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Extensão de isomorfismos de ideais em conjuntos parcialmente ordenados

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Academic year: 2021

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(1)

Instituto de Matem´

atica, Estat´ıstica e Computac

¸˜

ao

Cient´ıfica

Marcos Vinicius Pereira Spreafico

Extens˜

ao de isomorfismos de ideais em conjuntos

parcialmente ordenados

CAMPINAS 2016

(2)

Extens˜

ao de isomorfismos de ideais em conjuntos parcialmente

ordenados

Tese apresentada ao Instituto de Ma-tem´atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜ao Ci-ent´ıfica da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exi-gidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Matem´atica.

Orientador: Marcelo Firer

Este exemplar corresponde `a vers˜ao final da Tese defendida pelo aluno Marcos Vinicius Pereira Spreafico e orientado pelo Prof. Dr. Marcelo Firer.

CAMPINAS 2016

(3)

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Ana Regina Machado - CRB 8/5467

Spreafico, Marcos Vinicius Pereira,

Sp77e SprExtensão de isomorfismos de ideais em conjuntos parcialmente ordenados / Marcos Vinicius Pereira Spreafico. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

SprOrientador: Marcelo Firer.

SprTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica.

Spr1. Conjuntos parcialmente ordenados. 2. Códigos posets. I. Firer, Marcelo,1961-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Extension of isomorphisms of ideals in partially ordered sets Palavras-chave em inglês:

Partially ordered sets Poset codes

Área de concentração: Matemática Titulação: Doutor em Matemática Banca examinadora:

Marcelo Firer [Orientador] José Plínio de Oliveira Santos

Antonio Carlos de Andrade Campello Junior Marcelo Muniz Silva Alves

Robson da Silva

Data de defesa: 24-10-2016

Programa de Pós-Graduação: Matemática

(4)

Prof(a). Dr(a). MARCELO FIRER

Prof(a). Dr(a). JOSE PLINIO DE OLIVEIRA SANTOS

Prof(a). Dr(a). ANTONIO CARLOS DE ANDRADE CAMPELLO JUNIOR

Prof(a). Dr(a). MARCELO MUNIZ SILVA ALVES

Prof(a). Dr(a). ROBSON DA SILVA

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadˆemica do aluno.

(5)
(6)

`

A minha fam´ılia, pelo suporte em toda a trajet´oria da minha vida. Sem d´uvidas, este doutorado s´o foi poss´ıvel atrav´es do apoio que me deram desde a infˆancia e apesar de procurar, n˜ao encontrei palavras que descrevessem toda minha gratid˜ao aos meus pais.

`

A minha esposa, por todo amor e apoio que me dedicou.

Ao Marcelo pela orienta¸c˜ao, conversas nem sempre acadˆemicas e tamb´em pela apre-senta¸c˜ao de alguns artistas dos mais diferentes(por n˜ao achar melhor palavra para des-crevˆe-los) que j´a tinha visto.

Aos membros da banca de defesa, pelos coment´arios e sugest˜oes que ajudaram na ultima vers˜ao desta tese.

Aos amigos do Lab, em especial ao Jerry, sempre me ajudando com uma carona, dividindo seu quarto e discuss˜oes que levaram `a resultados presentes nesta tese. Sobre as discuss˜oes devo agradecer tamb´em ao Roberto e ao Luciano um irm˜ao pra toda obra, com quem tive o prazer de dividir uma Rep.

Aos amigos da Rep Hostel (moradores e frequentadores) pelas discuss˜oes sobre futebol, pol´ıtica, religi˜ao e etc. Em especial, pelas discuss˜oes das quartas-feiras de 2012 sempre acompanhadas de bons churrascos, os quais contribu´ıram para a evolu¸c˜ao de um f´ıgado para uma picanha.

Aos colegas e servidores do DMAT/UEM, IMECC/UNICAMP, e INMA/UFMS. `

(7)

posets, mostramos que um tipo espec´ıfico destas identidades ´e caracterizada por conjuntos parcialmente ordenados (posets) que satisfazem a propriedade de extens˜ao de ideais, isto ´e, posets com a propriedade de que ideais isomorfos est˜ao em uma mesma ´orbita do grupo de automorfismo do poset. Na dire¸c˜ao de classifica¸c˜ao de tais posets, apresentamos algumas classes de posets que se apresentam como condi¸c˜oes suficientes para a propriedade de extens˜ao. Al´em disso ao se considerar P e Q posets com a propriedade de extens˜ao e ∗ uma opera¸c˜ao bin´aria entre posets, s˜ao determinadas condi¸c˜oes necess´arias e condi¸c˜oes suficientes para queP ∗ Q satisfa¸ca a propriedade de extens˜ao. No caso de posets s´erie-paralelos, s˜ao obtidas condi¸c˜oes necess´arias e suficientes, o que permite a classifica¸c˜ao dos posets s´erie-paralelos que satisfazem a propriedade de extens˜ao de ideais.

(8)

When we take into account MacWilliams type identities for poset codes, natural questions arise about invariants that play the rule of weight enumerators of codes in the poset case, these invariants are linked to isomorphisms of order ideals. This lead us to investigate partially ordered sets (posets) that satisfies the ideal extension pro-perty, i.e., posets whose each isomorphism of order ideals extend to automorphism of the poset. In the direction of classification of such posets, we give some suficient conditions, necessary conditions (but not both simultaneously) and we answer the question: let P and Q be two posets having the ideal extension property, and ∗ be a poset operation, is the extension property preserved by the operation ∗. Further-more, for the case of series-parallel posets we obtain a full classification for those satisfying the ideal extension property.

(9)

Introdu¸c˜ao 10

1 Conjuntos Parcialmente Ordenados 12

1.1 Defini¸c˜oes e exemplos . . . 12

1.2 Classes Especiais de Posets . . . 14

1.3 Morfismos de ordem . . . 16

1.4 Conexidade . . . 18

2 M´etricas poset e identidades de tipo MacWilliams 20 2.1 Identidades de tipo MacWilliams em espa¸cos poset . . . 22

2.2 Rela¸c˜ao ES e extens˜ao de isomorfismos . . . 26

3 Propriedade de Extens˜ao de Ideais 30 3.1 Homogeneidade de Ideais . . . 31

3.2 Comportamento da PEI sob opera¸c˜oes em posets . . . 38

3.2.1 Soma Direta . . . 38

3.2.2 Soma Ordinal . . . 41

3.2.3 Produto Ordinal . . . 46

3.2.4 Produto Direto . . . 49

3.2.5 Produto Direto por n´ıvel . . . 55

3.2.6 Exponencial . . . 57

Perspectivas Futuras 61

Referˆencias 62

(10)

Introdu¸

ao

O problema de extens˜ao de isomorfismos entre subestruturas ´e um problema estudado desde o come¸co dos anos 1950s, com o pioneiro trabalho de R. Fraiss´e [11], o qual considera uma estrutura relacional gen´erica M, uma subfam´ılia A ⊆ 2M e diz-se que

M ´e uma estrutura homogˆenea se todo isomorfismo entre elementos de A pode ser estendido a um automorfismo de M. Este trabalho motivou v´arios outros, que focam no estudo, constru¸c˜ao e classifica¸c˜ao de classes particulares de estruturas homogˆeneas. Dentre estas classes, destacamos as estruturas de grafos, grafos direcionados e posets de cardinalidade enumer´avel. Al´em do estudo de estruturas homogˆeneas em si, existem outras variantes do problema considerando, por exemplo, vers˜oes que restringem os isomorfismos que devem ser estendidos, a extens˜ao por monomorfismos (ao inv´es de automorfismos) e outras mais. Neste trabalho, consideramos uma fam´ılia particular de estruturas, os conjuntos finitos parcialmente ordenados, ou posets (partially ordered set, em inglˆes). Considerando os posets finitos, introduzimos uma varia¸c˜ao do conceito de homogeneidade, que chamamos de Propriedade de Extens˜ao de Ideais, ou abreviadamente PEI, onde consideramos A como sendo a fam´ılia de todos os ideais do poset.

A PEI surgiu de maneira natural no contexto de c´odigos corretores de erros. Em mea-dos da d´ecada de 90, come¸cou-se a estudar c´odigos corretores de erros em espa¸cos munimea-dos de m´etricas determinadas por posets [4]. Dentro deste contexto, um dos problemas mais desafiadores foi a generaliza¸c˜ao do Teorema de Dualidade de MacWilliams, que relaciona a distribui¸c˜ao de pesos de um c´odigo com a distribui¸c˜ao de pesos do c´odigo dual. Um avan¸co significativo nesta dire¸c˜ao foi feito por Choi et. al. [7]. Neste trabalho, os autores perceberam que o peso de vetores fornece apenas um tipo de rela¸c˜ao de equivalˆencia entre palavras c´odigos, e generalizaram o problema de dualidade, obtendo rela¸c˜oes e identidades de tipo MacWilliams. Neste mesmo trabalho, os autores devotam aten¸c˜ao especial a trˆes tipos de rela¸c˜oes, a saber, a determinada por automorfismos do poset EAut, a determinada

por isomorfismos de ideais ES e a rela¸c˜ao determinada pela cardinalidade dos ideais EC,

com a hierarquia de inclus˜oes: EAut ⊆ ES ⊆ EC. As condi¸c˜oes para termos EAut = EC ou

ES = EC s˜ao conhecidas, mas restaram desconhecidas condi¸c˜oes que garantam EAut = ES.

Ao trabalhar (em [2]) na busca de invariantes que classifiquem ´orbitas do grupo de isometrias de um espa¸co poset no caso particular de poset ´arvore(uniraiz), chegou-se ao problema bem conhecido na teoria de grafos, que ´e a verifica¸c˜ao de quando ´arvores (unira´ızes) s˜ao ou n˜ao isomorfas [1]. Este problema, considerando posets quaisquer, con-forme veremos no Cap´ıtulo 2, ´e exatamente a PEI, que, por sua vez, ´e condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para termos EAut = ES.

