Centro de Engenharia Elétrica e Informática
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Grupo de Sistemas Elétricos
Dissertação de Mestrado
Algoritmo Genético Multi Objetivo para
Coordenação Ótima da Proteção de Sistemas
Mistos
Proponente: Francisco das Chagas Souza Júnior
Algoritmo Genético Multi Objetivo para
Coordenação Ótima da Proteção de Sistemas
Mistos
Dissertação apresentada à Coordenação do
Pro-gramade Pós-Graduação emEngenhariaElétrica
daUniversidade Federalde Campina Grande,em
cumprimentoàsexigênciasparaobtençãodoGrau
deMestreemCiênciasnoDomíniodaEngenharia
Elétrica.
Área de Concentração: Processamento de Energia
Benemar Alencar de Souza, D.Sc.
Orientador
Umnovométodoparadeterminaçãodos parâmetrosdeajustedosdispositivosde proteçãoque
compõem uma rede com esquema misto, formado por relés de sobrecorrente e de distância, é
realizadonestadissertação. Variandooalcancedaprimeirazonade atuaçãodosdispositivosde
distância, é possível obter a diminuição do tempo total de atuaçãodos relés de sobrecorrente.
Um algoritmo genético é utilizado em conjunto com uma rotina computacional consagrada
dedicada à estudos de coordenação da proteção de modo que possibilite a obtenção desta
diminuição. Essa rotina fornece ao algoritmo genético os dados necessários para que a etapa
de seleção escolha apenas os indivíduos mais bem adaptados ao problema em questão. Este
métododecoordenaçãoforneceresultados que,quandocomparadoscomosrealizadospormeio
de técnicas tradicionais, apresentam temposde atuaçãodos dispositivosde sobrecorrente mais
baixos.
Palavras-chave: Proteção de sistemas elétricos; relés de sobrecorrente; relés de distância;
A new methof for adjustments of protection devices settings that make up a mixed scheme
network, consisting of overcurrent and distance relays, is carried out. Through varying the
scope of the rst operation zone of distance relay, intend to achieve the reduction of total
time of operation of the overcurrent relays. A genetic algorithm is used in conjunction with
a computational routine to coordination protection studies to obtain this goal. This routine,
whoseuse iswidespreadamongprotectionengineers, providestothe coordinationprogramthe
necessary data to the selectiononly the most adapted individualsto the present problemwill
bechoose onthe selectionstage. Thiscoordinationmethodshows resultsthat,whencompared
with studiesthat use tradicionalmethods, there isa reduction inatuationtime of overcurrent
relays.
Keywords: Power system electric protection; overcurrent relays; distance relays; genetic
Amei a sabedoria mais do que a saúde e a beleza,
e resolvi tê-la como luz, porque o brilho dela
nunca se apaga. Com ela me vieram todos os bens,
Aosmeuspais(AnaeFrancisco)peloamor,carinho,dedicação,esforçoeconançadepositados
emmimdesde o meu nascimento.
Às minhas irmãs(Ana Clara eAna América)pelo companheirismo eajuda.
À minha noivaMaiara Limapor compreender a minhaausência.
Ao meu avô José Alves e a minha tia Nevinha (in memorian), bem como a minha avó Ana
AlvesVitoriano por todaforçae incentivo dados.
Em primeiro lugar agradeço a Deus: Mestre, Amigo, Condente e Companheiro de todas as
horas.
À minhaamada mãe- Ana- eao meuamado pai-FranciscoSouza - quedurante todaminha
vidanãomediramesforçospara dar-meumaboaformaçãotantocomoprossional,tantocomo
homem que com eles aprendi a ser. Amo muito vocês. Às minhas queridas irmãs - Ana
Clara e Ana América - que com suas diferenças e brincadeiras sempre estiveram ao meu lado
ajudando-me asuperar as diversidades dodia-a-dia.
ÀminhanoivaMaiaraLimaque,mesmosem concordar,soubemecompreender nosmomentos
de ausência emque tive quededicar tempoaos estudos.
Aomeu professororientadorDr. BenemarAlencarde Souzapelaorientação,ajudaededicação
emtodos osmomentos durante arealização deste trabalho.
Aosamigos de pós-graduação: Wilker, Célio,Alana, AnaVitória, Wellinsílvio,Paulo eFelipe,
e emespecial aoamigo Nelson Luiz pelas valiosas colaboraçõese discussões sobre o problema
de coordenação da proteção, queforam essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.
À CAPES, pelosuporte nanceiro dado duranteo período de realização deste trabalho.
Lista de Figuras viii Lista de Tabelas ix Lista de Símbolos x Glossário xiii 1 Introdução 17 1.1 Motivação . . . 18 1.2 Objetivos . . . 19 1.3 Metodologia . . . 19 1.4 Organizaçãodo Trabalho . . . 20 2 Revisão Bibliográca 22 2.1 Artigos analisados. . . 22 2.1.1 PÉREZ et al.,(2001) . . . 22 2.1.2 KHEDERZADEH, (2006) . . . 23 2.1.3 CHÁVEZ etal.,(2008) . . . 24
2.1.4 ABYANEH et al.,(2008) . . . 24
2.1.5 CHABANLOO etal.,(2008) . . . 25 2.1.6 MAHAMMEDI et al. (2010) . . . 26 2.1.7 OLIVEIRA et al. (2010) . . . 27 2.2 Síntese bibliográca . . . 28 3 Fundamentação Teórica 30 3.1 Proteção de Sobrecorrente . . . 32
3.1.1 Ajuste dos relés de sobrecorrrete . . . 33
3.2.1 Tiposde relés de distância . . . 37
3.2.2 Determinação daimpedância . . . 38
3.2.3 Zonas de atuaçãoe seus principaisajustes . . . 39
3.3 AlgoritmoGenético . . . 40
3.3.1 FormulaçãoComputacional . . . 42
3.3.2 Operadores Genéticos. . . 43
4 Algoritmos genéticos e a coordenação da proteção 47 4.1 Estruturaçãodo problema . . . 48
4.1.1 Codicação dos indivíduos . . . 48
4.1.2 População inicial . . . 49
4.1.3 Análise de aptidão . . . 50
4.1.4 Outrasoperações genéticas . . . 51
4.2 Estudosde caso . . . 51
4.2.1 Determinação dos ajustes da proteção utilizandooMATLAB ® . . . 51
4.2.2 Determinação dos ajustes da proteção utilizandooCAPE ® como motor 54 5 Resultados 59 5.1 Simulações . . . 59
5.1.1 Determinação dos ajustes da proteção utilizandooMATLAB ® . . . 59
5.1.2 Determinação dos ajustes da proteção utilizandooCAPE ® como motor 62 6 Conclusões 65 6.1 Conclusões. . . 65 6.2 Trabalhosfuturos . . . 66 Referências bibliográcas 67 Apêndice A 68
2.1 Coordenação entre relés de sobrecorrente direcionais e de distância. . . 23
2.2 Localizaçãocríticadefaltasnacoordenaçãoentrerelésdesobrecorrenteedistância. 25 2.3 Rede de 30 barrasdo IEEE. . . 27
3.1 Condiçõesde operaçãodo sistemade potência. . . 31
3.2 Sistemactício protegido porum relé de sobrecorrente e um de distância. . . 32
3.3 (a)Fluxograma do processo de determinação dos ajustes dos relés de sobrecor-rente. (b) Exemplo de coordenogramade três relés de sobrecorrente. . . 35
3.4 Exemplo de determinaçãodos parâmetros de uma cadeia de dispositivos de so-brecorrente. . . 36
3.5 Sistemactício com uso de relés direcionais de sobrecorrente. . . 36
3.6 Exemplo de coordenação do sistema ctício com uso de relés direcionais de so-brecorrente. . . 36
3.7 Características de funcionamento de um relé de distância: (a) Impedância; (b) Mho; (c) Amendoin; (d) Lenticular;(e) Otimizada. . . 38
3.8 Faltatrifásica ax% dabarra a. . . 38
3.9 Característicade atuação de um relé de distância. . . 40
3.10 Fluxograma geralde um AlgoritmoGenético. . . 42
3.11 Operação de Cruzamento Populacional. O cruzamento pode ser realizado por: (a)Permuta do material genético dos pais e (b) Operações matemáticas com o materialgenético dos genitores. . . 44
3.12 Representação daformação computacionaldos números cíclicos. . . 45
3.13 Operação de Mutação. Um indivíduo é escolhido aleatoriamente para ter ser código genético alterado. No lado direito, o indivíduo antes da mutação. A esquerda, com a mutação efetuada. . . 45
