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A relação professor-aluno no ensino profissional

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO ENSINO

PROFISSIONAL

Dissertação de Mestrado em Ensino de Informática

Sérgio dos Santos Quitério

Orientação científica: Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO ENSINO

PROFISSIONAL

Dissertação de Mestrado em Ensino de Informática

Sérgio dos Santos Quitério

Composição do Júri:

Professora Doutora Ana Maria de Matos Ferreira Bastos Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola

Professor Doutor Manuel José Cabral dos Santos Reis

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i

D

EDICATÓRIA

Aos meus filhos Kévin e Dylan Quitério por me fazerem acreditar que vale sempre a pena lutar por aquilo que acreditamos.

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A

GRADECIMENTOS

A construção do presente relatório de estágio só foi possível graças à intervenção, direta e indireta, de um vastíssimo repertório humano dos quais sinto a necessidade de destacar, pela sua fundamental intervenção, as seguintes personalidades:

 Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola, pela orientação do presente relatório. As suas orientações foram fundamentais para uma clarividência de ideias que permitiram a construção do mesmo.

 Direção de curso do Mestrado de Ensino de Informática, pela disponibilidade que sempre demonstrou ao longo dos últimos dois anos.

 Professor Paulo Vinhais Paixão, pela supervisão no âmbito do estágio profissional. A forma como nos deu total liberdade para trabalharmos e a forma como nos acolheu foi fundamental para a criação de um ambiente fantástico para a nossa prática pedagógica.

 Doutor Manuel Cabral e Doutor Paulo Martins, no âmbito da supervisão pedagógica (UTAD). As orientações científicas prestadas foram importantes no âmbito do estágio pedagógico.

 Direção pedagógica do agrupamento de escola Morgado de Mateus, por estar sempre disponível e acessível para cooperar com o núcleo de estágio.

 Equipa pedagógica do curso profissional de técnico multimédia da escola secundária Morgado de Mateus, por sempre nos ter tratado como parte integrante dessa mesma equipa.

 Alunos do curso profissional de técnico de multimédia, turma 2B, pelo prazer que foi trabalhar com eles.

 Os meus pais, que (in)felizmente me apoiaram financeiramente para poder suportar as despesas inerentes ao mestrado.

 Os meus filhos, por serem a minha fonte inesgotável de força.

 Os meus colegas mestrandos, pela camaradagem e amizade criada e conservada ao longo de dois anos.

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iii

ÍNDICE GERAL

Dedicatória ... i

Agradecimentos ... ii

Índice Geral ... iii

Índice de gráficos ... vi

Índice de Tabelas ... viii

Resumo ... ix

Abstract ... xi

I – Introdução ... 1

II - A relação Professor – Aluno ... 4

1. Ser professor ... 5

2. Ensinar: ARTE, CIÊNCIA ou técnica? ... 9

3. Como fazer a diferença? ... 10

4. A relação professor-aluno ... 14

5.1. O papel do professor de informática na escola ... 25

III - Contextualização da Prática Pedagógica ... 27

1. O meio envolvente ao contexto escolar ... 28

2. O Agrupamento de escolas Morgado de Mateus ... 31

2.1. A História ... 31

2.2. Recursos Educativos ... 33

2.3. Oferta formativa ... 34

2.4. Pessoal Docente ... 35

2.5. Pessoal não Docente ... 35

2.6. Alunos ... 36

2.7. Pais /Encarregados de Educação... 36

2.8. Recursos Materiais ... 36

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3. Ensino profissional ... 39

3.1. Destinatários ... 41

3.2. Objetivo ... 41

3.3. O que são? ... 41

3.4. Prova de Aptidão Profissional ... 43

3.5. Certificação ... 43

3.6. Prosseguimento de estudos/formação ... 43

3.7. Onde? ... 44

3.8. Legislação ... 44

4. Identificação do Curso ... 45

4.1. Perfil de saída do aluno ... 45

4.2. Referencial de formação global ... 46

5. Caraterização da Turma ... 52

5.1. Horário da Turma 2B do Curso Profissional de Técnico de Multimédia . 54 5.1. Alunos ... 55

5.2. Encarregados de Educação – Pais ... 68

5.3. Relação dos alunos com as TIC ... 73

5.4. Considerações finais ... 77

IV - Prática de Ensino Supervisionada ... 79

1. Importância do Estágio Profissional Supervisionado ... 80

2. Observação ... 82

2.1. Etapas da Observação no contexto do estágio profissional supervisionado ... 84

3. Planificação ... 87

3.1. Como planificar ... 89

3.3. O Plano de aulas ... 93

(7)

v

3.5. Considerações finais sobre a planificação e sua aplicabilidade Prática .... 106

4. Avaliação ... 107

4.1. Tipos de avaliação ... 109

4.2. Avaliar através da Metodologia do trabalho de projeto ... 111

4.3. Projetos desenvolvidos ... 112

5. Participação nas diferentes dimensões educativas no quadro da instituição 124 5.1. Direção de turma, coordenação de ano e coordenação dos cursos profissionais ... 124

5.2. Participação e criação Clubes e Projetos ... 132

V – Reflexões Finais ... 137

VI – Referência Bibliográficas ... 141

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 ... 55 GRÁFICO 2 ... 55 GRÁFICO 3 ... 56 GRÁFICO 4 ... 56 GRÁFICO 5 ... 57 GRÁFICO 6 ... 57 GRÁFICO 7 ... 58 GRÁFICO 8 ... 58 GRÁFICO 9 ... 59 GRÁFICO 10 ... 59 GRÁFICO 11 ... 60 GRÁFICO 12 ... 60 GRÁFICO 13 ... 61 GRÁFICO 14 ... 61 GRÁFICO 15 ... 62 GRÁFICO 16 ... 62 GRÁFICO 17 ... 63 GRÁFICO 18 ... 63 GRÁFICO 19 ... 64 GRÁFICO 20 ... 64 GRÁFICO 21 ... 65 GRÁFICO 22 ... 65 GRÁFICO 23 ... 66 GRÁFICO 24 ... 66 GRÁFICO 25 ... 67 GRÁFICO 26 ... 67 GRÁFICO 27 ... 68 GRÁFICO 28 ... 68 GRÁFICO 29 ... 69 GRÁFICO 30 ... 69 GRÁFICO 31 ... 70 GRÁFICO 32 ... 70 GRÁFICO 33 ... 71 GRÁFICO 34 ... 71 GRÁFICO 35 ... 72 GRÁFICO 36 ... 73

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vii GRÁFICO 37 ... 73 GRÁFICO 38 ... 74 GRÁFICO 39 ... 74 GRÁFICO 40 ... 75 GRÁFICO 41 ... 75 GRÁFICO 42 ... 76 GRÁFICO 43 ... 76

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1: OS 66 FATORES DE MAIOR INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO ESCOLAR DO ALUNO, DE UM TOTAL DE

138 ANALISADOS POR HATTIE (2009) IN LOPES A SILVA (2012) ... 11

TABELA 2: CONTINUAÇÃO DA TABELA 1 ... 12

TABELA 3: CONTINUAÇÃO DA TABELA 1 ... 13

TABELA 4:OFERTA FORMATIVA. AEMM 2013-2014 ... 35

TABELA 5: SERVIÇO DE INTERNET... 38

TABELA 6: PARQUE INFORMÁTICO... 38

TABELA 7: COMPONENTE DE FORMAÇÃO ... 42

TABELA 8: REFERENCIAIS DE FORMAÇÃO ... 43

TABELA 9: IDENTIFICAÇÃO DO CURSO ... 45

TABELA 10: REFRENCIAL DE FORMAÇÃO GLOBAL ... 47

TABELA 11: COMPONENTE DE FORMAÇÃO CIENTÍFICA ... 49

TABELA 12: COMPONENTE DE FORMAÇÃO TÉCNOLOGICA ... 50

(11)

ix

R

ESUMO

O presente relatório enquadra-se nas unidades curriculares de Estágio Curricular I e II, pertencentes ao segundo ano do Mestrado em Ensino de Informática administrado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O estágio pedagógico decorreu na Escola Secundária Morgado de Mateus no presente ano letivo.

