UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE SANTA CATARINA
CENTRO
DE
CIENCIAS
DA
EDUCAÇAO
PROGRAMA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO
CURSO
DE
MESTRADO
EM
EDUCAÇÃO
LINHA
DE
INVESTIGAÇÃO;
EDUCAÇÃO
E
CIENCIA
FORMAÇÃO
EDUCACIONAL
PERMANENTE
EM
CIÊNCIAS
NATURAIS
E
PESQUISA-AÇÃO
NA ESCOLA FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do
1
Programa de Pós-Graduação
em
Educação daUniversidade Federal de Santa Catarina,
como
requisito parcial para a obtenção do titulo de Mestre.Orientador. Prof. Dr. José André Peres Angotti.
CARLOS ALBERTO SOUZA
" -'Â
uN|vERs|DADE
FEDERAL
DE
sANTA
cA1'AR|NA
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA
DE Pós-GRADUAÇÃO
CURSO
DE
MESTRADO
EM
EDUCAÇÃO
“FORJMA
ÇÃO
EDUCA
CI
ONAQ
PERMANENTE
EM
CIÊNCLAS
NATURAIS
E
PESQUISA-A
ÇAO NA
ESCOLA
FUNDAMENTAL
”. IDissertação submetida ao Colegiado
do
Curso de Mestrado
em
Educação do
Centro de Ciências daEducação
em
cumprimento parcial para a obtençãodo
título de Mestreem
Educação.APROVADO
PELA
CONIISSÃO
EXAMINADORA
em
13/09/96Prof. Dr. José
André
Peres Angotti - (Orientador)/fg
W
[Xl
Prof. Dr. Sérgio Brasil Nazário
Scala-UFMT
(Examinador)Profa. Dra.
Leda
Scheibe (Examinadora)äk-°Êe__.ê
UL-¬'
L*-
Prof. Dr. Demétrio Delizoicov (Suplente)K0/Õ
v.1\z-CARLOS
ALBERTO
SOUZA
Florianópolis, Santa Catarina, setembro de 1996.
{
.Vlw zw,gvii
AGRADECIMENTOS
Ao
professor-orientador eamigo
Zé
André que
acompanha
acaminhada
académica
desde
a graduação;ao
Fábio pelosmomentos
de
discussões, co-orientação, credibilidadee
parceria constante;às professoras Ione, Neigle e Silvana
que superam
adversidades edesafiam
ol
estabelecido, pelo processo educacional vivido;
aos
alunos das séries iniciaiscom
quem
trabalhamos;aos
professoresdo
programade Pós-Graduação da
UFSC,
principalmente,Osvaldo José Casonato, Demétrio Delizoicov e Selvino José
Assmann;
à Ione, colega
de
curso,com quem
somei durante as disciplinas;à Mari,
minha
companheira,que sabe compreender e
colaborar nosmomentos
decisivos, inclusive revisando os textos
que
escrevi paraa
dissertação;à
Dina, Felipe, Renato, Débora, Eduan, Reinaldoe
Josiane por tudoque
representamem
minha
vida;alho
de
Sapucaiado
Sul/RS, Margarete e Maria Helena, pelaàs colegas
de
trabcolaboração
com
o abstract e sugestões para a revisão final;aos
funcionáriosda
secretariade
Pós-Graduação; eà
CAPES,
pelo financiamento,que
possibilitouminha
dedicação exclusivaao
iii
De
forma especial paraZé
André, Demétrio,Osvaldo, Fábio e Paulo Freire,
que
representam osque
acreditamna
ousadiado
diálogo, lutam por
uma
educação que
sejauma
prática para a liberdade, almejamuma
pedagogia para os oprimidos e, vivem, na
verdadeira
acepção do
termo, a supremaciaÍNDICE
RESUMO
ABSTRACT
APRESENTAÇÃO
1.A
QUESTÃO
E
DESDOBRAMENTOS
1.1|NTRODUÇÃO
I1.2
EDUCAÇÃO
PÚBLICA E
SEU
SUCESSO: LOCALIZAÇÕES
E
DISCUSSÕES
1.3
PROBLEMA
E
SUA
DELIMITAÇÃO
1.4QUESTÕES
NORTEADORAS
1.5ETAPAS
DE |MPLEMENTAÇÃO
2.
A
CONCEPÇÃO
DE
PESQUISA
EDUCACIONAL
QUE
BALizAO
PROJETO
2.1PESQU|SADOR
AT|vO-CR¡T|CO2.2
COMUNIDADE
CRÍTICA,GRUPOS
DE
AÇAO
E
FORMAÇÃO
DE
PROFESSORES
2.3
CONCEPÇÕES
DE
PESQUISA
E
ABORDAGENS
EDUCACIONAIS
vii viii ix O1 O1
O5
10 12 1625
25
26
39
_
3.
EDUCAÇAO EM
CIÊNCIAS NATURAIS:
ABORDAGENS
CONCEITUAL
UNIFICADORA
EEDUCACIONAL
TEMÁTICA
3.1
EDUCAÇAO
DIALÓGICA/PROBLEMATIZADORA
3.2
EDUCAÇÃO
TEMÁTICA:
O
MEIO
COMO
ORIENTADOR
3.3
EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS
NATURAIS
VIACONCEITOS
UNIFICADORES
, .
4.