A tese est´a organizada do seguinte modo. No Cap´ıtulo 1, introduzimos algumas propri-edades b´asicas de conjuntos parcialmente ordenados necess´arias para o desenvolvimento do tema. No Cap´ıtulo 2, fazemos uma breve introdu¸c˜ao `a identidade de tipo

(11)

MacWil-liams para c´odigos poset, a fim de introduzir o principal conceito tratado nesta tese, a saber, a propriedade de extens˜ao de ideais, o qual surge naturalmente neste contexto. No Cap´ıtulo 3, investigamos a propriedade de extens˜ao de ideais, apresentamos algumas classes de posets que satisfazem tal propriedade, condi¸c˜oes necess´arias para um poset satisfazer a propriedade e estudamos o comportamento da propriedade em opera¸c˜oes de posets. Com o objetivo de classifica¸c˜ao dos posets que satisfazem a propriedade, obte-mos diversas respostas parciais. Em seguida, apresentaobte-mos algumas perspectivas futuras, problemas que permanecem sem solu¸c˜oes. Para leitores pouco familiares com o assunto, apresentamos ainda dois apˆendices, o primeiro com conceitos b´asicos sobre C´odigos Corre-tores de Erros e o segundo dedicado a uma breve pincelada sobre estruturas homogˆeneas, com especial ˆenfase em estruturas formadas por grafos e posets.

(12)

1

Conjuntos Parcialmente Ordenados

Nesta se¸c˜ao, introduzimos, de forma breve, alguns conceitos e propriedades relativas a conjuntos parcialmente ordenados, de modo a contextualizar o assunto principal do trabalho: a propriedade de extens˜ao de isomorfismo de ordem.

1.1

Defini¸

oes e exemplos

Seja P um conjunto n˜ao vazio. Uma rela¸c˜ao de ordem parcial  definida em P , ´e uma rela¸c˜ao que satisfaz, para a, b, c∈ P :

(i) a a (reflexiva);

(ii) se a b e b  a ent˜ao a = b (anti-sim´etrica); e (iii) se a b e b  c ent˜ao a  c (transitiva).

O par (P,) ´e chamado conjunto parcialmente ordenado, usualmente abreviado por poset, devido a nomenclatura em inglˆes partially ordered set, e denotado simplesmente por P. Quando necess´ario, a fim de evitar ambiguidades, usaremos a nota¸c˜ao P, para

indicar que a rela¸c˜ao est´a definida no conjunto P . Abusamos da nota¸c˜ao e escrevemos a∈ P significando a ∈ P . Eventualmente, chamamos o conjunto P de conjunto de r´otulos do posetP.

Dois elementos a, b∈ P s˜ao ditos compar´aveis se a  b ou b  a, caso contr´ario, s˜ao ditos n˜ao compar´aveis. Diremos que b cobre a se a b e n˜ao existe c 6= a e c 6= b em P tal que a c e c  b. Neste caso, denotaremos a−≺ b, e por vezes diremos que b ´e filho de a. Por exemplo, considerando o conjunto dos n´umeros naturais com a ordem usual, temos que 3 cobre 2, 2 cobre 1 mas 3 n˜ao cobre 1.

Exemplo 1.1 Se quaisquer dois pontos distintos deP s˜ao n˜ao compar´aveis ent˜ao o poset ´e chamado de anticadeia. Se um conjunto P tem cardinalidade finita n, ent˜ao o poset anticadeia(P,) ´e denotado simplesmente por An, e o conjunto de r´otulos, salvo men¸c˜ao

contr´aria, ser´a JnK := {1, 2, ..., n}.

Como um exemplo ant´ıpoda ou complementar ao acima temos:

Exemplo 1.2 Um posetP ´e chamado cadeia ou linear se quaisquer dois elementos de P s˜ao compar´aveis. Neste texto, usaremos a primeira nomenclatura, cadeia. Um exemplo de cadeia ´e o conjunto dos n´umeros naturais munido com a rela¸c˜ao de “menor do que”(N, <). Se um conjunto P tem cardinalidade finita n, ent˜ao o poset cadeia (P,) ´e denotado simplesmente por Cn, e o conjunto de r´otulos, salvo men¸c˜ao contr´aria, ser´a JnK.

(13)

Podemos ainda, construir posets a partir de rela¸c˜oes j´a conhecidas, conforme os dois exemplos a seguir.

Exemplo 1.3 Seja X um conjunto finito e considere P(X) o conjunto das partes de X, isto ´e, a fam´ılia de todos subconjuntos do conjunto X, e defina para A, B ∈ P(X), A  B se A⊂ B. ´E claro que a rela¸c˜ao “est´a contido”satisfaz as condi¸c˜oes de ordem parcial, ou seja, (P(X), ) ´e um poset.

Exemplo 1.4 Dados X ⊂ N e a, b ∈ X definimos uma ordem parcial em X, a  b se, e somente, a divide b.

Para a pr´oxima defini¸c˜ao precisamos das seguintes no¸c˜oes de grafos: Um grafo orien-tado G ´e um par ordenado G = (VG, EG), onde VG ´e um conjunto n˜ao vazio, chamado

conjunto de v´ertices de G e EG ⊂ VG× VG ´e o conjunto de arestas orientadas.

Quando consideramos um poset finito, podemos representa-lo convenientemente usando a rela¸c˜ao de cobertura (a qual determina, unicamente, o poset) entre os elementos de P . O diagrama de Hasse de um poset P = (P, ) ´e o grafo orientado G = (VP, EP) onde

VP = P e dados a, b∈ P , (a, b) ∈ EP se, e somente se, a−≺ b. Usualmente, desenhamos o

diagrama de Hasse de um poset finito no plano de maneira que, se b cobre a, ent˜ao o ponto representando b est´a acima do ponto representando a. Assim, se torna desnecess´ario o desenho da orienta¸c˜ao das arestas, pois as dire¸c˜oes das flechas est˜ao impl´ıcitas. Observe o exemplo a seguir.

Exemplo 1.5 Se N ´e o poset definido por N := (J4K, 1  3, 2  3 e 2  4) o diagrama de Hasse de N ser´a: 1q q 3 @ @@q 2 q 4

No exemplo acima, denotamos o poset constru´ıdo pela letra semelhante ao seu dia-grama de Hasse. Outros posets, que usualmente s˜ao denotados por letras s˜ao:

Exemplo 1.6 Sejam Λ, V e X os posets definidos em J3K, J3K e J5K, respectivamente, definidos conforme diagramas abaixo.

1q  q 3 A AAq 2 2q A A A q 1  q 3 1q  q 3 A A A A A A   q 2 4q 5q

(14)

Dados (P,) um poset e S ⊂ P um subconjunto de P . Diremos que (S, ) ´e um subposet de P se considerarmos em S a ordem induzida pela restri¸c˜ao da ordem de P . Assim, dizemos que S ⊂ P ´e uma cadeia de P se o subposet (S, P) for uma cadeia.

Dizemos que I ⊆ P, n˜ao vazio, ´e um ideal de P se, dado b ∈ I e a  b em P, ent˜ao a ∈ I. Dado um conjunto A ⊂ P , denotaremos o menor ideal de P (com respeito a ordem ⊆) contendo A por hAi. Um ideal I ⊂ P ´e dito principal se existe a ∈ I tal que I =hai, onde abusamos da nota¸c˜ao ao escrever hai = h{a}i. Denotaremos o conjunto dos ideais de P porI(P). Definimos o poset dual de P = (P, P), denotado porP∗, como o

poset (P,P∗), tal que a P∗ b sempre que b P a, onde a, b ∈ P . Os ideais de P∗ s˜ao

chamados filtros deP e o conjunto dos filtros de P ´e denotado por F(P).

Se A⊂ P, indicamos por M(A) e m(A), o conjunto dos elementos maximais e minimais de A, respectivamente, ou seja,

M(A) = {a ∈ A : se b ∈ A e a  b, ent˜ao a = b} e

m(A) ={b ∈ A : se a ∈ A e a  b, ent˜ao a = b}.

Dados um poset P e a ∈ P, o posto de a ´e o comprimento da maior cadeia de P que tem a como elemento m´aximo e ´e denotado por rP(a), onde o ´ındice ´e omitido se n˜ao

causar ambiguidades, ou seja,

r(a) = m´ax{|C|; C ⊂ hai e C ´e cadeia}.

O posto r(P) de um poset P ´e o comprimento da maior cadeia contida em P.

O i-´esimo n´ıvel de P, denotado por P(i), ´e o subconjunto de P contendo todos

ele-mentos de posto i em P, isto ´e, P(i) := {a ∈ P; r(a) = i}. A estrutura-n´ıvel de P ´e a

sequˆencia das cardinalidades dos n´ıveis deP:

N(P ) := (n1, n2, ..., nr(P)),

onde ni =|P(i)|.

No Exemplo 1.5, temos que, r(N ) = 2 e N(1) = {1, 2} e N(2) = {3, 4}, logo, a

estrutura-n´ıvel deN ´e N(N ) = (2, 2).

1.2

Classes Especiais de Posets

Recordamos e apresentamos a seguir algumas fam´ılias de posets que acompanhar˜ao todo o desenvolvimento deste trabalho. Estas fam´ılias s˜ao aquelas mais estudadas no contexto de c´odigos corretores de erros que discutiremos no Cap´ıtulo 3.2.6.

Exemplo 1.7 (Anticadeia) O poset anticadeia em JnK, j´a apresentado anteriormente, ser´a denotado por An e no caso de n= 5, seu diagrama de Hasse ´e

(15)

q

1 q2 q3 q4 q5

Figura 1: Poset anticadeiaA5

Exemplo 1.8 (Cadeia) O poset cadeia emJnK, j´a definido anteriormente ser´a denotado por Cn e no caso de n= 5 sua representa¸c˜ao em diagrama de Hasse ´e

q1 q2 q3 q4 q5

Figura 2: Poset cadeia C5

Exemplo 1.9 ( ´Arvore) Uma ´arvore (uniraiz) ´e um poset conexo (propriedade estudada mais adiante) que satisfaz a propriedade: hai ´e uma cadeia para todo elemento a do poset, isto ´e, cada ideal principal do poset ´e uma cadeia. Uma ´arvore pode ser caracterizada da seguinte maneira: Um poset P ´e uma ´arvore se, e somente se, para cada a ∈ P, hai ´e uma cadeia e todo subconjunto finito n˜ao-vazio de P possui um menor elemento em P.

q 1 P P P P P P    q 2 q @ @ q5 q6 4 q 3 @ @ q7 q8 q9

Figura 3: Um poset ´arvore em J9K

Exemplo 1.10 (Neiderreiter-Rosenbloom-Tsfasman) A uni˜ao finita e disjunta de m cadeias de mesmo comprimento s, chamaremos de ordem de Neiderreiter-Rosenbloom-Tsfasman, ou simplesmente, poset NRTJmsK.

q1 q2 q3 q4 q5 q6 q7 q8 q9 q10 q11 q12

Figura 4: Poset NRTJ12K com m = 3 e s = 4

Exemplo 1.11 (Coroa) Chamamos de poset coroa o poset sobre J2mK, com as rela¸c˜oes definidas por 1 m + 1, 1  2m, i  m + i e i  m + i − 1, para todo i = 2, 3, ..., m, e o denotamos por CRJ2mK.