É objetivo deste relatório registar todas as práticas exercidas ao longo do estágio pedagógico nas suas mais diversas dimensões.

É também, propósito deste relatório analisar e refletir sobre a temática “Relação Professor – Aluno nos cursos profissionais”. Este tema foi submetido a uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de fundamentar a sua relevância para o sucesso dos professores na prática docente. A abordagem deste tema também nos permitirá refletir sobre o “ser professor” no século XXI e sobre a importância dos professores de informática no âmbito da educação digital.

O presente relatório encontra-se estruturado em seis partes, cada uma das partes representa um capítulo.

No primeiro capítulo, enquadramos o âmbito da ação docente refletindo sobre o seu papel social.

No segundo capitulo, debruçamo-nos sobre a revisão da literatura abordando o contexto da investigação, através da apresentação de conceitos importantes que se relacionam com a relação professor-aluno.

No terceiro capítulo, caraterizamos o contexto em que a prática de ensino supervisionada se proporcionou.

No quarto capítulo analisamos e refletimos sobre todas as dimensões da nossa prática de ensino supervisionada.

No quinto capítulo fazemos uma síntese reflexiva sobre construção do presente relatório.

No sexto capítulo, identificamos todo o suporte bibliográfico e legislativo que serviu de apoio à construção do presente relatório.

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Palavras-chave: Escola, professor, aluno, informática, prática de ensino

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Sérgio Quitério

xi

A

BSTRACT

This report is part of the curricular units Internship I and II which are part of the second year of the Masters in Teaching Computing administered by the University of Trás -os-Montes e Alto Douro.

The placement was at the Secondary School Morgado de Mateus during the current school year.

The purpose of this report is to record all activities carried out along the placement in all its various dimensions.

It is also the purpose of this report to analyse and reflect on the theme " Teacher Relationship - Student in Professional Courses ". This theme was subject to a literature search in order to justify its relevance to the success of teachers in teaching practice. The approach in this area will also allow us to reflect on the " being a teacher " in the XXI century and the importance of computer teachers in digital education.

This report is structured into six parts, each part represents a chapter.

In the first chapter we fit the teaching activity within the social role and reflect on it. In the second chapter, we focus on the review of the literature addressing the research environment by presenting important concepts that relate to the "Student-Teacher Relationship" theme.

In the third chapter, we look into the context in which the supervised teaching practice is provided.

In the fourth chapter, we expose, analyse and reflect on different dimensions of our supervised teaching practice.

In the fifth chapter we construct a reflective summary of this report.

In the sixth chapter, we identified all bibliographic and legislative support that served to support the construction of this report.

(14)

Keywords: school, teacher, student, computer, supervised teaching practice,

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Sérgio Quitério

1

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I - Introdução O ser humano é social por natureza. Desde muito cedo vivemos em sociedade, criamos e pertencemos a grupos com pessoas das mais diversificadas crenças, origens e personalidades. Fruto desta circunstância, vivemos situações que nos constrangem ou enaltecem, sofremos desilusões, aprendemos com os erros e com os êxitos e, através de comparações, conseguimos construir um “Eu” capaz de interagir com o mundo.

As relações humanas, embora complexas, são um elemento chave na mudança ao nível profissional, pessoal e comportamental. Fará sentido ignorar a importância da interação entre professores e alunos?

“É através das modificações comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social”. (Elias, 1996, p.99).

A influência dos professores no comportamento dos alunos é inquestionável ou deveria ser. Mas estarão os professores renunciado ao seu papel social? Porquê? Longe vão os tempos onde a sociedade considerava todos os professores iguais. O trabalho pedagógico produzido em contexto sala de aula pelos professores é determinante no processo de aprendizagem. Assim, a relação que o professor define com os seus alunos é determinante no enquadramento da aprendizagem.

Globalmente existe um grande descontentamento na classe dos professores com as políticas educativas adotadas nos últimos tempos. Mas será este um pretexto válido e justo para que exista displicência na sua atividade? Será um pretexto justo num processo de desresponsabilização social? E os alunos? São eles os culpados das desastrosas políticas de ensino? Os alunos, que deveriam ser o centro de toda a atividade relacionada com a educação, não podem ser um despejo de frustrações pessoais. Eles continuam a ser o futuro.

Os desafios deste embrionário século são enormes e nunca o papel social do professor teve tamanha relevância. Uma sociedade desprovida de valores, individualista, viciada tecnologicamente pelo mau uso das tecnologias, famílias demasiado preocupadas em sobreviver, toda esta conjuntura precisa de elementos agregadores de positivismo e otimismo e, acima de tudo, precisa de quem consiga orientar os homens de amanhã neste deserto de referências. É em tempos difíceis que devemos refletir na melhor solução para os problemas do presente para que não se repitam no futuro.

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I - Introdução

Sérgio Quitério

3 A frustração da classe docente traduz-se, por vezes, num modelo ultrapassado de passagem de conteúdos que em nada ajudam na construção de uma massa crítica para o futuro. Estaremos a regredir no que o ensino deveria ser? Continuam os professores a ser o centro do processo de ensino e de aprendizagem? Não devia ser o aluno?

Estará este divórcio dos professores com o seu papel social associado à crescente indisciplina que infelizmente se faz sentir, de forma generalizada e independentemente do contexto onde uma escola se insere, nas escolas? Serão os professores responsáveis pelo descrédito do nosso sistema de ensino? Obviamente que não o serão os únicos responsáveis, mas como um dos principais agentes do sistema de ensino cabe-lhes o dever de restabelecer o papel social dos mesmos. Será que através da relação entre o professor e o aluno pode residir a fórmula do sucesso escolar e social?

Segundo Vasconcelos (1993), a prática docente exige que o professor entenda como acontece e se constrói a aprendizagem na vida do ser humano. Para que haja a compreensão deste processo, é necessário que o professor crie vínculos afetivos com os seus alunos, ter sempre em mente que o aluno é um ser com ideias, experiências próprias, que precisa ser compreendido para que se possa produzir conhecimento. Cabe-nos refletir sobre papel dos professores no âmbito das problemáticas inerentes aos novos desafios do século XXI. Ao falarmos das TIC em contexto escolar é fundamental o papel que a aprendizagem e as novas tecnologias desempenham neste paradigma emergente que é o da Sociedade da Informação e do Conhecimento. Assim, na sociedade atual, conceitos como aprendizagem, informação e conhecimento tornam-se indispensáveis numa escola que tem um papel decisivo na formação dos alunos. A escola deverá educar para a cidadania através da construção de uma sociedade democrática, contribuindo para isso o papel do professor. Este deverá praticar uma pedagogia ativa centrada no aluno de modo a suscitar neste uma consciência crítica e ativa. Na Sociedade da Informação, ter acesso à informação é ter acesso ao poder, e por isso “saber informar-se e compreender os mecanismos de produção e de difusão da informação exige uma formação específica a que se convencionou chamar Educação para os Media” (Borderie, 1997).

