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Comportamento financeiro pessoal: um comparativo entre jovens e adultos na cidade de Crissiumal/RS

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Academic year: 2021

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO RS

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

COMPORTAMENTO FINANCEIRO PESSOAL: UM COMPARATIVO ENTRE JOVENS E ADULTOS DA CIDADE DE

CRISSIUMAL/RS

Documento Sistematizador do Trabalho de Conclusão de Curso

VIVIANE APARECIDA CANEPPELE LÜCKE

Orientadora: Ms: Roselaine Filipin

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VIVIANE APARECIDA CANEPPELE LÜCKE

COMPORTAMENTO FINANCEIRO PESSOAL: UM COMPARATIVO ENTRE JOVENS E ADULTOS DA CIDADE DE

CRISSIUMAL/RS

Trabalho de Conclusão de Curso em Administração da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito à obtenção do Grau de Bacharelado em Administração.

Orientadora: Profª. Roselaine Filipin

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“O planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro das decisões presentes”

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AGRADECIMENTOS

À Jesus Cristo por guiar meus passos e segurar minha mão em todos os momentos em que a fraqueza e o cansaço faziam desanimar. Também por tantos ensinamentos bonitos deixados a quem quer ser um grande administrador: liderança, humildade e amor pelo que se faz.

Ao meu pai Airton e à minha mãe Inez, pelos valores ensinados, pelo alicerce, pelo amor e pela cumplicidade, também pela força muitas vezes transmitida em silêncio ou por pequenos gestos, amo vocês!

Ao meu irmão Gionei, pelo tanto que representa na minha vida, e por me inspirar como pessoa e profissional. Tenho muito orgulho de ser sua irmã!

Ao meu irmão Everton, pela sua generosidade e caráter admirável, mestre das planilhas eletrônicas e exemplo que sempre tenho comigo. Tenho muito orgulho de ser sua irmã!

Ao meu namorado Fábio pelo companheirismo e pela segurança, pelo amor e pela paciência. Obrigada por simplesmente estar ao meu lado.

À minha orientadora e agora amiga Professora Roselaine Filipin, por apostar no meu trabalho e se importar com cada idéia que surgisse, transformando um simples tema, em um trabalho de grande valia. Obrigada do fundo do coração!

À minha sobrinha e afilhada Isabeli, por arrancar sorrisos inesperados, e muitas vezes transformar a tensão em momentos de total paz de espírito. A dinda te ama.

À todas as pessoas que ajudaram a distribuir os questionários desta pesquisa, foram tantos envolvidos que fica complicado citar todos. Tenham a certeza de que foram muito importantes para mim, e é graças à esses pequenos detalhes que tenho este estudo em mãos. Serei eternamente grata.

Às minhas amigas do coração, por agüentar as queixas e não desistirem de mim. Amigas verdadeiras se contam nos dedos, e eu tenho a graça de ter as melhores ao meu lado.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição da População de Crissiumal-RS ... 45

Figura 2 - Modelo de Controle Manual ... 64

Figura 3 - Planilha Eletrônica de Finanças Pessoais ... 64

Figura 4 - Controle de Caixa em Software de Finanças Pessoais ... 65

Figura 5 - Contas a Pagar e Receber em Software de Finanças Pessoais ... 66

Figura 6 - Relatórios de Controle em Software de Finanças Pessoais ... 67

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Faixa Etária ... 46

Gráfico 2 - Renda Pessoal ... 47

Gráfico 3 - Nível de Escolaridade ... 48

Gráfico 4 - Prioridades na utilização do salário ... 48

Gráfico 5 - Gastos na utilização do salário ... 49

Gráfico 6 - Controle dos Gastos ... 50

Gráfico 7 - Método de Controle ... 50

Gráfico 8 - Periodicidade do Controle ... 51

Gráfico 9 - Destinação das possíveis sobras ... 52

Gráfico 10 - Possui Empréstimos ... 53

Gráfico 11- Comportamento Financeiro similar ao dos Pais ... 54

Gráfico 12 - Guarda Recursos para os Filhos ... 54

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Princípios da Educação Financeira ... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estado Civil ... 46

Tabela 2 - Área de Atuação Profissional ... 47

Tabela 3 - Porcentagem de Sobra do Salário ... 52

Tabela 4 - Porcentagem de Endividamento sobre Salário ... 53

Tabela 5 - Forma de Pagamento de Compras ... 55

Tabela 6 - Correlação ... 56

Tabela 7 - Comunalidades ... 57

Tabela 8 - Teste de KMO e Bartlett ... 57

Tabela 9 - Percentual de Variância explicativa pelos fatores ... 58

Tabela 10 - Faixa Etária X % Sobra Salário ... 58

Tabela 11 - Faixa Etária X Destino das Sobras ... 59

Tabela 12 - Faixa Etária X Controle de Gastos ... 59

Tabela 13 - Faixa Etária X Empréstimo e Endividamento ... 60

Tabela 14 - Renda Pessoal X % de Sobra de Salário ... 61

Tabela 15 - Renda Pessoal X Destino das Sobras ... 62

Tabela 16 - Renda Pessoal X Controle de Gastos ... 62

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7 SUMÁRIO RESUMO EXPANDIDO ... 9 INTRODUÇÃO ... 13 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 15 1.1 Apresentação do tema ... 15

1.2 Problema ou Questão de Estudo ... 17

1.3 Objetivos ... 17 1.4 Justificativa ... 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 21 2.1 Administração Financeira ... 21 2.1.1 Fontes de Financiamento ... 22 2.1.2 Fontes de Investimentos ... 24 2.2 Finanças Pessoais ... 28 2.2.1 Planejamento Financeiro ... 29 2.2.2 Controles Financeiros ... 31 2.2.3 Educação Financeira ... 33 2.3 Consumo e Endividamento ... 35 3 METODOLOGIA ... 39 3.1 Classificação da Pesquisa ... 39

3.2 Sujeitos da Pesquisa e Universo Amostral ... 40

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3.4 Análise e Interpretação dos Dados ... 42

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 44

4.1 Caracterização do Município ... 44

4.2 Perfil dos Entrevistados ... 45

4.3 Comportamento Financeiro ... 48

4.4 Resultados da Análise Fatorial ... 55

4.5 Análise Comparativa dos Resultados ... 58

4.6 Proposição de modelos para controle financeiro ... 63

CONCLUSÃO ... 69

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RESUMO EXPANDIDO

Introdução

O conceito de finanças é abrangente, envolve a forma de organização financeira, que por meio de planilhas, orçamentos, planejamento e controle auxiliam no processo de alcance dos objetivos almejados.

A importância de organizar as finanças tanto em âmbitos empresariais como pessoais se dá na mesma freqüência que estabelecer parâmetros e formas de controles no planejamento financeiro. Sempre atrás de uma organização há um indivíduo, seja ele proprietário individual, sócio ou acionista, e é por meio de suas aspirações, de seus conhecimentos, que vai se criando a forma da organização.

Conforme Ribeiro et al (2009), nos últimos anos, vem ocorrendo aumento de estudos sobre o comportamento dos indivíduos no que se refere às decisões financeiras, nesse sentido outras correntes científicas, vem estudando o comportamento dos consumidores frente às atitudes de comprar, vender, consumir, poupar e se endividar. Nesse contexto a pesquisa buscou analisar o comportamento financeiro de jovens e adultos da cidade de Crissiumal-RS. Para isso foi identificado o público alvo, aplicado o questionário na população objeto de estudo, descrito os resultados obtidos, analisado de forma comparativa as finanças pessoais a partir dos resultados obtidos e por fim foi proposto modelos que auxiliem o processo de planejamento financeiro pessoal.

Metodologia

Ao nível epistemológico, o presente estudo possui um cunho quantiqualitativo. O estudo classificado quanto à sua natureza é aplicado e quanto aos objetivos é descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos (GIL, 2002) a investigação ocorreu de forma bibliográfica, documental, de campo e por levantamento de dados (Survey).

