – Doenças Cardiovasculares EB – Ensino Básico

EF – Educação Física EN – Educação Nutricional

EPE – Entidade Pública Empresarial ES – Educação para a Saúde

HF - Hortofrutícolas

PIANME – Programa(s) de Intervenção Alimentar/Nutricional em Meio Escolar PN – Política Nutricional

PS – Promoção da Saúde

SNA – Serviço de Nutrição e Alimentação TSC – Teoria Social Cognitiva

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Resumo

Hábitos de uma alimentação saudável, desde os mais precoces estádios de vida, diminuem a probabilidade de ocorrência de doenças crónicas. Promover a saúde através da Educação Nutricional (EN), constitui uma aposta na saúde das gerações futuras.

A Escola, ao abranger um grande número de crianças e adolescentes, é um local de excelência para o desenvolvimento de actividades de Promoção de Saúde (PS). O sucesso dos Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional em Meio Escolar (PIANME) passa pela existência de uma base teórica sustentada e por uma criteriosa selecção dos componentes a implementar. Para além disso, a implementação dos PIANME deve basear-se em recomendações específicas, no sentido de abrangerem a Escola como um todo e de se tornarem efectivos na PS. A elaboração de intervenções nutricionais pode ser facilitada através do recurso a métodos de desenvolvimento e implementação de programas de PS. Estes modelos constituem ferramentas úteis a adoptar por profissionais de saúde, professores ou outros educadores envolvidos na elaboração de PIANME.

Aprende a comer com a Fada Dentinho é um exemplo de uma intervenção

nutricional desenvolvida pela Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM).

Palavras-chave

Intervenções nutricionais; componentes dos programas; educação nutricional; escola.

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Abstract

Healthy eating habits, from the earliest stages of life, decrease the probability of chronic diseases’ incidence. Promoting health through Nutrition Education (NE) is a good strategy to improve the next generation’s health. By reaching a large number of children and adolescents, the school is an excellent place to develop Health Promotion (HP) activities. The success of School-based Food & Nutrition Intervention Programs (SbF&NIP) depends on a good theoretical rationale and on a careful selection of key-components. Furthermore, specific recommendations underlying the SbF&NIP implementation should be followed to provide an effective and comprehensive school health program.

There are specific methodologies to develop and implement HP’s programs that guide the elaboration of nutritional interventions. These models are useful tools to be adopted by health professionals, teachers or other educators involved in the

development of a SbF&NIP. Aprende a comer com a Fada Dentinho is a local example of a nutrition

intervention, carried out by Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM).

Key-words

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Introdução

A Alimentação é um factor determinante na promoção e manutenção da saúde, em todas as fases do ciclo de vida (1).

Reconhecem-se diferentes padrões nutricionais desde o Paleolítico até à realidade actual dos países industrializados. Passou-se de um período em que o Homem caçava e recolhia os alimentos para um outro dominado pela agricultura e por períodos de fome. Com a Revolução Industrial, houve um decréscimo da actividade física e um aumento da disponibilidade de alimentos processados, ricos em gordura total, colesterol e hidratos de carbono refinados. Isto contribuiu não só para a recessão da fome como também para um aumento da obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares (DCV) e cancro. Esta mudança de um padrão de elevada prevalência de desnutrição para um outro de elevada prevalência de doenças crónicas não transmissíveis relacionadas com a alimentação excessiva e/ou um aumento do sedentarismo denomina-se Transição Nutricional (2).

A prevenção da sobrealimentação e das doenças crónicas associadas pode ser conseguida através da promoção da saúde, desde os mais precoces estádios de vida. Uma vez que crianças e adolescentes obesos têm grande probabilidade de se tornarem adultos obesos, a adopção de um estilo de vida saudável, desde cedo, poderá reduzir a probabilidade de desenvolverem, na vida adulta, as demais doenças crónicas (1, 3-5). Assim, melhorar o estado nutricional de crianças e adolescentes poderá ser um investimento eficaz para a saúde das gerações futuras.

Sendo um espaço físico onde os jovens passam a maior parte do seu tempo, a Escola oferece um conjunto de oportunidades para promover hábitos de alimentação e actividade física saudáveis. Ao acolher um elevado número de

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crianças e adolescentes, respectivas famílias e restante comunidade, as escolas tornam-se instrumentos globais de combate aos problemas de saúde pública impostos pela sobrealimentação (6-8).

A revisão de estudos de Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional em Meio Escolar (PIANME) mostra que há evidências que estes podem ser efectivos na promoção de hábitos alimentares saudáveis. Programas que se mostraram efectivos na modificação de comportamentos de risco e na promoção de comportamentos de saúde envolveram actividades em mais do que um domínio (currículo, ambiente escolar e comunidade) e foram implementados durante um longo período de tempo. Assim, as escolas que aspiram ser Escolas Promotoras de Saúde devem centrar-se no desenvolvimento de programas sustentados, devidamente planeados e que abranjam o ambiente físico e social da escola para além das aprendizagens ocorridas dentro da sala de aula (9).

Revisão da literatura

1. Promoção da Saúde

O conceito de Promoção da Saúde (PS), desde a Carta de Ottawa criada após a Primeira Conferência Internacional sobre PS, baseia-se no aumento da capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorarem (10). A obtenção de um “completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”, presente na definição de Saúde da Organização Mundial de Saúde (11) resulta da aptidão do indivíduo/comunidade para a identificação e realização das suas aspirações, satisfação das suas necessidades e adaptação ao meio (12). Ainda no seguimento

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da Carta de Ottawa, os campos de acção que vão ao encontro da PS são cinco e passam por: elaborar e implementar políticas públicas saudáveis; criar ambientes sustentáveis e favoráveis à saúde; reforçar a acção comunitária; desenvolver competências pessoais; e reorientar os serviços de saúde (13-15).

A implementação destas estratégias é fundamental na PS. Acresce, não obstante, a necessidade da participação activa das pessoas e do incentivo ao processo de tomada de decisão (12). Envolver todos os “actores”, esclarecidos dos seus objectivos e acções, é fundamental para permitir o acesso das pessoas à informação e educação (16). Estas últimas capacitam as pessoas a participar de forma responsável em actividades de PS e permitem-lhes tomar decisões autónomas, no sentido de uma melhoria sustentada da qualidade de vida (16).

1.1. O conceito de Empowerment

O conceito de Empowerment surge como um “novo movimento de PS” que atribui especial enfoque à equidade ao nível da saúde (17) e ao aumento da participação pública nos programas de saúde (18). O empowerment, muitas vezes chamado “empoderamento”, é uma estratégia de PS que preconiza o controlo sobre os determinantes do processo saúde-doença por parte do indivíduo ou da comunidade (15). Assim, através do empowerment, a PS pretende dotar os indivíduos/comunidade de um conjunto de competências que os torne aptos a viver uma vida saudável, em cada uma das diferentes etapas, e a lidar com eventuais obstáculos e/ou doenças (19). Algumas dessas competências passam não só por fomentar o pensamento reflexivo e a capacidade de análise crítica (15), mas também – e muito importante – desenvolver as competências de

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auto-eficácia e auto-estima, que se provou terem um efeito directo no controlo pessoal e nos comportamentos (potenciadores) de saúde (13, 20).

