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GabrielMagroTomicioli

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Academic year: 2021

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O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS E PRIVADOS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NA ZONA NORTE DE SOROCABA-SP

Gabriel Magro Tomicioli, Bolsista Iniciação Científica PIBIC/CNPQ, discente do curso de graduação em Geografia pela UNESP Campus Rio Claro

gmagro@rc.unesp.br;

Felipe Comitre, discente do curso de pós-graduação em Geografia pela UNESP Campus Rio Claro, felipe.comitre@hotmail.com;

Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza, docente do Departamento de Geografia UNESP Campus Rio Claro, sago@rc.unesp.br.

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa está fundamentada na análise da produção e consumo do espaço urbano a partir da investigação de um conjunto habitacional social na periferia de Sorocaba, e as conseqüentes mudanças na estrutura urbana advindas desta política habitacional. A reflexão estará focada na influência do poder público e do setor privado no planejamento da cidade, correlacionando seus interesses com as transformações do espaço. Procurar-se-á elucidar as transformações advindas na zona norte da cidade de Sorocaba por meio da avaliação das incorporações criadas nos vazios urbanos presentes nas proximidades do conjunto. Outra questão a ser analisada refere-se às características espaciais implantadas nestes vazios, tais como as novas funções, e conseqüentemente o direcionamento do consumo do espaço na região, de acordo com as características do zoneamento municipal.

A atuação do poder público é inerente ao planejamento urbano, contudo, seus interesses são, muitas vezes, distorcidos quando favorecem os ideais privados em detrimento dos coletivos. Desta forma, cabe ressaltar a importância da Geografia para análise das questões urbanas, assim, esta pesquisa visa contribuir para compreensão da atuação dos agentes públicos e privados na dinâmica dos lugares que vão perdendo e adquirindo características, de acordo com a produção e planejamento do espaço urbano. Assim, serão analisados estes fatores na área do “vazio urbano” existente nas proximidades do Conjunto Habitacional Ana Paula Eleotério decorrentes de sua implantação na década de 1990.

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MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa apresentará a abordagem qualitativa focada no Método Dialético, tendo como embasamento teórico a Geografia Crítica, partindo da leitura da cidade como produto e condição das relações sociais. Nosso entendimento, neste contexto teórico é a de que todas as relações sociais se materializam no território, (re) produzindo o espaço. Assim, será debatido a atuação dos agentes públicos e privados na produção e no consumo do espaço, questionando os interesses e as contradições envolvidas neste processo.

Os procedimentos técnicos consistiram no levantamento, leitura e seleção da bibliografia; consulta e seleção de materiais cartográficos do acervo público e sua conseqüente adaptação para a área de estudo; visitas técnicas em órgão e secretarias municipais e trabalho de campo. A presente pesquisa encontra-se finalizada.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Geografia como ciência social tem ressaltado ao longo da história de seu pensamento científico a análise das questões urbanas, assim, esta pesquisa visa contribuir para compreensão da atuação dos agentes públicos e privados na dinâmica do consumo dos lugares que ao longo do tempo vão perdendo e adquirindo características, de acordo com a produção e planejamento do espaço urbano. As relações sociais se materializam no território, assim, de acordo com Santos (1994), a cidade apresenta-se como relação social e como materialidade. Carlos (2004) complementa esta idéia, colocando que a produção do espaço urbano torna-se indissociável do processo de reprodução da sociedade.

As relações presentes na produção do espaço são pautadas pela ação de agentes públicos e privados. Contudo, “cada um deles defende seus interesses, gerando os conflitos e as contradições” (CARMO, 2006, p. 22), com isso, a atuação destes agentes torna-se fundamental para compreender a dinâmica de produção e consumo do espaço urbano. Dentre as atuações do poder público, destaca-se o planejamento urbano por meio de políticas habitacionais. Como a construção de conjuntos habitacionais sociais em periferias, causadores de contradições devido à constante valorização e degradação

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desenvolvimento urbano. Assim ao mesmo tempo em que algumas áreas apresentam escassez, como local exato dos conjuntos, outras passam a se valorizar por meio de infra-estrutura e serviços, os vazios urbanos anteriores aos conjuntos.

Esta influência do poder público no planejamento urbano, portanto, favorece, muitas vezes, os interesses dos agentes privados em detrimento dos coletivos, e por sua vez, esses interesses são pressionados pelo mercado imobiliário, e o espaço urbano vai se tornando produto desses ideais. Os agentes privados utilizam-se dos benefícios promovidos pelo poder público para valorização de lotes, bem como para incorporações de novos serviços. Gerando novas formas de produção e consumo do espaço, e conseqüentemente novas relações de trabalho nas áreas influenciadas por essas políticas de ocupação do solo urbano.