A
PRATICA
EDUCACIONAL
4.1
CHEGADA
NA
ESCOI_A4.2
IDENTIFICANDO
As
PARCERIAS
4.3
ESTRATÉGIAS DE
AÇÃO
4.4
DEFININDO
O
GRUPO
DE
AÇÃO
4.5
PLANEJANDO CODABORATIVAMENTE
4.6AÇÕES
NA
SAI_ADE
AULA
4.7
REELETINDO
A
PRÁTICA
4.8
REPLANEJANDO COLABORATIVAMENTE
4.9
NO
CAMINHO,
NOVAS
PARCERIAS
4.10
SUBSÍDIOS
PARA
UMA PROPOSTA
CONCLUSÕES
E
QUESTIONAII/IENTOS BIBLIOGRAFIAVl
"A
esperança
éuma
necessidade
ontológica,existencial. 'Não
se
é
homem
sem
esperança'.Não
se constituialguém
em
sujeitosem
esperança.Se
requer»uma
educação da
esperançaque
consistanum
fortalecimentoda
vontade,que
se produzquando
se elege por valores,quando
se aponta paraum
futuro,quando
se opta porum
compromisso,quando
sevive
um
testemunho,quando
se trabalha.Porque
'a
esperança
necessitada
pra'tica',da
ação,para
não
ficar
em
mero sonho ou
desejo, 'paratomar-se
num
concreto histórico'com
nossa
vida
e vontade
confonnando
esse
concreto" (CIRIGLIANO, 1995: 01, tradução e grifos meus).vii
RESUMO
A
organizaçãodos
programas curricularese
as práticas educacionaisde
ciências naturais,no
ensino fundamental, ainda estão longede
aproximar os assuntos abordadoscom
situaçõeslfenõmenosdo
cotidiano.Uma
atitudeque
desconsidera osganhos de
conhecimentos científicos e,não
raro, contribui parauma
visãode mundo,
opacizada,
fundamentada
em
descrições,com
caracteristicas fragmentadase
ascéticas.Apesar
disso, a grande maioria dosprogramas de
formação para os professoresnão
explicita os critérios para a construçãoe execução de
propostas curriculares.Pesquisamos e
trabalhamoscom
quatro professoras das séries iniciaisde
uma
escola pública, considerando-as sujeitos conscientes e agentesde mudanças,
buscando o
conhecimentode
suas dificuldades e problemas,como
base
parapotencializar as transformações efetivas
na
prática educacional. .A organizaçãocurricular priorizando, concomitantemente, as totalidades trabalhadas pelo
conhecimento
em
ciências naturais(abordagem
“conceitual unificadora")e
ascontradições nas leituras
de
mundo
doseducandos
(“educação temática”a
qualpode
proporcionaruma
aproximaçãocom
o meio) foram fundamentais para alimentar otrabalho
de
um
grupode
ação, sintonizadocom
os problemas geradosna
práticaeducativa. Simultaneamente a isso, realizamos
um
programade
“pesquisa-açãoeducacional”
como
requisito para se atingir o desenvolvimento profissional desejado.Estes aspectos teórico-práticos sustentaram nossas ações e sinalizaram para
uma
viii
ABSTRACT
The
organization of curricular programsand
the educational practices of naturalsciences in elementary school .are still far from relating the
approached themes
toeveryday situationslphenomena.
Such
attitude disregards the gains in scientificknowledge
and
very often contributes to a blurred vision of the world,based on
descriptions with fragmented
and
ascetic characteristics. ln spite of that, the greatmajority of teachers' training courses does not explicit the criteria for the construction
and
implementation of curricular plans..We
have researchedand worked
along with four elementary public school teachers, having recognizedthem
as conscious subjectsand
change-provoking agents,and
havebecome
acquainted with their difficultiesand
problems, as ameans
to assist the effective transformations in educational practices.Curricular organization regarded as a prior
concem
to the general context through theknowledge
of natural sciences (“unifying-conceptual" approach), concomitant with the contradictions present in theway
the world is interpreted by the students (“thematiceducation", which can establish
an
approximation to everyday living),were
basic tomake
possible thework
ofan
action group in tune with the problems generated ineducational practice. Simultaneously,
we
have accomplished “an educational actionresearch" program, as a requirement to attain the desired professional development.
These
theoretical-practical aspects have supported our actionsand have
signalled to aIX
APRESENTAÇAO
'
No
sentidode
equacionar e buscar altemativas para os problemasque
uma
prática educativa informada possa subsidiar,
no
escopo de
um
projeto pedagógicoque
envolva os professores, pode-se vislumbrar possibilidades para
um
agir educacionalem
parcerias.A
aproximação entre teoria e prática pedagógica, assimcomo
as dificuldadesdo
ensinode
ciências naturais nas séries iniciais, tornam imprescindíveisa parceria
com
envolvidosque
estejamno
exercício educacional.Ao
mesmo
tempo
que
nos orientam paraações
educativascom
docentesdas
séries iniciais; objetivandouma
melhorcompreensão
destas.Neste processo,
buscamos
nas práticasdo
passado, soluções para o futuroeducativo
que
viveremos,assumindo
uma
atitude prospectiva,que somente
obterá respostasnuma
investigação pedagógica.Nossa
preocupação fundamental nos remeteua
estas perspectivasa
fim
de
concretizarmudanças
onde
nos localizamos.'O desenvolvimento profissional a
que estamos
sujeitose
nossa organização teórico-prática foram balizados pelasconcepções
educacional temáticade
FREIRE
(1985) e conceitual unificadora
de
ANGO`l'l'l (1991),no
que
diz respeito á escolha dos conhecimentosde
ciências naturais; organizadossegundo
umprograma
de
pesquisa-açâo
educacionalem
cARR
e
KE|v||v||s (1986).1.
QUESTÕES
E
oEsooBRAMENTos
i1|NTRoouçÃo
As
primeiras sériesda
escolaridade fundamental são o primeiro contatocom
temas
de
ciências naturais (CN) e, infelizmente, único para milhõesde
brasileiros.A
organização dos programas curriculares e as práticas educacionaisde
CN, muitas vezes, reforçam as visões opacizadas e fragmentadasde
mundo
para ascrianças.
Além da
faltade
vínculo dos conteúdos abordadoscom
temas
mais próximosde nossa
vida,não
raro, privilegia-se amemorização
dos conhecimentosde
CN,quando
não, relegados parao
segundo
plano.São
ainda minoritários os programasde
formaçãode
professoresque atendam
a estas preocupações e critérios para
a
construção eexecução de
propostas curriculares.O
que percebemos é
a prática costumeirade
cursos ministrados porespecialistas
em
determinados assuntos, desvinculadosda
realidade particular dos docentes que,na
maioria das vezes,não
consideram suas experiências educativas,despejando conhecimentos,
como
se, assim, os docentes saíssem prontos,com
suasações
modificadas.Temos
constatadoque
tais posturas estão longede
provocartransformações nas práticas educacionais
na educação
fundamentalem
CN.