1.2. O papel da Educação Nutricional

No âmbito do desenvolvimento de competências, tão preconizado pelo

empowerment, surge um outro conceito: o de Educação para a Saúde (ES). Esta

visa capacitar os indivíduos a agir conscientemente perante a realidade quotidiana, com aproveitamento das experiências anteriores, tendo sempre em vista a integração e a continuidade do conhecimento (21). Neste sentido, a ES facilita a tomada de acções conducentes à saúde, pelo que pode ser vista como uma estratégia global de PS e, portanto, um meio para atingir um fim (14).

A Educação Nutricional (EN) assume, neste contexto, um papel fulcral na PS partilhando, com outras áreas da ES, muitos dos seus principais objectivos, dos quais se salientam: o crescente valor atribuído à saúde, o enfoque na responsabilização dos indivíduos pela sua própria saúde e a confiança depositada na capacidade de cada um para adoptar comportamentos protectores de saúde (22)

. A EN pode, então, ser definida como o conjunto de aprendizagens delineadas para facilitar a adopção de comportamentos alimentares saudáveis (23). Para além disso, ela pode proporcionar a motivação necessária para a formação de atitudes e hábitos de uma alimentação sadia, completa, adequada e variada (24).

Para ser efectiva, a aplicação da EN em programas de PS que visam a adequação dos comportamentos alimentares, deve cumprir alguns requisitos: ser pessoalmente relevante; basear-se em mensagens claras e coerentes; dar relevo aos alimentos e não tanto aos nutrientes; ter em conta a percepção individual dos riscos relativos; enfatizar os benefícios da mudança de comportamentos; e

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elucidar acerca das barreiras mais frequentes à adopção de comportamentos alimentares salutares (4, 25).

2. Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional em Meio Escolar

Cientes da utilidade da EN, é importante perceber como explorá-la e aplicá-la no sentido da obtenção de todos os benefícios que eaplicá-la pode trazer.

Os PIANME têm assumido um importante papel na promoção de comportamentos alimentares saudáveis. Dada a relação entre alimentação e saúde, a PS aposta na prevenção, estimulando as escolas a praticarem EN, em todos os anos do currículo.

As noções de alimentação saudável tornam-se coerentes e consistentes quando transmitidas através de uma intervenção abrangente. Um PIANME que inclua educação para a saúde, ambiental e física, o auxílio de profissionais de saúde e que reúna os esforços de toda a escola e comunidade envolvente consegue, mais eficazmente, dotar os alunos das competências adequadas à realização de opções saudáveis. Estes programas também transmitem a motivação e o apoio necessários para que aqueles mantenham os mesmos comportamentos de saúde ao longo da vida (22).

2.1. Escola: o cenário ideal

A EN, em geral, e os Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional, em particular, têm-se revelado eficazes em escolas, empresas, serviços de saúde, entre outros locais. A Escola, de entre os locais mencionados, parece ser o mais efectivo, constituindo uma excelente forma de abranger um largo sector da

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população, nomeadamente, alunos, professores, auxiliares de educação, pais e restante comunidade educativa (25-27).

É cientificamente aceite que a PS baseada exclusivamente na transmissão de informação é pouco adequada à mudança de atitudes e comportamentos. A Escola – ao abandonar a postura tradicional de mera transmissora de conhecimentos a receptores passivos (crianças e adolescentes) – torna-se o local de excelência para o desenvolvimento de actividades de PS. Assim, são várias as razões que fazem da Escola o cenário ideal para a implementação de intervenções nutricionais (4-6, 8, 9, 22, 28-31):

- a Escola consegue chegar a um grande número de crianças e adolescentes;

- crianças e adolescentes despendem aí muito do seu tempo diário e muitos anos do seu período de desenvolvimento físico, cognitivo e de formação pessoal e social;

- muitas das refeições diárias dos alunos são realizadas na Escola;

- a adolescência é um período crítico para fomentar comportamentos alimentares saudáveis, uma vez que é a nesta fase que se consolidam muitos dos hábitos que permanecerão na vida adulta;

- a Escola pode ensinar os alunos a resistir a pressões sociais que influenciam a alimentação;

- os professores e auxiliares podem integrar as intervenções nutricionais; - o currículo constitui uma excelente forma de ensinar sobre alimentação e estilos de vida saudáveis;

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- crianças e adolescentes interessam-se cada vez mais sobre assuntos como a fome no Mundo, as políticas de produção e distribuição de alimentos, o vegetarianismo, os distúrbios alimentares, entre outros;

- perante a crescente, embora muitas vezes incoerente, informação sobre alimentação, é importante instruir os alunos, uma vez que estes são, simultaneamente, consumidores activos.

Em suma, indo ao encontro do já abordado conceito de empowerment, a Escola Promotora de Saúde visa criar as condições necessárias para que os alunos desenvolvam plenamente as suas potencialidades, adquirindo competências que lhes permitam cuidar de si próprios, serem solidários e capazes de se relacionarem positivamente com o meio(12).

2.2. A evolução dos PIANME

Os PIANME (e a ES, de uma forma geral) têm mudado, ao longo do tempo, nos objectivos que se propõem atingir. Na década de 80, as intervenções preocupavam-se apenas em transmitir informação, no sentido de aumentar o conhecimento da população. Intervenções desta índole são eficazes no aumento do conhecimento por parte da população (32, 33) não levando, no entanto, a mudanças significativas do comportamento (34, 35).

A crescente investigação acerca das teorias comportamentais levou a que, no planeamento das intervenções, se passasse a abranger os determinantes do comportamento que se pretende modificar. Estes determinantes, também chamados variáveis mediadoras, são mecanismos directamente relacionados com o comportamento-alvo (36). Intervenções que actuem com eficácia sobre as variáveis mediadoras, mais facilmente se traduzem em mudanças de

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comportamento. Assim, a obtenção de intervenções efectivas requer um conhecimento profundo das variáveis mediadoras, no sentido da mudança de comportamento desejada (36-40).

Conscientes que o aumento do conhecimento por si só não se traduzia em mudanças significativas do comportamento, as intervenções nutricionais a partir da década de 90, visaram atingir outros determinantes do comportamento, para além do conhecimento (23, 36, 38, 39). Por exemplo, o consumo de alimentos densamente energéticos por parte de crianças e adolescentes depende muito da existência daqueles alimentos em casa. A disponibilidade/acessibilidade das crianças e adolescentes a alimentos densamente energéticos é uma variável mediadora que tem vindo a ser incluída no planeamento de intervenções nutricionais (38).

2.3. Fundamento teórico dos PIANME

Uma abordagem baseada na teoria pode orientar, mais eficazmente, o desenvolvimento de um programa e provê-lo da fundamentação necessária para avaliar o sucesso do mesmo e identificar possíveis pontos fracos (41). As teorias comportamentais, ainda que mais vocacionadas para o estudo do comportamento do adulto, têm também sido úteis no desenho de PIANME (42). Existem, na literatura, múltiplas teorias que podem contribuir para a fundamentação dos PIANME. A presente revisão bibliográfica aborda duas delas.