A amostra do estudo é do tipo não-probabilística, selecionada por conveniência, formada por habitantes da cidade de Crissiumal pertencentes às faixas etárias de 20 a 24 anos e 45 a 54 anos. Para o cálculo da amostra foi considerado um universo finito de 2911 pessoas, resultando em uma amostra ideal de 352 indivíduos. Foram entregues 370 questionários, sendo que deste montante voltaram 301 questionários respondidos.

A coleta de dados da pesquisa bibliográfica foi feita por meio de dados secundários. A pesquisa documental englobou as fontes estatísticas. Como instrumento de coleta de dados para a pesquisa de campo, optou-se pela utilização de questionário dividido em duas partes: a primeira busca identificar aspectos de perfil da população investigada (idade,estado civil, renda pessoal, área da profissão e grau de instrução), a segunda parte visa levantar aspectos que definem o comportamento financeiro dos entrevistados, considerando para isto dados sobre gastos, sobras e endividamento.

O processamento e análise dos dados se deram através de dois meios: Planilha de dados Excel e pela análise estatística Fatorial, por auxílio do software Statistical for the Social Science Package (SPSS).

Resultados

Por meio da análise fatorial, grande parte das variáveis foi considerada explicativa, de acordo com os percentuais apresentados na comunalidade das questões. As variáveis que apresentaram alta explicação foram: faixa etária, renda pessoal, controles, periodicidade dos

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controles e a prioridade dos gastos. A que pouca explicação apresentou foi a área de atuação profissional.

Os resultados obtidos tiveram como ponto de partida a identificação de perfil da amostra selecionada. 50% dos indivíduos pertencem à faixa etária de 20 a 24 anos, 30% à faixa de 45 a 49 anos e os 20% restantes fazem parte do nível de idade de 50 a 54 anos. Considerando o estado civil dos entrevistados, 44,19% são solteiros e 43,52% casados. Os demais respondentes são 6,98% separados, 0,66% viúvos e 4,65% responderam união estável. Quanto ao quesito renda pessoal, há uma predominância de crissiumalenses recebendo salários entre R$ 500,00 à R$ 1.500,00, mais precisamente 55% dos entrevistados. Os demais possuem salários ou menores de R$ 500,00 ou superiores a R$ 1.500,00.

O fator grau de instrução apresenta alta carga fatorial, dessa maneira é uma variável a ser considerada no estudo, além da relação idade e renda 70%.

Questionados quanto as prioridades na utilização do salário, considerando uma escala de 1 à 8 conforme grau de importância, a alimentação ocupa o primeiro lugar com 20%, seguida da saúde com 17% e da educação com 15%. As prioridades médias são a habitação com 14%, lazer com 11% e transporte com 10%. Como prioridades mínimas, têm-se os investimentos com 9% e a opção outros com 4%.

De acordo com a análise fatorial, o fator prioridades quanto a utilização do salário é a principal variável explicativa do estudo, apresentando 65,06% do comportamento dos indivíduos pesquisados.

O controle financeiro é fundamental para que se tenha uma boa saúde financeira, diante disso 212 pessoas responderam que utilizam algum tipo de método de controle, as outras 89 informaram que não possuem forma alguma de controle. Não tendo um método de controle a probabilidade e o risco de tomar decisões incompatíveis com a realidade são maiores. Para Martins (2004) a incapacidade de ler e entender demonstrações financeiras são responsáveis por fracassos e por erros que podem ser fatais.

De acordo com o fator de comunalidade apresentado pela analise fatorial, a variável que mais explica a pesquisa são os métodos de controle, que representam 88,6%, a periodicidade dos controles é explicadas por 85,6% e a relação dos empréstimos e seu percentual apresenta explicação em torno de 86%.

Quanto à principal forma de pagamento utilizada pelos questionados, há uma predominância do pagamento em dinheiro na pequena cidade de Crissiumal, 75%. Esse resultado diverge muito de alguns dados nacionais. Trata-se do crescimento do uso do cartão de crédito. Segundo Luca (2014) o faturamento dos cartões de crédito e débito cresceu no país nada menos do que 210% em sete anos.

No município de Crissiumal os maiores índices de sobra de salário pertencem aos jovens. 6,6% dos jovens poupadores conseguem reservar no mínimo 21% do seu salário, contra 5,6% dos adultos. Os adultos só levam vantagem em índices menores de reserva, como por exemplo, 5% a 10% de sobra, totalizando aproximadamente 20% dos respondentes nas faixas etárias de 45 a 54 anos. Analisando o destino destas sobras, a proporção dos que investem seus recursos na caderneta de poupança é relativamente igual entre jovens e adultos, 39,1% e 42,6% respectivamente.

Os adultos possuem mais assiduidade no controle dos gastos que os jovens, onde 38,20% deles possuem controles contra 32,20% dos jovens. O método de controle que os adultos mais utilizam são os controles manuais, realizando o seu fluxo de caixa de forma manuscrita. Este é método mais utilizado também pelos jovens totalizando 24,9%. O método

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de controle registrado por meio de uma planilha de dados eletrônicos é utilizado em sua maioria pelos jovens, totalizando 7% e adultos 2,3%. O software é o recurso mais completo, porém o menos utilizado. Apenas cinco pessoas da amostra total o utilizam, sendo destes, quatro adultos e apenas um jovem.

Observa-se ainda que os adultos crissiumalenses são mais endividados que os jovens. Do total da amostra endividada, os adultos correspondem a um total de 20,90%, enquanto os jovens somam 15,6%. Em todos os níveis de endividamento os adultos possuem índices mais elevados. Este mesmo comportamento se confirma em um estudo realizado por Ribeiro et al (2009), onde os jovens acadêmicos do Curso de Administração, são pouco propensos ao endividamento e conseguem gastar menos do que ganham, economizando parte de sua renda mensal.

O que se conclui no comparativo entre a renda pessoal com as sobras de salário é de que os que menos poupam são os que possuem salários variando de R$ 500,00 à R$ 1.500,00. Os que mais conseguem guardar recursos são os trabalhadores com ganhos mensais de R$ 1.600,00 à R$ 2.500,00, os mesmos conseguem guardar no mínimo 21% do seu salário.

Os ganhos mensais são proporcionais a quantidade de sobra, ou seja, quem possui renda maior consegue poupar mais, e vice-versa. Estes resultados são confirmados onde os assalariados que ganham um salário máximo de R$ 500,00 não conseguem economizar mais do que 20% do seu salário. Na linha contrária estão os munícipes melhores remunerados com rendimentos mensais superiores à R$ 5.000,00.

Figueiras (2013) em uma de suas reportagens na Revista Exame, afirmou que os brasileiros poupam pouco, e quando poupam aplicam mal seus recursos. Isso decorre de fatos relacionados à preguiça, pois se tem por costume aplicar as sobras no banco em que se recebe o salário. O perfil do investidor crissiumalense segue esse mesmo padrão, onde a destinação das sobras é em sua grande maioria levada às cadernetas de poupança, mais precisamente para 80% dos entrevistados.

Para as 89 pessoas que responderam não utilizar métodos de controle para o acompanhamento das finanças pessoais foram propostos alguns modelos de controle de gastos. O método apresentado para os iniciantes foi o controle manual, para os mais instruídos foi proposto o lançamento das informações financeiras por meio de planilhas eletrônicas de dados e por fim, aos mais experientes foi lançada a idéia da utilização de um método mais completo que é o software de finanças pessoais.

Conclusão

Na busca da gestão financeira pessoal, a classe estudada demonstrou seguir estratégias aleatórias. Os adultos crissiumalenses controlam mais seus gastos do que os jovens, porém são estes mesmos que possuem um maior nível de endividamento. Esta não seria a seqüência ideal dos fatos, afinal quem controla as próprias finanças deveria ter um menor índice de obrigações financeiras. Isso pode estar acontecendo em decorrência de controles manuais mal executados.