(16)

q 1 q \ \ \ \ 6 q2 q \ \ \ \ 7 q3 q \ \ \ \ 8 q4 q \ \ \ \ 9 q5 q              10

Figura 5: Poset cadeia CRJ10K

Exemplo 1.12 (Hier´arquico) Sejam n1, n2,· · · , ntinteiros positivos com n1+n2+· · ·+

nt = n. Definimos, H(n; n1, n2,· · · , nt), o poset hier´arquico sobre JnK, com t n´ıveis, no conjunto {(i, j)|1 ≤ i ≤ t, 1 ≤ j ≤ ni} com a rela¸c˜ao de ordem dada por (i, j) ≺ (l, m) ⇔

i < l. 1 q 4 q A A A A A @ @ @ @ @ q 2 q 5      A A A AAq 3

Figura 6: Poset hier´arquico H(5; 3, 2)

Note que as classes de posets apresentadas acima n˜ao s˜ao classes disjuntas. A classe de posets hier´arquicos e a classe posets NRT se intersectam nas classes anticadeia ou cadeia que por sua vez tamb´em se intersectam quando n = 1. Observe ainda que, o poset coroa com 4 elementos ´e hier´arquico.

Dizemos que um posetP ´e regular por n´ıvel se a quantidade de filhos de um elemento depende apenas do n´ıvel em que ele se encontra. Em outras palavras, se a∈ P(i) ent˜ao

a possui di filhos, para i = 1, ..., r(P) − 1. S˜ao exemplos de posets regulares por n´ıvel,

NRT, hier´arquicos e coroas. ´Arvores n˜ao s˜ao necessariamente regulares por n´ıveis, mas, se o forem, esta ´e essencialmente determinada pela hierarquia de descendentes dada por (d1, d2..., dr(P)−1). Como dois elementos distintos de um poset ´arvore n˜ao possuem filhos

comuns, as cardinalidades dos n´ıveis deP satisfazem ni+1 = di·ni para i = 1, ..., r(P)−1.

Um caso especial de ´arvore regular por n´ıvel surge quando d1 = d2 = · · · = dr(P)−1 = q,

neste caso, P ´e chamado ´arvore regular (q-´aria). Note que, uma ´arvore regular por n´ıvel P com hierarquia de descendentes dada por (d1, d2..., dr(P)−1), possui n = 1 + d1+ d1d2+

· · · + d1d2dr(P)−1 elementos. Vamos denotar, a partir de agora, um poset ´arvore regular

por n´ıvel de posto t, T = (JnK, ≺T), com hierarquia de descendentes (n1, n2, ..., nt−1) e

n= 1 +Pt−1 i=1  Qi j=1nj  , porT (n; (n1, n2, ..., nt−1)).

1.3

Morfismos de ordem

Dados dois posets P e Q, dizemos que uma aplica¸c˜ao φ : P → Q ´e um homomorfismo de ordem, ou simplesmente homomorfismo, se, dados a, b∈ P com a P b ent˜ao φ(a) Q

(17)

P = q b A A A AAq a    q c q q 1 2 Q =

A aplica¸c˜ao φ : P → Q, definida por φ(a) = 1, φ(b) = 2 e φ(c) = 2, ´e um homomor-fismo de ordem entreP e Q.

A pr´oxima proposi¸c˜ao segue naturalmente das defini¸c˜oes.

Proposi¸c˜ao 1.13 [25] Dado S ⊆ P , seja S uma ordem em S. Temos que (S,S) ´e

um subposet do poset (P,P) se, e somente se, a aplica¸c˜ao inclus˜ao i : S → P ´e um

homomorfismo de ordem.

Proposi¸c˜ao 1.14 [25] A imagem φ(Cn) de uma cadeia Cn por um homomorfismo de

ordem φ ´e tamb´em uma cadeia.

Demonstra¸c˜ao: Considere, φ : Cn → P um homomorfismo de ordem e a, b ∈ φ(Cn).

Ent˜ao, existem x, y∈ Cn tais que φ(x) = a e φ(y) = b. ComoCn´e uma cadeia, temos que

x e y s˜ao compar´aveis, i.e., x Cn y ou y Cn x. Como φ preserva ordem, no primeiro

caso, teremos a φ(Cn) b, enquanto, no segundo caso, teremos b φ(Cn) a, ou seja, os

elementos a, b∈ φ(Cn) s˜ao compar´aveis e, portanto, φ(Cn) ´e uma cadeia. 

Como consequˆencia direta da defini¸c˜ao, qualquer fun¸c˜ao que possui uma anticadeia como dom´ınio ´e um homomorfismo de ordem.

O exemplo a seguir, nos mostra que, a aplica¸c˜ao inversa de um homomorfismo entre posets, caso exista, nem sempre ´e um homomorfismo de ordem.

Exemplo 1.15 Considere P ={1, 2, 3} e Q = {a, b, c} dois posets definidos a partir dos seus respectivos diagramas de Hasse:

P = q 1 q 2 q 3 q q q a b c Q =

A aplica¸c˜ao g : P → Q, definida por g(1) = a, g(2) = c e g(3) = b, ´e um homomor-fismo de ordem entre P e Q, pois a ´unica rela¸c˜ao de P ´e preservada por g, i.´e, 1 P 2

e g(1) = a Q c = g(2). Uma vez que, essa fun¸c˜ao ´e uma bije¸c˜ao, a aplica¸c˜ao inversa

(g−1) de g existe. Entretanto, a aplica¸c˜ao g−1 n˜ao preserva ordem, pois 1 P 2 mas

(18)

A partir desse exemplo, chegamos na ideia para a defini¸c˜ao de o que ´e um isomorfismo entre dois posets.

Sejam (P,P) e (Q,Q) dois posets e φ : (P,P) → (Q, Q) um homomorfismo de

ordem. Caso a inversa de φ exista e tamb´em seja um homomorfismo ent˜ao dizemos que φ ´e um isomorfismo entre (P,P) e (Q,Q). Neste caso, dizemos ainda que P e Q s˜ao

posets isomorfos e denotamos porP ' Q. Podemos caracterizar isomorfismos da seguinte maneira. Uma aplica¸c˜ao bijetora φ, entre os posetsP e Q ´e um isomorfismo se, e somente se, para quaisquer a, b∈ P,

aP b se, e somente se, φ(a)Q φ(b).

Enfraquecendo a defini¸c˜ao de isomorfismo, pela retirada da condi¸c˜ao de sobrejetivi-dade, obtemos o conceito de mergulho. Se existe um mergulho deP em Q, diremos que P ´e mergulh´avel em Q, ou ainda, que P pode ser mergulhado em Q. Um mergulho fornece uma maneira de incluir um poset em outro.

Um isomorfismo definido de um poset nele mesmo ´e chamado um automorfismo. De-notamos o grupo de automorfismo de um poset P por Aut(P).

Propriedades elementares de isomorfismos nos permitem afirmar que “ser isomorfo a” ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia em qualquer classe de posets. Neste sentido, sempre que dois posets s˜ao isomorfos, eles podem ser considerados essencialmente os mesmos, de fato, s˜ao representantes da mesma classe de equivalˆencia, distingu´ıveis apenas pelo rotulamento dos elementos. Por isso, algumas vezes, n˜ao rotulamos o diagrama de Hasse de alguns posets, e neste caso, estamos nos referindo a qualquer poset na mesma classe de equivalˆencia que possui tal diagrama de Hasse. Por abuso de nota¸c˜ao, algumas vezes usamos r´otulos para referenciar v´ertices, isto ´e, se a ´e um elemento do poset e λ(a) um rotulamento para a, algumas vezes escreveremos a = λ(a), o que ´e um abuso de nota¸c˜ao pois, a ´e um elemento do poset e λ(a) ´e uma palavra (sequˆencia de s´ımbolos) associado `a a. Dizemos que um posetP = (JnK, ) est´a rotulado naturalmente, ou ainda, que o r´otulo de P ´e natural se para a, b ∈ P com a P b tˆem-se λ−1(a) ≤ λ−1(b), onde ≤ ´e a ordem

usual dos n´umeros naturais restrita a JnK.

1.4

Conexidade

Em algumas demonstra¸c˜oes que apresentaremos, utilizaremos argumentos que referem-se `a conexidade de poreferem-sets. Por isso, discutimos brevemente este conceito aqui.

Dizemos que um posetP ´e conexo se, e somente se, dados a, b ∈ P, existe um conjunto {c1, c2,· · · , cn} ⊂ P, tal que a ↔ c1 ↔ c2 ↔ · · · ↔ cn ↔ b, onde u ↔ v significa que

u e v s˜ao compar´aveis, ou seja, u  v ou v  u. Neste caso, dizemos que a sequˆencia a, c1,· · · , cn, b´e um caminho entre a e b. Se definirmos a rela¸c˜ao a∼ b em P se existir um

(19)

em P, cujas classes de equivalˆencia [a] = {b ∈ X : a ∼ b}, s˜ao chamadas de componentes conexas de P. Assim, P ´e conexo se, e s´o se, P possuir uma ´unica componente conexa. Em outras palavras, P ´e conexo se, e somente se, o seu diagrama de Hasse for um grafo conexo. Vale observar que [a] ´e o subposet conexo maximal deP contendo a.

O resultado a seguir fornece uma rela¸c˜ao entre homomorfismo e conexidade.

Proposi¸c˜ao 1.16 Sejam P e Q posets finitos com P conexo, e seja φ : P → Q um homomorfismo. Ent˜ao, a imagem φ(P) ´e tamb´em um poset conexo.

Demonstra¸c˜ao: Dados b1, b2 ∈ φ(P). Sejam a1, a2 ∈ P tais que φ(a1) = b1 e φ(a2) = b2.

ComoP ´e conexo, ent˜ao a1 ∼ a2, ou seja, existe um caminho a1, c1,· · · , cn, a2, entre a1 e

a2 e ainda, como φ ´e um homomorfismo, temos que φ(a1), φ(c1),· · · , φ(cn), φ(a2) tamb´em

(20)

2

etricas poset e identidades de tipo

MacWilliams

O principal objeto de estudo desta tese ´e uma propriedade relativa a posets, que surgiu como relevante no contexto de C´odigos Corretores de Erros. Neste cap´ıtulo fazemos uma brev´ıssima introdu¸c˜ao de alguns poucos conceitos b´asicos de c´odigos corretores de erros1,

apenas o suficiente para introduzir as m´etricas definidas por ordens parciais e explicar as identidades de tipo MacWilliams, onde o conceito de Propriedade de Extens˜ao de Ideais adquire um significado relevante, que ser´a apresentado no Teorema 2.13.

