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Ansiedade pré-competitiva nas modalidades coletivas e individuais

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Ansiedade Pré-Competitiva nas

Modalidades Coletivas e Individuais

João Manuel Botelho Vinhais

Orientador – Professor Doutor Valdemar Salselas

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do(a) Professor Doutor Valdemar Salselas

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João Vinhais | Nº 40415 iii

Agradecimentos

A realização desta Dissertação de Mestrado só foi possível graças à colaboração e ao contributo, de forma direta ou indireta, de várias pessoas e instituições, às quais gostaria de exprimir algumas palavras de agradecimento e profundo reconhecimento, em particular: ao Prof. Valdemar Salselas, pela disponibilidade manifestada para orientar este trabalho, pela preciosa ajuda na definição do objeto de estudo, pela exigência de método e rigor, pela incansável orientação científica, pela revisão crítica do texto, pelos profícuos comentários, esclarecimentos, opiniões e sugestões, pela cedência e indicação de alguma bibliografia relevante para a temática em análise, pelos oportunos conselhos, pela acessibilidade, cordialidade e simpatia demonstradas, pela confiança que sempre me concedeu e pelo permanente estímulo que, por vezes, se tornaram decisivos em determinados momentos da elaboração desta tese. Agradeço ainda a todos os atletas, treinadores e membros dos Clubes e Associações desportivas que se disponibilizaram para que todo este estudo fosse possível de realizar. Enfim, agradeço a todos que apostaram na minha capacidade profissional e pessoal, e me ajudaram de uma forma, ou de outra, a chegar até aqui.

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Índice

Agradecimentos ... iii Índice ... iv Índice de Tabelas ... vi Resumo ... vii Abstract ... ix Introdução ... 11 Objetivos do estudo ... 13 1- Enquadramento teórico ... 14 1.1 - Psicologia do Desporto ... 17 1.2 - Ansiedade ... 19 1.3 - Ansiedade-traço e Ansiedade-estado ... 23

1.4 - Dimensões da Ansiedade nas Competições ... 24

1.4.1 - Ansiedade cognitiva... 25

1.4.2 - Ansiedade Somática... 26

1.4.3 - Autoconfiança ... 26

1.4.4 - A Avaliação da Ansiedade ... 28

1.5 - Variáveis Relacionadas com a Ansiedade ... 31

1.5.1 - Sexo, idade e experiência ... 31

1.5.2 - Desportos coletivos e individuais ... 32

2 - Metodologia ... 34 2.1 - Participantes ... 34 2.2 - Instrumento CSAI-2R ... 34 2.3 - Procedimento ... 35 2.4- Variáveis ... 36 2.5 - Tratamento estatístico ... 36

3 - Apresentação e discussão dos resultados ... 38

3.1 - Discussão da Validade Interna ... 38

3.2 - Análise Fatorial ... 38

3.3 - Média e Desvio Padrão de cada Item ... 40

3.4 - Análise da ansiedade pelos fatores ... 41

3.6 - Análise dos fatores em função do género ... 41

3.7 - Análise dos fatores em função dos desportos coletivos e individuais ... 42

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3.9 - Discussão dos Resultados ... 43

4 - Conclusão ... 48

5 - Recomendações para futuros estudos ... 49

6 - Bibliografia ... 50

7 – Anexos ... 60

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Índice de Tabelas

Tabela 1: Género e idades dos inquiridos ... 34

Tabela 2. Itens da versão portuguesa constituintes do questionário CSAI-2R ... 35

Tabela 3: Analise Alpha Cronbach ... 38

Tabela 4: Teste KMO and Bartlett's ... 38

Tabela 5: Análise dos componentes principais ... 39

Tabela 6: Análise da média e desvio padrão de cada item ... 40

Tabela 7. Média e desvio padrão dos fatores ...411 Tabela 8. Média e desvio padrão dos fatores em função do género ... 41

Tabela 9. Média e desvio padrão em função dos desportos individuais e colectivos ... 42

Tabela 10. Correlação entre o grau de importância atribuída à competição e os fatores da ansiedade pré-competitiva ... 43

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Resumo

Na atualidade está em fase crescente o número de jovens que praticam modalidades desportivas voltadas para a alta competição. Como tal, é importante entender todos os aspetos que envolvem a competição, bem como o ambiente em que o atleta está inserido. Existe então, a necessidade de entender os aspetos psicológicos voltados para a prática desportiva e também a influência destes no desempenho do indivíduo.

O estudo teve como objetivos principais: verificar as características psicométricas da versão portuguesa do CSAI-2R (Cox, Martens & Russel, 2003); analisar os níveis de ansiedade somática, cognitiva e autoconfiança no período pré-competitivo em atletas, em função do género; averiguar a relação entre os fatores da ansiedade pré-competitivo.

O presente estudo foi realizado com a colaboração de 182 atletas praticantes de várias modalidades (futebol, natação, basquetebol, Ténis de Mesa), ambos os géneros, com idades compreendidas entre os 11 e os 39 anos, participantes em Campeonatos Regionais e Nacionais referentes à época desportiva de 2012/2013.

Para a recolha de dados recorreu-se à aplicação de um questionário de natureza multidimensional, o CSAI-2R, que avalia as componentes cognitiva e somática da ansiedade estado pré-competitiva, bem como a autoconfiança. Os dados foram tratados utilizando o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences – SPSS, versão 19.

Os resultados do estudo revelam que o instrumento CSAI-2R é detentor de uma fiabilidade apropriada e que a amostra possui uma boa adequação.

A análise dos dados recolhidos permite-nos concluir que independentemente do género dos atletas e da modalidade inquerida, antes da realização das provas, os níveis de autoconfiança são superiores comparativamente aos níveis de ansiedade cognitiva e somática.

Relativamente aos fatores em relação ao género é possível constatar que no género masculino o valor médio mais elevado é referente ao fator da autoconfiança e o menor valor referente à ansiedade cognitiva. No que concerne ao género feminino, tal como no caso do género masculino, o fator que possui maior valor médio e desvio padrão é o da autoconfiança, enquanto o valor médio e desvio padrão mais baixo é representado pela ansiedade cognitiva.

Entre os fatores do CSAI-2R e o género, verificamos que não existem diferenças estatisticamente significativas.

No que concerne à correlação entre os fatores, verificamos que existe uma correlação significativa negativa entre o fator da ansiedade cognitiva e a autoconfiança, bem como entre a

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ansiedade somática e a autoconfiança. Estas correlações negativas indicam que quando a ansiedade cognitiva ou a ansiedade somática aumentam, a autoconfiança diminui e vice-versa.

O presente estudo contribui para uma reflexão sobre os estados de ansiedade e de autoconfiança antes de uma competição, uma vez que a ansiedade poderá influenciar positivamente ou negativamente o rendimento dos atletas, devendo ser motivo de atenção por parte dos técnicos e psicólogos.

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Abstract

At the present stage is the growing number of young people who practice sports geared to high competition. As such, it is important to understand all aspects involving competition as well as the environment in which the athlete is inserted. There is then a need to understand the psychological aspects facing the sport and also their influence on the individual's performance. This study was conducted with the collaboration of 182 athletes practicing different sports (soccer, swimming, basketball, Table Tennis), both genders, aged between 11 and 39 years, participants in Regional and National Championships regarding sports season of 2012/2013. The study had as main objectives: to assess the psychometric properties of the Portuguese version of the CSAI-2R (Cox, Martens & Russell (2003), analyzing the levels of somatic anxiety, cognitive and self-confidence in the pre-competitive athletes by gender ; investigate the relationship between the factors of pre-competitive anxiety.

For data collection we used a questionnaire to the multidimensional nature of the CSAI-2R, which assesses the cognitive and somatic components of pre-competitive state anxiety and self-confidence. The data were processed using the program Statistical Package for Social Sciences - SPSS, version 19.

The study results show that the instrument CSAI-2R is custodian of reliability and proper that the sample has a good fit.