Os adultos possuem ainda sobras menores, este dado pode estar relacionado com o fato de que muitos pais trabalham para ajudar no crescimento de seus filhos. Com este cenário apresentado, muitas vezes dificulta a reserva de parte do salário para alguma linha de investimento. No caso dos jovens pouparem mais pode estar relacionado com o fato de que muitos deles ainda residem com seus pais e possuem poucos gastos fixos.

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Desprendeu-se da referida pesquisa que as pessoas que possuem a menor e a maior faixa de renda pessoal não possuem considerável endividamento. Também que no município de Crissiumal existe uma menor aceitação das ferramentas de controle melhores elaboradas, como planilhas eletrônicas e softwares especializados em finanças pessoais.

Como sugestão para estudos posteriores, fica a proposta de análise de outras faixas etárias, como por exemplo, jovens e idosos, bem como analisar o comportamento por gênero. Sugere-se ainda analisar o perfil do comportamento financeiro pessoal à nível de região. Conforme a obtenção dos resultados for acontecendo, recomenda-se a realização de seminários e grupos de estudo sobre a educação financeira, oferecendo de modo geral à população. Estes seminários poderão dar suporte principalmente à consumidores endividados e que já passaram por alguma crise financeira ao longo dos anos. Seria uma forma de auxílio para os indivíduos que possuem dificuldades em lidar com suas próprias finanças. Propondo assim novos métodos de controle, e após realizar a mensuração dos ganhos obtidos através da análise do comportamento financeiro pessoal.

Palavras-chave: Finanças pessoais, comportamento financeiro, educação financeira, endividamento.

Referências Bibliográficas

FIGUEIRAS, Maria Luiza. O investidor brasileiro é preguiçoso e perde dinheiro com isso. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1048/noticias/a-industria-da-preguica>. Acesso em 17 de Junho de 2014.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2002.

LUCA, Léa de. Cartões crescem 210% em sete anos. Disponível em: <http://www.lifefp.com.br/blog/?p=26975>. Acesso em 27 de maio de 2014.

MARTINS, José Pio. Educação Financeira ao Alcance de Todos. São Paulo: Fundamento, 2004.

RIBEIRO, Caroline do Amaral, et al. Finanças Pessoais: Análise dos Gastos e da Propensão ao endividamento em estudantes de Administração. Anais da USP, 2009.

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INTRODUÇÃO

As rápidas e constantes mudanças decorrentes dos mercados e da economia de um mundo totalmente reformulado pela globalização, bem como os sistemas avançados de processamento e transferência dos dados, têm afetado sensivelmente o modo de vida das pessoas, seus sonhos e objetivos, obrigando-as a uma nova postura de gerenciamento financeiro em suas vidas.

Mensagens de diversos tipos e apelos são direcionadas aos consumidores diariamente, as mesmas buscam incitar os cidadãos à altos níveis de consumo de novos produtos ou até mesmo levam os mesmos a optarem pela substituição de mercadorias que já possuem, sendo que a troca muita vezes não é considerada urgente.

São publicações em outdoors, e-mails, telefones celulares, no rádio do carro ou do ônibus, na televisão, em casa ou no trabalho, no amigo ou colega de trabalho que está sentado ao lado, ou seja, em diversos locais estão expostos atrativos e promoções, motivando o aumento das compras, e por conseqüência o endividamento.

Com isso, o consumo vem se tornando exagerado, podendo estar em primeiro plano na vida das pessoas. Para tanto se torna imprescindível o equilíbrio na hora de realizar determinados gastos, caso contrário, a tendência de passar por dificuldades financeiras pode tornar-se bastante elevada. Há um agravo ainda maior no momento em que o cidadão põe em risco o seu nome no mercado, sendo que em alguns casos pode até se considerar excluso do sistema de crédito.

As conseqüências vão muito além do crédito propriamente dito, existem outros fatores que vão implicar no dia-a-dia do consumidor, um deles é a qualidade de vida. O que acontece quanto a isso, é um agravo na saúde psicológica dos indivíduos, podendo acontecer o desencadeamento de sintomas como depressão, doenças do coração, insônia e tantos outros problemas similares.

Precisa-se, por isso, um esforço concentrado para o controle das finanças pessoais. O dinheiro deve ser encarado como um instrumento que proporcione felicidade e que seja suporte para a realização pessoal e não como causa de aflição, sofrimento, agonia e inquietude.

Diante do exposto, este estudo buscou detectar os principais gargalos financeiros pessoais dos munícipes crissiumalenses, para posteriormente contribuir com a evolução do

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pensamento financeiro. O presente estudo buscou oferecer condições para que os indivíduos possam organizar suas finanças e dessa maneira, manter garantias e reservas para eventuais imprevistos e que possam viver com mais conforto e bem-estar familiar.

A estruturação deste estudo corresponde à quatro capítulos. No primeiro deles constam informações sobre a idéia inicial, o tema e a delimitação do problema. Em seguida o objetivo geral e os objetivos específicos. A justificativa finaliza este capítulo contemplando a importância desta pesquisa tanto para a acadêmica como para a instituição e o município objeto de estudo.

O referencial teórico retratado no capítulo 2 está elaborado com o propósito de sustentar a presente pesquisa. Trazendo autores que pesquisam em torno de temas como administração financeira, finanças pessoais e consumo e endividamento,

O capítulo seguinte elencado como metodologia, detalha os procedimentos de classificação da pesquisa quanto à natureza, quanto à abordagem, quanto aos objetivos e quanto aos procedimentos técnicos. Também aponta os sujeitos da pesquisa que foram selecionados após o cálculo da amostra, considerando para isto um universo finito. O detalhamento da coleta e a análise e interpretação dos dados são descritos na seqüência, abordando os métodos utilizados para o levantamento e diagnóstico das informações.

Por fim, tem-se o capítulo 4 que viabiliza aquilo que foi abordado nos capítulos anteriores. Trata-se da análise e interpretação dos dados, que é apresentada em gráficos e também pelo diagnóstico escrito dos dados estatísticos. As análises elaboradas encerram-se com a conclusão contendo o parecer da pesquisadora e as considerações finais.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Contextualizar um estudo remete ao pesquisador apresentar o tema a ser desenvolvido para então problematizá-lo, mostrando de forma clara e compreensível a dúvida que se pretende resolver. Nesse contexto, o capítulo 1 contempla a apresentação do tema, objeto de estudo, a questão problema, os objetivos, geral e específicos, na seqüência a justificativa do estudo.

1.1 Apresentação do tema

Dentre as possibilidades de produtos disponíveis no mercado, abre-se a lacuna para o consumo dos mais variados artigos, alguns de necessidades básicas, outros considerados supérfluos, dessa maneira grande parte da população acaba comprometendo boa parcela dos seus recursos e por vezes assumindo grandes dívidas.

Conforme Federação do Comércio Varejista do RS (2013) o nível de endividamento das famílias no estado do RS foi de 69.2% em 2013, infere-se nesse sentido que um dos maiores desafios da atual sociedade encontra-se no controle de seus recursos.

O conceito de finanças abrange outras áreas além da administração de contas, ele também pode ser considerado como uma forma de organização financeira, que através de planilhas, orçamentos, planejamento e acompanhamento podem demonstrar quais os passos a serem tomados para alcançar os objetivos almejados.

Segundo Gitman (2002, p. 34) “as finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Virtualmente, todos os indivíduos e organizações ganham ou captam e gastam ou investem dinheiro”.

O controle das finanças, amplamente discutido na área das finanças quando aplicados em empresas, serve como ponto para as finanças pessoais, mas este é um dos temas que geralmente são deixados em segundo plano, ora pela falta de conhecimento, ora pela sua complexidade no controle.

A importância de organizar as finanças em uma organização se dá na mesma freqüência que estabelecer parâmetros e formas de controles no planejamento financeiro pessoal. Sempre atrás de uma organização há um indivíduo, seja ele proprietário individual, sócio ou acionista, e é por meio de suas aspirações, de seus conhecimentos, que vai se criando a forma da organização.

