E
UNTYERSIDADE DE
EVORA
MESTRADO EM PSICOLOGIA
DO DESEI\TVOLVIMENTO
PROFISSIONAL
pERCEpÇÃo
on
JUSTrÇA
Dos
AvALrADos
ACERCA DA
suA
AvALmÇÃo
or
DESEMPENHO
Dissertagão de mestado apresentada por:
SAI\DRA
LA
7]A
ESTEYE SOLTVEIRA
Orientador:
PROF.
DOUTORNUNO
REBELO DOS SA}{TOSEsta dissertação não
inclú
as críticas e sugestões feitas pelojuri
Evora
Agosto 2006RS
§v
TTNTvERSTDADE
DE
Évona
MESTRADO
EM PSICOLOGIA
DO DESEIYVOLVIMENTO PROT'ISSIONAL
pERCErÇÃO
ur
.TUSTIÇA DOSAVALIADOS ACERCA
DA
SUAAVALIAÇÃO
un
DESEMPE}IIIO
Dissertação de mestrado apresentada por:
SANIDRA LÜ
ZlA
ESTEVES
OLIVEIRA
)à
rc
r,
Orientador:
PROF.
DOUTORNUNO
REBELO DOS SA}{TOSEsta dissertação não
inclui
as críticas e sugestões feitas pelojuri
Évora
Justiça e Avaliação de
Desempeúo
II
Justiça e
Avúa@o
deDeempenho
m
RESUMO
rERCErÇÃO
os
ruSTIÇADOS AYALIADOS
ACmCADA
SUA.AvALIAÇÃO
pB
DESEI\{PENHO
O proposito deste trabalho é comiprrender a percep@o de justiça que os enfermeiros avaliados
têm
acercada
sua
avalia@
de
desempenho, considerandoas diferentes
dimensões daliteratura sobre
justiça organizaaonal-
procedimental, distributiva e interaocional.Aplicámos um questionário nunm amostna de 105 enfermeiros duma população de 350 de
um
hospital central.
Os
nossos resultados demonstrannque
a
dimensãode justiça
rnais importante
para
osavaliados,
é
a
justiça distributiva,
ou
seja,
a
justiça
dos
rezultadosna
avaliação
dedesempeúo.
No
entanto,os
avaliados consideramque os
aspectosmais
relevantesna
avaliação
dedesempenho são os aspectos interaccionais.
De
uma
forma
geral,os
resultados indicam-nos quea
percepção dejustiça
dos
avaliados aceÍça da avaliação dedesempeúo
é um constructo que engloba as três dimensões de justiça,uma vez
quetodos
as dimensões demonstram correlações positivas, alertando-nospara
a dimensão comum que as une-
a percepção de justiça.Justiça e Avaliação de
Desempeúo
ry
ABSTRACT
PERCEPTION OF
ruSTICE THAT TIIE
APPRAISED ONESHAVE
CONCERNING
HIS/TIER
ACTING
EVALUATION
The purpose
of
thiswork
isto
understand the perception of justice that the nurses appraised ones have concerninghi#her
acting evaluatiorq consideringthe different
dimensionsof
theliterature
aboú
organizational justice - procedurafdistributive
and interactional.We've
applied a questionnaireto
a sampleof
105 nursesin
a populationof
350of
a CentralHospital.
Our results demonstrate that the most signiÍicant dimension
ofjustice for
the appraised ones is the distributivejusticg
in other words, the justice of thermrlts
in the acting evaluation.Our results also show thaÍ, the
appraisd
nrrses consider that the most relevant aspects in theacting evaluation are the
interastionàlaryds.
In
a general
way,our
res.rltsdemonstrde
^hatthe
perceptionof
justice that
úe
appraisednurses
have
concerninghidher
acting
evaluation, hasan
constructthat
includesthe
threedimensions
of
justicg
onceall
tJrcdimmsions
demonsúrate positive correlations, alerting usfor
the coÍnmon construct thafit
unites - the percepüonofjustice.
Justiça e
dvalia@o
deDmemPeúo
v
AGRADECINIEI{TOS
Ao
ProfessorDoutor Nuno
Rúelo
do Satrog
orietrador
da presente dissertação demestrado,
pelo
apoio,
disponibilidade
e
elerirada competência demonstrada,que
tantovalanzaram o meu percurso
formativo-A
todos
os participantesdo
mtrrdo pela cotabora@oe
disponibilidade demonstradqsem a qual o nosso
wtudo
não seriapossível-Ao
Dr.
Sá deAmeida
e a todos os membros do Conselho de Administração do HCCpela
disponibilidade
simpatia e colaboração que §empre demonstraram.A miúa
famflia,
aoFe&q
àDian4
à Cartra e aoAntônio e à
Sofia que sempre me apoiaram e estiveram do meu lado quando as coisas correram menos bem. E a todos os que de algum modo deram o seu contributo paratornar este projecto uma realidade possível.Iustrça e .Avalia@o de Dese,mpenho
SIGil,AS E ABREVIATI.]R,AS
APA
-
American Psychological Associationart. -
Artigo
Dec. - Decreto
Dr.
-Doutor
Ex.-o
- ExcelentíssimoHCC-
Hospital Curry CabralKMO
- Kaiser-Meyer-Olkin Àúeaxrre of SwnplingAderyacy
N
- População n.o - NúmeroDGS- Direcção Geral de Saúde
p. - Página
REPE - Regulamento do Exercício Profissional de Enfermagem
Sec.
-
Século Sr.-
Senhor s.d.-
Sem dataSEP
-
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses SPSS - StatisticalPackagefor
the Social SciencesJustiça e
Avúa$o
deDesemPenhovII
Pag.
13
Írurcn
INTRODUÇÃO
PARTE
I
_ESTI]IX)
ITORICO
t7
35
52
CAp.
I-
A
AvALIAÇÃO
DE DESEMPENIHO
F'ORMALIZADA NO CONTf,XTO
oRGAI{TZACTONAL
-.--....'.... 181.1
CONCEjPTIJ1ü,TZÀÇÃO
..--... 181.1.1
Avaliaçãol8
20))
1.1.2
Desempenho1.1.3
Avaliação deDeempenho
1.2 AvALTAÇÃO
DE DESEMPENHO:DIFERENIES PERSPECTIVAS
... 241.2.1
Sistemas formais de Avatia@o deDesempeúo
segundoaMetáfora
doTeste
)A
1.2.2
Avaliação de Desempenho segrndo a Metáfora do Processamento daInformação 26
1.2-2.1.
A
cogmção social e a Avaliaçâo deDesempeúo
... ...-....28
1.2-2.2.
