• Nenhum resultado encontrado

Programa agentes locais de inovação: uma avaliação da política de inovação para as micro e pequenas empresas do Rio Grande do Norte

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Programa agentes locais de inovação: uma avaliação da política de inovação para as micro e pequenas empresas do Rio Grande do Norte"

Copied!
142
0
0

Texto

(1)

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ANNE MARJORIE PARENTE RODRIGUES ALCOFORADO

PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE INOVAÇÃO: UMA AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE INOVAÇÃO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RIO

GRANDE DO NORTE

Natal/RN 2019

(2)

2 ANNE MARJORIE PARENTE RODRIGUES ALCOFORADO

PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE INOVAÇÃO: UMA AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE INOVAÇÃO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RIO

GRANDE DO NORTE

Defesa de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGA/UFRN), como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Administração

Orientadora: Raquel Menezes Bezerra Sampaio.

Natal/RN 2019

(3)

3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Alcoforado, Anne Marjorie Parente Rodrigues.

Programa Agentes Locais de Inovação: uma avaliação da política de inovação para as micro e pequenas empresas do Rio Grande do Norte / Anne Marjorie Parente Rodrigues Alcoforado. - 2019. 141f.: il.

Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós Graduação em Administração. Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Drª. Raquel Menezes Bezerra Sampaio.

1. Programa Agentes Locais de Inovação - Dissertação. 2. Inovação - Empresas de Pequeno Porte - Dissertação. 3. Regressão - Dissertação. I. Sampaio, Raquel Menezes Bezerra. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 005.342

(4)

4 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE INOVAÇÃO: UMA AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE INOVAÇÃO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RIO

GRANDE DO NORTE

ANNE MARJORIE PARENTE RODRIGUES ALCOFORADO

Defesa de mestrado apresentada e aprovada em 31 de julho de 2019, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

______________________________________ Raquel Menezes Bezerra Sampaio, Drª.

Orientadora

_______________________________________ Luciano Menezes Bezerra Sampaio, Dr.

Examinador Interno

________________________________________ Lucia de Fátima Lucio Gomes da Costa, Drª.

(5)

5

Dedico este trabalho ao meu filho, Enzo, que me inspira a cada dia a manter meu olhar ávido por viver de uma maneira intensa através do seu olhar curioso e do seu coração puro e aberto para todos os desafios que o mundo nos reserva.

(6)

6 AGRADECIMENTOS

Primeiramente, ao meu marido, Hudo Alcoforado, que SEMPRE me apoia, me orienta e me incentiva em todos os momentos da minha vida, fáceis ou difíceis. Além de ser hoje um pedaço de mim. Sempre vou amá-lo.

Ao meu filho lindo, Enzo, que mesmo dentro do seu encantado universo infantil torce pela minha vitória e me dá incentivo para continuar minha trajetória e conquistar todos os meus objetivos.

Aos meus pais e meu irmão, que me ajudaram na construção da minha essência e hoje, mesmo de longe, sempre torcem pela minha vitória. Serei eternamente grata.

A minha orientadora, Raquel Sampaio, por ter me dado todo o suporte necessário para a realização desse trabalho, ao me presentear com sua paciência e presteza, além de sempre acreditar em mim.

Aos meus professores do mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela fonte de conhecimento que foram na minha formação acadêmica, sendo também meus formadores de vida. Nunca esquecerei a importância que cada um exerceu em minha vida.

Aos meus colegas de mestrado que me ajudaram a construir conhecimento e juntos a mim compartilharam experiências. Também agradeço aos meus amigos fora do ambiente acadêmico que torceram pela minha vitória em todos os momentos desses longos quatro anos.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todos os funcionários do Programa de Pós-Graduação em Administração que sempre prestaram a assistência necessária para que eu conseguisse alcançar todos os meus objetivos.

Ao SEBRAE Nacional e do Rio Grande do Norte pelo suporte e orientação nos dois anos que atuei como ALI (Agente Local de Inovação). Ao gestor nacional do Programa Agentes Locais de Inovação, Thiago Cunha, pela sua presteza e assistência fundamentais para o sucesso desta pesquisa.

Enfim, agradeço às pessoas que, direta ou indiretamente, deixaram marcas em mim e, assim, contribuíram e continuarão contribuindo na minha jornada.

(7)

7

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”

(8)

8 RESUMO

As Empresas de Pequeno Porte possuem uma elevada importância socioeconômica no cenário mundial e brasileiro, devido à sua geração de emprego e renda para a população. Ademais, diante da intensa globalização e desenvolvimento mundial, essas empresas também têm sido relevantes no processo inovativo dos países. No Brasil, ao longo das últimas décadas, várias políticas, ações, leis e entidades foram desenvolvidas no fomento a essas empresas e a sua inovação. Esta dissertação tem por objetivo analisar a associação de características das empresas participantes do Programa Agentes Locais de Inovação do SEBRAE com a focalização do Programa com os níveis de e ganhos de inovação alcançados no ciclo 16/18 no âmbito do Estado do Rio Grade do Norte, através da uma avaliação econométrica utilizando o método de regressão. Assim, este trabalho realizou uma análise gerencial do Programa através da mensuração das características dos empresários e empresas participantes do Programa nas empresas brasileiras do Estado do Rio Grande do Norte que revelou a importância e força das empresas localizadas na capital, centro político, econômico, financeiro e social do Estado e, por isso, já mais estruturados na maturidade global de inovação organizacional e mais engajados no desenvolvimento das ações de inovação propostas pelo Programa frente a sua forte concorrência do mercado. Assim, a localização em Natal pode ser usadas pelos gestores do ALI como meio de seleção das empresas mais propensas a focalizar nos resultados do Programa e também podem utilizar-se das ações realizadas por esta empresa como modelo de expansão das mais variadas ações de inovação (em variadas dimensões) para as outras MPEs do Estado proporcionando avanços em inovação na economia do RN. Entretanto, o principal resultado observado pelo trabalho foi a relevância da política de inovação do Programa ALI no Estado como elemento fomentador de inovações no mercado de todo o Estado.

Palavras – chave: Programa Agentes Locais de Inovação. Empresas de Pequeno Porte. Regressão.

(9)

9 ABSTRACT

Small Enterprises have a high socioeconomic importance in the world and Brazilian scenario, due to their generation of employment and income for the population. In addition, given the intense globalization and global development, these companies have also been relevant in the innovative process of the countries. In Brazil, over the last decades, several policies, actions, laws and entities have been developed in the promotion of these companies and their innovation. This dissertation aims to analyze the association of characteristics of companies participating in the SEBRAE Local Innovation Agents Program’s with the program’s focus on the levels of and gains of innovation achieved in the 16/18 cycle within the State off Rio Grande do Norte, through an econometric evaluation using the regression method. Thus, this work performed a managerial analysis of the Program by measuring the characteristics of entrepreneurs and companies participating in the Program in Brazilian companies in the state of Rio Grande do Norte, which revealed the importance and strength of companies located in the capital, political, economic, financial center. and the state social and, therefore, already more structured in the global maturity of organizational innovation and more engaged in the development of the innovation actions proposed by the Program in face of its strong market competition. Thus, the location in Natal can be used by ALI managers as a means of selecting the companies most likely to focus on the Program's results and may also use the actions taken by this company as a model for expanding the most varied innovation actions ( in various dimensions) to the other MPEs of the State providing advances in innovation in the economy of RN. However, the main result observed by the work was the relevance of the innovation policy of the ALI Program in the State as an element that fosters market innovations throughout the Rio Grande do Norte.

