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Desenvolvimento sustentável e falhas de mercado: uma análise do comportamento empresarial

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO

Desenvolvimento Sustentável e Falhas de

Mercado: Uma análise do comportamento

empresarial

OSCAR COSTA FILHO

FORTALEZA 2018

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OSCAR COSTA FILHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia (Mestrado Profissional). Área de

concentração: Economia do Setor Público

Orientador: Prof. Dr. Emérson Luis Lemos Marinho

FORTALEZA 2018

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OSCAR COSTA FILHO

Desenvolvimento Sustentável e Falhas de Mercado: Uma análise do comportamento empresarial Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação no Mestrado Profissional em Economia, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia.

Área de concentração: Economia do Setor Público

Aprovada em __/_____/____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Professor Doutor Emerson Luís Lemos Marinho (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________ Professor Doutor Maurício Benegas

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________ Professor Doutor Daniel Maia

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________ Professor Doutor Custódio Luís Silva de Almeida

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“São os tempos de grande perigo em que aparecem os filósofos. - Então, quando a roda rola com sempre mais rapidez, eles e a arte tomam o lugar dos mitos em extinção. Mas projetam-se muito à frente, pois só muito de- vagar a atenção dos contemporâneos para eles se volta. Um povo consci- ente de seus perigos gera um gênio”.

F. Nietzsche, Der Wille zur Macht, n. 420

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RESUMO

Em um cenário de transformações no quadro ambiental, é crucial o fortalecimento do debate entre ética e economia no que concerne ao meio ambiente, aos seus recursos escassos e a preocupação com as gerações futuras. Assim, o papel da economia e da ética na sustentabilidade tem-se acentuado ao longo do século XXI no que tange aos aspectos ecológicos e ambientais do planeta. Diante do panorama ambiental atual e seus efeitos de longo prazo, organizações sociais e outras entidades vêm adotando uma postura que exija mais responsabilidade social e minimize riscos de impactos ambientais, externalidades negativas bem como preservação dos recursos naturais. Neste trabalho, foi feita uma discussão sobre quais são os instrumentos econômicos de proteção ao meio ambiente e desafios da sustentabilidade empresarial além da motivação das empresas em se adequar aos conceitos de desenvolvimento sustentável. Diversos indicadores, como o índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e Dow Jones Sustainability Index (DJSI), foram utilizados para evidenciar que empresas preocupadas com a ética ambiental e sustentabilidade empresarial geraram lucros maiores no longo prazo.

Palavras-chaves: ética e economia, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade empresarial.

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ABSTRACT

In a conjuncture of transformations in the environmental context, it is crucially important to strengthen the debate between ethics and economics with regard to the environment, its scarce resources and concern for future generations. The role of economics and ethics in sustainability has been accentuated throughout the 21st century due to the constant debate between researchers and society about the projections and risks with regard to the ecological and environmental aspects of the planet. In view of the current environmental panorama and its long-term effects, social organizations and other entities are adopting a posture that demands more social responsibility and minimizes risks of environmental impacts, negative externalities as well as preservation of natural resources. The objective of this work is to make a brief discussion of what is sustainable development, to discuss about the economic instruments to protect the environment and to know the challenges of corporate sustainability and the motivation of companies to adapt to the concepts of sustainable development. The methodology was based on the review of previous studies, using bibliographical research and logging techniques. The indicators used in academic articles used in this study showed that companies concerned with environmental ethics and business sustainability generated higher profits for companies in the long run.

Keywords: ethics and economics, sustainable development, business sustainability,

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curva de Kuznets: Relação entre poluição e renda per capita ... 13 Figura 2: Equilíbrio competitivo com externalidade negativa ... 18 Figura 3: Imposto na Presença de Externalidade Negativa ... 24 Figura 4:Valorização das ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em comparação ao Índice Dow Jones Geral (DJGI) – Período dez/1993 a dez/2005 – Valores em US$ ... 31 Figura 5: Retorno anual dos índices de BM&BOVESPA ... 33

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Sumário

1 INTRODUÇÃO... ... 10

2 UMA BREVE DIGRESSÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE... ... 12

3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA ECONÔMICA...14

4.1 Falhas e Intervenção de Mercado ... 16

4.2 O Problema das Externalidades Negativas... 17

4.3 Correções das Externalidades ... 19

4.3.1 Direitos de Propriedade e Poluição (Créditos de Carbono) ... 19

4.3.2 Internalizar as Externalidades ... 22

4.3.3 Intervenção Governamental e o Imposto de Pigou ... 23

5. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS ... 26

5.1 A Exigência de uma Nova Ética Empresarial e a Tragédia dos Comuns .... 28

5.2 Os Incentivos Econômicos da Sustentabilidade Empresarial ... 29

6 O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL ... 30

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1 INTRODUÇÃO

A ética, ao contrário do senso comum e de uma ampla gama de profissionais de economia, não é tema fora de seu escopo. Desde a gênese do conceito, Aristóteles (1991) já considerava a arte política como associada ao tema da economia.

Como bem observa Sen (2012), a origem da economia relacionada à ética e à concepção ética da política perdeu sua importância com a evolução da economia moderna quando a economia positiva não apenas se esquivou da análise econômica normativa como também teve o efeito de deixar de lado considerações éticas que afetam o comportamento humano real1.

Ademais, Adam Smtih, tido como o fundador da ciência econômica, na condição de professor de filosofia moral, não obstante sermos movidos por nossos interesses pessoais, destacava que as ações deveriam ser balanceadas por sentimentos de solidariedade. De acordo com Smith (2002), por mais egoísta que se possa admitir que seja o homem, é evidente que existem certos princípios em sua natureza que o levam a interessar-se pela sorte dos outros e fazem com que a felicidade destes seja necessária, embora nada obtenha que não o prazer de testemunhar.