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Hartmann (2002 apud BITENCOURT, 2004) enfatiza que as aspirações do negócio surgem das aspirações das pessoas. Que a partir daí nasce o “Ser empresa”, ou seja, a organização, ambiente onde ocorre a materialização dos sonhos individuais para a realização coletiva.

Para Bitencourt (2004, p.28) “dentro de uma visão estritamente financeira, o principal objetivo de uma empresa é a maximização da riqueza de seu acionista”. Nesse sentido para as pessoas a premissa também é valida, pois os indivíduos buscam a geração e riqueza adquiridas por meio de seus recursos obtidos pelo trabalho e pelas aplicações de seus recursos.

No campo da administração financeira, alguns estudos relacionados ao comportamento financeiro pessoal dos indivíduos estão sendo elaborados e ao contrario do que muitas pessoas acreditam, o acesso ao planejamento financeiro implica em muitas mudanças na vida das pessoas PONCHIO (2006); MACEDO (2007); LUCCI (2007); RIBEIRO ET AL (2009); ALMEIDA, CORDEIRO E FIGUEIREDO (2013).

Para Macedo (2007) o planejamento financeiro é o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal. Permite que você controle sua situação financeira para atender necessidades e alcançar objetivos no decorrer da vida. Inclui programação de orçamento, racionalização de gastos e otimização de investimentos, assim surge a necessidade por parte do individuo em diferenciar aquilo que é essencial e o que é considerado supérfluo, uma vez que são várias as tentações que induzem o consumismo crescente.

O cenário financeiro mundial apresenta hoje, as mais variadas e numerosas opções de produtos e serviços com diversos atrativos, ou seja, a disponibilização do crédito fácil, limite de cheque especial, cartão de crédito e demais produtos similares estão cada vez mais acessíveis ao consumidor. Por outro lado, um pouco menos procurado, existem as linhas de investimento, poupança e aplicação, que garantem certa estabilidade financeira e melhor qualidade de vida em longo prazo.

É neste contexto que surge a importância de um maior controle na área das finanças pessoais, segundo Lucci (2007) é através da educação financeira que o indivíduo poderá mudar suas preferências e monitorar seu comportamento a respeito do ato de consumir e assim gerar poupança, uma vez que poderá alterar os incentivos e modificar as regras que caracterizam essas ações.

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Desta forma o tema deste estudo foi o diagnóstico e análise da educação financeira pessoal em relação aos costumes e comportamentos em diferentes níveis e faixas etárias no município de Crissiumal-RS.

1.2 Problema ou Questão de Estudo

Conforme Ribeiro et al (2009), nos últimos anos, vem ocorrendo aumento de estudos sobre o comportamento dos indivíduos no que se refere às decisões financeiras, nesse sentido outras correntes científicas, vem estudando o comportamento dos consumidores frente às atitudes de comprar, vender, consumir, poupar e se endivida. Entre as áreas que tem estudado, destaca-se a Psicologia Econômica, o Marketing, as Finanças Comportamentais, a Teoria dos Jogos.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro cresceu em maio de 2013 pelo quinto mês seguido e bateu novo recorde. O valor total das dívidas correspondia, naquele mês, a 44,52% da renda do trabalhador nos últimos 12 meses, segundo dados do Banco Central, em comparação a 44,20% em abril, recorde anterior (ESTADÃO, 2013).

Estudos de Ribeiro et al (2009) evidenciaram os gastos e da propensão ao endividamento em estudantes de administração da universidade federal de Santa Maria/RS, identificando que os fatores comportamentais como materialismo, o gênero, renda, o trabalho e as práticas religiosas, interferem no nível de endividamento, mas a maioria está consciente quanto ao acompanhamento e controle dos gastos.

Nesse contexto cabe a seguinte questão problema: Qual o comportamento financeiro de jovens e adultos da cidade de Crissiumal/RS?

1.3 Objetivos

Diante da problematização apresentada define-se como objetivo geral analisar o comportamento financeiro de jovens e adultos da cidade de Crissiumal /RS

Visando ao alcance do objetivo geral são definidos como objetivos específicos: a) Identificar o público alvo;

b) Aplicar o questionário na população objeto de estudo; c) Descrever os resultados obtidos;

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d) Analisar de forma comparativa as finanças pessoais entre jovens e adultos, a partir dos resultados obtidos;

e) Propor modelos de controle que auxiliem o processo de planejamento financeiro pessoal a partir dos resultados obtidos.

1.4 Justificativa

No cenário contemporâneo da economia globalizada, mais do que nunca, atentar-se para adquirir independência e controle financeiro, torna-se imprescindível na busca de um futuro promissor e melhoria na qualidade de vida.

Alguns fatores como conhecer a fundo as próprias receitas, calcular as despesas mensais, atender ou não desejos imediatos de compras, entender as necessidades de consumo e planejar os gastos determinam o nível de consciência financeira do individuo. E isto estabelece um papel essencial na relação pessoal com o dinheiro. A partir disto consegue identificar que necessidades são as exigências mínimas para satisfazer condições materiais e morais de vida e que o supérfluo pode esperar o momento adequado e principalmente planejado para ser adquirido.

Muitos indivíduos contraem dívidas e comprometem uma parcela significativa de suas rendas, acabam assim tornando-se inadimplentes por não cumprirem com seus compromissos financeiros.

Nesta concepção, endividados trabalham para quitar suas dívidas por terem pouca ou nenhuma habilidade de lidar com o dinheiro, por não se preocuparem em fazer um planejamento financeiro ou por motivos implícitos em razões sociais ou psicológicas. Muitos desses indivíduos conseguem retomar o equilíbrio de suas vidas, outros necessitam de ajuda e muitos terão que carregar consigo o estigma de eternos endividados (FERREIRA, 2006).

Perante o crescimento deste tipo de consumidor no mercado, o estudo dos fatores que influenciam o endividamento se mostra de grande valia, visto que a relação desejo, necessidade, consumo, endividamento, inadimplência se torna de interesse das empresas, pois afetam o ciclo operacional e financeiro e podem implicar, inclusive, desajustes na liquidez e aumento de risco (RIBEIRO et al, 2009).

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Assim, ao traçar suas estratégias de concessão de crédito, as empresas devem estar atentas para o comportamento do consumidor nestas diferentes fases, suas possibilidades e limitações com enfoque nos clientes efetivos e potenciais.

Segundo Metzner (2012) o controle dos gastos, o uso adequado do dinheiro não significa que a pessoa seja mesquinha ou avarenta. Ser comedido em seus gastos é uma qualidade que se chama frugalidade. Uma pessoa frugal não deixa de adquirir o que precisa ou o que é bom, mas tira o máximo proveito do que possui, e nisto se encontra também a capacidade de comprar bem, comprar certo, comprar o que será utilizado.

Muitas pessoas compram porque está barato, e aí não usam, esquecem o item comprado para sempre, ou seja, jogam fora o seu dinheiro, e mesmo em bens de pouco valor, com o tempo, o dispêndio com esses itens é bem alto. Desta forma, a organização das finanças por meio de planilhas pode ser uma ferramenta no auxilio dos registros das receitas e despesas, proporcionando o planejamento de gastos e a aplicação dos recursos (METZNER, 2012).

As primeiras atitudes a serem tomadas podem estar relacionadas ao controle dos pequenos gastos, e perceber o quanto os mesmos influenciam no orçamento total. Pequenos valores diários fazem grandes diferenças nas contas do final do mês ou do ano. Gastos como doces, salgados, refrigerantes, salão, cinema, loteria, revistas e outros tantos podem fazer grandes diferenças no orçamento total, pois no mês ou no ano, somadas, atingem quantias bem significativas. Melhor ainda se esses valores forem revertidos em alguma forma de aplicação.