The analysis of the collected data allows us to conclude that regardless of the gender of the athletes and the sport inquired before the completion of the tests, the confidence levels are comparatively higher levels of cognitive and somatic anxiety.

For factors with respect to gender is possible to see that in males the highest average value is related to the confidence factor and the lowest value on the somatic anxiety. Regarding the feminine gender, as in the case of males, the factor that has the highest mean value and standard deviation is the self-confidence, while the mean value and standard deviation is represented by the lower somatic anxiety.

Among the factors the CSAI-2R and gender, we found that there are no statistically significant differences.

Regarding the correlation between the factors, we find that there is a significant negative correlation between the factor of cognitive anxiety and self-confidence as well as between somatic anxiety and self-confidence. These correlations indicate that when the negative cognitive anxiety or anxiety somatic increases, the confidence decreases and the inverse also is verified.

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This study contributes to a reflection on the state of anxiety and self-confidence before a competition, since anxiety may positively or negatively influence the performance of the athletes, and should be cause for attention from coaches and psychologists.

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Introdução

A ansiedade é caracterizada como um estado emocional que, frente a situações imprevisíveis como em competições, tende muitas vezes a manifestar-se de forma a modificar o desempenho dos atletas.

Segundo Cruz (1996), a ansiedade competitiva consiste numa resposta à perceção de ameaças que podem ocorrer quer nos momentos de aprendizagem (treinos, preparação para uma competição importante, por exemplo), quer nos momentos de avaliação dessa mesma aprendizagem (competições).

A ansiedade é um dos estados emocionais mais presente no contexto desportivo, merecedor de grande atenção por parte dos professores, treinadores e psicólogos.

Para melhorar a performance, o suporte psicológico nos atletas durante o processo de treino deve ser considerado seriamente por parte do treinador, professor etc.Weinberg e Gold (2001) definem, a ansiedade como um estado emocional negativo caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão, além de estar associado com a ativação ou agitação do corpo. Uma pessoa pode ter um perfil psicológico com características de ansiedade mais constantes, com tendência comportamental de perceber circunstâncias não perigosas como ameaçadoras, à esse estado designa-se o nome de ansiedade – traço. Ou, esta pessoa pode estar passando por um momento de ansiedade específico, acompanhado de sentimentos de preocupação, nervosismo e tensão conscientes, gerados por uma situação em especial, que denomina-se ansiedade-estado.

A contínua e crescente interesse do estudo do stress e da ansiedade competitiva, bem como a necessidade de desenvolvimento de testes específicos à situação desportiva, aliada à evidência para a natureza multidimensional da ansiedade, fez despertar a necessidade de desenvolver um instrumento breve e de rápida administração em contextos desportivos para avaliar repetidamente o estado de ansiedade dos desportistas.

O ser humano já nasce com medo a certos objetos, circunstâncias ou acontecimentos. Este é algo que é inato, não apreendido, que é partilhado com outros animais e que pode ser utilizado para nos defendermos de situações adversas.

Todos nós em diversas ocasiões sentimos medo. É através deste que o nosso organismo responde a determinados acontecimentos que são percecionados como perigosos. Contudo, embora seja natural, quando o medo começa a interferir na nossa vida, condicionando excessivamente as nossas ações, deixa de ser um simples medo e passa a ser uma fobia. Não é por acaso que determinados atletas parecem exceder-se quando em prova, obtendo os seus

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melhores resultados em competições, ao passo que outros, se apagam, completamente, originando resultados inferiores aos obtidos nos treinos ou às suas capacidades reais.

Cruz (1997) refere que a investigação do impacto dos fatores e processos psicológicos desse rendimento e do seu sucesso tem vindo a progredir, isoladamente, em duas perspetivas principais de investigação. Por um lado, o estudo e a análise da relação entre variáveis e fatores psicológicos específicos, e medidas do rendimento ou sucesso desportivo, e por outro, numa perspetiva de investigação, que inclui uma gama de estudos centrados na análise das características e competências psicológicas de atletas com diferentes níveis de sucesso e/ou rendimento desportivo.

É incontestável o papel significativo que o desporto e o jogo recreativo têm em qualquer cultura ou sociedade em todo o mundo, capaz de colocar em cena as emoções, os sentimentos, os esforços, o tempo e a energia, de uma forma que nenhuma outra atividade se aproxima. Entretanto, os diversos elementos que compõem o cenário desportivo podem tanto auxiliar quanto prejudicar o desempenho do desportista, chegando em alguns casos a provocar emoções não só positivas, mas também negativas. Nesse cenário, agressão, ansiedade, stress, frustração, medo, autossuperação, realização, prazer, alegria e divertimento, aparecem entrelaçados como os principais sentimentos associados à prática desportiva (Machado, 2001).

Quando se assiste a competições, tanto individuais quanto coletivas, é possível, muitas vezes, observar a existência de ansiedade. Como também muitas vezes ouve-se dizer que “minha ansiedade me atrapalhou”. Com base nesses fatores, por meio desta pesquisa realizada tanto nas modalidades coletivas, quanto em modalidades individuais, pode-se verificar a existência da ansiedade no ato pré-competitivo, analisando onde existe um nível maior de ansiedade e as dimensões das ansiedades predominantes.

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Objetivos do estudo

Com o presente estudo, pretendeu-se investigar e analisar a ansiedade (cognitiva e somática) e a autoconfiança, no período pré-competitivo dos atletas das modalidades coletivas e modalidades individuais.

Como objetivos principais foram definidos os seguintes:

 Verificar as características psicométricas da versão portuguesa do CSAI-2R;

 Analisar os níveis de ansiedade somática, cognitiva e autoconfiança no período pré-competitivo em função do género e em desportos individuais e coletivos;

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1- Enquadramento teórico

O desporto ocupa hoje, um lugar bastante importante na vida social dos nossos dias e contribui para o desenvolvimento físico do homem sendo este também fundamental para o desenvolvimento das qualidades psíquicas, cognitivas, afetivas das estruturas do comportamento e da dinâmica da personalidade.

O desporto, a qualquer nível que seja praticado, é causador de níveis intensos de stresse, quer do ponto de vista psicológico como do fisiológico.

No entanto quando o atleta participa em competição, encontra-se envolvido num meio de pressões de vária ordem (público, treinador, dirigentes, jornalistas, etc.) pondo, às vezes, em causa o seu rendimento. Contudo, ele tem de ser capaz de ultrapassar os obstáculos impostos por essas pressões, mas por vezes isso não acontece.

A razão da escolha deste tema é decorrente da grande necessidade sentida em possuir informação acerca do impacto negativo que elevados níveis de ansiedade pré-competitiva podem exercer no rendimento dos atletas, bem como acerca dos fatores que podem estar na sua origem.

Perante tais experiências, os atletas e treinadores procuram encontrar formas que, de alguma maneira, lhes permitam exercer um maior controlo sobre os processos que imediatamente antecedem a competição. Ambas as partes concordam que o período de pré-competição requer alguns cuidados adicionais para que o estado de prontidão competitiva não seja influenciado negativamente.

A forma como os atletas se envolvem com os seus pensamentos, emoções e comportamentos em geral pode determinar a diferença entre o sucesso e o fracasso competitivo. O período pré-competitivo requer uma preparação específica, quer a nível físico quer mental.

Atualmente, o grau de conhecimentos sobre teoria e metodologia do treino desportivo é de tal forma sofisticado que os atletas chegam aos momentos da competição bem preparados fisicamente.

Por esta razão, mais do que nunca, a preparação mental é assumida pelos treinadores e atletas como da maior importância. Porém, a psicologia do desporto nem sempre tem tomado em consideração as necessidades práticas destes agentes desportivos, para quem a validade dos conceitos e dos contributos científicos só fazem sentido se encontram eco nas suas práticas diárias.

A preparação mental para os momentos que antecedem a competição é da maior importância para os resultados finais. O treino mental requer, entre outras coisas, que os atletas

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aprendam e desenvolvam um conjunto de habilidades que tem em vista aumentar o autocontrolo em processos como: concentração, foco da atenção, controlo emocional, relaxação, definição de objetivos, pensamentos positivos, visualização, e rotinas pré-competitivas, com o objetivo de manter um sistema de reforço capaz de promover o estado psicológico ideal para a competição.