Giannetti (2007) destaca que a ciência positiva é um insumo valioso para a reflexão ética, muito embora seria um erro acreditar que ela pode responder sozinha pelo produto final. Adicionalmente, atenta que nenhuma quantidade de conhecimento sobre o mundo como ele é pode nos permitir, por si só, dar o passo seguinte e fazer afirmações sobre o mundo como ele deve ser.

De fato, Harari (2016) dentro desse mesmo diapasão ressalta que a fórmula científica leva a descobertas impressionantes, mas não pode lidar com questões de valor e significado. É também dentro desse contexto que Giannetti (2007) observa que Frank Knight, economista americano e um dos pais da escola de Chicago, observa que os problemas básicos da sociedade moderna são problemas de valor em relação aos quais as ciências naturais têm pouca

1 Sen (2012) também destaca que as questões éticas dominaram os escritos de economistas como Adam

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relevância, tendo a ciência pouco a dizer sobre os fins para os quais seu poder adquirido pelo conhecimento poderá ser utilizado.

Assim, pondera Barros Filho e Meucci (2013), a ética é um saber que estuda as formas de pensamento que o homem propôs ao longo da história do seu pensamento para viver o melhor possível. Dito de outra forma, o campo ético é o espaço intelectual coletivo para encontra a melhor maneira de conviver.

De maneira mais específica, Arruda, Whitaker e Ramos (2017) mostram que a ética nas organizações e o compromisso das empresas é um tema que vem adquirindo relevância e destaque em razão do crescente espaço e importância dos valores éticos na governança corporativa.

Além disso, em uma conjuntura de transformações no quadro ambiental, é crucialmente importante fortalecer o debate entre ética e economia no que concerne ao meio ambiente, aos seus recursos escassos e a preocupação com as gerações futuras. Diante deste argumento, o papel da economia e da ética na sustentabilidade tem se acentuado ao longo do século XXI, devido ao constante debate entre pesquisadores e sociedade sobre as projeções e riscos no que se refere aos aspectos ecológicos e ambientais do planeta.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho é fazer uma discussão do que é desenvolvimento sustentável, discutir sobre quais são os instrumentos econômicos de proteção ao meio ambiente e conhecer os desafios da sustentabilidade empresarial e a motivação das empresas em se adequar aos conceitos de desenvolvimento sustentável.

Além desta introdução, esta dissertação apresenta mais seis seções. Na seção seguinte há uma breve digressão entre meio ambiente e crescimento econômico. A seção 3 discorre os fundamentos teóricos da sustentabilidade sob a ótica econômica. Na seção seguinte é feita uma discussão dos instrumentos que minimizam os impactos ambientais causadas pelas firmas. Na seção posterior, é feita uma análise sobre sustentabilidade empresarial tendo a seção 6 sido reservada para estudos e índices que demonstram que empresas que investem nesse campo e possuem retorno econômico de longo prazo. Finalmente, na seção 7 são tecidas as considerações finais.

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2 UMA BREVE DIGRESSÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE

Existem diferentes desafios a serem discutidos no meio acadêmico e profissional, tendo poluição e crescimento econômico como grandes temas desse contexto. No caso deste último, sob algum princípio da ética, sua abordagem não deve ser um simples instrumento para alcançar o máximo lucro no tempo presente.

De forma geral, uma miríade de fatores afeta o crescimento econômico. Burgenmeier (2005), por exemplo, sintetiza algumas variáveis que podem ser elencadas no Quadro 1 a seguir. Pode-se destacar que os recursos naturais são um importante fator de produção, obedecendo, como os demais, a lógica econômica na medida em que sua escassez pode ter severos impactos na perda de produtividade a longo prazo.

Quadro 1: Variáveis que Impactam o Crescimento Econômico Comportamento Humano Trabalho como fator de produção

Qualificação e relação de substituição entre trabalho e lazer Formação do Capital Investimento em infraestrutura e equipamentos

Poupança dos agentes

Progresso técnico Evolução do conhecimento

Investimento em pesquisa e desenvolvimento

Recursos naturais Energia, sol, água, clima, biodiversidade, entre outros. Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005).

Sob o espectro econômico, a relação entre poluição e progresso técnico é representada pela curva ambiental de Kuznets. Em sua gênese, a curva era uma relação entre crescimento econômico e desigualdade social, em que o crescimento em sua fase inicial acarretaria aumento de desigualdade, e redução de desigualdade no longo prazo.

Por sua vez, no caso do meio ambiente, a curva de Kuznets observa que o crescimento econômico no curto prazo tende a aumentar a emissão de poluição, mas que em uma segunda fase consegue reduzir devido ao aperfeiçoamento do progresso técnico. Nesses termos, Veiga (2005) destaca que o crescimento só prejudica o meio ambiente até um determinado patamar de riqueza aferida pela renda per capita, passando, então, a compor uma

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relação de sustentabilidade. A Figura 1 descreve a curva de Kuznets em termos de meio ambiente.

Figura 1: Curva de Kuznets: Relação entre poluição e renda per capita

Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005)

Diante do panorama ambiental atual e seus efeitos de longo prazo, organizações sociais e outras entidades vem adotando uma postura que exija mais responsabilidade social e minimize riscos de impactos ambientais, externalidades negativas bem como preservação dos recursos naturais para as gerações futuras. De acordo com Arantes (2006), uma questão que tem sido debatida entre empresários e pesquisadores é o retorno que o desenvolvimento sustentável tem para o negócio e como as empresas que sinalizam maior preocupação ambiental conseguem se inserir melhor no mercado internacional.

Para Alves, Lima e Mota (2010) transformações socioeconômicas modificaram o comportamento das empresas que estavam acostumadas à maximização exclusiva do lucro. Nesse contexto, o setor privado está cada vez mais responsável em gerenciar da melhor forma possível os recursos ambientais tendo o mundo corporativo um papel fundamental na garantia da preservação do meio ambiente.