No
sentidode
equacionare
buscar soluções para estes problemas, nos organizamosem
grupo,num
projeto pedagógicoque
envolve os docentes, agindo colaborativamente, visando auma
“melhorcompreensão
emudança
das
práticas educacionaisde cada
um.Nosso
contatocom
os professores ocorreuem
agosto/94, desdobrando-seem
reuniões, planejamentos e
ações
educativasem
parceria até novembrol94.Um
levantamento preliminar,onde
procuramos nos conhecer mutuamente.Discutimos nossas práticas educativas, procurando explicitar o objetivo
de
estabelecer
uma
equipede
trabalho. Isto precisava estar claro, pois a grande maioriadas propostas educacionais são
de
caráter aplicativo.Além de não
contarcom
aparticipação dos professores
em
suas elaborações, deixam-nosem
situações difíceisem
salade
aula, poisnão
tendo sido intérpretes, suas compreensões, muitas vezes, são dificultadas, acarretandoem
concepções
e desenvolvimentos diferentes daqueles2
Incentivei a participação nos encontros, direcionando a atenção para
uma
melhorcompreensão do
grupoque
se forma,do
que cada
um
pensa
sobre questõescomo
a prática educacional,educação
escolar, paraque
equem
educamos,
como
interagimoscom
as crianças, professorese comunidade
e, principalmente, quais os conhecimentos educacionaisque
estamos veiculandona
salade
aula, oque
pensamos
e
pretendemoscom
ele.Na
seqüência,desenvolvemos
atividadesde
planejamentos,
com
doisou
très professoresde
uma
mesma
série juntos.No
ano
seguinte,em
95, problemasde
rotatividade docente, distâncias entreestabelecimentos
de
ensino ea
limitação temporáriaque estamos
sujeitos-
expostos mais adiante-
definem
a participaçãode
quatro professorasdas
séries iniciais.Durante a greve,
uma
foi afastadade
sua salade
aula e mais dois professorespassaram a
interagir conosco.Além
destes parceiros,contamos
com
as estagiáriasdo
curso Magistério, durante o
tempo
em
que
desenvolviam atividadescom
as turmas das professorasdo
grupo.A
buscado
desenvolvimento profissional necessário para asmudanças
daspráticas educativas, nos fez apostar na interação entre pesquisa-ação emancipatóna* e
prática educacional dialógica
em
CAF, sistematizadas porDE
BASTOS
(1995)3.Para
balizara
organização teórico-prática,defendemos
asconcepções
educacional temática*
de
FREIRE
(1985) e conceitual unificadorafide ANGOTl`l
(1991),nos aspectos mais
concementes
à escolhados
conhecimentosde
CN
para este universo escolar. Desenvolvidossegundo
um
programa
de
pesquisa-ação educacionalbaseado
em
CARR
eKEMMIS
(1986)como
requisito para se atingir odesenvolvimento profissional desejado.
A
proposta educacional,como
altemativa viabilizadorados
processos destanatureza,
que
visam minimizar a fragmentaçãodo
saber,é
uma
abordagem que
enfatizaa
utilização dos conceitos unificadores. Acreditamosque
estespodem
fazer a“ponte” entre o conhecimento educacional
e o de
CN, possibilitando a estruturaçãocurricular neste
campo
e
respeitandoa
origemdo
conhecimento desta sub-áreada
educação.
'Este conceito será trabalhado no capítulo II.
*Im está explicitado no wpímlo 111.
3DE BASTOS, F. P. Pesquisa-ação Emancipatória e Prática Educacional Dialógica em Ciências Naturais. Tese de Doutoramento. São Paulo, FEUSP, 1995.
*Para não ficar previamente oonoeituando indico que está no capítulo III.
¬
J
Pode
ser viável ter os conceitos unificadorescomo
eixo mestre, orientando o processode
redução temática? Desta forma, conduzindo 'e`amarrando
osconhecimentos educacionais e permitindo
as
necessárias reduções nas fragmentações,em
busca das totalizações, própriasde
uma
concepção
educacional temáticae
unificadora. Esta formação educacional poderá ser muito útilno
exercícioda
profissão eda
cidadania. Esta última,que
envolve a participação dos sereshumanos
nos problemas e decisõesque
dizem respeito à sociedade. Para isto,acreditamos ser indispensável educar
em
CN.Uma
educação que
permitacompreender
os resultados das CN,bem
como, participarda
sua construção.As
programações
para aeducação
em
CN
nas séries iniciais,segundo nossa
compreensão,
devem
privilegiar os “temas geradores", “objetos” e “situações significativas", desenvolvidassegundo
osmomentos
pedagógicos sistematizados porANGO`l`l'l e
DELIZOICOV
(1990)”. Destes autores, incorporo asbases
epistemológicas
de
seus trabalhos, poisnão
foi intenção desenvolvë-las nestadissertação.
Mas
sim, caminharno
sentidode
viverem
equipeuma
,propostade
formação permanente, considerando
o
professor, sua prática e o contextoem
que
estaocorre.
Adotamos
esta perspectiva porque acreditamosque
o estabelecimentode
parcerias é fundamental para as ações educativasa que
nos propomos,uma
vezque
a investigação educacional abre possibilidades para
um
“quefazer”cada
vez mais interativo,ou
seja,não
solitário.Tais constatações
tomam-se
viáveis porquepesquisamos e agimos
educacionalmente
no
cotidiano escolar formal, cujas ações são frutode
reflexõesem
equipe. Basicamente, isto tem nos possibilitado fazer julgamentos
a
respeitode
nósmesmos
e
criar condições paraque
a prática educacional seja melhorada e/outransformada. .
Através
da
pesquisa-ação educacionalcom uma
perspectiva emancipatória,temos
criado condições paraque
transformações nas práticas educacionaise
nosvalores educativos, possam" ocorrer. Sempre,
é
claro, nas instâncias educacionais nas quais atuamos. Desta forma,amparados
por planejamentos, ações, observações, auto-reflexões e reflexões,
momentos
da
espiralque
caracterizauma
pesquisa-ação, formaçãode
gruposde
pesquisadores ativos-críticosem
CN, pode-se favoreceriniciativas
de
uma
concepção de
pesquisa educacionalna
referida sub-área.Convém
ressaltar,
que
estão diretamente ligadas aos “quefazeres” pedagógicos epodem
fDiscutida no capítulo III.
_
-l›
propiciar a interação dialógica entre os professores
que
efetivamenteatuam
nas unidades escolares.A
efetivação desta organização curricular está centrada na prática educacionaldialógica
com
professores das séries iniciais,buscando
acompreensão
e aconseqüente operacionalização das
concepções
educacional temática e conceitualunificadora
no espaço
escolar formal fundamental cotidianamente.Sob
esta Ótica, nossasações de
“pesquisadores ativos-críticos” sedão
na salade
aulada
escolapública fundamental.