Atletas e treinadores empenham-se na procura de informação e apoio de psicólogos com o intuito de promover as condições necessárias à construção do estado ideal de prestação. Para se conseguir tal estado, é da maior importância que os atletas identifiquem as condições e os comportamentos associados às suas melhores prestações. Os comportamentos são dados a observar nos períodos pré-competitivos servem múltiplos propósitos para a preparação mental dos atletas para a competição:

1. Manter a concentração;

2. Organizar os estímulos internos e externos;

3. Promover um espaço onde o atleta se sinta em controlo do que lhe rodeia;

4. Implementar um sistema de feedback que concomitantemente reforce o sentimento de autoeficácia, assim como de controlo sobre os processos em curso.

Enquanto Keating e Hogg (1995) realçam a importância dos comportamentos ritualísticos, Sherman argumenta que há riscos na utilização dos rituais quando estes são implementados de uma forma rígida, uma vez que qualquer erro que ocorra na sequência dos comportamentos e gestos, aumenta as probabilidades para o indivíduo entrar num estado psicológico em nada condizente com os requisitos e rigores impostos pelo rendimento desportivo.

É pertinente dizer que existem diferenças entre rotinas pré-competitivas e comportamentos supersticiosos. As primeiras são o resultado de um processo de aprendizagem e alicerçam-se nas estratégias cognitivas que são intencionalmente utilizadas pelos atletas, com o objetivo de facilitar a prestação competitiva que se lhes segue.

Os comportamentos supersticiosos, por sua vez, refletem o sistema de crenças do atleta que o leva a acreditar que forças externas a si podem influenciar o resultado das competições em que vão participar.

A ansiedade é um estado emocional que, frente a situações imprevisíveis como em competições, tende muitas vezes em manifestar-se de forma a modificar o desempenho dos atletas.

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Segundo Weinberg e Gold (2001), a ansiedade é um estado emocional negativo caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão, além de estar associado com a ativação ou agitação do corpo. Uma pessoa pode ter um perfil psicológico com caraterísticas de ansiedade mais constantes, com tendência comportamental de perceber circunstâncias não perigosas como ameaçadoras, a esse estado designa-se o nome de ansiedade-traço. Ou, esta pessoa pode estar passando por um momento de ansiedade específico, acompanhado de sentimentos de preocupação, nervosismo e tensão conscientes, gerados por uma situação em especial, que se denomina ansiedade-estado.

Segundo Biddle (1995), a ansiedade competitiva foi o tema mais popular da produção científica europeia no ano de 1995. As preocupações teóricas dominantes estavam centradas na compreensão do processo de ansiedade como fator facilitador ou debilitador na competição.

De acordo com Kimbrough, DeBolt, & Balkin, (2007), tanto investigadores, como atletas, concordam com o papel influente que os fatores psicológicos têm na performance, principalmente a um alto nível competitivo em que existem muitos fatores que antecedem e envolvem a competição.

Samulski (2002) afirma também, que um estado emocional alterado pode comprometer o desempenho do atleta. Existem alguns fatores que influenciam nos estados pré-competitivos, e esses têm uma grande influência na qualidade e intensidade do momento da competição. Exemplo: Importância particular da competição e das consequências correspondentes; a relação atleta-técnico; o nível de rendimento do adversário; as experiências competitivas; e, principalmente, o nível de autoconfiança.

Fleury (s.d.) afirma que os sintomas de ansiedade podem ser tanto positivos e úteis (facilitadores), quanto negativos e prejudiciais (debilitadores) para o seu desempenho. De fato, para entender totalmente a ansiedade pré-competitiva é preciso examinar tanto a intensidade da ansiedade (quanta ansiedade o atleta sente), quanto sua direção (sua interpretação é uma ansiedade facilitadora ou debilitante). Ou seja, a ansiedade se não muito acentuada, pode, muitas vezes, ser um impulso para uma boa performance. Se a ansiedade for mais exacerbada poderá interferir no bom desempenho.

Quando se assiste a competições, tanto individuais quanto coletivas, é possível, muitas vezes, observar a existência de ansiedade. Como também muitas vezes se ouve dizer que “a minha ansiedade/stresse atrapalhou-me”. Com base nesses fatores, por meio desta pesquisa realizada tanto nas modalidades coletivas, quanto em modalidades individuais, pode-se verificar a existência da ansiedade no ato pré-competitivo, analisando onde existe um nível maior de ansiedade e as dimensões das ansiedades predominantes.

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1.1 - Psicologia do Desporto

A Psicologia do Desporto e do exercício é o estudo científico de pessoas e dos seus comportamentos em atividades desportivas e atividades físicas, e a aplicação prática deste conhecimento. É uma área da psicologia que visa promover a saúde, a comunicação, as relações interpessoais, a liderança e a melhoria do desempenho desportivo. A primeira etapa para promover a saúde é ajudar o atleta a ter conhecimento do porquê é que escolheu determinado desporto, e quais são os seus objetivos em relação a ele.

Quando o atleta conhece o que o mantém a treinar e quais os esforços obtidos ao realizar aquele desporto, tem mais condições de prever e controlar o seu comportamento. Muitas vezes, o que mantém o atleta a treinar são esforços naturais, consequências do desempenho da modalidade desportiva. Mas outros reforços também podem estar em curso, o que pode fazer com que o treino gere sofrimento. A psicologia do desporto não se limita somente a uma teoria e aplicação.

Para Samulski (2002, p. 25):

[...] A Psicologia do desporto também se desenvolve como ciência. Porém devemos

trabalhar com atenção e exatidão científica na prática esportiva para não convertê-la em uma Psicologia que simplifica todos os fenômenos. Outro aspeto é que a prática esportiva é um campo ideal de investigação para a Psicologia do desporto. Ela necessita do desporto para comprovar suas teorias e para poder aplicar seus métodos. [...]

Um dos papéis do psicólogo do desporto é propiciar o suporte emocional necessário para os atletas que sofrem com as exigências do desporto, quaisquer que sejam essas: da modalidade desportiva (coletiva ou individual), dos aspetos relacionados com esforço físico, da pressão dos dirigentes, da comunicação social, da comissão técnica, da família, de si próprio, entre outros. Por isso, torna-se imprescindível, em qualquer âmbito desportivo, a presença do psicólogo do desporto.

Rubio (2007, p. 14) relata:

[...] Não é raro surgir demandas de atletas que não estejam ligadas diretamente ao

contexto de treinos e competições, mas que interferem direta ou indiretamente em seu rendimento. Essas questões podem ser de ordem pessoal, familiar, existencial ou social e nesse momento o psicólogo do desporto se põe a pensar se ao trabalhar essas demandas ele não estará saindo de seu papel de „do desporto‟ e adentrando a seara do „clínico‟. O atendimento clínico no desporto não se refere a um procedimento psicoterápico convencional, pautado em um setting que tem o atendimento dual do consultório como referência. O foco da intervenção

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clínica na Psicologia do desporto visa a resolução dos conflitos do sujeito-atleta para a busca do desenvolvimento de seu potencial esportivo. [...]

O psicólogo do desporto pode fazer intervenções (orientadas a atletas, técnicos e equipas) em vários aspetos do treino, a fim de melhorar e manter a performance. Com a finalidade de acelerar o processo de reabilitação de atletas lesionados, o psicólogo do desporto também pode interagir com o fisioterapeuta aplicando técnicas mentais para reabilitação. É recomendável que o psicólogo do desporto desenvolva um bom relacionamento e uma boa comunicação com o técnico e os demais membros da equipa técnica.