3.14 OperaçãodeSeleçãoviamétododaroleta. Aroletatem maiorprobabilidadede
parar nos espaços referentes aos melhores indivíduos, embora nada impede do
contrárioacontecer. . . 46
4.1 Coordenação entre um dispositivo de sobrecorrente e um de distância. . . 48
4.2 Codicação dos indivíduos: (a) Relé de Sobrecorrente; (b) Relé de Distância. . . 49
4.3 Equivalênciaentre oAG eos termos dafunção objetivo. . . 50
4.4 Sistemateste composto por6 barras e7 linhas. . . 54
4.5 Fluxograma de comunicação entre o AlgoritmoGenéticoe o CAPE ®
. . . 56
4.6 Sistemateste CEAL. . . 58
5.1 Coordenogramados dispositivos de sobrecorrente daFig. 4.4. . . 61
5.2 Evolução doalgoritmode proteção implementado peloMATLAB ®
. . . 61
5.3 Curva de atuaçãodos dispositivosde proteção daFig. 4.6: (a)relés de
sobrecor-rente, (b) relés de distância. . . 63
5.4 Evolução do algoritmode proteção utilizandoo CAPE ®
2.1 Características dos relés de sobrecorrente.. . . 26
2.2 Síntese bibliográcae comparação com omodelo proposto. . . 29
3.1 Relaçãoentre osvalores das constantes
k
1
ek
2
com o tipode curva. . . 333.2 Correspondência entre os termosdos AG e sua funcionalidade. . . 41
4.1 Dadosdas linhasdo sistemateste da Fig. 4.4. . . 52
4.2 Parâmetros doAlgoritmo genético para o sistemada Fig. 4.4. . . 52
4.3 Correntes de curto-circuitotrifásico vista pelo par P/R para os sistemada Fig. 4.4. . . 53
4.4 Dadosdas linhasdo sistemateste da Fig. 4.6. . . 57
4.5 Dadosdas linhasdo sistemateste da Fig. 4.6. . . 58
5.1 Resultados para simulaçãoutilizandoo MATLAB ® .. . . 60
5.2 Parâmetros doAlgoritmo genético para o sistemada Fig. 4.4. . . 62
t
Z2
Tempo de atuação dasegunda zona do relé de distânciat
m
(F 4)
tempode atuaçãodo relé de sobrecorrente que atua comoproteção principalt
b
(F 3)
tempode atuaçãodo relé de sobrecorrente que atua comoproteção de retaguardat
Z2min
Valormínimodo tempo de atuação dasegunda zona do relé de distânciat
Z2max
Valormáximo dotempode atuaçãodasegunda zona dorelé de distânciaM
i
Múltiplo de tempo doi-ésimo relé de sobrecorrentet
i
Tempo de atuação doi-ésimo relé de sobrecorrentek, α
eL
Constantes arbitrárias quevariamde fabricante parafabricantet
mk
Tempo de atuação dorelé de proteção principalt
bk
Tempo de atuação dorelé de retaguarda∆t
Diferença entre otempo de atuaçãodas zonas de proteção de retaguarda e principalk
1
ek
2
Constantes dependentes do tipode curva emdispositivos de sobrecorrenteI
CCmax
Corrente de curto-circuito máximano pontode instalaçãodorelé deI
aj,i
Correntede ajuste doi-ésimo relé de sobrecorrentex
Distânciaentre opontode instalaçãodo relé de distância eo localdeocorrência dafalta
Z
1
Impedânciade sequência positivada linha de transmissãoˆ
I
CC
Correntede curto-circuito trifásica ax%dobarramentoat
bOC
Tempo de atuação dorelé de sobrecorrente atuando como proteçãode retaguarda
t
mDIST
Tempo de atuação dorelé de distânciaatuando como proteção principalθ
AG
Ângulode torque obtido peloAlgoritmo Genético∆t
mb|i|
Intervalode coordenaçãoexistente entre os relés de sobrecorrentem
eb
relativos aoi-ésimo par darede de proteção∆t
prOCDIST
|i|
Intervalode coordenaçãoexistente entre os relés de distância(proteçãoprincipal)e de sobrecorrente(proteção de retaguarda)relativos
aoi-ésimo par darede de proteção
θ
AG
Ângulode torque máximo obtidopeloalgoritmogenéticoθ
mbDIST OC|i|
Ânguloda impedânciadalinha de transmissãoprotegida peloi-ésimorelé de distância
P
1
Númerode pares principal/retaguarda formadosporrelésP
2
Número de pares formados por relés de distância atuando como proteçãoprincipal
P
3
Número de relés de distância;α
1
, β
2
, β
3
Constantes de ponderação da função objetivor
p
Porcentagem daLTprotegida pela primeirazona de atuação doreléde distância, dada em%
N
d
Número de descoordenaçõesN
v
Número de violações dointervalode coordenaçãoT
p
Tempo de atuação dazona primáriaONS Operador Nacionaldo SistemaElétrico
SEP SistemaElétrico de Potência
AG AlgoritmoGenético
TDS Time Dial Setting
CTI Coordination Time Interval
TC Transformador de Corrente
TP Transformador de Potencial
RTC Relação de Transformação do TC
RTP Relação de Transformação do TP
IEEE Institute of Electricaland Electronic Engineers
Introdução
Os Sistemas Elétricos de Potência (SEPs) assumiram níveis de importância bastante
ele-vados, devido ao grau de dependência e correlação entre esses e a sociedade como um todo.
A extensão dos SEPs não para de crescer e, segundo dados do Operador Nacional doSistema
Elétrico (ONS), até 2011 o Brasil terá cerca de 90 mil quilômetros de redes de transmissão.
Em termos comparativos é equivalente a aproximadamente duas voltas em torno da Terra.
Sendo os SEPs peça fundamental para a manutenção do bemestar social e econômico, faz-se
necessário a existência de um sistema dedicado a garantir o fornecimento de energia elétrica
sempre aomaior número de consumidores. A esta partedo SEP dá-se onome de Proteçãode
SistemasElétricos.
Esquemas de comunicação entre dispositivos de proteção são muito utilizados visando um
melhor desempenho desses equipamentos IEEE (2000). Vários mecanismos, a exemplo da
norma IEC61850, entre outros, delimitamaçõesa serem implantasnos sistemasde proteção.
VisandoaumentaraconabilidadedosSEPs,essesgeralmentesãomonitoradosporsistemas
deproteçãodivididosemblocosconhecidoscomoproteçãoprimária ederetaguarda. Essesdois
blocos têm amesma função, com a diferença de que aproteção de retaguarda somente atuará
∆
ts depois da detecção do sinistro, se e somente se, o bloco primárioapresentar falhas e não operar.Em sistemas de transmissão e sub-transmissão é comum o uso de relés direcionais de
so-brecorrente e de distância compondo o sistema de proteção. Assim sendo, faz-se necessário
a coordenação tanto dos relés de sobrecorrente entre si, como destes com os de distância. É
importanteobservar que os relés de sobrecorrente podem atuar de forma instantânea ou
tem-porizada - com tempo de atuação inversamente proporcional a corrente de curto-circuito. Já
As demais zonassão atrasadas de um tempo
∆
t emrelação asua antecedente.1.1 Motivação
A elaboração do estudo da coordenação da proteção ainda é feita em muitas empresas de
maneiramuitorudimentarelaboriosa. Nessescasos, aexperiênciaadquiridapelos engenheiros
deproteçãotorna-seumdosfatoresmaisrelevantesparaosucesso,ounão,doestudorealizado.
Deumamaneirageral,oprossionalutilizavalorespréviosdeestudosdeuxodecargae
curto-circuitoalémdegabaritoscomasinúmeraspossibilidadesdeajustesparacadaumdosrelés. Seu
trabalhoé,portanto,escolher osajustesdos relés, de modoquesejamrespeitadososprincípios
davelocidade,seletividade, segurançae conabilidade. Comocrescente incrementodos SEPs,
existe a necessidade intrínseca de que sejam realizados frequentes ajustes nos parâmetros da
conguração dos componentes do sistema de proteção. Este fato justica a necessidade da
elaboração de um mecanismo que facilite o estudo da coordenação da proteção, deixando o
trabalho dos prossionais envolvidos nessa área mais simples e sem perder a qualidade das
soluçõessugeridas.
Comoadventodoscomputadoresdigitais,apresençademétodoscomputacionaispara
reso-luçãodeproblemasrelativosasistemaselétricosde potênciasetornoucadavezmaisfrequente.
