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Patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul – RS

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO LATO-SENSU GESTÃO EM ARQUIVOS. PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO. Mirca Teresinha Cruz da Silveira. Três de Maio, RS, Brasil 2010.

(2) PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. por. Mirca Teresinha Cruz da Silveira. Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação a Distância Especialização Lato-Sensu Gestão em Arquivos, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão de Arquivos. Orientadora: Prof.ª Eneida Izabel Schirmer Richter. Três de Maio, RS, Brasil 2010.

(3) Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Curso de Pós-Graduação a Distância Especialização Lato-Sensu Gestão em Arquivos A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia de Especialização PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL – RS elaborada por Mirca Teresinha Cruz da Silveira como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista Gestão em Arquivos COMISSÃO EXAMINADORA: Eneida Izabel Schirmer Richter, Ms. (Presidente/Orientadora) Sônia Elisabete Constante, Ms. (UFSM). Rosani Beatriz Pivetta da Silva, Ms. (UFSM) Denise Molon Castanho, Ms. (Suplente). Três de Maio, 06 de novembro de 2010..

(4) AGRADECIMENTOS. A minha família e, em especial ao meu marido Gilberto Franco. Aos meus cunhados de Santa Rosa pela acolhida, sempre que precisei. A todos os meus amigos que sempre me incentivaram e não me deixaram desistir. A minha orientadora, professora Eneida Izabel Schirmer Richter, pelo conhecimento transmitido..

(5) RESUMO Monografia de Especialização Curso de Pós-Graduação à Distância Especialização Lato-Sensu Gestão em Arquivos Universidade Federal de Santa Maria. O PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL – RS Autora: Mirca Teresinha Cruz da Silveira Orientadora: Eneida Izabel Schirmer Richter Data e local da defesa: Três de Maio/RS, 06 de novembro de 2010. Este trabalho se propõe a investigar o patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul, com ênfase no patrimônio documental dos seguintes arquivos: Arquivo Gazeta do Sul; Arquivo CEDOC da UNISC; Arquivo Diocese de Santa Cruz; Arquivo da Paróquia Evangélica Santa Cruz e Arquivo Histórico Municipal. O critério utilizado na escolha destes cinco arquivos foi o da relevância. A metodologia foi constituída de: 1) fundamentação teórica, abordando os temas: patrimônio cultural, patrimônio cultural no Brasil, tombamento, patrimônio cultural e memória, educação patrimonial, arquivologia, ciclo de vida dos documentos ou teoria das três idades, princípio da proveniência; 2) pesquisa descritiva: entrevista realizada com os profissionais responsáveis de cada arquivo. Os resultados apontam que nos arquivos pesquisados, não há a interferência de um profissional da área de arquivologia, ou seja, o arquivo é coordenado por um historiador ou por um assistente administrativo. Também não existe um serviço de educação patrimonial no município. A grande maioria dos arquivos é pesquisada por pessoas que buscam informações sobre sua árvore genealógica para fins de dupla cidadania alemã.. Palavras-chave: patrimônio cultural; educação patrimonial; arquivos-Santa Cruz do Sul..

(6) ABSTRACT Monografia de Especialização Curso de Pós-Graduação a Distância Especialização Lato-Sensu Gestão em Arquivos Universidade Federal de Santa Maria. O PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL - RS (CULTURAL HERITAGE OF SANTA CRUZ DO SUL – RS) Autora: Mirca Teresinha Cruz da Silveira Orientadora: Eneida Izabel Schirmer Richter Data e local da defesa: Três de Maio/RS, 06 de novembro de 2010. This work aims to investigate the cultural heritage of Santa Cruz do Sul, with an emphasis on documentary heritage of the following files: Gazeta do Sul; Archive CEDOC UNISC; Archive Diocese of Santa Cruz; Archive of the Evangelical Parish Santa Cruz and the Municipal Historical Archive. The criterion used in selecting these five files was that of relevance. The methodology consisted of: 1) theoretical framework, the themes: cultural heritage, cultural heritage in Brazil, tumbling, cultural heritage and memory, heritage education, archival, life cycle of documents or the theory of three ages, the principle of provenance; 2) descriptive research: interviews with manages of each file. The results indicate that the files searched, there is no interference from a professional in the field of archival science, or the file is coordinated by a historian or an administrative assistant. Most files are searched by people seeking information about your family tree for dual German citizenship. Key-words: cultural heritage; heritage education; file – Santa Cruz do Sul..

(7) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 9. 1.1 Tema ........................................................................................................... 11. 1.1.1 Delimitação do tema ................................................................................. 11. 1.2 Problema .................................................................................................... 11. 1.3 Justificativa do tema ................................................................................. 11. 1.4 Objetivos .................................................................................................... 12. 1.4.1 Objetivo geral ........................................................................................... 12. 1.4.2 Objetivos específicos................................................................................ 12. 2 METODOLOGIA ............................................................................................ 13. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 15. 3.1 O Patrimônio Cultural no Brasil .............................................................. 17. 3.1.1 Tombamento ........................................................................................... 19. 3 .2 Patrimônio Cultural e Memória .............................................................. 21. 3.3 Educação Patrimonial .............................................................................. 22. 3.4 Arquivologia .............................................................................................. 24. 3.4.1 Ciclo de Vida dos Documentos ou Teoria das Três Idades ...................... 25. 3.4.2 Princípio da Proveniência ......................................................................... 26. 4 PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL - RS ..................... 29. 4.1 Arquivo Jornal Gazeta do Sul ................................................................. 29. 4.1.1 Busca dos dados ...................................................................................... 33. 4.2 Centro de Documentação (CEDOC) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) ........................................................................................ 35. 4.2.1 Fundo Mauá ............................................................................................ 36. 4.2.2 Fundo Pellanda NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN... 37. 4.2.3 Fundo Cooperativas .................................................................................. 38. 4.2.4 Fundo Ensino Superior em Santa Cruz do Sul ...................................... . .. 39. 4.2.5 Fundo CEDOC ........................................................................................... 40.

(8) 4.2.6 Busca dos dados ...................... .............................................................. 41. 4.3 Arquivo Histórico Municipal ................................................................... .. 43. 4.3.1 Centro de Estudos Genealógicos do Vale do Rio Pardo CEGENS.............................................................................................................. 45 4.3.2 Busca dos dados ..................... ............................................................... .. 46. 4.4 Arquivo Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECCL).. 48. 4.4.1 Busca dos dados ..................... ................................................................ 49. 4.5 Arquivo Diocese de Santa Cruz do Sul .................................................... 51. 4.5.1 Catedral São João Batista ........................................................................ 53. 4.5.2 Busca dos dados ..................... ............................................................... 55. 5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS RECOLHIDOS ........................................ .. 57 6 CONCLUSÃO .............................................................................................. .. 60 REFERÊNCIAS ............................................................................................... .. 61 APÊNDICE: ROTEIRO DE ENTREVISTA ....................................................... .. 64.