O
processode
pesquisa-ação tem possibilitadoum
envolvimento entre pessoasque
estão preocupadascom
questões educacionais,rompendo
com
as práticas e trabalhos solitários,na
maioria das vezes, apresentados sob a formade
cursos,que
têm
sido predominantes nos meios educacionaisde
todos os níveis. Este agir comunicativo sedimenta edá
fõlego para o desenvolvimento cooperativo entre osparticipantes
do
grupo, interferindo diretamente nas práticas educacionais e concretizandoo compromisso
éticocom
o desenvolvimento profissional.A
operacionalizaçãode
um
programade
pesquisa-ação educacional, entendidacomo uma
investigação curricular, transforma-senum
conviteà
indagação sobre a prática educativa para os professores,bem
como,ao
conhecimentoe
a aprendizagem sobre as dificuldadese
problemas originadosna
mesma.
Afinal, o currículo está ligadoà prática assim
como
à investigaçãoque
defendemos, poisdeve
ser desenvolvido paramudar
a realidadena
qual estão inseridos os participantes.e
Nesta perspectiva, a pesquisa-ação nas escolas propicia
a
aprendizagem daquelesque
praticamo
currículo. E, neste marco,destacamos
a idéiade
professorcomo
pesquisador ativo-critico, pois se o currículoé o
meio atravésdo
qual as idéias educativas são desenvolvidas, o papeldo
professor na geraçãode
teoria é significativo. 'Portanto, équem
deve
estarno
centrodo
processode
construçãodo
conhecimento educativo, estando diretamente relacionado a estes problemas, assim
como
ao
localonde
osmesmos
ocorrem,bem
como, no terrenoda
gênese da
teoria eda
prática educativa.Para isso, vivemos os
momentos
da
espiral auto-reflexivaque
caracterizam apesquisa-ação educacional, já citado,
de
forma colaborativa.Ou
seja, planejamentosque
antecipam aaçao
organizada; a açao,onde desenvolvemos
individualmente oque
realizamos
em
grupo; observação,onde
registramos o espectrode
relações geradas 8Ver capitulo II.|
5
no
cotidiano escolar pelaação
informada e reflexões,momento
em
que
nosdebruçamos
sobre o planejamento e registros, recordamos a ação, discutimos pontosde
vista, analisamoso
ocorridoe
comparamos
com
o esperado, sugerindo meios paraseguir a diante.
_
Em
nossaconcepção
educativa priorizamos a visão educacional interpretativa,que
nos possibilita investigar o pensar dos envolvidosno
processo educacional. Aqui,as
ações
educativaspodem
ser interpretadascom
relação aos motivosdo
sujeitoda
ação, suas intençõese
propósitosno
momento
de
realizá-las.Uma
compreensão que
pode
viabilizar práticas educativas altemativas.No
entanto, é a visão criticaque
procura oferecer aos indivíduos
um
meio para conscientizá-los, explicitandocomo
seus objetivos e propósitos
podem
estar distorcidosou
reprimidos, especificandocomo
erradicá-los
de
maneiraa
possibilitara busca de
suasmetas
originais.Um
enfoque comprometidocom
mudanças
reaisda
prática educativa.É
realidadeem
nossa
pesquisa os planejamentos desenvolvidos nesta direção,com
os docentes das séries iniciais, atividades didáticas realizadas na salade
aula,além de
reflexões e registros sobre as práticas educativas.Nossos
resultados, oriundos dos processosde
reflexao,apontam
parao
potencial educativo
da
pesquisa-ação educacional emancipatória, enquanto propostade
formaçãopermanente
para os professoresda
escola fundamental, entendidossegundo a
perspectivade
pesquisadores ativos-críticos. _1.2
EoucAçÃo
PúBL|cA
E
sEu
sucEsso:
|_ocAL|zAÇõEs E
Discussões
Este trabalhoé componente de
um
projeto pedagógicoque
prioriza a vinculaçãode
conhecimentos educacionaisem
CN
com
temaslsituações significativase
avida/interesse dos
educandos e
professores.Temos
convividocom
algunsempreendimentos
educacionais nesta perspectivaem
administrações municipais,com
características populares
e
democráticas neste país.A
partirde
agostode
1989, aSecretaria Municipal
de
Educação de
São
Paulo propôs oMovimento de
ReorientaçãoCurricular
(MRC)
às unidades escolaresde
sua rede.A
sub-áreade
CN
visava,especificamente, ampliar a discussão sobre o ensino desta e propor parâmetros para a construção
de
programas educacionais pelos educadores?Os
professoresestavam
inseridos neste refletir sobrea
prática educativa,que buscava o
redirecionamentode
9São Paulo/SME
-
Ciências-
Movimento de Reorganização Curricular-
PMSP
-_ impressão IMESP-
6
seus "quefazeres”.
Em
outras palavras, a prática educacional dialógica orientava os planejamentos.Em
Porto Alegre/RS, investe-sena
construção coletivade
uma
escola cidadã na rede municipalde
ensino,como
partede
um
projeto maisamplo denominado de
"Constituinte Democrática". Tem-se,como
meta,a
reconstrução coletivados
regimentos escolares, para
que
respaldem as organizações democráticasno
âmbitoescolar, envolvendo pais, alunos, professores, funcionários
e
entidades,em
todas as escolasdo
município.Desafiados
paraa
construçãode
uma
escola viva, dinâmica,com
práticas educacionais coletivas dentroda
escolae
destacom
a
comunidade,com
processos participativos e
com
instrumentos legaisque expressem
estas características.Juntos, procura-se construir
uma
política educacional, atravésda
participaçãonos conselhos escolares e
da
eleiçãode
diretores e espera-se definirações e
mudanças
nos âmbitos pedagógicos, administrativo e financeirodas
instituições.Desdobramentos
didático-pedagógicosda
escola cidadã,com
gestãodemocrática
e autônoma e
com
uma
pedagogiaque busque o
afloramentodo
social,tem
como
princípio democrático o planejamento participativo nas escolas.O
que
poderá resultar
em
distintos planosde
ação, conforme as especificidadesem
que cada
uma
está inserida”. -Em
CampinasISP
investiu-se nas condiçõesde
trabalhodos
professores. Isto foiobtido, envolvendo a
comunidade
nas benfeitorias realizadas nas escolas,conscientizando-a
de
seu papelde
proteçãoe
cuidadoao
bem
público. lncentivou-se atroca
de
experiências entre professores, via palestrassemanais de
educadoresrenomados que
estivessem próximos oupassando
pela cidade. Posteriormente, osprofessores
davam
depoimentos sobre seus novosempreendimentos
educativos,mapeando
as altemativasque
lhestêm
possibilitadomudar
as práticas.Os
horáriosforam construídos
de
forma a possibilitarque
os professoresde
uma
mesma
disciplina,em
todas as escolasdo
município,pudessem
participar dos encontrosda
sub-áreae
desenvolver os planejamentos
de
forma colaborativa.Estes são alguns
exemplos
em
educação
-
pautadas por projetos democráticos e populares-
dentre dospoucos
que
possuímos,de
administraçõesque
priorizam a “Estes dados foram obtidos dos documentos entregues durante o Seminário Nacional Escola cidadã-
Aprender e Ensinar participando
-
dando continuidade à política de fonnação pennanente dosprofissionais da educação e ao Projeto 'Gestão Democrática e Qualidade de Ensino", realizado
em
Porto Alegre/RS, de 24 a 26 de março de 1994.7
participação
como
critério para melhoriada
qualidadedo
processo educacional.A
mídiavem
propagando
nos meiosde
comunicações, alguns exemplosde educação
que
consideraavanços
significativosem
qualidadede
ensino públicono
país.A
revistaNova
Escolaé
um
dos meiosem
que
se apresentammodelos de
administraçõesmunicipais.