Como o nome diz, a teoria de c´odigos corretores de erros visa detectar e corrigir erros que podem ocorrer no processo de transmiss˜ao de mensagens. A possibilidade de detectar ou corrigir erros depende de acr´escimo de algum tipo de redundˆancia. Apesar do modelo de erros ser um modelo probabil´ıstico, em muitas situa¸c˜oes a teoria ´e desenvolvida considerando-se estruturas m´etricas.

O contexto mais comum considera que o conjunto de mensagens poss´ıveis ´e um espa¸co vetorial n-dimensional Fn

q, onde Fq´e um corpo finito com q elementos. Um c´odigo corretor

de erros ´e um subconjunto pr´oprioC ⊂ Fn

q. Os elementos de Fnq s˜ao chamados de palavras

e os elementos de C s˜ao chamados de palavras c´odigo. Ao se transmitir uma palavra c´odigo x ∈ C, alguma fonte de ru´ıdo, pode causar erros, de modo que o receptor recebe uma palavra y = x + e, onde e ´e o vetor de erro. O primeiro objetivo ´e tentar detectar a existˆencia de erros, o que, de modo geral, pode ser feito a partir de um algoritmo de busca em todas as palavras c´odigos: se y /∈ C, ent˜ao h´a a certeza de haver ocorrido um erro. O processo de detec¸c˜ao de erros pode ser significativamente simplificado (em termos de complexidade de algoritmo) ao se assumir queC ´e um subespa¸co vetorial, chamado de c´odigo linear, e isto ´e comumente assumido. Dizemos que C ´e um [n, k]q-c´odigo linear, onde k ´e a dimens˜ao deC como espa¸co vetorial. Dentro deste contexto, para possibilitar a corre¸c˜ao de erros, ´e necess´aria alguma estrutura adicional. Dois tipos de estruturas s˜ao geralmente consideradas: estrutura probabil´ıstica e estrutura m´etrica, esta ´ultima sendo o foco deste trabalho.

Dada uma m´etrica d : Fn

q × Fnq → N, ao se receber uma mensagem y /∈ C, procura-se

pela palavra c´odigo x∈ C que seja mais pr´oxima de y, ou seja, d (x, y) = min {d (z, y) : z ∈ C}. Esta palavra pode n˜ao ser ´unica, de modo que busca-se condi¸c˜oes para, dentre outras coi-sas, garantir esta unicidade em circunstˆancias adequadas. Para isto s˜ao considerados uma s´erie de parˆametros m´etricos, considerados como figura de m´erito de c´odigos. Antes de apresentar alguns destes parˆametros, introduziremos aquela que ´e, sem d´uvida, a principal m´etrica utilizada no contexto de c´odigos corretores de erros: a m´etrica de Hamming.

1O objeto principal do trabalho, propriedades de ideais em ordens parciais, ´e desenvolvido em um contexto de c´odigos corretores de erros. Em aten¸c˜ao aos leitores n˜ao familiares com o contexto, um apanhado breve, mas um pouco mais amplo, pode ser encontrado no Apˆendice 3.2.6

(21)

Defini¸c˜ao 2.1 (Peso de Hamming) Se x = (x1, x2, ..., xn) ∈ Fnq define-se o peso de

Hamming ωH de x por

ωH(x) =|{i : xi 6= 0}|.

Defini¸c˜ao 2.2 (M´etrica de Hamming) Dados x, y ∈ Fn

q, a distˆancia de Hamming dH

entre x e y por

dH(x, y) = ωH(x− y).

Em outras palavras, se x = (x1, x2, ..., xn), y = (y1, y2, ..., yn)∈ Fnq ent˜ao

dH(x, y) = |{i : xi 6= yi,1≤ i ≤ n}|

´e o n´umero de coordenadas distintas de x e y. A fun¸c˜ao dH ´e uma m´etrica e o par (Fnq,

dH) ´e denominado espa¸co de Hamming.

Uma caracter´ıstica importante de um c´odigo linear C ´e a distribui¸c˜ao de pesos, a sequˆencia formada pelo n´umero de vetores do c´odigo com mesmo peso, sintetizada no polinˆomio enumerador de pesos, definido por

W(C, z) =X c∈C zω(c) = n X i=0 Aizi,

onde, Ai = Ai(C) = |{x ∈ C : ωH(x) = i}| ´e o n´umero de palavras-c´odigo de peso i em C.

Neste contexto, temos um resultado cl´assico denominado Identidade de MacWilliams, que afirma a existˆencia de uma rela¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao de pesos de um c´odigo com a distribui¸c˜ao de pesos de seu dual, a qual pode ser mais simples de ser determinada.

Definimos o dual de um c´odigo, de forma usual utilizando um produto interno formal. Se x = (x1, ..., xn) e y = (y1, ..., yn) s˜ao vetores em Fnq, considere (x· y) o produto interno

(formal)entre x e y, definido por (x· y) =Pn

i=1xiyi (mod q). Ainda que a nomenclatura

sugere que esta fun¸c˜ao bin´aria seja um produto interno, apesar de ser sim´etrica e bilinear, n˜ao faz sentido falar de positividade, visto que o corpo n˜ao ´e ordenado e h´a vetores que s˜ao auto ortogonais: se wH(x) for m´ultiplo de q, ent˜ao (x, x) = 0. Ainda assim, o conjunto

de vetores ortogonais a um c´odigo linear C ⊂ Fn

q ´e um subespa¸co vetorial C ⊥

⊂ Fn q,

chamado de c´odigo dual de C. Observamos que se C for um [n, k]q c´odigo linear, ent˜ao Pn

i=0Ai = qk e a determina¸c˜ao dos Ai’s, a priori, ´e t˜ao dif´ıcil quanto qk for grande. Se

observarmos que dim (C) + dim C = n, temos que maior dificuldade na determina¸c˜ao

deW (C, z) implica em menor dificuldade na determina¸c˜ao de W C⊥, z. Neste sentido,

a identidade de MacWilliams [1963,[36]], que estabelece uma rela¸c˜ao expl´ıcita entre estas duas express˜oes, ´e um resultado cl´assico e dos mais importantes da ´area.

A importˆancia da m´etrica de Hamming ´e inquestion´avel, pois esta ´e adequada ao estudo de c´odigos no contexto em que o ruido que causa erros ´e o pior poss´ıvel (canal q-´ario sim´etrico). N˜ao obstante, ao menos teoricamente, outras m´etricas podem ser adequadas a

(22)

outros tipos de ru´ıdos. O ponto de partida deste trabalho ´e o estudo de c´odigos corretores de erros, mais especificamente, no estudo de generaliza¸c˜oes da Identidade de MacWilliams, com uma abordagem estritamente m´etrica, considerando uma fam´ılia de m´etricas que generalizam a m´etrica de Hamming (as m´etricas poset), sendo o termo generaliza¸c˜ao utilizado no sentido de conter a m´etrica de Hamming como caso particular.

Uma primeira fam´ılia de m´etricas poset foi introduzida em 1991 por Niederreiter [26, 27, 28] e pouco depois generalizada por Brualdi et al. [4], nos termos apresentados a seguir.

Se P ´e um poset com n elementos, a partir de P definimos uma m´etrica em Fn q, de

modo an´alogo como feito em espa¸cos de Hamming.

Dado x = (x1, ..., xn)∈ Fnq, definimos o suporte de x como

supp(x) ={i ∈ [n] : xi 6= 0}

e o P-peso de x como a cardinalidade do menor ideal de P gerado pelo suporte de x

ωP(x) =| hsupp(x)i |.

Usando a fun¸c˜ao P-peso, definimos a P-distˆancia em Fn

q, de modo an´alogo a

proprie-dade estabelecida anteriormente entre distˆancia e peso de Hamming, mais precisamente: Defini¸c˜ao 2.3 Dada uma ordem P sobre JnK e x, y ∈ Fn

q definimos a P-distˆancia entre

x e y por:

dP(x, y) = ωP(x− y).

Ao tratarmos de c´odigo no contexto do espa¸co poset Fn

q, dP, chamamos Fnq, dP

 de espa¸co poset, ou P-espa¸co e dizemos que C ´e um c´odigo poset ou, se quisermos ser mais espec´ıficos, queC ´e um P-c´odigo. Conceitos como esferas em (Fn

q, dP), distribui¸c˜ao

de pesos e polinˆomio enumerador de pesos de um c´odigo s˜ao definidos como em espa¸cos de Hamming. Dessa forma, considerando uma m´etrica poset em Fn

q, quest˜oes sobre a

validade de proposi¸c˜oes estabelecidas em espa¸cos de Hamming surgem naturalmente. Em termos de nota¸c˜ao, dada uma m´etrica poset dP, denotamos o enumerador de pesos de um

P-c´odigo C por WP(C, z) = n X i=0 APi zi onde AP i = APi (C) = |{x ∈ C : ωP(x) = i}|.

2.1

Identidades de tipo MacWilliams em espa¸

cos poset

O primeiro trabalho a considerar a identidade de MacWilliams para c´odigos poset abordou duas fam´ılias bastante restritas, os posets cadeias e os posets com dois n´ıveis

(23)

e com um ´unico elemento minimal [16]. Um trabalho mais abrangente foi realizado por Kim e Oh em [18], os autores mostraram que:

1. Existem c´odigos C1,C2 ⊂ Fnq tais que WP(C1, z) = WP(C2, z) mas WP C1⊥, z 6=

WP C2⊥, z;

2. ConsiderandoP como um poset hier´arquico e Po poset dual, ent˜ao para todo par

de c´odigos C1,C2 ⊂ Fnq

WP(C1, z) =WP(C2, z) ⇐⇒ WP∗ C⊥

1, z = WP∗ C ⊥

2, z . (1)

Em outras palavras, Kim e Oh demonstraram a validade da identidade de MacWilliams em um P-espa¸co se P for poset hier´arquico. Vale acrescentar, que no sentido estrito (considerando c´odigos duais e posets duais), a identidade (1) ´e v´alida (para todo c´odigo linear) apenas se P for hier´arquico.

Uma compreens˜ao mais geral e profunda acerca da natureza da identidade de MacWil-liams foi feita por Choi et. al. [7], onde os autores definiram o que seriam rela¸c˜oes de equivalˆencia de tipo MacWilliams em espa¸cos poset. Os autores come¸cam por considerar rela¸c˜oes entre ideais de um poset e por definir o que seria a rela¸c˜ao dual:

Defini¸c˜ao 2.4 [7] SejamP um poset emJnK e E uma rela¸c˜ao de equivalˆencia definida em I(P). Dizemos que E∗ ´e a rela¸ao dual de E em

I(P∗) se satisfaz a seguinte propriedade:

se(I, J)∈ E est´a definido pela propriedade (A) em I(P), ent˜ao (Ic, Jc)∈ Eest´a tamb´em

definido pela propriedade (A) em I(P∗).