Poupar dinheiro é sempre interessante. É a melhor maneira de se preparar para enfrentar imprevistos, ou de adquirir bens sem o acréscimo de juro. Ainda mais que hoje em dia não é mais necessário guardar o dinheiro em baixo do colchão. O mercado oferece alguns tipos de investimentos com riscos e margens de lucros diferentes. Cabe ao individuo fazer uma análise dos seus gastos e perceber de que extremo poderá diminuir os desembolsos, revertendo os mesmos em futuras aplicações para garantir uma melhor qualidade de vida para sua família.

Conforme Metzner (2012) o principal motivo pelo qual as pessoas não têm dinheiro para guardar é porque possuem dívidas. E estas aparecem por diversas razões, tais como compras compulsivas, falta de planejamento, utilização sem critérios do cheque especial, parcelamentos, operações de crédito para consumo/bens de consumo que não agregam renda.

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Guardar dinheiro é hábito. E como hábito, precisa ser adquirido. Porém, para adquirir um hábito, é preciso motivação. Cada pessoa tem suas próprias motivações, seus sonhos de vida e de consumo. Seu próprio conceito de realização financeira. E esta realização financeira é que é a motivação para deixar de gastar com uma coisa para o uso do dinheiro em outra (METZNER, 2012).

Conforme Trindade et al (2010, p.3):

O endividamento pode ser conseqüência de diferentes fatores associados com o consumismo exagerado, políticas sociais de transferência de renda e políticas econômicas. Surge quando há disparidade entre entradas e saídas de recursos. Esse endividamento pessoal ou familiar atribui-se, em muito, ao pensamento de que se deve dar a si próprio e aos filhos um padrão de vida melhor daquele que tiveram. A facilidade de crédito se mostra, nos dias atuais, como um “vício social”, em que as pessoas incorporam o limite do cartão de crédito e do cheque especial ao seu orçamento.

Ao considerar tais colocações, esta pesquisa buscou contribuir para um melhor orçamento familiar e auxiliar na análise sobre os problemas nos planejamentos financeiros pessoais e familiares, comparando as diferentes decisões entre jovens e adultos. Buscou ainda difundir o tema e contribuir no conhecimento da acadêmica para futuras pesquisas na área de finanças pessoais.

Este estudo proporcionou à pesquisadora evidencias que levam os consumidores a optar por determinados comportamentos e o que isto influencia na qualidade de vida dos mesmos. Ao município uma base de dados sobre o comportamento financeiro dos seus munícipes. À universidade um novo estudo, podendo servir de base para novas pesquisas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo tem como propósito a abordagem dos principais estudos elaborados em relação ao tema proposto nesta pesquisa. Esta análise visa sustentar teoricamente as idéias e sugestões propostas pela autora.

2.1 Administração Financeira

Para Gitman (2001), finanças é o método e a forma de conhecimento do gerenciamento de fundos. As finanças lidam com o processo, as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre indivíduos, negócios e governo.

A administração financeira para Zdanowicz (1998) tem como foco a captação, aplicação e distribuição eficiente dos recursos necessários para que a organização possa trabalhar conforme os objetivos e as metas propostas. Para que aconteça essa distribuição corretamente, a adoção de algum método de monitoramento torna-se fundamental.

Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza dos acionistas utilizando algumas metodologias, entre elas o valor presente líquido (fluxo de caixa, descontado o valor presente menos os custos originais) para mensurar a rentabilidade (Groppelli e Nikbakht, 2010).

Assim a definição de um administrador financeiro é imprescindível. À ele competirá algumas tarefas, que Silva (2008) considera como sendo as funções básicas de um administrador financeiro. São elas, análise, planejamento e controle financeiro; tomadas de decisões de investimentos;tomadas de decisões de financiamentos.

Análise, planejamento e controle financeiro consistem em coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de dados financeiros, bem como determinar o volume de capital necessário.

As decisões de investimentos dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes (realizáveis a longo prazo e permanentes), considerando-se a relação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos.

As decisões de financiamentos são tomadas para captação de recursos financeiros para o financiamento dos ativos correntes e não correntes, considerando-se a combinação adequada dos financiamentos a curto e longo prazo e a estrutura de capital.

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As finanças como área de conhecimento, podem ser subdivididas em três grandes segmentos: mercado financeiro, que estuda os comportamentos dos mercados, seus vários títulos e valores mobiliários negociados e as instituições financeiras que atuam neste segmento; as finanças corporativas, que estudam os processos e as tomadas de decisões nas organizações; e, recentemente o segmento das finanças pessoais, com os estudos dos investimentos e financiamentos das pessoas físicas, com alta relação com a área do mercado financeiro (ASSAF e LIMA, 2009).

Este último segmento traz uma série de fatores decisivos para que seu bom desempenho aconteça. Considerando isto, torna-se fundamental o estudo dos dois eixos mais importantes que envolvem a tomada de decisão dos indivíduos em relação as finanças pessoais. Trata-se das fontes de financiamento e investimento.

2.1.1 Fontes de Financiamento

O crédito massificado, concedido pelos bancos através das linhas de crédito direto ao consumidor (CDC) e de empréstimo pessoal, é um dos segmentos mais rentáveis do sistema financeiro, apesar de registrar os maiores índices de inadimplência (COSTA, 2002). Isso demonstra o quanto há procura deste setor por parte dos consumidores.

As instituições financeiras são as principais fomentadoras dos empréstimos, são elas as responsáveis pela disponibilização dos mesmos. Geralmente elas são controladas pelo Banco Central do país, órgão que dita as principais regras sobre os empréstimos (HOJE, 2009).

As taxas de juros dos empréstimos são definidas através da lei da oferta e da demanda, na maioria dos países. Algumas modalidades de empréstimos possuem regras determinadas pelos bancos centrais, que pode estipular uma taxa de juros padrão para alguns tipos de empréstimos que são oferecidos através de recursos de fundos, como por exemplo Poupança e FGTS (HOJE, 2009).

Segundo Hoje (2009), nos últimos anos houve uma proliferação de Financeiras oferecendo empréstimos, em varias modalidades, sendo elas:

- Empréstimo sem consulta – é o empréstimo onde qualquer pessoa tem um limite pré aprovado de crédito independente de sua renda e que atenda a alguns pré requisitos da financeira.

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- Empréstimo Consignado: é o empréstimo onde os débitos das parcelas são realizados diretamente no salário do tomador do empréstimo.

- Empréstimo online: É o empréstimo onde a financeira já oferece uma linha de credito ao possível tomador de empréstimo.

Segundo dados do Banco Central do Brasil, a linha que mais endivida a população é o limite de cheque especial. Este é um produto que decorre de uma relação contratual em que é fornecida ao cliente uma linha de crédito para cobrir cheques que ultrapassem o valor existente na conta. O banco cobra juros por esse empréstimo. (O produto fica vinculado à conta corrente e os recursos são disponibilizados automaticamente, conforme a necessidade do cliente.

Os bancos cobram juros e encargos cada vez que os recursos são utilizados. Na maior parte das instituições financeiras, esse valor é descontado uma vez por mês, em data de vencimento predeterminada. No entanto, alguns bancos já permitem o pagamento do cheque especial em parcelas, como acontece nos empréstimos comuns.

Carreira (2013) aponta em sua reportagem no site do Estadão que os juros cobrados pelos bancos no cheque especial e no empréstimo pessoal subiram em setembro/2013 na comparação com agosto/2013. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Procon-SP no último dia 3, a taxa média mensal do cheque especial passou de 7,98% para 8,03%, enquanto a taxa média do empréstimo pessoal foi de 5,24% para 5,27%. O levantamento envolveu sete instituições financeiras: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander.

Campos e Izaguirre (2014) assinalam que os juros médios cobrados pelo sistema financeiro nas suas operações de crédito subiram de 20,7% ao ano para 20,9% ao ano entre janeiro e fevereiro, maior patamar desde maio de 2012. A alta mensal acontece em linha com a continuidade do movimento de aumento da taxa básica de juro, que está em 10,75% ao ano.