Em
março de
1994,número
73, a citada revista traz reportagemdo
projetoeducacional
no
municípiode
lcapuí/CE, exitosono
combate ao
analfabetismo.O
município foi
assumido
em
1986
com
nove escolas,sendo apenas
uma com
cursode
primeiro grau completo.
Eram
vinte e oito professores,sendo que apenas
trèspossuíam o segundo
graucom
formação parao
magistério.Com
a participação dapopulação, acreditando ser esta a via para o desenvolvimento
humano
pleno, viabilizandoo
acesso às mais diversas formasde
conhecimento eda
capacidadede
reflexão crítica, os administradores
empreenderam
esforços na superação destaproblemática. inicialmente, construíram mais cinco escolas
e
ampliaram a redede
ensino
de
setecentoseducandos
matriculados para dois mil seiscentos e trinta equatro.
Algumas
salas funcionavam no pátioda
própria escola. Hoje,cada
comunidade
conta
com
pelomenos
uma
salade
aula. São, praticamente, cinco mileducandos
matriculados nas trintae
cinco escolas municipais.Outro
exemplo
destacado pela referida revistaé
a cidadede
Cascavel/PR, por ter retidoo
salário-educaçãono
município,com
a
criaçãode
uma
fundaçãode
caráter privado, formada por representantesda comunidade
e presidida pelo SecretárioMunicipal
da
Educação.Como,
em
termos legais,a Fundação
Educacionalde
Cascavel
-
Fundevel-
é
uma
empresa
privadaque
gereum
sistemade
ensino, elatem acesso
diretoao
salário-educaçãopago
pelasempresas do
município. Antes, ocrédito dependia
da
Uniãoe
dos Estados. .'
Em
outra reportagem, a revista destaca o municípiode
Nova
FriburgolRJ,que
continua
mantendo
aeducação
como
prioridade nas sucessivas administraçõesque
possui. Defende-se aeducação do
povocomo
garantiada
própria qualidadede
vidadeste e, para isso,
um
saláriobase de
US$
135,00 e programasde
capacitação aosprofessores. ,
Em
novembro de
1993, a revistaNova
Escola trouxeuma
reportagemque
pegou
os moradores, principalmente, osque
conhecem
o ensino público municipal,de
surpresa. Destacava-se para o cenário nacional, a
educação
na cidadede
Itajaí/SC,como
modelo de educação
pública.Os
baixos salários,menores
atédo que
a rede8
superiores
-
éuma
realidade contraditóriaque não
condizcom
o anunciado.Além
disso, nesta administração
não há
uma
políticade
formação para estes profissionais, oque
estáde
acordocom
o
perfilde
professores desejado ideologicamente pelo governo local. Profissionaisque
trocam seu direitode
faltarao
trabalho por “sacolões"de
comida;que
são obrigados a fazercampanhas
políticas para a administraçãodo
municipio, correndoo
riscode
ficarem
sem
suas aulas;que
vêem
seus saláriosserem
“doados” aos alunos sob a forma
de
uniformes, material emerenda
escolar- um
dos
motivosda propaganda
-
e, diantede
tudo isto,pouco ou nada fazem de
concreto.Como
senão
bastasse,sabemos
que o
incentivodado aos
seus professores,pagando
parteda
mensalidadedos
que cursam a
universidade, éum
pontocontraditório. Se, por
um
lado, contribuicom
o
acessode
pessoasmenos
favorecidasao
nível superior; por outro,também
prejudicao
ensino fundamental.A
grande maioria freqüenta cursos superioresem
áreas diferentesda
educação.O
que
demonstraque
as aulas nas escolas
do
municípioservem
como
“trampoIim”.Ou
seja, os professoresnão têm
projetode
continuar atuandono
magistério,abandonando-o
tão logoconcluam o
curso superior.São
realidadesque demonstram
os problemas estruturais existentes, os víciosdas
gestõesque
sealtemam
nos municípiose
a dificuldadede romper
com
oestabelecido. Aspectos
que
as reportagensnão
abordam.No
entanto,um
dos
vereadores
da
oposição, retratoubem
a situaçãoda educação
públicado
município,em
seu pronunciamentona Câmara, afirmando que
~"A verdade da escola municipal é outra; muitos
profissionais abandonando a escola, professores desestimulados, outros temerosos pela repressão,
chegando a trabalhar doentes, tunnas que trocam vários professores durante o ano letivo, não
permitindo aos alunos
nem
um
período de adaptação,quanto mais de aprendizagem, alunos que não
chegam
a completar o segundo grau, já lecionando para o primeiro; tudo istoem
função do baixo nívelsalarial, pois a prefeitura de Itajaí, paga
um
dosmenores salários do estado"“.
“Texto extraído da Ata do dia 06/03/95, referente ao discurso do Vereador Laédio Silva, da Frente Popular, na Câmara Municipal de Itajaí/SC.
9
As
escolas,onde
foram gravadas ascenas
apresentadas pela redeGlobo de
televisão,
nunca
foram enão
são oque
vimosno
dia 18/O3/95, sábado, 20:30h;portanto, horário nobre.