(10)

10 LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Porte das Empresas ... 60

Gráfico 2 – Setores das Empresas ... 61

Gráfico 3 – Regiões do RN ... 61

Gráfico 4 – Gêneros dos Empresários ... 63

Gráfico 5 – Empreendimentos Anteriores ... 63

Gráfico 6 – Empréstimos para a Empresa ... 64

Gráfico 7 – Dificuldade de Pagamento ... 64

Gráfico 8 – Último Ciclo das Empresas Analisadas ... 65

Gráfico 9 – Análise comparativa dos graus de inovação nos momentos TO e T1 ... 68

Gráfico 10 – Evolução da Inovação Global do Radar 0 e do último Radar ... 70

Gráfico 11 – Evolução da Inovação Global do Radar 0 e do último Radar ... 71

Gráfico 12 – Evolução da Inovação Global do Radar 0 e do último Radar ... 72

Gráfico 13 – Evolução da Inovação Global do Radar 0 e do último Radar ... 73

Gráfico 14 – Evolução da Inovação Global do Radar 0 e do último Radar de acordo com o alcance da empresa em número de ciclos ... 74

(11)

11 LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Conceitos de Inovação ... 27

Quadro 2 – Tipos de Inovação segundo a OCDE ... 28

Quadro 4 – Dimensões do Radar da Inovação de Sawhney e definições dessas utilizados pelo Radar da Inovação ... 33

Quadro 3 – Evolução Nacional do programa ALI ... 39

Quadro 5 – Análise dos trabalhos sobre o ALI ... 47

Quadro 6 – Equivalência dos escores com a situação da empresa perante a inovação ... 53

Quadro 7 – Resumo da estratégia de análise de dados ... 54

Quadro 8 – Variáveis observáveis das empresas ... 55

Quadro 9 – Cidades atendidas pelo ALI/RN ... 62

Quadro 10 – Grau de Inovação momento T0 ... 65

Quadro 11 – Evolução no Grau de Inovação ... 66

Quadro 12 – Evolução das médias dos graus de inovação por dimensão nos instantes de tempo T0, T1 e a diferença percentual entre as médias ... 67

Quadro 13 – Inovação Global para o Radar 1 (T0) ... 67

Quadro 14 – Inovação Global para o último Radar (T1) ... 67

Quadro 15 – Estatística descritiva dos radares T0 e T1 por setor ... 69

Quadro 16 – Estatística descritiva dos radares T0 e T1 por setor ... 70

Quadro 17 – Estatística descritiva dos radares T0 e T1 por porte da empresa ... 71

Quadro 18 – Estatística descritiva dos radares T0 e T1 por porte da empresa ... 73

Quadro 19 – Estatística descritiva dos radares T0 e T1 pelo último ciclo que a empresa realizou no Programa ... 74

(12)

12 LISTA DE FIGURAS

Figura 2 – Radar da Inovação segundo Sawhney ... 32 Figura 1 – Etapas do Programa Agentes Locais da Inovação ... 42 Figura 3 – Região de atuação do ALI/RN ... 51

(13)

13 LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatística de Y Inicial ... 76

Tabela 2 – Regressão de Y Inicial ... 76

Tabela 3 – Regressão de Delta Y... 78

Tabela 4 – Regressão da Dimensão Oferta ... 81

Tabela 5 – Regressão Dimensão Plataforma Z ... 83

Tabela 6 – Regressão da Dimensão Marca ... 86

Tabela 7 – Regressão da Dimensão Clientes ... 88

Tabela 8 – Regressão da Dimensão Soluções ... 90

Tabela 9 – Regressão em Relacionamento ... 93

Tabela 10 – Regressão Agregação de Valor ... 96

Tabela 11 – Regressão Dimensão Processo ... 98

Tabela 12 – Regressão de Organização ... 101

Tabela 13 – Regressão Cadeia de Fornecimento ... 104

Tabela 14 – Regressão Dimensão Presença ... 106

Tabela 15 – Regressão da Dimensão Rede ... 108

(14)

14 LISTA DE SIGLAS

EPP - Empresas de Pequeno Porte

ME - Médias Empresas

MPE - Empresa Média e Pequena

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas FNQ - Fundação Nacional da Qualidade

(15)

15 SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 24

2.1 Inovação ... 24

2.2 Inovação em micro e pequenas empresas ... 30

2.3 O modelo Radar da inovação ... 31

3.1 O Programas Agentes Locais de Inovação ... 37

3.2 Avaliação de políticas de Inovação ... 44

3.2.1Avaliações do Programa Agentes Locais de Inovação (ALI) ... 45

4 DADOS E METODOLOGIA ... 50

4.1 Caracterização da pesquisa ... 50

4.2 Abrangência do estudo ... 50

4.3 Coleta de dados ... 52

4.4 Análise dos dados ... 53

4.4.1 Análise descritiva do perfil das empresas ... 54

4.4.2 Avaliação do Programa ALI ... 56

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 60

5.1 Análise Descritiva das empresas ... 60

5.1.1 Características das empresas pesquisadas ... 60

5.1.2 Características dos empresários... 62

5.1.3 Características iniciais e finais Programa ALI/RN ... 64

5.1.3 Comparativos por setor ... 69

5.1.4 Comparativos por região ... 70

5.1.5 Comparativos por porte ... 71

5.1.5 Comparativos por sexo ... 72

5.1.6 Comparativos por último ciclo executado pela empresa no programa ... 73

5.2 Análise Evolutiva das empresas participantes do Programa ALI/RN ciclo 2016/2018. ... 75

5.2.1 Análise das empresas participantes ( ... 75

5.2.2 Evolução geral das empresas participantes do ALI/RN (ΔY) ... 78

5.3 Avanço das dimensões da Inovação nas empresas do RN, ciclo 16/18 ... 80

(16)

16

REFERÊNCIAS ... 120 APÊNDICE A ... 127 APÊNDICE B ... 133

(17)

17 1 INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos, a competitividade no mercado ganhou força com globalização das informações, dos produtos e serviços e, consequentemente, da economia. Estes fatos tornaram os consumidores mais exigentes e difíceis de fidelizar em virtude da ampla possibilidade de escolhas existentes no mercado real e, mais recentemente, também no mercado virtual. Assim, o ambiente ficou altamente competitivo e o mercado instável. A fim de sustentar a sobrevivência dos negócios neste cenário, nas últimas décadas, as empresas encontram-se em uma incessante busca por estratégias que proporcionem novas formas de antecipar, conciliar e satisfazer as necessidades do mercado e de seus clientes (ZENG et al. 2017).

Com esta evolução do campo organizacional, observa-se um desenho ambiental em que as mudanças têm se apresentado de forma rápida e desordenada (TOFFLER, 1985; HAMEL e PRAHALAD, 1995; HAMEL, 2000). Desta maneira, as organizações tem buscado “repensar” seus produtos/serviços, processos, e relacionamento com o mercado e com os seus clientes internos e externos através da inovação organizacional, objeto de estudo deste trabalho.

A inovação como fenômeno estratégico de crescimento e desenvolvimento da firma começou a ser explorada, no início do século XX (década de 30) por Schumpeter, na sua Teoria de Desenvolvimento Econômico (MILLER, 2018). Esta teoria se pautava na ideia de que as organizações (firmas) passam a assumir o papel de agentes capazes de dinamizar o mercado através da inovação (TIGRE, 2016). Desta forma, a inovação organizacional passou a ser entendida como uma via capaz de gerar riquezas e oferecer melhores soluções para o mercado competitivo. Essa teoria, nada mais é do que uma visão mais ampliada do papel das organizações no meio em que estão inseridas.

Ratifica-se, assim, que as mudanças no âmbito das organizações estão relacionadas ao desenvolvimento de uma nova compreensão acerca da dinâmica existente no ambiente organizacional/institucional (ANDRADE, 2005). Na prática mercadológica, esse acelerado desenvolvimento empresarial exige dos gestores uma imersão sistêmica nos seus negócios para acompanhamento sustentável dentro da dinâmica do ambiente.

