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The Economics of Rare Diseases: Theory, Evidence and Public Policy.
Ramon Wiest1
Giácomo Balbinotto Neto2
Franciele Cipriani3
Resumo:
Objetivos: Realizar uma revisão teórica da Economia das Doenças Raras e das Drogas Órfãs sobre as implicações econômicas destas doenças e dos medicamentos utilizados para tratá-las. Metodologia: Compilação e análise crítica da bibliografia encontrada. Resultados: A raridade destas doenças torna desinteressante para a indústria farmacêutica o investimento. Os sistemas de regulação vigentes nos Estados Unidos e na União Europeia mostraram-se eficientes. Conclusões: Mecanismos de regulação são capazes de estimular o desenvolvimento de drogas órfãs. É necessário intensificar o debate sobre as doenças raras no Brasil, pois não existe uma política pública voltada para esta problemática no país.
Palavras-Chave:
Doenças Raras. Drogas Órfãs. Economia da Saúde. Direito e Economia. Regulação em Saúde.
Abstract:
Objectives: To review the theoretical economics of Rare Diseases and Orphan Drugs on the economic implications of these diseases and medicines used to treat them. Methodology: Compilation and review of the literature found. Results: The rarity of these diseases makes it unattractive for pharmaceutical investment. The existing regulatory systems in the United States and the European Union were effective. Conclusions: Mechanisms of regulation are able to stimulate the development of orphan drugs. It is necessary to intensify the debate on rare diseases in Brazil, because there is a public policy issue for this country.
Keywords:
Rare Diseases. Orphan Drugs. Economics of Health Law and Economics. Setting in Health
1
Bacharel em Ciências Econômicas, Mestrando em Economia Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Endereço para correspondência: Rua Roque Calage, 796/304 – Passo d´Areia. Cep: 91350-090. e-mail: rwiest01@hotmail.com
2 Doutor em Economia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE) da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). e-mail: giacomo.balbinotto@ufrgs.br
3 Mestre em Ciências Farmacêuticas, aluna do curso de Especialização em Saúde Publica da Escola de
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1. Introdução
referido artigo se propõe a analisar sob a ótica do Law&Economy o processo de alocação de bens apreendidos pela Receita Federal do Brasil, por descaminho. Cooter e Ulen (2010), já afirmavam que o ordenamento jurídico além de ser uma série de complexos argumentos técnicos é um instrumento para obter-se significativos objetivos sociais, sendo a economia a forma para avaliar a eficiência e o impacto sobre os valores sociais. Nosso propósito é demonstrar através dessa abordagem teórica que a Análise Econômica do Direito (Law&Economy pode orientar/auxiliar os operadores do direito a resultados mais eficientes e mais eqüitativos, maximizando o bem-estar da sociedade em termos de escolha públicas.
2. Fundamentação Teorica
Análise Econômica do Direito - AED, também tratada de Law&Economy, segundo MONTEIRO, objetiva:
“implementar os postulados econômicos na aplicação e aplicação e interpretação de princípios e paradigmas jurídicos, para dessa maneira aumentar o grau de previsibilidade e
O
165 Direito e do ordenamento jurídico” (2009, p.2).
Dessa forma, a AED tenta aproximar do mundo jurídico às noções econômicas de maximização do bem-estar, equilíbrio do conjunto social e eficiência na utilização dos recursos escassos, às relações jurídicas.
Essa nova ótica de avaliar as normas e decisões judiciais tem a pretensão de ser um instrumento de apoio ao mundo jurídico através da aplicação dos métodos econômicos, e como argumenta Gico Jr.(2009), para tentar compreender os efeitos das normas jurídicas sobre os comportamentos dos agentes e determinar se tais efeitos são socialmente desejáveis.