(9) 9. 1 INTRODUÇÃO. O patrimônio cultural sempre foi valorizado sob seu aspecto material, a exemplo dos monumentos, igrejas, centros históricos, obras, objetos, enfim, bens tangíveis que apresentam características históricas, artísticas, paisagísticas, arqueológicas e/ou arquitetônicas. Assim, diante da importância do tema, optou-se por desenvolver este trabalho, dando enfoque à pesquisa do patrimônio cultural, especificamente o patrimônio documental de Santa Cruz do Sul e a existência da educação patrimonial nas instituições pesquisadas. A ênfase do estudo foi a análise dos seguintes arquivos: Arquivo Gazeta do Sul; Arquivo CEDOC da UNISC; Arquivo Diocese de Santa Cruz; Arquivo da Paróquia Evangélica Santa Cruz e Arquivo Histórico Municipal. Foram escolhidos estes arquivos levando-se em consideração o critério de relevância. Este trabalho se justifica na medida em que visa conhecer o patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul, por ser esta, uma cidade que se destaca economicamente no Vale do Rio Pardo, e que, portanto deve valorizar seu patrimônio cultural. Conhecida como a capital mundial do fumo, Santa Cruz do Sul possui o maior Centro Industrial Tabajeiro do mundo, tanto em produção quanto em área plantada com fumo. Além disso, estão instalados na cidade próximo de 500 estabelecimentos industriais de pequeno e médio porte. Santa Cruz do Sul também se caracteriza como o terceiro Polo de Moda do Estado do Rio Grande do Sul, pela grande expressão de suas indústrias de confecção. Os produtos locais são enviados para mercados da América Latina, Estados Unidos, Mercado Comum Europeu, Extremo Oriente, Oriente Médio, África e Leste Europeu. Sua posição geográfica é privilegiada, em um ponto estratégico da chamada Rota do Mercosul, permitindo um grande intercâmbio de negócios com os países do Prata. Além do polo fumageiro, e em época de diversificação e globalização da economia, a administração municipal criou incentivos para atrair e desenvolver no.

(10) 10. município um Polo de empresas de tecnologia, onde a Imply Tecnologia Eletrônica foi a pioneira para esta criação e implantação. Possui ainda destaque no cenário turístico, sendo conhecida por possuir a maior igreja no estilo neogótico da América Latina, a Catedral São João Batista, construção secular imponente localizada no centro da cidade. A cidade também é conhecida por ser a sede da maior Oktoberfest do Rio Grande do Sul, ser a sede do maior festival de arte amadora, segundo a UNESCO, o Encontro de Arte e Tradição e, pelo Autódromo Internacional de Santa Cruz. A cidade possui também o Aeroporto de Santa Cruz, e a Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Para a realização deste trabalho foi feito um levantamento da situação atual dos acervos dos arquivos das instituições pesquisadas, utilizando a seguinte metodologia: estudo teórico sobre a área para embasamento e fundamentação técnica e teórica e realização de entrevista com os profissionais encarregados de seus acervos. Nos próximos capítulos, o patrimônio cultural será o enfoque principal desta pesquisa realizada a partir de estudos in loco. O capítulo 3 discorre sobre abordagem conceitual e revisão teórica acerca do patrimônio cultural, patrimônio cultural no Brasil, patrimônio cultural e memória, educação patrimonial, arquivística, ciclo de vida dos documentos ou teoria das três idades e princípio da proveniência. O capítulo 4 finaliza o estudo realizado no Arquivo Gazeta do Sul; Arquivo CEDOC da UNISC; Arquivo Diocese de Santa Cruz; Arquivo da Paróquia Evangélica Santa Cruz e Arquivo Histórico Municipal, destacando os gêneros documentais, localização do acervo e estado de preservação, a partir da visita in loco, das entrevistas e da avaliação das respostas. No capítulo 5 apresenta-se a coleta dos dados, expondo o ponto de vista das visitas técnicas e das entrevistas..

(11) 11. 1.1 Tema Análise do patrimônio cultural, especialmente o patrimônio documental de Santa Cruz do Sul - RS. 1.1.1 Delimitação do tema Análise dos arquivos do Jornal Gazeta do Sul, do Centro de Documentação (CEDOC) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), da Diocese de Santa Cruz do Sul, do Arquivo Histórico Municipal e da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil.. 1.2 Problema Como se constitui o patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul?. 1.3 Justificativa do tema. A escolha do tema – Patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul - RS– foi feita a partir da constatação da importância da cidade de Santa Cruz do Sul no Vale do Rio Pardo, tanto social como economicamente e, portanto deve valorizar o seu patrimônio cultural. O comércio reúne quase 2.500 estabelecimentos e próximo de duas mil empresas prestadoras de serviços, oferecendo atrativos que levam à cidade a população de todos os municípios próximos. Santa Cruz do Sul conta ainda com um centro moderno, com calçadas largas, embelezadas por luminárias e floreiras. Na área agropecuária, além da produção de fumo, destacam-se as culturas de milho, feijão, arroz, soja, mandioca e hortigranjeiros. Também se destacam a produção avícola, suinocultura e bovinocultura de corte, e a produção leiteira, além da apicultura e a produção de mel. As atividades na área rural são muito diversificadas. A diversificação dá segurança e estabilidade à atividade rural que, somada à grande atividade industrial e ao forte comércio, faz com que Santa Cruz.

(12) 12. do Sul tenha uma elevada renda per capita e seja um importante município arrecadador de impostos. A partir dessa constatação, faz-se necessário começar um trabalho para tornar conhecido o patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul, enfatizando o seu patrimônio documental. A reflexão é importante, pois, a partir de questionamentos como o que motivou esse trabalho, surgem inúmeros outros, como por exemplo, quais os gêneros documentais existentes no arquivo, qual o tema do arquivo, quais as espécies documentais, se existem regras para a consulta dos documentos, se há condições de acesso à informação/documento por parte do público externo, se é necessária a organização da documentação, e assim por diante. É importante que os arquivos busquem atender da melhor forma a comunidade em que estão inseridos. Pois conforme sua concepção, os arquivos são criados para manterem ordenadamente os documentos como fonte de informação.. 1.4 Objetivos A pesquisa pretende alcançar os objetivos aqui propostos. 1.4.1 Objetivo geral Investigar o patrimônio cultural de Santa Cruz do Sul. 1.4.2 Objetivos específicos a – Contextualizar os arquivos. b – Analisar nos arquivos o patrimônio cultural, com ênfase no patrimônio documental. c – Realizar entrevista nas cinco instituições propostas. d – Analisar as entrevistas. e – Identificar as instituições que praticam Educação Patrimonial..