Em relação aos estudos acadêmicos, a entrada da Teoria do Desenvolvimento Econômico no meio organizacional marcou o afastamento das rígidas orientações da

(18)

18

economia neoclássica, e a inserção de novas bases conceituais de inovação promovendo, desta maneira, orientação para continuidade das pesquisas neste campo das empresas. A corrente de estudos nesta área passou assim a evoluir. Essa evolução deu-se, segundo Fernandes et al. (2013), em fases: origem, integração, distinção e sistematização ampliando, desta maneira, a realização de trabalhos acerca da geração de inovação no meio organizacional (CROSSAN; APAYDIN, 2010) e, consequentemente, desenvolvendo os conceitos e modelos de análise do temo.

Nesta jornada conceitual, o termo inovação agregou várias dimensões e, atualmente, refere-se a novos produtos, serviços, operações, parcerias, estratégias de marketing e canais de conhecimento (SAWHNEY; WOLCOTT ; ARRONIZ, 2006; CHEN; SAWHNEY, 2010; QUANDT; BEZERRA; FERRARESI, 2015 SILVA; DI SERIO, 2017) advindos da capacidade e das competências organizacionais em introduzir e praticar a inovação (DOTZEL; SHANKAR; BERRY, 2013) adaptando-se às mudanças contínuas do ambiente externo à empresa.

Entretanto, inovar não é uma tarefa simples, nem no campo teórico, nem no campo prático. Estudar inovação requer muita persistência, visto que, ainda é rara a utilização em estudos que visualizam a inovação de gestão (PERDOMO-ORTIZ; GONZALEZ-BENITO; GALENDE, 2006; PERDOMO-ORTIZ; GONZALEZ-BENITO; GALENDE, 2006; KIM; KUMAR; KUMAR, 2012; BON; MUSTAFA, 2013; RUIZ-MORENO et al., 2016). Essa lacuna teórica nos estudos em inovação organizacional, a inovação que foca nos processos e variantes internas de gestão, revela uma baixa robustez dos projetos de incentivo a inovação que os governos colocam em ação nos países na década de 90 (AVELLAR E BOTELHO, 2016) que acabaram por propiciar falta de transparência na prestação de contas com a sociedade perante seus projetos de evolução da economia (geração de emprego, produtividade, desenvolvimento, entre outros indicadores econômicos).

Assim, a falta de alinhamento dos estudos sobre inovação além de provocar sobreposições de conceito no tema, também retarda estudos consistentes que poderiam impactar positivamente no mercado acadêmico e prático.

Operacionalizar a inovação nas organizações também não é uma missão simples, exige uma gestão sistêmica do ambiente interno e externo. Esse nível de gestão é, muitas vezes, alcançado por empresas de tecnologia que devido a sua base de surgimento já ser inovativa consegue acompanhar o mercado com uma maior facilidade ou por grandes empresas multinacionais que já alcançaram esse tipo de gestão por experiência.

(19)

19

Já nas Micro e Pequenas Empresas (MPEs) do Brasil, campo de aplicação deste trabalho, a inovação ainda se mostra incipiente. Falta de experiência dos empresários em compreender o mercado, os concorrentes, os marcos regulatórios do setor; além de se depararem com os altos investimentos no negócio e o pouco retorno inicial (OSTERWALDER, 2011; BLANK, 2014), somados à dificuldade de acesso ao crédito; ao baixo nível de qualificação profissional; à informalidade e à baixa intensidade tecnológica (NOGUEIRA, 2017) são, dentre outros, fatores que desaceleram o processo de inovação nas empresas brasileiras de pequeno porte. Ademias, somada à falta de maturidade organizacional das MPEs (NOGUEIRA, 2017) que as inabilitam a receber e gerenciarem os recursos dos programas de inovação que possam ser desenvolvidos é também carente os estudos que abrangem inovação nas MPEs fato este que as levam a cada vez menos conhecimento do contexto em que se inserem e mais distantes da evolução de mercado tão sonhada para os países.

Apesar desses inúmeros desafios e barreiras ao desenvolvimento da inovação prática e conceitual no Brasil, manter as MPEs longevas no cenário econômico é de suma importância para o país, pois é nessas empresas que gira a maior parcela da economia do Brasil: maiores geradoras de empregos formais e responsáveis por movimentar 27% do PIB brasileiro (SEBRAE, 2014). O Rio Grande do Norte (RN), Estado alvo deste estudo, em 2015 ocupava a 17ª posição no Brasil em número de MPEs (165.330 empresas). Portanto, as MPEs brasileiras devem ser estudadas, pois são vistas como um dos principais agentes no processo de desenvolvimento econômico de uma nação (TEXEIRA; FEITOZA, 2015).

No Brasil, a Lei Complementar nº 123/2006 identifica as MPEs sob o critério da receita bruta anual. As microempresas são as empresas que possuem receita bruta igual ou inferior a R$ 360 mil, enquanto as pequenas empresas são aquelas que possuem receita bruta maior que R$ 360 mil e igual ou inferior a R$ 4,8 milhões.

Em face das dificuldades encontradas pelo empresariado, surgiram iniciativas, especialmente na última década, com o objetivo de apoiar as MPEs no processo de inovação de seus negócios, tendo em vista que suas empresas representam uma força motriz para o desenvolvimento econômico e social de um país. Esses incentivos às MPEs tiveram como marco a promulgação da Lei Complementar nº123/2006 que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (BRASIL, 2006), conhecida como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas ou Lei do Supersimples (NOGUEIRA, 2017). Assim, políticas públicas voltadas ao segmento (ARROIO; SCERRI, 2014), além de ações,

(20)

20

instrumentos legais específicos, incentivos fiscais (Lei do Bem), apoio financeiro (por meio do FINEP e BNDES), parcerias e novos programas (NOGUEIRA, 2017) destinados ao fomento vem sendo implementados no país.

Uma dessas estratégias usadas para alavancar a inovação no País dá-se por meio de programas de incentivo à inovação como o Programa ALI (Agentes Locais de Inovação) idealizado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que presta assistência empresarial a MPEs no Brasil, em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa). O SEBRAE idealizou o Programa ao observar a dificuldade de longevidade das micro e pequenas empresas, e a carência do entendimento do que significa um processo de inovação pelos micro e pequenos empresários brasileiros e da sua aplicação dentro das suas firmas.

Assim, o programa Agentes Locais de Inovação (ALI), objeto de estudo deste trabalho, tem como objetivos fomentar e desmitificar a cultura da inovação nas micro e pequenas empresas, aumentar a competitividade e auxiliar no gerenciamento de projetos e soluções inovadoras nas empresas contempladas por meio de um acompanhamento presencial e personalizado de 30 meses com agentes treinados pelo SEBRAE baseados na metodologia do professor Mohanbir Sawhney, da Kelogg School of Management (EUA) que baseia a inovação em 12(doze) dimensões que convergem para compor ou alterar o estágio de cada empresa, acrescida da dimensão “ambiência inovadora” necessária para adaptação da metodologia ao território e cultura das micro e pequenas empresas brasileiras. O acompanhamento é realizado diretamente com os empresários responsáveis pelas empresas que respondem um questionário estruturado nas dimensões da inovação (metodologia) feitas pelos agentes durante todo o acompanhamento. Estas respostas geram escores para cada dimensão da inovação, assim como também um grau de inovação global (ambos medidos no início (T0) e no fim (T1) dos 30 meses), que estruturam o panorama de inovação das empresas e, assim, permitem análises e estruturação de planos de ação para alavancá-las no mercado em que estão inseridas. O acompanhamento dos agentes é, assim, avaliativo, norteador e incentivador das micro e pequenas empresas.