Os dados, divulgados pelo Banco Central (BC, 2013), mostram que o custo médio do dinheiro subiu 2,4 ponto percentual desde que o Copom começou a apertar as condições monetárias em abril do ano passado.

Em fevereiro de 2012 a alta dos juros foi mais forte nas operações contratadas com pessoas físicas, cujas taxas médias subiram de 26,8% em janeiro para 27,2% em fevereiro, maior patamar desde maio de 2012. Para as pessoas jurídicas as taxas apontaram alta de 0,1 ponto, para 16%, vindo de 15,9% em janeiro de 2012.

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A alta dos juros cobrados pelo sistema financeiro em fevereiro é explicada pelos spreads bancários, que avançaram em 0,4 ponto, para 12,2 ponto percentual em fevereiro. O spread é a diferença entre os custos de captação dos bancos e o percentual cobrado dos clientes nos empréstimos. O custo médio de captação dos bancos não contribuiu para a alta do juro, ao cair 0,2 ponto, de 8,9 ponto em janeiro para 8,7 ponto em fevereiro (Banco Central do Brasil, 2013)..

Nas operações de crédito com pessoas físicas, o spread passou de 17,3 pontos percentuais para 18 pontos percentuais de janeiro para fevereiro. No crédito às empresas, foi verificada alta de 7,6 pontos para 7,7 pontos.

O saldo dos empréstimos originados de recursos de livre aplicação pelo sistema financeiro subiu apenas 0,1% de janeiro para fevereiro, fechando o bimestre em R$ 1,492 trilhão. Olhando só para o crédito livre, os números do BC mostram expansão de 0,4% no saldo das operações com empresas e retração de 0,3% na parte da carteira relativa à clientela de pessoas físicas. Houve concessões de crédito livre novo para as famílias, mas elas foram 0,9% menores em fevereiro do que em janeiro. O fluxo de crédito novo com recursos livres para as empresas aumentou 4% nessa mesma comparação.

2.1.2 Fontes de Investimentos

Os investimentos são aplicações de recursos em bens ou serviços que trazem alguma forma de retorno financeiro. Conforme Martins (2001, p. 25) “investimento é o gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos.”

Algumas formas de aplicação possuem liquidez imediata e outras não, portanto a pessoa deve conciliar este fato as suas necessidades. Devem-se considerar também as questões tributárias envolvidas em cada aplicação e a credibilidade dos gestores destas aplicações, pois estes irão gerenciar o dinheiro aplicado. Geralmente os maiores retornos envolvem maiores riscos, então no momento da aplicação em algum tipo de investimento, a pessoa deve considerar o seu perfil de investidor e a finalidade a que se destina esta aplicação (PIRES 2005, p.63).

Silva (2008) defende a idéia de que as opções existentes para qualquer tipo de investimento devem ser decompostas nos seus três fatores fundamentais: rentabilidade, liquidez e risco. Esse tripé sustenta os investimentos e devem ser sempre avaliados. Em condições normais, percebe-se que, quanto maior a rentabilidade, menor a liquidez; quanto maior a liquidez, maior o risco; quanto maior o risco, maior a rentabilidade e assim por diante.

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A atuação do administrador financeiro é de tentar eliminar o grau da incerteza, ou seja, estimar a probabilidade de ocorrência do evento, saindo do conceito de incerteza e chegando ao conceito de risco.

Como não há possibilidade de extinção do risco, cabe ao profissional de finanças administrá-lo. Em toda e qualquer atividade em que a empresa atue, existe um componente de risco, que será maior ou menor dependendo de duas variáveis: primeiro, o impacto quantitativo que pode causar sobre os resultados ou receitas da empresa, e, segundo, a probabilidade estatística de que esse fato ou impacto aconteça (PINHEIRO, 2007).

O risco de mercado pode ser dividido em quatro grandes áreas: risco do mercado acionário, decorrente da possibilidade de perdas decorrentes de mudanças adversas nos preços de ações ou em seus derivativos; o risco do mercado de câmbio, proveniente da possibilidade de perdas devido a mudanças adversas na taxa de câmbio ou em seus derivativos; o risco do mercado de juros, proveniente da possibilidade de perdas, no valor de mercado de uma carteira, decorrentes de mudanças adversas nas taxas de juros ou seus derivativos; e o risco do mercado de commodities, referente à possibilidade de perdas decorrentes de mudanças adversas nos preços de commodities e/ou em seus derivativos (HOJI, 2007).

Existem diversas modalidades de investimento, disponíveis no mercado financeiro, e estas variam conforme a necessidade de risco e retorno de cada poupador. As principais fontes de investimento são a caderneta de poupança, títulos públicos, certificado de depósito bancário, bolsa de valores e imóveis.

A caderneta de poupança é uma modalidade de aplicação financeira cujos recursos são aplicados no Sistema Financeiro da Habitação e em crédito rural. Caracteriza-se pelo pagamento de uma taxa de juros fixa, atualmente de 6% a.a., acrescida da correção do saldo aplicado pela Taxa Referencial (TR) (Banco Central do Brasil, 2013).

Para Carneiro (2013) devido a sua longevidade e tradição, a Poupança tornou-se o tipo de investimento mais conhecido pelos brasileiros, principalmente por aqueles que possuem menor poder aquisitivo e pouca informação sobre o funcionamento do mercado financeiro.

De acordo com Cerbasi (2008) a poupança foi criada para levantar fundos para o financiamento imobiliário, ou seja, funciona como uma espécie de parceria entre os bancos e o Banco Central do Brasil, que determina que todas as instituições sigam exatamente todas as regras. A remuneração é feita a cada mês contemplado, desta forma, os recursos resgatados

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antes da chamada data de aniversário perdem a remuneração do mês em curso e não há incidência de Imposto de Renda sobre os rendimentos, para Pessoa Física.

Outra forma de investir é por meio dos títulos públicos. Estes títulos são emitidos pelos governos federal, estadual e municipal com o objetivo de captar recursos e financiar as diversas atividades do orçamento público. A grande vantagem do programa Tesouro Direto é permitir investimentos a partir de cerca de R$ 200, viabilizando a negociação dos títulos da dívida pública para pequenos investidores. Outra vantagem, que é o principal atrativo desta modalidade, está nos reduzidos custos em relação às taxas de administração de fundos (CERBASI, 2008).

Enquanto fundos populares, para captação de pequenos valores, costumam praticar de 3 a 4% ao ano para administrar a compra e venda de títulos. No tesouro direto a cada compra, são cobrados 0,40% sobre o valor do investimento a título de taxa de custódia, ao ano. Mais a sobretaxa que os chamados agentes de custódia (bancos e corretoras) costumam cobrar, que raramente passam de 0,5%, mas também podem chegar a 2%.

Para Cerbasi (2008) os principais títulos negociados são os títulos federais, que são:Letra do Tesouro Nacional (LTN): Título pré-fixado, com rentabilidade definida no momento da compra. Se o comprador sustentar o título até o vencimento, receberá exatamente o que investiu mais a ganho determinado pela taxa da época da compra.

Letra Financeira do Tesouro (LFT): título cuja rentabilidade segue a taxa de juros básica da economia (taxa Selic), com a quitação do valor investido mais os rendimentos do final do prazo contratado ou na data de resgate antecipado.

Nota do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B): Título cuja rentabilidade acompanha a variação do IPC-A, com a soma de juros previamente definidos no momento da aquisição. Sua principal característica é o pagamento semestral dos juros, ficando para a data de vencimento apenas a devolução do valor investido e os juros do ultimo semestre de investimento.

Segundo Martins (2004) os títulos púbicos do governo brasileiro sempre foram íntegros e representam um investimento de baixíssimo risco. Em comparação com os países desenvolvidos, os títulos brasileiros sempre pagaram altas taxas de juros reais. Quando no mundo adiantado é difícil conseguir mais que 4% ao ano comprando títulos do governo, no Brasil tem sido normais taxas acima de 10% ao ano, já descontada a inflação.