Para Rubio (2007, p. 22):

[...] A Psicologia do desporto tem-se constituído um desafio para a Psicologia antes de

se tornar uma especialidade. Enquanto área de conhecimento ela se encontrou, por muito tempo, na divisa entre a Psicologia e a Educação Física, entre os limites do rendimento humano e as atividades motoras básicas e lúdicas. O desporto mediático contribuiu em muito para uma associação entre a Psicologia e o rendimento esportivo na medida em que a produção do espetáculo esportivo demanda a utilização de várias especialidades na superação de adversários e recordes, finalidade do desporto competitivo e de pessoas distintamente habilidosas, o atleta de alto rendimento [...].

A maioria das derrotas no mundo do desporto é justificada pela dificuldade em controlar as emoções negativas, como a ansiedade e o stresse, por exemplo, que são considerados fatores perturbadores no rendimento dos atletas.

Segundo Samulski (2002), a Psicologia do Desporto assume-se como uma área de intervenção na qual a maioria dos atletas pode diferenciar-se pela forma de encarar o desporto, podendo levá-los a reações diversas perante as situações que lhes são apresentadas na competição.

Independentemente do contexto onde o psicólogo do Desporto esteja inserido, seja modalidade desportiva coletiva ou individual, é fundamental destacar que o “olhar clínico”, ou o “olhar psicológico”, deve ser orientador nas intervenções, portanto, ser Psicólogo do Desporto é, acima de tudo, ser Psicólogo.

Em suma, uma área de interesse e investigação no âmbito da Psicologia do Desporto é o estudo da ansiedade perante a competição desportiva, tendo por objetivo melhor compreender e predizer a conduta e o rendimento dos atletas. Porém o conhecimento das características psicológicas dos atletas não é suficiente para os apoiar psicologicamente na competição pois, cada um apresenta reações e comportamentos diferentes ao enfrentar as provas. Para além das características psicológicas do atleta, as capacidades que eles possuem, o grau ou importância da

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competição e o valor dos adversários, podem influenciar o rendimento do próprio atleta, existindo diferenças interpessoais e intrapessoais.

1.2 - Ansiedade

A ansiedade na competição desportiva constitui um problema usual e preocupante para todos aqueles que, direta ou indiretamente, se encontram envolvidos no desporto (Cruz, 1996). É experimentada por muitos atletas, independentemente do sexo, idade, nível competitivo ou modalidade desportiva e exerce, muitas vezes, efeitos negativos no seu rendimento.

Segundo Graeff (1999), a palavra ansiedade vem do grego anshein e refere-se a estrangular, sufocar, oprimir. De acordo com Spielberger (1979), a ansiedade é uma reação emocional frente ao stress, caracteriza-se por nervosismo, preocupação e apreensão que pode ser gerado pelos nossos pensamentos (ansiedade cognitiva) ou por reações físicas (ansiedade somática). É um complexo estado, ou condição psicológica do organismo humano, constituído por propriedades fenomenológicas e fisiológicas que se diferenciam de estados emocionais como o stress, a ameaça e o medo, pois tais eventos se apresentam como possíveis causadores do estado de ansiedade.

A ansiedade é sempre um estado de alerta do organismo que produz um sentimento indefinido de insegurança, podendo atuar em dois planos imediatos: o físico e o psíquico, o que poderá gerar sintomas de inquietude interior (desassossego, insegurança, pressentimento do nada, medos difusos, expectativa do pior) e de tensão motora (tremores, dores musculares, espasmos, incapacidade de relaxamento, tiques nervosos, rosto contraído). O aumento ou a diminuição da ansiedade tem muito a ver com o nível de informação do indivíduo.

Ao nível dos jovens atletas o medo de falhar (ou o medo de ter um rendimento inadequado) parece representar a principal fonte de ansiedade competitiva, ainda que a avaliação do medo represente uma fonte de ameaça. Daí a razão de Gonçalves (1998) considerar, numa linguagem menos técnica, o medo e a ansiedade como um mesmo elemento, em que as reações serão sinónimas entre si, pois tanto um como outro têm em comum o facto de potenciarem danos ou perigos externos.

Se antes da competição o atleta entra num estado de elevada ansiedade, pode ver o seu rendimento prejudicado. Vários estudos realizados na última década apontam no sentido de que a ansiedade pré-competitiva apresenta fatores perturbadores no rendimento dos atletas. Tal acontece porque a competição nestes atletas é vista como uma ameaça à sua autoestima. Os

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atletas que veem as exigências situacionais da competição como um desafio e uma fonte de excitação sentem a ansiedade como um estado que pode favorecer o seu rendimento.

Segundo Cruz (1996), a grande diferença entre atletas reside no facto de os atletas com maior sucesso terem aprendido a regular, tolerar e utilizar a ansiedade de forma mais eficaz.

Indivíduos mais ansiosos podem apresentar as seguintes características:

1. Reduzida habilidade para usar as modificações num contexto competitivo, logo produzem um número elevado de erros por omissão;

2. Numerosas reações de stress que geralmente são não funcionais; 3. Reduzida tolerância à dor e à frustração;

4. Demasiada ênfase dos erros competitivos e interpretação dos mesmos como mais sérios do que na realidade são (Rushall, 1983).

Existem procedimentos que podem reduzir a ansiedade e os pensamentos por ela provocados. De entre os quais salientamos:

1. Concentração em eventos externos à fatores da tarefa;

2. Sessões de relaxamento incorporando imagens mentais positivas; 3. Realce dos conteúdos mentais da performance anterior à competição; 4. Repetição de pensamentos positivos antes da competição.

Os atletas podem aprender a comportar-se e a pensar de forma que a ansiedade não interfira nos resultados das competições, estando esta tarefa a cargo dos treinadores. Assim, os atletas devem centrar a concentração em diferentes tarefas relevantes com o intuito de facilitar performances superiores.

Para Barbanti (1994), ansiedade é um estado emocional de temor, de apreensão, uma sensação de desastre iminente e sem nenhuma explicação racional. Ela denota vários estados emocionais complexos. É inegável o papel significativo que o desporto e o jogo recreativo têm em qualquer cultura ou sociedade em todo o mundo, pois é capaz de colocar em cena as emoções, os sentimentos, os esforços, o tempo e a energia, de uma forma que nenhuma outra atividade se aproxima.

Ferraz (1997) considera a ansiedade como a emoção secundária principal, como a maior e a principal causadora de problemas de competição. Para Marti (2000), a ansiedade caracteriza-se por uma grande variedade de sintomas somáticos (tremura, hipertonia muscular, inquietação,

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hiperventilação, sudação, palpitações, etc). Surgem também sintomas cognitivos como a apreensão e inquietação psíquica, Hipe vigilância, e outros sinais relacionados com a alteração da vigilância (distração, perda de concentração, insónias). De acordo com Fenichel (1981), sob o ponto de vista da psicanálise, a ansiedade pode originar-se de várias fontes do aparelho psíquico.

A expressão "aparelho psíquico" refere-se a certas características que a teoria freudiana atribui ao psiquismo: a sua capacidade de transmitir e transformar uma energia determinada e a sua diferenciação em sistemas ou instâncias. Em sua segunda formulação, Freud divide o aparelho mental em três instâncias: o id, o ego e o superego.

De acordo com Freud (1929, p.37):

[...] Essa divisão em id, ego e superego permitem uma conceção sistemática das

variadas forças e funções psicológicas que estão presentes, ao mesmo tempo, na mente. Desde que essas forças possam ter objetivos contraditórios ou incompatíveis, surgirão situações de conflito psicológico. Este tanto pode ser um conflito dentro do aparelho mental (conflito intrapsíquico), quanto um conflito entre o organismo e o ambiente externo. Frequentemente há uma combinação de ambos, de maneira que o conflito existente entre o organismo e o ambiente externo está relacionado com um conflito intrapsíquico [...].

A ansiedade é a consciência de conflitos in solvidos que levam a pessoa para o confronto com sua finitude e a busca da centralidade, para Freud (1929), a ansiedade representa importante papel no processo de adaptação e equilíbrio do indivíduo. Ela é provocada por um aumento, esperado ou previsto da tensão ou desprazer, e pode desenvolver-se em qualquer situação (real ou imaginária), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é percebida e não pode ser ignorada, controlada ou descarregada.