Desta maneira, o Programa oferece suporte necessário para que as MPEs, na figura de seus empresários, consigam impulsionar-se e desenvolver-se no mercado explorando as oportunidades existentes no seu contexto e aprimorando os seus processos já existentes, sendo, desta maneira, um catalizador do processo de inovação nas MPEs assistidas.

(21)

21

O programa ALI é direcionado, em sua metodologia, para as empresas de Pequenos Porte (EPPs) e também para as microempresas (MEs) do Brasil. Contudo, diante da enorme dimensão territorial do País, e consequentemente, da diversidade econômica, política, econômica e sociais de cada Estado é necessário que o Programa conheça, entenda, respeite e atue levando-as em consideração. Observar o Programa ALI nas individualizadas regionais é, assim, um requesito essencial para que o programa avance nos resultados, proporcione inovações nas organizações regionais e faça a diferença no cenário brasileiro da inovação.

Assim, surgiu a seguinte problemática: Quais características das empresas participantes do ALI (Agentes Locais de Inovação) podem contribuir para a sua evolução no programa a partir da análise dos níveis e ganhos de inovação alcançados no Estado do Rio Grande do Norte?

Portanto, para auxiliar no desenvolvimento dos objetivos do Programa ALI no estado do RN, conhecer o perfil das empresas participantes e usar as características das empresas e dos empresários para direcionar ações de inovação organizacionais às empresas e guiar medidas gerenciais do SEBRAE para melhor orientar o programa no Estado é de suma importância.

Diante do contexto, o objetivo geral deste estudo é analisar a associação de características das empresas participantes com o progresso no programa e com os níveis e ganhos de inovação alcançados no ciclo 16/18 no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte. Posto isto, são propostos os seguintes objetivos específicos:

a) Mapear o perfil das empresas e dos empresários participantes do Programa ALI, ciclo 16/18, no Rio Grande do Norte.

b) Examinar a variabilidade das notas de cada dimensão da inovação, obtidas pelos participantes do Programa ALI, ciclo 16/18, no Rio Grande do Norte, conforme características observáveis das empresas.

c) Avaliar, de acordo com as características dos participantes do Programa ALI, a evolução alcançada no grau de inovação, ao longo do ciclo 16/18, no Rio Grande do Norte.

Desta forma, o presente estudo se justifica não apenas pela já explicitada relevância do Programa ALI, como uma das estratégias para estimular a inovação em MPEs, mas pela escassez de pesquisas científicas que discutam os estímulos às MPEs brasileiras (leis, apoio, incentivos e programas) quanto a seu alinhamento ao contexto aplicado e a sua efetividade, ultrapassando a mera quantificação da dimensão do universo das empresas beneficiadas (NOGUEIRA, 2017). Assim como, são incomuns análises da concordância do desenho dessas

(22)

22

políticas a população participante (critérios de seleção, características e transparência da seleção), o que aponta para a necessidade de ampliar discussões sobre a efetividade desse programa. Os estudos, até então realizados, do ALI (conforme a revisão sistemática presente no apêndice A) são focados na análise das impressões (qualitativos) dos agentes e empresários em relação aos avanços da inovação dentro das organizações.

Os estudos com o propósito geral de avaliar a efetividade das políticas de incentivo à inovação começaram a avançar nas últimas décadas e apresentam metodologias diversas e robustas para tal. Nos últimos anos, verificou-se a predominância de estudos que utilizam técnicas econométricas (AVELLAR E BOTELHO, 2016) de maneira que se consiga perceber a efetividade, os benefícios e as desvantagens das políticas de inovação das MPEs.

Assim, os estudos anteriores são limitados a estudos de caso que não geram impressões confiáveis para universalização das conclusões da pesquisa, tampouco modelos para fomento da inovação no País. Analisar os dados de forma empírica e fidedigna, como os recentes estudos econométricos, é assim uma lacuna dos estudos do ALI.

Por todo o exposto, pretende-se que esse estudo colabore com a pesquisa empírica avaliando a efetividades das estratégias que fomentam a inovação (os programas de inovação) e sua gestão no ambiente organizacional do Brasil, especialmente no âmbito das Micro e Pequenas Empresas. Com isso, o estudo busca contribuir para o fomento a maiores discussões sobre o tema entre acadêmicos, gestores de políticas públicas e privadas de inovação, profissionais da área e, também, micro e pequenos empresários proporcionando, assim, um aprimoramento dos instrumentos de incentivo à inovação já existentes no ambiente organizacional brasileiro e, paralelamente, incentivaria a ampliação e diversificação desses instrumentos de forma eficaz nas MPEs.

Adicionalmente, cabe ressaltar como implicação gerencial para o programa ALI, a discussão promovida neste estudo pode subsidiar decisões do SEBRAE RN no que se refere à implementação de melhorias no Programa ALI para o Rio Grande do Norte, no sentido de ajustar o direcionamento da sua oferta com base na avaliação de características das empresas.

Assim sendo, para sistematizar o processo de pesquisa e possibilitar o melhor entendimento de seus resultados, esta dissertação foi dividida em seis seções: introdução; referencial teórico; avaliação de políticas de inovação; dados e metodologia; análise e discussão dos resultados; e considerações finais. Esta primeira seção é composta pela introdução, que apresenta o tema inovação e contextualiza o problema de pesquisa e seus objetivos.

(23)

23

A segunda seção, contextualiza, conceitua e caracteriza a inovação nas organizações e discute sua integração às Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Também é incorporada a essa seção toda descrição do Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), programa que liga a inovação às MPEs no Brasil.

A terceira seção apresenta o embasamento teórico sobre o objetivo da pesquisa (avaliação de políticas de inovação), por meio de tópico de avaliação de políticas de inovação e traz uma análise da revisão sistemática da literatura que analisa a evolução dos estudos sobre o Programa ALI.

Em seguida, a seção de dados e metodologia descreve as estratégias selecionadas para a operacionalização da pesquisa, trazendo informações sobre a caracterização e abrangência do estudo, procedimentos de coleta e análise dos dados, incluindo o processo de seleção de variáveis e a definição do modelo utilizado.

A quinta seção apresenta os principais resultados da pesquisa, agrupados em duas etapas: avaliação do perfil das MPEs participantes do Programa ALI no RN e análise da evolução (antes e depois) do Programa nas MPEs do RN utilizando a regressão como metodologia, que assim procuram satisfazer os objetivos específicos do estudo. Na última seção, são apresentadas as considerações finais da pesquisa, incluindo suas limitações e sugestões para futuros estudos.

(24)

24 2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com o intuito de reunir elementos capazes de compor uma lupa teórica para o estudo da avaliação do Programa Agentes Locais de Inovação recorreu-se a este referencial teórico como meio de trabalhar conceitos importantes para o entendimento da pesquisa

2.1 Inovação

Nos últimos anos, períodos de aceleradas mudanças econômica, política e, principalmente, tecnológica causaram o acirramento da concorrência e, consequentemente, o surgimento de novas formas de estruturação nas organizações de todo o mundo. Assim sendo, as empresas foram conduzidas, pelo contexto, a constantemente melhorar seu desempenho organizacional seja através da minimização dos custos, da maximização da produtividade, da expansão dos produtos ofertados ou da melhoria na qualidade dos processos. Além desse aprimoramento interno das organizações para sobreviverem no mercado em que estão inseridos, outros desafios externos colocam as organizações em constante redirecionamento no mercado como a participação em novos mercados, o estabelecimento de diferentes relações, a detecção de novas oportunidades, entre outros. Barbosa, Sacomano e Porto (2007) asseguram que, diante de tamanha competição, as organizações, sob as perspectivas fundamentadas no aumento de informações e conhecimento, reorganizem seus processos e relacionamentos. Desta forma, no cenário atual é necessário que as empresas consigam se adaptar e atender as demandas do mercado sendo a inovação um fator essencial para essa sobrevivência no mundo dos negócios.