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

5

1.

SER PROFESSOR

Para entendermos que tipo de relação deve o professor criar com os seus alunos é fundamental perceber o que é ser professor. Segundo o dicionário de língua portuguesa “Professor ou docente é uma pessoa que ensina uma ciência, arte, técnica ou outro conhecimento. Para o exercício dessa profissão, requer-se qualificações académicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno”.

Desde muito cedo a importância do professor assume um papel social fundamental. Sendo uma das profissões mais antigas de sempre, cedo se chegou à conclusão que seria um pilar base para as restantes profissões.

Platão, na sua obra A República, já destacava o papel fundamental do professor na formação de cidadãos. É na Grécia Clássica que surge o conceito de cidadania e associado a este conceito estavam um conjunto de direitos e deveres implícitos numa vida em sociedade.

HARDEN e CROSSY (2000) referem que o professor desempenha doze papéis agrupados em seis áreas: fornecedor de informação, modelo profissional, facilitador da aprendizagem, avaliador quer dos alunos quer dos programas a implementar, planificador e criador de materiais. Acrescentamos a estes papéis o papel de avaliador das próprias práticas pela implementação do recente modelo de avaliação de professores e como elemento de autorreflexão da sua prática

Antes de ser professor é-se pessoa. Como afirma ABRAHAM (1984, p, 146) “cada pessoa é original, única; cada pessoa deve ser aceite pelo que ela é”.

Partindo desta perspetiva, é lógico pensarmos no professor como um ser com uma individualidade física e espiritual que se liga ao outro e aos outros, pois, segundo o mesmo autor, “não há pessoa sem os outros, sem comunicação com os outros, sem adesão a projetos comuns”, inter-relacionando-se e influenciando-se mutuamente. Ser professor tem tanto de fascinante como de perturbador. FULLAN e HARGREAVES (2000), destacam a influência que os professores exercem nos alunos, tornando esta influência numa das mais marcantes na vida e desenvolvimento dos alunos. Eles desempenham um papel-chave na formação das gerações futuras.

(20)

II - A relação professor - aluno A matéria-prima dos professores são os seres humanos e são esses mesmos seres humanos a matéria-prima mais importante para a humanidade, pelo que, se considerarmos que é na fase de formação e crescimento que os professores exercem a sua função, podemos compreender ainda melhor a importância e a responsabilidade do professor. O professor interage com todos os atores do contexto escolar. Destes atores destacamos os alunos, principal razão de ser dos professores, os pais, órgão diretivos, outros professores, pessoal não docente, psicólogos, sociólogos e comunidade em geral. TEIXEIRA (1993, p. 443) expressa de forma feliz a dimensão relacional do professor. “O professor é um ser relacional numa profissão de relação”. Vários investigadores referem que as funções dos professores têm vindo a aumentar, tanto em número como em complexidade e exigência. O aumento da especificidade dos alunos, a aceleração das mudanças e a constante dependência dos órgãos de decisão contribuem para que assim seja. Hoje, e na atual conjuntura económica e social, esta enorme capacidade de adaptação é fulcral no processo de interiorização do “ser professor”.

NIAS (2001, p.157 a 163) realça a enorme carga emocional incidente no professor. A atividade docente implica contato permanente com outras pessoas e a responsabilidade sobre essa tarefa, a de dar e partilhar, e as contínuas tomadas de decisão sobre os alunos pode ser emocionalmente esgotante.

Os professores não podem ser um amontoado de conhecimentos e competências, segundo ABRAHAM (1984, p. 11) “o professor não é um meio, uma coisa, mas um sujeito, a quem se dá o seu valor e a dignidade de o ser”. Os professores são pessoas. Muitos factores são importantes na construção de um professor. Um factor extremamente importante é a época em que o professor cresceu e ingressou na profissão e os sistemas de valores e crenças educativas dominantes na época. O estádio da vida e da carreira em que o professor se encontra e o efeito que esta situação tem sobre a confiança no seu ensino, sobre o seu sentido de realismo e as suas atitudes em relação à mudança também têm de ser consideradas. O próprio sexo do professor reflete interesses e peculiaridades específicas.

HUBERMAN e SHAPIRA (1984, p. 38 a 41) explicam que no “ciclo de vida dos professores”, os primeiros anos apresentam múltiplas dificuldades, entre as quais, a fixação no papel estereotipado a desempenhar. Há, no entanto, uma maior proximidade com a idade dos alunos que, quando bem gerida, pode beneficiar

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

7 relações. Paulatinamente o professor vai encontrando o equilíbrio, maior disponibilidade para uma relação pacífica com os alunos e uma coabitação mais favorável. Na sua meia-idade, entre os 40 e os 50 anos, os professores apresentam uma maior autonomia mas presos a uma rotina diária diminuindo assim a energia e o entusiasmo na prática docente.

Segundo os mesmos autores, a desilusão e o desapontamento tendem a acompanhar o processo de envelhecimento ao longo da carreira do docente, isto é, o tempo, o estado psicológico e as atividades desenvolvidas modificam-se trazendo mudanças nos motivos e centros de interesse dos professores. Na fase final da carreira encontramos, por vezes, professores defensivos e amargos quanto aos alunos, aos colegas e a si próprios ou então professores entusiásticos, calorosos, serenos e bons conselheiros. O envelhecimento é um processo cultural de aprendizagem, de interpretação da forma como outras pessoas repetidamente no tratam e vice-versa. Sintetizando, a idade, o estádio da carreira, a experiência de vida e os fatores ligados ao género fazem parte da pessoa como um todo, e esse todo vai repercutir-se na prática docente.

Torna-se assim evidente que a forma como os professores vêm a sua função depende das experiências de socialização vivenciadas. ALVES-PINTO (2001) diz-nos que a socialização conduz à construção de representações de acordo com a função que se exerce, pelo que, considerando os professores e as várias etapas de socialização, constroem-se diferentes representações da função docente.

TEIXEIRA (1993), na síntese que faz do estudo que realizou sobre as funções do professor em Portugal, conclui que é no ato de instruir e nas que constituem componentes de educação que os professores mais se revêm.

ALVES-PINTO (2001) afirma que a identidade se vai formando através da participação em situações de interação com os parceiros e dos reenvios das marcas dessas mesmas situações de interações. Por um lado é necessário considerar que nestas interações há expetativas das partes. Ao chegar à profissão já existem normas explícitas e implícitas que obrigam a uma socialização profissional sendo natural que as pessoas se sintam inseguras, que questionem o que se deve fazer, quando fazer, onde e como fazer, entre outras. Conseguem-se as respostas através do processo de socialização, da construção de referências e representações.

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II - A relação professor - aluno Torna-se assim fundamental o processo de adaptação a uma nova realidade. Infelizmente constatamos, hoje, que alguns professores estão constantemente a mudar de escola e esta realidade obriga a que os mesmos tenham de perceber o mais depressa possível o contexto onde a escola está inserida.

As relações que se estabelecem dependem muito de como se perceciona o que já vivemos e sentimos, dos recursos de que se dispõe e da importância que as pessoas atribuem às relações que estabelecem para atingir os objetivos pessoais. Como menciona BLIN (1997) no espaço de trabalho partilham-se valores, representações, crenças, um processo de construção de identidade que vai ganhando corpo. Cada pessoa procura o melhor para si e a melhor forma de estar na profissão.

FULLAN e HARGREAVES (2001) afirmam que os comportamentos dos docentes não se resumem a competências técnicas que precisam ser dominadas, sendo antes, condutas baseadas no tipo de pessoa que eles são.