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3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA ECONÔMICA

Um conjunto de evidências tem revelado que o crescimento econômico apesar do aumento da riqueza em um determinado espaço territorial, pode não necessariamente acarretar aumento da qualidade de vida dos indivíduos. De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017), o desenvolvimento é um conceito mais amplo, que engloba inclusive o crescimento econômico, de modo que não é apenas a magnitude da expansão da produção, mas também a natureza e a qualidade do crescimento.

O Desenvolvimento Sustentável, por sua vez, além se preocupar com o crescimento econômico e com a geração de riqueza, tem como cerne de preocupação a melhoria da qualidade de vida não apenas da geração atual, mas também das gerações futuras.

É dentro desse contexto que estudos sobre sustentabilidade vêm sendo amplamente discutido em várias áreas do conhecimento. De maneira geral, a sustentabilidade tem como escopo o uso consciente dos recursos naturais, em que as instituições e a sociedade buscam novas alternativas para minimizar o desequilíbrio ambiental.

Sob a ótica de Veiga (2005), o mesmo coloca que a noção de sustentabilidade é muito útil no sentido de evitar tudo que possa ocorrer em detrimento dos seus descendentes, não apenas dos mais diretos, mas também dos mais distantes. Isso significa a manutenção da capacidade produtiva para um futuro indefinido. O autor coloca ainda que a hipotética conciliação entre crescimento econômico moderno e preservação ambiental não deve ser analisada apenas no curto prazo, não obstante as medidas de prevenção serem tomadas neste contexto.

Além disso, o desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu com o nome de ecodesenvolvimento em meados da década de 1970 a partir da discussão entre crescimento econômico e meio ambiente, germinada anteriormente no relatório do Clube de Roma. (ROMEIRO, 2012).

Assim, para Romeiro (2012), a sustentabilidade é vista como um problema de distribuição intertemporal de recursos naturais finitos, o que pressupõe a definição de limites para seu uso de escala.

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Por sua vez, para Burgenmeier (2005) a gênese do desenvolvimento sustentável tem as seguintes características:

1) Uma abordagem mundial que ultrapassa as fronteiras nacionais, assumindo que a problemática do meio ambiente tem uma dimensão planetária;

2) Gestão ecológica através de transmissão intergeracional do capital natural e atenuantes a irreversibilidade de ações poluentes do passado.

3) Tomada de consciência das desigualdades sociais e de uma nova ética no intuito de evitar condições de desigualdades nas quais se expressam apenas interesses econômicos individuais ou nacionais. Além disso, a exigência de uma nova ética se dá através da responsabilidade intergeracional. Alves, Lima e Mota (2010), por outro lado, trata a busca do desenvolvimento sustentável das empresas com as seguintes características:

1) É plural: isto é, empresas não devem satisfações apenas aos acionistas, mas também aos funcionários, ao governo e à sociedade.

2) É distributiva: as empresas também são responsáveis por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos.

3) É sustentável: a responsabilidade social está atrelada ao conceito de desenvolvimento sustentável, sendo esta não limitada apenas ao ambiente. Uma postura sustentável é por natureza preventiva, com intuito de minimizar riscos no longo prazo.

4) É transparente: as empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental.

As companhias estão sendo incentivadas pela administração pública e seus stakeholders a dar ênfase à sustentabilidade empresarial e social, desenvolvendo técnicas de reduzir os custos ambientais da sociedade e internalizar cada vez mais as externalidades negativas produzidas ao meio ambiente. Logo, responsabilizar as empresas pela sua própria poluição é uma ferramenta eficaz de diminuição dos danos ambientais.

A aplicação do conceito de sustentabilidade à realidade também requer uma série de medidas tanto por parte do setor público, como por parte da

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iniciativa privada em promover a harmonia entre as instituições empresarias e a natureza.

4 COMO O MERCADO ATUA NA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

De acordo com Enríquez (2010), os recursos físicos são resultantes de ciclos naturais do planeta Terra que duram milhões de anos. Assim, a capacidade de recomposição é o principal critério para classificar se um recurso natural é renovável, reprodutível ou não renovável. Outros autores consideram ainda o critério da velocidade a qual um recurso se “renova”.

Nesse contexto, um recurso é considerável renovável se puder ser recolocados na natureza em um ritmo maior ou igual ao consumo humano. Adicionalmente, deve-se considerar o caráter da preservação, isto é, se a velocidade do uso do recurso crescer exponencialmente, tem-se um conjunto de recursos renováveis que deixarão de ser renováveis.

Recursos não renováveis, por sua vez, são elementos que são retirados da natureza e que levam muito tempo para se refazer novamente. Exemplos de recursos não renováveis são o petróleo, gás natural, cobre, ferro, dentre outros. Tanto os recursos renováveis quanto os não renováveis estão presentes na função de produção das empresas. Neste caso, as organizações empresariais assumem, em certa medida, a responsabilidade social de diminuir a poluição e preservação dos recursos naturais.

Há instrumentos econômicos que podem minimizar o mau uso dos recursos naturais, sejam eles renováveis ou não. A utilização desses instrumentos econômicos serve para corrigir eventuais falhas de mercados. 4.1 Falhas e Intervenção de Mercado

Um dos argumentos que são utilizados para justificar o intervencionismo do Estado na atividade produtiva é a necessidade de correções por conta de imperfeições de mercado.

Dito de outra forma, uma falha de mercado acontece quando se originam pontos de equilíbrio ineficientes do ponto de vista social gerando peso morto para a sociedade. Neste caso, a presença de falha de mercados é dada pela existência de externalidades e assimetria de informações entre os agentes.

A teoria econômica adota como um de seus pressupostos fundamentais que os agentes econômicos tomam decisões buscando maximizar seus

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interesses individuais. As firmas, por sua vez, visam à maximização do lucro, enquanto os indivíduos buscam melhorar a seu bem-estar.