Nesse contexto competitivo e globalizado, a inovação tornou-se uma atividade-chave no mundo dos negócios, bem como para a economia dos países, em razão de transformar incessantemente a sociedade em que se vive (TIDD; BESSANT; PAVIT, 2005). Desta forma, a inovação relaciona-se diretamente com a viabilidade de uma empresa obter vantagem competitiva no meio em que atua e, portanto oferecer desenvolvimento às sociedades modernas.

De acordo com Strobel e Kratzer (2016), as atividades inovadoras não só aumentam a probabilidade de vantagem competitiva e crescimento de cota no mercado, mas também, desencadeiam mudanças sociais e econômicas.

(25)

25

As primeiras definições de inovação remetem à antiguidade grega e romana, onde a novidade era relativamente rotineira e aceita, uma vez que não alterava a ordem presumida como “natural” das coisas (GODIN; LUCIER, 2012). No entanto, os conceitos de novidade e inovação eram postos de forma distante, sendo a novidade tida como “boa” enquanto a inovação era tida como “má”.

Com o advento da Revolução Francesa e seus ideais liberais, a inovação passou a ser vista como algo positivo no século XIX, quando gradativamente começou a receber novos significados, abandonando a associação de ação de mudança de costumes estabelecidos, para ser relacionada à criatividade e à invenção de algo útil para a sociedade (MOLDASCHL, 2010).

Enquanto fenômeno econômico e social, o interesse pelo estudo da inovação, no meio acadêmico remetem-se aos trabalhos de Joseph Alois Schumpeter, economista da escola clássica, que destacou a importância da inovação para o desenvolvimento econômico, por meio da evolução tecnológica. Em seu artigo de 1928, “The Instability of Capitalism”, defendeu a inovação como a força que conduzia o capitalismo (LOW, 2006). Mais tarde, Schumpeter reforçou essa ideia em seu livro “Capitalism, Socialism and Democracy” assegurando que o fator impulsionador que mantém o mecanismo capitalista em movimento tem origem nos novos consumidores, de novos bens, de novos métodos de produção ou de transporte, de novos mercados, de novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria (SCHUMPETER, 1950).

Dessa forma, Schumpeter (1950) define inovação como um processo de constante procura pela vantagem estratégica através da criação de algo novo que proporcione novas fontes de lucratividade, a qual deriva na destruição de velhas regras e no estabelecimento de novas.

Apesar de o conceito ser explorado de forma constante, não há ainda uma conceituação que seja aceita por todos do meio acadêmico ou organizações. A origem latina da palavra “innovare” tem em sua linhagem a ideia de renovação. Mas, como conceito, a origem da definição de inovação é difusa.

O próprio Schumpeter (1982), em estudos posteriores, apresenta a inovação organizacional em cinco dimensões: introdução de novos produtos, melhores métodos de produção, novos mercados, desenvolvimento de novas fontes provedoras de insumos e criações de novas estruturas de mercado.

(26)

26

Afuah (1998) classifica a inovação de acordo com as suas características: tecnológicas, mercadológicas e administrativas ou organizacionais. Sendo a inovação tecnológica o conhecimento dos componentes, das ligações entre eles, métodos, técnicas e processos embutidos em um produto ou serviço. Já a inovação mercadológica consiste no conhecimento novo que compõe os canais de distribuição, os produtos, as aplicações ou as necessidades e prioridades do consumidor no intuito de melhorar o que é conhecido como quatro P’s: produto, preço, promoção e praça/lugar. Com relação à inovação administrativa, esta envolve as inovações relacionadas à estrutura organizacional e aos processos administrativos. Assim, a definição e a classificação do autor estão ligadas a estratégias, estruturas, sistemas ou pessoas na organização.

Chang e Hughes (2012) resumem dois tipos de inovação: exploratória e explorada, onde a primeira atende às necessidades novas ou emergentes com novas tecnologias, materialmente diferentes do que já existe e a segunda satisfaz as necessidades dos clientes nos mercados já estabelecidos com melhorias nas tecnologias existentes. Além disso, os autores acreditam que o processo de inovação envolve a estrutura, a gestão e o ambiente interno de uma empresa.

Strobel e Kratzel (2016), a definiram como criatividade, disponibilidade de recursos, fusões e aquisições, desinvestimentos, redução, centrando principalmente na introdução de novos produtos e processos, bem como implementar novas ideias que criam valor.

Conceituar inovação depende, muitas vezes, da perspectiva de quem analisa e os acontecimentos da época. Compreender as diferenças não é tarefa simples ou objetiva, como pôde ser observado nas divergências conceituais de inovação conferidas pelos autores que a definem. Apesar das diferentes óticas entre autores (O quadro 1 compacta alguns conceitos de autores sobre Inovação defendidos em seus trabalhos), é universal a vasta relevância que a inovação traz para a humanidade, sendo considerada como fonte de prosperidade, progresso e competitividade de uma nação, ao passo em que ajuda a melhorar a qualidade de vida e a experiência humana. Para as empresas, a inovação contribui para o reconhecimento das oportunidades do mercado, traduzir ideias brilhantes em prática por meio da introdução de produtos novos ou melhorias, serviços, tecnologias, processos, bem como capacidades organizacionais (ALSAATY; HARRIS, 2009).

(27)

27

Quadro 1 – Conceitos de Inovação

Referência Conceito

Schumpeter (1950) Inovação consiste em uma nova combinação de meios de produção podendo ser a introdução de novos bens, novos métodos e novos mercados.

Barnett (1953) A inovação é qualquer pensamento, comportamento ou coisa diferente das formas existentes.

Drucker (1973) Inovação é a ferramenta através da qual exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente.

Freeman (1982) A inovação inclui técnica, design, fabricação,

gerenciamento e atividades comerciais pertinentes ao marketing de um produto novo (ou incrementado) ou primeiro uso comercial de um processo ou equipamento novo (ou incrementado).

Van de Ven (1986) O desenvolvimento e implementação de novas ideias por pessoas de uma ordem institucional.

Porter (1992) A inovação é o meio pelo qual as empresas alcançam vantagem competitiva através de novas tecnologias e/ou novas formas de fazer as coisas.

Afuah (1998) Inovação pode ser entendida como o uso de novos conhecimentos para ofertar um novo produto ou serviço que o consumidor deseja.

OCDE (2005) Manual de Oslo

Inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.

Prahalad (2006) Inovação consiste na adoção de novas tecnologias que permitem aumentar a competitividade das empresas Moreira e Queiroz, (2007) Inovação é uma simples equação:

inovação = ideia + implementação + resultado, ou seja, uma ideia só se transforma em inovação se for implementada com sucesso no mercado.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Inovação caracteriza-se como o processo que faz uma oportunidade se transformar em uma nova ideia colocada em prática da maneira mais ampla possível. Alssaty e Harris

(2009)

Inovação pode ser uma melhoria nas técnicas de gestão que proporcionam processos de negócios ou pode ser uma descoberta científica ou tecnológica que aprimore um produto ou serviços da empresa.

Ram, Cui e Wu (2010) Inovação constitui a um processo por meio do qual uma ideia, objeto, prática, tecnologia ou processo é criado, reinventado, desenvolvido, difundido, aprovado e utilizado – que, desta forma, - crie ou agregue valor para a unidade de adoção.

Bigliardi et al. (2011) A inovação trata-se da introdução com sucesso de algo novo e utilizável, como, por exemplo, a introdução de novos métodos, técnicas, ou práticas ou novos ou alterados serviços.

Strobel e Kratzer (2016) Inovação é um processo constituído de uma série de fases: desenvolvimento de um produto ou serviços; identificação das oportunidades, exploração dos avanços tecnológico; e, desenvolvimento e transformação de produtos que já existem.