Efeitos do contexto deIúeracção
social sobre ajulgúilidade
social...-1.2.3
Novas Abordqgens da Avaliação deDesempeúo
1.3
FONTESDA AVALIAÇÃO pB
DESEMPENHO
1.4
CRITERIOS DEMEDIDADO
DESEMPEI§HO 371.5
N,íETODOS E INSTRUN,{ENTOS DEAVALIAÇÃO
Or
DESEMPENHO
...43CAP.
tr
-
JUSTIÇA:
DIFEREF{TES PER§IPECTIVAS
2.1
CoNCEPTUALTZAÇÃO
DO CONCETTO DEruSTIÇA
4748
2.2
ruSTIÇADISTRJBUTTVA
...312.3
ruSTIÇA PROCEDIMEI{TAL
2.4
ruSTIÇAINTERACCIONAL
...51CAP.
m_
AVAIIAÇÃO
DE
DESEMPENHO
EPERCEPÇÃO DE
JUSTIÇA
EM
Justiça e Avaliação de
Dsempenho
VItr
cAp.
rv
-
coNTExruALEAÇÃO
DA,AVÁ1;6ÇÃO
DE
TIESEMPE15HOFORMAIIZADA
NO
HOSPITAL
CT]RRY
CABRAL
834.r
EVOLUÇÃO
DOS HOSPITATSEMPORTUGAL.
834.2
ABORDAGEM HISTORICA
DOHOSPITAL
CT]RRYCABRAL
... 864.3
ABORDAGEM HISTORTCADA
AVALIAÇÃO »B
DESEMPENHOEM
ENFERMAGEM
...94
4.3.1.
Abordagem HistóÍica da Enfermagem 944.3.2.
Abordagemlüstórica
da Avaliação deDesempenho emEnfermagem 100
4.4
CARACTERTZAÇÃO,NORMAS DE ACTUAÇÃO
s
CRTTERIOSDE
AVALTAÇÃO
OO STSTEMADEAVAr,rA.ÇÃO
oO
HOSPITAL CURRY
CABRAL.
...103
4.5
METODOLOGIAE
OPERACIONALTZAÇÃO»O
SISTEMADE
AVALIAÇÃO
BtvtVIGORNO
HOSPITAT. C[-]RRYCABRAL..
... 1164.5.1.
Entreüsta de OrientaçãoInicial
1164.5.2.
Observação e registo periódico do Desempenho ... .... 1174.5.3.
Entrevistaperiódicadeorientação
...
.... 1184.5.4.
Relatóriocritico
deactiüdade
...l19
122
4.5.5.
Entrevista paramibuição
demen$o
qualitativa ... 1204.5.6.
Comissão técnica de Avaliação ....CONCLUSÃO
PO ESTUDO
TEORICOPARTE
II
_ ESTTIDOEMPIRICO
cAp.
v
-
TNTRoDUÇÃO AO
ESTUDO
EilIPÍRICO
OBJECTTVO
IX)
ESTTIDOCAP.
VI_
METOIIO
1336.2
Instrumentos 1356.3
Procedimentos .......143
12s
r27
128
Justrça e
Avalia@
deDeemPmho
CAP.
\rII -
RESI]LTNX)S
CAP.
VItr_DISCUSSÃO
CONCLUSAO.
REr'ERÊNCIAS
BIBLIOGRÁHCAS
AI\EXOS
Anexo
I -Formulário
de avaliação de desempenho no HCCAnexo
tr
-
Carta de consentimento informadodiÍigda
ao Director do HCCAnexo
III
-Deferimerúo
dopdido
de aúorizaçãoAnexo
IV
-
QuestionárioAnexo
V
-
Cartas de consentimento informado aos serviços do HCCD(
145
185
198
Justrça e Avaliação de DesemiPeúo
Ílwrcn
DE
FTGLTRASFIGIIRA
1-
Localização e Acessos do Hospital CurryCúral
--FIGIIRA
2-Planta
do Hospital CurryCúral
(20M)
I'IGIIRA
3-
Capacidade do Hospital CurryCúral
x
Folha.87
.88
.88
92I'IGURA
4-
Organograma Geral doHoryital
ülrry
Cúral
...'... 91I'IGURA
5-
Organograma dos Departamentos e Serviços MédicosFIGIIRA
6-Número
de enfermeiros inscritos na Ordem dose,nfermeiros
....96
FIGIIRA
7-
Normas de Actuação eCritffios
de Avaliaçãodo
Sistema de AvaliaçãodoHospital Curry
Cúral
FIGURA
I -
Modelo
de Investigação e AniâliseHGIIRA
9-
Análise dos itens do inshumento..gGURA
1O-
Grafico
deFrquências
da percepçãodeiustiça
distributiva relativa dos avaliados face aos parm1I
GURÂ
ll
-
Gráfico
de Frequências da percepção dejustiça
procdimerúal
relativa.... 105
137
182
..
183... 184 dos avaliados face aos pares
f,.IGIIRA
12-
Gráfrco de Frequârcias da percemão dejustiça
interaccional relativaJustiça e Avaliação de DesemPeoho
irurce
DETABELAS
TABELA
I -
Estatísficas
descritasda
amostra
do
estudo
nas variáveis
idade,)fl
Folha
145
T52 antiguidade na profissão e antiguidade na
funÉo
TABELA
2
-
CaracterizaÉo
da
amostra
de
respondentesem termos
de
sexo-habilitações literárias, carreira efunÉo
drcmpenhada
....146
TABELA
3-
Caracterizração da amostra nos parâm€úros rspeitantes à fundamentação da menção atribuída ma suaavali@o
dedese,mpeúo
..'..""""""'
148TABELA
4-
ConoordÍincia daavaliaÉo
como
deempenho
e concordância entre asdificuldades apontadas e
sentidas
-..""""""-
149TABELA
5
-
Auálisefactorial
das pscepções dejustiça
dos repondentes acerca da avaliação de desempenho.TABELA
6-
Mafiz
roda<ta das cornpronentes principais das prercepções dejustiça
dosavaliados acerca da avaliação de
dwmpenho-
154TABELA
7-
Consistência interna dos itens das dimensões de justiça.. 155TABELA
I
-
Estatísticas descritivas dos resultados nos diferentes tipos de ju§tiça ... 156TABELA
9 I\íofriz rle rnralarÍim r{qc ;lo meenr.ân Áa i'rofiaqdistributiva"
procdimental
einteraccional
-- 157TABELA
16-
Estatísticas descritirras dosrwiltados
da analiação da importância dada a cada factor associado à prcrcqrção de justiça na avaliação dedqenrpeúo
... 160TABELA
11
-
AnáIise
factorial
dos
factmm
associadosà
percepção dejustiça
daavaliação de desempenho 162
TABELA
12-
Matriz
rodada dasompnents
principais
dosfactors
associados àpercepção
dejustiça.
..164
TABELA
13-
Consistênciairtsna
dos itens dosfaçtore
associados às percepgões dejustiça...