Partindo dessas hipóteses, Burgenmeier (2005) considera a intervenção do Estado justificáveis onde ocorrem falhas de mercado de duas maneiras:

a) Por razões objetivas associadas ao conhecimento tecnológico de controle de coordenação que conferem ao Estado um monopólio natural em várias situações, como segurança e aspectos de infraestrutura, dentre outros;

b) Por razões normativas, associadas à oferta de uma prestação de um serviço público por razões de proteção ambiental, ou de equidade intergeracional, em que o controle de uma firma pode gerar controvérsias.

É pertinente também ressaltar que as intervenções podem ocorrer nos chamados bens públicos, que são caracterizados pela não rivalidade e pela não exclusão. Nesta primeira característica, pode ocorrer de que alguns indivíduos consumam um bem ambiental não devendo impedir que outros o consumam. Na segunda característica, o ambiente é acessível para todos os indivíduos.

4.2 O Problema das Externalidades Negativas

Em economia, externalidade são os efeitos colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participam dela. Uma externalidade sob a ótica produtiva surge quando as possibilidades de produção de uma empresa são influenciadas pelas escolhas de outra empresa ou consumidor. De acordo com Costa (2005), as relações de externalidade podem ser dadas da seguinte maneira:

A) Externalidades consumo-consumo: o consumo de um agente A diminui a utilidade de um agente B;

B) Externalidades produção-produção: a produção de uma firma A prejudica a produção de uma firma B;

C) Externalidades consumo-produção: o consumo de um indivíduo ou um conjunto de indivíduos prejudica a produção de uma firma ou de um conjunto de firmas;

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determinada empresa afeta o consumo de determinado conjunto de indivíduos.

Para Andrade (2005), o problema da externalidade surge quando as firmas realizam suas ações minimizando apenas o custo privado, sem colocar na sua função lucro o custo social. Dito de outra forma, os agentes econômicos não recebem do mercado a sinalização correta dos custos ou benefícios de suas ações tanto positiva quanto negativa, resultante das imperfeições de mercado.

De forma ilustrativa, a Figura 2, a seguir, ilustra um equilíbrio competitivo com externalidade negativa. Neste caso, as empresas maximizam seus lucros com preço igual ao custo marginal, isto é, o custo social é ignorado na hora de contabilizar os custos da empresa, tendo a área hachurada representando a perda de bem-estar da sociedade, resultante da diferença horizontal entre as curvas de custo marginal privado e o custo marginal social.

Neste caso, as firmas maximizadoras de lucro determinantes das forças de mercado não levam a um equilíbrio eficiente de modo que o lucro máximo da empresa se situa no ponto A.

Figura 2: Equilíbrio competitivo com externalidade negativa

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É importante destacar que o objetivo de minimizar as externalidades não é reduzir a zero a poluição. De fato, na Figura 2 acima, o ponto B representa o equilíbrio entre o custo marginal social e o preço de equilíbrio, de forma que mesmo havendo poluição, seria resultante de um mecanismo social aceitável.

A poluição do ar, a poluição da água, a poluição sonora, a poluição visual e a redução da biodiversidade são exemplos de externalidade negativa e degradação ambiental.

A teoria econômica retrata a degradação ambiental dado pelo fato de que o meio ambiente são recursos de propriedade comum. Dessa maneira, tendem a serem explorados a exaustão na ausência de direitos de propriedade, com a ocorrência de maximização individual de um agente econômico, sem pensar eticamente nos demais agentes e nas gerações futuras.

Adicionalmente, a degradação ambiental não pode ser totalmente eliminada, a partir de um nível de consumo mínimo da população atual, mas pode ser minimizada através de um nível ótimo de degradação ambiental, em que este nível é pelo menos igual ao nível de renovação dos recursos naturais (ORTIZ & FERREIRA, 2005).

4.3 Correções das Externalidades

A existência de externalidade leva a um equilíbrio competitivo que difere do equilíbrio de Pareto Ótimo, levando a uma alocação ineficiente dos recursos. Pareto ótimo é um conceito que define um estado de alocação de recursos em que é impossível realoca-los tal que a situação de qualquer participante seja melhorada sem piorar a situação individual de outro indivíduo Direito de propriedade (créditos de carbono), internalizar a externalidade e intervenção governamental (imposto de Pigou) são três formas diferentes de corrigir o problema.

4.3.1 Direitos de Propriedade e Poluição (Créditos de Carbono)

Ronald Coase (1910-2013), prêmio Nobel de Economia, pressupunha que os problemas de externalidade são oriundos de uma especificação inadequada dos direitos de propriedade e, consequentemente, ausência de mercados em quem não se consegue internalizar os custos ou os benefícios externos. Dito de outra forma, o Teorema de Coase afirma que em uma transação econômica com externalidades, se os direitos de propriedade são

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bem definidos e os custos forem baixos, então a solução privada é socialmente ótima. Neste caso, o único papel do governo é assegurar os direitos de propriedade e a segurança da negociação.

O Teorema de Coase é um retrato de como o papel das instituições são crucialmente importantes para o funcionamento do mercado e minimização das externalidades. No âmbito empresarial, empresas sustentáveis são mais prósperas em países em que as instituições funcionam melhor.

Dentro desse contexto, Burgenmeier (2005) coloca que nas perspectivas dos direitos de propriedade não se trata da punição do poluidor, mas da aceitação da poluição como um fato reconhecido. Assim, o comércio de licenças de emissão seria um exemplo de um direito implícito à poluição sendo, portanto, o resultado de um processo de negociação entre as partes envolvidas.

A solução do Teorema de Coase seria norteada pela construção de um sistema global e bem definido de direito à propriedade aos quais cabe aos negociadores internalizar a externalidade através do mercado. Em suma, Coase (1960) identificou que as soluções de externalidades não precisam de um aparato público, apenas de instituições fortes que garantam o direito à propriedade privada.