Sem menores pretensões, Salama diz:
“... a disciplina serve, antes de tudo, para iluminar problemas jurídicos e para apontar implicações das diversas possíveis escolhas normativas.” Salama (2008)
Precisamos entender que o surgimento dessa corrente de pensamento gerida por uma série de premissas não lhes são exclusivos, sendo estes compartilhados com movimentos como o da Codificação e do Positivismo Jurídico. Ambos encontram sua razão de ser na segurança e na previsibilidade em face às características essenciais dos sistemas econômicos relacionados à escassez de recursos econômicos frente às necessidades humanas, sua alocação mais eficiente que gerará o incremento do bem-estar e no fluxo de relações econômicas (Monteiro, 2009). Estes postulados podem aqui ser elencados como:
166 a) Em face da escassez de recursos devido às necessidades humanas, a alocação mais eficiente gerará o incremento do bem-estar e do fluxo de relações econômicas;
b) Ótimo Paretiano (ou eficiência de Pareto; ou eficiência alocativa): alocação mais eficiente dos recursos, afirma que:
(i) uma sociedade não se encontra em uma situação ótima se não houver pelo menos uma modificação capaz de melhorar a posição de alguém, sem prejudicar a de outra;
(ii) uma escolha eficiente é aquela tomada quando não há outra alternativa que seria preferível por todos os envolvidos, levando em conta seus objetivos e preferências individuais;
(iii) uma alocação ineficiente ocorre quando existe alguma alternativa que todos os outros preferem ou que seria aceita por pelo menos um deles, quanto que para os demais seria indiferente;
Vale ressaltar as palavras de Gico Jr.:
“Não é uma teoria sobre valores, nem sobre
motivações, mas sobre comportamentos
humanos”(2009).
Nossa visão segue a linha de pensamento de Garoupa (2005), onde a AED, tem a pretensão de operar como disciplina do Direito, investigando soluções a duas
167 questões importantes:
(a) uma questão positiva, qual o impacto das normas legais no comportamento dos agentes econômicos em termos das suas decisões e bem-estar;
(b) uma questão normativa, quais as vantagens relativas de determinadas normas legais em termos de bem-estar social.
Como demonstra Gico Jr., essa disciplina fundamenta-se em:
• Individualismo Metodológico:
– Do indivíduo (análise micro) para a sociedade (análise macro), não confundindo interesse próprio com egoísmo e considerando que o bem-estar (ou prejuízo) de outros pode fazer parte da satisfação de um indivíduo na AED.
• Eficiência de Pareto (evitar desperdícios);
• Equilíbrio (valor preditivo);
Quando tratamos da questão da eficiência, pretendemos ampliar o espectro da análise, não focalizando apenas a geração de riqueza, mas também abrangendo a questão do bem-estar social, que está ligado a riqueza, mas não apenas a esta.
Nesse contexto utilizamos os argumentos de Posner (2007), onde enfoca que em síntese, a teoria de justiça “eficientista” se resume à idéia de que o critério para
168 avaliar se os atos e as instituições são justas ou boas é a maximização de riqueza da sociedade e o bem-estar. Esta visão permitiria, segundo Posner, “uma reconciliação entre utilidade, liberdade, e até mesmo igualdade, como princípios éticos que [tradicionalmente] competem entre si.” O que Posner propôs, portanto, é que as instituições operadoras do sistema jurídico-políticas, devam ser avaliadas em função do paradigma de maximização da riqueza/bem-estar. Regras jurídicas e interpretações do direito que promovam essa relação (i.e. eficiência) seriam justas e por conseqüência, regras que não a promovessem seriam injustas. (Salama, 2008).
Uma discussão que gera muito debate nesse campo é a diferença de abordagem entre eficiência e equidade.
A escolha da medida de bem-estar social obedece essencialmente a dois critérios: eficiência e desigualdade de utilidades. Usualmente, caminhos que levam a maior eficiência causam assimetria distributiva, o que pode gerar uma redução no bem-estar social. Para aprofundar essa abordagem cita-se:
- O critério utilitarista que prefere a eficiência à igualdade distributiva (em rigor, é neutro em relação à distribuição): a sociedade está melhor se em agregado tem um nível superior de utilidade;
- O critério rawlsiano prefere a igualdade distributiva: a sociedade está melhor se o grupo com menor utilidade está melhor.
É salutar notar que os critérios de bem-estar social são medidos em utilidade e não maximização de riqueza, pois se trata de desigualdade de utilidades e não de
169 rendimento. Medir o bem-estar social por rendimento agregado ou distribuição de rendimento pressupõe outro tipo de hipóteses metodológicas que vão para além da análise de utilidades. (Garoupa, 2005)
Para fortalecer o argumento do bem-estar social, utilizamos os argumentos de Pyndick e Rubinfeld (2002), os quais demonstram ser foco central e as análises sobre a relação eficiência-justiça utilizamos os preceitos dos argumentos de Kaldor-Hicks (ou Welfare Economics), que podem facilitar o entendimento, para os quais uma mudança em que alguns indivíduos saiam prejudicados é possível, desde que aqueles que melhorem suas posições possam teoricamente compensar aqueles que ficam piores, podendo eventualmente levar a uma situação de eficiência alocativa no sentido de Pareto.