A Teoria Social Cognitiva (TSC), desenvolvida por Bandura e inicialmente designada Teoria da Aprendizagem Social, tem sido um dos modelos mais utilizados no desenvolvimento de intervenções nutricionais (43). Segundo esta teoria, o comportamento – inclusive, o alimentar – resulta da interacção constante

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entre factores individuais (nomeadamente preferências alimentares, auto-eficácia, auto-estima, expectativas, capacidade de decisão e outras competências pessoais) e factores ambientais (por exemplo, modelagem social e disponibilidade/acessibilidade alimentares).

Assim, a aplicação desta teoria passa por modificar factores individuais, como por exemplo, aumentar a importância atribuída à saúde e aos benefícios de um estilo de vida saudável, proporcionar às crianças e adolescentes oportunidades para provar alimentos novos e saudáveis e ajudá-los a desenvolver competências práticas (nomeadamente as de planeamento e preparação de refeições e as de leitura de rótulos). Modificar factores ambientais passa, por exemplo, por envolver a família, professores, profissionais de saúde e todos os que possam contribuir para ultrapassar barreiras à adopção de comportamentos alimentares saudáveis, explorar a influência dos grupos de pares e aumentar a disponibilidade/acessibilidade de alimentos saudáveis (22, 25, 40, 41, 44-48).

Uma outra teoria bastante usada no desenvolvimento de intervenções nutricionais tem sido o Modelo Transteórico, ou Teoria dos Estádios de Mudança, proposta por Prochaska e DiClemente. Estes autores consideravam insustentável o facto de a maioria das intervenções partir do pressuposto que os indivíduos estão prontos para a acção, ou seja, para a mudança de comportamento. Assim, de acordo com o modelo proposto por estes autores, a mudança de comportamento ocorre segundo um processo no qual os indivíduos progridem através de cinco estádios distintos: pré-contemplação (não consideram a mudança); contemplação (consideram-na mas não num futuro próximo); preparação (consideram a mudança num futuro próximo ou já a iniciaram); acção (mudaram o comportamento recentemente); e manutenção (mantiveram o novo

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comportamento). A teoria postula, ainda, que cada estádio representa a dimensão temporal da mudança do comportamento, isto é, mostra quando a mudança ocorre e qual o seu grau de motivação para realizá-la. Neste sentido, o desenvolvimento de intervenções nutricionais deve ser específico para cada estádio de mudança (25, 37, 41, 49).

Esta ideia tem sido, no entanto, refutada por outros autores (50, 51). O Eat for Life Treal, um estudo desenvolvido por Resnicow e colaboradores, teve como objectivo averiguar a existência de diferenças no consumo de frutas e hortícolas em indivíduos no estado de pré-contemplação e indivíduos no estado de preparação. Os autores não encontraram diferenças significativas na avaliação do consumo de hortofrutícolas (HF), entre os dois grupos, tendo concluído que os indivíduos em pré-contemplação estão tão aptos à mudança de comportamento quanto os indivíduos no estado de preparação. Estes autores põem a causa a validade dos estádios de mudança como predictores do comportamento futuro e da resposta à intervenção e consideram não haver evidência suficiente que as intervenções devam ser adaptadas a um estádio específico (50).

2.4. Componentes que podem levar ao sucesso dos PIANME

Estão identificados vários componentes dos PIANME, que se revelaram efectivos na obtenção de intervenções de sucesso.

Evidências científicas apontam para uma maior efectividade das intervenções multi-componentes (baseadas em mais do que um componente), quando comparada com a de intervenções que incluem apenas um componente. Isto significa que a acção sinergista dos diferentes componentes é mais efectiva

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na modificação dos comportamentos pretendidos do que a acção de um único componente (27, 52, 53).

Enfoque comportamental e fundamento teórico consistente – As intervenções baseadas no comportamento visam promover a saúde através da alteração/adopção de comportamentos que reduzam os factores de risco.

Comparando com as intervenções nutricionais baseadas no conhecimento, as intervenções que têm um enfoque comportamental têm-se revelado mais efectivas na mudança de comportamentos (26, 32, 33, 35, 39, 54).

A utilização de uma base teórica consistente torna possível a compreensão quer das variáveis mediadoras do(s) comportamento(s), quer da motivação necessária para a adopção dos mesmos. As intervenções nutricionais de sucesso são aquelas que atingem eficazmente os determinantes do comportamento (26, 27, 44)

. Por exemplo, o programa 5-A-Day, cujo principal objectivo foi aumentar o consumo de HF na população em geral, apoiou-se na TSC e actuou sobre as variáveis mediadoras relacionadas com o ambiente. Assim, as estratégias seleccionadas passaram por aumentar a disponibilidade de HF, baixar o preço dos mesmos, dar incentivos a quem consumisse mais HF e aumentar a informação acerca daqueles alimentos nos respectivos locais de venda (52).

Componente “sala de aula” – Um currículo de EN bem ministrado dentro da sala de aula fornece a informação necessária e aborda as áreas de relevo, no sentido da promoção de comportamentos alimentares adequados e de um estilo de vida saudável. Um currículo assim permite o aumento do conhecimento, o desenvolvimento de competências relacionadas com a preparação alimentar e, ao

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mesmo tempo, estimula a auto-eficácia, a auto-estima e uma imagem corporal positiva (4, 25, 26).

Inúmeros programas incluem este componente no desenvolvimento da intervenção (23, 30-35, 44, 52, 53, 55-63). Por exemplo, o programa Eat Well and Keep

Moving visou melhorar os comportamentos alimentares e aumentar a actividade

física de alunos do 4º e 5º anos. O componente “sala de aula” foi constituído por 13 sessões de EN inseridas nas disciplinas de Matemática, Ciências, Línguas, Artes e Estudos Sociais e por 5 sessões de Educação Física (EF) (30). O

Programa de Alimentação Saudável em Saúde Escolar (PASSE), um PIANME

português, desenvolvido pela Administração Regional de Saúde do Norte e dirigido à comunidade educativa do 3º ano do 1º ciclo, visa promover conhecimentos, atitudes e comportamentos alimentares saudáveis. Neste programa, o componente “sala de aula” abrange 15 sessões, ministradas por equipas multidisciplinares constituídas por nutricionistas, enfermeiros, psicólogos, médicos e educadores (64, 65).

Quantidade e/ou duração da intervenção – O tempo de exposição à intervenção está relacionado com a efectividade da mesma (25-27). Provou-se que alunos sujeitos a intervenções nutricionais mais abrangentes (mais sessões e/ou intervenções mais longas), evidenciaram mais mudanças de comportamento positivas, quando comparados com alunos que estiveram sujeitos a menor tempo de EN (22, 35).