Háumaverdadeiragama demétodos, tantonuméricoscomoanalíticos,que facilitam
sobrema-neira a resolução de problemas comuns e de resolução extremamente dispendiosa, a exemplo
de: conguração de redes de distribuição, alocação de bancos de capacitores, reguladores de
tensão etransformadores, ecoordenação da proteção.
De maneira geral, as meta-heurísticas, integrantes da família dos métodos de Inteligência
Computacional/Articial, inspiram-se em fenômenos naturais tais como: comportamento de
aves de arribação, sistema imunológico animal e evolução natural das espécies. Esse último,
conhecido como Algoritmo Genético (AG), vem sendo muito utilizado na área de sistemas
elétricose, será o alvo desta dissertação.
No quedizrespeito aos sistemasde transmissãode energiaelétrica,ouso de várias funções
de proteção é uma necessidade. Dentre as mais utilizadas pode-se destacar as proteções de
sobrecorrente e de distância. A correta coordenação entre dois tipos de função de proteção
apresentacaracterísticasumpoucopeculiaresemrelaçãoaoqueacontecenocasodedispositivos
de mesmascaracterísticas. Essas peculiaridadesocorremdevidoàsprópriascaracterísticasdos
dispositivos no tocante a sua resposta frente a situação de sinistro. Logo, a existência de
tocanteaoprocessodesempenhadopelosengenheirosdeproteção. Omecanismodecoordenação
apresentado nesta dissertação considera um sistema de proteção composto por dispositivosde
sobrecorrente e de distância, e realiza a coordenação destes de modo que o tempode atuação
dos dispositivos de sobrecorrente seja omínimo possível.
DentrodoâmbitodoGrupodeSistemasElétrica,Departamentode EngenhariaElétricada
Universidade Federal de Campina Grande, diversos trabalhos vêmsendo realizados utilizando
a técnica de Algoritmos Genéticos. Pode-se citar os trabalhos de BRAZ (2003) e FONTAN
(2008),queutilizaramatécnicapararesoluçãodeproblemasnaáreadeconguraçãoderedesde
distribuição. Naáreade coordenaçãodaproteção,pode-secitarotrabalhodeOLIVEIRAetal.
(2010),que utiliza um algoritmogenético para determinaçãodos ajustes aserem congurados
em dispositivos de sobrecorrente.
Estadissertação,bemcomootrabalhodeOLIVEIRAetal.(2010),sãofrutosdeumprojeto
dePesquisaeDesenvolvimentocelebradoentraaUFCGeaCentroElétricadeAlagoas(CEAL).
1.2 Objetivos
Constam como objetivos principaisdesta dissertação osseguintes tópicos:
Tornar o processo de coordenação da proteção um eventoautomatizado ecom completa
abstração por parte dousuárional da rotina computacional;
Encontrar via Algoritmos Genéticos os ajustes ótimos dos relés direcionais de
sobrecor-rente edistância (até a segunda zona de proteção), pertencentes a um sistema de
trans-missão,fazendo com que aatuação dos primeirossedê damaneiramais rápida possível,
considerandoo intervalode coordenaçãoe presença dos relés de distância;
Avaliaraaplicabilidadedas soluçõesencontradas atravésde simulações, de sistemasreais
e sistemas-teste,emum software dedicado ao estudo dacoordenação daproteção.
1.3 Metodologia
Paraadeterminaçãodosajustesótimosdosreléspertencentesaosistemaestudado,duasetapas
foram realizadas. Na primeira foi desenvolvido um algoritmo genético (AG) em ambiente
MATLAB ®
que realiza a tarefa mediante uma série de passos: variação do ponto limite de
atuação da zona primária para proteção de distância, o qual será chamado a partir de agora
C
++
e para etapa de teste dos indivíduos foi utilizada uma software dedicado a estudos de coordenação daproteção que, por sua vez, retornaos dados necessários para que o programaC
++
possa selecionar os melhores indivíduos para o problema em questão. Para que fosse possível a realização de tal iteração entre o programa em C++
e a rotina de coordenação da proteção foinecessário aimplementaçãode um esquemade comunicação queseráabordadonoCapítulo4.
Na primeira etapa durante a avaliação dos tempos de atuação dos relés de sobrecorrente,
aproximações quanto aos valores das correntes de falha nos pontos de faltas críticos foram
necessárias,umavezque,nãofazpartedoescopodestadissertaçãoaimplementaçãoderotinas
decálculodecurtos-circuitos. Depossedetaisvaloresaproximados,foramutilizadasexpressões
sugeridas por KINDERMANN (2005) para a determinação dos tempos de atuação e, a partir
destes, avaliações como: análise de descoordenações, violação do intervalo de coordenação,
entre outros.
Nasegunda parte dadissertação seráapresentado ouso deum software comercialdedicado
à realização de estudos de coordenação da proteção sendo usado como motor da rotina de
otimizaçãoimplementada peloAG.O uso dessa técnicapossibilitaráalcançaroprimeiro
obje-tivolistado neste capítulo, acompleta automatização eabstração doprocesso de coordenação
da proteção por parte do usuário nal, uma vez que este será requisitado apenas quanto da
criação dosistema queserá alvodo estudo.
Para avaliar a robustez do algoritmo,o mesmo foi utilizadoem dois sistemas distintos. O
primeiro deles foi propositalmente retirado de ABYANEH et al. (2008) de forma que fosse
possível a comparação entre os resultados obtidos a partir das duas técnicas de coordenação
utilizadas. Por m, é realizada a coordenação da proteção de parte do Regional Maceió
per-tencente a Eletrobras Distribuidora de Alagoas, tambémconsiderando o emprego das funções
de distância ede sobrecorrente.
1.4 Organização do Trabalho
Para alcançarosobjetivosdo trabalho, esta dissertação foi estruturadada seguinte forma:
Umaanálisedostrabalhosquetiverammaiorinuênciaparaaelaboraçãodestadissertação,
assim como uma síntese comparativa entre esses e o trabalho proposto, são abordados no
Capítulo 2.
OembasamentoteóriconecessárioparaaelaboraçãodotrabalhoéapresentadonoCapítulo
No Capítulo 4 são apresentados detalhes da elaboração do Algoritmo Genético utilizado
para resolução do problema da coordenação da proteção, assim como, o esquema de
comuni-cação desenvolvido para que fosse possível a utilização de dois softwares distintos visando o
mesmo objetivo.
Porm,osresultadosobtidosapartirdesimulaçõesrealizadasnosdoisambientesutilizados
Revisão Bibliográca
2.1 Artigos analisados
Oajustedos parâmetros dos dispositivosde proteção éum processo extremamente laboriosoe
lento,tendoseu graude complexidade aumentadoàmedidaquenovasfunçõesde proteçãosão
incorporadas aosistema,bemcomocom asconstantes modicaçõesocorridasnarede.
Pesqui-sadores vêm apresentando diversas soluções no que diz respeito à obtenção ótima dos ajustes
dos relés sob diversas condições. A seguir são apresentados alguns dos trabalhos considerados
mais inuentes naelaboraçãodesta dissertação.
2.1.1 PÉREZ et al., (2001)
PÉREZ andURDANETA (2001)apresentam umametodologiaparaadeterminaçãodotempo
de atuação da segunda zona (
t
Z2
) de proteção de relés de distância quando empregados em conjunto com relés direcionais de sobrecorrente. Baseado em programação linear, o trabalhopropõeainclusãodeumanovavariável(
t
Z2
)nocálculodafunçãoobjetivooriginaldoproblema de otimização.Para obtenção doresultado,PÉREZ andURDANETA (2001)seguemos doispressupostos
apresentados a seguir:
O tempo de atuação da segunda zona do relé de retaguarda (distância) deve ser maior
que o do relé de proteção principal (relé direcional de sobrecorrente), ponto F4 da Fig.
Otempode atuaçãodorelédirecionaldesobrecorrente(atuando comoretaguarda),deve
ser maior que o da segunda zona do relé de distância(proteção principal), ponto F3 da
Fig. 2.1.
As premissas apresentadas anteriormentepodem ser melhorcompreendidas pelaanálisede
(2.1) e (2.2),bem como daFig. 2.1.