-.'.---.---.-.... 165TABELA
14
-
EstatíSicas
dqcritivas dos
redtados
dos
factores
associados à percepção de justiça naavaliaÉo
dedqempenho
...167
TABELA
15-
Matriz
deorrelações
dos facÍores assmiados àFrepÉo
dejustiça
eas percepções de
justiça
----... 171TABELA
16-
Análisefactorial
dosfactors
onsquents
associados à percepção deJustiça e Avaliação de
Desempnho
)flI
TABELA
17-
IVIafiz
rodada dascomponeffie
pÍfurcipaisdos
factores consequentes associados à percepção dejustiça
""""""""
175TABELA
13-
Consistência interna dos itens dosàctores
onsEuentes
associados àpercepção de justiça
...176
TABELA
19
-
Estatísticasdescritivas
dos rsultados
da
avaliação
dos
factores consequentes associados àpercepFo
dejustiF:
satisf,ação com avaliação, exactidão da avaliação. percepção das consequências eenvolümento
com otabalho
...I77
TABELA
20
-
Mafiz
de
correlaçõesdas percepçõs
de
justiça
e
os
factores consequerúes associados àpercepÉo
deiu$iF
TABEIÁ
21-
Estatísticas descritivas da percepçâo dejustip
disributiva
relaÍiva face180
aos DaÍes
TABELA
22-
Estatísticas descritivas dapscepção
dejustiça
procedimental relativa face aos paresTABELA
23
-
Estatísticasdecritivas
dapscepção
dejustiça
interaccional relativa .. 181... 183 face aos pares
Justrça e Avaliação de
Desempeúo
13INTRODUÇÃO
Uma
das vertentes da gestiio das organiza@es que preocupa qualquer organização é semdúüda
a gestiio de recursos humanos. Segundo Lathalrr. eWexley
(citadospor
Caetano, 1996), consideram queum
dos procedimentos que a compõem éa
avaliação de desempeúoenquanto
"sistema
formal
e
sistemático
de
apreciaçãodo
rabalho
desenvolüdo
peloscolaboradores de
uma
organiTÃ@o"(p.l).
Neste
sentido,a
avaliaçãode
desempenho temündo
a ser considerada pelas organizações uma das preocupações chave na gestilo de pessoas,isto
porque, os efeitos sobre os avaliados em termos psicológicose
pessoais são notáveis, nomeadamente,uma
avaliaçãonegativa
ou
positiva em
determinadaalfura
do
percursoprofissional poderá condicionar todas as oportunidades de desenvolvimento.
Consequentemente,
os
avaliados são
alvo de um
procedimento
organizacional deavaliação
de desempeúo
quetem
consequências directas nas suas calreiras,logo
torna-seindispenúvel
para qualquer gestor enumeÍar essas mudanças, criando uma possibilidade de aumentara
eficácia na gestão de recursos humanos, moüvo peloqual fez
despertar a nossacuriosidade
pela Avaliação de
Desempenho.Uma
vez
que,a
relevânciada Avaliação
deDesempenho
tem
naturalmerúe conduzidoà
emergênciade
diversas técnicase
práticas de avaliação ao nível empresarial (Caetano, 1995), comüsta
a aumentaÍ a eficácia da gestão dos recursos humanos e apermitir um maior
ajustamento às mudanças organizacionais quetêm
vindo a ser implementadas desde os anos 60.
Através da pesquisa
literária
sobre a avaliação de desempenho verificamosum
outroconceito
indispenúvel à
gestiio de recursos humanoqo
conceito dejustiça.
Recoúecemosassinr,
a
importância
da
questão dajustiça
organizacional, nomeadamenteno
âmbito
daavaliafio
de
desempenho.A
justificação
damcolha
destesqundo
tema associa-secom
ofacto
deno
campo orgaloitzalcional ajustiça
ter
sido hámuito
te,mporecoúecida
comoum
requisito essencial paÍa
o
bom funcionamento das organizações, bem como paÍa a satisfaçãodos
actores organizacionais,promovendo
algumasconsquências,
ou
seja, perce,pção dasconsequências ao
nível
da satisfação como
processo de avaliação de desempenho (Caetano, 1996)e
satisfação com a exactidãodo
processo de avaliação (Caetano, 1996). Promovendo assinqo
envolvimentono
trabalho(Lamego,
1997),a
implicação Organtza.cional (Lamego, 1997), a percepção doconflito
(Lamego, 1997), a legitimidade do avaliador(Tyler,
1994) e asatisfação geral com a avaliação de desempenho
(Limq
Vala eMonteiro,
1994).As
teorias
de justiça
tiveram algum
sucsso
na
compreensãodas formas
decomportamento organizacional,
daí
a
necessidadede
fazer
parte
do
nosso
estudo,Justiça e Avaüação de Desempenho
especificamente
a
percepção
de
justiça
dos
avaliados, permitindo-nos
contribuir
paraenriquecimento da pesquisa efectuada no nosso país. Este estudo pretende analisar as relações
çntre
as percep@es dejustiça
e
a
avaliaçãode
desempenho paÍaum
ente,lrdimento maisadequado
do
que
é
a
avaliaqãode
desempenhog
neste sentido,
apoiar
os
gestoresorganizaoionais e os avaliadores, nomeadamente em contexto hospitalar.
Desta
forrra, o
propósito deste trabalho é compreender a percepção dejustiça
que os avaliados têm acerca da sua avaliação de desempenho, isto é, se os enfermeiros percepcionama
sua avaliação de desempenho comojusta ou
rnjusta e quais os factores associados a essa percepção de justiça. Este trabalho parte assim do preszuposto, segundo oquaf
a forma como se processaa
avaliaçáo de desempenho em termos de resrltados obtidos, pÍocessos utilizadose
relação
estúelecida
ente
avaliador/avaliado,
despertanos indiúduos
sentimentos dejustiça/injustiça.
E
importante considerarmos,tal
como
Caetano (1996),o
processode
avaliação dedesempeúo
como
um
procedimento organizacional
de
extrema importância para
ofuncionamento das
organza$eq
seguindo a sua sugestão de articular os processos negociaisocorridos na avaliação
de
desempeúo
com
as
tmrias
dejustiça,
nomeadamente as trêsdimensões de
justiça
percebida(distributiva,
procedimentale
interaccional). Permitir-nos-áverificar
se existe uma maior relevância de algum subconjunto em termos das consequênciasna progressão
e
promoçãona
carreka,alvo
deum
processo de avaliaçãode desempeúo
equais as consequências daí decorrentes.
Para
tal
temos comoobjectivog
aceitandoo
desafio de Caetano(1996), articular
osprocessos
negociais ocorridos
na
avaliação
de
desempenhocom as teorias de
justiça,permitindo-nos:
l-
Identificar
a perce,pção dejustiça
dos avaliados em relação ao processo de avaliação de desempenho;2-
Identificar
quais
os
aspectosda
percepção dejustiça
mais
relevantesna
avaliação do desempenho dos avaliados;3- Iderúificar quais os factores associados à percepção de justiça da avaliação de desempenho dos avaliados.
4- Identificar a percepção de justiça relativa tendo em conta a comparação com os pares.
Lamego
(1997),tal
como Caetano (1996), considerou que as pessoas vêem o processode avaliação de
desempeúo justo,
eutr
rn
avaliaSo
do processo emsi,
quer em termos de efeitos individuais e no firncionamento dapópria
organização onde trabalham. As conclusõesJustiça e Avaliação de Desempenho 15
de
Lamego (1997), que realizou
um
estudoem
enfermeiros avaliadose
avaliadores emcontexto
hospitalar,apoiam
aindaa
propostade
Caetano(1996) pâÍa que
a
avaliação do desempenho seja consideradaum
pÍocesso organizacional em queo
contexto e a interacção são determinantes.Logo,
consideramos que a percepção de justiça éum factor
relevante naanálise
e
implementaçãodos
processosde
avaliaçãode
desempenhoem
qualquertipo
doorgamnçáo.