Além disso, para Coase (1960) os direitos de propriedade bem definidos possuem uma estrutura com quatro características fundamentais, a saber: universalidade, exclusividade, transmissibilidade e segurança. No caso desta primeira, todos os recursos existentes podem ser apropriados por privados para correção de externalidade. A exclusividade, por sua vez, os custos e benefícios gerados pela posse dos recursos devem ser suportados pelos proprietários, através dos mecanismos de mercado. No que concerne a transmissibilidade, os direitos de propriedade são transferíveis através de trocas voluntárias. Finalmente, a segurança os direitos de propriedade privada são protegidos contra a usurpação ilegal.

Assim, se há direitos bem definidos, instituições fortalecidas e que garantem o direito à propriedade privada, não há necessidade de mecanismos

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de regulação da poluição, uma vez que o próprio mercado se encarregará de encontrar o ponto ótimo de produção.

Por outro lado, é possível haver problemas no que tange aos direitos de propriedade em razão da ausência de concorrência perfeita, custos de transação elevados, dificuldade na identificação das partes negociadoras e situações de propriedade comum.

Adicionalmente, Burgenmeier (2005) retrata que algum bem ambiental não é possível aceitar uma exclusão de consumo pelo mecanismo de preços. Por exemplo, o ar e uma paisagem não poluídos são exemplos para os quais a teoria dos direitos de propriedade é ineficaz além de mercados em condição imperfeita que cessam as trocas antes de ser atingido o preço que garanta a alocação ótima.

De forma mais especifica, a abordagem de Coase (1960) pode ser adequada à questão ambiental em termos de créditos de carbono, resultado de uma busca de uma solução eficiente para combater à poluição atmosférica (SOARES, SILVA,TORREZAN, 2016).

A política do crédito de carbono se enquadra na imposição de um padrão de poluição, estabelecendo metas globais. Tal política surge como uma solução de mercado que coloca os direitos de transmissão nas mãos dos agentes que mais o valorizam, podendo negociá-los com outros agentes, auferindo lucros e desestimulando a poluição.

Os créditos de carbono funcionam através de certificados que comprovam que uma determinada empresa precisa reduzir a emissão de gases, de modo que uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono.

Para as empresas, o mercado de créditos de carbono é uma oportunidade de manter sua linha de produção, ou de auferir lucros ao minimizar o impacto da poluição. Além de maximizar seus lucros, as empresas que adotam tal política sustentável, consegue atrair marketing e reputação entre seus consumidores preocupados com o meio ambiente. Outro ponto a ser considerado é o estímulo que as empresas possuem em modernizar sua capacidade produtiva. Por fim, uma das vantagens desse tipo de mercado é que as empresas podem decidir o quanto poluir e o quanto não poluir, ao

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comprar direito de emissão de outras empresas, além de aplicar investimentos sustentáveis em locais que são interessantes para a empresa se instalar.

De modo geral, os benefícios para as empresas que são adeptas aos créditos de carbono são:

1) Melhoria da imagem perante a sociedade: as empresas que adquirem créditos de carbono conseguem maximizar a reputação da sua marca, em meio a um mercado cada vez mais exigente com relação a ética e o desenvolvimento sustentável.

2) Benefícios financeiros: o mercado de créditos de carbono gera receitas para as empresas que estabelecem contratos de venda e compra. 3) Sustentabilidade: as empresas conseguem alinhar expansão produtiva

com desenvolvimento sustentável ao entrar no mercado de créditos de carbono.

4) Estímulo a consciência ambiental: as empresas além de promover a sustentabilidade passam a ter papel fundamental como instituições que educam a sociedade.

5) Oportunidades de novos negócios: empresas mais sustentáveis são mais bem avaliadas pelo mercado consumidor, possuindo, neste caso, mais oportunidades de atrair investidores.

4.3.2 Internalizar as Externalidades

Diversos economistas têm alertado que desde a Revolução Industrial, principalmente a partir do século XIX, o crescimento populacional, a expansão agrícola e a contínua expansão industrial têm acarretado problema de escassez dos recursos naturais, além da degradação do meio ambiente.

Neste aspecto, a internalização da externalidade significa fazer com que as empresas ou indivíduos se responsabilizem pelos seus atos, isto é, caso polua, a poluição deve entrar na função lucro da empresa. O princípio da internalização da externalidade é dado pela cobrança sobre o comportamento do usuário, ou princípio do poluidor-pagador (SANTOS, 2010).

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Em relação aos efeitos sobre o comportamento do usuário, Santos (2010) destacam que os principais critérios de avaliação de um instrumento econômico são a eficiência econômica, Impacto ambiental e aceitabilidade.

Portanto, quando se internaliza a externalidade os custos causados pela poluição ao total resultante de sua produção são acrescentados o impacto ambiental e a eficiência econômica juntos na composição de custos da empresa.

4.3.3 Intervenção Governamental e o Imposto de Pigou

O governo é um importante agente econômico que soluciona falhas de mercado podendo, assim, atuar através de mecanismos baseados no mercado ou regulamentação.

Um desses mecanismos de atuação é através da taxa pigouviana, imposto utilizado na presença de externalidade negativa como cobrança pela poluição e funcionando como correção de efeitos por dano ambiental.

Em termos ilustrativos, a Figura 3 apresenta a curva de custo marginal social acima da curva de custo marginal, isto é, a sociedade possui um custo superior ao da empresa. Neste caso, o objetivo do imposto de Pigou é descolar a curva de custo marginal privado e igualar a curva de custo marginal social. Esse imposto, além de tornar o mercado eficiente no sentido de pareto, gera receita para o governo que pode ser aplicada em outras medidas sustentáveis.

