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Leitores dos Clássicos. Portugal e Itália, séculos XV e XVI. Uma geografia do primeiro Humanismo em Portugal

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Leitores dos

Clássicos.

Portugal e Itália,

séculos.

xv

e

xvi

Ana María S. Tarrío

F

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Leitores dos

Clássicos.

Portugal e Itália,

séculos. xv e XVI

UMA GEOGRAFIA DO PRIMEIRO HUMANISMO EM PORTUGAL

Ana María S. Tarrío

Com uma nota de Vincenzo Fera

Biblioteca Nacional de Portugal Centro de Estudos Clássicos Lisboa, 2015

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bibliotecanacionaldeportugal catalogaçãonapublicação

PESSANHA, Camilo, 1867-1926

Correspondência, dedicatórias e outros textos / Camilo Pessanha ; org., pref., cronologia e notas Daniel Pires. Lisboa : Biblioteca Nacional de Portugal ; Campinas : Editora da Unicamp, 2012. -- 333 p. – (Fontes) ISBN 978-972-565-469-9 (BNP)

ISBN 978-85-268-0966-6 (Editora da Unicamp)

I – Pires, Daniel,

1951-CDU 821.134.3-6”18/19” 929Pessanha, Camilo.09(01) 821.134.3Pessanha, Camilo.09(01)

leitoresdosclássicos. portugaleitália, séculosxvexvi umageografiadoprimeirohumanismoemportugal

Ana María S. Tarrío

capa ????????? design tvm Designers produçãográfica ACDPRINT, S.A. Outubro 2015 tiragem 500 exemplares depósitolegal 400189/15

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Prólogo ?

Um espólio privilegiado da Respublica Litterarum europeia

Studenti portoghesi alle lezioni del Poliziano su Plinio nel 1489-1490:

l’inc. 462 DELLA BNP ??

Vincenzo Fera

De Itália a Portugal: os incunábulos e os seus leitores

A importação de impressos italianos e a educação humanística nas cortes de D. João II e D. Manuel I – inc. 523

Leitores e tradutores: as Heróides – inc. 832

Estudar na corte: a edição humanística como material didáctico – inc. 1432 Os irmãos Teixeira e Poliziano – inc. 462

A musa uaria: Poliziano e a cultura humanística portuguesa no tempo de D. João II e D. Manuel I – inc. 146, inc. 1035, inc. 1036

A leitura de Plínio e a rerromanização de Portugal – inc. 992

Aníbal em Azamor: a historiografia romana como modelo e premonição para a expansão portuguesa – Tito Lívio, inc. 524

As Metamorfoses e a imagética poética quinhentista – inc. 831

Alimento do diabo: a recuperação da poesia amorosa latina na corte manuelina e a questão épica no renascimento português – inc. 751

Cícero, luz da europa. A tradução de Duarte de Resende – inc. 892, RES. 5381 P. Leitura e taxonomia: a terminologia médica, botânica e naturalística – INC. 462, inc. 5041

Biografias exemplares para novos fidalgos – inc. 1428, inc. 181, inc. 161, inc. 162

Catálogo de exemplares ???

Epílogo

As andorinhas e a primavera: a definição e periodização do humanismo português ???

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Prólogo

Um espólio privilegiado da Respublica Litterarum europeia

A Biblioteca Nacional de Portugal possui um valioso conjunto de exemplares de edições humanísticas impressas de autores gregos e latinos, que estão na génese das principais inovações intelectuais e estéticas da cultura portuguesa durante os reinados de D. João ii e D. Manuel i.

O presente livro procura valorizar e explicar uma parte do espólio específi-co das edições humanísticas impressas em prelos italianos1, na sua qualidade de peças chave na introdução da educação humanística em Portugal. A seleção de exemplares privilegia o grupo dos incunábulos2, com o fim de discutir a sua cir-culação em âmbitos letrados portugueses desde os últimos anos do século xv, e assim chamar a atenção para a relevância deste tesouro bibliográfico nacional, numa lógica complementar do importante trabalho de catalogação já existente e à disposição dos leitores, organizado por Valentina Sul Mendes (1995).

Algumas marcas de posse visíveis em determinados exemplares, assim como glosas interlineares e marginais de diversas mãos, em latim e em vernáculo por-tuguês, podem situar-se num período relativamente imediato à sua produção impressa e proporcionam sinais da sua circulação nas cortes de D. João ii e D. Manuel i. As anotações dos exemplares impressos humanísticos constituem um campo de estudo de renovado interesse na investigação da expansão euro-peia do humanismo e reclama maior e mais profunda atenção (coroleu 2014, 16; rial costas 2012).

1 Apenas três dos vinte exemplares selecionados não são italianos: um exemplar de Cícero (impresso em Basileia pela oficina frobeniana em 1528, bnp res. 5381 p.) e dois exemplares impressos em Sevilha com traduções de Cúrcio Rufo e de Plutarco (inc. 161, inc. 162). Os três importam, no entanto, para a elucidação da educação humanística portuguesa de matriz italiana, como veremos.

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Entre os exemplares três merecem particular destaque:

O primeiro é uma edição da Naturalis Historia com uma glosa escrita em

ita-liano sobre a sua venda em Lisboa que nos situa no movimento de importação de livros italianos em Portugal, umbilicalmente relacionado com a adoção da cultura humanística nas cortes joanina e manuelina, sendo, portanto, um espe-lho das inquietações intelectuais das elites portuguesas. Se as edições impressas dos autores clássicos viveram relativamente à margem da tipografia em Portugal, elas constituíram no entanto o pulmão da educação palaciana na passsagem do século xv para o século xvi.

O segundo exemplar é uma edição das Heroides de Ovídio intensamente

anotado por vários leitores. Entre as glosas manuscritas figura um notável con-junto de traduções para português que apresentam diversas concomitâncias com as traduções em verso desta obra elaboradas por João Rodrigues de Sá de Meneses e publicadas, em 1516, no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende.

De acordo com os critérios paleográfico, ortográfico e filológico, as glosas podem datar do primeiro quartel do século xvi, indiciando assim o seu manu-seio por diversos leitores portugueses da primeira metade do século, no tempo do seu uso escolar na corte de D. Manuel i, a começar pelo próprio príncipe D. João, o qual, entre outras obras, terá aprendido latim com as Heroides, com o

seu professor Luís Teixeira.

O terceiro é o exemplar da Naturalis Historia de Plínio que pertenceu a

Tristão Teixeira, um dos três filhos do chanceler de D. João ii João Teixeira, que, tal como os seus irmãos, recebeu uma bolsa de estudo para estudar em Itália e que foi aluno de Poliziano. O incunábulo conservado na Biblioteca Nacional de Portugal contém glosas que remetem para o studium pliniano do humanista

flo-rentino, para a sua colação de manuscritos, alguns dos quais hoje perdidos, con-sultados pelo humanista na biblioteca de Lorenzo de Medici. Constitui portan-to um exemplar único que só encontra paralelo num outro incunábulo da

Naturalis Historia, hoje na Bodleian Library de Oxford, com anotações também

remetentes para a lectio pliniana de Poliziano.

Outros exemplares reunidos neste elenco, muito embora não apresentem indícios tão evidentes da sua imediata circulação em Portugal, figuram aqui como espécies representativas de edições humanísticas dos clássicos que foram lidas e aproveitadas pelos escritores quinhentistas portugueses. Assim, na forma de um guia explicativo, o presente volume procura demonstrar o valor destas edições na configuração de diversos temas e tendências da cultura renascentista portuguesa.