Esta abortagem faz-se necessária pois, caso
t
Z2
seja um valor previamente xado, as res-trições impostas por (2.1) e (2.2) podem tornar-se inviáveis, indicando a impossibilidade dalocalização de um conjunto de ajustes que garantam a seletividade do sistema. Esse fato faz
comque
t
Z2
preciseser modicadoduranteoprocessode otimizaçãoaté queoalgoritmotenha condições de encontrar osajustes ótimos.A variaçãode
t
Z2
éfeitaacrescentando umanovarestriçãoaosistema. De acordocom (2.3)t
Z2
pode variar dentrode uma faixa que vai de 0,3a 2,5.Percebe-se então que PÉREZ and URDANETA (2001) utiliza o artifício da obtenção do
valormínimodotempodeoperaçãodasegundazonadeoperação,paratornarviávelaobtenção
de ajustes queassegurem a coordenação e seletividade dos relés direcionais de sobrecorrente.
t
Z2
− t
m
(F 4) ≥ CT I
(2.1)t
b
(F 3) − t
Z2
≥ CT I
(2.2)b
a
Relay
CTI
CT
VT
CT
CTI
Relay
VT
F4
F3
Relé de distância
Relé de sobrecorrente
Fig.2.1: Coordenação entre relés de sobrecorrente direcionais e de distância.
2.1.2 KHEDERZADEH, (2006)
AcoordenaçãodesistemasdeproteçãomistosbaseadonotrabalhodePÉREZandURDANETA
(2001) ésolucionado emKHEDERZADEH (2006) representando os relés de sobrecorrente por
dispositivos de proteção universal. Esses últimos são dispositivos digitais que permitem a
construção da curva de atuação de equipamentos de proteção do tipo tempo-inverso com a
presença de mais de um tipode curva desenvolvidapelos equipamentosconvencionais.
O tempo de atuação da segunda zona do relé de distância é ajustado como proposto por
PÉREZ andURDANETA(2001). Porém,a coordenaçãodos relésde sobrecorrenteé realizada
considerando curvas compostas por diversos tipos de curva podendo, existir patamares de
atuação instantânea e instantânea atrasadas. Para obtenção da minimização do tempo de
operaçãodos relés de sobrecorrente, faltasapartir dopontomédiodalinha sãoprotegidas por
unidades instantâneas. Essa solução é repetida para faltas próximas ao terminal emissor da
LT. Logo, o relé atua de maneiramais rápida para faltascom maiorvalores de corrente.
2.1.3 CHÁVEZ et al., (2008)
O uso de ajustes previamente obtidos pode acarretar em problemas de atuação indevida dos
relésemsituaçõesnasquaisocorrammudançasnaconguraçãodarede. Este fatoseapresenta
mais evidente quando tais parâmetros são empregados para proteção de redes muito
interco-nectadas, como éocaso da maioriados sistemasatuais. Este problema ésolucionado pelouso
de sistemas de proteção adaptativa - sistema que se utiliza de algoritmosrápidos e poderosos
que podem obter e manter acoordenação dos relés frentea diversas condiçõesde operação.
CHÁVEZ etal.(2008) usamométododabuscaparadeterminaçãodos ajustes dos relésde
distância(zonas 2 e3) emuma aplicaçãoadaptativa. O trabalhoapresenta um algoritmoque
determinaoconjuntodosparesprimário/retaguarda,bemcomoefetuaestudosdecurto-circuito
para a avaliação de diferentes tipos de faltasno sistemaem análise.
OtrabalhopropostoporCHÁVEZetal.(2008)apresentaumsistemadeproteçãoadaptativa
composto por três níveis principais. São eles: o Centro de Controle de Proteções, o Centro de
Controle das Subestações eos IEDs (Integent Electronic Devices).
2.1.4 ABYANEH et al., (2008)
No trabalhode ABYANEH et al.(2008)é apresentado o uso de um algoritmogenético para a
coordenação ótima de um SEP, protegido por esquema híbrido composto porrelés direcionais
Avaliação davelocidade dasolução encontrada;
Ajuste dacoordenação dos relés de sobrecorrente (primárioeretaguarda);
Ajuste da coordenação entre relés de sobrecorrente (primários) e de distância
(reta-guarda).
A coordenação da proteção do sistemainicia-se com o cálculodos tempos de atuação para
correntes de curto-circuitoem pontosde localizaçãocrítica- pontospredenidoscomo sendoa
fronteira entre a 1ª e 2ª zona de proteção para os relés de distância (Fig. 2.2). Nesta etapa é
utilizadoummodelo aproximado de terceiraordempararepresentação dacurvade atuaçãodo
relé. Há aqui uma limitaçãono trabalho, pois, a equação utilizada para estimação do tempo
de atuação dos relés de sobrecorrente parte doprincípioque todos osrelés têm curvas dotipo
moderadamente inversa. Esta restrição minimiza a generalização da solução encontrada pelo
algoritmo,uma vez que oespaço de buscapara este problema foitruncado.
Emtermosmatemáticos,aaptidãodosindivíduoséconseguidaapartirdaseguinteequação.
F O
= α
1
×
P
n
i=1
(t
i
)
2
+ β
2
×
P
P
1
k
1
=1
∆t
mb|k
1
|
− |∆t
mb|k
1
|
|
2
+
β
3
×
P
P
2
k
2
=1
∆t
mbDIST OC|k
2
|
− |∆t
mbDIST OC|k
2
|
|
2
(2.4)com:
∆t
mbDIST OC|k
2
|
= t
bOC|k
2
|
− t
mDIST
|k
2
|
− CT I
(2.5)a
Relay B
TC
TP
TC
Relay A
TP
TC
TP
Relay C
b
c
F
Fig.2.2: Localizaçãocríticade faltasna coordenação entre relés de sobrecorrentee distância.
2.1.5 CHABANLOO et al., (2008)
Uma abordagem que considera várias características de curvas dos relés de sobrecorrente é
apresentada emCHABANLOOetal.(2008). Para avaliaçãodotempo de atuaçãodos relésde
sobrecorrente, utiliza-sede (2.6) porém, assim comoABYANEH et al.(2008), limitao espaço
de busca do AG, uma vez que assume que todos os relés de sobrecorrente tem curva do tipo
moderadamente inversa.
t
= T DS ×
k
M
α
− 1
+ L
(2.6)O valores das constantes k,
α
e L assumem os valores mostrados pela Tabela 1 de CHA-BANLOO et al. (2008), reproduzida na Tabela 2.1 e assumem valores diferentes conforme ofabricante.
Tab. 2.1: Características dos relés de sobrecorrente.
Característica Tipo de Curva Norma k
α
L1 Inversa de tempocurto Areva 0,05 0,04 0
2 Normal Inversa IEC 0,14 0,02 0
3 Muito inversa IEC 13,5 1 0
4 ExtremamenteInversa IEC 80 2 0
5 Inversa de tempo longo Areva 120 1 0
6 Moderadamente Inversa ANSI/IEEE 0,0515 0,02 0,114
7 Muito Inversa ANSI/IEEE 19,61 2 0,491
8 ExtremamenteInversa ANSI/IEEE 28,2 2 0,1217
Apósa entrada dos dados darede estudada, os ajustes dos relés de distância, emsuas três
zonas de atuação, são calculados através das técnicas tradicionais e não passam por nenhum
processode otimização. Osvaloresdos seustemposde atuaçãosão, grossomodo,considerados
apenas como restrições para a atuação dos relés de sobrecorrente. Com isso, as curvas de
atuação correspondentes são levadas a assumir valores de múltiplo de tempo mais elevados,
tornando o sistema mais lento. Esta mesma constatação pode ser aplicada ao trabalho de
ABYANEH et al.(2008).
2.1.6 MAHAMMEDI et al. (2010)
Baseado no trabalhode ABYANEH et al.(2008), MOHAMMEDI et al.(2010) realiza a
coor-denação dos dispositivos de sobrecorrente do mesmo sistema com a variação dos parâmetros
genéticos. Umavez que apenas dispositivosde sobrecorrente estão presentes narede, a função
objetivo deste trabalho é modicada em relação a do que o inspirou. Como pode-se ver em
(2.7) houve a eliminaçãodo termo relativo à coordenação entre os relés de sobrecorente e de
distânciaquando comparada com (2.4).
F O
= α
1
×
P
n
i=1
(t
i
)
2
+ β
2
×
P
P
1
k
1
=1
∆t
mb|k
1
|
− |∆t
mb|k
1
|
|
2
(2.7) com:∆t
mbk
= t
bk
− t
mk
− CT I
(2.8)Osparâmetrosgenéticos assumiram 6conjuntos de valores sendoquedestes,apenas um foi
capaz de obter a coordenação entre todos osdispositivos darede. Este conjunto emquestão é
o mesmoutilizadotanto porABYANEH etal. (2008)como pelotrabalhoatual.
Outra diferença entre ostrabalhos de ABYANEH et al. (2008) e de MOHAMMEDI et al.