Após
as gravações, tudoque
foi motivode
elogio àadministração, era retirado
do
local, ou seja,da
unidade escolar, desfazendo-se ocenário preparado para as
filmagens
da referida emissorade
televisão, para mascararuma
realidade educacional perversa.É
lastimávelque
haja faltade
rigor e seriedadenas
propagandas
veiculadas nos meiosde
comunicação,onde
qualquerum
que possa
pagar, elogia a si próprio
e
vende
sua “boa” imagem.São
raras asavaliaçõesde
professorescomplementando ou
questionando os sucessosna
áreada educação
apresentados pela mídia.Enquanto
residente nestemunicípio, ligado
a
esta realidade educacional _e educadorem
CN,
sinto-meresponsável por fazë-la. _
Apesar
destes problemas, háque
se ressaltaro movimento
em
direção àqualidade
da educação
públicaem
alguns destes municípios eem
outrosque não
foram mencionados.
No
entanto,devemos
estar atentos para distorçõesda
realidadeeducacional
em
algun, devido as propagandas exibidas pela midia.Bem
como, o riscode acomodação,
considerandoo
apresentadocomo
um
patamar satisfatório.Quanto
aisso, sou categórico: ainda
há
muitoque
fazere
o desenvolvimentodas
sociedades nos impõeuma
missão contínuade
fazer-refazer nossa educação.Para caminhar
na
direção defendida,é
necessário priorizar aeducação
pública, viabilizandoum
projeto cidadão,com
alcance, indispensavelmente paraa
maioriada
população
que é
desfavorecida,quase
sempre, sócio-educacionalmente.Na
minha
compreensão,
é
preciso estabelecer programasde
pesquisa-ação educacionalque
envolvam
acomunidade
educativa,num
contínuo refazer e recriar sua própriaeducação. Estas
ações
educacionais são possíveisquando
há determinação políticaem
favorde
um
projeto pedagógico democráticoe
popular.Não
basta ter vontadeou
FGCUÍSOS.Temos
mantido contato efetivocom quem
atuana educação
fundamental, procurando altemativas às práticas educativasem
CN,
tidascomo
convencionais; balizadas pela interação dialógica, vislumbramos nas práticas educativas apossibilidade
de
redirecioná-las,bem
como, os conhecimentos educacionais, planejamentose
produçãode
material didático para a salade
aula.É
indispensável,para isto, observar mais
de
perto as práticas educacionaisem
CN, os planejamentos, ograu
de
conscientização acoplado auma
possibilidadede
mudança
educativa e a direção imprimida àmesma.
Isto, paranão
perderde
vista a questão maisampla do
10
sentido sócio-educacional
na
escola pública. Afinal, é nestaque
a maioriade
nossa geraçãovem
se formando,mesmo
sem
condições paraum
agir diferentee que
hojedefendemos
como
direito resguardado aosque não
possuem
outra chance.Com
o intuitode
potencializarmudanças
efetivas nas práticas educativasem
CN, esta dissertação, enquantocomponente de
um
programade
pesquisa-ação educacional nesta sub-área, se propõe a contribuir para viabilizar reestruturaçõescurriculares na
educação
fundamental.1.3
PROBLEMA
E
SUA
DELIMITAÇAO:
Para
que possamos
desenvolver práticas educacionais dialógicas e democráticasno espaço
escolar formal,é
indispensávelque
astenhamos
vividotambém
duranteo
processode
formação educativa. Esta vivênciaé
igualmenteimprescindível, inclusive para os alunos,
desde
as primeiras sériesda
escolaridade.Isto,
em
muito poderá contribuir paraque
aspirem vivè-las no cotidiano. Esta é aprática educacional defendida por
FREIRE
(1985)que pode
propiciaraos
diferentessujeitos
em
interação, formas alternativasde
interagirem ecompreenderem o mundo,
pois “o diálogo,a
interlocução sobreum
mundo,
uma
realidade partilhada,embora
vista sobre diferentes ângulos,é
o
principal motor,o que
desencadeiae
mantém
omovimento do
grupo"(PERNAMBUCO,
1994: 27).Ao
desenvolvero
que
FREIRE
(1985)denomina
investigação temática, instância educativa, onde, atravésdo
diálogo, os investigadores procuram ostemas que
possam
ser signiflcativos para os envolvidosno
processo educacional,ou
seja, “omomento
em
que
se realizaa
investigaçãodo que
chamamos
de
universo temáticodo povo ou o
conjunto
de seus temas
geradores" (FRElRE, 1985: 102),podemos
garantirduplamente
o
caráter dialógicoda
educação. Porum
lado, aprogramação
a serconstruída, realizada
após
investigaçãodas
situaçõeslfenômenos signiflcativos para os envolvidos. Por outro, a dinâmica educacionalna
salade
aula, pois já iniciamosrespeitando
o
saber e interessesdos
educandos.A
identificação das situaçõeslfenômenospode
garantirque
haja, inicialmente,um
diálogo entre professore
aluno.No
entanto,como
garantir condiçõesmínimas
para este se apropriardos
conhecimentos científicos
que
aindanão domina?
Convém
ressaltar que, muitas vezes,precisa primeiro romper
com
suaconcepção
inicial.A
organização dos programas curriculares são imprescindíveis nesta etapa.Faz-se importante
que
se estabeleçauma
“ponte” para ligar otema de
estudocom
0ll
representada pelos critérios epistemológicos das CN, precisa considerar
também
a prática sócio-educacional nesta sub-área.E que
permitaao
cidadãocompreender
oque
faz e oque
é propriamente acomunidade
científica para a sociedadeem
que
vive.Os
“conceitos unificadores” sistematizados por ANGO`l`l'I (1991),podem
contribuir nos critérios epistemológicos
que
necessitamos para a organização curricular dos conhecimentos educacionaisde
CN
da
sub-área. Tais conceitos por sua extensão transcendem as sub-áreas específicas dasCN
e, simultaneamente, estãopresentes
em
cada
uma
das especialidades. Presentena
investigação científica, devidamente traduzidosna educação
em
CN, os “conceitos unificadores” constituemuma
ferramenta útilde compreensão
educacional mais estruturadae
globalizadado
conhecimento neste campo.