Dixey e colaboradores, no Healthy eating for young people in Europe, um documento que orienta a implementação de EN nas escolas, referem que para a mudança efectiva de comportamentos alimentares são necessárias 50 horas de

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EN por ano (4). Outro estudo, desenvolvido por Knai e colaboradores, indica que o

sucesso de PIANME que promovem o consumo de HF está associado a pelo menos um ano de duração (53). Um PIANME adoptado do Know Your Body, da

American Health Foundation, foi planeado para durar 6 anos, tendo sido efectivo na mudança de hábitos alimentares e no aumento da actividade física de alunos

de 24 escolas primárias da Grécia (59). O PIANME PASSE, já referido anteriormente, tem a duração de um ano lectivo, sendo que cada uma das 15 sessões dura 1,5 horas (64, 65).

Adequação, relevância e ambiente das actividades – As actividades devem ir ao encontro das faixas etárias das crianças e adolescentes, considerando os respectivos estádios do desenvolvimento cognitivo. Mais ainda, dada a variedade de culturas alimentares existente, as actividades devem adequar-se ao país e à região em questão (26, 27). Além disso, os alunos são mais receptivos e adoptam mais facilmente comportamentos alimentares adequados quando a informação lhes é transmitida no contexto de actividades divertidas (22).

O programa Gimne 5 foi desenvolvido em vários países para aumentar o

consumo de HF de alunos do ensino preparatório. As mensagens e actividades foram programadas para serem relevantes e cativarem os alunos. Destacam-se o recurso a placards publicitários de promoção de HF, onde os alunos foram figurantes, a disputa entre equipas de alunos para apurar os melhores lanches com fruta e a distribuição de HF acompanhados de receitas saudáveis dos referidos alimentos (34).

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Coordenação entre o currículo e o ambiente escolar – Verifica-se que, quando as ofertas alimentares da escola e as refeições servidas nos seus espaços são coerentes com as mensagens transmitidas na sala de aula, os alunos aderem mais facilmente a comportamentos alimentares saudáveis. Um ambiente como este oferece um conjunto de oportunidades para a acção. Assim, os alunos são capazes de aplicar competências práticas como as de preparação de refeições e comentar a realidade do bar e/ou cantina, através do sentido crítico desenvolvido (22, 25-27, 61)

.

A construção de parques, ginásios ou pistas de bicicleta, a disponibilização de alimentos saudáveis no bar e na cantina e a atribuição de taxas a alimentos desadequados são exemplos de estratégias desenvolvidas por Wechsler e colaboradores numa intervenção que usava o ambiente escolar como meio para promover hábitos alimentares saudáveis e actividade física (28). Estratégias semelhantes de coordenação entre o currículo e o ambiente escolar foram usadas em outros PIANME (31, 34, 35, 44, 53, 55-58, 60-63).

Formação de professores e outros intervenientes – Uma formação adequada para todos os intervenientes dos programas aumenta o seu envolvimento e motivação no sentido de uma eficaz implementação da intervenção (25-28).

A formação de professores e outros intervenientes esteve presente em inúmeras intervenções (30, 31, 35, 44, 52, 53, 56, 60, 61). O Active Programme Promoting

Lifestyle in Schools (APPLES) é um exemplo de um PIANME, desenvolvido para

melhorar os hábitos de alimentação e actividade física, que envolveu a formação de professores e o apoio dos mesmos ao longo de toda a intervenção (66). No

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Gimne 5, aplicado em Nova Orleães, a formação também abrangeu os

manipuladores de alimentos das escolas abrangidas (56).

Envolvimento da família – A participação da família aumenta a efectividade das intervenções nutricionais, sobretudo aquelas destinadas a crianças mais jovens. Um envolvimento adequado estimula a preocupação dos membros da família para a problemática da alimentação saudável e aumenta a disponibilidade/acessibilidade de alimentos e/ou refeições saudáveis nos seus lares (4, 25-27, 45, 47).

A participação parental está presente em muitas das intervenções revistas neste trabalho (30, 35, 44, 52-54, 56, 57, 59-61, 64). Baranowski e colaboradores, num estudo de revisão de 16 PIANME, referem que a participação da família se concretizou através do envio de newsletters destinadas aos pais, de actividades para serem realizadas em casa, juntamente com os educandos, e de vídeos educativos para serem visionados nos respectivos lares (52).

Intervenção da comunidade e criação de parcerias – Alguns estudos indicam que intervenções nutricionais que envolvem a comunidade são mais efectivas no aumento do conhecimento e na melhoria das atitudes alimentares de crianças e adolescentes. Assim, a exploração de oportunidades e o planeamento concertado de acções de colaboração entre a escola e diversos sectores da comunidade contribuem para o sucesso das intervenções (4, 25-28).

A comunidade está envolvida em diversas intervenções analisadas (35, 52, 53, 56, 60, 63)

. Knai e colaboradores, no artigo de revisão já mencionado, enumeram algumas estratégias de colaboração da comunidade. Destaca-se a participação

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de produtores e vendedores locais de HF na disponibilização destes alimentos à comunidade escolar (53).

Elementos de auto-avaliação – A auto-avaliação deve ser uma estratégia comportamental adoptada em intervenções nutricionais. Porém, o seu uso é mais adequado naquelas que envolvem crianças mais velhas e adolescentes, uma vez que os conceitos abstractos são frequentes (26, 27, 36). Estudos demonstram que intervenções que envolvem este componente de auto-avaliação têm conseguido detectar uma melhoria das escolhas/comportamentos alimentares reportados (35).

Lytle refere uma intervenção onde foram aplicados instrumentos de auto-avaliação do padrão alimentar, a alunos do 10º ano, sendo detectadas melhorias do comportamento e das escolhas alimentares. No mesmo estudo, outra intervenção continha instrumentos de auto-avaliação informáticos, sendo detectadas melhorias no peso dos alunos e no consumo total de gordura e hidratos de carbono (35).

Avaliação da intervenção – A avaliação é imprescindível na aferição do impacto da intervenção. Uma constante monitorização do processo permite verificar até que ponto a implementação está a ocorrer, identificar fraquezas e redefinir estratégias (4, 25, 26, 56, 61, 66).

A avaliação mede não só a intervenção em si, como também o impacto da intervenção na população. Num estudo acerca da implementação de programas escolares para promover hábitos alimentares saudáveis e actividade física, McGraw e colaboradores referem que a extensão da implementação do currículo pode ser aferida através de 2 indicadores: a percentagem de actividades previstas

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concluídas e o número total de horas ministradas (31). Por outro lado, Contento e colaboradores, no artigo de revisão já referido, focam-se nos instrumentos de avaliação do efeito dos programas na população. Assim, para medir o impacto da intervenção nos conhecimentos dos alunos, foram aplicados questionários antes e após a intervenção. As questões abrangidas insidiam em temas gerais de Alimentação, nas funções dos nutrientes no organismo e sua relação com a saúde e no uso de guias alimentares na selecção de refeições saudáveis (23).

2.5. Recomendações para a implementação dos componentes dos PIANME

As recomendações que se seguem baseiam-se nas orientações emanadas pelo Departament of Health and Human Services do Center for Disease Control, presentes no documento - Guidelines for School Health Programs to Promote

Lifelong Healthy Eating, e visam orientar a implementação dos componentes

anteriormente referidos, no sentido do sucesso dos PIANME (22).