(2010) é a inclusão do sistema-teste padrão do IEEE de 30 barras reproduzido na Fig. 2.3.
Também paraeste sistema,apenasumconjuntodeparâmetros genéticosobteveacoordenação
entre todos osdispositivos.
AssimcomoemABYANEHetal.(2008),MOHAMMEDIetal.(2010)utiliza-sedeequações
truncadas para determinaçãodos tempos de atuaçãodos dispositivosde sobrecorrente.
Fig. 2.3: Rede de 30barras doIEEE.
2.1.7 OLIVEIRA et al. (2010)
Tratando do problema de coordenação de dispositivos de sobrecorrente como um processo
de otimização, OLIVEIRA et al. (2010) utiliza um algoritmo genético em conjunto com um
software dedicado acoordenação daproteção utilizadocom motordaaplicaçãode inteligência
computacional.
análisedosresultadospropostos peloAG,éutilizadoumaequaçãocomaspectobemmais
agra-dávelqueasusadasemABYANEHetal.(2008),CHABANLOOetal.(2008)eMOHAMMEDI
et al. (2010). A função objetivo de OLIVEIRA et al. (2010) consiste da análise dos seguintes
parâmetros:
Análise donúmero de descoordenações entre dispositivosde sobrecorrente;
Análise do número de violações do intervalo de coordenação entre os dispostivos de
so-brecorrente;
Velocidadeda soluçãoencontrada (considerando a atuação primáriaede retaguarda).
Matematicamentea equação(2) de OLIVEIRA etal.(2010) apresentaostermos utilizado.
Esta equação é reproduzida em2.9
F O
= α × N
d
+ β × N
v
+ φ × T
p
+ δ × T
s
(2.9) Duas grandes contribuiçõesde OLIVEIRA etal.(2010) são ouso de um software dedicadoà estudos de coordenação para análise dos resultados obtidos, e a determinação de todos os
parâmetros necessário para o ajuste de dispositivos de sobrecorrente. Ao contrário do que
é realizado por todos os trabalhos analisados, mais notadamente, PÉREZ and URDANETA
(2001), ABYANEH et al.(2008), CHABANLOO et al. (2008) e MOHAMMEDI et al.(2010),
querealizamacoordenaçãodosdispositivosdesobrecorrentecomaterminaçãoapenasdoTime
Dial Setting, OLIVEIRA et al. (2010) realiza tanto a determinação dos valores do Time Dial
Setting quanto dotipo de curva dodispositivo.
2.2 Síntese bibliográca
Comopode-severnabibliograa apresentada,a proteção de distânciaé, namaioriados casos,
tratadanum processoquenãoutiliza-sedetécnicasdeotimizaçãoparaadeterminaçãodosseus
ajustes. Comisso, entranoprocessodeotimizaçãoapenascomorestriçõesaseremcontornadas
pelasdemaisfunções. Essatécnicafazcomqueosistemadeproteçãoapresentevaloresdetempo
de atuação mais elevados doque onecessário.
Nestetrabalhoumnovométodoparacoordenaçãoótimadossistemascomesquemaproteção
mista é apresentado (Ver Tab. 2.2). Com o ajuste do início da segunda zona de proteção
metodologia tradicional. Com isso, o sistema de proteção torna-se mais rápido, seletivo e
seguro.
A determinação da coordenação ótima da proteção, de acordo com o método proposto, é
obtida pormeio de um Algoritmo Genético (AG), uma das técnicas de inteligência
computa-cionalmais utilizadaspara resolverproblemasde otimizaçãocombinatória. Comelaé possível
determinar os parâmetros relacionados tanto ao tipo de curva, como os ajustes dos múltiplos
de tempo (TDS) dos relés de sobrecorrente (OLIVEIRA et al., 2010), bem com o início da
segunda zona de proteção para o relé de distância.
Essa metodologia é bastante útil na resolução do problema de coordenação da proteção,
candosua potencialidademais evidenciada quando empregada emsistemascom altograu de
interconexão como ABYANEH etal. (2008)e YANG etal.(2006).
Tab. 2.2: Síntese bibliográca ecomparação com omodelo proposto.
Parâmetros Analisados
Referência Método Ajustes Funções
Curva TDS Z 1
t
z2
PÉREZ and URDANETA (2001) LP 2 - -
-√
DOCR KHEDERZADEH (2006) 3 LP 2 - - - - DIST eDOCRCHÁVEZ etal. (2008) Busca -
-√
- DIST
4
ABYANEH etal. (2008) AG
-√
- - DIST eDOCR CHABANLOO et al.(2008) AG-√
- - DIST e DOCR 5 MOHAMMEDIet al.(2010) AG-√
- - DOCR OLIVEIRA etal.(2010) AG√
√
- - DOCR Proposto AG√
√
√
- DIST eDOCR 1Alcancedaprimeirazonadeatuação.
2
LinearProgramming.
3
Utilizatécnicasdecomposiçãodecurvasparaobtenção dosajustesdosrelésdesobrecorrente.
4
Éutilizadauma abordagemadaptativanestetrabalho.
Fundamentação Teórica
Comosesabe,osistemaelétricodeveobedecerapadrõeslegaispreestabelecidospelosórgãos
regulamentadorespara que ofornecimento possa ser realizadodamelhor maneirapossível.
Comoconsequênciade fatoresinternose/ou externos,osistemade potêncianãoestá imune
à perturbações, defeitos e falhas de diversas origens. Estas condições anormais resultam em
interrupções no fornecimento de energia elétrica, podendo ocasionar danos aos componentes
que compõemosistema de potênciaouaté mesmoà seres vivos.
Visando minimizar taiscondições indevidas de operação, osistema de potência conta com
um sistema dedicado a manter os índices de qualidade do sistema em níveis conáveis. Este
sistema é o sistema de proteção. Todo sistema de proteção tem como principais objetivos os
seguintes itens:
Sensibilidade: osequipamentosde proteção devemser sensibilizados pelomenor nívelde
defeito aqualosistema esteja sujeitosem, noentanto,confundirtaissituaçõescom uma
condição de contingência porexemplo;
Seletividade: osajustesdosequipamentosdeproteçãodevemsertaisqueomenornúmero
possível de consumidores que sem o suprimentode energia;
Segurança: em nenhuma hipótese o sistema de proteção deve interromper o
funciona-mentonormal dosistema elétricode potência;
Rapidez: um sistemadeproteção étãomelhorquantomais rápidoforemasatuaçõesdos
seus dispositivos. Com istoé garantido queo sistemaoperará em situaçõesde faltapelo
Em resumo,a principalatribuição de um sistema de proteção éeliminar situações de falta
o mais rápido possível, de modo que as consequências da mesma sejam limitadas. Para isto
faz-se necessário o uso de alguns dispositivos tais como: transformadores de corrente (TC) e
de potencial(TP), relés e disjuntores.
AFig. 3.1apresenta,dopontodevistadosdispositivosdeproteção,asprincipaiscondições
de operação do sistemade potênciaABB (1999).
Anormal
mas segura
Operação
Normal
Condição
de falta
Operação
anormal
Passagem não controlada
Iniciado pela proteção
Operação manual ou automática
Fig. 3.1: Condições de operação dosistemade potência.
Na gura 3.1tem-se asseguintes situações:
situaçãode operação normalo sistema de potênciaatende a todos os consumidores com
tensões de amplitudee frequência normais;
Já sob condições anormais, a tensão de alimentação terá amplitude e/ou frequência
di-ferentes das nominais fazendo com que os equipamentos instalados na rede operem em
condições não ideais.
Por sua vez, as condições de faltassão aquelas nas quaiso sistema não está habilitadoa
manter ofornecimento de energia aos consumidores.
Ao processo de determinação dos ajustes dos dispositivos de proteção é dado o nome de
estudodeseletividadedaproteçãoe,temcomoprincipalobjetivofazercomquetaisdispositivos
apresentem suas operações segundo uma sequência correta de atuação. Para esquemas de
proteção que tenham arquitetura do tipo principal/retaguarda, essa sequência deve ser do
Ousode relésde sobrecorrenteededistâncianossistemasde transmissãoesubtransmissão
émuitocomum e,exigeum cuidadoamaisporpartedoengenheirode proteção devido alguns
detalhes apresentados a seguir.
Suponha otrecho deum SEP ctício,apresentado naFig.3.2,ondeum relé de sobrecorrete
é instalado na barra a e um relé de distância na barra b. Assim sendo, para uma falta em
F, o relé de distância deve atuar, em sua segunda zona de operação, com uma antecedência
preestabelecida em relação ao relé de sobrecorrente. A este tempo entre a atuação dos relés
dar-se onome de Tempode Intervalode Coordenação (CTI).
a
Relay B
TC
TP
TC
Relay A
TP
TC
TP
Relay C
b
c
F
Fig. 3.2: Sistemactício protegido por um relé de sobrecorrentee um de distância.