Freud (1929) afirma ainda que a ansiedade resulta de uma transformação da tensão acumulada, e essa tensão pode ser de natureza física ou psicológica. Para ele, é uma conversão da ansiedade que leva a histeria e ansiedade neurose. Trazendo para os dias de hoje, ressalta-se o que diz Pisetta (2009), ele afirma que o aparecimento de ansiedade em um assunto é sempre articulado com a perda de um objeto investido pesadamente. A ansiedade seria o “eu” no inconsciente procurando expressar-se através de uma necessidade, uma exigência ou um desejo. Hanin (1989), citado por Gould e Krane (1992), consideram que o envolvimento social é a fonte geradora das situações ameaçadoras que proporcionam os estados de ansiedade, caracterizando duas situações que se constituem como mais relevantes que ocorrem no contexto desportivo:

1. Estado de ansiedade interpessoal (S = A int.); 2. Estado de ansiedade intergrupo (S = A gr.).

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A primeira situação advém da relação direta de um indivíduo com outro que pode ser colega, adversário, treinador, árbitro ou outro qualquer indivíduo que se encontre no contexto desportivo. A esta situação o autor dá o nome de ansiedade interpessoal.

A segunda situação refere-se à ansiedade gerada no contexto da competição desportiva e é desencadeada pela consciência do indivíduo como membro de um grupo ou equipa, que implica o cumprimento de papéis, responsabilização perante toda a estrutura da instituição, solidariedade para com os colegas e oposição dos adversários e responsabilidade individual nos resultados obtidos pelo grupo.

Pisetta (2009) procurou fazer uma distinção entre medo e ansiedade para haver uma melhor compreensão da diferença entre ambos. Neste caso, evidencia que o medo é criado e localizado em um objeto específico que pode ser enfrentado ou evitado. A ansiedade, por sua vez, não tem objeto, ou melhor, seu objeto é a negação de todo objeto. O desamparo no estado de ansiedade pode ser observado da mesma forma em animais e humanos. Expressa-se pela falta de direção, reações inadequadas e falta de "intencionalidade". A razão deste comportamento é a falta de um objeto (um estado de ansiedade) no qual o sujeito possa concentrar-se. O único objeto é a própria ameaça, mas não a fonte da ameaça, porque a fonte da ameaça é o "nada". Portanto, medo e ansiedade são distintos, mas não separados.

Fadiman e Frager (1979), em seu livro Teorias da Personalidade, descrevem quatro situações prototípicas que causam ansiedade:

a. Perda de um objeto desejado, como por exemplo, a morte de um amigo, pais, emprego, entre outros;

b. Perda de amor, como, por exemplo, rejeição, fracasso em conquistar o amor, ou a aprovação de alguém que lhe importa;

c. Perda de identidade, como por exemplo, medo de castração, perda de prestígio, de ser ridicularizado em público;

d. Perda de autoestima, como por exemplo, a desaprovação do superego por atos ou pensamentos que resultam em culpa ou ódio em reação a si mesmo. A ameaça percebida causa ansiedade.

Os recursos intrapsíquicos de defesa são denominados "mecanismos de defesa" e referem-se a diferentes tipos de operações em que a defesa pode ser especificada. Os mecanismos de defesa bloqueiam a expressão direta de necessidades instintivas e podem ser

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encontrados em todas as pessoas, desempenhando um papel central no estabelecimento e manutenção do equilíbrio dinâmico. O conflito psíquico é inevitável no ser humano e os mecanismos de defesa são funções que se estabelecem e se desenvolvem em cada indivíduo, fazendo parte do seu amadurecimento psicológico para tratar e resolver tanto os conflitos intrapsíquicos como aqueles que surgem entre o organismo e o meio ambiente. Esses mecanismos, portanto, são encontrados nos estados normais e patológicos. Kusnetozoff (1982) chama de angústia-sinal (angústia aqui compreendida como sinónimo de ansiedade) o alarme disparado pelo ego contra a ameaça percebida de rompimento do equilíbrio acima citado. Neste momento os mecanismos de defesa entram em ação com a finalidade de restabelecer o equilíbrio pré-existente.

Quando os mecanismos de defesa não são suficientes em sua função, os mecanismos secundários do ego podem começar a atuar a fim de diminuir os efeitos da ansiedade sobre o indivíduo. Tais mecanismos secundários são os chamados sintomas neuróticos que representam as manifestações da tentativa do ego de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico frente a um conflito inconsciente não resolvido. Tillich (1976) tem a mesma preocupação ao descrever a ansiedade patológica, vivenciada pela personalidade neurótica, que dá lugar a uma autoafirmação não realística como forma de evitar o desespero decorrente da perceção do não-ser.

1.3 - Ansiedade-traço e Ansiedade-estado

A ansiedade pode ser entendida de duas formas fundamentais, Ansiedade-estado e Ansiedade-traço.

Os estados de ansiedade são caracterizados pela subjetividade, sentimentos conscientemente percebidos de apreensão e tensão, acompanhados por ou associados pela ativação ou estimulação do sistema nervoso autónomo. São frequentes situações as quais o atleta sente taquicardia, “frio na barriga” e “arrepio na espinha”, sendo essas reações importantes identificadores de alterações na Ansiedade-estado.

Então Cox (1994), mostra que um dos fatores com influência mais significativa na qualidade do rendimento é o grau de ansiedade-estado durante o tempo que precede a competição.

A Ansiedade-traço é definida por Weinberg & Gould (1995), como uma tendência comportamental de perceber como ameaçadoras circunstâncias que objetivamente não são perigosas e de responder a elas com ansiedade-estado desproporcional.

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As pessoas com um elevado traço de ansiedade geralmente têm mais estados de ansiedade em situações de avaliação, e em situações altamente competitivas do que pessoas com um traço de ansiedade mais baixo.

Sendo assim, Cox (1994); Cresswell & Hodge (2004); Gómez et al. (2002); Gullén & Bara Filho (2004); Weinberg & Gould (1995), mostram também que um atleta com ansiedade-traço elevada tende a perceber uma grande variedade de situações físicas ou psicológicas como ameaçadoras, com repercussão psicofísica intensa em relação à magnitude concreta dessas situações. Para Weinberg & Gould (1995), existe uma relação direta entre Ansiedade-traço e a Ansiedade-estado. Isso significa que, quando a ansiedade-traço é alta, a ansiedade-estado tende a aumentar.

1.4 - Dimensões da Ansiedade nas Competições

Como já foi referido anteriormente, com o desenvolvimento do instrumento de avaliação do estado de ansiedade competitiva: CSAI -2 - «Competitive State Anxiety Inventory» reconheceu-se a existência de três dimensões distintas na ansiedade competitiva: ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança.

O mais importante desenvolvimento conceitual no estudo da ansiedade teve, sem dúvida, a ver com a distinção conceitual entre as componentes cognitivas e somáticas da ansiedade.

Martens e colaboradores (1983, 1990) aplicaram esta distinção às reações de ansiedade no desporto, na qual: [...] "a ansiedade cognitiva se manifesta usualmente através de

expectativas negativas acerca do rendimento e de uma autoavaliação negativa, enquanto a ansiedade somática se reflete em respostas como um rápido batimento cardíaco, respiração 'curta', mãos húmidas, 'borboletas' no estômago e músculos tensos" [...].

Cruz (1996) afirma que três linhas distintas de investigação, até o ano de 1996, têm evidenciado fortemente a distinção conceitual e a independência entre ansiedade cognitiva e ansiedade somática:

1. A evidência empírica: que sugere que apesar de ambas as componentes interagirem entre si, elas podem ser eliciadas por diferentes tipos de antecedentes;

2. A evidência de vários estudos: que demonstram a independência conceitual de ambas as componentes, nomeadamente ao nível de um padrão temporal diferencial em cada uma das componentes da ansiedade, mas também, ao nível dos efeitos diferenciais da ansiedade cognitiva e da ansiedade somática no rendimento, em termos de magnitude e em termos de forma (linear ou curvilinear);

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3. A evidência para a redução da ansiedade e para a eficácia de diferentes métodos de tratamento da ansiedade, em indivíduos que manifestam, predominantemente, ansiedade cognitiva ou somática.