Segundo Andrade (2005), uma das formas de resolver o problema da externalidade negativa é penalizando e desincentivando os agentes econômicos a realizar atividades indesejadas em excesso. O imposto por unidade transacionada é dado por Pc – Pp, e a área do retângulo BCPcPp representa o total arrecadado com o imposto pelo governo.

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Figura 3: Imposto na Presença de Externalidade Negativa

Fonte: Adaptado de Andrade (2005).

Outra forma de intervenção do governo é por meio de regulamentação para minimizar os impactos gerados por externalidade através das cotas de poluição, ou mesmo a proibição de produção de determinado tipo de produto.

Burgenmeier (2005) simplifica os diferentes instrumentos considerando apenas o controle direto (regulamentação) e as medidas de incentivo (créditos de carbono, imposto de Pigou, etc.) que estão resumidas no Quadro 2 a seguir:

Quadro 2: Instrumentos da Política do Ambiente; Vantagens e inconvenientes

Vantagens Desvantagens Controle direto;

Regulamentação

Reparação ou contenção

dos danos; Preços relativos Aplicabilidade; Burocracia

lógica Política Aplicação arbitrária Medidas de incentivo Prevenção Problemas de equidade

Taxas e subsídios Liberdade de escolha Inviabilidade em caso de catástrofe

Certificados de emissão a

negociar Avaliação empírica Direitos de propriedade Lógica econômica

Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005).

Como pode ser observado, nenhum instrumento que procure internalizar os efeitos externos da poluição no funcionamento do mercado é perfeito. O ideal é a combinação de vários instrumentos aliado a uma mentalidade de ética

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empresarial embutida na cultura das firmas. Assim, a proteção do meio ambiente deve ser inserida na função lucro da empresa, isto é, os inconvenientes da poluição devem ser minimizados no longo prazo, como uma estratégia de sobrevivência da firma.

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5. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

A sustentabilidade empresarial vem sendo um tema recorrente na estratégia de internacionalização das empresas, principalmente aquelas que precisam de bons sinalizadores para romper barreiras não tarifárias.

A internacionalização é um fenômeno natural de expansão de uma determinada empresa que busca novos mercados. Gomes et. all. (2011), por exemplo, destaca que as empresas que buscam se internacionalizar procuram contato com novos conhecimentos e tecnologias, flexibilidade e agilidade para adaptação de produtos, diminuição dos custos do desenvolvimento e incentivos fiscais.

Adicionalmente, as instituições públicas e privadas estão sendo incentivadas a contemplar o uso de novas tecnologias voltadas para atender esse mercado crescente de consumidores preocupados com a política ambiental de seus países.

Para Leão, Nassif, Vanderlei (2016) o conceito de sustentabilidade econômica abarca todas as formas de atividades econômicas existindo dois quesitos importantes para que haja uma economia empresarial sustentável. O primeiro é a existência de produção econômica capaz de garantir a subsistência da empresa, bem como um ambiente de negócios bem institucionalizado no qual a produção está inserida.

É importante também ressaltar que a gestão empresarial com foco reforça que para a empresa obter crescimento econômico de longo prazo a ética empresarial tem que estar preocupada com a sustentabilidade econômica.

De fato, conforme Burgenmeier (2005), a empresa tradicional está sujeita ao critério de eficiência econômica. Contudo, a empresa sustentável, além de se submeter aos critérios de maximização econômica, submete-se também aos critérios de eficiência ecológica e social. No que se refere a eficácia ecológica e ambiental, a empresa busca a utilização de novos matérias e procedimentos de produção limpa com o menor uso de recursos naturais possíveis.

Silva et all (2016) afirma que são poucas as empresas que adotam um sistema de gestão ambiental, haja vista que há uma mentalidade que política

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empresarial com foco ambiental custa caro, ou seja, não há noção sobre a relação custo versus benefício de longo prazo. Assim, não são todas as empresas que fazem um planejamento estratégico com objetivo de melhorar o uso dos recursos naturais.

Na verdade, o que é mais observado é que a minimização de custos monetários difere de racionalidade ambiental. No entanto, a lógica de adotar práticas éticas e sustentáveis em respeito ao meio ambiente é de reduzir os insumos, ou substituir insumos não renováveis por alternativas menos poluidoras, com intuito de também minimizar o custo da empresa. Portanto, o processo de substituição de insumo não gera necessariamente maximização de lucro no curto prazo, o que impede a renovação de empresas sem planejamento de longo prazo.

Nesse contexto, a solução de minimização dos problemas ambientais surge da necessidade dos gestores públicos e privados de colocar o meio ambiente na função de custo da empresa, isto é, considerar o meio ambiente como um ponto crítico da maximização de lucros e como um norte de decisões e princípios administrativos de uma empresa.

Costa (2005) elenca um conjunto de motivos para empresas com interesse crescente pela sustentabilidade empresarial e com objetivo de internacionalização conseguirem sobrevivência corporativa a longo prazo:

1) A busca de novas oportunidades de negócios sustentáveis; 2) Aumento da competividade internacional;

3) Acesso a mercados mais exigentes;

4) Requisitos para realização de financiamentos internacionais; 5) Se adequar as novas leis de proteção ao meio ambiente; 6) Acesso global às informações.

Com efeito, o processo de internacionalização é crucial para o capitalismo contemporâneo, em que as empresas buscam novos mercados e ampliam sua cadeira produtiva. As internacionalizações das empresas são planejadas, e a sustentabilidade ambiental é um diferencial competitivo, ou ainda um pré-requisito para que as empresas sejam bem vistas mundialmente.