A AED, na sua busca por eficiência, formula ainda nortes que devam auxiliar na formulação, aplicação e interpretação de textos normativos. Estes podem ser resumidos, cfe. Salama (2008), nos seguintes elementos:
a) Nenhum direito há de ser absoluto, pois sempre é necessário examinar os custos e os benefícios para todas as partes envolvidas na relação, e não apenas para uma delas (ex: a empresa poluidora e os benefícios que ela traz para a população);
b) O sistema jurídico deve proporcionalizar a redução dos custos de transação;
170 c) Cabe ao direito os “marcos regulatórios”, diminuindo o risco a ser suportado, aumentando o grau de segurança e previsibilidade;
d) Devido ao fato da intervenção estatal gerar custos, ela só deve ser admitida quando necessária para a neutralização das falhas do mercado;
e) As normas jurídicas nada mais são que incentivos ou não-incentivos a que os agentes econômicos atuem de determinada forma. A sanção é simplesmente um preço que será valorado pelo agente econômico conforme a lógica do custo/benefício de seus possíveis comportamentos;
f) A única função do direito é possibilitar a melhor eficiência alocativa, neutralizando as falhas. Caso não haja falhas, o mercado se responsabilizará pela alocação de recursos.
Ainda utilizando a argumentação de Garoupa (2005), Os agentes econômicos comparam os benefícios e os custos das diferentes alternativas antes de tomar uma decisão, seja ela de natureza estritamente econômica, seja ela de natureza social ou cultural. Essas decisões pressupõe avaliações de custo-benefício e fazem-se num determinado contexto de preferências as quais expressam os níveis de bem-estar dos agentes. O bem-estar individual é medido pela utilidade que o agente retira da sua decisão bem como das decisões que poderia ter tomado e não tomou (os designados custos de oportunidade), expressando o nível de bem-estar resultante.
Posner (2008) argumenta que os agentes econômicos são orientados por esse processo de análise de custo-oportunidade, onde essa verificação passa pela análise
171 dos incentivos adequados que são criados quando dividimos nossos direitos mutuamente exclusivos ao uso de determinados recursos entre os membros da sociedade4.
Precisa-se frisar que a proposta de análise desse artigo, não está orientada diretamente na análise econômica da aplicação das normas jurídicas, mas sim na atuação do Estado, através de seu órgão operativo - RFB, na fiscalização das condutas normativas dos agentes econômicos. Em nossa visão, esse desvio de foco não descaracteriza a pesquisa, pois também cabe ao Estado a capacidade de usar os poderes regulatórios do Estado para reduzir as externalidades negativas causadas por decisões econômicas, que afetam o bem-estar social. Ao Estado, como operador das normas, cabe também o poder o de regulação dos direitos de propriedade para corrigir uma divergência entre custos ou benefícios privados e sociais, que implicam sobre eficiência, equidade e bem-estar.
Nesse contexto citamos o argumento de Monteiro, o qual demonstra como a análise econômica pode servir ao direito:
“ ... pode-se chegar a conclusão que mesmo sendo as regras jurídicas oriundas de um poder estatal centralizador, a razão de sua existência e alocação se dá devido a uma lógica de eficiência e maximização dos efeitos, que lastreada nos princípios econômicos
172 pode vir a ser melhor alocada e utilizada” (Monteiro, 2009 p. 8)
Nesse caminho lógico, vale citar as proposições de Friedman, apud Monteiro (2009) para demonstrar como a análise econômica pode servir ao direito:
a) AED permite a identificação dos efeitos de determinada norma jurídica ou decisão, ou seja:
Na medida em que a análise econômica auxilia a compreensão dos reais efeitos produzidos pelos atos normativos e pelos outros atos ou fatos juridicamente relevantes, especialmente as consequências menos óbvias, ela se mostra útil para todos aqueles que produzem ou estudam as normas jurídicas.