3.1 Proteção de Sobrecorrente
Relésde sobrecorrentesãoosmecanismosde proteçãomais utilizadosemsistemasde
distribui-ção, além de terem grande participação nas demais áreas componentes dos sistemas elétricos
de potência.
Parasistemaselétricosradiaisesemgeraçãodistribuídaoesquemadeproteçãomaiscomum
é o baseado noprincípio daproteção principale de retaguarda. Segundo esse esquema, orelé
mais próximo ao ponto da falha será considerado como proteção principal e deve atuar, de
modo instantâneo ou temporizado. Em caso de falha da proteção principal, o dispositivo
de retaguarda, localizado em barramentos à montante da proteção principal, deve garantir a
manutenção dofornecimentode energiaao maiornúmero de consumidorespossível. Para isso,
deve atuar
∆
ts apóso tempode atuação previsto para aproteção principal.Quando desua aplicaçãoemsistemascomgeraçãodistribuída,ouquetenhamanéisemsua
conguração, osrelés de sobrecorrente são providosde uma função que garante a sua atuação
para determinados sentidos da corrente de curto-circuito, uma vez que, nesses casos, há a
possibilidadedacorrenteserfornecidapelosdois extremosdarede. Relésde sobrecorrentecom
esta habilidade são conhecidos como relés de sobrecorrente direcionais. Fora a característica
dadirecionalidadedosentido dacorrente, estes reléstambémsão empregadosemesquemasdo
3.1.1 Ajuste dos relés de sobrecorrrete
Considere osistema de proteção mostrado pela Fig. 3.2. A coordenação dos relés de
sobrecor-rentepertencentesaomesmosegueumalgoritmoconsagradoporémdedifícilrealizaçãoquando
é feitoà mão livre. Oprincípio básicodeste algoritmoé garantiro intervalode coordenação
para cada um dos pares de proteção principal/retaguarda do sistema. Ou seja, os tempos de
atuaçãodos relés, emqualquer localda rede, deve atender a equação (3.1):
t
i−1
≥ t
i
+ ∆t
(3.1)onde i indica obarramentono qualestá instalado oequipamento de proteção principal.
Destaforma,faz-senecessárioquesedisponhadeuma maneiracomaqualsepossaestimar
o tempo de atuação de cada um dos relés componentes do sistema. Esta característica é
determinadapor(3.2) cujos parâmetrosserão explicados aseguir.
t
i
=
T DS
× k
1
M
k2
− 1
(3.2)De acordo com ALMEIDA (2000), os valores de
k
1
ek
2
são dados de acordo com os tipos de curva dodispositivo de sobrecorrente conforme,Tab. 3.1.Tab. 3.1: Relaçãoentre osvalores das constantes
k
1
ek
2
com otipode curva.Curva
k
1
k
2
Normal inversa 0,14 0,02
Muito inversa 13,5 1
Extremamenteinversa 80 2
De acordocom IEEE (1996),osrelés de sobrecorrentepodemter curvasde atuaçãode três
tipos: moderadamente inversa, muito inversa e extremamente inversa. Já para a IEC (1989),
são relatadas as seguintes classes de curvas: normal inversa, muito inversa, extremamente
inversa, inversa de tempo longo e inversa de tempo curto. Cada um desses tipos de curva são
compostas poruma famíliaassociada à um determinadovalorde múltiplo de corrente.
Desta forma, para determinação dos ajustes de sobrecorrente do relé instalado na barra
w, deve-se conhecer de antemão o valor da corrente de curto-circuito máximo no ponto de
instalação do seu respectivo TC. Com este valor, pode-se determinar o valor do múltiplo de
M
C
=
I
CCmax
RT C
× I
aj,C
(3.3)
De posse do valor domúltiplode corrente do relé C, pode-se escolher um conjunto tipo de
curva/múltiplo de tempo de modo que o tempo de atuação deste atenda ao critério imposto
por(3.2), casoobarramentonãosejaterminal,ouàcritériosinternosdacompanhiaqueopera
o sistema.
Determinado otempode atuaçãodorelé dabarraC, otempode atuaçãododispositivode
proteção de retaguarda (relé B), deve ser acrescido de um valor
∆
t maior que o da proteção primária, de acordo com (3.1). Esse determinado tempo de atuação deve ser conseguido pelacombinação correta dos valores do múltiplo de tempo e do tipo de curva corretos. Para a
determinação do múltiplo de corrente do relé B deve ser utilizadoo mesmo valor de corrente
de curto-circuito dorelé da barraC, comopode ser vistoa seguir.
M
B
=
I
CCmax
RT C
× I
aj,B
(3.4)
Agora, de posse dotempode atuaçãoedo múltiplode correntedo reléB, épossível
deter-minar o par tipo de curva - múltiplo de tempo que são os parâmetros de conguração de um
relé de sobrecorrente desejados.
Pode-se constatarentão, acomplexidadedaoperação,dado onúmerode possibilidadesdos
ajustes. Esse processo érepetido até que seobtenha a coordenaçãoentre todos osdispositivos
quecompõemaredeestudada. OuxogramadaFig. 3.3apresentaasequêncianecessáriapara
determinaçãodos ajustes dos relés de sobrecorrentede uma rede.
Uma outramaneirade ver acoordenação entre dois dispositivosde sobrecorrenteé através
da Fig. 3.4. O primeiro passo, como visto no uxograma da Fig. 3.3 é a escolha do tipo
de curva dodispositivo. Comoeste éum exemplo meramente didático,suponha a escolhadas
curvastipomoderadamenteinversa. Opróximopassoéadeterminaçãodomúltiplodecorrente,
realizadoatravésde (3.3) e estimação dotempo de atuação através de (3.2). A escolha desses
dois pontos está representada na Fig. 3.4 pelo ponto A. Para a instalação de um dispositivo
a montante deste, novamente será realizado o cálculo do múltiplo de corrente e estimação do
tempodeatuação,lembrandodeacrescentarovalordeCTI previamentedenido. Destaforma,
supondoamanutenção dascurvasnormalinversa, deve-se escolher omúltiplode tempoquedê
o valor de tempo de atuação mais próximo ao determinado via (3.1). Observa-se que para o
Determinar o tipo de
curva do relé i
Calcular o múltiplo de
corrente do relé i
Calcular por:
t
i
÷
ø
ö
ç
è
æ
-´
=
1
21
k
i
M
k
TDS
t
Calcular
t
i-1
por:
t
t
t
i
-1
=
i
+
D
Calcular o múltiplo de
corrente do relé i-1
De posse do
e
,
determinar a família de
curvas que melhor
reproduzem esses valores
M
i-1
t
i-1
Barra
Terminal?
Não
Sim
i = i - 1
Fim do
processo
a
Relé B
TC
TP
TC
Relé A
TP
TC
TP
Relé C
b
CTI
c
CTI
(a)
(b)
Fig. 3.3: (a) Fluxograma do processo de determinação dos ajustes dos relés de sobrecorrente.
(b) Exemplo de coordenogramade três relés de sobrecorrente.
Destaforma,um novovalorde múltiplo de tempo deveser escolhido até quea inequação(3.1)
seja válida. Este ponto érepresentado na Fig. 3.4pelopontoC.
Com relaçãoàfunção direcionaldos dispositivosde sobrecorrente, algumasobservações
de-vemserfeitas. ConsidereosistemactíciodaFig. 3.5compostoporduaslinhasdetransmissão,
quatro relés edois geradores conectadosnos extremos destaslinhas. Atécnica de coordenação
paraestetipode reléconsistenaaberturadoanelemumdeterminadopontodaredeeexecutar
a coordenação daproteção nos dois sentidos darede.
Feita a coordenação dos relés de sobrecorrente aos moldesapresentados no parágrafo
ante-rior,osdispositivosapresentaramcurvasde atuaçãocomoasmostradasnaFig. 3.6. Casohaja
nessaredealgumadescoordenação,deve-seescolherumsegundopontodequebradoanele
refa-zer oestudoparaomesmo. Esse processo deveser refeitoaté quesejaencontrada umasolução
1
2
3
4
5
6
7
8
0,925
1,312
1,810
2,410
2,625
2,845
3,210
3,720
Caso1
Caso2
Dt < 0,4
Dt > 0,4
{
{
t(s)
I /I
cc
aj
A
B
C
Fig. 3.4: Exemplode determinaçãodos parâmetros de uma cadeiade dispositivosde
sobrecor-rente.