Para um dos autores do CSAI-2, Martens (1990), a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática representam polos opostos de uma avaliação cognitiva, sendo a autoconfiança vista como a ausência de ansiedade cognitiva. Ou, inversamente, sendo a ansiedade cognitiva vista como falta de autoconfiança. Para um melhor esclarecimento, importa referir o que a cada uma delas diz respeito.

1.4.1 - Ansiedade cognitiva

A ansiedade cognitiva consiste em pensamentos negativos e preocupações sobre a performance, incapacidade para se concentrar e atenção disruptiva, esta é vista como as preocupações e expectativas negativas acerca do rendimento e autoavaliação negativa.

Este tipo de ansiedade, quando aumentada, produziria efeitos negativos nas atividades desportivas que requerem maior concentração, estratégia e agilidade psicomotora fina, (tiro ao alvo, golfe, xadrez, dança, etc.). Martens (1990) diz ainda que a ansiedade cognitiva é caracterizada pela consciência de pressentimentos desagradáveis acerca de si próprio ou estímulos exteriores, como preocupações e distúrbios de imagens visuais. De acordo com Burton (1998), o grau de estado de ansiedade cognitiva vivido por um atleta depende da perceção da sua capacidade, que se baseia principalmente em experiências competitivas prévias. Quando as expectativas diminuem ou se tornam incertas é mais provável os atletas experimentarem um aumento da ansiedade cognitiva e uma diminuição da autoconfiança. Neste contexto, como reflete preocupações com as consequências do insucesso, a ansiedade cognitiva só mudará quando mudar a probabilidade subjetiva de sucesso. Essa perceção pode mudar em função de fatores como lesões, treinos excecionalmente bons ou maus, ou uma tática que funciona melhor ou pior do que o esperado (Jones e Cale, 1989; Martens et al., 1983; L.W. Morris et al., 1981).

Por se caracterizar pelos pensamentos negativos e medo de atingir os objetivos, a ansiedade cognitiva pode causar reações como medo, desinteresse, apatia e apreensão, e quando este tipo de ansiedade é elevada, pode produzir efeitos negativos no contexto desportivo, como uma diminuição da concentração e da agilidade psicomotora fina.

Os antecedentes da ansiedade cognitiva são os fatores do ambiente competitivo que influenciam as expectativas de sucesso dos atletas, tornando-as negativas. Neste contexto, o grau

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de estado de ansiedade cognitiva vivido pelo atleta depende da sua perceção de competência, que se baseia principalmente em experiencias competitivas prévias. Porém, fatores situacionais independentes de experiencias passadas, como a capacidade do adversário, também a podem influenciar. Ainda assim, parece ser seguro afirmar que as expectativas de rendimento antes da competição estão mais correlacionadas com a ansiedade cognitiva do que com a ansiedade somática.

1.4.2 - Ansiedade Somática

Martens (1990) define a ansiedade somática, como as perceções dos sintomas corporais causados pela ativação do sistema nervoso autónomo, caracterizada por uma grande variedade de sintomas somáticos como tremura, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudação, boca seca, aumento da frequência cardíaca, etc. Envolve a participação do organismo como um todo, colocando-o em estado de alerta, resultando no aumento dos níveis de adrenalina e cortisol.

Um elevado nível de ativação através da ansiedade somática é essencial para atividades desportivas que requerem velocidade, resistência e força como o andebol, hóquei em patins, futebol, natação, salto em atura, etc. Por outro lado, um nível elevado de ansiedade somática seria negativo para habilidades complexas que exigem motricidade fina, muita coordenação, concentração e equilíbrio. A ansiedade somática deverá influenciar o desempenho inicial, quando os atletas estão sentindo-se nervosos ou tensos, e ter um impacto mínimo no desempenho posterior.

No que diz respeito aos antecedentes e padrões temporais da ansiedade somática, as pistas que se acredita provocarem e manterem a perceção de reações fisiológicas constituem geralmente, uma resposta reflexa a vários estímulos ambientais associados com o início do evento avaliativo. Estes estímulos são não-avaliativos e de curta duração (ex: preparação no balneários, uma multidão nas bancadas, importância do jogo, rotinas de aquecimento pré-competitivas). Não obstante, um grande número de investigadores defendem que estes estímulos perdem o seu efeito assim que a competição começa e a atenção se dirige para a competição em si.

1.4.3 - Autoconfiança

A autoconfiança deverá ser encarada como a inexistência de ansiedade cognitiva, sendo que a ansiedade cognitiva será vista como a falta de autoconfiança. Cruz (1996) conceitua a

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autoconfiança no desporto no contexto de “continuum” que varia entre a falta de confiança (pouca ou fraca confiança nas capacidades pessoais, manifestada pelos atletas através de expetativas negativas e pelas dúvidas relacionadas com a sua prestação) e a confiança excessiva (demasiada autoconfiança). Na opinião destes dois autores, o nível ótimo de confiança situa-se entre estes dois extremos.

Oppermann (2004) afirma que se o atleta possui um baixo nível de autoconfiança, o mesmo poderá desenvolver um maior número de falhas e, então, a ansiedade não diminuirá, pois a preocupação irá aumentar, causando uma menor concentração. Saber direcionar é a melhor maneira de administrar uma ansiedade pré-competitiva.

O treinador tem um papel importante na elevação dos níveis de autoconfiança dos seus atletas. Deverá procurar um ambiente competitivo, interagindo diretamente com os atletas, de forma a facilitar cada fonte de autoconfiança. As estratégias mais utilizadas estão relacionadas com o sistema de reforço.

A importância da autoconfiança é um dos temas frequentemente referidos por todos aqueles que estão ligados ao desporto de rendimento. Qualquer treinador ou atleta reconhece a autoconfiança como uma das condições necessárias para competir com sucesso e atingir altas performances.

A autoconfiança pode ser considerada um fator de diferença individual que engloba a perceção global de confiança do atleta e que possui uma relação linear com o rendimento. Tudo se baseia na confiança do atleta nas suas capacidades e competências técnico-táticas, físicas e psicológicas.

De facto, os atletas bem-sucedidos parecem evidenciar elevados níveis de confiança nas suas capacidades (Cruz e Viana, 1996). Os mesmos autores referiram que para se promover a otimização da ansiedade e melhorar as prestações dos atletas é necessário aumentar a sua autoconfiança e trabalhar a sua motivação. Assim, os atletas confiantes e que esperam o sucesso são, geralmente, os mesmos que atingem o sucesso.

Os atletas adquirem autoconfiança quando atingem os seus próprios objetivos.

Para Berté Júnior (2004), o fator autoconfiança pode minimizar o efeito da ansiedade no desempenho. Em termos de padrão temporal, e à semelhança da ansiedade cognitiva, as predições teóricas da abordagem multidimensional sugerem que a autoconfiança não deveria mudar, a não ser que mudassem as expectativas de sucesso.

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1.4.4 - A Avaliação da Ansiedade

A ansiedade é uma reação de um dos indivíduo para uma situação de tensão (spielberger,1972), principalmente nos desportos de alta competição, os atletas estão sujeitos a uma enorme carga de tensão (stress), particularmente ansiedade pré-competitiva que tem sido uma matéria importante de pesquisa no desempenho desportivo na psicologia do desporto (por ex: Jones and Hardy, 1990; Martens,Burton, Vealey, Bump, Smith,1990; Vealey, 1990 ).