Para SANTOS (1994):

“O Estado intervém, direta ou indiretamente, nas relações de trabalho, estimula de forma seletiva e freqüentemente discriminatória as diversas atividades, estabelece os usos do solo, impondo regalias e interdições, e cria, até mesmo, zonas especiais, como os distritos industriais ou as próprias Regiões Metropolitanas. Cada parcela do território urbano é valorizada (ou desvalorizada) em virtude de um jogo de poder exercido ou consentido pelo Estado.” (p. 126)

Desta forma, os espaços são produzidos e transformados buscando atender as necessidades do modo de produção capitalista. Este como é pautado na divisão de classes, tem como característica a existência de desigualdades entre a população. Desigualdades essas representadas na distribuição da população pela cidade, já que seus equipamentos tanto públicos quanto privados não são distribuídos homogeneamente pelo território, ocasionando a luta de classes pela apropriação do território. Assim, Villaça (2001) defende que a estrutura intra-urbana: “(...) se processa sob o domínio de forças que representam os interesses de consumo (condições de vida) das camadas de mais alta renda.” (p. 328).

Concretizando as necessidades do modo de produção capitalista, as políticas urbanas apresentam um importante papel na localização e re-localização das atividades, interferindo em novas formas de consumo do espaço, no qual “novos centros de compra

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são criados, permitindo um movimento de desconcentração dos equipamentos comerciais.” (ORTIGOZA, 1996, p. 23).

Neste contexto teórico apresentado, a realidade sócioespacial de Sorocaba revela muitas destas tendências em sua produção do espaço. Ou seja, um espaço desigual e articulado que demonstra, sobretudo, na área de estudo, a atuação especulativa dos agentes privados, com o apoio do Estado, consolidando uma área cheia de contradições.

Analisando a atuação dos agentes públicos, a partir construção do Conjunto Habitacional Ana Paula Eleotério na cidade de Sorocaba, verificou-se que este modelo adotado, muitas vezes, contribui para o desenvolvimento de incorporações privadas nas proximidades com o local, alterando, deste modo, a forma de produção e consumo do espaço urbano a partir do respaldo público. Isto porque, a implantação de uma política habitacional social estimulou o desenvolvimento de infra-estrutura na área de estudo, já que a área cedida para a execução do conjunto habitacional situava-se posterior aos “vazios urbanos”, promovendo a melhoria dos mesmos e a sua conseqüente valorização. A partir desta valorização, inúmeros empreendimentos foram executados nestes “vazios”, causando uma transformação no modo de produção e consumo vigente nesta área. Assim, notou-se a transferência para a região de inúmeros empreendimentos como loteamentos residenciais particulares, aliado a um significativo comércio. Entretanto, cabe ressaltar, que o local específico em que está situado o conjunto, não tem recebido a mesma atenção por parte do governo municipal, uma vez que, ao longo dos anos foi implantado apenas os serviços urbanos básicos. Portanto, torna-se questionável os reais interesses envolvidos na execução das políticas públicas, pois acredita-se que devem ser realizadas as melhorias urbanas, entretanto, estas devem privilegiar toda a população, e não apenas alguns setores concernentes ao poder do capital.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao realizar uma análise da ocupação de “vazios urbanos” na Zona Norte da cidade de Sorocaba sucedido devido à construção de um Conjunto Habitacional voltado a população de baixo poder aquisitivo, permitiu constatar que esta política pública se pautou em interesses privados em detrimento do uso coletivo do território urbano. Dentre os fatores elucidados que contribuem para esta caracterização destaca-se a produção de moradias posteriores a vazios urbanos, que impedem o desenvolvimento

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crescimento periférico, causando inúmeros problemas para a população que habita essas áreas. Portanto, os interesses envolvidos nesta política são esclarecidos ao analisar a produção e o consumo do espaço nestes “vazios urbanos” gerados pela política habitacional. Já que nestes espaços privilegiaram a construção de loteamentos residenciais privados, bem como equipamentos de comércio, que a partir da valorização conquistada pelo acesso de infra-estrutura alcançaram maior lucro nas relações presentes na área, demonstrando assim, o poder do mercado imobiliário e do grande capital na área abordada.

REFERENCIAS

BUGANZA, C. P. Estudo da Situação Pré-Metropolitana de Sorocaba-SP:

Caracteristicas e Perspectivas. Tese (Mestrado) Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo Universidade São Paulo, São Paulo, 2010.

CARLOS, A. F. A. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2004.

CARMO, J. A. Dinâmicas Sócio-Espaciais na Cidade de Rio Claro (SP): As Estratégias Políticas, Econômicas e Sociais na Produção do Espaço. 202 f. Dissertação (Mestrado). Rio Claro, 2006.

CORRÊA, R. L. Trajetórias Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. MARICATO, E. Brasil cidades: alternativas para crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2002.

ORTIGOZA, S. A. G. As Franquias e as Novas Estratégias do Comércio Urbano

no Brasil. 1996. 180 f. Dissertação (Mestrado)- Programa de Pós-Graduação em

Organização do Espaço. Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1996.

ORTIGOZA, S. A. G. Geografia e Consumo: Dinâmicas Sociais e a Produção do

Espaço Urbano. Rio Claro. 283 f.:Il. Tese (livre-docência) – Universidade Estadual

Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas. 2009.

PREFEITURA SOROCABA. Planta Genérica De Valores, 2010. Disponível em: http://www.sorocaba.sp.gov.br/PortalGOV/cache/home.html. Acesso dia: 10 de Novembro de 2010.

SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1994.

VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 2001.

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Referências

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