Fonte: Facundes (2018) adaptado pela autora

Por isso, faz-se necessário entender o conceito de inovação, tanto para evitar problemas de interpretação em pesquisas acadêmicas, conforme constatado, quanto para

(28)

28

fomentar políticas públicas de estímulo à inovação. Em consonância, no Brasil, como forma de normatizar o termo, foi criada a Lei de Inovação, Lei n° 10.973/2004 (BRASIL, 2004), a fim de estabelecer medidas de incentivo à inovação, à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. Na referida lei, o termo inovação foi conceituado como a “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços”.

Para o referente trabalho, o conceito empregado é o que consta no Manual de Oslo (2005), documento de referência da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o qual orienta a coleta de dados e a interpretação dos resultados em pesquisas sobre inovação. Em suas primeiras edições, constava que a inovação era a introdução de um novo ou melhoramento de produto e processo. Já em sua última versão, a OCDE introduziu dois novos tipos para inovação: inovação de marketing e inovação organizacional. Estas já foram testados em vários países que participam da OCDE, obtendo assim, resultados positivos (OCDE, 2005).

Quadro 2 – Tipos de Inovação segundo a OCDE TIPOS DE INOVAÇÃO Explicação

Inovação de produto Introdução de novos bens e serviços e/ou melhoramentos significativos nas características funcionais ou de uso dos bens e serviços já existentes. Utiliza-se de novos conhecimentos ou tecnologias, ou podem basear-se em novos usos ou combinações para conhecimentos ou tecnologias previamente existentes.

Inovação de processo Implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Podem reduzir custos de produção ou de distribuição, melhorar a qualidade, ou ainda produzir ou distribuir produtos novos ou significativamente melhorados.

Inovação de marketing Prática de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. Visam melhor atender as necessidades dos consumidores, abrindo novos mercados, ou reposicionando o produto de uma empresa no mercado com o objetivo de aumentar as vendas.

Inovação organizacional Implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas. Destinam-se à melhoria do desempenho de uma empresa por meio da redução de custos administrativos ou de custos de transação, estimulando a satisfação no local de trabalho (a produtividade do trabalho) ganhando acesso a ativos não transacionáveis (conhecimento externo não codificado) ou reduzindo os custos de suprimentos.

(29)

29

Observando a complexidade do processo de inovação e seus inúmeros conceitos ao longo do tempo, podemos observar que como já observava Schumpeter muitos autores utilizam-se em seus conceitos das ideias defendidas por ele de inovações “radicais” e “incrementais” como parte do processo de mudança/inovação organizacional. Releva-se, assim, a ideia de que a inovação acontece de forma descontínua nas empresas.

Segundo Zawislak (1994), a inovação empresarial pode ser fruto de um progresso técnico oriundo de uma contínua atividade de adaptação e de melhoramento, ou seja, inovações que são introduzidas em etapas dentro das organizações. O autor também pontua que em longo prazo, essas modificações na técnica e/ou na tecnologia, dadas por um conjunto de inovações incrementais são extremamente relevantes para a sustentabilidade das empresas, principalmente nas empresas foco destes estudos, as MPEs, que tem, devido a sua estrutura, base inovações gradual. Em contrapartida, Zawislak (1994), afirma que as inovações radicais são aquelas responsáveis por fazer a técnica evoluir de um nível para outro sem passar por um processo gradual de desenvolvimento. Por não passar por esse processo gradual (e consequentemente mais lento), esse tipo de inovação causa um spill over mais sensível do que as inovações incrementais, atingindo o sistema de maneira mais rápida, não havendo tempo para adaptação gradual.

Considerando esses tipos de inovação, Schumpeter (2006) coloca a inovação no centro do debate de desenvolvimento econômico considerando-a uma variável endógena, ou seja, que ocorre no interior da própria indústria em que as empresas inseridas.

Além de elucidar inovação do ponto de vista econômico, Schumpeter também foi responsável por trazer à tona o relacionamento entre as empresas e o caráter de cooperação com a concorrência. Essa relação, segundo ele, é responsável pelo processo ativo de criação de atividades econômica nas organizações. Desta maneira, é aceito também a presença de forças externas atuando ao longo do processo de inovação tornando-o, assim, imprevisível. Esse entendimento implica em mudanças na forma como o processo do capitalismo evolui, uma vez que as empresas passam a enxergar seus concorrentes de outra maneira, pois entendem que as empresas estão situadas em um momento do tempo, tendo ainda um passado e futuro para visitar e não as compreendendo apenas em termos de preços, mas também levando em consideração novas tecnologias, novas fontes de oferta, novos tipos de organização etc. (CLEMENTE; CAULLIRAUX, 2007).

Portanto, como enfatiza Souza et al. (2009) a inovação é um processo complexo, descontínuo e incerto, sendo influenciado por fatores internos e externos à organização. Por

(30)

30

isso, para inovar no meio organizacional, é necessário a junção de vários recursos através de uma gestão profissional que seja capaz de avaliá-la e administrá-la, segundo diferentes aspectos, na intenção de abranger todas as áreas da organização. A jornada de inovação, assim, estende-se desde a geração da ideia, avaliações, adoção, difusão até, finalmente, a comercialização (ALSAATY; HARRIS, 2009).

Posto isto, Tigre (2006) afirma que a inovação consiste numa ferramenta importante para maximizar a produtividade e a competitividade das organizações, bem como para impulsionar o desenvolvimento econômico das regiões. Esse desenvolvimento não se dá pelo mero crescimento de atividades econômicas, mas fundamentalmente por um processo de transformação da estrutura produtiva no sentido de incorporar novos produtos e processos e agregar valor à produção por meio da intensificação do uso da informação e do conhecimento.

2.2 Inovação em micro e pequenas empresas

As micro e pequenas empresas são de extrema relevância para o progresso e expansão das economias mundiais. No Brasil, campo de estudo deste trabalho, a economia é extremamente dependente deste segmento de empresas: 6,6 milhões de empresas sendo a força motriz na geração de empregos formais do país (52,1%) e responsável por movimentar 27% do PIB brasileiro (SEBRAE, 2014). Assim, para o desenvolvimento econômico do país é primordial que as MPEs sejam priorizadas e fortalecidas em gestão da inovação e inovação. Em 1997, Schumpeter destacou a importância das pequenas empresas como fonte de inovação para as economias.

Entretanto, há um debate entre os teóricos em relação à capacidade de inovar das pequenas frente às grandes empresas, sendo essa questão decorrente da enorme diferença na organização do setor e do sistema de inovação em que eles se encontram (AVELLAR; BOTELHO, 2016). Para as grandes empresas existem vantagens materiais devido ao maior acesso a incentivos financeiros para P&D (Pesquisa e Desenvolvimento)(advindas das fortes exigências do mercado financeiro), enquanto que para as pequenas empresas, existem vantagens comportamentais como maior flexibilidade e capacidade de adaptação às mudanças do mercado - devido à resposta rápida que são capazes de dar, graças à flexibilidade estrutural (ROVERE, 2000). Todavia, é importante destacar um ponto citado por Maia (2012): a maior capacidade de captar recursos formais em P&D não deve ser utilizada como meio de subestimar a capacidade de inovação da pequena empresa. Para o contexto destas empresas:

(31)

31

empreendedores com baixo conhecimento de gestão empresarial, condições de crédito pouco favoráveis, menos acesso a informações tecnológicas e baixo emprego de tecnologia, e baixa qualificação dos funcionários acabam por tornar mais eficiente e relevante a aplicação de gastos não formais relacionados à inovação, como, por exemplo, consultorias, treinamentos e inovações em gestão da inovação. Estas inovações organizacionais e, muitas vezes, incrementais poderiam criar um ambiente favorável para que as MPEs brasileiras alçasse por caminhos inovativos mais arrojados e disruptivos.