Note que, o conjunto E∗ =

{((Ic, Jc)) : (I, J)∈ E} ´e definido como a rela¸c˜ao dual de

E se e somente se, os pares de E∗ s˜ao caracterizados pela mesma propriedade que define

os pares de E.

As rela¸c˜oes tratadas por Choi s˜ao as seguintes:

EH: definida por automorfismos de um poset. Mais precisamente, dado subgrupo H ⊆

Aut(P), (I, J) ∈ EH se, e somente se, os ideais I, J ∈ I(P) est˜ao em uma mesma

´orbita de H, isto ´e, existe σ ∈ H tal que σ(I) = J.

ES: definida por isomorfismos no conjunto de ideais de um poset. Mais precisamente,

(I, J)∈ ES se, e somente se, I e J s˜ao ideais isomorfos de P.

EC: definidas pela cardinalidade no conjunto de ideais de um poset. Mais precisamente,

(I, J)∈ EC se, e somente se,|I| = |J|.

(24)

1q q 3 @ @@q 2 q 4

o poset dual de N , ´e o poset N∗ dado pelo diagrama de Hasse

4q q 2 @ @@q 3 q 1

e o conjuntos de ideais de N ´e dados por

I(N ) = {∅, {1}, {2}, {1, 2}, {2, 4}, {1, 2, 3}, {1, 2, 4}, {1, 2, 3, 4}}.

Assim,

EC = {(I, J) : I, J ∈ I(P) e |I| = |J|}

= {(∅, ∅), ({1}, {1}), ({2}, {2}), ({1}, {2}), ({2}, {1}), ({1, 2}, {1, 2}), ({2, 4}, {2, 4}), ({1, 2}, {2, 4}), ({2, 4}, {1, 2}), ({1, 2, 3}, {1, 2, 3}), ({1, 2, 4}, {1, 2, 4}),

({1, 2, 3}, {1, 2, 4}), ({1, 2, 4}, {1, 2, 3}), ({1, 2, 3, 4}, {1, 2, 3, 4})}.

Uma vez que, para I, J ∈ I(P) temos que

|I| = |J| ⇒ |Ic

| = |Jc

|

segue que, cada par (Ic, Jc) ∈ E

C ´e caracterizado por |Ic| = |Jc|. Neste caso, EC∗ ´e a

rela¸c˜ao dual de EC em I(N∗):

EC∗ = {(Ic

, Jc) : (I, J)∈ EC}

= {({1, 2, 3, 4}, {1, 2, 3, 4}), ({2, 3, 4}, {2, 3, 4}), ({1, 3, 4}, {1, 3, 4}), ({2, 3, 4}, {1, 3, 4}) ({1, 3, 4}, {2, 3, 4}), ({3, 4}, {3, 4}), ({1, 3}, {1, 3}), ({1, 3}, {3, 4}), ({3, 4}, {1, 3}) ({3}, {3}), ({4}, {4}), ({3}, {4}), ({4}, {3}), (∅, ∅)}.

Considerando a rela¸c˜ao em I(N∗) dada por isomorfismos, ES, temos

ES = {(I, J) : I, J ∈ I(P) e I ' J}

= {(∅, ∅), ({1}, {1}), ({2}, {2}), ({1}, {2}), ({2}, {1}), ({1, 2}, {1, 2}), ({2, 4}, {2, 4}), ({1, 2, 3}, {1, 2, 3}), ({1, 2, 4}, {1, 2, 4}), ({1, 2, 3, 4}, {1, 2, 3, 4})}.

(25)

Note que, ({1}c,{2}c) ∈ E

S, entretanto, {1}c = {2, 3, 4} e {2}c = {1, 3, 4} n˜ao s˜ao

ideais isomorfos em N∗. Logo, o conjunto ES∗ n˜ao ´e a rela¸c˜ao dual de ES. Assim, n˜ao

existe a rela¸c˜ao dual de ES em N .

´

E imediato constatar que EAut(P) ⊆ ES ⊆ EC. Uma quest˜ao que surge naturalmente

diz respeito a determinar condi¸c˜oes para distinguir quando estas inclus˜oes s˜ao ou n˜ao estritas. Choi et. al. j´a observaram que, do fato de a igualdade 1 valer para todo c´odigo se, e somente se, P for um poset hier´arquico, segue que EAut(P) = EC se, e somente se,

P ´e hier´arquico. Ao se considerar a inclus˜ao ES ⊆ EC, temos que a igualdade ES = EC

tamb´em ´e equivalente ao poset ser hier´arquico, conforme demonstrado em [21].

Condi¸c˜oes que caracterizem a igualdade ES = EAut(P) s˜ao bem mais complexas, e ´e

este nosso foco: procuramos condi¸c˜oes para que dois ideais de P sejam isomorfos se, e somente se, eles pertencem a mesma ´orbita do grupo de automorfismos deP. Estudaremos tal propriedade a partir da pr´oxima se¸c˜ao.

A fim de apresentar a defini¸c˜ao de rela¸c˜oes de tipo MacWilliams, faz se necess´ario a apresenta¸c˜ao de estruturas m´etricas baseadas em rela¸c˜oes de equivalˆencia.

Dado um posetP, para I ∈ I(P), a I-esfera SI(x) e a Ic-esfera SIc(x) centradas em

x∈ Fnq s˜ao definidas por

SI(x) = {y ∈ Fnq :hsupp(x − y)iP = I};

SIc(x) = {y ∈ Fnq :hsupp(x − y)iP∗ = Ic}.

E, considerando as classes de equivalˆencia definidas pela rela¸c˜ao E emI(P) podemos definir a ¯I-esfera SI,E¯ (x) e a Ic, E¯ ∗-esfera SI¯c(x) centradas em x∈ Fnq com respeito a E e

E∗ como

SI,E¯ (x) = {y ∈ Fnq : (hsupp(x − y)iP, I)∈ E};

SI¯c,E∗(x) = {y ∈ Fnq : (hsupp(x − y)iP∗, Ic)∈ E∗}.

Para um c´odigo poset C ⊂ Fn

q, define-se a distribui¸c˜ao de pesos de C com respeito a

E (ou equivalentemente, a distribui¸c˜ao de E- pesos)

W(C, P, E) =AI,E¯ (C)I∈I(P)/E¯

onde AI,E¯ (C) = SI,E¯ (0)∩ C .

Para tal distribui¸c˜ao de E-pesos temos a seguinte defini¸c˜ao de identidade do tipo MacWilliams.

Defini¸c˜ao 2.6 Seja P um poset emJnK, E uma rela¸c˜ao de equivalˆencia definida emI(P) e E∗ a rela¸c˜ao dual de E definida em I(P∗). Dizemos que uma rela¸c˜ao E em I(P) ´e

(26)

uma rela¸c˜ao de tipo MacWilliams se, para quaisquer P-c´odigos lineares C1 e C2 em Fnq,

W(C1,P, E) = W(C2,P, E) =⇒ W(C1⊥,P ∗

, E∗) =W(C2⊥,P∗, E∗).

Note que, seP for uma anticadeia, ent˜ao EAut(P) = ES = EC = EC∗ e SI,E¯ ´e o conjunto

de vetores de Fn

q com peso de Hamming igual a|I|, enquanto, SI¯c,E∗´e o conjunto de vetores

de Fn

q com peso de Hamming igual a n− |I|. Dessa forma, a distribui¸c˜ao de EC - pesos

de um c´odigo linear C,W(C, P, E) coincide com a distribui¸c˜ao de pesos de Hamming de C, e neste caso, essa identidade coincide com a identidade de MacWilliams para c´odigos lineares em espa¸cos de Hamming. Portanto, a defini¸c˜ao acima, neste sentido, estende a identidade estabelecida originalmente por MacWilliams.

Encerramos esta se¸c˜ao apresentando o resultado estabelecido por Choi et al. que fornece as condi¸c˜oes necess´arias e suficientes para as rela¸c˜oes de equivalˆencia apresentadas serem de tipo MacWilliams, antes precisamos da seguinte defini¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 2.7 Um poset P ´e um poset complemento isomorfismo se a seguinte condi¸c˜ao ´e v´alida: para quaisquer I e J em I(P),

I ' J se, e somente se, Ic' Jc.

Teorema 2.8 [7] Seja P um poset em JnK. Ent˜ao,

(i) EH ´e uma rela¸c˜ao do tipo MacWilliams, onde H ´e um subgrupo de Aut(P).

(ii) ES´e uma rela¸c˜ao do tipo MacWilliams se, e somente se, P ´e um poset complemento

isomorfismo.

(iii) EC ´e uma rela¸c˜ao do tipo MacWilliams se, e somente se, P ´e hier´arquico.

2.2

Rela¸

ao E

S

e extens˜

ao de isomorfismos

Esta se¸c˜ao apresenta as contribui¸c˜oes originais deste cap´ıtulo, referentes ao estudo de identidades de tipo MacWilliams. Apresentamos a defini¸c˜ao do principal conceito tratado nesta tese, a propriedade de extens˜ao de ideais e mostramos algumas consequˆencias da propriedade em espa¸cos poset.

Defini¸c˜ao 2.9 Dizemos que um poset P satisfaz a propriedade de extens˜ao de ideais (ou, P satisfaz a PEI) se, para quaisquer I, J ∈ I(P) se φ : I → J ´e um isomorfismo, existe Φ um automorfismo deP tal que Φ estende φ.

A abordagem de Skriganov [35], no estudo de identidades de tipo MacWilliams, con-siderando fun¸c˜oes associadas a ´orbitas de GLP(n) (o grupo de isometrias lineares do

(27)

P-espa¸co Fn

q) em espa¸cos poset NRT, naturalmente motiva generaliza¸c˜oes da quest˜ao

para P-espa¸cos. Dado x∈ Fn

q, a fim de simplificar nota¸c˜ao, denotaremos o ideal hsupp(x)i por hxi.

Defini¸c˜ao 2.10 Dizemos que um espa¸co poset (Fn

q, dP) possui as ´orbitas determinadas

por ideais (propriedade ˜I) se existe uma isometria linear T ∈ GLP(n) tal que T (x) = y

se, e somente se, hxi ' hyi, onde x, y ∈ Fnq.