O actual sistema de Avatiação de Desempenho
foi
regulamentado pelo Despacho 2/93 de 30 de Março rezultante da entrada emvigor
do regimejurídico
da carreira de enfermagem,instituído pelo Decreto
Lei n"
437191de 8 de Novembro, que operou a revogação da Portaria189-A/84, de 30 de tvlarço e estabeleceu
um
novo sistema de avaliação do dese,mpenho. Este sistemaestúeleceu
a atribuição periódica de uma menção qualitativa que é obrigatoriamenteconsiderada na progressão e promoção na carreira. O Despacho 2193 de 30 de
Março
ainda semantêm em
ügor,
emborateúa
sofrido várias discussões deüdo aointuito
da implementaçãodo
novo
SistemaIntegrado
de
Avaliação
de
Desempenhona
Administração
Fública(SIADAP).
Uma circunstância pertinente paraarealtzaso
do nosso estudo, pelofacto
de setornar
imprescindível paraos
gestores, nomeadamenteno
contexto hospitalar, entroncar assuas decisões em conhecimentos coerentes.
Este
estudodecorreu numa
amostrade
enfermeiros
avaliadosdo
Hospital
CurryCabral
em
Lisbo4
uma das
mais
antigasUnidades
Hospitalares-
tendo sofrido
várias transformaçõesao longo dos
anos-,
tornando-senuma
das mais modernase
prestigiadas Unidades Hospitalares em Portugal.Para
concretizarmosos
objectivos
a
que
nos
propusemos elaboramosum
estudo composto portr
Partes.Na
I
Partg
faremos
a
descriçãoe
a
relação
dos
conceitosque
estãona
base da construção do estudo. Inicia-se como
I
Capítulo queúorda
a contextualizaçáo da avaliação dedesempeúo formaluada
no contexto organizacional, um dos temas que nos propusemos aestudar. Seguidamentg
no
Capítulo
tr,
incidiremos
sobre
a justiç4, em particular,
nas diferentes perspectivas.No
CapítuloIII,
faremos o e,ncadeamentoente
astorias
da avaliação dedesempeúo
e a perce,pção de justiça em contexto organizacional. Porultimo,
no CapítuloIV,
faremos a contextuúizaçãoda
avahação dedesempeúo
formalizadano Hospital
CurryCabral.
A
II
Partg
no
estudo
e,mpíricodo
nossoüúalho,
introduzimos
os
objectivos
eJustrça e Avaliação de Desempenho
utilizado
e
posteriormente
os
resultados
obtidos
afiavés
do
método
no
Capítulo
YII,
finalizarrdo com a discussiio dos mesmos no Capítulo
MII.
Terminamos com a apresentação das conclusões gerais da preserte tese de dissertação
de
acordo com
o
estudo
teorico
fundamentadopelo
estudo
empírico. Com as
nossasconclusões
esperamoscontribuir para
a
compreensãodo
processo
de
avaliação
dedesempeúo
nas organízações de saúde portuguems, naperspwtiva
dajustiça
e assim apoiaros
gestores organizacionaise
motivar
o
interessena
investigação,não só em
contextohospitalar, mas criando
a
possibilidade de alargar as nossas conclusõesa
outros contextos,uma vez
que,tal
como
algunsautoreg
consideramosque
a
avaliaçãosó é
um
verdadeiro instrumentode
gestiio quandodá
lugar
a
acçãocorrectiva
sobreos
elementosdo
sistema causadores de desviosnegativog
não bastandoportantq
a produção de relatórios exaustivos quepoúam
em eüdência o confronto recebido.Justrça e Avaliação de Desempenho 17
PARTE
TJustiça e Avaliação de DesemPenho
CAp.
r
-
A
AVALIAÇÃO
on
DESEMPENHO
FORMALIZADA
NO
CONTEXTO
ORGAI{IZACIONAL
Neste
capítulo
apresentamosa
caracteÍização dos conceitosque
estãona
base dasteorias sobre avaliação de desempeúo que se constituem como elementos nucleares do nosso
trabalho.
Apresentaremosinicialmente
o
conceito de avaliação,
e
clarificaremos
em
quo sentido o iremos entender ao longo do presentetrúalho.
Depois introduziremo§ o conceito de desempenho. e finalmente o conceito de avaliação de desempenho. Apresentaremos depois asdiferentes perspectivas através das quais
têm sido
estudados os processosde
avaliação dedesempeúo
nas
organiza@es.Fontes, critérios
de
medida, métodos
e
instrumentosconstituem
os
últimos
aspectosque
abordaremosno
presentecapítulo.
Procuraremoseüdenciar como
esses aspectosdo
processo
de
avaliação
de
desempenhopodem
ser relevantes paÍa apercepção de justiça dos que são submetidos ao me§mo.1.1 Conceptualização
1.1.1
AvaliaçãoA
necessidade dedefinir
avaliaçãoadvérq por
um
lado,pelo
facto
do termo
ser o cerneda
temifiic,a da presente dissertaçãqpor outro
lado, demonstraÍo
que assumimos poravaliar.
O conceito de Avaliação possui vánios significados de acordo com
o
contexto em quese insere, desde
o
sensocomum até
ao mais
científico, pois
duranteo
nosso quotidianoestamos constantemente afazer avaliações.
No
e,ntanto ne.stetrúalho
interessa-nos o contextoorganzacional,
pelo facto
de a avaliação serum
conceito definívelno
quadro da teoria dos sistemas (ou mais precisamente da Teoriado
Sistema Geral) em que a eficácia mede odewio
do
atingimento
da
finalidade
e a
eficiência mede
a
economiado
oonzumode
reoursosutilizados, segundo Morais (1998).
Há na
avaliação
uma
inserçãoem contextq
o
contexto
do
desempeúo de
umaactividade contrariamente
ao
controlo
(de
gestão,
de
execução)em
que
os
aspectos operacionais sobrelevam, estando em causa problemas identificados e competências directas de carácter processual.Quando falamos de avaliação inserida
no
contexto organizacionale no
desempenhopodemos
atribuir-lhe
vánios significados: avaliação de res,rltados, procedimentos, relações,Justiça e Avaliação de
DesemPeúo
contextos, etc..
Por
exemploBilhim
(1998) refere que
existem2
modelosde
avaliação: aavaliação de rezultados
(oúcome
evaluation) e a avaliação de processo (process evaluation).A
avaliaçãode
resultadosprocura medir
o
diferencial
existente entreos
resultados alcançadoscom
um
determinadocurso de
acçãoe os
objectivos previamentefixados
emtermos
de
impacto sobre
a
envolvente.Este autor
faz
ainda
a
distinção entre outpÚs
eresultados,
os primeiros dizem
respeito aos resultados actualmenteobtidos
e os
segundosrelacionam-se com os objectivos desejados. Nós utilizaremos apenas o termo resultados pois engloba os dois significados.