(13) 13. 2 METODOLOGIA. O presente trabalho emprega a pesquisa descritiva com o fim de ser significativo para todos os envolvidos neste cenário dos arquivos da cidade de Santa Cruz do Sul, retratando a realidade deste ambiente. Nesse propósito, foram aplicadas entrevistas aos responsáveis pelos seguintes arquivos: Arquivo Gazeta do Sul, Arquivo CEDOC da UNISC, Arquivo Diocese de Santa Cruz, Arquivo da Paróquia Evangélica Santa Cruz e Arquivo Histórico Municipal. Esta pesquisa se propõe a estabelecer um diagnóstico dos arquivos de Santa Cruz do Sul, e conforme Barros e Lehfeld .(2007, p .84) “Nesse tipo de pesquisa, não há a interferência do pesquisador, isto é, ele descreve o objeto de pesquisa procura descrever a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com outros fenômenos”. É por isso ela será empregada neste trabalho. A pesquisa foi feita em quatro etapas: pesquisa de fontes documentais, elaboração da entrevista, aplicação da entrevista, e apresentação dos dados recolhidos. Primeiramente foi feito um estudo exploratório, a fim de levantar informações bibliográficas em suporte tradicional e eletrônico que ajudaram a esclarecer conceito e aprofundar conhecimentos sobre o tema. Num segundo momento foi elaborada a entrevista abordando questões relativas ao Arquivo como: identificação, recursos humanos disponíveis, instalações, gêneros documentais existentes, quantidade documental, datas-abrangentes da documentação, consulta ao acervo, existência de um programa de educação patrimonial na instituição, etc. Quanto a forma de apresentação foram realizadas entrevistas estruturadas, ou seja, com questões previamente formuladas, com perguntas.. um roteiro prévio de.

(14) 14. Para a escolha dos arquivos da cidade de Santa Cruz do Sul que seriam pesquisados, levou-se em consideração o critério de relevância..

(15) 15. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. Patrimônio ou patrimônio cultural é o conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devem ser considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN (2007), o patrimônio cultural é subdividido em patrimônio material e imaterial. É considerado patrimônio material: O composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos (IPHAN, 2007, p. 8). O patrimônio cultural imaterial é definido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura - UNESCO como: As práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhe são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Ele é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana (UNESCO, 2003, p. 3).. E, a partir de tal nova abrangência, mais universal, hoje o patrimônio cultural pode ser entendido como: O legado que recebemos do passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações (...) fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa pedra de toque, nosso ponto de referência, nossa identidade, sendo de fundamental importância para a memória, a criatividade dos povos e a riqueza das culturas (UNESCO, 2007, p. 11). Pellegrini (1997, p. 90-91), coloca que “atualmente, o significado de patrimônio cultural é muito amplo, incluindo outros produtos do sentir, do pensar e.

(16) 16. do agir humano – o que no conjunto se poderia definir como meio ambiente artificial”. O patrimônio cultural visto como herança de um povo e conjunto de bens e valores representativos de uma nação não é um tema novo, mas vem ganhando espaço nas pesquisas produzidas por antropólogos, sociólogos, historiadores, arquitetos e profissionais de diversas áreas, estabelecendo-se como temática interdisciplinar. As recentes políticas públicas de reconhecimento do patrimônio imaterial implementadas pelo governo brasileiro, na forma de reconhecimento de bens imóveis de caráter patrimonial bem como dos fazeres e processos culturais como passíveis de registro em livro de tombo, além das tradicionais ações de restauro e preservação dos bens imóveis, têm levado pesquisadores a reflexões sobre a implementação e a manutenção de tais políticas. Gonçalves (2003), tratando da antiguidade do tema do patrimônio enquanto categoria de pensamento sustenta que não é simplesmente uma invenção moderna. Está presente no mundo clássico e na Idade Média, sendo que a modernidade ocidental apenas impõe os contornos semânticos específicos que, assumidos por ela, podemos dizer que a categoria “patrimônio” também se faz presente nas sociedades tribais. Dada a sua origem, que remonta aos primórdios da disciplina, podemos partir para uma definição da noção de patrimônio que possa situar esse conceito no âmbito da antropologia. Assim, o conceito de patrimônio, partindo de uma definição simples, pode ser entendido como um conjunto de bens, materiais ou não, direitos, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa e seja suscetível de apreciação econômica. Colocado dessa forma, o patrimônio está relacionado diretamente à ideia de propriedade. Poderia se dizer que a propriedade é um dos universais da cultura humana, pois todos os povos de que se tem notícia conhecem alguma forma de propriedade, seja ela individual ou coletiva..

(17) 17. A terra onde vive um determinado grupo social, qualquer que seja seu meio de vida, é uma propriedade, incluindo ali as árvores, frutos, animais ou colheitas obtidos no trabalho com o solo. Os animais criados e mantidos por um grupo ou indivíduo são considerados propriedade, bem como as casas que as pessoas constroem, as roupas com que se vestem, os objetos que utilizam no dia-a-dia para a realização de seus ofícios, as músicas que cantam e tocam, as danças que executam. Toda a série de objetos materiais que pode ser encontrada no cotidiano das sociedades é considerada como propriedade. Assim, podemos dizer que a propriedade é um tipo de criação social, pois não é suficiente a existência de um objeto em si para que ele seja relevante para o grupo social, mas é relevante a atribuição de um valor, que é socialmente construído, e a existência de um grupo, estabelecendo uma rede de relações entre pessoas. O patrimônio é a nossa herança do passado, com que vivemos hoje, e que passamos às gerações vindouras. Do patrimônio cultural fazem parte bens imóveis tais como castelos, igrejas, casas, praças, conjuntos urbanos, e ainda locais dotados de expressivo valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral. Nos bens imóveis incluem-se, por exemplo, pinturas, esculturas e artesanato. Nos bens imateriais considera-se a literatura, a música, o folclore, a linguagem e os costumes. Patrimônio cultural são coisas que fazem parte da história.. 3.1 O Patrimônio Cultural no Brasil. De acordo com Fonseca (1997), a constituição de patrimônios históricos e artísticos nacionais é uma prática moderna, pautada através de valores laicos (nacionalidade e valor histórico) e na noção de um espaço público. A partir do século XIX, esta prática se estende a vários países europeus, sendo incorporada de acordo com as diferentes concepções de arte, história e cultura política. No século XX, tais.

(18) 18. modelos são “exportados” para outros continentes. A autora analisa, portanto, como essas questões se incorporaram no Brasil, como interesse de grupos da sociedade nacional, contribuindo para a institucionalização de uma política federal de preservação nascida em 1937: No continente latino-americano, o Brasil foi pioneiro na proteção aos bens culturais. Introduzida por alguns intelectuais, já no início do século, essa temática se defrontava com alguns problemas para poder se efetivar, sobretudo com relação aos direitos de propriedade. Foi um grupo de intelectuais vinculados ao movimento modernista que, nos anos 30, terminou por assumir a tarefa de trazer essa temática para a esfera da administração pública. (...) O problema principal, naquele momento, era, no entanto, desenvolver instrumentos legais que fossem reconhecidos como eficientes e legítimos para garantir a proteção de bens culturais seriamente ameaçados de degradação e mesmo de desaparecimento, contra poderosos interesses contrários a essas medidas de proteção (FONSECA, 1997, p. 154). A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que o poder público, com a cooperação da comunidade, deve promover e proteger o “patrimônio cultural brasileiro”. Dispõe ainda em seu artigo 216 que: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: * as formas de expressão; * os modos de criar, fazer, viver; * as criações científicas, artísticas e tecnológicas; * as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; * os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (CONSTITUIÇÃO, 2001, p. 127).