b) A AED pode explicar a razão pela quais determinadas normas jurídicas encontram lugar no ordenamento, ou seja, pode-se chegar a conclusão que mesmo sendo as regras jurídicas oriundas de um poder estatal centralizador, a razão de sua existência e alocação se dá devido a uma lógica de eficiência e maximização dos efeitos, que lastreada nos princípios econômicos pode vir a ser melhor alocada e utilizada;
c) AED serve ao Direito para determinar qual o tipo de norma que deve ser acolhida pelo ordenamento sob o prisma da eficiência econômica, que passa a ser a pedra angular do ordenamento jurídico. Entretanto, como defendido por muitos autores, esse tipo de aplicação não pode ser amplamente utilizada no Direito Brasileiro devido a uma barreira constitucional, que não permite levar em
173 consideração apenas os aspectos econômicos quando da aplicação e elaboração das normas jurídicas. Todavia, essa proteção não impede a utilização desses princípios para uma maximização de resultados.
3. Estudo de Caso
Receita Federal do Brasil – RFB é o órgão do governo que fiscaliza a entrada em território nacional de produtos importados, verificando se os mesmo obedecem as regras institucionais da federação.
Sempre que esses produtos não se encontram de acordos com as normas, a RFB apreende os bens e em algumas situações, os bens que transportavam esses produtos em “descaminho”. Nossa intenção é focar a análise no processo de distribuição e alocação de bebidas alcoólicas apreendidas pela RFB.
Usualmente essas mercadorias apreendidas podem ter como destino: a) Destruição e/ou Inutilização; b) A doação dos bens à entidades filantrópicas, para venda dos mesmos – por meio de realização de “bazares” e c) a mais recente e teatralizada, doação através de convênio para universidades/instituições técnicas para conversão desses produtos em outros bens e serviços5.
O processo de destruição é o mais convencional, onde a RFB, inutiliza o produto
5
Convênio esse realizado em junho de 2011, com Universidade Federal de Santa Maria – Escola Técnica, publicado nos principais meios de comunicação.
174 através de meios que minimizem as externalidades negativas no meio ambiente e doa os vasilhames para organismos representativos de classes carentes para reciclagem.
A sistemática de realização de “Bazares” emprega a metodologia de doação a instituições filantrópicas/carentes, para que promovam eventos beneficentes e vendam os produtos apreendidos a preços mais competitivos. O resultado das vendas é aplicado na melhoria/reaparelhamento de instituições carentes.
O método de reciclagem/conversão, funciona com a RFB doando as bebidas apreendidas à institutos de tecnologia, os quais convertem esses produtos em Etanol e/ou Álcool Gel – para combate a proliferação de surtos virais, e depois doa esses produtos para as instituições carentes. De acordo com as informações obtidas (e tomando-as como hipótese delimitadora), a conversão de bebidas alcoólicas em produtos citados obedece aproximadamente a proporção de 20%, ou seja, cada cinco litros de Whiskys, Vodkas e similares, equivalem a uma conversão de 1litro de etanol, ou 1 kilo de álcool gel. Os vasilhames também são doados para cooperativas de reciclagem. Método esse mais recente entre as aplicações da RFB, tão alardeado e saudado como sendo a alternativa mais eficiente de alocação, pois converte em produtos que auxiliam as instituições carentes e causam o reaproveitamento dos recursos escassos.
Nesse contexto nos propusemos a comparar economicamente as últimas duas formas de distribuição, analisando pelo contexto do custo oportunidade das operações.
175 O primeiro passo foi analisar os resultados financeiros de um dos bazares realizados pela RFB em 2011, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. No Bazar em questão a RFB doou a um determinado número de instituições filantrópicas de uma determinada cidade, valores relativos à venda de 134 litros de bebidas alcoólicas apreendidas, onde nesse escopo encontravam-se Wyskis, Vodkas e Outros. Os preços obtidos por esses produtos foram de cerca de 40% mais baixos que os mesmos produtos negociados no mercado formal. A receita total do Bazar, com esses produtos foi de aproximadamente €2,015.00. Dessa forma, o preço médio comercializado no Bazar foi de €15,04 por litro de bebida. O valor total foi rateado entre as entidades participantes, para melhoria do bem-estar social.
Ao quantificarmos o terceiro processo teríamos que considerar o custo de deslocamento (independente de quem o realizaria, RFB ou institutos que fariam a conversão), arbitrados em aproximadamente €100.00. Teríamos então, considerando a hipótese já definida, que os 134 litros de bebidas se converteriam em 26.8 litros de etanol/alcool em gel. Tentando restringir ainda mais o modelo, consideraremos que o produto da conversão será dividido em 50% de Etanos e 50% em Alcool Gel.