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A breve explanação deste roteiro de incunábulos que antecede o catálogo pretende elucidar e sublinhar o valor específico dos impressos italianos, atual-mente conservados em espólios portugueses, no estudo da cultura renascentis-ta portuguesa. De carácter meramente introdutório, este contributo procura ser estímulo para novas investigações sobre os exemplares aqui apresentados, assim como sobre outros que conformam o valioso património de reservados na bnp.

Na medida em que incide na leitura palaciana de edições humanísticas e no seu aproveitamento escolar, num arco temporal que abrange os reinados de D. João ii e D. Manuel i, este livro oferece um material de discussão relevante para a questão – aqui abordada em forma de epílogo – da datação e definição do humanismo português, problemática inteiramente dependente da elucidação da cronologia e modalidades de receção dos modelos humanísticos oriundos da Península Itálica.

O conjunto, patente na Exposição «Leitores dos clássicos. Portugal e Itália: séculos. xv e xvi» (BNP, novembro de 2015 a janeiro de 2016), é objeto de estudo no Colóquio Inaugural da Exposição, com o mesmo título (bnp, 6 de novembro de 2015). A iniciativa resulta de uma colaboração entre a Biblioteca Nacional de Portugal e o Centro de Estudos Clássicos, a cuja Diretora, Maria Cristina de Sousa Pimentel, agradeço todo o apoio, assim como a Paulo Farmhouse Alberto, investigador principal do cec e atual Diretor da Faculdade de Letras. A ambos deve este volume uma atenta leitura crítica, assim como à minha colega e investigadora do cec, Catarina Gaspar. A Luísa Resende, tam-bém investigadora do cec, agradeço a cuidada revisão do texto, e a elaboração final da Bibliografia.

A digitalização dos exemplares aqui elencados constitui um passo funda-mental para a investigação específica, pois permitirá, uma vez digitalizados tam-bém os principais espólios manuscritos desta época, avançar sobremaneira na identificação da autoria das anotações, graças aos atuais meios informáticos. Deixo uma nota da minha gratidão à Diretora da Biblioteca Nacional de Portugal, Ex.ma Senhora Doutora Maria Inês Cordeiro, que disponibilizou com

prontidão todos os meios ao seu dispor para agilizar este processo de digitali-zação, e acolheu toda a iniciativa com extrema generosidade e cuidado.

Agradeço também à Embaixada da Itália, na pessoa do seu embaixador, o Ex.mo Senhor Renato Varriale, pelo seu apoio, especialmente na realização do

Colóquio.

Uma palavra final de especial gratidão dedico a Vincenzo Fera, que com entusiasmo e generosidade acompanhou desde a sua conceção esta iniciativa, que muito deve ao seu estímulo e ao seu vasto saber. A sua leitura e análise do

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exemplar pliniano bnp inc. 462 (n.o 3 do presente Catálogo) à luz do trabalho

filológico de Poliziano permite-nos compreender o valor único deste tesouro do património bibliográfico nacional.

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Studenti portoghesi alle lezioni del Poliziano su Plinio nel 1489-90: L’inc. 462 della bnp

Una sottoscrizione presente in un esemplare della Naturalis historia edita a

Roma nel 1473, nel quale a opera di Pier Vettori è riportato con scrupolo filolo-gico tutto l’apparato di note dispiegato dal Poliziano sui margini e nelle interli-nee della sua stampa pliniana3, informa che il 1490 fu un anno decisivo per gli studi dell’umanista fiorentino sull’enciclopedia antica. Il 30 aprile aveva già fini-to di collazionare il tesfini-to dell’incunabulo con due antichi codici della Biblioteca di San Marco, il Plinio di Lubecca, cioè il Laur. 82, 1-2, e un codice ancora più antico, l’attuale Ricc. 488; a questi va aggiunto un manoscritto che gli aveva inviato in prestito, dalla propria biblioteca, Ferdinando d’Aragona, a proposito

3 Conservato a Oxford, Bodleian Library, Auct. Q 1. 2: F. Lo Monaco – «Apografi di postillati del Poliziano: vicende e fruizioni». In V. Fera, G. Ferraù; S. Rizzo, ed. – Talking to the Text: Marginalia from Papyri to Print. Messina: Centro Interdipartimentale di Studi Umanistici, 2002. 2, 638-46.

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del quale Poliziano informa che un tempo era appartenuto a Leonardo Bruni4; secondo le sue abitudini l’umanista contrassegnava i codici collazionati con sigle, ripetute poi accanto alle varianti: i due codici marciani vennero siglati con

a e b, mentre il manoscritto aragonese con c. La sottoscrizione si chiude con un

ricordo speciale:

Quin hoc ipso anno privatim Britannis quibusdam et Lusitanis, qui se Florentiam contulerant literarum studio, cupientibus atque a me petentibus enarravi septimestri spatio.

Una enarratio, dunque, svolta nell’arco di sette mesi: se il 30 aprile essa era

conclusa, è probabile che avesse inizio nel precedente mese di ottobre, ed è pure probabile che le collazioni abbiano seguito il ritmo e le necessità delle lezioni. Un periodo di tempo certamente non eccessivo se commisurato all’ampiezza dell’enciclopedia, sufficiente tuttavia a fornire gli strumenti metodologici per la

constitutio textus, ad approfondirne alcune parti, a dare un’idea precisa della noti-tia vetustatis. Il privatim serve a stabilire una differenza netta rispetto alle

pubbli-che lezioni dello Studio e lascia ragionevolmente sospettare pubbli-che per un corso così impegnativo Poliziano dovette ricevere un adeguato compenso dagli stu-denti che avevano richiesto il servizio.

E’ del tutto evidente che ci troviamo davanti a una situazione eccezionale, di cui lo stesso professore doveva essere consapevole se ne fissava memoria nel suo incunabulo, che di queste lezioni pliniane dovette essere protagonista assoluto. L’apografo oxoniense si presenta ovviamente auctior rispetto a quando Poliziano

utilizzava l’originale per i suoi studenti nel ’90, dal momento che da lì alla morte questo fu implementato di note esegetiche e filologiche (ad es. vi furono aggiun-ti i non pochi riferimenaggiun-ti a Ermolao Barbaro e alle sue Castigationes pubblicate a

Roma negli anni 1492-1493). Il testimone oxoniense resta comunque un indis-pensabile punto di confronto e di riferimento.

Per quanto siamo abituati a considerare Firenze un crocevia di culture e di lingue in epoca rinascimentale, è certo un fatto singolare la vicenda di questo corso privato, parallelo a quello pubblico, voluto e caratterizzato dalla presenza di studenti stranieri. Sarebbe interessante conoscere dove è stato tenuto il corso

4 Ai tre manoscritti, come si deduce dal conspectus di f. 2a dell’incunabulo oxoniense, vanno aggiunti un

Novus aliorum (siglato d) e un Novus Nicoli (siglato e); per ragioni da accertare mancano nel Conspectus i due

codici di San Marco (vd. Lo Monaco, ib. 641). Sempre valida la sintesi di A. Perosa in Mostra del Poliziano

nella Biblioteca Medicea Laurenziana. Manoscritti, Libri rari, Autografi e Documenti (Firenze, 23 settembre-30

novembre 1954. 21-24); vd. anche V. Fera – «Un laboratorio filologico di fine Quattrocento: la Naturalis

historia». In O. Pecere; M. D. Reeve, ed. – Formative stages of classical traditions: Latin Texts from Antiquity to the Renaissance. Spoleto: Centro italiano di studi sull’Alto medioevo, 1995. 442-43).

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(a casa del Poliziano? in locali dello Studio utilizzati col consenso degli ufficia-li?), e soprattutto chi fossero con certezza i partecipanti.