 FAZER O DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO

Para a criação de uma política nutricional (PN) concertada, identificar os problemas e necessidades da escola constitui aquele que deve ser o primeiro passo de um PIANME. Aceder à realidade da situação implica recolher informação de todas as partes relevantes da comunidade escolar (alunos, professores, auxiliares de educação, pessoal administrativo, manipuladores de alimentos, profissionais de saúde e pais). Recomenda-se, também, que se identifiquem outras políticas da escola em vigor, que sejam aferidos os hábitos

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alimentares dos alunos e que se perceba a importância atribuída pela escola à potencial participação da família e da comunidade (27).

Recolher a informação referida é uma tarefa que pode ser conseguida de várias formas, como por exemplo: entrevistas aos manipuladores de alimentos e ao demais pessoal envolvido no planeamento e preparação das refeições; observação dos espaços escolares onde são servidas refeições; entrevistas aos alunos e aos professores; e revisão do currículo escolar (22).

Os métodos anteriormente referidos são apenas exemplos de como aceder à informação necessária, pelo que cada escola deve adaptar-se à sua realidade e utilizar os meios disponíveis na obtenção de um fidedigno diagnóstico de situação.

 CRIAR UMA POLÍTICA NUTRICIONAL ESCOLAR

A criação de uma PN como parte integrante de uma política de saúde deve ser a base para a implementação das recomendações que se seguem. A ausência de uma PN pode levar a que a escola, de um ponto de vista holístico, entre em contradição com os conteúdos transmitidos dentro da sala de aula, constituindo ela própria uma barreira à adopção de comportamentos alimentares saudáveis. Só uma PN coordenada permitirá que as crianças e adolescentes recebam mensagens de EN consistentes e coerentes com o restante espaço escolar (5, 22, 27).

A criação de uma PN passa pela mobilização dos esforços disponíveis, de toda a comunidade escolar, no sentido de uma promoção adequada e abrangente de comportamentos alimentares saudáveis. A concretização de uma política assim requer a elaboração de um documento que contenha o diagnóstico de

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situação. O documento também deve referir a importância do componente nutricional no âmbito mais abrangente do programa de saúde escolar. Isto é, pode focar a influência da alimentação no desenvolvimento das crianças e adolescentes, a importância em diminuir os factores de risco de doenças crónicas como obesidade e a potencial contribuição do ambiente escolar como adjuvante à promoção de comportamentos alimentares adequados. Um documento assim, para além da informação já referida, deve conter os objectivos finais, as estratégias, actividades e materiais a desenvolver e o modo como avaliar as intervenções (5, 22, 27).

A criação de um “Comité de Nutrição”, constituído por alunos, profissionais de saúde, membros das associações de pais e/ou professores, pode contribuir para o sucesso da PN escolar, uma vez que aumenta a participação da comunidade educativa (22).

 CRIAR UM CURRÍCULO DE EN, APLICÁVEL A TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO

Um currículo abrangente de ES, com enfoque na relação estreita entre o comportamento individual e saúde, deve dar aos alunos a informação e as competências necessárias para que se tornem pessoas instruídas, capazes de melhorar a sua saúde e de evitar comportamentos de risco. Assim, a existência de um currículo de EN, como parte integrante do currículo geral de saúde, contribuirá para a obtenção mais assertiva dos referidos objectivos de saúde. Atendendo, também, a que a EN partilha muitos dos seus objectivos com outras áreas da saúde, as actividades das diferentes áreas podem (e devem) interligar-se (22, 27).

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Recomenda-se que o currículo nutricional seja contínuo e a sua implementação abranja todos os anos lectivos, desde o ensino básico ao ensino secundário (5, 22, 27). No entanto, a componente decorrida dentro da sala de aula deve ser apenas um dos muitos elementos do currículo nutricional. Neste sentido, importa abranger não só o currículo formal (aquele que é ensinado dentro da sala de aula), como também o currículo “escondido” (inclui todas as actividades ocorridas no espaço escolar, nomeadamente nos locais onde são servidas refeições) e o currículo paralelo (inclui as actividades extra-curriculares decorridas, por exemplo, em casa ou nos campos de férias) (4, 25).

O guia de EN, Healthy eating for young people in Europe, desenvolvido por Dixey e colaboradores, propõe uma lista de objectivos educacionais a incluir num currículo de EN. Este visa ser concretizado através de diferentes actividades dentro da sala de aula. Os objectivos e actividades estão organizados no sentido de abranger todas as faixas etárias, dos 4 aos 16 anos (4).

 DESENVOLVER ACTIVIDADES ADEQUADAS, CULTURALMENTE RELEVANTES E

INSERIDAS NUM AMBIENTE DIVERTIDO E AMIGÁVEL

Diferentes estratégias educativas, como já foi referido anteriormente, devem ir ao encontro dos diferentes estádios do desenvolvimento cognitivo. Assim, as estratégias a usar com crianças mais novas devem basear-se em experiências concretas. Por outro lado, para crianças mais velhas e adolescentes, podem ser usadas associações mais abstractas ao mesmo tempo que se estimulam a responsabilidade pessoal, as competências de tomada de decisão, e a capacidade de resistir a pressões sociais negativas (22). O documento - Guidelines

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anteriormente, contém uma lista de actividades adaptadas aos diferentes graus de ensino. As actividades propostas naquele documento visam abranger todos os membros da comunidade escolar e promover comportamentos alimentares saudáveis, sem menosprezar as particularidades de cada grau de ensino (22).

A escola abarca diferentes grupos étnicos (não tanto em Portugal, por enquanto) e, como tal, alunos com diferentes culturas, padrões, atitudes, hábitos e preferências alimentares. Recomenda-se que estas diferenças sejam consideradas na implementação das intervenções nutricionais. Caso isto não se verifique, corre-se o risco de as mesmas saírem fracassadas, uma vez que os alunos tendem a adoptar apenas aqueles comportamentos que sejam relevantes para si (26).

As mensagens de EN, para serem efectivas, devem enfatizar os aspectos positivos dos alimentos e as vantagens de uma alimentação saudável, ao invés das consequências negativas dos maus hábitos alimentares. Esta informação deve, também, ir ao encontro daquilo que é relevante para as respectivas faixas etárias, não esgotando esforços com mensagens pouco adequadas. Exemplificando, transmitir a crianças de dez anos que “É importante beber leite, porque o mesmo previne a osteoporose” talvez não seja uma prioridade. Neste caso, será mais oportuna a mensagem “É importante beber leite para teres ossos fortes e poderes crescer” (22, 26).

Acresce ainda a necessidade de integrar elementos ao ar livre, de dotar a escola de espaços agradáveis e de possibilitar que os alunos, professores, auxiliares, entre outros, usufruam com tempo das suas refeições. Sugere-se, também, a criação de hortas escolares, no sentido de estimular nos alunos a curiosidade e o gosto por HF, de os responsabilizar pela plantação e manutenção

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das diferentes espécies e, ainda, de transmitir competências de preparação e confecção de alimentos, nomeadamente de saladas e de sopas (26, 27).