(19) 19. Esses bens materiais e imateriais que formam o patrimônio cultural brasileiro são, portanto, os modos específicos de criar e fazer (as descobertas e os processos genuínos na ciência, nas artes e na tecnologia); as construções referenciais e exemplares da tradição brasileira, incluindo bens imóveis (igrejas, casas, praças, conjuntos urbanos) e bens móveis (obras de arte ou artesanato); as criações imateriais como a literatura e a música; as expressões e os modos de viver, como a linguagem e os costumes; os locais dotados de expressivo valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral, assim como as paisagens e as áreas de proteção ecológica da fauna e da flora. Para proteger esses bens o Poder Público efetua registros, inventários, vigilância, tombamento e desapropriação dos mesmos. A constituinte atribui competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios para proteger os bens de valor histórico, artístico e cultural, monumentos, paisagens notáveis e sítios arqueológicos. Quando se preserva legalmente e na prática o patrimônio cultural, conservase a memória do que fomos e do que somos: a identidade da nação. Patrimônio, etimologicamente, significa “herança paterna” na verdade, a riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, e que se vai transmitindo de geração a geração.. 3.1.1 Tombamento. Tombar é declarar o seu valor cultural e inscrevê-lo em um dos livros do Tombo existentes no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN ou órgão congênere a nível estadual ou municipal, que efetuar o tombamento. Se for imóvel o tombamento deve ser averbado no registro de imóvel pelo próprio órgão tombador. O tombamento desses bens está previsto na Constituição do Brasil de 1988. Pode ser feito por procedimento administrativo, por lei ou por via jurisdicional..

(20) 20. Em 1982 ocorreram os primeiros tombamentos que quebraram com o academicismo e traduziram uma mudança de simbologia na política de preservação brasileira. Nesse período Afirmou-se assim a compreensão que o bem cultural deveria ser apreendido no seu sentido mais amplo e abrangente, integrando um sistema independente e ordenado de atividades humanas na sua dinâmica. Assim estariam contemplados não só os bens móveis e imóveis cujos valores históricos e artísticos se encontram a muito reconhecidos, os denominados “bens culturais consagrados”, mas também “uma gama importante de comportamentos, de fazeres, de formas de percepção inserida na dinâmica do cotidiano”, os bens culturais não consagrados (ANDRADE, 1997, p. 5). No Brasil, a promulgação do Decreto-Lei n° 25, de 30 de novembro de 1937, organizou a proteção do patrimônio histórico e artístico e instituiu o instrumento do tombamento. A inscrição, em um dos quatro livros do tombo, de bens móveis ou imóveis cuja conservação é de interesse público impede legalmente que eles sejam destruídos ou mutilados. O ato do tombamento, prerrogativa do poder Executivo, não implica desapropriação e nem determina o uso, tratando-se sim de “uma fórmula realista de compromisso entre o direito individual à propriedade e a defesa do interesse público relativamente à preservação de valores culturais” (Fonseca, 1997, p. 115). Entretanto, o tombamento é apenas uma das formas legais de preservação, “que incluem toda e qualquer ação do Estado que vise conservar a memória ou valores culturais” (Castro, 1991, p. 5-8). Hoje, um dos maiores desafios à gestão do patrimônio cultural é definir conceitual e legalmente novas formas de acautelamento compatíveis com sua abrangência, cada vez maior, e com exercício dos direitos culturais do cidadão, reconhecidos no texto da Constituição de 1988, particularmente no artigo 215: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional (...)” e no artigo 16: “O Poder Público com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”. O tombamento por via administrativa é precedido de um processo em que a Administração Pública identifica o valor cultural em bens móveis e imóveis, públicos ou privados. O proprietário do bem é notificado pelo órgão de preservação.

(21) 21. especializado, tendo direito à impugnação. O processo é encaminhado a um conselho consultivo integrado pelo diretor do órgão de preservação. A decisão do conselho deve ser homologada pelo titular da pasta da cultura e o bem inscrito no Livro do Tombo. O bem poderá ainda ser tombado, conforme dito acima, pelo Poder Legislativo, através de lei específica, que determine a sua preservação por seu valor cultural.. 3.2 Patrimônio Cultural e Memória. A memória assegura a reprodução social, age na construção cultural e na formação da imagem nacional para reforçar a identidade individual, coletiva e nacional. Enquanto instrumento da identidade, abrange e ressignifica os símbolos de comunidades, para dar legitimidade aos grupos sociais, quando se apresenta como sistema organizado de lembranças, de acordo com as mudanças ocorridas na história, ao mesmo tempo em que unifica e integra a ideologia do povo. O conceito de patrimônio nos remete ao conceito de memória quando se trata de preservação do mesmo. Como afirma o escritor mexicano, Octávio Paz: a destruição da memória afeta não apenas o passado, como também o futuro. Para mim, a memória é a forma mais alta da imaginação humana, não apenas a capacidade automática de recordar. Se a memória se dissolve o homem se dissolve (PAZ apud MACEDO; RIBEIRO, 1999, p. 17).. A partir da memória também são definidas as relações humanas, em que são feitas as opções do que deve ser preservado do patrimônio cultural, definindo os elementos representativos de uma comunidade. O patrimônio enquanto legado cultural é a forma edificada da identidade de um povo, assim Menezes define que: a memória é suporte de identidade. (...) sendo construção, criação e mobilização de imagem. (...) A memória é que funciona como instrumento.

(22) 22. biológico-cultural de identidade, conservação, desenvolvimento, que torna legível o fluxo dos acontecimentos (MENEZES, 1990, p. 30-31).. A memória evoca o passado para rever o presente e garantir a identidade, em sua dimensão coletiva está gravada nos bens culturais, dos monumentos aos depoimentos das pessoas.. 3. 3 Educação Patrimonial. A educação patrimonial utiliza os bens culturais como fonte primária do conhecimento, gerando um diálogo permanente entre os indivíduos e os patrimônios culturais. Portanto, suscitando um grau de pertencimento, fazendo com que o indivíduo adquira o hábito de valorizar e preservar, neste caso, praticando a cidadania. Conforme Horta, Grunberg e Monteiro: O conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens culturais, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória historicotemporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira compreendida como múltipla e plural (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6). A proposta metodológica da Educação Patrimonial em termos conceituais foi introduzida no Brasil a partir do 1º Seminário sobre o Uso Educacional de Museus e Monumentos, realizado em Petrópolis no Rio de Janeiro no ano de 1983, balizado por um trabalho educacional desenvolvido na Inglaterra. No entanto, ao desenvolver essa proposta metodológica no Brasil, podemos observar que a mesma foi se aperfeiçoando aos contextos patrimoniais locais. Existem diversas formas de se trabalhar com o patrimônio cultural em sala de aula, articulando todas as disciplinas do currículo escolar, pois a Educação Patrimonial permeia vários campos do conhecimento. Podemos destacar algumas.