La precisa richiesta di impegnarsi sul territorio pliniano rivela interessi spe-cifici da parte degli studenti verso la letteratura scientifica. Per i britanni si fanno

spesso i nomi di “Guillielmus Grocin de Anglia” e di “Thomas Linaker de Anglia”, ben noti per le competenze sul versante della scienza antica, dei quali è documentata la presenza a Firenze negli anni 1489-905. Il desiderio degli inglesi di studiare Plinio è messo acutamente in rapporto da Martin Davies con la pre-senza di Cornelio Vitelli nel New College di Oxford dal 1482 al 1487, quel Vitelli che aveva dedicato a Ermolao Barbaro un pamphlet contro Giorgio Merula, in difesa del suo maestro Domizio Calderini e di Plinio6. Tra i lusitani finora è stata

considerata sicura la frequenza di Martinus Ioannes Ioannis de Figueredo, pre-sente a Firenze come studens iuris nell’anno accademico 1489-907, sicura perché

a distanza di quarant’anni egli pubblicava nel 1529 a Lisbona una Epistula Plinii secundum veram lectionem ex exquisitissimis et antiquissimis exemplaribus ab Angelo Politiano magnis sumptibus et summa diligentia undique perquisitis. La

con-comitanza della presenza del Figueredo e del corso privato, nonché la tardiva tes-timonianza dell’Epistula, danno forza all’ipotesi che Figueredo abbia seguito le

lezioni pliniane. Ma in quegli anni erano presenti nella città dell’Arno altri por-toghesi. Giovanni Teixeira, cancelliere di Giovanni II di Portogallo, aveva man-dato a studiare a Firenze alla scuola del Poliziano i suoi tre figli, Alvaro, Ludovico e Tristano8. Nel 1983 ho ritrovato nella Biblioteca Nazionale di Napoli una recol-lecta svetoniana di lezioni polizianee del 1490-91 vergata proprio da uno dei

fra-telli Teixeira9. Era dunque facile il sospetto che tra i Lusitani interessati a Plinio ci fosse qualcuno di loro. Il sospetto è ora realtà.

L’incunabulo 462 della BNL è un esemplare di rarissimo interesse per la sto-ria della filologia classica e per le vicende dell’umanesimo fiorentino. Si tratta di una Naturalis historia col testo di Filippo Beroaldo, pubblicata a Parma nel 1480

(istc ip00792000). Sul recto del foglio di guardia una nota di possesso richiama l’attenzione: “De Tristam Teix[eira]”10. Un esemplare ricco di annotazioni, di

5 A. F. Verde – Lo Studio fiorentino, 1473-1503, Ricerche e documenti: Firenze:Leo S. Olschki, 1977. 3, 1, 351;

3, 2, 914-15.

6 M. Davies – «Making sense of Pliny in the Quattrocento», Renaissance Studies, 9:2 (1995) 252-57. 7 Verde – Lo Studio, 3, 2, 635.

8 Verde – Lo Studio, 3, 1, 56, 53; 3, 2, 923.

9 V. Fera – Una ignota Expositio Suetoni del Politiano. Messina: Centro Interdipartimentale di Studi Umanistici,1983.

10 Notizia e prime valutazioni di questo incunabulo In A. M. Tarrío – «O Commentum de Martinho de Figue-iredo (1529) e as lições plinianas de Poliziano (Naturalis Historia, Bodleian Library Auct.Q.1.2)». In Colóquio Internacional Os clássicos no tempo: Plínio o Velho, e o Humanismo Português, Lisboa, 31 de Março de 2006 – Actas. Lisboa: cec-flul, 2007. 95-108.

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notabilia, di correzioni testuali, di varianti frutto di collazione. Ci sono tutti gli

elementi per collegare già a prima vista questo lavorio alle lezioni pliniane del Poliziano, in cui teoricamente i Teixeira potevano essere chiamati in campo.

Sui margini del volume si alternano diverse grafie, che sembrano operare tut-tavia in una direzione univoca. Prende subito corpo l’ipotesi di lavoro che anche le mani degli altri fratelli si avvicendino di libro in libro, tenuto pure conto del fatto che il pur precocissimo Tristano a quell’altezza cronologica doveva avere circa 12 anni11. La nota di possesso infatti non implica l’assunzione di una pater-nità automatica nella scrittura delle note.

Nel convegno di Erice del 1993 avevo identificato nei ff. 285r-291v del ms. 754 della Staatsbibliothek di Monaco, dove in precedenza gli studiosi segnalava-no la presenza di un glossario, la parte residua di una recollecta pliniana,

ascrivi-bile proprio al corso privato sulla Naturalis historia del 1490. Ne deducevo la

possibilità che insieme con gli studenti portoghesi e inglesi si fosse impegnato accanto al professore anche qualche allievo italiano12. Successivamente Cecilia Mussini ha dato un nome allo studente che ha vergato gli appunti monacensi: Pier Matteo Uberti, familiare legatissimo al Poliziano, suo adiutor nella

collazio-ne delle Pandette e di altri testi, del quale abbiamo numerose testimonianze.

L’identificazione era corroborata dalla studiosa anche sulla scorta di un Plinio del 1481 curato dal Beroaldo e appartenuto proprio all’Uberti presente nella stessa biblioteca (“Petri Mathei Uberti et amicorum”: München, Bayerische Staatsbibliothek, 2 Inc. c. a. 1095a)13.

L’arrivo sulla scena dell’incunabulo di Lisbona segna, dopo il recupero dei fogli monacensi, il primo corposo apporto testimoniale dei dati della lezione del Poliziano. Che l’apparato esegetico debba rispecchiare minutamente proprio quei dati è inequivocabilmente dimostrato da una serie di indizi probatori. Poliziano non è mai nominato, ma una nota lo tira senza ambiguità in campo: in

Nat. hist. 23,37 il testo dell’incunabulo è corrotto: “casuros dentes extrahit”; con

segno di richiamo su “casuros” si legge sul m.s. “causarios”, termine affiancato da tre sigle che indicano la sua presenza in manoscritti di cui si discuteva a lezione:

c, b, n, mentre accanto in inchiostro rosso è annotato: “Declaratur in Micelaneis”.

La menzione della Miscellaneorum centuria prima pubblicata da Antonio

Miscomini nel settembre del 1489 è già di per sé indicazione perentoria. Ma qui la citazione assume una valenza tutta particolare, perché non si tratta di un mero rinvio bibliografico. In questo caso Poliziano aggiorna il capitolo 92 dei primi

Miscellanea, dove il termine causarius è chiarito nel senso di valetudinarius in Liv. 11 Tarrío – «O Commentum ». 104.

12 Fera – Un laboratório . 437-451.

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6, 6, 14 e in Digesta 3, 2, 2, 2. Ivi non c’è nessuna traccia di Plinio, per cui il

rin-vio ai Miscellanea ha qui il senso di voler allargare il perimetro dei restauri,

aggiungendo un luogo che non avrebbe suscitato l’attenzione di Barbaro14. A questo si aggiunga la frequenza nell’uso delle sigle a, b, c, con le quali, come si

è visto, Poliziano contrassegnava i manoscritti antichi da cui le lezioni erano prelevate; compare pure, come nell’esempio precedentemente riportato, una sigla N o n che non è decodificata nell’apografo oxoniense del Plinio polizianeo,

su cui occorrerà far luce.

Porto altri due casi utili a aumentare il grado di certezza. Nei fogli monacen-si di mano dell’Uberti monacen-si legge a propomonacen-sito di Nat. hist. 10, 21 “tripudia

sollisti-ma”: “apud Ciceronem in Divinatione [2,20] et in epistolis ad Cecinnam [fam. 6, 6, 7], quotiens aliquid decidebat ex offis quas dabant pullis

gallina-ceis”15; una nozione, questa, che in parte converge ora con quella dell’incunabu-lo di Lisbona: “Tripudia sollistima partes ofarum quas praebebant avibus quas secum in castris habebant et ex hoc augurium capiebatur quod a Cicerone in libris de Divinatione declaratur”. Secondo le abitudini proprie delle recollectae,

ogni utente presentava la spiegazione del maestro con parole proprie e non sem-pre integralmente.