 REFORÇAR AS MENSAGENS DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ATRAVÉS DO ENVOLVIMENTO

DE TODO O SERVIÇO ALIMENTAR DA ESCOLA

No que respeita às refeições realizadas na escola, estas devem constituir um prolongamento daquilo que foi abordado no currículo formal. Assim, como parte integrante do currículo “escondido”, a escola deve disponibilizar alimentos nutricionalmente adequados, não só através do bar, como também da cantina e das máquinas de venda automática (5, 22, 25-28).

Deve haver, ainda, a preocupação de envolver nas actividades de EN todo o pessoal encarregado de preparar as refeições. Sugere-se que este visite regularmente as salas de aula e que os alunos passem algum tempo nas cozinhas. Esta partilha de experiências será benéfica para todos (22, 27).

Recomenda-se também o envolvimento dos alunos na elaboração do menu escolar e a colocação de mensagens nutricionais, por eles produzidas ou pelos manipuladores de alimentos, nos espaços de restauração (22).

 PROMOVER FORMAÇÃO CONSISTENTE A TODO O PESSOAL ENVOLVIDO NA

INTERVENÇÃO NUTRICIONAL

A formação dada aos professores e outros intervenientes deve proporcionar-lhes a informação e motivação necessárias à optimização da implementação dos currículos formal e paralelo (25, 26).

A formação deve ir ao encontro das necessidades de todos os que a adquirem, sem esquecer o nível dos seus conhecimentos acerca de alimentação e nutrição e. Deve existir uma formação inicial, antes da implementação dos

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programas. Um apoio contínuo, ao longo das intervenções, deve também ser fornecido, no sentido da actualização de conhecimentos e da optimização das estratégias implementadas. Nas sessões de formação devem ser incluídos momentos de partilha de experiências (22, 27).

No que respeita aos professores, a formação deve provê-los não só de informação, mas também de técnicas de ensino. Todos os professores, quer sejam de Matemática, Português ou outra disciplina, podem receber formação.

A formação dada aos manipuladores de alimentos ou outro pessoal envolvido no planeamento e preparação das refeições deve ser contínua, no sentido de estes reforçarem junto das crianças e adolescentes, implícita ou explicitamente, as mensagens transmitidas dentro da sala de aula (5, 22, 27).

 REFORÇAR O ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA E DA COMUNIDADE NA INTERVENÇÃO

NUTRICIONAL

Outra parte relevante do currículo paralelo diz respeito à participação da família e da comunidade nas actividades de EN (25-27).

Os membros da família, os quais exercem um importante papel como modelos sociais, também devem adoptar comportamentos alimentares saudáveis. Assim, para além de servirem de exemplo, podem tornar mais adequadas as ofertas alimentares disponíveis em casa. A mudança de comportamento pretendida, principalmente por parte das crianças mais jovens, torna-se deste modo mais efectiva. A participação da família pode ocorrer através de material enviado para os respectivos lares, de visitas frequentes à escola (para almoçarem com os filhos, para participarem em alguma actividade específica ou ainda para integrarem formações/workshops), da escolha criteriosa dos lanches a enviar à

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escola e através da participação nos trabalhos-de-casa dos respectivos educandos (22, 45, 47).

As crianças e adolescentes adoptam mais facilmente comportamentos saudáveis se os mesmos forem reforçados continuamente em todos os níveis das suas vidas. Assim, para além dos portões da escola, toda a comunidade deve reforçar os conhecimentos adquiridos e as competências criadas. Este envolvimento pode dar-se através de parcerias entre a escola e alguns sectores da sociedade, tais como empresas, indústria, serviços de saúde, organizações não-governamentais, clubes desportivos e a comunicação social (4, 5, 22).

Outros exemplos de estratégias que visam facilitar o envolvimento da família e da comunidade nos PIANME foram descritos por Pérez-Rodrigo e colaboradores. Estas passam por informar os pais de todas as actividades que decorrem na escola; encorajar a associação de pais e/ou professores a planear actividades que possam ser incluídas nos programas; estimular os familiares a participarem em actividades de EF; e encorajar diferentes sectores da comunidade a organizarem passeios ao ar livre ou demonstrações na escola (27).

 AVALIAR A INTERVENÇÃO

A avaliação do programa assume especial importância, uma vez que determina se algum dos componentes deve ser alterado; identifica pontos fracos e formas através das quais as actividades podem ser melhoradas; dá credibilidade ao programa; e, muito importante, determina se os objectivos foram atingidos.

Importa, nesta altura, distinguir dois conceitos inerentes à etapa da avaliação. O primeiro deles – eficiência – diz respeito à avaliação do processo propriamente dito, ou seja, à monitorização do processo. O enfoque desta

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avaliação está nas actividades programadas e não nos resultados finais da intervenção. A avaliação do processo permite concluir se o programa está a prosseguir como o delineado, quais os aspectos que estão a funcionar bem e quais aqueles que podem ser removidos ou melhorados (25, 56). Aferir a eficiência do programa, no fundo, avalia se as recomendações anteriormente referidas foram bem sucedidas: se foi realizado um fidedigno diagnóstico de situação; se foi criada uma PN como parte integrante de uma política de saúde; se foi implementado um currículo nutricional contínuo e abrangente; se as actividades desenvolvidas foram adequadas e relevantes; se o currículo “escondido” foi ao encontro do currículo formal; se os professores e os outros intervenientes receberam formação adequada; e se houve envolvimento da família e da comunidade (22).

O segundo conceito que importa distinguir – efectividade – avalia os efeitos do programa na população e afere as modificações de comportamento obtidas (23, 25)

. Medir a efectividade de um programa passa muitas vezes por aferir mudanças em um ou mais dos seguintes parâmetros: conhecimento acerca alimentação e nutrição; atitudes, preferências, consumos e comportamentos alimentares; variáveis psicossociais, como as expectativas, a auto-eficácia e a auto-estima; intenções comportamentais; variáveis fisiológicas; e variáveis ambientais (22, 23).

Em suma, um programa eficiente decorreu como o previsto; um programa efectivo teve o efeito desejado na população (4).

Medir a eficiência e a efectividade de um programa requer, em ambos os casos, instrumentos que sejam válidos e fiáveis, sob pena de se obterem resultados pouco fidedignos (23, 27, 31, 36). Um programa pode, incorrectamente, ser classificado como não efectivo se a validade e/ou fiabilidade dos instrumentos de

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avaliação não forem as mais adequadas (23). Um instrumento largamente referido por McGraw e colaboradores na medição da implementação do currículo é a aplicação de questionários aos professores (medição da eficiência) (31). Para medir consumos alimentares, Contento e colaboradores indicam diários alimentares, questionários de frequência alimentar e/ou questionários das 24 horas anteriores (medição da efectividade). A selecção do melhor instrumento ou, mais especificamente, a escolha entre diários alimentares de 3 ou 7 dias ou a escolha entre um ou múltiplos questionários das 24 horas anteriores depende das particularidades de cada uma das intervenções (23).

2.6. Outras considerações acerca dos PIANME

A implementação dos PIANME pode ser maximizada, através da modificação de alguns dos seus componentes.