A ansiedade é geralmente caracterizada como uma situação específica multidimensional com componentes cognitivas e somáticas (Martens,Burtons, Vealey, Bump,  Smith, 1990 ). A ansiedade cognitiva é caracterizada por autoavaliações negativas e dúvidas sobre a capacidade da auto- realização do objetivo pretendido pelo atleta, consequências de um fracasso incapacidade de concentração, avaliação da sua capacidade em relação aos outros, a ansiedade somática é caracterizada pelo atleta pela perceção de elementos fisiológicos de ansiedade, tais como aumento da frequência cardíaca, tensão muscular e mãos húmidas ( Gould, Kleenleaf,  krane, 2002; Woodman  Hardy, 2003).

Os instrumentos criados para avaliar a ansiedade foram surgindo a partir da década de 50, quando esta ainda era classificada como ansiedade geral. A partir da década de 60, com a classificação da ansiedade em traço e estado, é desenvolvido por Spielberger (1966; Spielberger, Gorsuch & Lushene, 1970) o instrumento de avaliação: STAI «State-Trait Anxiety Inventory», o qual faz a avaliação da ansiedade competitiva, através de duas escalas com 20 itens, uma para o estado de ansiedade e outra para o traço da ansiedade.

No entanto a relevância do estudo do stress e da ansiedade competitiva, bem com a necessidade de desenvolvimento de testes específicos à situação desportiva, levariam Martens (1977) a desenvolver um teste unidimensional da ansiedade competitiva no desporto, o SCAT «Sport Competition Anxiety Test», destinado a medir a ansiedade competitiva como traço ou característica da personalidade unidimensional estimulando, por isso, uma vasta gama de estudos destinados à compreensão dos antecedentes, consequências e natureza da mesma. O SCAT é constituído por 15 itens (dos quais apenas 10 são cotados) adaptados à competição desportiva e respondidos numa escala tipo Likert de 3 pontos (“Quase nunca”; “Algumas vezes”; e ”Muitas vezes”), permitindo extrair um “score” do traço de ansiedade competitiva que pode variar entre um mínimo de 10 e um máximo de 30.

Despertou-se a necessidade de um instrumento multidimensional para avaliar o traço de ansiedade competitiva. Apareceu, assim, a SAS «Sport Anxiety Scale», um instrumento de avaliação multidimensional do traço de ansiedade competitiva desenvolvido por Smith, Smolle

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& Shultz (1990, cit. in Cruz, 1994). Mais concretamente, a SAS, visa medir diferenças individuais no traço da ansiedade somática e em duas dimensões do traço de ansiedade cognitiva: preocupação e perturbação da concentração.

A necessidade de se desenvolver um instrumento breve e de rápida administração em contextos desportivos para avaliar repetidamente o estado de ansiedade dos atletas levou Martens e colaboradores (1980) a desenvolverem um inventário do estado de ansiedade específico para contextos competitivos: o CSAI «Competitive State Anxiety Inventory». Tratava-se de uma medida unidimensional de ansiedade que englobava 10 itens selecionados da escala do estado de ansiedade do STAI, «State-Trait Anxiety Inventory». Esta escala do STAI e do CSAI constituíram, durante muitos anos, os instrumentos eleitos pelos investigadores neste domínio, para avaliação dos estados de ansiedade associados à competição desportiva. Posteriormente, Martens, Burton, Vealey, Biump, y Smith (1990, cit. in J. Cruz, 1994) viriam a desenvolver uma nova versão para avaliar o estado de ansiedade pré-competitiva o CSAI-2 «Competitive State Anxiety Inventory-2». Que surge como um instrumento mais específico, para medir tanto a ansiedade cognitiva como a ansiedade somática, tendo sido na sua conceção acrescentada uma nova componente, a autoconfiança.

A versão apresentava 27 itens, distribuídos por 3 escalas:

a. Ansiedade Cognitiva (9 itens); b. Ansiedade Somática (9 itens); c. Autoconfiança (9 itens).

Os atletas respondem a cada item adotando por uma alternativa, numa escala de 4 pontos (Nada =1; Muito = 4). As pontuações de cada escala ou dimensão são obtidas somando os valores atribuídos em cada um dos respetivos itens, sendo a pontuação mínima para cada escala de 9 pontos e a máxima de 36. As pontuações ou valores mais elevados, em cada escala, refletem assim níveis mais elevados de ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança.

Apesar da conceção e desenvolvimento rigoroso do CSAI-2, surgiram algumas dificuldades no âmbito metodológico que questionaram a sua validade fatorial. Lane, Sewell, Terry, Bartram e Nesti (1999), utilizaram uma amostra de 1213 desportistas de várias modalidades e diferentes níveis competitivos para submeter o CSAI-2 a uma análise fatorial confirmatória. Os resultados globais foram pobres, as saturações fatoriais de vários itens de

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ansiedade cognitiva e de ansiedade somática foram baixas e os índices de modificação indicaram que um ajuste melhoraria significativamente se fosse permitido a relação dos itens com mais de um fator. Concretamente, os autores salientaram uma das principais limitações deste instrumento, a forma como são utilizados os termos “concerned” e “worried” (“preocupado” na versão portuguesa) em oito dos nove itens da ansiedade cognitiva: “estar preocupado com um rendimento que se aproxima, não significa necessariamente que o atleta está a experienciar aspetos negativos, mas sim que o atleta está a reconhecer a importância do desafio e a tentar mobilizar recursos para lidar com isso”.

O inventário-2 do Estado de Ansiedade na pré competição (CSAI-2;Martens e tal.,1990 ) foi medida de escolha para a maioria dos investigadores de ansiedade na competição durante as últimas décadas. Uma vez que a introdução CSAI-2 tinha medidas de autoconfiança além da ansiedade cognitiva, e somática, tendo sido este um dos instrumentos mais confiáveis ( documentos com coeficientes alfa ( coeficiente de confiabilidade ) entre 0.76 e 0.91; Burton, 1998 ) e considerado um instrumento válido ( Martens e t al. 1990 ) para avaliação do estado competitivo de ansiedade. Como consequência, o CASI-2 tem sido utilizado em todo mundo para investigar fenómenos relacionados à ansiedade competitiva ( Woodman  Hardy).

A ansiedade é uma das construções frequentemente pesquisada no domínio da psicologia do Desporto. Apesar de existirem, pelo menos, 22 tabelas publicadas disponíveis para medir ansiedade (ver Ostrow, 1996), a ansiedade Estado Competitiva inventory-2 (CSAI-2:Martens, Burton, Vealey, Bump  Smith, 1990) tem sido geralmente a escala de escolha, desde o seu desenvolvimento. Dada a sua importância como uma ferramenta de pesquisa, foi descrito por woodman e Hardy (2003, p.453) como tendo “ quase sine qua non status “, o CASAI-2 tem sido naturalmente objeto de escurtínio considerável sobre as suas características psicométricas. Vários estudos foram publicados, que têm levantado preocupações sobre a validade factorial do CASAI-2 nas versões em Inglês ( Cox, Martens, e Russell, 2003; Lane , Sewell, Terry , Bartram,  Nesti, 1999), grego ( Tsorbatzoudis, Varkoukis, Kaissidis- Rodafinos ,  Grouios, 1998 ), e sueco ( Lundqvist e Hassmén, no prelo). Tem-se levantado sérias duvidas sobre a validade da CASAI-2 na sua forma original, tendo sido feitas sucessivas reavaliações das suas propriedades psicométricas, que por inerência lançaram dúvidas sobre resultados de dezenas de estudos que têm sido utilizados para medir a ansiedade. Para resolver esta situação, Cox et al. (2003) realizaram um processo em duas etapas utilizando amostras de medição e calibração para se chegar a uma medida melhorada. Tendo posteriormente eliminado itens problemáticos no original CASAI-2, apoiou a validade factorial de versão revista do modelo, denominado

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2R, eles recomendaram que os pesquisadores e clínicos devem, no futuro, usar o modelo revisto a partir do original.