(23) 23. formas e sugestões: visitar o museu da escola – caso não possua, planejar juntamente com os demais professores e alunos um projeto interdisciplinar que possa viabilizar a construção de um memorial, ou de um museu, que terá o objetivo de contar a história do estabelecimento escolar e “conscientizar os alunos da importância do mesmo em conjuntura estrutural, prédio, classes, cadeiras, e cultural, o conhecimento que se adquire neste local” (ITAQUI; VILLAGRAN, 1998). Com relação à metodologia da Educação Patrimonial, partiremos da realidade do estudante para construir novos conhecimentos desenvolvendo a sensibilidade e a consciência para a importância da preservação do patrimônio cultural. Segundo Soares: A metodologia da Educação Patrimonial surgiu, inicialmente, para que se desenvolvessem programas didáticos nos museus. A adequação desse método de ensino para o trabalho nas escolas é uma proposta nova, na qual os objetos estudados pertencem ao cotidiano das comunidades (SOARES, 2003, p. 46).. Mais uma das dificuldades de trabalhar com a questão do patrimônio, é desmistificar a imagem deste, ou seja, esclarecer o que realmente vem a ser patrimônio cultural, com a imagem que se construiu de patrimônio, conduzida pelo Estado. Segundo Fonseca: Entretanto, é forçoso reconhecer que a imagem construída pela política de patrimônio conduzida pelo Estado por mais de sessenta anos está longe de refletir a diversidade, assim como as tensões e os conflitos que caracterizam a produção cultural do Brasil, sobretudo a atual, mas também a do passado (FONSECA, 2003, p. 56). Com a globalização, um dos desafios do século XXI é estabelecer-se relação entre as disciplinas do currículo escolar, ou seja, religar os conhecimentos. A interdisciplinaridade é a integração entre teoria e prática, entre a ciência e o conhecimento empírico, visualizando a formação integral na perspectiva da totalidade. De acordo com Ricardo Oriá: A educação patrimonial nada mais é do que uma proposta interdisciplinar de ensino voltada para questões pertinentes ao patrimônio cultural. Compreende desde a inclusão nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, de temáticas ou de conteúdos programáticos que versem sobre o conhecimento e a conservação do patrimônio histórico, até a realização de curso de aperfeiçoamento e extensão para os educadores e a comunidade em geral, a fim de lhes propiciar informações acerca do acervo cultural, de.

(24) 24. forma a habilitá-los a despertar nos educandos e na sociedade, o senso de preservação da memória histórica e consequentemente o interesse pelo tema (ORIÁ, 2005, apud MORAES, s. d., p. 7). A educação patrimonial pode ser aplicada a qualquer evidência material ou manifestação da cultura, seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou um sítio arqueológico, uma paisagem natural ou uma área de proteção ambiental, um centro histórico urbano ou uma comunidade da área rural, uma manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da relação entre os indivíduos e seu meio ambiente. Desta forma, a Educação Patrimonial contribui para a preservação do Patrimônio. Consequentemente propicia a geração e a produção de novos conhecimentos por parte da comunidade escolar.. 3.4 Arquivologia A arquivologia é uma ciência que se relaciona com a ciência da informação. Com suas bases modernas fundamentadas na Revolução Francesa, a arquivologia cuida da informação que tem por objetivo se tornar evidência, fator de prova de que algum evento ocorreu. A arquivologia é um conjunto de princípios, conceitos e técnicas a serem observados na produção, organização, guarda, preservação e uso de documentos em arquivos. Na América Latina, principalmente Brasil e Argentina, o termo usado correntemente é arquivologia, já no Canadá o termo usual é arquivística. De acordo com Rousseau e Couture (1998), a arquivologia pode ser abordada de três maneiras: uma maneira unicamente administrativa (records management), cuja principal preocupação é ter em conta o valor primário do documento; uma maneira tradicional, que põe a tônica exclusivamente no valor secundário do documento; ou, por último, uma maneira nova, integrada, que tem como objetivo ocupar-se simultaneamente do valor primário e do valor secundário do documento..

(25) 25. Segundo Faria (2006), dentre os referenciais arquivísticos, destacam-se os princípios fundamentais, os conceitos de fundo e documento de arquivo, o ciclo de vida dos documentos, os conceitos de valor primário e valor secundário, o princípio do respect des fonds, as funções de classificação documental e avaliação documental e a definição de gestão arquivística. A arquivologia estabeleceu princípios essenciais, metodologia e linguagem próprias, que a faz identificar-se e se distinguir das outras ciências afins, com as quais está integrada no conjunto das ciências da documentação e da informação. O seu objetivo prende-se com a formação, organização e conservação dos documentos, com a economia de tempo na investigação, economia de pessoal e no trabalho, e direção do arquivo. Nesta perspectiva a arquivologia deve responder com a criação de uma metodologia própria para que o arquivo possa desempenhar e cumprir os seus objetivos, desenvolver procedimentos e instrumentos de trabalho que permitam ao arquivista, conservar, gerir e difundir os documentos de arquivo. Esta metodologia consiste em aplicar o principio básico, de respeitar a ordem natural de criação dos documentos, a que chamamos principio de proveniência ou principio do respeito pela estrutura dos fundos. Em suma, a arquivologia é a ciência que organiza e torna acessível a informação documental produzida por uma organização no desenrolar das suas relações sociais, a ponto de ser possível conhecer toda a informação que um documento possa proporcionar.. 3.4.1 Ciclo de Vida dos Documentos ou Teoria das Três Idades Arquivo de primeira idade, corrente, ativo ou de momento: constituído de documentos em curso ou consultado frequentemente, conservados nos escritórios ou nas repartições que os receberam e os produziram ou em dependências próximas de fácil acesso. Por documento em curso entende-se que, nesta fase, os.

(26) 26. documentos tramitam bastante de um setor para outro, ou seja, podem ser emprestados a outros setores para atingirem a finalidade para a qual foram criados. Arquivo de segunda idade ou intermediário: constituído de documentos que deixaram de ser frequentemente consultados, mas cujos órgãos que os receberam e os produziram podem ainda solicitá-los. Não há necessidade de serem conservados próximos aos escritórios. A permanência dos documentos nesses arquivos é transitória. Arquivo de terceira idade, permanente, histórico ou de custódia: constituído de documentos que perderam todo valor de natureza administrativa e que se conservam em razão de seu valor histórico ou documental e que constituem os meios de conhecer o passado e sua evolução. Estes são os arquivos propriamente ditos, pois ali os arquivos são conservados de forma definitiva. Estas fases são complementares, pois os documentos podem passar de uma fase para outra, e para cada corresponde uma maneira de diferente de conservar e tratar os documentos e, consequentemente, uma organização adequada, ou seja, as unidades de acondicionamento (pastas, catálogos etc.), adotadas na fase corrente serão substituídas por unidades mais adequadas ao funcionamento da fase intermediária, que, por sua vez, adotará acondicionamento diferente da fase permanente.. 3.4.2 Princípio da Proveniência Para entender o princípio da proveniência, ou respect des fonds, como foi primeiramente conhecido, é necessário conhecer também o conceito de fundo. No Dicionário de Terminologia Arquivística (1996, p. 40) o fundo é a “unidade constituída pelo conjunto de documentos acumulados por uma entidade que, no arquivo permanente, passa a conviver com arquivos de outras”. Martín-Pozuelo Campillo (1996, p. 25) diz que “a formulação do princípio da proveniência não é resultado de um único momento nem sucede em um único.