Infelizmente com o passar dos anos tem-se desvirtuado a principal função docente com uma panóplia de exigências fora do âmbito base. O trabalho docente burocratizou-se de tal forma que os professores são obrigados a “distrair-se” com trabalhos menores em vez de se focarem totalmente naquela que deveria ser a sua principal função, a de formar bons cidadãos e as matérias associadas a cada docente, concentrando-se a cem porcento ao processo de ensino-aprendizagem.

Hoje trabalham menos vinte mil professores que há seis anos1. A maior parte desses

professores eram jovens professores contratados fundamentais para manter dinamismo ao ensino. Podemos considerar que o atual corpo docente a exercer funções está envelhecido acarretando assim um conjunto de consequências próprias no estádio da carreira. Se a este aspeto adicionarmos um enorme descontentamento da classe e os complexos desafio deste século, é com preocupação que olhamos para o presente e principalmente para o futuro. Será este corpo docente, envelhecido e desmotivado, capaz de responder às enormes exigências do seculo XXI?

1 Fonte FENPROF

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

9

2.

ENSINAR: ARTE, CIÊNCIA OU TÉCNICA?

Acreditamos que uma boa prática de ensino será uma simbiose harmónica entre Arte, Ciência e também Técnica. O professor que apoie toda a sua prática na componente cientifica em detrimento dos elementos inspiradores e motivacionais não será certamente um professor eficaz. Deverá existir um equilíbrio quase perfeito entre a Arte e a Ciência. O professor tem de ser flexível, e por flexibilidade, LOPES e SILVA (2012, p. 49) referem que é a “capacidade de fazer coisas certas na altura certa”. Esta flexibilidade permite ao professor gerir de forma correta situações de conflito, improvisar estratégias alternativas de ensino quando as usadas não surtem efeito, quando críticar construtivamente ou encorajar os alunos, a capacidade de adaptação a condições adversas, ter capacidade de sentir se os alunos estão a compreender as matérias abordadas.

LOPES e SILVA (2012, p. 49) citando Charles Silberman (1966 p. 124) referem: “Naturalmente, o ensino como a prática da medicina é sobretudo uma arte, que exige talento e criatividade. Mas como a medicina é também ou deverá ser uma ciência, por isso, implica um repertório de técnicas, processos e competências que podem ser sistematicamente estudadas e descritas e, por isso, transmitidas, ensinadas e melhoradas. O grande professor, como o grande médico, é o que junta criatividade e inspiração ao repertório básico…”

É fundamental que um bom professor domine cientificamente as matérias que leciona mas é também essencial que o bom professor tenha capacidade para observar e entender os alunos, inseridos num determinado contexto escolar, deve também conhecer os processos de ensino aprendizagem. Mas só dominar estes aspetos não é suficiente nem garantia de sucesso. LOPES e SILVA (2012, p. 49) referem que “é o aspeto artístico do seu papel que lhe deve possibilitar envolver os alunos, motivá-los para o conteúdo, estimulá-los, inspirá-los e ainda, e fundamentalmente, comunicar-lhes paixão pela aprendizagem”.

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II - A relação professor - aluno

3.

COMO FAZER A DIFERENÇA?

LOPES e SILVA (2012 p. 57 ) concluem:

“Os professores experientes e peritos possuem não só conhecimento pedagógico da matéria mas também paixão pelo ensino. São mais capazes de improvisar e alterar as estratégias que utilizam, para responder às caraterísticas contextuais das situações da sala de aulas, e entendem a um nível mais profundo as razões do sucesso e do fracasso de cada aluno em qualquer tarefa académica. A sua compreensão dos alunos é de tal ordem que são mais capazes de formular hipóteses adequadas sobre as causas exatas do sucesso e fracasso de cada um, planificar atividades de aprendizagem adequadas às necessidades de aprendizagem e antecipar as dificuldades que estes poderão enfrentar ao aprender novos conceitos”.

Toda a atividade educativa deve centrar-se no aluno e no seu bem-estar. Por isso é fundamental uma genuína paixão pelo trabalho, uma constante preocupação com os alunos e uma clareza relativamente ao papel que o professor pode e deve desempenhar, e de que forma o professor apaixonado pelo que faz, influencia positivamente os alunos no ato da aprendizagem.

Longe vão os tempos onde o sucesso educativo era somente fruto do estatuto socioeconómico, contexto familiar e pelas capacidades inatas dos alunos. Através das inúmeras investigações realizadas ao longo dos anos, sabemos que os professores, as estratégias de ensino e o contexto escolar são fatores preponderantes no sucesso educativo.

HATTIE (2009) citado por LOPES e SILVA (2012) enumera 66 fatores de maior influência no desempenho global do aluno de um total de 138 analisados ao longo de 15 anos de investigação e que incorpora cerca de 50.000 estudos incorporando milhões de alunos. Nessa investigação foram criados diferentes domínios, cada domínio representa um agente que influencia o desempenho global do aluno. Os domínios dos 66 fatores que mais influenciam o desempenho dos alunos são:

 O aluno

 O ensino

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II - A relação professor - aluno Sérgio Quitério 11  A escola  O currículo  O Ambiente familiar

Apesar de existir uma divisão entre o domínio do professor e o domínio do ensino, facilmente concluímos que o ensino é aplicado pelos professores, logo também este domínio tem como principal ator os professores. Tudo o que envolve ensino tem como ponto de partida a ação do professor. Assim sendo, e se juntarmos estes 2 domínios, dos 66 fatores decisivos para um bom desempenho dos alunos, 30 desses fatores são atribuídos aos domínios professor e ensino, logo, o papel do professor assume-se como facto determinante em todo o processo de ensino aprendizagem.

Ainda no supracitado estudo, destacamos que um dos fatores atribuídos ao domínio do professor é precisamente à relação professor-aluno. Este domínio e a forma como influência o desempenho dos alunos encontra-se em 11º lugar num ranking de 138 fatores.

Tabela 1: Os 66 fatores de maior influência no desempenho escolar do aluno, de um total de 138 analisados por Hattie (2009) in Lopes a Silva (2012)

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II - A relação professor - aluno

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

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II - A relação professor - aluno

4.

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Na abordagem tradicional o ensino era centrado no professor. O aluno aprendia com programas e disciplinas externas, dos quais tinha de adquirir conhecimentos impostos. SAVIANI (2001) sugeria que o papel do professor era de garantir que o conhecimento fosse obtido, independentemente do interesse e da vontade do aluno. Existem nos nossos tempos escolas que ainda se regem por esta abordagem, no entanto, o conhecimento é considerado uma construção contínua. A educação resume-se em provocar situações de desequilíbrio para o aluno, adequado ao seu desenvolvimento para que aprenda a interagir nessa situação.

O objetivo desta nova abordagem é que o aluno aprenda, por si mesmo, a conquistar a verdade de toda e qualquer situação. A escola começa ensinando à criança a observar, desenvolvendo as suas potencialidades motoras, verbais e mentais, trabalhando em grupo, dando-lhes liberdade de ação.

Segundo VYGOTSKY (1984), qualquer professor precisa contextualizar a sua prática docente, considerando o aluno como um sujeito integral e concreto, historicamente situado, isto é, um individuo que a partir da sua história de vida, já possui um capital cultural construído na interação com o meio que o envolve, tendo uma identidade que além de individual, é também coletiva r que o liga à sua classe social de origem. A relação professor-aluno é uma condição do processo de aprendizagem, pois essa relação dinamiza e dá sentido ao processo educativo. Apesar desta relação estar sujeita a um programa predefinido, normas institucionais, a interação do professor e do aluno forma o centro do processo educativo. Esta relação pode ser conflituosa, já que se baseia no convívio de classes sociais, culturais, valores e objetivos diferentes. MÜLLER (2002), destaca duas dimensões fundamentais na interação professor-aluno: uma dimensão relacionada com a transmissão de conhecimentos e a própria relação pessoal e outra dimensão ligada às normas disciplinares impostas.