Tendo em vista o exposto, a inovação é uma questão estratégica para os vários setores na economia brasileira nos dias atuais. Essa relevância, também é evidente no setor das MPEs, pois as práticas inovativas podem contribuir para o desenvolvimento das MPEs e para a produtividade brasileira, entre outros benefícios potenciais. Por isso, faz-se, necessário e imprescindível, o desenvolvimento de políticas e programas de incentivo a inovação e a gestão da inovação na economia brasileira, além de incrementos as formalidades legais de incentivo ao segmento já existente (leis e entidades).

Nesse sentido, em meio ao crescimento de ações direcionadas a apoiar o segmento de MPEs (estruturas jurídicas, institucionais, planos, políticas, programas e ações), o próximo tópico irá discutir o Programa Agente Locais de Inovação (ALI) um dos poucos programas de inovação existentes que possuem como viés o incentivo a inovação e gestão da inovação. Este Programa foi modelado para atender de forma personalizada às MPEs brasileiras e congruentes às suas reais necessidades diante do atual mercado.

2.3 O modelo Radar da inovação

A obra de Sawhney, Wolcott e Arroniz (2006), que é base da metodologia do Programa Agentes Locais de Inovação, demonstra que uma empresa que deseja inovar no seu negócio deve analisar e explorar a organização sob diferentes perspectivas ou dimensões que juntas compõem um novo framework do processo de inovação denominado pelos autores de Radar da Inovação. O estudo é embasado em resultados obtidos de pesquisas de campo, pesquisas acadêmicas e pesquisa bibliográfica cobrindo aspectos conceituais da inovação, do processo de inovação e dos mecanismos em uso para sua avaliação (Bachman e Destefani, 2008).

(32)

32

A determinação do Radar da Inovação se sustenta em três pilares: o que avaliar (dimensões da inovação), como medir (escala usada) e que período de tempo considerar (Bachmann e Destefani, 2008).

2.3.1Dimensões do Radar da Inovação

A ferramenta contempla quatro dimensões principais: ofertas, clientes, processos e presença. O aprofundamento dessas quatro dimensões gerou mais oito dimensões complementares: plataforma, soluções, experiência dos clientes, captação de valor, organização, cadeia de suprimentos, redes e marca. Desse modo, a ferramenta contempla 12 dimensões, entendidas como etapas do processo de inovação. Com o propósito de simplificar a leitura e interpretação dos resultados obtidos com a aplicação do modelo, optou-se pela utilização de um gráfico “radar”, que associa valores agregados de várias dimensões, evidenciando os resultados mais significantes. Nele, cada dimensão tem seu próprio eixo de valor, a partir de um centro comum e as linhas fazem a ligação de todos os valores da mesma sequência. Assim, cada dimensão discorre sobre características que evidenciam a inovação nas empresas. A Figura 2, apresenta a representação gráfica do modelo, acompanhada do Quadro 4 que apresenta de forma resumida a definição das dimensões que compõem o modelo de Radar da Inovação.

Figura 1 – Radar da Inovação segundo Sawhney

(33)

33

Quadro 3 – Dimensões do Radar da Inovação de Sawhney e definições dessas utilizados pelo Radar da Inovação

DIMENSÃO DEFINIÇÃO

OFERTA Capacitação no desenvolvimento de novos produtos ou

serviços ao mercado.

PLATAFORMA Capacidade na utilização de componentes, métodos, recursos ou tecnologias comuns para oferecer novos produtos ou diferentes versões de produtos: aumento competitividade ou/e especificação de consumidores.

MARCA Solidez na utilização de símbolos (marca) da empresa como diferencial mercadológico ou para alavancagem do negócio. CLIENTES Inteligência na identificação das necessidades e manifestações

dos clientes e do mercado a fim de alcançar melhores resultados para seus produtos/serviços.

SOLUÇÕES Poder de combinação customizada e integrada de bens,

serviços e informações capazes de solucionar problemas dos clientes: soluções complementares ou integração de recursos. Visar aumento de fidelidade dos clientes e de rentabilidade do negócio.

RELACIONAMENTO Aptidão na interação da empresa com os consumidores

AGREGAÇÃO DE

VALOR

Capacidade de explorar “gaps” existentes nos recursos do negócio ou nas oportunidades de interação agregando, desta maneira, mais valor aos seus clientes e gerando novos fluxos de receita.

PROCESSO Propensão à inserção de novidades ou à redefinição dos principais processos operacionais na busca de melhoria na eficiência, eficácia ou qualidade do negócio (processos, sistemas, softwares ou aspectos ambientes).

ORGANIZAÇÃO Tendência à melhoria na estrutura organizacional da empresa (parcerias, distribuição e responsabilidades dos colaboradores): visão externa e estratégica da empresa.

CADEIA DE

FORNECIMENTO

Pensamento diferenciado com os agentes logísticos (transporte, estocagem e entrega.)

PRESENÇA Competência na criação de novos canais de distribuição

(intermediação) e pontos de presença.

REDE Habilidade em melhorias nas redes de ofertas através da

conexão e comunicação com os clientes e os fornecedores.

(34)

34

Para utilização no Programa Agentes Locais de Inovação, a consultoria Bachmann & Associados reconfigurou o modelo apresentado por Sawhney Figura 2 e Quadro 4 acrescentando-lhe a dimensão Ambiência Inovadora. Essa dimensão representava a efetiva adaptação da metodologia indiana à realidade das MPE´s brasileiras que possui especificidades internas como restrições financeiras (dificuldade de acesso a crédito, riscos financeiros), de conhecimento (dirigente sem formação adequada à condução dos processos inovativos) (Nogueira, 2017) e culturais (proprietários relutantes em delegar autoridade ou tomada de decisões (Hausman, 2005)). Como a abordagem original não destaca o ambiente interno da organização, a inclusão da dimensão passava a considerar o clima organizacional propício à inovação como pré-requisito para uma empresa inovadora. Esta dimensão, portanto, avalia também a importância que a empresa dá aos fatores que contribuem para criar uma ambiência favorável à inovação, como fontes externas de conhecimento, propriedade intelectual, ousadia inovadora, financiamento da inovação e coleta interna de ideias.

Carvalho (2015) em sua pesquisa explica que quando o Radar da Inovação foi adaptado para o contexto das MPEs por Bachmann e Destefani (2008), continha potencial para colaborar no alcance de vantagem competitiva, uma vez que direciona para quais dimensões as empresas de um determinado setor têm inovado, ao passo que sinaliza quais dimensões ainda são pouco exploradas e, portanto, podem distinguir uma empresa em relação aos seus concorrentes setoriais. Por isso, é possível dizer que o Radar da Inovação, de Sawhney, Wolcoot e Arroniz (2006), permite uma ampliação do que são ações de inovação em uma empresa e, por consequência, possibilita uma avaliação mais abrangente da inovação organizacional.

Desta maneira, conforme afirma o manual de capacitação do Programa, a metodologia considera quaisquer inovações de produto, mesmo as estéticas e de design, por considerar que estas podem ser um primeiro passo dado pelo empreendedor no uso do conhecimento (de produto e de mercado) com o objetivo de aumentar a competitividade. Além dos aspectos tecnológicos, o Radar da Inovação também leva em conta a adoção de práticas de gestão que são comuns nas organizações maiores e que, nas Empresas de Pequeno Porte (EPP), representam alguma novidade. Finalmente, o Radar da Inovação avalia o quanto o ambiente interno é propício à inovação. Afinal, é amplamente aceito que “Uma empresa inovadora é um local onde as pessoas estão capacitadas a resolver problemas e onde a criatividade é parte da cultura organizacional”. Portanto, a determinação do Radar da Inovação é uma orientação

(35)

35

sobre quais dimensões podem se transformar em oportunidades para a empresa inovar no mercado.