Ao
contrário
da
avaliaçãode
resultados,a
avaliaçãodo
processo está centrada naforma como os
programase a
acção são desenvolvidos, focaliza-seno
processoe
não no resultado final. Neste caso, as medidas mais relevantes são tomadas do lado do que e referido na literatura como inputs,ou sejq
na afectação de recursos e nÍLs cargas detrúalho.
Muitasvezes, a avaliação do processo acontece de,pois de determinado curso de acção ter terminado, embora tarnbém possa ter lugar à medida
qrc
a acção vai tendo lugar.Morais (1998)
acrescentaque
"a
avaliação deverá
servir para medir
a
relaçãoresultados/objectivos,
verificar os desüos
e
tomar
medidascorrectivas"
(p.113).
Assim,avaliar
em
gestão, pressupõeum
juízo do
sistemaglobal a partir do
confronto entre
o§ rezultados esperadose os
alcançadouefectivamentg
avaliarimplica
a preocupação com os resultados, saber se foramatilgidos
ou não os objectivos prêdefinidos.No
entanto,vários
autores defendem a tesede
quea
avaliação sóé
um
verdadeiroinstrumento
de
gestlio quandodá lugar
a
acçãocorrectiva
sobreos
elementosdo
sistemacausadores de desvios negativos, não bastando portanto,
a
elabora@o de relatórios exaustivos que ponham em evidênciao
confronto recebido, massi4
através da oportunidade deligar
aavaliação de resultados com
a
avaliação do processo, se,ndo esteúltimo um
mecanismo quefacilita
correcções.Na
üsão de
Carvalho
(1998),
a
avaliação
pode
ente,nder-secomo
um
processo contínuo, sistemáfrico e estnrturado de análise dos recursos utilizados e dos resultados obtidos,tendo
sempre presenteos
objectivos fixados,
utilizando
critérios objectivos
que
deverãocontribuir
paÍa
a
efectivação das mudançase/ou
correcção adequada,tendo
em
conta
asinsuficiências detectadas. Trata-se portanto de
um
conceito orientado para a acção com umaforte
dimensão práúicae
uma função de ajuda
ou
apoio
à
tomada
de
decisão,
e
não exclusivamente de ârnbito metodológico e muito menos revestindo o carácter de inspecção oude fiscalização, o que vai de encontro aos nossos desígnios.
Justiça e Avaliação de DesemPenho 20
Inerente
a
qualquer processode
avaliação deverá estar presente alémdo
confrontoentre
os fins estúelecidos, os
meiosutilizados e
os rezultadosobtidoü
a
identificação dospontos críticos (fortes e fracos) e das mudanças ou acções a empreender. Sublinhe'se ainda,
que, em qualquer processo de avaliação
importa
sempre precisar qual éo tipo
de avaliação que se pretende, qual é o objecto da avaliação ê qual o contexto onde a mesma se insere.Assirn,
a
avaliaçãoconstitui
hojeum
mundo decoúecimentos,
metodos e técnicasque
correspondema um
amplo
campode
investigaçãoe,
representa simultaneamenteum
requisito indispenúvel
nos mais diversos domínios entre os quaiso
organizacional quetem
para nós particular interesse.7.1.2
Desempeúo
Outro conceito que não poderíamos deixar de mencionar é
o
conceito de desempenho,uma vez que
é
importante clarificar
o
significado
que
lhe
pretendemosatribuir.
Odesempeúo
humano nas organizações constitui uma das variáveis estudadasno
âmbito
do comportaÍÍlento organizacional e da gestão de recursos humanoq tanto ao nível da PsicologiaOrganizacional
como da
Gestão
de
Recursos Humanos.Esta
posição
fulcral
é
bastante evidente quando analisamos questões como a validação de processos/métodos de selecção nas orgatrizarções,em que
o
desempeúo
funciona
como
o
critério
mais
utilizado, quer
na avaliação da eficacia de programas de formação guer aonível
da implementação das diversaspolíticas de recursos humanos.
Na
literatura, Schmidt eHunter (1992)
consideraram queo
desempeúo
notrúalho
talvez
fosseuma
dasvariáveis
dependentesmais
importantesna
pesquisaem
PsicologiaOrgamzacional,
tal
como
Landy e Farr (1983)
que referiram
o
desempeúo
como
umapreocupação da psicologia à 60 anos, com um papel muito importante no âmbito das decisões
de
gestão
de
recursoshumanos. Apesar
da
importância
zupracitadadeste
conceito
naliteratura, deveriam
existir
mais pesquisas teóricas sobreo
conceito em si mesmo.Um ponto
deüsta
partilhado por muitos autores como Campbell et al. (1993), Schmidt e Hunter(1992)
e Heneman (1986).O
enquadramento actualdo
problema nas organizações pode assim, em certa medida,ser traduzido
pela
ausênciade uma
elaboraçãoprofunda
do
conceito
de
base,a
par
dareúizaçdo
de
inúmeros estudos sobre diversas facetasa ele
associadas. Paradefinirmos
oconceito
de
desempenhoé
consistentedefinirmos que
quando falamos
no
conceito
dedesempeúo
estamos a reportar-nos para uma perspeúivaindividual, isto
porque, a maioriaJustiça e Avaliação deDesemPenho
2t
dos referenciais teóricos que utilizamos estão situados a este nível, uma vez que pretendemos
identificar
a peroepção dejustiça dos avaliados sobre a zua avaliação de desempenho.Embora
sejadificil
definir
de uma forma
consensualdesempeúo,
este remete-nospaÍa
a
identificação
de
comportamentos,como
referemvários
autores, representandoum
domínio de comportamentos (Campbell,
d
d.,
19Pt3- Ilgen e Schneider,l99l;
LathaÍn, 1986;Murphy e
Cleveland,
1997)e
não apetras comoum
conjunto
de rezultados.Uma
distinçãobasilar
para
o
nossoestudg
umavez
que
a
ênfasç exçlusivados
rezultadospode levar
acomportamentos
disfuncionais
para
z
organza$o (Landy
e
Farr,
1980),
dai
a
nossapreocupação
com todos
os
aspectosintrínsecos
ao
desempeúo
e
consequentemente àavaliação do mesmo. Deste modo, o desempeúo incide no que as pessoas fazem na realidadE e que pode ser observável, falamos assim de acções que ocolrem no âmbito de uma função e
que para ta1 poszui padrões de desempenho.
Assinl
ao afirmarmos que o desempenho analisa comporüamentos, estamos a aplicar o conceito dedesempeúo
não como uma @nsequência ou resultado da acção, mas sim à acçãoem
si
mesma, contudo,isto
não anulaa
existência de uma relaçãoou
efeito
importante aonível dos resultados, os quais estarão ligados a objectivos organizacionais.