Do mesmo modo, Tsorbatzoudis, Varkoukis, Kaissidis-Rodafinos e Grouios (1998) realizaram uma análise fatorial exploratória com os dados procedentes da aplicação do CSAI-2 a uma amostra de desportistas de elite gregos e concluíram que três dos itens utilizados para avaliar a ansiedade cognitiva apareciam na realidade como indicadores de autoconfiança. É com base nestes estudos, que Cox, Martens & Russel (2003) procedem a uma revisão da estrutura do CSAI-2, o que deu lugar a uma forma melhorada do instrumento, com o nome de «Revised Competitive State Anxiety Inventory- 2» (CSAI-2R), que embora mantendo as mesmas dimensões da versão original (Ansiedade Cognitiva, Ansiedade Somática e Autoconfiança), ficou reduzida a 17 itens. Cada um dos enunciados é avaliado num formato de resposta tipo Likert, com quatro alternativas (Nada=1; Muito=4). A Ansiedade Cognitiva foi projetada para avaliar sensações negativas que o sujeito apresenta acerca do seu rendimento e das consequências do resultado; contém cinco itens e uma pontuação global que oscila entre os 5 e 20 pontos. A Ansiedade Somática é composta por 7 itens que referenciam a perceção de indicadores fisiológicos da ansiedade, tais como a tensão muscular, aumento do ritmo cardíaco, transpiração e mal-estar do estômago; a sua pontuação mínima é de 7 e a máxima de 28. Finalmente, a Autoconfiança, estima o grau de segurança que o sujeito crê ter acerca das suas possibilidades de êxito na competição. Para este são utilizados 5 itens, que proporcionam uma pontuação global de 15 a 20 pontos.

Estado de ansiedade competitivo tem sido objeto de pesquisa considerável desde 1970.

1.5 - Variáveis Relacionadas com a Ansiedade

Inúmeras são as variáveis/fatores que podem desencadear a manifestação da ansiedade num indivíduo, quer seja ele atleta ou não. Entre estas variáveis podem ser citadas a autoconfiança, as experiências de sucesso ou fracasso, o sexo, a idade e experiência, entre outras.

1.5.1 - Sexo, idade e experiência

Muitas pesquisas visam entender se existe diferença entre os géneros, quanto à perceção da ansiedade. Lawther (1978), afirma que as mulheres são mais sensíveis e respondem com maior intensidade emocional que os homens.

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Detanico e Santos (2005), realizaram um estudo com judocas do gênero feminino e masculino, as mulheres se mostraram mais ansiosas que os homens.

Então percebe-se que, no geral, o sexo feminino possui maior índice de ansiedade que o sexo masculino.

Além desse tema, outro tema tem sido conflituante: se a idade e a experiência do atleta podem influenciar na perceção de ansiedade do mesmo.

Segundo Cratty (1984); Harris (1973); Huddleston & Gill (1981); Lawther (1978) e Smith (1983), há uma grande evidência de que a ansiedade dos atletas diminui consideravelmente com o aumento da idade. Ainda, segundo Cratty (1984), parece altamente provável que permanecer num determinado desporto possa levar a aprender a lidar melhor com a ansiedade situacional.

Detanico e Santos (2005), ao associarem ansiedade-traço com a idade perceberam que os atletas mais velhos ou mais experientes são menos ansiosos que atletas mais jovens e menos experientes.

Então é necessário um entendimento sobre o tempo de experiência ao qual o atleta foi submetido, bem como a forma como o processo de ensino-aprendizagem foi conduzido, para, dessa forma, se entender se o indivíduo é ou não um expert, e o quanto isso influencia o seu nível de ansiedade dentro de uma competição.

1.5.2 - Desportos coletivos e individuais

Os desportos coletivos desenvolvem principalmente o espírito de equipa, no qual o participante está inserido. O desporto individual também segue as regras estabelecidas, porém são atividades físicas realizadas individualmente.

Segundo Mosquera e Stobaus (1984), o desporto coletivo seria composto por atividades físicas realizadas em grupos e que obedecem a regras, acordos e normas estabelecidas entre os participantes. As equipas são formadas por um número limitado de integrantes, conforme a regra da modalidade.

Os desportos em geral e principalmente os individuais atuam no desenvolvimento da personalidade, pois exigem uma melhor preparação psicológica para a sua prática, envolvendo aumento da confiança, da perseverança, da motivação intrínseca e da segurança, necessárias para o desempenho individual ou coletivo, exigindo níveis variados de disciplina que conduzam a comportamentos adequados no momento anterior e posterior a competição.

Segundo Garganta (2002), os indivíduos que praticam e participam ativamente no desporto, principalmente coletivos adquirem capacidades cognitivas como:

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a. Conhecimento declarativo e processual mais organizado e estruturado; b. Processo de captação da informação mais eficiente;

c. Reconhecimento dos padrões de jogo mais rápido e preciso (sinais pertinentes); d. Conhecimento tático superior;

e. Maior capacidade de antecipação dos eventos do jogo e das respostas do oponente; f. Conhecimento superior das probabilidades situacionais (evolução do jogo);

g. O mesmo autor afirma que a perceção, a antecipação e a tomada de decisão são os processos cognitivos mais evidentes dentro das situações de jogo na modalidade coletiva.

Rubio (2007) afirma que a prática do psicólogo do desporto não se deve focar apenas na aplicação, reprodução e desenvolvimento de meras técnicas de Psicologia Desportiva, que visam apenas a melhoria do desempenho atlético. A sua prática, tanto em desportos coletivos, como individuais, deve estar pautada no desenvolvimento humano, na promoção, na prevenção, na reabilitação da saúde, na busca pela motivação e conscientização dos benefícios trazidos pela prática desportiva e na busca pela autoconfiança, sem fragmentar o indivíduo inserido no contexto desportivo.

Algumas modalidades são, por si só, mais avaliativas que outras, podendo, por isso, induzir níveis mais elevados de ansiedade. É o caso dos desportos individuais que se centralizam diretamente no rendimento pessoal. Apesar de nos desportos coletivos a responsabilidade pelo resultado ser partilhada por todos os membros, existem situações que sublinham a performance individual e que podem aumentar o potencial impacto da avaliação social para níveis semelhantes aos que ocorrem nos desportos individuais.

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2 - Metodologia

2.1 - Participantes

Neste estudo, foram inqueridos 182 atletas que praticam com regularidade a modalidade de Natação, Basquetebol, Futebol, Ténis de Mesa tanto do género masculino como do feminino, tendo estes idades compreendidas entre 11 e 39 anos com a média de idades de 14,7±2,876. Entre os atletas inquiridos encontram-se inseridos nos escalões de, iniciados (56%), juvenis (31%), juniores (10,4%) e séniores (2,2%), no que concerne ao género, verificamos que 87,9% dos inquiridos são do sexo masculino e 12,2% são do sexo feminino. Em relação à modalidade praticada, verificamos cerca de 41% dos inquiridos, pratica a modalidade de futebol, 35% pratica a modalidade de basquetebol, 15,4% encontra-se na modalidade de natação e 7% na modalidade de ténis de mesa, participantes nos Campeonatos Regionais e Nacionais referentes à época desportiva de 2012/2013.

Tabela 1: Género e idades dos inquiridos

Frequência Percentagem Modalidade Praticada Natação 28 15,4 Basquetebol 65 35,7 Futebol 76 41,8 Ténis de mesa 13 7,1 Escalão Iniciado 102 56,0 Juvenil 57 31,3 Júnior 19 10,4 Sénior 4 2,2 Sexo Masculino 160 87,9 Feminino 22 12,1 2.2 - Instrumento CSAI-2R

Com o objetivo de avaliar a ansiedade pré-competitiva foi utilizado a versão portuguesa do questionário Revised Competitive State Anxiety Inventory-2, CSAI-2R, desenvolvido por Cox, Martens & Russel (2003). Este instrumento de medida multidimensional, constituído por dezassete itens, permite avaliar três dimensões da ansiedade, nomeadamente: ansiedade

Imagem

Tabela 1: Género e idades dos inquiridos
Tabela 2. Itens da versão portuguesa constituintes do questionário CSAI-2R
Tabela 3: Analise Alpha Cronbach
Tabela 5: Análise dos componentes principais
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Referências

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