Esta interação deve ser baseada na confiança, afetividade e respeito, cabendo ao professor orientar o aluno para o seu amadurecimento interno, isto é, o fortalecimento de bases morais e críticas, não concentrando apenas a atenção na transmissão de conteúdos.

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

15 Durante a minha experiência empírica ao longo de dez anos, em diferentes contextos

escolares e no mais recente estágio pedagógico foi possível constatar que esta relação, por melhor que seja trabalhada, passa por momentos de conflito, já que, faz parte das relações humanas a existência dos mesmos. Caberá ao professor a habilidade, a arte, técnica e o conhecimento para minimizar esses conflitos.

Estas situações conflituosas acontecem maioritariamente a partir do 3º ciclo e perduram até ao ensino secundário. Em termos de desenvolvimento, esta fase coincide com a pré-adolescência e a adolescência, fase esta que é marcada por uma enorme conflitualidade e de autoafirmação dos alunos, sendo necessário que o professor tenha especial atenção à (in)disciplina, só mantendo o aluno concentrado e interessado nos conteúdos é que se obterá sucesso.

Este aspeto é fundamental para não transformar as aulas somente em transferência de conhecimentos, mas também, numa enorme atenção por parte do professor ao conteúdo emocional e afetivo.

LIBÂNEO (1994, p. 254) refere:

“Não estamos a falar de afetividade do professor para com determinados alunos, nem de amor pelas crianças. A relação maternal ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na sala de aula, o professor relaciona-se com um grupo de alunos. Mesmo que o professor sinta necessidade de dar especial atenção a um aluno ou que os alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar direcionada para a atividade de todos os alunos sempre relacionada com os objetivos e conteúdos da aula”.

A escola atravessa uma crise de identidade, os alunos não sabem porque vão às aulas, existe um descrédito nos diplomas que já não são o passaporte para um complexo mercado de trabalho, o abandono escolar, a indisciplina, a violência nas suas ínfimas formas, acabam por transformar a relação professor-aluno complexa e por vezes difícil. O professor deve preocupar-se com o relacionamento emocional e afetivo. A dimensão afetiva facilita a aprendizagem já que, em momentos informais, os alunos aproximam-se do professor, trocando ideias e experiências, criando-se assim situações para serem utilizadas na sala de aula posteriormente. A relação baseada na afetividade é uma relação produtiva já que tenderá a reduzir as situações de conflito. Não podemos confundir uma relação de afetividade com displicência, o

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II - A relação professor - aluno professor pode ser amigo, compreensivo e tolerante, sem nunca obliterar a sua principal função.

Professores apaixonados pelo ensino, comprometidos com a produção de conhecimento na sala de aulas, que desenvolvam com os seus alunos um respeito e amizade mútuo pelo saber, são fundamentais. Professores que não olham a esforços para levar os seus alunos à ação, à reflexão crítica, curiosidade e à descoberta são essenciais. Professores que, respeita a experiência de vida de cada aluno, idade e desenvolvimento mental, são imprescindíveis. É fundamental que os professores acreditem nos seus alunos.

Acreditamos que a relação professor-aluno é um pilar basilar do processo pedagógico. É impossível desvincular a realidade escolar da realidade do mundo real vivida pelos alunos onde, professores e alunos, aprendem partilhando experiencias de vida. GADOTTI, 1992 p.2, refere a propósito desta temática:

“Para por em prática o diálogo, o professor não se pode colocar na ingênua posição de detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o “analfabeto” não é um homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiencia de vida e por isso também é portador de um saber.”

Se por um lado é importante a existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre professores e alunos para que se desenvolva melhor o pensamento critico, o entender o mundo, a reflexão, a aprendizagem e a autonomia, por outro lado, os professores não podem que tais sentimentos interfiram com o seu cumprimento ético do seu dever. Assim, torna-se fundamental que o professor considere eventuais situações com alunos diferentes da mesma forma. Em nenhuma circunstância os alunos devem sentir que o professor discrimina, positiva e negativamente, os alunos. O professor deve ser coerente.

“Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos […] A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem querer que tenha por ele”. (FREIRE, 1996, p. 159-160).

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

17 O professor precisa de combinar adequadamente autoridade, respeito e afetividade,

isto é, ao mesmo tempo que negoceia e estabelece normas, explicando bem o que espera dos alunos, deve respeitar a individualidade e a liberdade de cada um, para poder desenvolver nos alunos o sentido de responsabilidade.

Outro fator que incomoda os professores está relacionado com a disciplina, ou a ausência dela. Infelizmente, observamos demasiadas vezes, o professor em nome da autodisciplina, optar por atitudes pedagogicamente duvidosas. É recorrente os professores ameaçarem os alunos, impõem regras sem fundamento, e, por vezes, chegam mesmo a humilhar alguns alunos.

É frequente os professores gritarem com os alunos para interromper o barulho que se faz sentir numa determinada etapa de uma aula, muitos professores tentam impor algumas regras através de ameaças e chantagens. Se os alunos não acatam determinadas situações o professor castiga-os dizendo que aquele conteúdo já fica dado, impõem testes que contam para nota, que os expulsam da sala, etc.

Outros professores simplesmente ignoram os factos, demonstrando assim que estão mais preocupados em cumprir os objetivos da aula do que descobrir o porquê da falta de interesse e da indisciplina da maioria dos alunos da turma.

Muitos professores acreditam que um distanciamento hierárquico é sinonimo de respeito. Este tipo de professores normalmente intimida os alunos e não se preocupa se estes estão a acompanhar a matéria ou não. A maior parte da sua atenção está voltada para os melhores alunos, que o conseguem acompanhar. Quando algum dos alunos menos interessados lhe coloca alguma questão, o professor responde dizendo “se estivesses atento não farias essa pergunta”. É de salientar que este tipo de disputas em nada favorece a relação entre professor-aluno, assim como, em nada resulta de positivo.

Outra estratégia frequente para combater a indisciplina é expulsar o aluno da sala de aulas. Tal estratégia também em nada ajuda na resolução dos possíveis problemas relacionais.

O respeito não é um ato adquirido, conquista-se. O respeito não se pode impor. É através do diálogo que um professor deve resolver possíveis problemas que ocorram durante a sua prática.

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II - A relação professor - aluno A propósito desta questão LIBÂNEO (1996, p. 250) refere:

“O professor não transmite apenas informação ou faz somente perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e preocupar-se com a capacidade de expressão e exposição de problemas dos alunos. O trabalho docente não é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão a reagir à interação do professor, às dificuldades que encontraram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades”.

Segundo MASSETO (1996), o (in) sucesso na aprendizagem está essencialmente ligado à forte ligação afetiva existente entre o professor e os alunos, na relação entre alunos e na relação entre os professores.

Os professores demasiado autoritários tornam-se assim apenas uma projeção dos professores que tiveram no passado, repetindo as mesmas estratégias, resistentes à mudança, adeptos de aulas demasiadamente expositivas que induzem os alunos à desmotivação, falta de interesse, indisciplina, incapacidade de refletir, problematizar, incapazes de criar situações que o auxiliem na construção do seu conhecimento. São profissionais que não investem na sua formação, são profissionais pouco comprometidos com a profissão, são profissionais que não sabem o que é “Ser Professor”.