Testimonianza molto più significativa è quella offerta dal cap. 35 dei secon-di Miscellanea, dal titolo Pycta; è il restauro di questa antica parola greca,

“signif-icans pugilem”, in luoghi di Marziale, Columella e infine anche Plinio, sul quale il capitolo così si chiude:

Bis autem apud Plinium deprehendimus, cum autore hunc triennium abhinc interpretati sumus, libro eodem septimo, pro eo quod sit ‘pycta’ posi-tum ‘poetam’: semel ubi de Euthimo loquitur, quod tamen in litteras ante me rettulit Barbarus, atque ob id illum potius quam me laus inventi sequatur; ite-rum autem ubi de exemplis agitur similitudinis, nam pro eo quod habent neo-terici ‘Nicaei nobilis poetae’ vetus est lectio ‘nobilis pyctae’, quod et esse verius non dubitamus.

La menzione del corso pliniano è un forte segnale da parte del Poliziano dell’impegno con cui aveva preparato le sue lezioni e del significato che annette-va a quel corso, che nel suo itinerario scientifico rappresenta una tappa fonda-mentale. Nell’incunabulo di Lisbona a Nat. hist. 7, 47 “Eutimus poeta semper 14 Ermolao arrivava alle stesse conclusioni di Poliziano a proposito di Plin. 25, 5, 61, ma siccome le uniche fonti tirate in campo sono quelle di Misc. I 92, cioè Livio e il Digesto, è facile la conclusione che per correggere egli si sia basato proprio sul capitolo dei Miscellanea (vd. Hermolai Barbari – Castigationes

plinianae et in Pomponium Melam. Ed. G. Pozzi.Padova: Editrice Antenor, 1979. 3, 907). 15 Fera – Un laboratorio... 438.

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Olympiae victor”, poeta è corretto in interlinea in “picta” e sul m. d. il notabile

rettifica: “Picta Olympiae victor”; e ugualmente a Nat. hist. 7, 12 la lezione del

testo base “Nicei nobilis poetae” è modificata dall’alunno con l’inserimento della cediglia sotto la e di Nicei, mentre “poetae” del testo è cancellato e sostituito con

“pictae” sul margine sinistro. E’ chiaro che l’incunabulo rende veridica testimo-nianza all’affermazione del Poliziano: quando il giovane Teixeira annotava le correzioni polizianee, le Castigationes del Barbaro non erano ancora all’orizzonte;

esse saranno a disposizione del Poliziano dopo il febbraio del 1493, e per uno dei due luoghi, 7, 47, questi deve giocoforza riconoscere che la pubblica laus inventi

non può che andare al Barbaro.

L’incunabulo portoghese è perciò sul fronte del Barbaro un essenziale spar-tiacque che aiuterà a far luce sulla diacronia di correzioni e congetture pliniane che nell’uniformità della scrittura dell’apografo non è possibile distinguere in termini di priorità o di seriorità rispetto alle Castigationes.

Tutto l’incunabulo è traboccante di termini rari, rettifiche ortografiche, notabili, a noi noti per altre vie come archivio peculiare del Poliziano, che ritor-nano con frequenza nei commenti, nei postillati e nel resto dell’opera, e anche se il suo nome non compare avvertiamo subito di essere all’interno della sua offici-na ecdotica, nel cantiere della costruzione del testo.

L’importanza dell’incunabulo per il recupero dell’enarratio pliniana

dell’umanista fiorentino è cospicua; e il suo contributo tanto più sarà chiarifica-tore e determinante quanto più riusciremo ad affiancargli altri reperti di quel corso: per ora possiamo disporre solo del parziale apporto dell’Uberti.

La ricchissima recollecta svetoniana di Napoli documenta però che i fratelli

Teixeira avevano l’abitudine di segnare in modo circostanziato e fedele le parole del maestro, per cui è legittimo il sospetto che il lavorio prevalentemente testua-le confinato nell’incunabulo pliniano doveva essere integrato con altri quaderni di appunti, ordinati e ricchi di puntuali rinvii esegetici, ma anche con le ragioni che di volta in volta inducevano Poliziano a recepire le lezioni degli antichi codici.

Ancora dalle biblioteche e dagli archivi inoltre non sono riemersi specifici appunti di William Grocyn e di Thomas Linacre, ma i modi della conservazione di queste reliquiae pliniane possono ovviamente essere molteplici.

Allo stato attuale il libro di Lisbona è la testimonianza più significativa di uno dei corsi più emblematici del professore fiorentino, un seminario interna-zionale che diffuse in Europa i segni della nuova filologia: riuscire a ricostruirlo nei dettagli significa individuare un importante sentiero della filologia classica europea.

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I A importação de impressos italianos e a educação humanística nas cortes de D. João II e D. Manuel I – inc. 523

Plínio – Historia Naturalis. Ed. Philippus Beroaldus. Treviso: Michele

Manzolo. 25 Agosto 1479. bnp inc 523 [11]16.

[No reverso do último fólio deste exemplar, pode ler-se uma anotação de mão renascentista, pouco cuidada, que consigna em italiano: “[q]uesti librazzo [ce del] signore Mateazzo ... [a] Lisbona fino a mare, a chi lo vuol comprare”.]

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Como no conjunto da Respublica litterarum europeia, a invenção da imprensa

alterou significativamente a formação letrada das elites portuguesas no tempo de D. João ii e D. Manuel i.

A maior liberdade em termos de controlo ideológico, em período anterior às tensões doutrinárias derivadas do Concílio de Trento, assim como as vantagens de que gozavam na altura os livros importados relativamente a impostos de alfândega, facilitaram a aquisição de textos de autores antigos – acessíveis ante-riormente apenas nos mais dispendiosos e escassos manuscritos – por parte das elites letradas europeias.

O desenvolvimento dos studia humanitatis na corte de D. João ii acompa-

nhou o patrocínio régio da circulação de livros italianos no reino, assim como dos seus modelos tipográficos, como clarifica a célebre Bíblia dos Jerónimos de 1494, encomendada por D. João ii a Clemente Sernigi17.

A educação humanística portuguesa nas duas últimas décadas do século xv prendia-se umbilicalmente com o florescente negócio livreiro em Lisboa. Assim, Martim Vaz, livreiro morador em Lisboa, trabalhou sob a tutela do filho de D. João ii, D. Jorge, um dos alunos palacianos de Cataldo Sículo, “porque ha de estar prestes pera me delle servir quando seu serviço me for compridoiro”18.

Tratava-se de um negócio bem mais lucrativo e seguro do que o negócio impressor, no quadro da progressiva organização internacional do mercado livreiro, graças a ativos agentes que percorriam a Europa.

O estímulo régio, em forma de privilégios e isenção de impostos concedidos a livreiros específicos, regista-se já no tempo de Afonso v . A concessão de isenção de sisa por parte de D. Afonso v a três livreiros franceses, a 19 de

janei-ro de 1483, dizia respeito a livjanei-ros importados e vendidos em Portugal, e era jus-tificado pelo monarca nos seguintes termos: “consirando nos ao bem comum que he em nossos regnos aver muytos livros e por darmos aazo de os trazerem a elle de fora da terra...”19.