Por exemplo, ainda não há consenso sobre quem deve ministrar as aulas de EN. A opção mais utilizada recai sobre os professores das diferentes disciplinas. Outras opções incluem outros educadores, profissionais de saúde e responsáveis pelo planeamento das refeições. Uma alternativa encontrada aponta para a utilização de um professor (que domina as estratégias educativas) e um nutricionista (que domina os conceitos de nutrição e alimentação) (55).

Também ainda não há consenso sobre a forma de introduzir a EN: se através de um módulo/disciplina específica de Alimentação e Nutrição, se através da inclusão dos seus conceitos nas disciplinas já existentes, como por exemplo, Matemática ou Línguas. A última opção referida já evidenciou resultados interessantes, tendo contribuído para o sucesso de algumas intervenções (26, 30).

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Ainda em relação às sessões do currículo formal, diferentes estratégias podem ser usadas: simples exposição de conteúdos, promoção de

brainstormings, recurso ao drama (teatros escolares) (26), utilização de vídeos educativos (67) e recurso a softwares inovativos e Internet. Pensa-se que, no futuro, irá haver uma adopção massiva de softwares interactivos de auto-aplicação, os quais têm a vantagem de poderem ser adaptados às necessidades de cada indivíduo, para além de dispensarem o recurso a professores e poderem ser usados em casa ou nas férias (68, 69).

Um currículo abrangente de ES que inclua, para além da EN, outras áreas como a Psicologia e a EF, consegue mais eficazmente reforçar a importância da adopção de um estilo de vida saudável (27). Por exemplo, existem evidências que o efeito sinergista da junção de actividades de EN e EF é uma boa estratégia na promoção de comportamentos de saúde, para além de contribuir para reverter a tendência crescente da obesidade infantil (70, 71).

A efectividade de um PIANME depende não só da sua eficiência, mas também da proporção da população que consegue atingir. Assim, um programa eficiente pode não ser efectivo se não for devidamente disseminado. O sucesso dos PIANME requer, portanto, uma correcta divulgação e uma capacidade de persuasão tal que leve as pessoas a aderir (44).

3. Etapas da elaboração de um PIANME

Estão descritos na literatura diferentes métodos que visam orientar o desenvolvimento, implementação e avaliação de programas de PS.

No seu Guia de Planeamento e de Avaliação da Educação Alimentar na

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eficaz na obtenção dos resultados desejados. O guia compreende um método de 10 etapas, distribuídas por 4 fases, para o desenvolvimento e implementação de PIANME (ou de outros programas de PS). A primeira fase é a de Diagnóstico e compreende:

- etapa 1: análise da situação alimentar da escola;

- etapa 2: apreciação das actividades educativas já realizadas;

- etapa 3: apreciação dos conhecimentos, preferências e práticas alimentares dos alunos.

A segunda fase – Fase de Preparação – abrange: - etapa 4: definição de prioridades;

- etapa 5: definição de objectivos;

- etapa 6: planeamento das actividades.

A Fase da Realização é constituída por uma única etapa: - etapa 7: acompanhamento das actividades.

A última fase – Fase de Avaliação – compreende: - etapa 8: avaliação dos resultados ao nível da escola; - etapa 9: avaliação dos resultados ao nível dos alunos;

- etapa 10: avaliação dos resultados ao nível da família e da comunidade. Os autores acrescentam que nem todas as etapas não obrigatórias percorrer e que as diferentes fases funcionam melhor segundo um ciclo (72).

Um outro método referido na literatura – Precede-Proceed – proposto por Green e Kreuter, é um modelo de planeamento de programas de PS, que pode ser adoptado para o desenvolvimento e implementação de PIANME. Este modelo compreende 5 fases, de A e E:

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Fase B – identificação dos factores de risco;

Fase C – análise dos determinantes individuais ou ambientais dos comportamentos de risco;

Fase D – desenho das actividades;

Fase E – implementação das actividades.

O planeamento de intervenções de PS assumiu maior importância após o surgimento deste modelo. Contudo, algumas críticas referem que aquele se centra nas mudanças que são necessárias alcançar (O quê?) e não no modo de alcançar tais mudanças (Como?) (60).

O Intervention Mapping foi desenvolvido por Bartholomew e seus

colaboradores para colmatar a lacuna referida do Precede-Proceed (60, 73). Este método conduz o desenvolvimento e implementação de programas de PS, através de um processo de 5 fases:

1) definição dos objectivos do programa;

2) definição dos métodos/estratégias de intervenção; 3) desenho da intervenção;

4) adopção e implementação; 5) avaliação da intervenção.

Os autores acrescentam que, antes da aplicação do processo propriamente dito, é necessário conhecer a realidade da população, os seus problemas e necessidades, através da elaboração de um diagnóstico de situação (44, 60, 62).

Os métodos anteriormente referidos constituem ferramentas úteis a adoptar por profissionais de saúde, professores ou outros envolvidos na elaboração de programas de PS ou, mais concretamente, de PIANME.

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Não obstante as particularidades de cada um, o planeamento de programas de PS parece seguir um conjunto de etapas, relativamente comuns a todos eles.

A primeira fase diz respeito à identificação dos problemas e necessidades, ou seja, à realização de um diagnóstico de situação. Este pode ser conseguido mediante a compilação de informação já existente ou através da recolha de novos dados. Estabelecer prioridades constitui a segunda fase, a qual antecede a definição dos objectivos, gerais e específicos (terceira fase). O desenho das actividades corresponde à quarta fase. As actividades podem, por exemplo, aumentar o conhecimento da população, alterar as atitudes alimentares da população ou modificar a disponibilidade dos alimentos. A quinta fase é a de mobilização de recursos, quer sejam humanos, materiais e/ou financeiros. A última etapa compreende a avaliação da intervenção (eficiência e efectividade).

4. Aprende a Comer com a Fada Dentinho – um exemplo local

Aprende a comer com a Fada Dentinho é um programa desenvolvido pelo

Serviço de Nutrição e Alimentação (SNA) da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), Empresa Pública Empresarial (EPE), no âmbito do Programa de Saúde Oral do Programa Nacional de Saúde Escolar. A implementação inaugural ocorreu no ano lectivo 2001/2002 e o programa continua a ser aplicado anualmente.

Inicialmente, a população-alvo do programa era constituída pela comunidade escolar do 1º ano do Ensino Básico (EB) do concelho de Matosinhos. O programa foi recentemente alargado contemplando, para além da população já referida, a comunidade escolar do 2º ano do EB das mesmas escolas.

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O programa tem como objectivo geral promover atitudes e comportamentos alimentares saudáveis, e como objectivo específico, promover em 100% dos alunos intervenientes a realização das actividades de EN contempladas.

A elaboração do programa foi antecedida pela realização de um diagnóstico de situação. Este evidenciou uma elevada prevalência de comportamentos alimentares desadequados entre as crianças, necessidades manifestadas pelas escolas em promover a EN e, ainda, uma necessidade veemente de optimizar a actuação das equipas de Saúde Escolar, dos 4 centros de saúde da ULSM.