Paralelamente
o
conceito
de desempeúo
aparecemuitas vezes
associadoao
deeficácia e produtividade, razáo pela qual não poderemos deixar de abordá-los, para uma maior
clarificação
de desempeúo
e
porque
estesdois
conceitos são
indirectamente avaliados quando se avalia ou observa o desempenho.A
definição clássica de produtiüdade remete-nos para o seu significado económico, em que é definida como um rácio da relação entre os inputse os outputs de
um
sistemaprodutivo
@olstadas,1995;Mahoney,
1988). Estes indicadoresparecem constituir uma medida algo ümitada para a análise do contributo de um
indivíduo
na organização, não sendo defácil
aplicação em firnções complexaq segundo Kopelman (1986).Posterionnente,
zurgiu
a
necessidadede
alargar estanoção de
produtividade, parapassar a abranger eficiência e eficacia
e
até mesmo outras dimensões mais intangíveis comoinovação
e
qualidade(Lawer,
1985;Sink e
Tuttle,
1989).A
eficacia traduz-se assim numaavaliação
dos
resultados segundoos
mesmosautoreq
osjulgamentos relativos
à
eficáciapodenq mais uma
ye4
ser analisados aonivel indMdual
e organizacional.Do
ponto de vista
organzacional, vários
têm sido os critérios
avançadospara
a respectiva avaliação (CamerorU 1980;Hall,
1987; Kanter eBrinkerhofr,
1981). Estes critériossão agrupados em 3 categorias: os critérios
objectivoq
expressos muitas vezes em termos do sucessoou
fracassoem
alcançaruma finalidade
(realizaçáodo
objectivo,
qualidade
eJustiçp e Avaliação de Desempenho 22
que contibuem
paÍa
o
cumprimento
dos
objectivos (custos
de
produção,
relaçõesinterpessoais);
e a
adaptaçãoe
posição dos recursos,a
relaçãoda
organizaçãocom
a
suaenvolvente
(quantidade
de
recursos, qualidade
de
recursos,
competitiüdade/posiçãoestratégica). Neste
trúalho
interessa-nos abordar o desempenho aonível individual,
enquantodomínio de comportamentos e não apenas como um conjunto de resultados.
1.5.1
Avaliação de DesempenhoPor
finr,
o
conceito que
escolhemos estudarna
nossa investigação, avaliação dodesempenho,
a
concepção
conjurúa
dos dois
termos
que
acabamos
de
discutir
avaliaçáoldesempeúo
-,
para apreendermos melhor este conceito vamos recuar um pouco notempo.
A
introdução
da
maquina
a
vapor obrigou
à
introdução
de
novos
processos deavalia@o
e,
assirn,Taylor
(1911) citado
por
Ferreira
et al.
(1999),
na
suateoria
sobre aArganzação Cientifica do Trabalho considera que a avaliação de
desempeúo
deve constituirum instrumento racional
capude
determinar as capacidades fisicas e intelectuais para ocupareficazmente um determinado cargo ou função.
Desta forma, num processo
de
avaliação, são diversos os factores que interagenq face a uma perspectivaformal
dir-se-á que se consubstancia no avaliador, avaliado e na avaliaçãopropriamente
dita.
A
partir
destastrês
variáveis,
a
avaliaçãomais
não
constituía
que
aatribuição
de uma
cotação,juízo
de
valor
sobre
o
desempeúo. Para
além
destas trêsvariáveis, o processo de avaliação exige que o avaliador proceda periodicamente à observação dos seus subordinados.
Entre
oúros
factores,no
que concerneà
avaliação, considera-se ainda actualmentecomo de
particular
significadoo
contexto em que se desenvolve.Tanto
o
avaliador como oavaliado sofrem influências
do
ambiente, bem como influenciamo
proprio
ambiente,o
queimplicitamente gera efeitos entre
o
avaliador e o avaliado e concomitantemente no resultadoda
avaliação. Estudos empíricos
vêm
fazendo
sobressaira
importância
dos
aspectos associados ao contexto em que se desenvolvea
avaliação (Caetano, 1995).Ao
longo
da dissertação, iremos aszumirtal
como Lathame Wexley (1981)
citadospor
Caetano (1996),a
avaliação dedesempeúo
"enquanto sistemaformal
e
sistemático de apreciação do trabalho desenvolüdo pelos colaboradores de uma organização" (p.1). CaetanoJustiça e Avaliação de Desempenho 23
formação,
desenvolvimentoprofissional, promoção
e
remuneraçãodos
colaboradores daorganizaçdo"
(p.l).
Definindo
a
avaliação
de
desempenho"enquanto pÍocesso
de comunicação e negociação reallr;adono
contexto daactiüdade sócioorganizativa
de actoresindependentes,
no
qual
a
validação social dos
julgamentos emerge
como
um
factordeterminante da sua eficacia" fu.396).
Sintetizando, segundo Roque
QOA»
aavaliação de desempeúodeve promover a melhoria do desempenho, emfttizando os pontos fortes do colaborador, promovendo a
discussão dos pontos fracos com sugstfts de mrrec@o, não privilegiando o mstigo nem a penaliução.
Deve ter de base "ma apreciaÉo entre os rcsültâdos finais com o que estaría inicialmente estabelecido
-objectivoínormas.
No
entmq a
avaliaSo de deserryenho não pÍet€nde ap€nas confrontar osresultados obüdos «)m os objectivos traçados, esta pretende também, aferir desvios do desempenho
actuando sobre as @usas dos mesmos, para que esses dewios nâo sejam prejudiciais pam o
desempenho global da organizaÉo @.29).
Fazendo a interligação entre
todos
estes conceitos,a
avaliaçãode desempeúo
seriaum
instrumento c,apazde
determinar(tendo por
basea
observação) as capacidades deum
indivíduo para octtpaÍ eficazmente um cargo, tendo em conta o contexto em que se insere e no qual são intervenientes o avaliador, o avaliado e a avaliação propriamente dita. Desta
formq
a avaliação é importante, porque permite conhecer o desempenho dos colaboradores, sendo estefacto relevante para mesmos
-
pois permitir-lhes-á saber como se encontram no exercicio das suas funções-
e paraaorganza$o
-ter
conhecimento das zuas potencialidades.ContextualizaÍemos mais aprofundadamente este conceito
com
o
oosso problema deinvestigação, no Cap.
m
daI
Parte, na relação e,ntre avaliação de desempenho e percepção doJustiça e Avaliação de Desempenho 24
1.2
AVALIACÃO
DE DESEMPENHO: DIFERENTES PERSPECTIVASA
avaliação de desempenho,um
dos procedimentos que compõe a gestão de pessoas,tem sido
estudadaao longo de viírias
perspectivas, asquais foram
descritaspor
Caetano(1996). Estas penspectivas focam-se
em
diferentes temáticase
diferentesfocos
de atenção, como descrevemos de seguida.7.2.1
srsrEMAS
FORMATS
DE
AVALIAÇÃO
Or
DESEMPENHO SEGUNDO
A
METÁFORADO
TESTEA
avaliaçãode
desempenhoé,
como referimos
anteriormente,um
instrumento
degestão de recursos humanos das organizações.