D. João II consolidou a proteção régia da importação de livros e de inter-mediários, como Sernigi, imprescindível para implementar a sua reforma educa-tiva dos fidalgos20, mas foi a lei geral promulgada por D. Manuel em 1511 que

17 viterbo, 1901, 54-56; peragallo, 1901; deswarte, 1977, 110-111; mare, 2000, 176-177. 18 Carta de D. Jorge, 9 de abril de 1499, ed. Viterbo, 1901, documento xi, 64 (cfr. viterbo 1901: 5). 19 antt, Chanc. D. Affonso V, L.o 26, f. 147. Também foi editado por Viterbo (1901: 4).

(23)

libertou de impostos os livros estrangeiros vendidos em Portugal, num período anterior às constrições contrarreformistas (viterbo, 1901, 6-7)21.

No seu relevante estudo sobre as obras impressas em Portugal no século xvi como espelho da vida inteletual quinhentista, Jorge Borges Macedo analisou certeiramente o pragmatismo de um negócio avesso a riscos na expetativa de lucro (macedo 1975). Ora essa mesma caraterística da imprensa quinhentista portuguesa impediu-a de colmatar as inquietações de ao menos uma parte dos homens deste tempo, que as superaram mediante a aquisição de espécies impressas no estrangeiro.

Tal como as obras efetivamente impressas, o elenco das ausentes consequên-cia dessa prudênconsequên-cia e pragmatismo do negócio impressor é muito relevante no momento de considerar a relação da imprensa com as correntes inteletuais por-tuguesas deste século. A abordagem por assim dizer positivista do universo impresso determinou ulteriores considerações sobre o público leitor quinhentis-ta, como as de António José Saraiva, cuja importante obra omite igualmente o universo de importação de livros estrangeiros (saraiva 2000), um campo de estudo aliás regularmente secundarizado22.

António José Saraiva apontou como explicação da desproporção entre o elevado número de livreiros em 1511 e a deficiente produção tipográfica portu-guesa a importância do comércio de manuscritos (saraiva 2000: 139). A pri-meira fase da imprensa portuguesa seria “instrumento inicial de cultura média”, e só avançado o século a imprensa poderia estar ao serviço de uma “cultura qual-ificada” (saraiva 2000: 213; macedo 1975: 211).

No entanto, no tempo de D. João ii e D. Manuel i, a cultura qualificada dos

studia humanitatis dependeu em grande medida da Galáxia Gutenberg, da

importação de exemplares impressos estrangeiros, nomeadamente italianos. Se a atividade impressora quinhentista “viveu à margem da edição crítica” (osório 1975-76: 23), com raras exceções como o Commentum Plinii de

Martim de Figueiredo (1529), importa frisar que os “muito cultivados e inteli-gentes lectores” de Martim de Figueiredo23 com certeza não viveram à margem da atividade editorial europeia e particularmente da italiana.

21 Outros privilégios foram a concessão de títulos para viajar como ‘vasalos do rei’ (ANTT, Chanc. D. Affonso V, liv. 5, fol. 6 (transcrito in viterbo 1901: 60-61)) ou de favores a criados de livreiros (ANTT, Chanc. D. Affonso V, liv. 11, f. 143). Também se registam privilégios a iluminadores, calígrafos e encadernadores (cf. viterbo 1901: 61-64).

22 Com notáveis excepções, como o estudo de Nascimento (1998) sobre D. Diogo de Sousa e a aquisição de um exemplar impresso de Savonarola.

23 Esta carta foi editada e traduzida por Terra (1985: iii) e Ramalho (1985: 136-153) (Cf. osório 1975-76: 44).

(24)

Já Américo da Costa Ramalho recordou a edição princeps de Pérsio para

explicar as numerosas referências a este autor na Ars grammatica de Estêvão

Cavaleiro de 1516 (ramalho 1977-78a: 56). Por seu lado, Jorge Alves Osório apontou de maneira mais geral que “o público erudito português se terá forneci-do largamente das edições estrangeiras” (osório 1975-76: 43)24.

Com efeito, a cultura dos fidalgos latinos do tempo manuelino depende

inti-mamente de um corpus ausente na abordagem de Borges Macedo: o dos livros

importados, principalmente dos prelos italianos e em particular das edições humanísticas dos clássicos.

João Rodrigues de Sá de Meneses descreveu o seu tempo como o do cor-rente e fácil trânsito de livros, de ideias e homens procedentes da Itália, “tanto por causa das letras como por causa do comércio”25. O conjunto da sua obra sus-tenta-se numa ampla rede de citações de edições italianas, no acesso a uma biblioteca rica em livros importados (tarrío 2005).

Leitores dos clássicos no reinado de D. João II e D. Manuel I

A escola palaciana estimulada e subsidiada pelo rei D. João ii deteve, nesta demanda livresca, um papel crucial. Quando o monarca contratou o humanista Cataldo Sículo, abriu-se uma via privilegiada de entrada em Portugal de editiones

impressas italianas. Cataldo deslocou-se de Bolonha a Lisboa entre 1482 e 1488, por mediação do seu compatriota Antonio Corsetti e de D. Fernando Coutinho, futuro bispo de Lamego e Silves (ramalho 1969: 48).

A diáspora de professores italianos foi logicamente acompanhada pela exportação das edições humanísticas dos clássicos, um setor do comércio impressor itálico com expetável margem de lucro, dada a procura para o seu uso nas aulas, em toda a Europa e particularmente na Península Ibérica (coroleu 2014: 58-89). Em 1507, os estatutos da corporação de librarii de Bolonha que

pretendiam disciplinar a indústria e o comércio de livros explicam oportuna e sagazmente que eles tinham como objetivo que os estudantes pudessem com-prar os livros facilmente e em qualquer momento: “ut studentes libentius et omni tempore inveniant libros venales” (zaccagnini 1930: 139).

24 Discutível é, no entanto, a opinião de Avelino de Jesus da Costa, que invocou como ponto de partida da tradução portuguesa de Cícero por Duarte de Resende (De amicitia, Paradoxas y Sonho de Scipião, 1531) um impresso pertencente a D. Jorge da Costa e adquirido em Itália (n.o 16 do seu catálogo (costa 1985: 21)).

Veja-se, a propósito deste ponto, o presente capítulo sobre Duarte de Resende.

25 Sá de Meneses – De platano: “cum Etruscos id ego aliquot interrogarem nostratesque etiam qui apud ipsos, tum litterarum tum commercii gratia, sunt commorati” (ed. tarrío 2009: 239).

(25)

Os estudantes poderiam ainda comprar os livros, não apenas em qualquer momento mas também em qualquer lugar da Europa: um exemplar veneziano de Catulo, impresso em 1500, com os comentários de António Partenio e Palladio Fusco, ilustra a dimensão económica e política do negócio da expor-tação de livros italianos nesta altura. Nele pode ler-se a petição de licença por parte do impressor, Giovanni Tacuino, para a venda do impresso in alienis terris,

assim como a assinatura dos cinco consiliarii venezianos26.

A epistolografia de Cataldo é reveladora da circulação das edições italianas dos autores clássicos na corte portuguesa, e do seu papel basilar como funda-mento da educação humanística palaciana na sua qualidade de principal materi-al de estudo (rammateri-alho 1969: 41). Numa carta ao monarca D. João ii, escrita entre 1493 e 1495, Cataldo advertia o Rei de que o seu filho D. Jorge lia demasi-ado os Amores de Ovídio, acrescentando, nessa mesma epístola, um pormenor

relevante: o facto de D. Fernando Coutinho, bispo de Lamego, lhe ter empresta-do uma série de livros recentemente adquiriempresta-dos em Itália27. Noutra carta o humanista italiano pede ao seu aluno D. Pedro de Meneses: “Envia-me, por favor, o meu Lucrécio com o meu Aristóteles, se não precisas mais deles”. O pro-fessor necessitava dos seus exemplares para responder às questões dos seus novos discípulos28.