(27) 27. lugar”, isso se dá principalmente pelo fato de vários autores darem um duplo valor ao princípio da proveniência e, consequentemente, um duplo conteúdo. Esses autores dividem o princípio da proveniência em dois princípios diferentes, mas que se encontram implícitos e são intimamente relacionados: o princípio de respeito aos fundos e o princípio de respeito à ordem original O primeiro consiste em dizer que os arquivos ou fundos de arquivo de determinada procedência não deve misturar-se com os de outra procedência, ou seja, não mesclar com outros documentos de qualquer natureza. Já o segundo, estabelece que os documentos que compõem estes arquivos ou fundos de arquivo devem manter a classificação e a ordem dada pela própria instituição de origem, dessa forma, refletindo a organização interna da instituição. Os Arquivistas Holandeses consideram como sendo o princípio fundamental e mais importante de todos o seguinte: “o sistema de arranjo deve ser baseado na organização original do arquivo, a qual, na sua essência, corresponde à organização do órgão administrativo que o produziu.” (Associação dos Arquivistas Holandeses, 1960, p. 35) Schellemberg (2006) diz que os documentos públicos devem ser guardados em unidades que correspondam à sua origem. E que o princípio da proveniência foi aceito na arquivologia por diversas razões, tais como o fato do princípio proteger a integridade dos documentos, uma vez que reflete no seu arranjo as origens e os processos por que passaram; o princípio ajudar na compreensão do significado dos documentos; e o princípio dar ao arquivista um guia que auxilia no arranjo, descrição e utilização dos documentos. Já Rousseau e Couture (1998, p. 79) afirmam que “o princípio da proveniência é a base teórica, a lei que rege todas as intervenções arquivísticas”, ao se respeitar este princípio, o arquivista garante a existência do fundo de arquivo, e é a partir deles que o arquivista pode realizar suas intervenções, sempre reconhecendo o fundo de arquivo como sendo a unidade central nestas operações. Eles afirmam que o princípio da proveniência e o fundo de arquivo se justificam por.

(28) 28. estarem ligadas diretamente às preocupações administrativas, podendo ser aplicados aos arquivos em todas as suas idades..

(29) 29. 4 PATRIMÔNIO CULTURAL DE SANTA CRUZ DO SUL - RS 4.1 Arquivo Jornal Gazeta do Sul. Fotografia 1 Prédio da Gazeta. Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. Um dos jornais mais importante do Vale do Rio Pardo, com circulação diária e mais de 80 mil leitores, segundo pesquisa do Ibope, a Gazeta do Sul nasceu da inconformidade da população de Santa Cruz do Sul com a inexistência de um jornal na cidade. O tradicional Kolonie, editado em língua alemã, havia sido extinto em 1941 por causa da Segunda Guerra Mundial. Paradoxalmente, a cidade vivia uma época de pleno florescimento socioeconômico, mas perdia importância no contexto estadual à medida que não dispunha sequer de um meio para contar sua própria história..

(30) 30. Foi neste contexto que um grupo de santa-cruzenses se mobilizou e começou a estruturar, em junho de 1943, a Editora Santa Cruz, com a finalidade explícita de dotar o município novamente de um jornal. Sob a liderança de Francisco José Frantz e mais um grupo de empresários, surgiu assim a Gazeta de Santa Cruz, cuja primeira edição circulou em 26 de janeiro de 1945. No primeiro ano, até dezembro, o jornal circulava uma vez por semana, passando, então, a ser bissemanário. A partir de 1950 começaram a ser adquiridas as primeiras máquinas – até então o jornal era impresso na Tipografia de Aloísio Rech. Em novembro de 1953 a Gazeta mudou a periodicidade, passando a circular três vezes por semana. O jornal crescia visivelmente e, dois anos após, estruturou sua oficina própria, com a aquisição de mais uma máquina linotipo e de uma nova impressora marca Gross Cox-O-Type, que deixava o jornal devidamente dobrado e encartado. Para suportar os custos de implantação do equipamento adquirido, foi aberta subscrição de capital, transformando-se a empresa em sociedade anônima, numa assembléia realizada em julho, com a participação de 163 acionistas. A sociedade passou a chamar-se Gazeta do Sul S.A. Na esteira das transformações, em 1957, o jornal mudou de nome, passando de Gazeta de Santa Cruz para Gazeta do Sul. A mudança não ocorreu por acaso. Era reflexo de uma nova estratégia, voltada a regionalizar a cobertura jornalística. No mesmo período o jornal passou a ter quatro edições semanais e, logo em seguida, cinco edições, sistema que persistiu até abril de 1959, quando o número de edições foi novamente reduzido para três por semana em virtude dos elevados custos do papel. A mais profunda alteração ocorreu em março de 1972, quando foi introduzido o formato tablóide – até então o jornal era impresso em formato standard – seguindo uma tendência dos mais importantes jornais do Estado. Mas foi em 1979 que a Gazeta do Sul deu um salto em tecnologia com a aquisição de uma máquina impressora rotativa “offset”, de quatro unidades, com capacidade para 32 páginas a uma velocidade de 16.500 jornais/hora..

(31) 31. As linotipias foram definitivamente “aposentadas” em 1987, tendo sido substituídas por duas fotocompositoras MCS 8400 ligadas a sete terminais de vídeo, agilizando assim a elaboração do jornal e marcando o ingresso da Gazeta na era informatizada. A partir daí, uma série de inovações se sucederam: •. 1988 – a Gazeta passou a circular com edição diária, de terças-feiras a sábados, consolidando-se como o jornal de maior tiragem na região.. •. 1995 – A Gazeta do Sul é totalmente informatizada. Após quatro anos de estudos e pesquisas na busca de soluções que atendessem à realidade de Santa Cruz do Sul e da região, optou-se pela tecnologia Apple Macintosh. Foi instalada uma rede com 30 computadores Macintosh, sendo dois servidores Power 8.150 de última geração; sete Mac Power PC 7300/200 para arte-final e publicidade; Imagesetter Agfa Accuset 1000 com RIP Harlequim rodando em MAC 9600/233. Com isso, todo o jornal, incluindo redação, publicidade e produção. de. arte. final,. é. feito. eletronicamente.. Foram. instalados. equipamentos para recepção de agências de notícias via satélite. •. 1996 – A Gazeta acrescenta a edição de segunda-feira, completando a circulação em seis dias da semana.. •. 1997 – A Gazeta do Sul colorida. Com a implantação de uma torre rotativa e reforma geral na impressora já existente, a partir de setembro o jornal passou a rodar diariamente a cores. O projeto gráfico também foi renovado.. •. 2003 – É adquirida nova dobradeira marca Gross, modelo SSC, com capacidade para até oito bandas de papel e produção de até 23.000 exemplares por hora.. •. 2007 - A Gazeta do Sul de cara nova. A divisão de páginas é a principal característica do novo layout da Gazeta do Sul que muda de seis para cinco colunas, tudo para tornar a leitura mais agradável. Idealizado por profissionais da casa, o novo layout oferece ao leitor um jornal com o mesmo volume de conteúdo, mas mais fácil de ler. Para isso, foram utilizados recursos de navegação que permitem acompanhar o desenvolvimento das reportagens e as diferentes editorias de forma simples e sem interferências gráficas desnecessárias..