A desmotivação leva ao desinteresse, o desinteresse leva à distração, a distração leva à indisciplina e ao não saber estar numa sala de aulas. Por isso, o professor tem de interiorizar que só através de aulas dinâmicas, divertidas, com uma linguagem fácil e objetiva, sempre associado a questões pertinentes e atuais, aulas interativas, se consegue motivar os alunos. Se não houver alunos motivados, não pode haver sucesso educativo.

Não existem modelos inquestionáveis de docência, mas existe um vasto leque de estudos que nos levam a acreditar que o modelo que defendemos é o mais eficaz. Este modelo pode servir como fonte de inspiração para que continuemos a procurar a melhor forma de chegarmos à mente dos alunos. Um aluno nunca pode ser passivo e, mesmo que um determinado aluno dê uma resposta errada ou incompleta, nunca devemos dizer que o aluno está errado. Devemos optar por uma postura mais flexível e construtiva “Não é bem isso”, “estás quase lá”, “não está totalmente correto”, “pensa

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

19 melhor e certamente acertarás”. A forma como um professor conduz a aula deve

despertar a curiosidade do aluno pelo ouvir e aprender.

“… o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até à intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.” (FREIRE, 1996, p. 96).

O professor deve procurar aperfeiçoar a sua prática constantemente, ser um apaixonado pela profissão que exerce e saber exercer a sua autoridade com moderação e imparcialidade. Mas, por vezes, para resolver determinada situação de conflito, deve conversar individualmente com um aluno que tenha tido um comportamento menos aceitável.

“Uma boa técnica de motivação é ter uma conversa em particular com o aluno. Em que se procure explorar o sentimentalismo e também, quando necessário, falar abertamente com o aluno, chamando-o à sua responsabilidade. É imprescindível que ele sinta, apesar das verdades, se necessário, que o professor é seu amigo e tudo fará para ajudá-lo.” (NÉRICI, 1992, p. 190). Se estabelecermos um paralelo entre todas as situações já mencionadas, de boa conduta docente, facilmente afirmamos que a (in)disciplina em contexto de sala de aulas está diretamente ligada ao estilo e prática docente, isto é, à autoridade do professor, à sua relação afetiva, a técnica de ensino e à moralidade. Dessa forma, os professores que melhor controlam as suas turmas, são queles que dominam os conteúdos que ensinam, não têm receio de dizer que não sabem determinada resposta naquele momento, adaptam as suas estratégias de ensino em função dos alunos, estão abertos ao diálogo, são capazes de lidar com diferenças individuais, apaixonados pelo que fazem, justos, dedicados e capacidade pedagógico-didática necessária à organização do processo de ensino.

Um professor competente está sempre preparado para refletir sobre a sua metodologia, sobre a sua postura na sala de aulas, sobre a sua função social, só assim consegue estimular a sua prática de forma a manter níveis motivacionais dos seus alunos elevados. Deste modo, cada aluno será um ser consciente, ativo, autônomo, produtivo, participativo e agente proactivo da sua realidade.

(34)

II - A relação professor - aluno Para além da relação que o professor estabelece com os seus alunos, fruto de um conjunto enorme de situações que temos vindo a identificar, é importante que o professor também se relacione de forma positiva e construtiva com a restante comunidade escolar. Também é fundamental que o professor respeite a sala de aulas e que não use este espaço para realizar tarefas que nada tem a ver com aqueles alunos ou disciplina, como é o caso, frequente, de professores que corrigem testes de outros alunos naquele período de tempo.

O prazer de aprender não nasce espontaneamente nos alunos, muitas vezes, é uma tarefa que nem sequer lhes dá prazer. Para que este hábito possa ser enraizado é necessário que o professor consiga despertar curiosidade nos alunos e acompanha-los na resolução de tarefas propostas. Além disso, o aluno deve adquirir conhecimento não apenas para ter na cabeça muitas informações que, na maioria dos casos, nunca vai utilizar. O conhecimento ideal é aquele que prepara o aluno para que seja um “cidadão do mundo”. No entanto, para que isto aconteça, o papel do professor deve ser a de um facilitador da aprendizagem, aquele que provoca no aluno um estímulo que o faça aprender a aprender, que o faça gostar a aprender e que o faça compreender a importância de aprender.

Como refere (ROUSSEAU, 1990, p. 197) “é preciso falar, tanto quanto possível, através de ações, e apenas dizer o que é impossível fazer”.

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

21

5.

O PAPEL DO PROFESSOR DE INFORMÁTICA NA ESCOLA E

A SUA RELAÇÃO COM OS NATIVOS DIGITAIS

Ao longo deste relatório referimos várias vezes a importância do papel do professor como agente de socialização, como agente de integração dos seus alunos, no transformar os seus alunos em cidadãos do mundo. Cabe ao professor preparar os seus alunos para que estes sejam capazes de ultrapassar os variadíssimos desafios que irão encontrar ao longo das suas vidas.

Para tal, é fundamental que qualquer professor perceba o contexto geracional em que os seus alunos se inserem. A sociologia tem rotulado várias gerações ao longo dos dois últimos séculos. Neste contexto aparece a geração Z. A geração Z (Zapping), nome atribuído pela constante mudança de canais de comunicação (internet, telemóveis, televisão), é caraterizada por pessoas que nasceram a partir de 1992 até aos tempos de hoje. É frequente apelidar as pessoas que pertencem à geração Z de nativos digitais.

PRENSKY (2001), carateriza os nativos digitais como sendo pessoas, que supostamente preferem aceder/receber informação de forma célere, favorecendo processos de multitarefa que marginalizam os suportes impressos e enfatizam os suportes digitais.

O termo nativo digital tem sido, no entanto, recentemente, alvo de escrutínio rigoroso por parte dos investigadores (o próprio Prensky, em 2009, substituiu o termo por “digital wisdom”) que apontam, globalmente, limitações à generalização imbricada na relação entre as duas palavras (Brown e Czerniewicz, 2010), bem como à distinção “nativo digital/imigrante digital” (Bennett, Maton e Kervin, 2008; Bayne e Ross 2007), considerando que se trata de matéria complexa, pelas razões sintetizadas abaixo:

 A idade não deverá constituir critério único de sinonímia com proficiência, no que se refere ao uso das TIC, não sendo tal relação linear;

 Fatores de ordem socioeconómica e cultural podem influenciar diferentes formas de acesso e uso das TIC;

 A aprendizagem informal associada à navegação na Internet não constitui, por si só, garantia de que tal navegação não seja errante, se não for partilhada com

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II - A relação professor - aluno

22 a aprendizagem formal, na Escola, para que daí possam resultar benefícios

para a consolidação da literacia digital dos estudantes.

Um nativo digital é uma pessoa que nasceu e cresceu em contato permanente com as tecnologias digitais. Tecnologias como os videojogos, consolas, internet, televisão por cabo, tablets, smartphones, leitores mp3, sempre fizeram parte do quotidiano dessas pessoas. O nativo digital nasce e cresce na era da informação2, onde o papel

é substituído pelo computador. Os nativos digitais cresceram com a tecnologia do século XXI.