Os alunos de Cataldo eram leitores dos clássicos que, como D. Pedro de Almeida, se dividiam entre os negotia da corte e da guerra e o otium da nobreza

de espírito. Numa outra carta Cataldo comenta o opusculum que D. Pedro lhe

tinha enviado para ser “castigado” pelo mestre. Este responde: “quando brincas com a tua amiga, comparo-te com Propércio e Tibulo (nam ubi cum amica ludis, Propertio et Tibullo te comparo29).

A homenagem a Tibulo e as traduções das Heróides em trovas de João

Rodrigues de Sá de Meneses, publicadas no Cancioneiro Geral de Garcia de

Resende, são consequência desta aula de letrados palaciana e da nova facilidade de acesso aos autores antigos em edições impressas.

Entre os leitores dos elegíacos da corte manuelina contava-se D. Miguel da Silva, destinatário de uma pergunta em trovas de Sá de Meneses que define a nova competência em grego, latim e romance da aristocracia de espírito portu-guesa. D. Miguel retomava uma leitura de juventude ao anotar, já no período da

26 Trata-se de uma edição de Catulo publicada conjuntamente com Tibulo e Propércio, impressa em Veneza por G. Tacuino, 19 de maio de 1500, umbp Inc 33, f. f ii verso (ibp 493).

27 ‘Cataldus Ioanni serenissimo regi, suo domino. S.’, Cataldo Sículo, 1500, Epist., i, f. iv v.o.

28 Cataldo Sículo – ‘Cataldus Petro comiti Alcotini. S’, Cataldo Sículo, 1500, Epist., i, f. d v v.o.

(26)

sua estadia em Roma como cardeal, o seu exemplar de Tibulo, Catulo e Propércio, conservado na Biblioteca Vaticana (bav, r.i.v. 2243)30.

A própria biblioteca de D. Manuel I devia acompanhar a aula de letrados que acolheu na sua corte. O livro da “vyda de Plutraco, de tavoas cubertas de couro vermelho, de papel, escrito de letra redomda”, de acordo com o rol de livros con-servado, refere-se provavelmente à edição impressa da tradução castelhana elab-orada por Fernández de Palencia a partir da tradução latina de Bruni e outros humanistas italianos31. Desta tradução impressa em Sevilha conserva a BNP dois incunábulos (n.o 19 e n.o 20 do presente catálogo)32.

Destaca-se também a curiosa referência a um livro “que começa Lionardo Aremtyno e fala da cavalaria”33. Possivelmente esta entrada remete para a

“Introduçion de Lionardo Aretyno de las Oraçiones de Homero”, tradução cas-telhana do Prohemium de Leonardo Bruni às suas Orationes Homeri. Tratava-se

de versões em prosa latina de discursos de heróis homéricos parafraseados por Bruni em forma de orationes, isto é, em discursos concordantes com a precetiva

oratória humanística. O Prohemium de Bruni foi também usado como

intro-dução à traintro-dução latina da Ilíada elaborada por Pier Candido Decembrio. Da

cir-culação independente deste prohemium, dá conta a sua presença num volume

manuscrito miscelâneo: Ms. 2-39 da “Colección de San Román” da Academia Real de Historia de Madrid (f. 102r-108r), códice de papel com letra gótica cur-siva da segunda metade do século xv (Gómez Moreno 1988: 327)34. Não há que duvidar da circulação na corte portuguesa das versões castelhanas da Ilias

latina e os textos humanísticos afins, como ilustra a tradução de Juan de Mena (rolán; barrio 1985), autor paradigmático para os trovadores do Cancioneiro Geral.

30 Catullus, Tibullus, Propertius, His accesserunt Corn. Galli Fragmenta, Apud Seb. Gryphium, Lugduni, 1537 (cfr. deswarte 1989: 230-231). Sobre a cultura humanística dos poetas do Cancioneiro Geral remeto para o estudo pormenorizado Tarrío (2001).

31 Trata-se do n.o 158 do ‘Lyvro da recepta das joias e vestidos e cousas outras, asy das que estavam na guarda

roupa como no tisouro que ficarõ d’El-Rei Dom Manoell, que samta groria aja, de que Ruy Leite he recebedor, começado em Lixboa a tres dias do mes de fevereiro de j bc xxij, e o comde de Vylla Nova he

testamenteiro, e o arcebispo de Braga, e se despemdem por sua ordenaça’ (In viterbo 1901: 9; Buescu 2007: 163) indica que a entrada não permite apontar se se trata da tradução latina ou da tradução vernácula. Constam também nesta relação as Decadas de Tito Lyvio, um Virgilio e um Ovídio, n.o 30, 32, 44, 45, 89 (In

viterbo 1901: 15-17, 22).

32 Trata-se de BNP INC. 161, e de BNP INC. 162, objeto de atenção no capítulo “Biografias exemplares para novos fidalgos”deste livro.

33 Não parece consistente a identificação desta entrada com a obra de Leonardo Bruni Historiarum Florentini

Populi Libri XII (buescu 2007: 164).

34 Esta cópia manuscrita foi editada por Thierman na sua edição das Orationes Homeri (bruni arentino 1993: 64-69).

(27)

O registo conservado dos livros pertencentes a D. Manuel afigura-se em todo o caso surprendentemente breve, como é o caso do ainda mais magro elen-co dos livros de D. João iii. No entanto, estas relações elen-conservadas não poderão ser tomadas como espelho significativo dos livros em circulação nas suas cortes. Trata-se de listagens incluídas na relação dos bens particulares de cada membro da família régia, de valor muito relativo, atendendo às práticas de não se inseri-rem os livros pertencentes aos monarcas anteriores, das frequentes doações régias e da distribuição dos bens pelos descendentes. Perante a exiguidade de tais entradas, já Viterbo (1901: 7-10) apontou a possibilidade de estes inventá- rios se referirem apenas livros adquiridos35. Elucidativo é neste ponto o caso da biblioteca da infanta D. Maria, elogiada por Luísa Sigeia e João de Barros (matos 1988: 524). Seguramente eram impressos alguns dos livros que, em 1529, Diego Salema, tesoureiro da rainha D. Catarina, entregava a Rodrigo Sánchez, mestre dos ‘moços de capela’, como os Colloquia de Erasmo36.

Apesar da vasta e irreparável perda de inventários de bibliotecas perten-centes a notáveis desta época, cujas obras são indícios inequívocos de bibliote-cas humanístibibliote-cas como a de Sá de Meneses (tarrío 2005), contamos com alguns elementos que permitem enxergar a importância da importação de livros italianos.

O inventário realizado em 1612 da biblioteca da Sé de Braga descreve o corpo já mutilado da biblioteca original reunida por D. Jorge da Costa, “a maior colecção de autores clássicos existentes nas bibliotecas portuguesas de século xv” (costa 1985: 20)37.

35 Considere-se o magro elenco conservado dos livros pertencentes a D. João III, entre os quais se encontra um Lybrixa de gramatica. n.o 10 (In viterbo 1901: 25). O inventário de D. Catarina destaca-se pelo elevado

número de obras religiosas (viterbo 1901: 27-28).

36 Em 1534, esta última biblioteca recebeu de Castela um livro de Morales de Séneca, um Cancionero portogués, um Cancionero castellano, Francisco Petrarca contra prospera e adversa fortuna, las Treszientas de Juan de Mena e

el Cancionero de Juan del Enzina, um livro de Nebrija, e outro de Jorge Manrique, um Marco Aurelo e Ysopete,

uma Agrycoltura, um livro com os Triunfos de Petrarca, um Quynto Curcio de Alexandre, um livro com as

Decadas de Tyto Livio, um Apotegmata Plutarqui, um Lingua Erasmi (cfr. viterbo 1901: 31-37; matos, 1988:

516, nota 88, 582, 7-10, 27-28; coelho 1984: 427-428, 444, 456). Sobre Rodrigo Sanches ver Ramalho (1994: 115).