Pretendem fomecer
aos professores e alunosum
instrumental básico, constantemente retomado,
que de
forma reale
concreta, lhespermitam aproximações
de
diferentes conhecimentos desta sub-área.A
efetivaçãodesta organização curricular está comprometida
com
a formaçãodos
professores dasséries iniciais
que
estejamem
exercício.Desta forma, as práticas educacionais
devem
buscara
compreensao
e a conseqüente operacionalização dasconcepções
educacional temática e conceitualunificadora nos níveis cognitivos dos professores, para se alicerçar
novas
possibilidades
de
aprendizado pelas crianças.A
concepção de
pesquisa-ação educacional emancipatória” orientou,teoricamente,
a
prática educativa.Conforme
CARR
eKEMMIS
(1986),necessariamente, ocupa-se
da
mudança
desta, dos entendimentose das
situaçõesde
caráter educativo.Sempre
baseada
num
enfoquede
veracidadedas
reflexões e dasações que
são. sócio-educacionalmente construídas e incorporadasna
históriados
envolvidos.
Balizado pelas teorias-guias
que
orientaram a presente pesquisa, o problemade
investigação foi descritoda
seguinte forma:Qual
o
potencial educativodas
concepções
educacional
temáticae
abordagem
conceitual unificadora, operacionalizadasnum
programa de
pesquisa-açao
emancipatório,tendo
em
vista possíveismudanças
nas
práticas educacionaisem
CN,
nas
séries iniciais?“Que pode permitir a superação da passividade para assumir uma postura crítica encaminhada, não somente a
12
1.4
QUESTOES
NORTEADORAS
1.4.1
JUSTIFICATIVA
É
nas primeiras sériesdo
primeiro grauda
escolaridade,onde o educando toma
seu contato inicial
com
temas de
CN. Aisurgem
seus primeiros problemas, como, por exemplo, diferençasna
linguagem,tempo
destinadoã
atenção, ouvindo exposições orais, faltade
localizaçãono espaço
escolar, faltade
interesse pelostemas de
estudo, etc(HANNOUN,
1977). Esta, infelizmente, é a escolaridade única para milhõesde
brasileiros
(ANGOTTI,
1991 ).Este
espaço
escolar formal por serocupado
porum
professor,ao
longode
quatro
ou
cinco horas-aulano
matutinoou
vespertino,tem
maiores probabilidadesde
potencializar mudanças. lsto porque,a
fragmentação temporal das práticas educativas nos quatro últimosanos do
primeiro eem
todo osegundo
grau”, minimizam estepotencial
(AUTH
e
outros, 1995).Além
disso, os conhecimentos educacionaisde
CN
veiculados
e
o distanciamento destesda
vidae
interessesdos educandos têm
sidoquestionados
e novas
possibilidades estãosendo
propostas(ANGOTTI
e
DELIZOICOV,
1991).A
pesquisa-ação educacional, por estar acoplada à prática educativa, envolve osque
a praticam,que
estão realmente na salade
aulae
necessitam buscar teorias-guias
(ANGULO,
1990).É
uma
fonna altemativade
agir educacionalmentecom
e
não
sobre os envolvidos
no espaço
escolar formal, característicade
práticas democráticasque almejamos
(ANGULO,
1990).A
pesquisa-ação educacional,na
perspectiva crítica, está sintonizadacom
aeducação
dialógicacomo
meio paraa
construçãoda
cidadania,podendo
viabilizarauto-reflexões e reflexões
em
grupo(COSTA,
1991).Os
“conceitos unificadores”fazem
a “ponte” entre o conhecimentoem
CN
com
o educacional nesta sub-área, transfonnando-se nos critérios epistemológicosda
reorganização curricular. Neste sentido,
podem
fazer o eloque queremos
dasCN
com
os resultados dela
(DELIZOICOV,
1991). -O
trabalho, por se localizarno
campo
da
investigação curricular, tende a ser mais incerto e problemáticoque
outras fomwasde
investigação educativa(CARR
e
“Meu envolvimento num projeto educacional de pesquisa-ação, lecionando três horas-aula de física,semanalmente. possibilitou perceber o quanto nossas ações educativas se restringiam a, aproximadamente,
um
doze13
KEMMIS,
1986).Lembramos, também, que
as inovações educacionais,na
maioria das vezesde
ordem
metodológicanão
têm acarretadoem
mudanças
efetivas nas práticaseducacionais
em
CN
(FREIRE, 1979). 1.4.2PRESSUPOSTOS
Nossas
preocupações temáticas,que
emergem
da
nossa realidade educacional,são guiadas por pressupostos
que
nosexigem
atuar tanto na perspectivade
transformação
da
prática educacionalna educação
fundamentalem
CN;
como, colaborativamente,de
formaa
possibilitarmudanças
nasconcepções
de: educação, nos processos educacionaise na
interação dialógica entre os envolvidos; organização e reelaboração dos conhecimentos educacionais desta sub-área eda
epistemologia subjacente a estes, através, basicamente,do
segundo
momento
pedagógico“;
sociedade
e
serhumano
que
podem
edevem
vira
serem
cidadãos.I.4.3
METAS
19 -“Dor
ações
colaborativas parao
desenvolvimento profissional dos professores que,por sua vez, poderão implementar
mudanças
educativas.A
mudança
educativa eo
desenvolvimento profissionalnão
são eventos independentes.As
teoriasde
mudanças
explícitas, sistemáticas ebem
articuladasdevem
ser discutidas e criticadas pelos teóricosda
educação. Contudo, elas seconstituem,
ao
mesmo
tempo,em
teoriasdo
desenvolvimento profissional implícitas,não
articuladas epouco
sistemáticas.Na
divulgação, no ensino formal, tais teoriassão
interpretadas, ajustadas, traduzidas, transpostas pelos professores-educandos,que
também
detêm
suas “teorias”,não
raro,em
confrontocom
aquelas. Destasemelhança
e
diferença sededuz que
os debates sobre o desenvolvimento profissional dos professores são,também, e
ao
mesmo
tempo, debates sobre a naturezada
mudança
sócio-educativa
com
seus limites e possibilidades(CARR,
1990).29
- Propormudanças
na concepção e
práticada
estruturacurricular,
buscando
alterare
reorganizar os conhecimentos educacionais das sub-áreas,com
o intuitode
se tornarem mais atraentes, interativos e úteis aos educandos. ~A
criseque
vivemosno
processo educacional,segundo
SNYDERS
(1979),não
se constitui
uma
crisede
métodos, das maneirasde
se trabalhar educacionalmente,mas
sim, representauma
crisede
conteúdos,ou
seja,uma
crise nos conhecimentos educacionais.Não
se valoriza as interaçõesdas