(32) 32. A Gazeta Grupo de Comunicações, com sede em Santa Cruz do Sul – RS compõe um dos mais conceituados e sólidos complexos de comunicação do Estado. Integrado por dois jornais, quatro emissoras de rádio, um provedor de internet, uma editora e uma fundação, pauta sua atuação pelo compromisso de atuar e distribuir informação e entretenimento às comunidades e procura fazê-lo de forma responsável e independente para consolidar o patrimônio maior de seus veículos: sua credibilidade. Empresa líder do grupo, o jornal Gazeta do Sul foi fundado em 26 de janeiro de 1945. Com circulação diária e tiragem de 18 mil exemplares, é o mais importante jornal do Vale do Rio Pardo e um dos mais conceituados no interior do Rio Grande do Sul. O diário tem como característica principal o comprometimento com as questões regionais, oferecendo a seu público uma informação imparcial e que procura atender aos mais diferentes interesses de seus leitores..

(33) 33. 4.1.1 Busca dos dados. Fotografia 2 Acervo do Jornal Gazeta do Sul. Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. Em entrevista realizada com Marcela Carvalho, responsável pelo Arquivo Gazeta do Sul, o qual é vinculado ao Jornal Gazeta do Sul, foram obtidas as seguintes informações. O arquivo não conta com o trabalho de um profissional arquivista. A organização dos documentos é realizada por uma assistente de administração que, além desta atividade, também trabalha na recepção do jornal..

(34) 34. Os gêneros documentais existentes no arquivo são exclusivamente de jornais de 1945 até os dias atuais. O acervo fica em uma sala localizada no segundo andar do prédio do jornal. Os jornais são guardados em dois armários, são encadernados por mês e ano e organizados em ordem cronológica. A pesquisa e o acesso à informação do acervo documental estão disponíveis, tanto para o público interno, quanto para o externo. Os jornais do arquivo são usados, principalmente, para pesquisa em casos probatórios, quando as pessoas precisam de alguma prova textual e fotográfica. Também foi constatado que na instituição não tem um programa de educação patrimonial, pois a preocupação do arquivo é guardar os jornais e disponibilizá-los para as pessoas interessadas em conhecer fatos do cotidiano da cidade e da região abrangida pelo jornal. Solicitada a dar sua opinião sobre a importância do arquivo, a entrevistada respondeu “importância histórica e pesquisa sobre a cidade”. Quanto à necessidade da organização da documentação respondeu “para facilitar a organização e o acesso à pesquisa”..

(35) 35. 4.2 Arquivo Centro de Documentação (CEDOC) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Fotografia 3 Prédio Memorial da UNISC Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. O Centro de Documentação - CEDOC da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC foi criado em 1998, a partir da documentação remanescente da Cooperativa Agrícola Rio Pardinho, a primeira cooperativa de produtores rurais existente na região, fundada em 1913. Mesmo com todas as limitações de pessoal e de espaço físico, o CEDOC ao longo dos últimos anos, tornou-se responsável pela guarda e pela conservação de um respeitável conjunto de acervos documentais. Dentre as dificuldades existentes para o cumprimento das suas finalidades, o maior gargalo já foi desobstruído. O problema da falta de espaço físico adequado para a guarda e o manuseio da documentação do acervo foi resolvido no final de.

(36) 36. 2007, quando o CEDOC passou a ocupar as suas novas e definitivas dependências junto ao Memorial da UNISC. Atualmente está sendo desenvolvido no CEDOC um projeto que visa informatizar e arranjar em fundos, séries e sub-séries o seu acervo documental e bibliográfico. Metodologicamente, a documentação existente está sendo arranjada em fundos documentais, obedecendo ao princípio da procedência. Cada um dos cinco fundos está sendo subdividido em séries, sub-séries, seções e coleções, formando sequências documentais. Aí vai se enquadrando cada um dos documentos existentes, sempre obedecendo à regra geral de ordenação com a estrutura original do órgão produtor, sua função e o tipo documental. São cinco os fundos documentais em que está sendo arranjada a documentação sob a custódia do Centro:. 4.2.1 Fundo Mauá Em fins de 2006, o CEDOC passou a custodiar o acervo do Arquivo Histórico do Colégio Mauá. A origem desse acervo data de 1966, quando houve a criação do Museu do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul. Em 1981, ocorreu o desmembramento do acervo entre o Museu e o Arquivo. Nessa ocasião, o Arquivo ficou com a maior parte das fontes documentais escritas e fotográficas que até então estavam sob a guarda do Museu. Esse acervo engloba um patrimônio cultural de inestimável valor. Estão aí agrupados os jornais brasileiros impressos no idioma alemão Kolonie (1891-1941), Fortschritt (1902-1904), Santa Cruzer Anzeiger (19051908), Neue Zeit (1929-1932) e Volksstimme (1930-1939); a coleção da Gazeta do Sul (1945 até os dias atuais); os Cadastros dos lotes coloniais das colônias de Santa Cruz e Monte Alverne realizados por Carlos Trein Filho a partir de 1876; milhares de fotografias de indivíduos, de famílias, de prédios, de rituais, de encontros sociais e de cenas do cotidiano; documentos de família dentre os quais certidões de batismo, de confirmação e de casamento, salvo-condutos, títulos de eleitor, certificados de reservista e passaportes; documentos de sociedades desportivas e recreativas; mensagens e relatórios encaminhados pela municipalidade de Santa Cruz ao.

(37) 37. Conselho e à Câmara Municipal; relatórios de indústrias; o Diário de August Henning, de 27 volumes; e livros e outros documentos que retratam a história de Santa Cruz e da região e a colonização alemã no Estado.. Fotografia 4 Fundo Mauá Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. 4.2.2 Fundo Pellanda O acervo da família Pellanda veio se somar ao CEDOC durante o ano de 2006. O fundo Pellanda possui, basicamente, dois tipos documentais: a) Livros, que envolvem diferentes áreas do saber, destacando-se os relacionados com a História, com a Economia e com a Literatura do Rio Grande do Sul. Há, nesse fundo, livros que podem ser qualificados como muito raros, publicados em inícios até meados do século XX; b) Periódicos, dentre os quais se destacam a Revista do Globo, que circulou nas décadas de 1920, 1930, 1940 e 1950; a Revista do Museu Júlio de Castilhos e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul; a Revista do Arquivo Público do Rio Grande do Sul; a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do.

(38) 38. Sul; o Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul; a Revista Província de São Pedro; a Revista do Ensino do Estado do Rio Grande do Sul; a Revista Samaritana do Sul; a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; a Revista de Psico Análisis; e a Revista Parati.. Fotografia 5 Fundo Pellanda. Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. 4.2.3 Fundo Cooperativas Engloba documentos diversos de cooperativas existentes na região. O acervo mais significativo pertenceu à Cooperativa Agrícola Rio Pardinho, cujas atividades se desenrolaram entre 1913 e 1995. Estatutos, livros de atas, livro de matrícula de associados, livros-caixa e relatórios de atividades são alguns dos documentos que se encontram nesse fundo documental..