Uma das grandes diferenças desta geração com as gerações anteriores está no acesso fácil à informação. O nativo digital também é caraterizado por conseguir fazer muitas coisas ao mesmo tempo, é uma pessoa que está sempre conectado à Web. Talvez por ter uma facilidade de acesso à informação, em qualquer lado e em qualquer lugar, a informação perde valor que outrora teve. Serviços como o Google, Youtube, Facebook, entre outros fazem parte do quotidiano dos nativos digitais. É fundamental entender que a informação para os nativos digitais tem pouco valor, não porque a informação não seja importante, mas sim, porque está ao alcance de um simples “clique”. Assim, sempre que forem questionados acerca de um determinado tema é inevitável que recorram aos serviços Web para saciar a sua necessidade de informação.

Se antigamente os jovens passavam grande parte do tempo livre na rua, hoje, passam-no em casa, no mundo virtual, no Facebook, Twitter, redes sociais, a jogar, ou seja, em constante comunicação, em constante interação. Nalguns casos, o uso excessivo do computador ou internet pode traduzir-se numa espécie de vício, acarretando um conjunto de possíveis problemas que o uso excessivo de tecnologia pode trazer. Uma das questões mais enfatizadas por alguns estudos científicos demonstram que a permanência, durante demasiado tempo, no mundo virtual, pode fazer com que alguns jovens percam a noção do mundo real e levar ao isolamento social físico.

2 Era da informação (também conhecida como era digital) é o nome dado ao período que vem após a era industrial, mais especificamente após a década de 1980; embora a sua tenha começado no princípio do século XX e, particularmente, na década de 1970, com a criação do microprocessador, as redes de computadores, a fibra ótica e o computador pessoal.

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

23 Contrariando o que muita gente pensa, os nativos digitais não dominam assim tão

bem as tecnologias ao seu dispor. O facto de as usarem maioritariamente para fins lúdicos não lhes permite ver a tecnologia circundantes como ferramentas de trabalho. Assim, é impossível ignorar a especificidade desta geração com a prática docente. Um dos aspetos fundamentais da relação professor-aluno passa por um conhecimento real da matéria-prima que possui. Temos vindo a assistir a uma preocupação geral da sociedade para com os perigos que as redes sociais, quando mal utilizadas, podem trazer. O Ministério da Educação prepara um pacote de medidas que inviabilizam a utilização das redes sociais no tempo útil da componente letiva. Tal medida só pode ser entendida como um ato de incompreensão total da atual geração e de um certificado de incompetência às escolas por não acreditarem que estas sabem, ou deveriam saber lidar, com este tipo de problemática.

Já foi referido que o atual corpo docente possui uma média aproximada de idade elevada, logo, é compreensível que não seja capaz de lidar com algumas destas questões. Assim, o papel dos professores de informática assume um papel preponderante na moderação da relação entre escola, alunos, pais e os diferentes serviços Web.

É fundamental que o professor de informática esteja em constante atualização relativamente aos serviços Web que constantemente atraem a atenção dos seus alunos. Tal tarefa fará com que esteja melhor preparado para intervir pedagogicamente quando confrontado com as melhores práticas de determinado serviço ou plataforma.

Ao longo de 10 anos de experiência pedagógica, 7 anos dos quais a exercer funções docentes no grupo 550 (informática) tive o prazer de lecionar uma vastíssimo número de disciplinas diferentes. Disciplinas como as TIC, no 3º ciclo e no ensino profissional, as bases de dados, microcomputadores, as redes de computadores, aplicações de escritório, a edição de vídeo, a edição de som, a edição fotográfica, a animação 2D e 3D, a programação tradicional e a programação para aplicações móveis, internet, segurança web, entre outros. O espectro de conteúdos passiveis da nossa ação é enorme e deve ser caso único no ato da docência. Nenhum outro grupo disciplinar deverá possuir um espectro tão vasto de possíveis disciplinas a lecionar. Ou seja, os professores de informática terão a oportunidade de trabalhar com alunos praticamente em todas as dimensões do mundo tecnológico, principalmente na dimensão da

(38)

II - A relação professor - aluno informática. Longe vão os tempos onde o facto de os aluno terem um computador à frente bastava, per si, para os manter motivados.

Caberá aos professores de informática a responsabilidade de transmitir ao aluno a poderosa ferramenta de trabalho que as diferentes áreas da informática lhe poderá proporcionar, rompendo o pensamento de considerar a tecnologia somente para fins lúdicos, mas também, como uma mais-valia para o futuro mercado de trabalho. Durante a nossa experiência empírica deparamo-nos com alguns conflitos intrínsecos ao nível ético, os quais merecem uma reflexão profunda da nossa parte.

Como refere ESCOLA (2007, p. 47), “São inúmeros os reptos que a informática continua a colocar à ética. A reflexão sobre a expansão recente da informática mostra-nos, efetivamente, a emergência de problemas que anteriormente não se colocavam e, ao mesmo tempo, a similitude com outros que já existiam”.

Cabe ao professor de informática a transmissão de princípios éticos e morais aos alunos no que toca à utilização das múltiplas plataformas inerentes à informática. Temas como o cyberbulliyng, questões de respeito pela propriedade intelectual alheia, privacidade, anonimato, devem fazer parte do cotidiano da ação do professor de informática.

A internet pensada como poderosa rede de comunicação abriu as portas a uma considerável gama de problemas éticos, com destaque para a problemática da uniformização cultural, a difusão da pornografia, a apologia das ideologias racistas ou a questão da pirataria informática versus propriedade intelectual”. ESCOLA (2007,

p. 49).

A forma como os professores de informática abordam questões relacionadas com a pirataria informática requerem especial atenção por parte dos mesmos. São questões muito sensíveis, onde o nosso “ser” irá ser determinante na ação quando os alunos nos confrontarem com este tipo de questões, e pela experiência adquirida, vão fazê-lo certamente. Aliás, uma das situações de abordagem ao fazê-longo dos tempos que mais vezes tem acontecido está relacionada com questões de pirataria informática. Diariamente os alunos nos abordam no sentido de saber onde se pode descarregar determinado jogo, filme, software, se conhecemos algum site onde poderão visualizar um determinado jogo de futebol que passará em canal fechado, como se “crakeia” um jogo ou software, como roubar a internet do vizinho, entre outras.

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II - A relação professor - aluno

Sérgio Quitério

25 A problemática inerente às questões da informática, e a ação dos professores de

informática não pode ser separada do papel do docente com agente de criação de “bons cidadãos”. Aliás, qualquer movimento cívico tem de ter por base uma filosofia ética.

ESCOLA (2007, p. 51) reforça a ideia da importância de refletirmos relativamente a esta problemática dizendo:

“…consideramos que a ética da informática, enquanto ética aplicada, tem um lugar fundamental na reflexão filosófica contemporânea […] Para uma equilibrada formação de profissionais não só de áreas diretamente ligadas à informática , mas às tecnologia […] dever-se-á assegurar a presença de uma unidade curricular de ética que permita a realização de uma reflexão sobre as grandes interrogações éticas da contemporaneidade provocadas pelo desenvolvimento tecnológico”.

Como frisou PAIVA (2012), as TIC trazem à Educação desafios complexos, merecendo uma crescente, e sempre inacabada, reflexão sobre o modo mais acertado de as usar. De tal debate não poderá estar ausente uma ponderação atenta sobre o modo como a imersão profunda na Internet, enquanto veículo privilegiado de acesso à informação, pode ter consequências menos positivas, no que se refere à realização de uma leitura aprofundada do mundo. No entender de CARR (2012, p. 173), “Aquilo que antes era um meio para atingir um fim, um modo de identificar informação para um estudo mais profundo, está a tornar-se um fim em si próprio – o nosso modo preferencial de recolher e tirar sentido de informação de qualquer natureza”.