A
perspectivada
metáfora
do
teste
situa-sena
construção
de
instrumentos quepermitem
elaborarjuízos
exactosdo
avaliadoutilizando
escalascom
critérios
rígidos
deforma a
elaboraruma
avaliaçãoracional
e
objectiva
(Caetano, 1996),uma
vez
que, umaavaliago
de desempeúojusta
deveÍâ ser racional e objectiva. Segundo esta perspectiv4um
sistema
formal de
avaliaçãode
desempeúo
não
sereduz aos
instrumentosde
avaliação(Mohrman et
al.,
1983), pode ser conceptualizado comoum
conjunto
detrês
componentes dinamicamente interligados:objectivog
instrumentos e procedimentos.Segundo Caetano
(1996), importa analisar
a
relação
entre
os
objectivos,
osinstrumentos
e
os procedimentos, porquenuma
orgarltzlr&oaquilo
que está em Gausa emqualquer sistema
de
avaliaçãoé
a
sua eficaciaglobal e
nãoa
sofisticação deum
dos seuscomponerúeq sendo importante analisar as relações entre os objectivos, os instrumentos e os
procedimentos.
A
maioria dos estudos @ernardin, 1978;Sharorl
1970) procurou analisar osobjectivos da avaliação, preocupando-se sobretudo com os efeitos desses objectivos sobre as
propriedades psicométricas
das
cota$es (Landy
&
Farr,
1983)
e não
sobreos
restantescomponentes do sistema de avaliação.
McGregor (1957) introduz urna
outra
condição, sugeriu
que
a
avaliação
dedesempeúo
servepara
satisfazeras
necessidadesda
organizaçãoe
do
indivíduo.
Para Scheneider (1979), esta satisfação prende-se em tomar decisões relativas aos colaboradores e dar-lhesfeedback
sobre
o
seu
desempeúo.
Surgemassim,
vários
aspectosque
podemcontribuir
paÍa a finalidade da avalia@o. Da análisedaliterxrr4
Caetano (1996), posüula que podemos conceptualizar as finalidades da avaliação de desempenho em três categorias gerais:Justiça e Avaliação de
Desempeúo
25objectivos
queüsam
a
manutençãoe
o
desenvolvimentoda
organização,objectivos
que visam o desenvolvimento individual e objectivos centrados na gestão das recompensas.Assinr, é imprescindível segundo Jacobs (1980), conhecer os objectivos da avaliação
de
desempenhona
medida
em
que
essesobjectivos
devem
influenciar
a
escolha
dametodologia da avaliação.
A
discrepância entre objectivos e insffumentos pode traduzir-se na perda da eficárcia do sistema de avaliação dedesempeúo
e não na qualidade psicometrica doinstrumento.
No
que
diz
respeito
aos procedimentosque regulam
a
aplicaçãoda
avaliação dedesempenho,
há
um
conjunto
de
aspectosnormativos relevantes
que dizem
respeito,sobretudo
ao Etwtdo,
como
e
quem
(Bretz
et
al.,
1992).Ao
nível
do
rymdo,
importaaveriguar
a frequência das
avalia@es
de
acordo com
a
finalidade
da
avaliação
de desempenho,assim
se
regula
a
frequênciadas
avaliações.Ao
nível
do
como
interessaaveriguar
o
modo
atravésdo qual
o
avaliadotem um
conhecimentoformal
sobrea
suaavaliação. Relativamente ao íftem, as fontes de avaliação, Caetano (1996) considera que estão
relacionadas
com os
objectivos
especíÍicosdo
sistemade
avaliação,e
estarão sobretudodependentes do contexto de gestiüc organizacional.
Da pesquisa realizada por Caetano (1996),
"os
rezultados dãoum
apoio substancial àideia de
queos objectivos da
avaliação constituemum
factor
determinantedo
sistema deavaliação"
(p.
122), tornando-se "preditores relevantes dos instrumentos de avaliação,o
quesugere
que terão uma função
estruturantedo
sistema
de
avaliação implementado
nasempresat'' (Caetano, 1996,
p.122).
Segundo esteestudq
o
objectivo
de
desenvolvimentoindividual
parece
exprimir mais
uma
desejabilidade
social
do
que uÍna
realidade organizacional.De facto,
se as empresasüsam
este objectivo muitas delas não conseguirãoexlrloetrzir-lo,
na medida em que
apenas realizamuma
sessãoanual de avaliação,
a
qualpoderá evenfualmente funcionar como base de informação
püaagestão
de recompensas, masnão
fornecerfeedbrck
específicoe
efrcazao
avaliado
acercado
seudesempeúo.
Pelas çonclusões do estudo apresentado por Caetanq@emos
verificar que é importante superar os constrangimentos da metáfora do teste e dar atenção aos factores do microcontexto em queocolre a avaliação de desempeúo.
Não
bastasubstituir
um
sistemade
avaliação, torna-sesim
essencial começarpor
definir
a finalidade e utilidade pretendida da avaliacãro de desempenho para então optar pelos instrumentos e procedimentos mais apropriados, ou seja, a avaliação de desempenho segundoa
metáforado
teste,em
funçãodo
grau em que minimiza os
errosde
cotaçãoe
permiteJustiça e Avaliação de Desempenho 26
os
pressupostosda
metáforado
teste,
a
pesquisa centra-se naprocura
do
instrumento deavaliação
de
desempenho.Thorndike
(1949)
delineou
os
contornos que
tal
instrumentodeveria
exibir: fiabilidade validadg
praticabilidade e isenção de erros.O
estudo de Caetano (1996) revelou algumas das limitações desta metáfora" a níveltórico,
mostrou que a avaliação dedesempeúo
não se reduz aum
problema psicométrico,aszumindo relevância
o
"contexto imediato
em queo
instrumentode
avaliaçãoé
utilizado,
uma vez que este é, em grande parte, determinado pelos objectivosdo
sistema de avaliação",(p
130).
Estas conclusões traduzemuma ideia
divergentedo
papel
do
indiüduo
comoavaliado, passando
do
papelde
elemento passivopara
a
necessidadedo
seupapel
comoelemento
activo,
de quem
dependeo
procmsaÍne,ntoda
avaliaçãoque
estána
origem
daavaliação.
Segundo a perspectiva da metáfora do
testg
a perce,pção dejustiça
estaria igualmentelimitada à
percepção dejustiça do instnrmedo
de avaliação dedesempeúo e
dos erros decotação,
tendo em conta
a
fiabilidadg
validade,
praticabilidadee
isençãode
erros.
Estametáfora centra-se assim somente nas qualidades
do
instrumento ena
redução dos erros decotação.
7.2.2
A
AVALIAÇÃO
DE
DESEMPENHO SEGUNDO
A
METÁFORA
DO
PROCES
SAMENTO DE
INFORMAÇÃO
A
partir dos
anos
80,
dado
o
insucessoem eliminar
os
eÍros
psicométricos daavaliação
de
desempenho,surge
uma nova perspectiv4
a
perspectivada
metáfora
doproce§§amento
da
informação.
Segundoesta
metáforq
o
problema
deixa
de
estar
nosinstrumentos
e
passaa
centra-seno
funcionamentocognitivo do
avaliador(Landy
&
Farr, 1980, FeldmaÍt, 1981). Coloca o foco na percepção das pessoas, tornando clara a importância desta teoria para o nosso estudo, uÍnar.ez que pretendemos estudar a percepção de justiça dosavaliados em relação aos avaliadores, Çomo intervenientes
no
seu proÇosso de avaliação dedesempenho.