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5.1 A Exigência de uma Nova Ética Empresarial e a Tragédia dos Comuns

A tragédia dos comuns é uma situação em que indivíduos agindo de forma independente e racionalmente de acordo com seus próprios interesses se comportam em contrariedade aos melhores interesses de uma comunidade, esgotando algum recurso comum. A tragédia dos comuns é um exemplo clássico em que os indivíduos agindo de forma independente e racionalmente de acordo com seus próprios interesses se comportam em contrariedade aos melhores interesses da sociedade. A Tragédia dos Comuns foi pioneiramente abordado por Hardin (1968) a partir da noção de que a miséria da sociedade continuaria a crescer se não fosse reconhecido os limites dos recursos naturais.

A lógica do conceito é simples. De acordo com Hardin (1968), quando os recursos naturais são compartilhados existe uma tendência lógica ao abuso por parte dos interesses individuais. No espectro econômico, a tragédia dos comuns é um caso de teoria dos jogos, onde os indivíduos buscam a maximização imediata, mas são míopes quanto ao payoff de longo prazo.

O caso da Ilha Hispaniola, dividida entre o Haiti e a República Dominicana é um exemplo clássico de como funciona a tragédia dos comuns. Do lado haitiano, a ausência de instituições fortalecidas impediu o mínimo de desenvolvimento de suas infraestruturas, em que houve um crescimento populacional desordenado e expansão da favelização. Já a República Dominicana, as instituições se consolidaram, e a exploração dos recursos foi feita de forma mais racional e sustentável.

No âmbito das empresas, o que fica claro é que se todas as empresas pensarem apenas no seu lucro individual, a possibilidade de os recursos econômicos serem deteriorados ao longo do tempo torna-se potencialmente iminente em um exemplo claro de tragédia dos comuns, visto que a maximização do lucro individual é o único interesse. A exigência de uma nova ética empresarial é justamente a necessidade de uma reavaliação desse processo e que dê o devido valor intertemporal aos recursos ambientais.

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5.2 Os Incentivos Econômicos da Sustentabilidade Empresarial

Para Vinha (2010), o princípio da responsabilidade social empresarial é resgatar valores éticos que a sociedade em geral não associa às empresas. Adicionalmente, é avaliada a possibilidade de se obter vantagem competitiva dada a capacidade da empresa em operar de forma eficiente com os recursos naturais.

Campos, Latrônico e Sartori (2014) também mostram que no meio empresarial tornou-se conveniente pensar na sustentabilidade como um “triple bottom line”, isto é, um tripé de sustentabilidade baseado em três pilares: o social, o ambiental e o financeiro.

Por sua vez, Silva et all (2009) corrobora que empresas que incorporam práticas sustentáveis e adotam uma postura de respeito ao meio ambiente reduzem custos de insumos no processo de produção. Portanto, longevidade e internacionalização das empresas passa por um alinhamento entre aspectos sociais e ambientais.

Os motivos econômicos para que uma empresa investa em sustentabilidade são variados, e podem ser tangíveis ou não tangíveis. Dentre os principais, destaca-se a falta de credibilidade entre aquelas que não investem em sustentabilidade ambiental tendendo a perderem a preferência do consumidor, ganhos em termos de custos e não dependência da volatilidade das energias não renováveis. Sustentabilidade reflete benefícios à longo prazo.

Como retorno, a sustentabilidade se concretiza através do fortalecimento e fidelidade à marca e ao produto, valorização da empresa na sociedade e no mercado, retorno publicitário, advindo da geração de mídia espontânea, tributação com as possibilidades de isenções fiscais em âmbitos municipal, estadual e federal, maior empenho e motivação dos funcionários e ganhos sociais pelas mudanças comportamentais da sociedade.

Na seção seguinte serão analisadas evidências que sugerem que empresas que adotam sustentabilidade empresarial são mais bem avaliadas, e possuem maior valorização dos seus ativos no mercado de ações, isto é, investir em sustentabilidade tem relação direta com aumento do valor de mercado da empresa e maior retorno econômico.

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6 O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

De acordo com Júnior, Reydon, Portugal (2014) a sustentabilidade ambiental é utilizada como um diferencial competitivo para as empresas brasileiras mais internacionalizadas.

No mercado de ações, uma visão baseada nos stakeholders começou a levar as empresas a tomarem conhecimento que possuem responsabilidades não apenas com seus acionistas, mas também com os empregados e com a sociedade. Empresas que degradam o meio ambiente estão suscetíveis a serem boicotadas pelos seus consumidores, assim como terem seus ativos rejeitados pelos acionistas.

Nesse contexto, o primeiro índice de Sustentabilidade Empresarial surgiu nos Estados Unidos em 1999, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), que tinha como objetivo avaliar o desempenho em termos de sustentabilidade das empresas que negociam na Dow Jones. A DJSI é baseada em uma análise de desempenho econômico, ambiental e social da empresa, além de averiguar outros critérios como governança corporativa, gerenciamento de risco, preocupação com mudanças climáticas e práticas trabalhistas.

Evidências como as de Arantes (2006) em estudos sobre empresas que entraram no DJSI e aquelas que não demonstraram esta preocupação apresentou um comparativo sobre a evolução do valor das ações das empresas dos dois grupos. Os resultados obtidos revelam empresas que se preocupam com a questão baseada na sustentabilidade e em responsabilidade social obtiveram uma evolução maior, isto é, empresas que estiveram no DJSI tiveram suas ações valorizadas em 225% durante o período analisado, enquanto que empresas que não estiveram, tiveram aumento de 167%. Os resultados da Figura 4 a seguir descreve esse processo.

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Figura 4:Valorização das ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em comparação ao Índice Dow Jones Geral

(DJGI) – Período dez/1993 a dez/2005 – Valores em US$

Fonte: Extraído de Arantes (2005).