Exemplo 2.11 Seja P o poset definido pelo diagrama a seguir

P = q 1 q 2 q 3 O posetP induz em F3

2 uma m´etrica poset cujas ´orbitas de GLP(n) n˜ao s˜ao determinadas

por ideais de P. Com efeito, temos que os ideais {1} e {2} s˜ao claramente isomorfos, entretanto, n˜ao existe T ∈ GLP(n) tal que T (1, 0, 0) = (0, 1, 0), pois GLP(n) ={IdF3

2}.

Exemplo 2.12 De modo geral, se P ´e um poset hier´arquico, GLP(n) ´e transitivo em

esferas de um raio fixo e centradas na origem e, al´em disso, ideais emP s˜ao isomorfos se, e somente se, possuem mesma cardinalidade [21]. Logo, se x, y∈ Fnq, hxi ' hyi ⇔ |hxi| ' |hyi| ⇔ existe T ∈ GLP(n) tal que T (x) = y. Portanto, se P ´e um poset hier´arquico o

P-espa¸co (Fn

q, dP) possui as ´orbitas de GLP(n) determinadas por ideais de P.

O resultado a seguir nos mostra que a propriedade ˜I (propriedade do espa¸co poset) e a propriedade extens˜ao de isomorfismos de ideais (propriedade do poset) s˜ao equivalentes. A prova ´e baseada na estrutura do grupo de isometrias lineares do espa¸co poset e faz uso da descri¸c˜ao deste grupo apresentada por Panek et al [30] (que pode ser encontrada no apˆendice 3.2.6 desta tese).

Teorema 2.13 Um poset P satisfaz a PEI se, e somente se, o espa¸co poset (Fn q, dP)

possui a propriedade ˜I.

Demonstra¸c˜ao: (PEI → ˜I) Precisamos mostrar que, dados x, y ∈ Fn

q, existe uma

isometria linear T ∈ GLP(n) tal que T (x) = y se, e somente se,hxi ∼ hyi.

Para tanto, suponha inicialmente que P satisfaz a PEI. Seja (ei) a base canˆonica de

Fnq. Dado T ∈ GLP(n) tal que T (x) = y, segue do Teorema .58 que φT ´e um automorfismo

deP e claramente, φT(hxi) = hyi.

Suponha agora que, hxi ∼ hyi. Como P satisfaz a PEI, existe um automorfismo φ ∈ Aut(P) tal que φ(hxi) = hyi. Seja Tφ: Fq → Fq a aplica¸c˜ao definida por Tφ(x1, ..., xn) =

(xφ(1), ..., xφ(n)). Claramente, Tφ ´e uma isometria linear. Usando um abuso de nota¸c˜ao,

escrevemos M (x) para denotar o conjunto dos elementos maximais de hxi. Para x = (x1, ..., xn)∈ Fnq denote por ˆx= (ˆx1, ...,xˆn) o vetor que satisfaz as seguintes condi¸c˜oes:

(28)

(i) M (x) = M (ˆx) (ii) supp(ˆx) = M (x) e

(iii) Se i∈ supp(ˆx) ent˜ao ˆxi = 1.

Considere a matriz A = (aij) ∈ GLP(n) tal que aii = x−1i se i ∈ M(x), aii = 1 se

i /∈ M(x) e aij = 0 para i6= j. Seja Ax = (x01, ..., x 0 n), ent˜ao x 0 i = 1 se i∈ M(x) e x 0 i = xi

caso contr´ario. Considere agora a matriz B = (bij)∈ GP definida por:

bij = 1 se i = j

bij = −x−1i se xi 6= 0 e j = max {k ∈ M(x); i ≺ k}

bij = 0 caso contr´ario,

onde max refere a ordem usual ≤ dos n´umeros naturais.

Seja Tx := BA. Por constru¸c˜ao, temos que B ∈ GP e BAx = ˆx. Logo, temos que

T = T−1

y ◦ Tφ◦ Tx ´e uma isometria linear tal que T (x) = y.

( ˜I → PEI) Reciprocamente, suponha agora que ˜I ´e satisfeita pelo P-espa¸co, vamos mostrar que o poset P possui a propriedade de extens˜ao. Sejam I, J ∈ I(P) ideais isomorfos de P. Sejam x, y ∈ Fn

q tais que, xi = 1 se i ∈ M(I) e xi = 0 caso contr´ario e

yi = 1 se i∈ J e yi = 0 caso contr´ario. Assim,hxi ' hyi e ent˜ao, como o P -espa¸co possui

a propriedade ˜I, existe T ∈ GLP(n) tal que T (x) = y. Considere ent˜ao φT ∈ Aut(P),

dada pelo Teorema .58. ´E claro que, φT(hxi) = hxi, dessa forma, φT ´e um automorfismo

deP, com φT(I) = J. Portanto, P possui a propriedade de extens˜ao. 

Lembrando que, um filtro de um poset P ´e um ideal do poset dual P∗, a seguir,

definimos o conceito dual da propriedade de extens˜ao.

Defini¸c˜ao 2.14 Dizemos que um poset P satisfaz a propriedade de extens˜ao de filtros (PEF) se, para cada par de filtros F1 e F2 de P se, F1 e F2 s˜ao isomorfos ent˜ao existe

φ∈ Aut(P) tal que φ(F1) = σ(F2).

Quando as ´orbitas de GLP(n) em Fnq s˜ao determinadas por filtros, dizemos que o

P-espa¸co tem a propriedade ˜I⊥.

Teorema 2.15 Um poset P satisfaz a PEF se, e somente se, o espa¸co poset (Fn q, dP)

satisfaz a propriedade ˜I⊥.

A demonstra¸c˜ao ´e completamente an´aloga `a anterior, com efeito, basta considerar o poset dual e o resultado segue do Teorema 2.13.

Observe que, a PEI n˜ao implica na PEF (e vice-versa). De fato, considere P um poset ´arvore regular bin´aria, com 7 elementos, rotulado naturalmente, conforme veremos

(29)

no pr´oximo cap´ıtulo, P possui a PEI, entretanto, F1 = {4, 5} e F2 = {5, 6} s˜ao filtros

isomorfos deP e n˜ao existe um automorfismo φ ∈ Aut(P) tal que φ(F1) = F2. Entretanto,

quando tal fato ocorre, ou seja, quando o posetP possui ambas propriedades PEI e PEF, temos que ´e poss´ıvel definir no espa¸co poset (Fn

q, dP) uma rela¸c˜ao de tipo MacWilliams.

N˜ao obstante, temos uma descri¸c˜ao de posets que satisfa¸cam ambas as propriedades (PEI E PEF):

Proposi¸c˜ao 2.16 Considere P um poset em JnK. Se P satisfaz a PEI e a PEF, simul-taneamente, ent˜ao P ´e um poset complemento isomorfismo.

Demonstra¸c˜ao: Dados I, J ∈ I(P), se I ∼ J ent˜ao, pela PEI, existe φ ∈ Aut(P) tal que φ(I) = J, e assim, φ(Ic) = Jc, logo, Ic ∼ Jc. Reciprocamente, suponha que Ic∼ Jc,

como I e J s˜ao ideais de P, segue que Ic e Jc s˜ao filtros de P , dessa forma, pela PEF,

existe σ∈ Aut(P) tal que σ(Ic) = Jc, e assim, σ(I) = J, isto ´e, I ∼ J. Portanto, P ´e um

poset complemento isomorfismo. 

Conjecturamos que a rec´ıproca dessa proposi¸c˜ao tamb´em ´e verdadeira, isto ´e, se P ´e um poset complemento isomorfismo ent˜ao P possui a propriedade de extens˜ao PEI e PEF.

Como consequˆencia da Proposi¸c˜ao 2.16 e Teorema 2.8, temos o seguinte corol´ario.

Corol´ario 2.17 Se um poset P possui as propriedades PEI e PEF. Ent˜ao, ES ´e uma

rela¸c˜ao do tipo MacWilliams em P.

Se enfraquecermos a defini¸c˜ao de poset complemento isomorfismo, de modo que, P ´e um poset complemento isomorfismo∗ se, para qualquer I e J em I(P),

I ∼ J ⇒ Ic∼ Jc,

ent˜ao temos que,

Corol´ario 2.18 Considere P um poset em JnK. Se P tem a PEI ent˜ao P ´e um poset complemento isomorfismo∗.

Note que, este resultado nos fornece uma condi¸c˜ao de obstru¸c˜ao para um poset satis-fazer a PEI.

(30)

3

Propriedade de Extens˜

ao de Ideais

As propriedades que abordamos no cap´ıtulo anterior, PEI e PEF, podem ser consi-deradas como casos particulares de propriedades de extens˜ao ou, para utilizar uma ter-minologia consagrada em rela¸c˜oes mais gen´ericas que as rela¸c˜oes de ordem, as chamadas estruturas homogˆeneas.

No come¸co da d´ecada de 1950, Fraiss´e [11] formula um problema de extens˜ao de isomorfismos em Teoria de Modelos, o qual ´e apresentado a seguir de maneira concisa mas suficiente para inserir as propriedades citadas em um contexto amplo. Alguns detalhes, incluindo enunciados precisos de resultados citados, podem ser encontrados no Apˆendice 3.2.6.

Estamos interessados em uma estrutura relacional bin´aria M = (X, R) onde X ´e um conjunto n˜ao vazio e R ⊆ X × X ´e um subconjunto n˜ao vazio, chamado de rela¸c˜ao bin´aria. Estas estruturas cont´em uma s´erie de exemplos importantes, como um grafo (bastando impor que (x, y) ∈ R ⇐⇒ (y, x) ∈ R e (x, x) /∈ R, ∀x ∈ X ), grafos direcionados ((x, x) /∈ R, ∀x ∈ X) e posets (grafos direcionados sem ciclos). Apesar de ser poss´ıvel definir estruturas homogˆeneas em um contexto mais amplo de teoria de modelos (veja, por exemplo o survey de MacPherson sobre o asssunto [22]), para fins deste trabalho ´e suficiente considerarmos as rela¸c˜oes bin´arias. Dizemos que M0 = (X0,R0) ´e

uma subestrutura de M = (X, R) se X0 ⊆ X e R0 = {(x, y) ∈ R : x, y ∈ X0}. Um

homomorfismo entre duas estruturas relacionais bin´ariasM1 = (X1,R1) eM2 = (X2,R2)

´e uma aplica¸c˜ao φ : X1 → X2 tal que (x, y) ∈ R1 implica em (φ(x), φ(y)) ∈ R2. Um

isomorfismo´e um homorfismo bijetor, tal que sua inversa tamb´em ´e um homorfismo. Um isomorfismo de M em M ´e chamado automorfismo de M.