Baseada na evidência que as intervenções multi-componente são mais efectivas do que aquelas que incluem apenas um componente, a equipa do SNA criou o Aprende a comer com a Fada Dentinho, um programa que abrange vários componentes, descritos de seguida.

Fundamento teórico e enfoque comportamental – O programa visa, em última instância, a modificação de comportamentos de risco e/ou a adopção de comportamentos saudáveis por parte da população-alvo, o que explica o seu enfoque comportamental. O programa baseia-se essencialmente na TSC que, como já foi referido antes, perspectiva o comportamento como sendo o resultado da influência quer de factores inerentes à própria criança, quer de factores ambientais. Assim, de acordo com a TSC, o programa pretende aumentar os conhecimentos sobre alimentação saudável; aumentar a auto-eficácia e as expectativas das crianças; estimular a preferência por alimentos saudáveis; e aumentar o apoio social. A acção sobre tais variáveis mediadoras permitirá mais efectivamente influenciar o comportamento das crianças.

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Componente “sala de aula” – O Manual Aprende a comer com a Fada Dentinho, um livro de actividades que tem por base uma estória infantil, foi elaborado para conduzir a implementação deste componente “sala de aula”. Assim, à medida que a história vai sendo narrada, o aluno é convidado a participar em diversas actividades. A narrativa baseia-se nas situações reais do dia-a-dia de dois irmãos

gémeos, o João e a Maria, que estão no início de mais um ano lectivo. As suas aventuras decorrem não só na escola e em casa, mas também durante os fins-de-semana e férias. Outras personagens como os seus pais estão envolvidas. Através do recurso aos dois irmãos, a história tem em conta as diferenças de género.

Com o alargamento do programa, este passa a contemplar também a distribuição de 3 newsletters – Notícias da Fada Dentinho: A Fruta; Os Hortícolas;

e Os Lacticínios. Cada uma destas newsletters adiciona novas peripécias dos

dois irmãos e aborda um grupo de alimentos diferente (fruta, hortícolas e lacticínios).

Quantidade e/ou duração da intervenção – O manual propõe a realização de 10 actividades, a desenvolver ao longo de um ano lectivo (1º ano) e respectivas férias escolares. A duração escolhida corrobora com o facto de o sucesso de intervenções nutricionais estar associado a pelo menos um ano de duração. A

distribuição das 3 newsletters, uma por cada período lectivo, é feita aos alunos intervencionados no 1º ano e que transitaram para o 2º ano.

Adequação, relevância e ambiente das actividades – As actividades propostas pelo manual e pelas newsletters assentam em objectivos e estratégias educativas

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adaptados ao desenvolvimento cognitivo dos alunos do 1º e 2º anos, respectivamente. As aventuras e peripécias narradas na história buscam aproximar-se da realidade dos alunos, os quais têm sensivelmente a mesma idade das personagens. Isto, inevitavelmente, torna relevantes as informações e actividades contempladas no programa. Em relação ao ambiente, as actividades visam ser desenvolvidas não só em contexto escolar, como também em casa com os encarregados de educação, ambos ambientes familiares aos alunos e, em princípio, amigáveis e propiciadores de aprendizagens.

Formação de professores – Todos os professores envolvidos, quer os do 1º, quer os do 2º ano recebem uma formação de 4 horas, previamente ao início da intervenção. Os professores do 1º ano recebem, na formação, o Manual do

Professor, o qual é constituído por três partes: Parte 1 – apresentação e descrição das actividades e seus objectivos; Parte 2 – livro de actividades Aprende a comer com a Fada Dentinho; Parte 3 – grelha de avaliação das actividades, sugestões e comentários (a preencher pelo professor). Os professores do 2º ano recebem, na formação, o Guia de Utilização da Newsletter, o qual visa orientá-los na dinamização das actividades e respectiva avaliação.

Envolvimento da família e comunidade – Este programa valoriza uma estratégia interactiva que, para além dos alunos e professores, envolve também a família e profissionais de saúde. Assim, algumas das actividades contempladas no manual e/ou newsletters requerem ser terminadas (ou realizadas totalmente) em casa, com a colaboração dos pais ou outros membros da família. Para além disto, as nutricionistas comunitárias, integradas em equipas multidisciplinares,

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prestam uma colaboração permanente a toda comunidade escolar envolvida, de forma a orientar a aplicação e dinamização do manual.

Avaliação da intervenção – A avaliação do programa (eficiência) considera uma série de parâmetros que visam apurar: a adesão das escolas EB1 ao programa; a extensão de professores do 1º e 2º anos que exploraram o manual/newsletters e que entregaram as grelhas de avaliação; e o número de alunos que efectuaram as actividades. A avaliação das actividades é também efectuada pelos professores, de acordo com as referidas grelhas de avaliação, através dos seguintes parâmetros: utilidade de aplicação; facilidade de aplicação; e adesão dos alunos. Os comentários e sugestões dos professores às actividades propostas são, ainda, considerados para efeitos de avaliação.

O programa Aprende a comer com a Fada Dentinho integra-se interactivamente nos pressupostos do Programa Tipo de Saúde Escolar, indo ao encontro da moderna Saúde Pública e do conceito de empowerment.

Esta apresentação sumária do programa Aprende a comer com a Fada Dentinho – e tendo em conta a avaliação dos dois primeiros anos de aplicação – evidencia que programas consistentes e dotados dos componentes apropriados, quando devidamente implementados, como é o caso, poderão ser uma mais-valia para a comunidade (74).

Considerações finais

Perante o cenário actual de elevadas taxas de morbilidade/mortalidade, relacionadas com factores alimentares, é relevante reforçar a importância da nutrição na saúde das comunidades. Falar de Nutrição Comunitária é pertinente,

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assim como o é o desenvolvimento de actividades no contexto da comunidade, no sentido de melhorar o estado nutricional dos seus indivíduos e, em última instância, promover a saúde dos mesmos.

Os Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional surgem, neste contexto, como instrumentos imprescindíveis à concretização dos objectivos de PS anteriormente referidos. Como futura nutricionista, encaro a realidade actual como um desafio ao planeamento, implementação e avaliação de actividades concertadas de alimentação e nutrição como forma de reverter o referido cenário. E o desafio estende-se à necessidade de envolver a comunidade, mobilizar todos os seus esforços, e dotar os indivíduos da autonomia e competências indispensáveis ao controlo da própria saúde.

Está comprovado que os PIANME são efectivos em melhorar os comportamentos alimentares e, consequentemente, em promover a saúde de toda a comunidade educativa. Nesta medida – e dadas as particularidades deste público-alvo – a EN ganha ainda mais relevância.

Finalmente, atendendo a que o mercado de trabalho actual contempla um elevado número de nutricionistas dedicados às actividades de Nutrição Clínica, a perspectiva de oportunidades futuras direccionou o meu trabalho para o âmbito da Nutrição Comunitária. O tema desta revisão bibliográfica, que assim assumiu especial interesse, aumentou o meu gosto por esta área de intervenção e preparou-me para uma participação mais correcta em programas de intervenção alimentar/nutricional.

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Referências

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