37 O inventário, elaborado durante o arcebispado de D. Frei Aleixo de Meneses, data de 4 de novembro de 1612, mas “a biblioteca inventariada em 1612 era constituída, na sua quase totalidade, por um núcleo de manuscritos antigos e pelas livrarias particulares de D. Fernando da Guerra e de D. Jorge da Costa” (Costa 1985: 14; 17).

(28)

A sua biblioteca revela uma maciça aquisição de incunábulos de auctores

antigos e humanísticos, impressos em Itália entre 1472 e 149638. Boa parte dos livros terão sido adquiridos antes de 1500, durante as estadias do prelado em Itália. Em inícios de 1501, D. Jorge partiu para Itália, onde faleceu, em Agosto do mesmo ano39.

D. Diogo de Sousa, o novo arcebispo de Braga desde 1505, foi responsável pela ampliação da biblioteca arquiepiscopal bracarense enriquecendo-a com autores antigos e contemporâneos. A sua biblioteca foi sinal e sustentáculo do seu programa de renovatio da cidade como antiga capital da Gallaecia romana

(costa 1985; 1993; nascimento 1998).

Também o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra se destacava na altura pelo número e qualidade dos seus livros, que incluíam obras humanísticas (coelho 1984: 391-392, 395)40.

O florescente negócio da importação de livros italianos foi pois determi-nante para a cultura renascentista portuguesa desde os finais do século xv (anselmo 1987: 369). A ocorrência de marcas de posse jesuíticas num número considerável de espécies deste grupo aponta para a posterior reutilização dos exemplares originariamente pertencentes a estes espólios, mas não invalida a sua circulação anterior em território português41.

38 Surpreende a quantia de 36 escritores latinos e gregos perante os 28 textos relativos à cultura bíblica e religiosa. Trata-se de editiones impressas em Bolonha, Veneza, Roma e Milão, desde 1467, de autores antigos: as Res gestae de Amiano Marcelino, a tradução latina de Decembrio dos Opera de Apiano Alejandrino, as Noctes Atticae de Aulo Gélio, as Epistulae Familiares, entre outras obras ciceronianas; as obras de Plauto, Plínio, Suetónio, Terêncio, Vergílio, Vitrúvio, Horácio, Estácio, Claudiano, Lucano, Marcial. De Ovídio figuram Opera omnia e Heroides assim como as Elegiae de Propércio, e um manuscrito designado

Fabullas de Ouvidio que, muito provavelmente, contém as Metamorphoses (Cf.Costa 1985: 22-23). Também

se registam obras contemporâneas como: De re aedificatoria de Giovanni Battista Alberti, os Italiae illustratae

libri viii

de 1482, os Rerum gestarum Francisci Sphortiae, Mediolaniensium ducis libri xxxi de Giovanni Simoneta, de 1486, as Rerum Venetarum ab orbe condito decades iv de Marco Antonio Sabélico, de 1487. O inven- tário regista ainda os nomes de Francisco Filelfo e Lorenzo Valla, sem indicar a obra (costa 1985: 37, 38; 39).

39 Viveu em Itália desde 1481 até 1486, quando foi eleito arcebispo de Braga, mas até à sua morte, em 1501, continuou frequentando Itália. (marques 1988: 17-18; costa 1985: 15).

40 Erasmo e Baptista Mantuano foram autores adquiridos por este centro de cultura (cf. coelho 1984: 392-394).

(29)

A tipografia portuguesa à margem da edição dos clássicos

O panorama contemporâneo de edições impressas em Portugal42, sujeito à seve-ra lógica do pseve-ragmatismo do lucro asseguseve-rado e da dependência do poder públi-co e religioso43, seguia as tendências gerais da tipografia em públi-contexto peninsular44.

Até ao ano de 1516, data de publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de

Resende, a imprensa concentrou-se nas obras religiosas e sapienciais45, em documentos ligados à governação e à diplomacia46, em tratados técnicos, gramaticais47 ou matemático-astronómicos48, e, por último, em algumas obras romances de grande divulgação, como as Coplas de Jorge Manrique49.

42 Correspondentes ao período aqui visado, os repertórios de Norton (1978) e Manuel II (1929), constatam a carência de edições dos clássicos nos prelos portugueses. Anselmo (1926: 411, 928) e Simões (1990: 567, 568) registam apenas dois exemplares ovidianos muito posteriores: Metamorfosis (Évora, 1574) e Fasti,

Tristia e Ep. ex Ponto (Lisboa, 1575). Relativamente à Biblioteca de Évora, Gusmão (1966: 192, 198) apenas

regista dois exemplares quinhentistas de tipografia espanhola e muito posteriores à época que nos ocupa: Valério Máximo (Dictorum factorum memorabilium exempla, Salamanca, 1560) e Vergílio (Opera cum A.

Nebrissensis familiaribus phrasibus, Granada, 1545-46). Alves (1966: 248) cataloga na mesma biblioteca

quatro Vergílios de tipografia francesa (1528, 1532, 1574, 1575).

43 (saraiva 1990: 26, 126, 138; martins 1972: 92; marques 1988: 13; nunes 1994; anselmo 1994; cepeda 1987: 54; anselmo 1926: 561, 554).

44 No período de 1501 a 1520 Griffin (1993: 39-51) apenas registou vinte clássicos latinos das 1300 edições impressas em Espanha.

45 Destaca-se a preponderância de obras de carácter religioso e doutrinal. Onze obras relacionadas com ‘Igreja: função, organização, serviços e doutrina’, ‘Agiológicos e história da Igreja’, ‘prelecções morais’, e um total de dezanove textos de ‘ensino ou aprendizagem (gramática, aritmética, retórica’ e ‘estado: função organização e serviços’, ‘doutrina civil’, ‘relatos do presente, relatos do passado (ocorrências civis e militares)’, relatos de viagens e corografias’, e apenas dois textos de ‘astronomia, matemática e repositório do tempo’. A classificação segue Machado (fundada nas preferências do século XVI), simplificada por Macedo (1975: 199-203).

46 Além das orações de obediência ao Papa, foram publicados ‘regimentos’ régios (Lisboa: Valentim Fernandes, 1504; Lisboa: João Pedro de Cremona, 1514), ‘os artigos das sisas’ (Lisboa: Hermão de Campos, 1512), ‘o primeiro livro das ordenações’ de D. Manuel (Lisboa: Valentim Fernandes, 1512), seguido de quatro livros mais na segunda edição (Lisboa: João Pedro de Cremona, 1514), as obras do orador oficial do rei, Cataldo Sículo, ‘Omnia Cataldi Aquillae Siculi, quae extant opera per Antonium de Castro denuo correcta’ (Lisboa: Valentim Fernandes, 1509), Regras das Ordes: ‘a regra et diffiniçooes da ordem do mestrado do nosso senhor Jesus Cristo’ (Lisboa: Valentim Fernandes, 1502, 1503), ‘regra dos statutos et diffinições da ordem de Sanctiaguo’ (Lisboa: Hermão de Campos, 1509) (anselmo 1926: 552, 1103, 553,560, 534, 437, 556, 440).

47 A Gramatica Patrane (Lisboa: por João Pedro de Cremona, 1501) e Prosodia Grammaticae cum summa

diligentia correctae de Estêvão Cavaleiro (Lisboa: por João Pedro de Cremona, 1505) (vid. anselmo 1926:

528, 527, 529).

48 Regimento do estrolabio et do quadrante... (Lisboa: Hermão de Campos, 1510) e Tractado da Spera do mundo (Lisboa: Hermão de Campos?, 1509?) (anselmo 1926: 435-436).