Defini¸c˜ao 3.1 Seja M uma estrutura e A uma cole¸c˜ao de subestruturas finitas de M. Dizemos que, M ´e uma estrutura A-homogˆenea se todo isomorfismo entre elementos de A pode ser estendido a um automorfismo de M.

Quando n˜ao causar preju´ızos, escreveremos apenas estruturas homogˆeneas sem espe-cificar a cole¸c˜ao de subestruturas.

Muitos trabalhos sobre o assunto focam na constru¸c˜ao de classes de estruturas ho-mogˆeneas, no estudo de exemplos espec´ıficos de estruturas homogˆeneas ou na classifica¸c˜ao destas.

Em [22], encontramos um panorama dos principais resultados relativos a classifica¸c˜ao de estruturas relacionais bin´arias. Originalmente, no caso de M ser um grafo finito e A a cole¸c˜ao de todos os subgrafos a classifica¸c˜ao foi apresentada em([31], Ronse, 1978) e o caso de M ser um poset enumer´avel e A ser a classe de todos os subposets finitos, em ([34], Schmerl, 1979). Detalhes sobre estes dois resultados podem ser encontrados no Apˆendice 3.2.6.

(31)

Vale ressaltar que, como caso particular do teorema de classifica¸c˜ao de Schmerl, con-siderando P como um poset finito e A a classe de todos os subposets, temos que P ´e A-homogˆeneo se, e somente se, P for uma anticadeia. Isto ´e um fato quase que ele-mentar, que segue do fato que quaisquer dois ´atomos s˜ao subposets isomorfos e caso se encontrem em n´ıveis diferentes, ent˜ao ´e claro que n˜ao existe um automorfismo do poset que estende tal isomorfismo, uma vez que automorfismos preservam a estrutura de n´ıveis de um poset.

Se considerarmos M = P e A = I(P), dizer que a estrutura P ´e I(P)-homogˆenea ´e claramente equivalente a dizer que P satisfaz a PEI. Neste sentido, podemos dizer que a PEI ´e um caso particular de estrutura homogˆenea sobre P aparentemente n˜ao abordado na literatura, motivado por uma quest˜ao que surge naturalmente no contexto de c´odigos poset: identidades de tipo MacWilliams, ou de modo mais preciso, conforme apresentado no Cap´ıtulo 2, determinar quando ES = EAut(P). Nosso objetivo neste cap´ıtulo ´e estudar

esta quest˜ao. Nas sess˜oes seguintes, s˜ao apresentadas condi¸c˜oes necess´arias e condi¸c˜oes suficientes (mas n˜ao necess´arias e suficientes) para um poset P ser I(P)-homogˆeneo ou, equivalentemente, paraP satisfazer a PEI.

3.1

Homogeneidade de Ideais

Os problemas de homogeneidade no contexto de posets s˜ao estudados em diversas va-riantes, algumas delas expostas com breves detalhes no Apˆendice 3.2.6. O foco principal deste trabalho ´e no problema de classifica¸c˜ao de posets finitos I(P)-homogˆeneos. Inici-amos esta se¸c˜ao com alguns exemplos a fim de tornar o conceito de PEI mais claro, em seguida, apresentamos algumas fam´ılias de posets que satisfazem a PEI, ou seja, condi¸c˜oes suficientes para um poset satisfazer a PEI. Vale ressaltar que as fam´ılias de posets apre-sentadas s˜ao as mais tratadas no contexto de c´odigos poset e que introduzimos uma nova fam´ılia neste contexto, a saber, as ´arvores (unira´ızes) regulares por n´ıvel. Mais adiante, apresentamos algumas condi¸c˜oes necess´arias para um poset satisfazer a PEI.

Exemplo 3.2 Trivialmente, os posets com 1 e 2 elementos possuem a propriedade de extens˜ao. Para posets com3 elementos temos que, o ´unico poset, a menos de isomorfismo, que n˜ao possui a propriedade de extens˜ao ´e C2+ 1, cujo diagrama de Hasse ´e apresentado

abaixo. 1q q 3 q 2

Com efeito, os ideais {1} e {2} s˜ao trivialmente isomorfos, mas n˜ao existe um au-tomorfismo de C2+ 1 que estenda qualquer isomorfismo entre esses ideais, uma vez que,

Aut(C2 + 1) ={Id}, o ´unico automorfismo de C2 + 1 ´e a aplica¸c˜ao identidade. No caso

(32)

1q q 3 @ @@q 2 q 4

o qual n˜ao possui a propriedade de extens˜ao. De fato, os ideais {1} e {2} s˜ao trivialmente isomorfos, mas n˜ao existe um automorfismo deN que estenda qualquer isomorfismo entre esses ideais, uma vez que, Aut(N ) = {Id}.

Considerando posets com 4 elementos, ´e poss´ıvel verificar que dos 16 posets (n˜ao rotulados) existentes, temos que exatamente 9 possuem a propriedade de extens˜ao, e destes, 8 s˜ao hier´arquicos e o outro ´e um NRT. Os pr´oximos dois resultados, nos mostram que essas duas fam´ılias de posets possuem a propriedade de extens˜ao, n˜ao s´o para posets de cardinalidade 4 mas para quaisquer posets finitos.

Relembre algumas nota¸c˜oes: I(P) denota o conjunto de ideais de o poset P, Aut(P) denota o grupo de automorfismos do poset P, P(i) denota o i-´esimo n´ıvel de P e M(A)

denota o conjunto dos elementos maximais em A.

Teorema 3.3 Se P ´e um poset hier´arquico ent˜ao P satisfaz a propriedade de extens˜ao.

Demonstra¸c˜ao: Seja H(n, n1, n2,· · · , nt) um poset hier´arquico com t-n´ıveis em n

ele-mentos. A fim de simplificar a nota¸c˜ao denotaremos o poset H(n, n1, n2,· · · , nt) por H.

Sejam I, J ∈ I(H) e φ : I → J um isomorfismo. Devemos construir Φ ∈ Aut(H) tal que Φ|I = φ.

´

E claro que,

(i) |M(I)| = |M(J)|; e

(ii) M (I), M (J)⊂ H(r), para algum r∈ {1, 2, ..., n}. Como H ´e hier´arquico, se a ∈ H(i)

e b∈ H(i+1) ent˜ao b cobre a (a−≺ b).

Temos ent˜ao que φ|H(r) ´e uma bije¸c˜ao entre M (I) e M (J). Naturalmente, esta pode

ser extens´ıvel a uma permuta¸c˜ao Φr : H(r) → H(r). Observamos que, I(i) = J(i) = H(i)

para todo i < r, poisH ´e hier´arquico. Logo, φ|H(i) ´e uma permuta¸c˜ao de H(i).

Defina, Φ :H → H, dada por,

Φ(x) =      φ(x) se x∈ H(i) e 1 ≤ i ≤ r − 1; Φr(x) se x∈ NrH; x se x∈ NiH e r + 1≤ i ≤ t.

Dessa forma, Φ ´e claramente uma bije¸c˜ao e preserva a estrutura de n´ıveis deH. Logo, dados a, b ∈ H, temos que, a ≺H b se, e s´o se, a est´a em um n´ıvel abaixo ao n´ıvel de b

(33)

de Φ(b), e sendo H hier´arquico, segue que Φ(a) ≺H Φ(b). Em outras palavras, Φ ´e um

automorfismo deH que estende φ. 

Relembrando que posets anticadeias s˜ao posets hier´arquicos com apenas um n´ıvel e posets cadeias s˜ao posets hier´arquicos de largura um, temos o seguinte resultado.

Corol´ario 3.4 Se P ´e um poset Cadeia ou Anticadeia ent˜ao P satisfaz a propriedade de extens˜ao.

Como j´a mencionado, posets obtidos como uni˜ao disjunta de cadeias de mesmo com-primento, isto ´e, posets NRT, possuem a propriedade de extens˜ao.

Teorema 3.5 Se P ´e um poset NRT ent˜ao P satisfaz a propriedade de extens˜ao.

Demonstra¸c˜ao: Considere P o poset NRT com m cadeias de comprimento s. Sem perda de generalidade, podemos escrever,

P = C1 s · ∪ C2 s · ∪ · · ·∪ C· m s , onde Ci

s ´e uma cadeia de posto s, para cada i = 1, ..., m.

Introduzimos um rotulamento dos v´ertices de P , da seguinte maneira, a cada elemento a ∈ P , associamos o par (i, j) com 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ s, onde i denota a cadeia Csi, a qual cont´em a, e j denota o posto (altura) de a (p(a) = j). Note que, com este rotulamento, se a, b ∈ P com a = (i1, j1) e b = (i2, j2), temos que, a P b se, e somente

se, i1 = i2 e j1 ≤ j2 (≤ denota a ordem usual dos naturais).

Sejam I, J ∈ I(P) dois ideais isomorfos e f o isomorfismo correspondente. Vamos construir F ∈ Aut(P ) tal que F |I = f . Para a ∈ I, defina F (a) = f(a). agora, para

a∈ P \I, considere a decomposi¸c˜ao de I e J em uni˜oes disjuntas:

I = Ii1 ∪ I· i2 ∪ · · · I· ik e J = Jj1 ∪ J· j2 ∪ · · · J· jk

de modo que, Iir ⊂ Cir

s e Jjr ⊂ Csjr, e f (Iir) = Jjr, para 1 ≤ r ≤ k. Dessa forma, f

induz uma bije¸c˜ao σf : {i1, ..., ik} → {j1, ..., jk}. Considere agora δf : JmK\{i1, ..., ik} → JmK\{j1, ..., jk} uma bije¸c˜ao qualquer.

Sehai ∩ I 6= ∅ ent˜ao a ∈ Cir

s para algum r ∈JkK, definimos F(a) = F (ir, j) := (σf(ir), j) = (jr, j) =: b.

Sehai ∩ I = ∅, definimos

(34)

´

E claro que F est´a bem definida e, al´em disso, F ´e um isomorfismo. Com efeito, se a1 ≺P a2 ent˜ao, ´e claro que, a1 e a2 pertencem a mesma cadeia e assim, a1 = (i, j1)

a2 = (i, j2) com j1 < j2. Dessa forma, se i ∈ {i1, ..., ir} ent˜ao F (a1) = (σf(i), j1)

e F (a2) = (σf(i), j2) e ent˜ao, como j1 < j2 segue que, F (a1) ≺P F(a2). Agora, se

i JmK\{i1, ..., ir} ent˜ao, F (a1) = (δf(i), j1) e F (a2) = (δf(i), j2), logo, como j1 < j2

segue que, F (a1) ≺P F(a2). Portanto, F ∈ Aut(P ) e F |I = f , ou seja, P possui a

propriedade de extens˜ao. 