O custo oportunidade dessa conversão seria €2,015.00 mais €100.00, igualando a €2,115.00, o que representaria que cada unidade do Etanol/Álcool em Gel teria como valor comparativo de €78.92 (€2,015.00 + €100.00 = 134 litros x 20% = 26.8 l., onde, €2,115.00 ÷ 26.8l. = €78.92 por litro). Consideramos que dos 26,8 l., 13.4l seriam convertidos em Etanol e o preço do Etanol nos postos de combustíveis é negociado a
176 €1.00, e que a conversão de 13.4 de bebidas resultaria em 13.4 kilos de Alcool Gel, o qual no comércio é negociado a €7.61 o kg.
Se compararmos veremos que o custo relativo de transformação das bebidas é exagerado, pois no caso do Etanol o custo relativo da transformação representa, para uma unidade de Etanol cerca de 7,792% a mais dos valores praticados no mercado e no caso do Álcool em Gel, chega aproximadamente a casa dos 937%.
A opção da venda via Bazar, e depois a conversão do faturamento em 50% para Etanol (para veículos das instituições) e 50% (para conversão em Álcool Gel), proporcionaria a sociedade adquirir 1,007 litros de Etanol e 165 kgs Álcool Gel, ao invés dos 13,4 litros de Etanol e 13,4 kgs de Álcool Gel.
Considerando que o agente econômico que deixa de fazer a conversão tem o seu bem estar reduzido, ele deve ser compensado pela outra escolha (bazar) para voltar ao equilíbrio. O valor monetário desta compensação é de €115.36 (€13.40 referente ao etanol + €101.96 referente álcool gel). Portanto, o ganho líquido para a sociedade pela escolha do bazar em relação à transformação é de €1,899.69 (desperdício eliminado), que são distribuídos para os grupos menos favorecidos da sociedade.
4. Conclusão
presente trabalho se propôs a analisar pelo enfoque da Análise Econômica do Direito – Law&Economy, quais as melhores forma de se buscar um resultado que gere maior bem-estar social no processo de distribuição dos bens apreendidos pela Receita Federal do Brasil, por atividades ilícitas
177 Vimos através da fundamentação teórica que o papel dessa nova forma de pensar as relações jurídicas, é de ser um instrumento auxiliar as análises das normas jurídicas, emprestando-lhes uma visão mais ampla dos resultados econômicos e sociais. A AED quer disseminar a cultura da analise da eficiência econômica através de uma abordagem do custo-benefício, que leva a uma maximização do bem-estar social.
As premissas que o trabalho buscou avaliar eram se as novas práticas adotadas pela RFB – na condição de operador de normas jurídicas oriundas de um poder central, pelo processo de doação para conversão de bebidas alcoólicas em Etanol e Álcool Gel (entre outros produtos), seguia a lógica da eficiência econômica, equidade distributiva em prol de um equilíbrio seguindo os pressupostos de Kaldor-Hicks, de compensação do(s) grupos menos favorecidos.
Nossos estudos mostraram - através dos dados obtidos e das hipóteses consideradas, que o sistema de orientação da produção pela RFB, para que os produtos fossem convertidos em outros produtos, é um processo manufatureiro, oneroso, ineficiente que não prima por distribuição de riqueza mais simétrica.
O sistema de bazar poderia utilizar o sistema de aquisição via mercado para compensar as “prováveis perdas” daqueles setores que deixariam de ser beneficiados com a conversão, doando-lhes o volume equivalente ao processo, e ainda restaria volume significativo de bens para ser distribuído entre as outras instituições beneficentes.
178 processo e o sistema de vendas via Bazar, sendo que este último proporciona um custo menor para a sociedade, eliminando o desperdício econômico resultante da transformação. Sob o ponto vista da ciência econômica, utilizando-se da AED, o sistema de Bazar proporciona a melhor alocação dos recursos escassos, um volume maior de distribuição de bens entre os setores menos favorecidos considerando ainda o processo de compensação de perdas e pode contribuir para uma alocação menos desigual entre a sociedade.
179 COOTER, R. e ULEN, T. Direito e Economia. 5°Ed. Bookman. 2010.
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