LT2
1
r
1
LT1
r
2
r
3
r
4
1
2
Fig. 3.5: Sistemactício com uso de relés direcionais de sobrecorrente.
LT2
r
1
LT1
r
2
r
3
r
4
Fig. 3.6: Exemplo de coordenação dosistema ctício comuso de relés direcionais de
3.2 Proteção de Distância
A proteção de distância utiliza dados de tensão e corrente disponibilizados por TCs e TPs
para determinação de parâmetros da linha de transmissão, como impedância, admitância ou
reatância, entre o ponto da falta e o local de instalaçãodo relé. Recebeu este nome devido a
proporcionalidadeentre as grandezas medidase adistância.
Como a grandeza monitorada por esse tipo de dispositivo é um número complexo,
torna-se prudente que suas características sejamapresentadas em um sistema que relacione as suas
partes real e imaginária de um modo mais simples possível. Esse sistema é conhecido como
Diagrama R-X e contém a regiãode atuaçãododispositivocorrespondente.
Existem diversos tipos de relés de distância e cada um apresenta uma região de atuação
diferente,comopodeservistonaFig. 3.7. Cadaumdessesdispositivosapresentadeterminadas
característicasque serão abordas nasubseção 3.2.1.
Após o tratamento dos valores de tensão e corrente associados ao relé da barra a, o valor
da impedância medida é comparado com o ajuste do relé. Caso esteja inserida na região de
atuaçãododispositivo,este iráenviarocomando de trip para odisjuntore,caso este funcione
como esperado,o circuitoserá aberto ea falta eliminada.
Em comparação com os relés de sobrecorrente, os relés distância são de parametrização
mais simples. Porém, o conhecimento de diversas características desses são necessárias para a
corretacompreensão doestudode seletividade daproteção. As principaiscaracterísticasdeste
importantecomponentedos sistemasde proteção são apresentadas a seguir.
3.2.1 Tipos de relés de distância
Deste a época dos relés eletromecânicos, diversos modelos de relés de distância vêm sendo
usados. As características mais comuns para esses dispositivos são mostrados na Fig. 3.7 e
comentários serão tecidos arespeito dos principaisdeles aseguir.
Relé de Impedância: Esse tipo de relé tem amesma sensibilidade para qualquer ângulo
de carga. Relés com essa característica não são capazes de detectar o sentido da corrente, a
menos que sejam associados à um relé do tipo direcional. A falta desta função faz com que
sistemasqueusam oreléde impedânciapercamoprincípiodaseletividade, umavez queotrip
podeser enviado aum disjuntordiferentedoquerealmenteprotegeotrecho daLTdefeituosa.
Relé de Admitânica ou Mho: Os relés do tipo Mho apresentam características
com-plementares em relação aos de impedância. Por si só, os relés Mho implementam a função
De-condições de carga, esse é otipo de relé de distânciamais utilizadonos sistemasde proteção.
Curva Característica Otimizada: Com o advento dos equipamentos de proteção
di-gital, as curvas de características dos relés de distância puderam assumir comportamentos
completamentediferentes dasdisponíveisatéentão. Curvascompostasporsegmentosde retas,
conhecidas como curvas de atuação poligonais ou otimizadas, são construídas de modo que
assumamcaracterísticas particulares,que não eram possíveiscom os relés eletromecânicos, ou
sua obtenção se dava de maneira bastantecomplicada.
R
X
R
X
R
X
R
R
X
X
(a)
(b)
(d)
(c)
(e)
Fig. 3.7: Características de funcionamentode um relé de distância: (a)Impedância; (b) Mho;
(c) Amendoin;(d) Lenticular;(e) Otimizada.
3.2.2 Determinação da impedância
Os relés de distância do tipo impedância têm por nalidade a estimação da impedância de
sequência positiva entre o ponto de instalação do mesmo e o ponto de ocorrência do
curto-circuito. Essesdispositivosutilizam-sedaimpedânciade sequênciapositivadevidoasua
distri-buiçãopraticamenteuniforme,presençacomumemtodosostiposdefaltaeasuaindependência
dos valores daresistência dosolo. Emuma situaçãode falta,esse relé deve ser capaz de medir
tantoaporçãodaimpedânciadeLTnaqualocorreuafalta,como parâmetrosqueinuenciam
namedição, taiscomo aresistência de faltaentre outros ANDERSON (1999).
Considere uma falta trifásica ocorrida a x% da LT protegida pelo relé instaladono
a
Relé de
Distância
b
TP
TC
x
l
Îcc
3o
Fig.3.8: Faltatrifásica ax% dabarra a.
ˆ
V
s
=
xZ
1
× ˆ
I
CC
RT P
(3.5)ˆ
I
s
=
ˆ
I
CC
RT C
(3.6)De posse de (3.5) e (3.6), a determinaçãodaimpedânciavistapelorelé pode ser calculada
como:
Z
=
V
ˆ
s
ˆ
I
s
=⇒ Z =
xZ
1
×
RT C
RT P
(3.7)De acordo com (3.7), a impedância no secundário dos transdutores de corrente e tensão,
vista pelo relé de distância está relacionada com a do primário por um fator determinado
pelas relaçõesde transformação doTC e TP associados. Demodomais geral,os valores desta
impedânciasecundária sofreminuênciade diversos parâmetrosdosistemacomo: erros devido
avaloresincorretosdos parâmetrosde LTsede equipamentos, inuênciadacorrentedaoutra
extremidade da linha sobre a resistência de falta eà diferença de ângulo das tensões devido à
transferência de potênciaativa atravésda linha SILVA (2009) e MAEZONO (2001).
3.2.3 Zonas de atuação e seus principais ajustes
Diferentementedo que acontece com outros tipos de relés, como os de sobrecorrente, quetêm
suaatuaçãodadaporumacurvasuave,osrelésdedistânciapossuemummecanismoconhecido
como zonasde proteção que dão aousuárioidéia diretados trechos de operaçãoque compõem
a curva de atuação total dodispositivo.
Cada relé de distância protege o sistema ao que é empregado através de suas zonas de
atuação. Cadauma dessaszonasé responsávelporum trechodosistemaepossuemtemposde
segurança paraevitar atuaçõesindevidasocasionadaspelos problemas relacionadosnonalda
subseção 3.2.2.
O alcance daprimeira zona de atuaçãovariade acordocom o sistemaa ser protegido. De
modo geral, esse alcance assume valores entre
70%
e85%
da impedância da LT na qual está conectado orelé. A atuaçãodaprimeira zonaé feita de maneirainstantânea.Asegundazonadeoperaçãodevesercapazdedetectarfalhasdurantetodoocomprimento
da LT remota bemcomo uma determinada parte da menor LT subsequente. O alcance dessa
zona é então,
100%
da LT protegida mais20 − 50%
da linha subsequente mais curta ou do transformador conectado àbarra da subestaçãoda outra extremidade, tendoprioridade o queassumir omaior valor. O tempo de atuaçãodessa zona variaentre
0, 3s
e0, 6s
.A terceira zona deveser capazde detectar todaaextensãodaLTsubsequente, mais uma
parcelarelacionada àcircuitos duplosconectados asubestação remota. Assim, oseu alcanceé
100%
dalinhaprotegida,mais120%
dalinhasubsequentemaiscurta. Oseutempodeatuação varia entre0, 6s
e1, 2s
. Vale a observação que dicilmente se obtém seletividade quando da atuaçãoda terceirazona.Existe também a possibilidade de outras zonas de atuação. Nesses casos, essas devem
ser capazes de detectar falhas em toda a extensão da LT conectada à subestação remota. É
desejável que se detecte faltas também no secundário dos transformadores conectados na SE
dalinha protegida. O seu tempode atuação ésuperior a
2, 0s
.Por m, existe a zona de atuação reversa que tem o objetivo de detectar faltas na
barra da própria subestação ou nos equipamentos conectados na barra. Essa zona deve ser,
necessariamente,temporizadademodoanãointerferirnaseletividadedasproteçõesdasdemais
linhas ou equipamentos conectados a barra. O seu tempo de atuação deve ser maior que
2, 0s
sendo que experiênciaspráticas demonstramque otempo de3, 0s
éo mais apropriado.A Fig. 3.9 apresenta um exemplo de característica de atuação de um relé de distância
desempenhado pelodispositivo P543 de fabricaçãoda AREVA T
&
D.3.3 Algoritmo Genético
AlgoritmosGenéticos(AGs)são umdoscomponentes dafamíliademeta-heurísticasmuito
uti-lizadospara determinaçãode soluçõesde problemas de otimização combinatória. Apresentado
formalmente a primeiravez por John Holland em HOLLAND (1975), osAGs baseiam-se em
umaestratégia debusca paralelaealeatória,voltada paravalorizaçãodos indivíduosmaisbem
Fig. 3.9: Característicade atuaçãode um relé de distância.
sendoutilizadoscomgrandemargemdesucesso naresolução de problemasde otimização
com-binatória nas mais diversas áreas do conhecimento. A facilidade da resolução de problemas
multi-dimensionais,que apresentam grandediculdade (ou impossibilidade)de resolução
ana-lítica, são facilmentedeterminadosatravésdesta técnica.