Em [2], mostramos que poset ´arvore regular por n´ıvel tamb´em possui a PEI.

Teorema 3.6 Se P ´e um poset ´arvore regular por n´ıvel, ent˜ao P satisfaz a propriedade de extens˜ao.

Demonstra¸c˜ao: Seja P uma ´arvore regular por n´ıvel com n elementos e hierarquia de descendentes dada (d1, d2..., dp(P )−1).

Assim como no resultado anterior, vamos introduzir um rotulamento de P, que ser´a conveniente para nosso prop´osito. Para cada a ∈ P, associamos o r´otulo definido pela sequˆencia de inteiros λ(a) = α1α2...αj, tais que, αm ∈ JdmK, com m = 1, ..., j . Note que esse rotulamento ´e consistente com a ordem de P , isto ´e, dados a, b ∈ P com λ(a) = α1α2...αj e λ(b) = β1β2...βk ent˜ao aP b se e s´o se, j ≤ k e βi = αi para todo i = 1, ..., j,

ou seja,

λ(b) = (λ(a)|βj+1...βk).

Para c∈ I denote por Λc,I o conjunto dos filhos de c que n˜ao pertencem a I, ou seja,

Λc,I ={1 ≤ j ≤ dp(c): (λ(c)|j) /∈ I}.

Note que, Λc,I =∅ se c /∈ M(I).

Sejam I, J ∈ P, dois ideais isomorfos e f o isomorfismo correspondente. A fim de mostrar que P possui a propriedade de extens˜ao vamos construir F ∈ Aut(P) tal que F|I = f . Para tanto, defina a aplica¸c˜ao F : P → P, nos elementos de I como a pr´opria

f, ou seja, para a∈ I, F (a) = f(a). Assim, j´a garantimos que F |I = f .

Se a∈JnK\I , pela defini¸c˜ao de ´arvore temos:

1. hci ´e uma cadeia para todo c ∈JnK.

2. Qualquer par de ideais de P possui interse¸c˜ao n˜ao vazia.

Logo, hai ∩ I 6= ∅. Considere ent˜ao aI o elemento maximal dehai ∩ I (a existˆencia de

aI ´e garantida pelo segundo item acima, enquanto, a unicidade ´e garantida pelo primeiro

item), e b1, b2, ..., br(a)−r(aI)−1 ∈ P elementos de P tais que,

(35)

E, considere o rotulamento de a:

λ(a) = (λ(aI)|βr(aI)+1, ..., βr(a))

ComoP ´e regular por n´ıvel e I e J s˜ao ideais isomorfos (f preserva posto), segue que o n´umero de filhos de aI que n˜ao est˜ao em I e o n´umero de filhos de f (aI) que n˜ao est˜ao

em J s˜ao iguais, isto ´e,

|ΛaI,I| = |Λf (aI),J|.

Note que, ΛaI,I 6= ∅, uma vez que, ao menos (λ(aI)|β1)∈ ΛaI,I. Logo, existe uma bije¸c˜ao

γaI :Jdp(aI)K → Jdr(f (aI))K tal que, γaI(ΛaI,I) = Λf (aI),J e (λ(f (aI))|γaI(j)) = λ(f (λ(aI)|j)),

para j ∈Jdp(aI)K\ΛaI,I. Em outras palavras, γaI induz uma aplica¸c˜ao que coincide com f

nos filhos de aI que est˜ao em I.

Podemos agora definir F (a), como o elemento de P que possui o r´otulo

(λ(f (aI))|γaI(βr(aI)+1)βr(aI)+2...βr(a)).

Dessa forma, como γaI ´e uma bije¸c˜ao eP ´e regular por n´ıvel, F est´a bem definida. Mais

ainda, F ´e isomorfismo pois, dados a, b∈JnK\I com a ≺P b, λ(b) = (λ(a)|βr(a)+1...βr(b)) = (λ(aI)|αr(aI)+1...αr(a)βr(a)+1...βr(b)) e ent˜ao, F (b) e F (a) s˜ao os elementos de P rotulados

por

(λ(f (aI))|γaI(αr(aI)+1)αr(aI)+2...αr(a)βr(a)+1...βr(b)) e

(λ(f (aI))|γaI(αr(aI)+1)αr(aI)+2...αr(a)),

respectivamente. Logo, F (a) P F(b). Portanto, F ∈ Aut(P) e F |I = f , ou seja, P

satisfaz a PEI. 

Passamos agora a estudar de modo mais gen´erico posets que satisfazem a PEI.

Proposi¸c˜ao 3.7 Seja P um poset que satisfaz a PEI e A e B anticadeias em P. Ent˜ao,

hAi ' hBi =⇒ hAi ' hBi

onde, X ={y ∈ P : x−≺ y, para algum x ∈ X} ´e o conjunto dos filhos de X ⊂ P.

Demonstra¸c˜ao: De fato, se hAi ' hBi e P satisfaz a propriedade de extens˜ao, ent˜ao existe um automorfismo φ deP tal que φ(hAi) = hBi, mais ainda, devemos ter, φ(A) = B (φ deve levar elementos maximais de hAi em elementos maximais de hBi). E como, φ preserva a rela¸c˜ao de cobertura, isto ´e, x−≺ y ⇔ φ(x)−≺ φ(y), devemos ter que,

(36)

Corol´ario 3.8 Se um poset P satisfaz a propriedade de extens˜ao ent˜ao,

hAi ' hBi =⇒ |A| = |B|.

Exemplo 3.9 Se CRJ2mK e m ≥ 2, ´e um poset coroa, ent˜ao satisfaz a PEI se, e s´o se, m ≤ 3. Com efeito, a condi¸c˜ao de suficiˆencia ´e uma simples verifica¸c˜ao que os posets CRJ4K e C RJ6K satisfazem a PEI. Para a condi¸c˜ao necess´aria, suponha que m > 3, e que CRJ2mK est´a rotulado naturalmente. Assim, os ideais{1, 2} e {1, 3} s˜ao isomorfos, uma vez que, s˜ao anticadeias de mesmo comprimento. Entretanto,{1, 2} = {m+1, m+2, 2m} e {1, 3} = {m + 1, m + 2, m + 3, 2m}, assim, |{1, 2}| 6= |{1, 3}|, logo, do corol´ario acima, CRJ2mK com m > 3 n˜ao possui a propriedade de extens˜ao.

Note que, CRJ4K ´e um poset hier´arquico enquanto CRJ6K n˜ao est´a em alguma fam´ılia dos posets que possuem a propriedade de extens˜ao, apresentados anteriormente.

De modo an´alogo `a proposi¸c˜ao anterior, podemos mostrar que

Proposi¸c˜ao 3.10 Se um poset P satisfaz a propriedade de extens˜ao ent˜ao,

hAi ' hBi =⇒ h bAi ' h bBi

onde, bX = {y ∈ P : x−≺ y, para todo x ∈ X} ´e o conjunto dos filhos comuns dos elementos de X.

No esfor¸co para encontrar condi¸c˜oes necess´arias e suficientes para um poset satisfazer a PEI, foram feitas diversas tentativas que se mostraram infrut´ıferas. Por seu car´ater ilustrativo, vamos enunciar aqui algumas destas propriedades, come¸camos com algumas defini¸c˜oes e observa¸c˜oes.

Um poset graduado ´e um poset P munido com uma fun¸c˜ao posto ρ : P → N satisfa-zendo as propriedades:

• A fun¸c˜ao posto preserva ordem (considerando em N a ordem usual dos n´umeros naturais), isto ´e, para quaisquer x, y ∈ P com x P y ent˜ao ρ(x)≤ ρ(y);

• A fun¸c˜ao posto preserva a rela¸c˜ao de cobertura, isto ´e, para quaisquer x, y ∈ P se y cobre x, x−≺P y, ent˜ao ρ(y) = ρ(x) + 1.

Um poset ranqueado ´e um poset P, que satisfaz ao menos uma das trˆes seguintes propriedades:

• P ´e um poset graduado;

• Para todo x ∈ P, cada cadeia maximal que possui x como elemento maximal possui mesmo comprimento;

(37)

• Toda cadeia maximal em P possui mesmo comprimento.

Perguntamo-nos ent˜ao sobre as seguintes possibilidades de obstru¸c˜ao `a PEI.

1. Se P satisfaz a PEI ent˜ao P ´e um poset graduado.

2. Se P satisfaz a PEI e |m(P)| = 1 ent˜ao, P ´e um poset graduado. 3. Se P satisfaz a PEI ent˜ao P ´e um poset ranqueado.

4. Se um posetP possui a propriedade de extens˜ao ent˜ao, dados x, y ∈ P com x P y,

todas as cadeias maximais com elementos minimal x e elemento maximal y tˆem mesmo comprimento.

Todas estas conjecturas mostraram-se falsas, refutadas pelo mesmo contraexemplo. Considere o poset P dado pelo diagrama de Hasse abaixo.

Observe que, o poset P satisfaz a PEI, entretanto n˜ao ´e graduado, pois qualquer fun¸c˜ao posto definida emP n˜ao preserva a rela¸c˜ao de cobertura, uma vez que o elemento maximal de P cobre dois elementos com diferentes postos. E ainda, ´e f´acil ver que P possui cadeias maximais com tamanhos diferentes, logoP n˜ao ´e ranqueado.

Segundo Schmerl [34], o estudo de estruturas homogˆeneas ´e facilitado por uma t´ecnica, bastante usada neste contexto que, considera a classe de estruturas finitas mergulh´aveis nelas. Schmerl, neste contexto, se refere `as classifica¸c˜oes das estruturas homogˆeneas.

Conjecturamos que ´e poss´ıvel mergulhar um poset que n˜ao satisfaz a PEI em um poset que a satisfaz. A ideia consiste, basicamente, em adicionarmos v´ertices e arestas ao poset original de modo a tornar cada n´ıvel o mais regular poss´ıvel, sem alterar as rela¸c˜oes j´a existentes do poset, isto ´e, se dois v´ertices s˜ao n˜ao compar´aveis, no poset original, eles continuar˜ao n˜ao compar´aveis. Por exemplo, nos diagramas a seguir, claramente o poset `a esquerda n˜ao satisfaz a PEI, dentre as raz˜oes para tanto destaca-se que existem dois elementos no primeiro n´ıvel que possuem um elemento filho comum e outros dois elementos no primeiro n´ıvel que n˜ao possuem algum filho em comum. Assim, adicionando um v´ertice e duas arestas, como na figura, o tornamos uma coroa com 6 elementos, a qual satisfaz a PEI. Note que, no poset obtido quaisquer dois elementos no primeiro n´ıvel possuem um filho em comum.

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