Por sua vez, o índice de sustentabilidade empresarial (ISE) foi uma iniciativa pioneira na América Latina voltada para a construção de uma carteira de ações de companhias comprometidas com a sustentabilidade. O ISE é composto por, no máximo, 40 companhias das 200 mais líquidas do BM&Bovespa. A decisão de participar do ISE é uma tentativa de aumentar o valor de uma empresa ou companhia, alinhando sustentabilidade com estratégia corporativa. O que se espera é que empresas que participam do ISE tenham ganho de prestígio e reputação, embora seja difícil dimensionar o impacto real desse ganho.

Assim, o principal objetivo do índice de sustentabilidade empresarial é proporcionar aos compradores de ativos e a sociedade um conjunto de informações sobre a empresa e seu comprometimento com as pautas associadas ao desenvolvimento sustentável.

Estudos como o de Favaro e Rover (2014) confirmam que a importância que o ISE vem ganhando no mercado de ações tem induzido as empresas a investirem mais na responsabilidade socioambiental. De fato, o surgimento do ISE gerou um impacto positivo na preocupação das empresas em investir em sustentabilidade e boas práticas de governanças. As empresas interessadas

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sem internacionalizar seus mercados são obrigadas a cumprir requisitos mínimos de desenvolvimento sustentável.

Favaro e Rover (2014) também destacam que diversas pesquisas acerca do uso do ISE como um instrumento de benchmarking de práticas sustentáveis, mostrando os variados tipos de ganhos que uma empresa pode ter ao adotar práticas sustentáveis, como, por exemplo, conquistar mercados de países desenvolvidos, como o caso das empresas brasileiras. Dentre os ganhos tangíveis estão os indicadores com o retorno de patrimônio e do ativo, aumento do valor do mercado, variação positiva do investimento. Dentre os intangíveis, estão o ganho reputacional, a influência internacional e o ganho de marketing de longo prazo, sem custos adicionais por isso.

Assim, logo após sua criação, empresas que estavam inseridas no ISE tiveram um ganho de valor de mercado superior aos demais deixando os stakeholders interessados nessa nova visão de sustentabilidade empresarial e seu poder de ganho econômico (FAVARO & ROVER, 2014).

A Figura 5, a seguir, sugere que o índice de sustentabilidade empresarial sofreu menos ao impacto do choque da crise de 2008, tendo apresentado resultados melhores durante os anos compreendidos entre 2010 a 2012, o que é uma forte evidência da melhor posição situacional no mercado de ações (ativos mais seguros).

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Figura 5: Retorno anual dos índices de BM&BOVESPA2

Fonte: Extraído de FAVARO e ROVER (2014).

Os dados da Tabela 2 a seguir também apresenta indicíos de que o ISE se destaca quando comparado a outros indicadores, demonstrando a preocupação dos acionistas com a sinalização da responsabilidade social das empresas.

Tabela 2: Retorno Anual dos Índices da BM&BOVESPA

Fonte: Extraído de FAVARO & ROVER (2014).

Portanto, a tabela 2 sugere que, empresas que aderiram ao índice de sustentabilidade ambiental tiveram mais valorização de seus ativos do que empresas que não aderiram ao índice. Como o ISE foi criado com objetivo de criar um mecanismo eficiente para seleção de empresas com desempenho superior para enfrentar riscos e oportunidades decorrentes de questões

2Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das

ações negociadas na B3 - Brasil, Bolsa, Balcão.

O IBrX - Índice Brasil é um dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo que avalia o retorno de uma carteira teoricamente composta pelas cem ações mais negociadas na BM&FBovespa. O IBrX-50 - Índice Brasil 50 é um dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo que avalia o retorno de uma carteira teoricamente composta pelas cinqüenta ações mais negociadas na Bolsa.

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ambientais empresas que estão no ISE estão menos suscetíveis a serem criminalizadas por crimes contra o meio ambiente.

Ademais, conforme International Finance Corporation (2005) empresas que têm sido membro do índice relataram diversos benefícios, como melhoria das práticas de sustentabilidade, melhor reputação no mercado e impacto positivo em seus preços de ação.

Por fim, estudos de Vital et all (2009) destacam que as empresas que compõem a carteira do ISE apresentam melhores desempenhos no que tange às vendas e às exportações estando as mesmas menos suscetíveis a choques negativos e melhores resultados no longo prazo.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maior demanda por transparência por parte das empresas tem influenciado na mudança de concepção de várias áreas acerca do tema sustentabilidade ao buscar a adaptação a essa nova realidade diante das novas exigências da responsabilidade socioambiental.

A ocorrência de falhas de mercado exige intervenções ou mecanismos de controle da externalidade negativa no intuito de criar mecanismos que diminuam a poluição a um nível socialmente ótimo. Assim, empresas que antecedem e criam mecanismos próprios de redução de externalidade negativa e de poluição constroem pilares éticos e sustentáveis importantes para a sobrevivência econômica da empresa.

Dentro desta temática, o objetivo deste trabalho foi analisar o conceito e a importância que é atribuída à sustentabilidade nas empresas sobre a perspectiva dos gestores, constatando que o tema é fortemente ligado a questões ambientais e aspectos econômicos.

Um dos principais resultados aqui analisados é que as empresas acabam beneficiadas em relação aos ganhos tangíveis e aos intangíveis, ao fazerem parte de carteiras de ativos como índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e Dow Jones Sustainability Index (DJSI). Além disso, foi observado que empresas mais sustentáveis possuem maior valorização de seus ativos no longo prazo tendo também a sustentabilidade empresarial a ser parte do processo de internacionalização das empresas, que priorizam mercados consumidores mais exigentes.

Finalmente, pode-se ressaltar que a sustentabilidade vai além da maximização do lucro das firmas envolvendo um conjunto de princípios éticos e ambientais que são pilares de sobrevivência em um mundo cada vez mais globalizado e preocupado com a continuidade dos recursos naturais. Como destaca Giannetti (2016), embora as causas e implicações da mudança climática estejam cercadas de incerteza, a gravidade de ameaças deveria incutir o princípio da máxima prudência.

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