Para facilitaroperfeito entendimentoa respeito dos algoritmosgenéticos, aTab. 3.2
apre-senta uma equivalência entre os termos biológicos, utilizadosnos AG, e suas correspondentes
funções dentrodo algoritmo. No decorrer das próximas páginas,estes termos voltarão à tona
e mais característicassobre os mesmosserão apresentadas.
Tab. 3.2: Correspondência entre ostermos dos AG esua funcionalidade.
Termo Signicado noAG
Indivíduo Pretensa solução aoproblema ao qualo AGse propõea resolver
Cromossomo Parte constituintedo indivíduo,formado por genes
Genes Elementocomponente dos cromossomos. Carrega as
característica peculiaresdos indivíduos
Alfabeto Conjuntode valores que um gene pode assumir
Genótipo Solução aoproblema nodomínio doAG
Fenótipo Soluçãodo problema nodomínioda aplicação
População Conjuntode indivíduos
Geração Cadauma das iteraçõesdo processo evolutivo
Codicação Esquema de representação das soluções para interpretação doAG
Aptidão Característicade cada indivíduo quedenota a capacidadede
gerar descendentes
in-Através de operadores genéticos (vero item 3.3.2), esses indivíduos são manipulados e
classi-cados pormeio de uma função de aptidão e,agrupados emforma de uma população. Mesmo
semconhecerdetalhestécnicosdoproblemaasersolucionado,osAGstêmgrandepossibilidade
de encontrar asolução ótima para omesmo.
Os AGs partem da geração, na grande maioria das vezes aleatória, de um conjunto de
indivíduos chamados de população inicial. Cada um desses indivíduos é composto por um ou
mais cromossomos e, representa uma possívelsolução para oproblema.
Ao conjunto de operações genéticas ocorridas em todos os indivíduos da população dar-se
o nome de geração. Durante a geração, cada um dos indivíduos é posto a prova e, o seu grau
de aplicabilidadearesoluçãodoproblema édeterminado. Éde acordocom talgrau queéfeita
a classicação dos indivíduos e determinada a chance de cada um deles evoluir para gerações
seguintes.
Como mencionado anteriormente, não é necessário que o AG conheça o problema ao qual
tenta solucionar. A única exigência feita é que haja um mecanismo eciente de classicação
dassoluçõesexternadas porele. Aestaaptidãoàsoluçãodoproblemaédadoonomede tness
e aoseu mecanismo de determinaçãode função objetivo.
O uxogramadaFig. 3.10 apresenta um roteiropadrãopara determinaçãode uma solução
atravésdousodosalgoritmosgenéticos. Atravésdestagura,pode-seobservaraindependência
dos AGs em relação ao problema em questão. A partir de uma rotina auxiliar, aparte ao
algoritmogenético, é arealizado oprocesso de avaliação dos indivíduosexternados peloAG.
População Inicial
Cruzamento
Mutação
Função Objetivo
Seleção
Fim do
Processo?
Apresentação dos
resultados
Rotina auxiliar
necessária para
avaliação das soluções
Não
Sim
Aparte do AG
3.3.1 Formulação Computacional
Conhecidososprincípiosbásicosdos AGs,faz-se necessárioaexplicaçãodarepresentação
com-putacional dos elementos queo compõem. É oque segue.
Historicamenteoscromossomos sãorepresentadosporcadeiasdevetoresdetamanho
variá-vel edependente do número de incógnitas. Cada um dos elementos do cromossomo, os genes,
são preenchidos por um valor viável aquela posição. O conjunto desses valores é conhecido
como alfabeto docromossomo. Este alfabeto pode assumircodicação decimalouem qualquer
outra base numérica,a depender das característicasdo problema.
O processo de escolha da codicação é uma das etapas mais importantes durante a
imple-mentaçãodoAG.O alfabeto deve ser escolhido de modoque já haja nele, umaespécie de guia
para a solução desejada. Deste modo, se um AG se propõe a resolver um problema de lógica
binária,nãojustica-seautilizaçãodeumalfabetodecimal,umavez quenãoháapossibilidade
doresultado nalapresentar dígitos diferentes de 0 e 1.
Umaoutraetapamuitoimportantenaobtençãodasoluçãoótimadoproblemaéexatamente
a utilização de um mecanismo eciente e renado, capaz de avaliar as pretensas soluções em
cada uma das gerações. Devido a esta parte não ser diretamente ligada aoAG, não há regras
geraisnaformulaçãodamesma. Emlinhasgerais,aúnicaexigênciafeitaéqueesse mecanismo
não faça confusão entre osdiversos indivíduos.
Sãoessasduasetapasasmaisimportantesparaaobtençãodeumasoluçãoverdadeiramente
ótima para oproblema em análise.
Umoutropontoaoqualdeve-seter umcuidadoespecial énaescolhadas taxasde aplicação
dos operadores genéticos. Há diversos trabalhos que tentam determinar expressões para a
obtenção dos valores a serem utilizados no AG. Porém, durante a etapa de implementação e
obtençãodos resultados,adeterminaçãodesses valoresfoifeitasemoempregode taistécnicas.
3.3.2 Operadores Genéticos
Operadoresgenéticos sãorotinasquemanipulamtantoosindivíduos comoumtodo, comocom
seuscromossomos. Osoperadores genéticosmaiscomuns são: Cruzamento,MutaçãoeSeleção,
embora ainda haja alguns outros, como o Elitismo. A seguir são apresentadas as principais
característicasdos principaisoperadores genéticos.
Cruzamento
material genético com o intuito de gerar novos indivíduos (lhos). A esse processo é dado o
nome de Cruzamento.
O número de indivíduos a serem criados emcada geração é dependente de uma constante
presentenocorpodoAGchamadataxadecruzamento equeassume,namaiorpartedas vezes,
valores entre
25%
e50%
.Há diversas maneiras de se realizar o processo de cruzamento. A Fig. 3.11 apresenta os
dois modos mais comuns. No primeiro modo (Fig. 3.11(a)) há somente a permuta de parte
dos cromossomos envolvidos na operação que tem como resultado indivíduos com as mesmas
característicasde seus pais. NaFig. 3.11(b)é apresentado um mecanismo de cruzamento mais
complexo que utiliza-se das operações de soma e subtração para a obtenção dos
indivíduos-lhos. Destafeita,um indivíduo nasce atravésdasoma docódigogenético dos pais e ooutro
através dasubtração domesmo.
Pai 1
Pai 2
Filho 1
Filho 2
Pai 1
Pai 2
Filho 1
Filho 2
(a)
(b)
Fig. 3.11: Operação de Cruzamento Populacional. O cruzamento pode ser realizado por: (a)
Permuta do material genético dos pais e (b) Operações matemáticas com o materialgenético
dos genitores.
O uso do processo de cruzamento baseado emoperações algébricas, conforme apresentado
naFig.3.11(b),acarreta nouso deumaferramentaconhecidacomonúmeroscíclicos. Estefato
sefaznecessárioparaqueapósrealizadasassomasousubtrações, nenhumgene docromossomo
apresente um valorque não faça parte dorespectivoalfabeto.
A representação computacionalmais comum datécnica de cruzamento baseado em
opera-ções algébricas consiste na alocação de todos os valores do alfabeto em uma estrutura
seme-lhante a uma roleta. Quando requisitadaa realizar a operação, a rotina não trabalha
direta-mente com os valores dos genes e sim, com os índices de tais valores na roleta que contém o
alfabeto. Assim, supondo os dois indivíduos apresentados na Fig. 3.12(b)o lho representado
pela soma entre os genes dos pais seria o apresentado na Fig. 3.12(c). Para determinaçãodo
indivíduo gerado pela soma, a roleta (Fig. 3.12(a)) girano sentido anti-horário até a posição
indicada pelo índice de cada gene. Já o segundo lho do processo, oriundo da subtração do