5.1. O

PAPEL DO PROFESSOR DE INFORMÁTICA NA ESCOLA

Já foi mencionado o enorme espectro de possíveis disciplinas que um professor de informática pode abordar. O papel dos professores de informática está longe de se restringir à sua prática docente. Caberá ao professor de informática exercer os cargos de diretor de turma ou coordenador, como os restantes elementos do corpo docente, mas onde se destaca o pepel do professor de informática é no suporte aos parques informáticos que encontramos nas escolas.

Esse suporte passa pela manutenção dos parques informáticos, no apoio às plataformas digitais institucionais encontradas na Web (site da escola, moodle, facebook, twitter, etc), na formação no âmbito das TIC ao restante corpo docente, na

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II - A relação professor - aluno cooperação e coordenação no âmbito do projeto tecnológico na educação (PTE), no apoio técnico aos restantes colegas, entre outros.

Pela experiência já vivenciada, os professores de informática estão sistematicamente a ser abordados pela comunidade escolar por mil e umas razões, desde problemas relacionados com computadores, aos conteúdos que são necessários alojar no site da escola, ao videoprojector que deixou de funcionar, o rato que avariou, a rede wireless que está com problemas, e muitas outras situações que fazem com que os professores de informática tenham de dispersar as suas atenções a uma panóplia de possíveis situações que desvirtuam o papel principal dos professores de informática que é, o de ensinar.

Obviamente que a cooperação dos professores de informática com a orgânica de uma escola depende de cada um. Nenhum professor de informática é obrigado a resolver avarias no parque informático, mas, deverá ser uma preocupação de qualquer professor, o bom funcionamento da escola onde está a exercer as funções de docente. As políticas austeras têm vindo suprimir apoios financeiros às horas que os professores de informática tinham para poderem prestar auxílio técnico aos parques informáticos das escolas, logo, é frequente encontrarmos professores que se recusam a exercer funções fora do âmbito da docência. Caberá à consciência de cada um a cooperação, ou não, com esta realidade.

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Sérgio Quitério

27

III - Contextualização da Prática

Pedagógica

(42)

III – Contextualização da Prática Pedagógica

1.

O MEIO ENVOLVENTE AO CONTEXTO ESCOLAR

A cidade de Vila Real é a capital do distrito homónimo, sendo a principal urbe da região de Trás - os- Montes e Alto Douro (TMAD). Para além da sua importância político-administrativa regional, assume igualmente relevância a sua localização geográfica, sensivelmente no centro da região Norte de Portugal. Esta posição mediana entre o litoral português e a fronteira com duas regiões autonómicas espanholas (Galiza, Castela e Leão), associada à construção de novas vias rodoviárias estruturantes (A4 e A24), têm contribuído para reforçar o seu papel no sistema urbano regional e favorecido um processo de desenvolvimento económico assente na indústria e nos serviços. Sob o ponto de vista demográfico, a cidade conta atualmente com mais de 30.000 habitantes (50.000 no concelho), registando uma densidade média populacional de 130 hab/km2. Importa assinalar que Vila Real registou um incremento populacional nas duas últimas décadas, sobretudo no período 1991-2001 (7,9%), contrariando uma tendência que se verificou em praticamente todos os concelhos da região de TMAD.

Em 2001, a taxa de atividade no concelho (44,5%) demonstra uma evolução positiva face aos resultados de 1991. As sociedades do sector terciário correspondem a 77% do total de sociedades registadas no município, em clara correspondência com o perfil administrativo característico do concelho. Em consonância com este número, a grande maioria da população ativa e empregada concentra-se nos CAE (Códigos da Catividade Económica) 5 a 9, com cerca de 14 500 indivíduos (INE, 2001).

De acordo com os mais recentes dados dos censos de 2011, a população do concelho de Vila Real continuou a registar a tendência de crescimento que vem evidenciando situando-se nos 52.219 habitantes. De realçar o facto de Vila Real, a par de Viseu e Campo Maior, figurarem como os três únicos concelhos do interior que viram as suas populações aumentar na última década.

Apesar desta mudança registada na empregabilidade e no emprego, a atividade agrícola do concelho representa ainda uma importante fonte de riqueza, proveniente sobretudo do sector vitivinícola, já que o concelho se encontra integrado na Região Demarcada do Douro, produtora do maior ex-libris das expôrtações portuguesas, o Vinho do Porto. Para além da produção deste vinho, regista-se uma clara aposta nos vinhos de mesa com Denominação de Origem Controlada (DOC). Ainda no sector vitivinícola, merece igualmente referência o vinho Rosé, expôrtado para mais de uma

(43)

III – Contextualização da Prática Pedagógica

Sérgio Quitério

29 centena de países, e que se assume como um importante cartaz promocional a nível

internacional.

No que concerne às atividades comerciais e de serviços, e como consequência da sua pujança regional, Vila Real tem vindo a assumir um papel cada vez mais preponderante nas trocas comerciais e na prestação de serviços. A abertura do seu primeiro centro comercial, que se junta a outras estruturas comerciais já existentes, reforça o seu protagonismo na concentração da oferta para um vasto território. Esta situação foi reforçada com a construção da A24 e mais recentemente com a entrada em funcionamento da A4, assumindo-se como facto determinante no atracão da procura regional. Em termos de serviços, é notório o fomento de empresas com expressão local e regional, ao qual não é alheia a presença da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, como polo de formação superior e de investigação científica, com provas dadas em alguns sectores estratégicos como a agricultura, a vitivinicultura, a floresta, as TIC ou ainda as engenharias.

Como corolário de uma atuação concertada de diversas instituições, Vila Real vem progressivamente atingindo padrões de qualidade ao nível da prestação de serviços públicos de índole local e regional, com a consequente melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos.

Estão nesta linha o reforço da cobertura dos serviços básicos (saneamento, abastecimento de água e recolha e tratamento de resíduos), os serviços de saúde e da educação. Para além disso, foi feita uma aposta decisiva na criação de serviços e infraestruturas de carácter formativo e cultural, como o Teatro de Vila Real, o Conservatório Regional de Música, o Arquivo Municipal, a Biblioteca Municipal e o Grémio Literário. Devemos por último assinalar os projetos que têm vindo a ser realizados no âmbito do Programa POLIS, que proporcionaram uma efetiva valorização ambiental e da própria qualidade de vida dos vila-realenses. Dentre as diversas ações e projetos empreendidos, destacamos a criação de um parque urbano com características únicas (Parque Corgo) e as intervenções de requalificação realizadas no Bairro dos Ferreiros e na Vila Velha, procurando reabilitar e revalorizar estes espaços urbanos, importantes para a nossa memória coletiva, mas procurando igualmente reintroduzir a função habitacional nestes locais, densificando estas zonas e aproximando os cidadãos do centro nevrálgico do concelho, fomentando desta forma a melhoria da mobilidade.

(44)

III – Contextualização da Prática Pedagógica

A escolha de Vila Real como sede da Agência de Ecologia Urbana do Eixo Atlântico, a criação do futuro Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) e da Nova Zona Empresarial (NZE), virão certamente reforçar a posição geoestratégica do concelho como ponto de encontro e confluência de atividades, serviços, bens e pessoas.

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Tabela 1: Os 66 fatores de maior influência no desempenho escolar do aluno, de um total de  138 analisados por Hattie (2009) in Lopes a Silva (2012)
Tabela 4:Oferta Formativa. AEMM 2013-2014
Tabela 10: Refrencial de Formação Global
Gráfico 5
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