crianças no meio contemporâneo. “Os momentos pedagógicos são definidos e discutidos nas p. 23-5.14
Pelo contrário, elege-se os conhecimentos educacionais
em
CN, na
maioriadas
vezes,distantes das
demandas
imperativas, tantodo
conhecimentoem
CN
e
Tecnologia,como
da
vidado
aluno.39
- Ancorar e articular as relações e funçõesda
estrutura curricularde
CN
na
abordagem
“conceitual unificadora” e temática.Os
“conceitos unificadores”, enquanto categorias epistemológicas,podem
alimentarum
programade
pesquisa educacionalem
CN. Desta forma, poderão contribuir para a alfabetizaçãocontemporânea dos educandos
neste campo.De
seu lado,temas
comprometidoscom
objetos, fatos,fenômenos
e situações significativaspotencializam unidades
de
ensino/aprendizagemque
se traduzemna
salade
aula,em
contraposiçãoao
discurso, às regras, à pobreza conceitualdo
atual ensino introdutóriode
CN
(ANGOTTI,
1991).49
- Implementar práticas educativas informadasno
cotidiano escolarcom
osprofessores,
segundo
osmomentos
da
pesquisa-ação educacional, sintonizando o planejamento, a observação, a ação, a reflexãoe o
replanejamento.Estes
momentos
citados caracterizama
espiral reflexiva, pertencentes à pesquisa-ação educacional.Embasam
a tensão entreo
entendimento
retrospectivoe a
ação
prospectiva,que
se desenvolve no próprio plano desta espiral auto-reflexivade
um
projeto particular.Em
suma, é prospectivoao
indicara ação e
retrospectivoao
confirmar, negar, reforçar
ou
reorientar a reflexão, sobrea
qual se construiu(CARR
eKEMMIS,
1986). '59
- Valorizar e implementar a interação dialógica nas aulasde
CN
das séries iniciais,dirigida
e
desenvolvidaem
etapas evolutivas, os“momentos
pedagógicos”.O
diálogo ocorre na diferença entre os saberes,em
lugare tempo
maisou
menos
adequados
para a conquista dosganhos
culturais.Não
existe conhecimentopronto,
na
pesquisae na
educação.São
selecionados e socializadosna
escola,apreendidos
menos
por transmissãoe
mais por interação.Na
salade
aula,ao
longode
uma
unidadeou
ciclode
estudos, osmomentos
pedagógicos
-
problematização inicial, organizaçãodo
conhecimentoe
aplicaçãodo
conhecimento
-
constituem instrumentos para se contrapor os saberese
facilitar aapreensão do
conhecimento mais aceitoem
CN, atravésda
reflexão intema a eles e,15
1.4.4
H|PÓTEsEs
Apostamos
que, enquanto pesquisadores,podemos
desenvolver nossas açõesorientados por
um
programade
pesquisa-ação educacional.Desde
que nosso
intuitoseja formar
comunidades de
pesquisadores ativos-críticos”, possibilitandoavanços
teóricose
práticos, durante o processo educacionalem
construção. Só, então,poderemos
criar as condições para elaborarmos programas curriculares,com
caráterdemocrático, na perspectiva prática. Assim, contribuindo para
o
desenvolvimento profissional dos professores e alunos.Sempre
com
a
intençãode
viabilizar,no espaço
escolar formal, o desenvolvimento integral
da
cidadania.Na
perspectivade
solucionar o problemade
pesquisa,minhas
apostas foram:19
-o
processode
pesquisa-ação emancipatória desenvolvido colaborativamenteinforma a prática educacional
de CN;
29
- o desenvolvimento profissionaldos
envolvidos está acoplado àsmudanças
destaspráticas;
39
- asconcepções
educacional temática e conceitual unificadorapodem
estruturar osprogramas
curricularesde
CN;49
- os conhecimentos educacionaisde
CN
sãocomponentes do
processode
alfabetização; e _
59
- os conceitos unificadorespodem
ser os critérios epistemológicos para aorganização
do
conhecimento educacionalde CN.
1.4.5
INDICADORES
DE
ÊXITO
.V
Como
nossos produtos finais,que
nos indicam se a atividade teve êxitoou
não,escolhemos: .
19
- os professores estarão se desenvolvendo profissionalmente, se estiveremocorrendo
mudanças
educativas;29
- estará ocorrendomudanças
na estrutura curricular, se os conhecimentossistematizados trabalhados nas aulas
de
CN, disserem respeito às suas necessidadese
não
se restringiremsomente ao que é
imposto pela Secretariade
Educação;15 Ver
16
39
- se os professores estiverem organizando a estrutura curricularde
CN
centrada noeixo
da
abordagem
conceitual unificadora;49
- se estivermos desenvolvendo o planejamento, a obsen/ação, a ação,a
reflexão eo replanejamento,
de
forma colaborativa no cotidiano escolar;e
59
- se estivemios vivendo aconcepção
educacional dialógica freiriana, nas aulasde
CN.
1.5
ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO
1.5.1
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
UTILIZADOS
NOS
PRIMEIROS
ENCONTROS
Implementei,
de
agosto/94 a novembro/94, levantamento preliminarnuma
escola pública
de
Itajaí/SC, atravésde
contatos iniciaiscom
13 professoresde 19
a49
séries,buscando
conhecer suas práticas educativas.Procurei parcerias,
sempre
disponível para desenvolvercom
eles,em
equipe,durante o
ano
letivo, estudos, debatese
altemativas para o ensino introdutóriode CN.
Isto precisava estar claro, pois a grande maioria
das
propostas educacionaissão
de
caráter aplicativo.Além
de não
contarcom
a participação dos professoresem
suas elaborações, até as propostasde
melhor qualidade, deixam os executoresem
situações dificeisem
salade
aula.Não
tendo sido proponentese
intérpretes, as compreensões, muitas vezes, são dificultadas, decorrendoem
desenvolvimentos distintos daquelasque possuíam e
pretendiam os autores/responsáveis.Incentivamos
a
participação nos encontros, procurandouma
compreensão do
trabalhode
grupo,do
que cada
um
pensa
sobre questõescomo
a
prática educacional,a
educação
escolar, paraquem
educamos
e
para que,como
interagimoscom
oseducandos, professores
e
comunidade,e
quais os conhecimentos educacionaisque
estamos
veiculandona
salade
aula, oque
pensamos
e pretendemoscom
eles.Particularidades
do
conhecimento edo
ensinode
CN
não
são alheios às questões educacionais amplas. .Ao
final desta etapa, propusdesenvolvemos
atividades individuais por série,visando a possibilidade