Esta abordagem passou
a
ser conhecida pela cognrção social napsicologia social
econstitui uma
nova abordagem dos problemas como asatitudeg a
percepção de pessoaq atomada
de
decisãoentre outros.
A
questão fundamental desta abordagemdiz
respeito
àJustiça e Avaliação de Desempenho 27
utilização em julgamentos, inferências e tomadas de decisão, isto é,
o
avaüador deixa deter
um papel passivo e passa a ter um papel activo, dando origem ao julgamento sobre o avaliado.As
questões basicasa
que
setem
procuradodar
respostas pode,m,de acordo
comSherman et at. (1989) resumir-se a frês:
a) que tipo de informa@o social é çre é exactameme memoÍizadâ e como é que se oÍguiz4 b) como é
que
a
informago memorizada afecao
processamentode
informação s,úsequente, como osjulgamentos e os comportamentos, e c) como é que a informação afiazÉaaoa.é modificada quer afravés
de nova informação quer através dos próprios processos cognitivos (p.282).
O avaliado irá
ter
ern conta na percepção dejustiça
da sua avaliação dedesempeúo,
este papeldo
avaliador, tando em conta que os avaliadores seguem determinadas regras paraos julgamentos. Para a avaliação de desempeúo importa analisar os esquemas, a formação de
impressões
e
os
processosde
inferência.
Os
esquemassão
definidos oomo
estrufurascognitivas abstractas em que se organiza a informação armazenada e considera-se que têm
um
papel determinante
tanto na
selecçãoe
aquisiçãode
informação,como
na colaboração dosjulgamentos e na formação de impressões. Para compreender melhor esta associação vamos
analisar
estasteorias
com
a
avaliação
de
desempenho,uma temática
central
da
nossa dissertação.Em
suma, esta perspediva de avaliacãlo de desempenho, descritapor
Caetano (1996),coloca ênfase nos processos cognitivos
do
avaliador,ou
seja, todos os processos cognitivosusados
pelo
avaliador
na
avaliação
de
desempe,nho,por
oposiçãoà
metáfora
do
teste,Justiça e Avaliação de Desempenho 28
1.2.2.1A
COGNrÇÃOSOCmr
E
A
AVALTAÇÃO
DE DESEMPENHOLandy e Farr (1980) introduzem os processos cognitivos na avaliação de desempenho,
considerando
a
avalia$o de
desempenhocomo
um
exemplo
específicoda
percepção depessoas, a resolução do problema da exactidão e da eficácia da avaliação deve basear-se na
anrílise dos processos cognitivos
do
avaliador e não apenasno
estudo dos instrumerúos.Taft
(1955) acrescenta ainda que do ponto de vista teórico,
o
problema da exactidão da percepçãoestií em parte
dependentedas
qualidadesou tnços
de
personalidadeque
diÊerencia os percepcionadores uns dos outrios e, em parte zubordinado as característicasdo
estímulo e ao meioutilizado
para emitir o julgamento.A
cognição social tem-se preocupado sobretudo com os processos de inferência socialno
sentido
de
investigar
a
forma como
o
percepcionadorsocial
adquire
e
combina
ainformação adequada para efectuar predições ou julgamentos sobre pessoas (Caetano, 1996). Neste sentido, o modelo apresentado por Landy e
Far
(1980) é constituído por cinco factores:"a)
os papéis do avaliador e avaliado;b)
oveículo
instrumento de cotação;c)
o
contexto daavaliação;
d)
o
processode
cotação;e)
os
resultadosda
avaliação/informação acerca dodesempenho, acgões baseadas nessa informação, etc." (p.73). Os autores (Landy e
Farr,
1980) sugerem que,"se
se quiser aumentar a validade das cotações, deve-se aprendermuito
maisacerca do modo como os avaliadores observam,
codificarq
ilrÍnazetrarÍr, recuperam e registama informação de
desempeúo"
0.100).
Outros
aúores
mostraram interessepor
estatemátic4
Feldman (1981)por
exemplo,postulou
um
modelo em que"a
avaliação de desempenho éum
Gaso específico de processoscognitivos mais gerais
e que
pa;raa
compreender totalmenteterá de
se
considerar esses processos gerais"(r.128).
Segundo este modelo o avaliador tem dea) reconhecer e ter em conh informaÉo relevafie acerca dos empregados; b) a informaSo deve ser
orgmizada e armazenada para posterior acesso; c) quando é necessário um jnlgamento, a informa@o
relevante dwe ser recuperada de forma oÍgm?q,drt, d) em vários momentos dos estádios anterioÍes, ou
quando as exigências da taÍefa
o
reqlrerem, a informaçâo tem de ser imegrada mrm julgamentoresumido (p.128).
Considerando a existência de um processo de avaliação de desempeúo, Wyer e
Srull
Justiça e Avaliação de
Desempeúo
29a) observaçâo do comportame,nto pelo avaliador, b) formaçâo de alguma representaÉo cogniüva do comportamento pelo avaliador, c) armazenagsm destâ Í€prcsenlaÉo
ra
memóri4 d) rccuperaçâo dainforma@o üfrazflada necessíria pilca
nn
avaltafio formal, e) reoonsidera$o e integra@o dainformação recuperada com oufros itens de informa$o disponível e
0
aúibuiÉo de uma avaliaçâoformal ao avaliado utilizamdo rm instrum€nto apropriado de avaliaÉo (Ít.362>.
Numa outra perspectiva,
DeNisi
et al. (1984) consideram queo
processo de avaliaçãose inioia com a observação pelo avaliador do comportamento relevante para o cargo, contudo,
muitas
vezeso
que
é
observadonão são
os
comportamentosmas
sim os
resultados docomportaÍnento.
O
avaliador
tem
um
papel
bastanteactivo na procura
e
selecção doselementos informativos relativos ao comportamento dos avaliados,
por
conseguinte,"o
modocomo
o
avaliador procura a informagãoirá
determinaÍ que comportaÍnento é observado" (p. 365). Este modelo sugere quatro factores que influenciam otipo
de informação procurada:"a)
as noções pré-concebidas do avaliador sobre o avaliado;
b)
o objectivo visado pela avaliação;c)
as pressões de tempo que se exercem sobreo
avaliadoq ed)
a natuÍeza do instrumerúo de cotaçãoutilizado"
{&. 367).Todos
estes
modelos
zupõem
processosque se
desenrolam
em
quatro
etapasprincipais:
aquisição, aÍmazenamento, recuperaçãoe
integraçãoda informação.
O
aspectodivergente destes modelos reside
no facto
de uns darem mais atenção a umas etapas que aoutras.
Tal
como na metáfora dotestg tarrbém
aqui não nos podemos zubjugar ao contextointerno organizacional temos de ter em consideração o contexto externo e a sua influência no
processo
de
avaliação,
que mais uma
vez
se
encontra omisso nesta
úordagenr,
umaperspectiva que, remetidapara o nosso objectivo de investigação condicionana apercepção de