Tendo em vista que o Radar da Inovação proporciona essa visão mais abrangente de inovação, o Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), do SEBRAE, conforme dito anteriormente, passou a utilizá-la na avaliação do grau de inovação de MPEs.

2.3.2 Escala de medição: Grau de Inovação (GI)

A metodologia do Radar da Inovação permitiu a mensuração do indicador grau de inovação (GI) de uma empresa. A dificuldade de medir o Grau de Inovação é bem demonstrada por levantamento realizado por consultoria nos Estados Unidos (Bachmann e Destefani, 2008). O grau de inovação das organizações, e até de países, é tipicamente avaliado por meio de indicadores como número de patentes, volume de recursos aplicados em P&D e outras métricas. Estas formas de avaliar o grau de inovação permitem avaliar também a eficácia do processo de inovação (Bachman e Associados, 2008).

No entanto, a metodologia do Radar da Inovação sugere uma alternativa prática para avaliar o Grau de Inovação nas organizações brasileiras de maneira que a inovação não fosse caracterizada como um evento ou fato isolado, mas fruto de um processo. Daí a preocupação em avaliar não o simples resultado (número de inovações), mas a maturidade dos processos de inovação das empresas. Muitos novos empreendimentos decorrem de uma única ideia de sucesso, frequentemente casuísta; isto não é suficiente para caracterizar tal organização como inovadora. Assim, é dado um escore maior àquelas empresas que tem uma prática estruturada (ação sistemática) para buscar e gerar inovações. A escala de medição também é alinhada com o Manual de Oslo que orienta que os pontos de vistas das empresas devem ser registrados em bases binárias (importante/não importante) ou restringindo a faixa de respostas (BACHMANN; DESTEFANI, 2008).

A medição é, então, realizada através das dimensões do processo da inovação que são compostas por variáveis que ao serem analisadas terão a sua pontuação de acordo com os critérios previamente estabelecidos pela metodologia (Manual de Capacitação do Programa ALI). O cálculo do grau de inovação (GI) das empresas é realizado com base na avaliação de cada uma das variáveis que compõem as treze dimensões pesquisadas no diagnóstico de inovação (DI). O grau de inovação da empresa é, dessa forma, obtido a partir da divisão do

(36)

36

somatório dos valores das médias obtidas em cada dimensão (treze dimensões) levando em conta seus respectivos pesos (as dimensões possuem peso 1, com exceção da dimensão ambiência inovadora que possui peso 2 devido aos seu grau de importância no cenário brasileiro) pelo número total de dimensões (treze dimensões). Portanto, o grau de inovação é um indicador utilizado para mensurar o grau de maturidade no uso do processo de gestão da inovação em Empresas de Pequeno Porte. O grau de inovação trata-se de uma medida não absoluta, mas uma referência sobre as diferentes oportunidades para inovar existentes na empresa avaliada.

Portanto, o Radar da Inovação estimula a confecção e disponibilidade de dados quantitativos quando transforma as informações obtidas pelos gestores das empresas assistidas pelo Programa ALI em graus de inovação. Essa inovação do Programa tem como base romper a máxima de que as Empresas de Pequeno Porte possuem, predominantemente, dados qualitativos advindos da menor disponibilidade de informações típica desse tipo de empresa.

O Radar da Inovação se diferencia da conhecida Taxa de Inovação, adotada pela PINTEC (Pesquisa de Inovação realizada a cada três anos pelo IBGE que levanta informações para construção de indicadores nacionais sobre as atividades de inovação empreendidas pelos setores da indústria, serviços, eletricidade e gás brasileiros). Enquanto a Taxa de Inovação corresponde ao percentual de empresas que implementaram inovação de produto ou processo em relação ao total de empresas respondentes, o Radar da Inovação tem um enfoque mais limitado e avalia a inovação internamente à organização (MANUAL DE CAPACITAÇÃO ALI, 2014).

2.3.3 Horizonte temporal

O Grau de Inovação das organizações tem como objetivo primordial acompanhar a evolução das mesmas de forma bastante pontual (BACHMANN; DESTEFANI, 2008). Para isto, há necessidade de se estabelecer um período de tempo para ser considerado na

(37)

37

avaliação. Em virtude da morosidade na apresentação de resultados nos processos de inovação, assim como a rápida desatualização nos resultados obtidos e práticas adotadas no mundo globalizado, a metodologia construída por Bachmann & Associados para o Programa Agentes Locais de Inovação, baseada no Radar da Inovação, acompanhando diversos trabalhos da mesma orientação, tomou por base um um horizonte de 3 anos para o levantamento dos dados e o acompanhamento da evolução dos graus de inovação.

3 PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE INOVAÇÃO (ALI) E CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA EMPÍRICA PARA AVALIAÇÃO

Com o propósito de entender o funcionamento do Programa ALI e, assim, propor análises mais consistentes sobre sua atuação e propor contribuições coerentes ao funcionamento do ALI explorou-se este tópico como forma de que o trabalho tenha alinhamento com as etapas do trabalho dos agentes na aplicação do ALI .

3.1 O Programas Agentes Locais de Inovação

O programa Agentes Locais da Inovação (ALI) foi criado em 2007 e foi iniciado no primeiro semestre de 2008 pelo SEBRAE do Paraná e do Distrito Federal como uma proposta-piloto que, fundamentada em uma metodologia indiana, procurava verificar a aplicabilidade e a viabilidade no território brasileiro de uma ferramenta capaz de alargar a participação e a sobrevivência das micro e pequenas empresas através da inovação (SEBRAE, 2015). Este projeto era viabilizado por meio da prática continuada de ações de inovação nas Empresas de Pequeno Porte por meio de uma orientação proativa, gratuita, especializada e personalizada.

Definido o objetivo, o SEBRAE, inicialmente, contratou uma empresa de consultoria, a Bachmann & Associados, para dar andamento ao projeto. Na ausência, no entanto, de experiências similares no País, a contratada utilizou a metodologia do professor Mohanbir Sawhney, da Kelogg School of Management (EUA) que baseia a inovação em 12(doze) dimensões que convergem para compor ou alterar o estágio de cada empresa, acrescida da dimensão “ambiência inovadora”. Essa nova dimensão permitiria englobar, à medida de inovação das MPEs brasileiras, a importância do contato da empresa, dos seus gestores e dos

Referências

Documentos relacionados

Os procedimentos metodológicos de classificação utilizados até aqui para as cenas do dia 23-09-07 (DIA-23) foram replicadas para realização de ensaios comparativos para as

Pretende-se gerar um diagnóstico da situação atual desse grupo a partir de um estudo realizado com o programa Agentes Locais de Inovação (ALI) do SEBRAE/RJ, que

Os implantes Unitite são indicados para instalação cirúrgica em todas densidades ósseas, em maxila ou mandíbula, desde que respeitado o torque máximo de inserção (60N.cm

i) gerar uma árvore binomial de taxas de juros spot que seja compatível com as taxas internas de retorno e volatilidades atuais, caminhando-se do presente para o futuro. ii)

Considerando que a sensibilidade dentinária promove dor aguda e súbita capaz de causar grande desconforto aos pacientes e interferir em sua rotina diária, o propósito deste

Os autores elencam algumas explicações para o fenômeno do rápido crescimento dos preços dos serviços: problemas de mensuração decorrentes da dificuldade de se

O aumento significativo da dureza (100%) é indicativo de que no processo de Extrusão Angular em Canal, uma intensa deformação cisalhante é introduzida no material..

Como resultado do estudo, foram encontradas notificações em ambos os sexos nos sete municípios, sendo os casos de aids no sexo feminino representativos,