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O Certificado de depósito bancário - CDB é outra opção aos poupadores. É um empréstimo conferido a uma instituição financeira por seus clientes. As taxas de juros dos CDBs podem ser pré ou pós-fixadas. O CDB pré fixado é adequado para quem se satisfaz com rendimentos determinados por uma taxa fixa. Os CDBs pós-fixados são adequados para quem teme o aumento da inflação e/ou dos juros da economia, costumam ter sua rentabilidade vinculada a dois tipos de indicadores: a taxa de mercado (CDI) ou a inflação (CERBASI, 2008).

A taxa de juros oferecida pelos bancos depende diretamente do volume investido pelo cliente na instituição. Quanto maior o volume aplicado, ou seja, quanto mais dinheiro o cliente tiver para efetuar em uma única aplicação em CDB, melhor (mais rentável) para o cliente é a taxa oferecida.

Outra opção pra quem deseja investir seus recursos é o mercado de ações. Esta linha de investimento geralmente é procurada por investidores mais corajosos, que ao mesmo tempo em que assumem riscos maiores, possuem a chance de obter retornos mais elevados. As ações são pequenas partes de uma empresa. Por isso quem detém ações em uma companhia é dono de uma parte dela, ou melhor, é um dos seus acionistas.

Ações nominativas são cautelas ou certificados que apresentam o nome do acionista, cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação de termo, em livro próprio da sociedade emitente, identificando o novo acionista. As escriturais são as ações que não são representadas por cautelas ou certificados, funcionando como uma conte corrente, na qual os valores são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não havendo movimentação física dos documentos (SILVA 2004,p.83).

Conforme sitio da BM&F Bovespa (2013), quando uma empresa vai bem, ela divide os lucros com quem tem suas ações. Isso são os dividendos. Ou seja, os dividendos correspondem à parcela de lucro distribuída aos acionistas, na proporção da quantidade de ações detida, apurado ao fim de cada exercício social. A companhia deve distribuir, no mínimo, 25% de seu lucro líquido ajustado.

Segundo reportagem de Julia Wiltgen na revista Exame em maio de 2014, para 79% dos brasileiros, a educação dos filhos é o melhor investimento que se pode fazer. Os pais brasileiros estão entre os que mais se preocupam com a educação dos filhos em todo o mundo. Segundo a pesquisa global “O valor da educação”, do HSBC, 79% dos pais brasileiros consideram que o melhor investimento que podem fazer é pagar pela educação dos filhos. Trata-se do maior percentual dentre todos os 15 países pesquisados.

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Em grande parte, isso decorre da visão que os brasileiros têm em relação à educação no país: 66% dos pais entrevistados acreditam que as escolas particulares são melhores que as públicas e 79% consideram que o ensino brasileiro não é tão bom quanto a melhor educação oferecida em outros países. Além disso, as expectativas dos pais brasileiros em relação aos filhos são altas: 97% deles desejam que os filhos cursem uma graduação na Universidade, e 84% querem que eles também façam pós-graduação.

2.2 Finanças Pessoais

Conforme Silva (2004), finanças é um ramo da economia que trata do relacionamento com a obtenção e a gestão do dinheiro e os recursos ou o capital, por parte de uma pessoa ou empresa. Ainda pode, ser definida como a arte e a ciência de administrar os valores e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, negócios e governos.

Na sociedade moderna, caracterizada pelo consumo, o dinheiro, muito além de significar riqueza e poder, é um item básico, independente da classe social (SILVA, 2004).

Finanças pessoais é um tema atual no qual aborda o comportamento e conceitos financeiros das pessoas em lidar com dinheiro e como se planejar financeiramente como nos exemplos de financiamento, orçamento doméstico, cálculo de investimento, gerenciamento de conta corrente, plano de aposentadoria, acompanhamento de patrimônio e acompanhamento de gastos como tarefas relacionadas com finanças pessoais (LEAL; NASCIMENTO, 2008).

Ter dinheiro significa sobreviver e ter mais dinheiro significa sobreviver com mais conforto. O dinheiro bem administrado traz satisfação, realiza desejos e transforma sonhos em realidade. É preciso entender o que ele representa e qual a sua utilidade e importância para assegurar a própria sobrevivência (VIANA FILHO, 2003).

Considerando isso, entende-se que o equilíbrio financeiro pessoal não está em ter as contas em dia, sem dívidas atrasadas e sem investimentos. O equilíbrio desse tipo de situação é muito delicado e pode se desfazer diante de qualquer imprevisto (CERBASI, 2009).

Para uma melhor segurança, sugere-se que a pessoa tenha o chamado Patrimônio Mínimo de Sobrevivência, que são os recursos necessários aos indivíduos para que simplesmente possam dar um rumo a sua vida em caso de desemprego, doenças ou planos frustrados em sua atividade de negócios. É com muita reserva que se manterá um padrão de consumo até que as coisas normalizem (CERBASI, 2009).

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Com o Patrimônio Mínimo de Sobrevivência bem estabelecido, os indivíduos alcançarão uma boa saúde financeira, não necessitando adquirir valores em outras instituições. Todavia, a questão de obter recursos de terceiros é muito particular e pessoal, pois depende das necessidades e expectativas de cada pessoa. Em alguns casos, como na aquisição de um imobilizado (casa, veículos, eletrodomésticos, etc.) necessita-se da capital de terceiros, pois caso contrário ficaria difícil efetuar tais aquisições (PIRES, 2005).

Evitar financiamentos, empréstimos, cheque especial e prestações é uma boa maneira de se obter estabilidade financeira nas finanças pessoais, reduzindo com isso o pagamento de juros a terceiros e educando a pessoa a efetuar seus pagamentos mediante as suas condições financeiras, de acordo com seus recebimentos. Apesar de parecer insignificante sendo dissolvido entre as prestações, este valor no montante geral, representa um percentual alto em relação ao recurso obtido, descapitalizando o patrimônio pessoal ao longo do tempo (PIRES 2005, p. 70).

O mau gerenciamento das finanças pessoais gera reflexos diretos na economia. Uma das causas da extinção de muitas empresas em curto prazo se dá pela falta de educação financeira dos empresários, que não possuem conhecimentos relacionados a finanças, contabilidade, administração e economia.

Poucos brasileiros têm o hábito de colocar no papel suas receitas e despesas. Em geral, as pessoas da classe média, quando solicitadas a dizerem para onde vai o salário, só conseguem lembrar de aproximadamente 80% daquilo que gastam, ou seja, não conseguem discriminar cerca de 20% de suas despesas. Quando as pessoas começam a anotar os gastos, já costumam reduzi-los em cerca de 12%. Isso acontece porque o ato de anotar faz você pensar duas vezes antes de gastar (MACEDO, 2007, p. 36).

Conforme Frankenberg (1999), de forma geral, no Brasil existe pouca ou nenhuma educação financeira, muitos anos de inflação, desinformação e erros cometidos por sucessivos governos do passado resultaram em conceitos errôneos de planejamento financeiro.

2.2.1 Planejamento Financeiro

Conforme Viana Filho (2003), para algumas pessoas, é natural findar o mês com sobras de pagamentos e falta de recebimentos. Elas desenvolvem em torno de si uma estrutura de custos elevada comparada a sua renda, seja por motivos objetivos, como aluguel, transporte, escola, ou por motivos subjetivos, aqueles relacionados a aspectos psicológicos sem um controle, de forma compulsiva.

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Para Frankenberg (1999, p. 31) “planejamento financeiro pessoal significa estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família”

Planejamento financeiro é o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal. Permite que você controle sua situação financeira para atender necessidades e alcançar objetivos no decorrer da vida. Inclui programação de orçamento, racionalização de gastos e otimização de investimentos (MACEDO, 2007, p. 26).