(39) 39. Fotografia 6 Fundo Cooperativas Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010. 4.2.4 Fundo Ensino Superior em Santa Cruz do Sul Reúne a documentação histórica e um enorme acervo fotográfico gerado a partir de 1962, quando da criação da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (APESC). Incluem-se aí os livros de atas dos Conselhos da APESC e documentos diversos de suas mantidas: Faculdade de Ciências Contábeis (1964-1992); Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (1967-1992); Faculdade de Direito (19681992); Escola Superior de Educação Física (1970-1992); Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (1980-1993); e Universidade de Santa Cruz do Sul (a partir de 1993)..

(40) 40. Fotografia 7 Fundo Ensino Superior. Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010. 4.2.5 Fundo CEDOC Integram esse fundo uma série de documentos, dentre os quais um acervo de microfilmes composto de Falas e Relatórios dos Presidentes da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul; dos Relatórios dos Presidentes do Estado do Rio Grande do Sul e do jornal “A Federação”; um acervo fotográfico que retrata diferentes momentos e monumentos de Santa Cruz do Sul; a coleção do Jornal A Folha de Rio Pardo (1957-2001); o periódico Skt Paulusblatt (1949-1979); o Jornal Peleia; a Revista Alto Falante; vários maços de jornais de grupos de esquerda editados no Brasil nas décadas de 1970 e 1980; uma série de documentos pertencentes a famílias; monografias e livros que dizem respeito à região do Vale do Rio Pardo; e um banco de entrevistas de história oral..

(41) 41. Fotografia 8 Fundo CEDOC. Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. 4.2.6 Busca dos dados. Em entrevista realizada com Olgário Paulo Vogt , responsável pelo Arquivo do CEDOC, que é vinculado à Universidade de Santa Cruz do Sul e foi criado em 1996, foram obtidas as seguintes informações. O arquivo é coordenado por um historiador, que conta com a ajuda de duas estagiárias do curso de História. Os gêneros documentais do arquivo são livros, revistas, jornais, fotografias, documentos manuscritos e microfilmes. O acervo está localizado junto ao Memorial da UNISC, disposto em três salas de 99 m². As condições de guarda da documentação são boas e conta com estantes metálicas e caixas arquivo de polipropileno..

(42) 42. No arquivo existem mais de 100 mil fotos e os demais documentos não são quantificados pelo setor e são basicamente unidades individuais e documentos encadernados, cujas datas abrangentes vão desde 1860 até os dias atuais. O acervo é disponibilizado a qualquer consulente dentro do horário estabelecido de funcionamento do arquivo, pois a documentação é pública, não havendo restrição à consulta de qualquer documento existente. Também foi observado que na instituição não existe um programa de educação patrimonial, pois atualmente o arquivo está sendo organizado e informatizado. Devido a isso ainda não existe nenhum projeto que envolva a possibilidade de haver, num futuro próximo, um programa de educação patrimonial. Solicitado a dar sua opinião sobre a importância do arquivo, o entrevistado respondeu “permite a realização de pesquisas por parte de pesquisadores, alunos, dirigentes da instituição e da comunidade de uma forma geral”. Quanto à necessidade da organização da documentação respondeu “para dar agilidade na sua localização”..

(43) 43. 4.3 Arquivo Histórico Municipal. Fotografia 9 Palacinho da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul. Fonte: Fotografia da autora, abril de 2010.. Santa Cruz do Sul é um município brasileiro no estado do Rio Grande do Sul. A cidade é conhecida por ser a sede da maior Oktoberfest do Rio Grande do Sul, ser a sede do maior festival de arte amadora, segundo a UNESCO, o Encontro de Arte e Tradição e, pelo Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul. Santa Cruz do Sul é um dos principais núcleos da colonização alemã do Rio Grande do Sul. A colônia foi fundada por lei provincial em 6 de dezembro de 1847. Os primeiros habitantes da cidade vieram dos distantes lugares nas regiões do Reno e Silésia, em 1849. Eles se estabeleceram na Colônia Picada Velha, hoje conhecida como Linha Santa Cruz..

(44) 44. A povoação iniciou em 1849, no local então chamado de João Maria, em terras do barão de Cambai, com a instalação de cinco famílias alemãs. O primeiro diretor foi Johann Martim Buff. A cidade foi oficialmente fundada em 31 de março de 1877, emancipada de Rio Pardo. O principal estímulo econômico da cidade vem das plantações de fumo, que trouxeram para a cidade inúmeros fabricantes de cigarro e distribuidoras de fumo, como Universal Leaf Tabacos, Phillip Morris, Souza Cruz, Associed Tobacco Company e Alliance One, entre outras. A cidade também possui outros ramos fortes em sua economia, como o comércio e serviços. Santa Cruz do Sul possui o maior complexo beneficiador de fumo em folha no seu Distrito Industrial. As principais indústrias do fumo do Brasil – dentre as quais a mais importante é a Souza Cruz - instalaram-se em Santa Cruz do Sul, incentivando a produção nas áreas rurais da cidade e também nas cidades vizinhas como Venâncio Aires, Vera Cruz e Rio Pardo. No momento atual a produção de fumo é a principal fonte de renda para os agricultores locais. Existe forte presença das indústrias do fumo na vida socioeconômica da região, especialmente oferecendo apoio técnico, financeiro e programas sociais para os fumicultores. Desta forma há um sistema de trocas e lealdades entre a maior parte de fumicultores e a indústria. Entretanto, existe também um conjunto de iniciativas locais, regionais e nacionais de substituição da cultura do fumo, visto as projeções internacionais de redução mundial de consumo. Esta redução do consumo mundial obedece à crescente tomada de consciência no mundo dos comprovados riscos para a saúde dos produtos derivados do tabaco. O principal evento de Santa Cruz do Sul é a Oktoberfest, uma festa popular germânica, que ocorre anualmente na cidade no mês de outubro. A Oktoberfest de Santa Cruz do Sul é a segunda maior do Brasil, apenas atrás da de Blumenau. A.

(45) 45. Oktoberfest é chamada de “a festa da alegria” e que contou na edição de 2009 com mais de 400 mil visitantes.. 4.3.1 Centro de Estudos Genealógicos do Vale do Rio Pardo (CEGENS). O Centro de Estudos Genealógicos do Vale do Rio Pardo (CEGENS) é uma entidade civil sem fins lucrativos fundada em 28 de setembro de 1993 e que atua em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura. O CEGENS possui arquivada e informatizada a genealogia de pelo menos 48 mil pessoas, fruto de um levantamento realizado em 1999 nas escolas de Santa Cruz do Sul e região. Pelo menos 1200 volumes – entre mapas, livros e cadernos – estão à disposição do público para pesquisas sobre história da imigração e colonização, formação das famílias aqui residentes, marcação dos primeiros lotes da cidade e evolução geográfica do Rio Grande do Sul. A partir deste estudo foi possível a elaboração de um painel com a história das pequenas comunidades de Santa Cruz, como Alto Paredão, entre outras. Além de fornecer dados sobre as famílias que se instalaram na região desde o século XIX, o CEGENS também oferece um programa de computador para aqueles que desejam criar sua própria árvore genealógica e registrar a evolução de sua família para futuras consultas de parentes e pesquisadores. O material é registrado e organizado voluntariamente pelo presidente do CEGENS, Adonis Valdir Fauth e pelo vice-presidente, Gastão Gal, ambos apaixonados por história e genealogia..

Referências

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