Frankemberg (1999) afirma que é preciso haver uma conscientização por parte das pessoas para que as mesmas saibam o que é necessário para a vida, em comparação com os objetivos, e planos de curto, médio e longo prazo. Na maioria das vezes, aquele dinheiro gasto com coisas supérfluas poderia ser poupado para investir numa capacitação profissional, o que poderia significar uma melhoria na condição financeira, contribuindo para o bem-estar pessoal.

A importância de se ter uma vida financeira controlada e planejada nem sempre é prioridade na vida das pessoas. Alguns consideram difícil organizar receitas e despesas, outros não sabem por onde começar ou não tem uma direção a seguir. Com uma vida financeira bem controlada, o dinheiro vai render mais, possibilitando a realização de planos e sonhos considerados inatingíveis, mesmo sem alteração alguma na renda (MELLO, 2010).

Para atingir a independência financeira é preciso muita disciplina, organização e persistência em buscar os objetivos, e o planejamento financeiro torna-se imprescindível para melhor orientar as finanças pessoais. Vale destacar que a independência ou a tranqüilidade financeira não é possuir muito dinheiro, mas sim um capital que garanta o suprimento das necessidades de acordo com o estilo de vida desejado (PIAIA, 2008, p.69).

Para Martins (2004, p. 97) “na elaboração de um planejamento financeiro, é preciso deixar espaços para modificações corretivas, que são necessárias em função da mudança dos fatos da vida. Um bom planejamento é aquele que define uma faixa larga”. Ou seja, considera que não existe uma linha única a ser seguida, às vezes o orçamento pode pender tanto para a direita quanto para a esquerda. O importante é que permaneça com poucas variações, desta forma os objetivos serão atingidos.

Um planejamento que trace uma linha única, sem possibilidade de alterações para mais ou para menos, acaba virando uma camisa-de-força impossível de ser cumprida.

A regra mais importante para ter uma boa saúde financeira é gastar menos do que se ganha. Apesar de ser uma regra básica e simples de ser seguida, ela não é observada pela

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maioria das famílias brasileiras, como constatado através da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na pesquisa realizada pelo IBGE (2008-2009), verificou-se que 17,9% das famílias brasileiras tem dificuldade para chegar ao fim do mês com o rendimento monetário familiar, segundo a situação do domicilio e as classes de rendimento total, bem como a variação patrimonial mensal familiar – Brasil

Ainda tem-se idéia de que muito dinheiro soluciona os problemas financeiros. Isso não é considerado verdade e já foi provado por diversos veículos de comunicação, os quais evidenciaram pessoas que, por motivos variados, ficaram milionárias do dia para a noite e, com uma velocidade muito parecida, voltaram à situação anterior, ou ainda pior (MELLO 2010, p. 14)

O Planejamento, associado à organização, pode ser considerado o primeiro degrau na consecução dos objetivos familiares. O processo de planejar requer um modelo de pensar que envolve interesses e indagações e esses envolvem questionamentos sobre o que será feito, como, para quem, quando, por que, por quem e onde será feito (HALFELD, 2008).

Surge aí a necessidade da elaboração de um orçamento financeiro, que segundo Martins (2004, p. 65) pode ser considerado

O ato de estimar a renda familiar, definir metas de resultado e fixas as despesas. Há vários modelos de orçamento familiar para o período de um mês, um trimestre ou um ano. A sugestão é que a família faça um orçamento do seu fluxo de caixa para o período de um ano inteiro.

2.2.2 Controles Financeiros

Um instrumento facilitador ao controle das entradas e desembolsos de disponibilidades é o fluxo de caixa, que pode ser tanto utilizado na gestão financeira empresarial, quanto no controle das finanças pessoais, Zdanowicz (1998) conceitua fluxo de caixa como uma ferramenta que conduz o administrador financeiro ao planejamento, organização, coordenação, direção e controle dos recursos financeiros de uma empresa ou até mesmo de uma família em um determinado período.

Elaborado em períodos, o fluxo de caixa deve compreender um resumo do cronograma das despesas e investimentos, das receitas previstas e épocas de realizações dos pagamentos parciais ou totais de obrigações, bem como de novas obrigações a contratar, possibilitando prever: as projeções das entradas e saídas de recursos, os períodos deficitários e superavitários da projeção e os resultados finais por períodos (KUSTER E NOGACZ, 2010, p.38).

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Oliveira (2005, p. 56), considera o fluxo de caixa como “um instrumento de gestão financeira que projeta para períodos futuros todas as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa para o período projetado”.

O controle de caixa de acordo com Li (1977) tem a finalidade de manter registro de todos os recebimentos e pagamentos que ocorrem diariamente. O registro diário de caixa constitui-se numa seqüência de gastos e recebimentos efetuados durante um determinado período. Um investimento de capital é caracterizado por um determinado gasto inicial e um fluxo de recebimentos futuros.

Dessa forma, pode-se dizer que, ao ser realizado um investimento, os gastos e recebimentos dele provenientes originam um fluxo de caixa.

Administrar o caixa segundo Resnik (1990) significa controlar sua disponibilidade com base em uma compreensão e planejamento das necessidades financeiras. A responsabilidade pela administração de caixa começa com o cálculo de estimativas de entrada e desembolso de dinheiro.

Tão importante quanto saber o quanto se ganha, é o quanto desses rendimentos estão comprometidos e o quanto ainda se pode gastar. É aí que vem a importância dos controles de contas a pagar e contas a receber. O controle de contas a pagar permite uma melhor visualização global dos compromissos assumidos, permitindo acompanhar de forma fácil os pagamentos a serem efetuados em determinado período.

O controle das contas a pagar de acordo com o SEBRAE (2000) serve para avaliar as melhores oportunidades de assumir novos compromissos, de maneira a não centralizar muitos pagamentos em determinadas datas.

O controle deve ser preenchido de acordo com o vencimento, sendo que o ideal é que a organização dos compromissos seja feita mês a mês, ou seja, compras com vencimento em janeiro devem ser registradas em um controle, compras feitas em fevereiro em outro, e assim respectivamente. Este controle possibilita que o empresário fique permanentemente informado sobre vencimento dos compromissos, como estabelecer prioridades de pagamento e montante dos valores a pagar (SEBRAE, 2000).

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2.2.3 Educação Financeira

O governo como maneira de propiciar o crescimento econômico e financeiro procurou nos últimos anos ampliar a oferta de crédito para incentivar o consumo dos bens e serviços e, assim, aumentar a produção.

Segundo informações da OCDE (2004), o consumo das famílias não consegue sozinho, estimular os investimentos, que geram empregos e elevação de renda. Para agravar esse quadro, a população despreparada para dimensionar o volume de comprometimento do seu orçamento, avança com ímpeto ao crédito fácil e, endividada, busca caminhos para restaurar o seu equilíbrio. O crescimento desorientado do crédito produz a inadimplência. A partir daí, os empréstimos são interrompidos a economia reduz a sua atividade. Como conseqüência dessas ações, surge um círculo vicioso de expansão e retração do crescimento.

Observa-se ainda que o Brasil passa por mudanças em sua estrutura social nos últimos anos. É visível a ampliação do número de profissionais qualificados, aumento nos lucros das empresas de diferentes ramos, bem como o número de carros nas ruas. E qual a relação entre esses itens? O brasileiro, embora esteja ganhando mais, prolongue seu tempo de estudo e ascenda a um status desejado, ele não tem controlado suas dívidas (ALMEIDA, CORDEIRO E FIGUEIREDO, 2013).

Reconhecendo a necessidade de se desenvolver a poupança previdenciária e melhorar o entendimento dos indivíduos sobre os produtos financeiros, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) criou o Financial Education Project para estudar a educação financeira e propor programas aos seus países-membros (OCDE, 2004).

Pesquisas realizadas pela OCDE, nos seus não-membros, originaram recomendações e princípios enumerados no Quadro 1.

Referências

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