49 A Glosa famosissima sobre las coplas de don Jorge Manrique (hecha y compuesta por el licenciado Alonso de

Cervantes) (Lisboa: Valentim Fernandes, 1501), os Proverbios de Don Íñigo López de Mendoza, (Lisboa:

Valentim Fernandes, 1501), Marco Paulo, (Lisboa: Valentim Fernandes, 1502), Boosco deleytoso (Lisboa: Hermão de Campos, 1515) (vid. anselmo 1926: 549, 550, 551, 438).

(30)

No campo das obras em latim, as temáticas privilegiadas pela imprensa do agente mais importante em fins do século xv e inícios do século xvi, Valentim Fernandes, foram a religiosa, gramatical e institucional (anselmo 1926, 1981, 1984; norton 1978; simões 1990), se bem que entre os seus primeiros textos impressos figurassem obras reveladoras da cultura humanística, como a de Cataldo Sículo e várias orationes de obediência ao Papa50.

Tratava-se de um tempo ‘relativamente estacionário’ e muito centralizado em Lisboa, anterior ao maior desenvolvimento verificado na época de D. João III (martins 1972: 118-119)51. Críticas contundentes e consensuais por parte de

leitores e autores contemporâneos sucederam-se, no entanto, bem avançado o século XVI (Martim de Figueiredo, André de Resende, Jerónimo Osório)52.

Nos prelos do reino vizinho, em 1482, fora impresso em Zamora o primeiro autor clássico traduzido em castelhano, Séneca, autor privilegiado, com Esopo e os historiadores, no limitado panorama de impressão de autores clássicos na pri-meira fase da imprensa espanhola (beardsley 1979: 26).

As qualidades filológicas e os preços apelativos dos clássicos importados (holmes 1990: 129) tornavam imprudente e pouco pragmática a possibilidade de concorrência nos prelos lusos. Em todo o caso, e em suma, no estudo da cul-tura quinhentista importa uma maior investigação do espólio impresso dos liv-ros importados.

50 D. Manuel, a partir de 1508, concedeu aos impressores direitos análogos aos dos fidalgos da Casa Real (anselmo 1987: 360-361, 365). Garcia de Resende, na Miscelânea, registou a comoção cultural que implicou a ‘letra de forma’: Livro das obras de Garcia de Resende (verdelho 1994: 570).

51 A análise da tipografia quinhentista de Saraiva (2000: 130-143), inclui útil gráfico (saraiva 2000: 137). Luís Rodrigues, que começa a sua actividade em 1539, é considerado por Jorge Peixoto (1960: 377-382; 1967: 11-12) o primeiro tipógrafo propriamente renascentista em Portugal. Sobre impressores e mecenas quinhentistas, Macedo (1975: 188-189) e ainda sobre o desgaste e desaparição de obras Macedo (1975: 198). Sobre a tipografia portuguesa quinhentista, para além da obra de referência básica de Anselmo (1926), vejam-se Gusmão (1964), Azevedo (1958), Santos (1955: 27-28), Feio (1955), Vaz (1971-73: 1-34), Gonçalves (1968), Thomas (1941), D. Manuel II (1929, 1932, 1935).

52 André de Resende – Oração de Sapiência (Oratio pro Rostris) (1956: 31, n. 2, 65). Em carta a D. João de Castro, Resende lamenta o deficiente trabalho de Luís Rodrigues a propósito da edição do seu Breviarium

eborense, impresso em 1548. Uma listagem das edições desta carta em Verdelho (1994: 26, n. 30). Cfr. J.

Osório, ‘Carta a Stanislas Hosius’, ed. Bourdon (1956: 77-78 carta 8.a). Na nota do impressor João Álvares

na Copilaçam das obras de Gil Vicente de 1562, ele justifica a omissão de erratas com o argumento da sua excessiva prolixidade (cfr. anselmo 1987: 368; macedo 1975: 199-200).

(31)

II Leitores e tradutores: as Heroides – inc. 832

Ovídio – Epistolae Heroides. Coment. Antonius Volscus e Hubertinus

Clericus. Venezia: Boneto Locatello para Ottaviano Scoto, 19 Oct. 1492 bnp inc. 832 [7]

Esta obra de Ovídio figura no elenco de obras escolhidas durante o reinado de D. Manuel I para ensinar latim ao príncipe D. João por Luís Teixeira. Recém-chegado de Itália, onde tinha sido aluno de Poliziano, o preceptor luso fazia eco da inclusão desta obra no cânone escolar humanístico53.

As anotações romances e latinas do Incunábulo 83254 ilustram a dupla com-petência latinista e romance, própria do grupo de poetas “alatinados” da corte

53 Veja-se a este propósito o subsequente capítulo «Estudar na corte: a edição humanística como material didáctico» (bnp inc 1432).

54 O exemplar foi posteriormente encadernado juntamente com outros dois impressos ovidianos que contêm respetivamente Ars amandi-Remedia amoris, Heroides-In ibis e Fasti (bnp inc. 831, 832, 833).

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manuelina que publicam no Cancioneiro Geral de Resende, incluindo

precisa-mente traduções de várias Heroides.

Para o manuseio de edições impressas desta obra latina por parte dos tradu-tores do Cancioneiro Geral aponta já o facto de João Rodrigues de Lucena ter

tra-duzido a resposta de Ulisses a Penélope elaborada por Ângelo Sabino. Foi na edi-ção impressa das Heroides preparada por Corallo (Parma, 1477), que apareceu a

resposta de Ulisses a Penélope55.

As anotações de bnp inc. 832 apontam para vários leitores. Detetam-se pelo menos três tipos de tinta correspondentes a três mãos de escrita renascentista. Todas elas escrevem anotações em romance e em latim56.

Traduções em forma de glosas

O incunábulo revela-se particularmente precioso porque, entre as diversas glo-sas latinas, surge um grupo de traduções para português em forma de anotações manuscritas interlineares e marginais. As glosas em português remetem para o primeiro quartel do século xvi, precisamente o período em que foram publica-das versões publica-das cartas ovidianas em coplas, no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1516).

Muito embora delicado, o cotejo paleográfico destas glosas com letras ante-riores a 1516 aponta para uma datação próxima do período manuelino57. Por outro lado, o critério ortográfico apresenta todas as ressalvas da sua conside- ração num século onde reina a indisciplina ortográfica, a instabilidade e

alternân-55 Ficam excluídos portanto como ponto de partida de Lucena, pelo facto de não incluírem a carta de Ulisses a Penélope, os exemplares com edições das Heroides (bnp inc. 832, bnp inc. 1432, bnp res. 685). Em bnp inc. 1432 apenas encontramos a carta de Helena a Alexandre, correctamente atribuída a Sabino: ‘Sabini poetae epistola qua Alexandro Helena respondet’ (f. l iii v.o-m i v.o), como em bnp inc. 832 (f. l iii v.o-m i

v.o). A edição de Parma constitui testemunho único para duas passagens da carta de Páris a Helena e a de

Cidipe a Acôncio (her xvi, 39-144; her xxi 145-248).

56 O conjunto destas notas, já reunidas em anexo em Tarrío (2001), está atualmente a ser objeto de edição e estudo mais exaustivo. Denominamos ‘Mão 1’ (m1) uma letra humanística cursiva e solta, com frequência descuidada; ‘Mão 2’ (m2) uma letra humanística bastante cuidada, mas irregular na curvatura; e ‘Mão 3’ (m3) uma letra humanística notavelmente homogénea e clara, regular na ligeira inclinação para a esquerda. m2 escreveu o maior número de traduções para português. m3 concentrou-se mais na aclaração gramatical, sintáctica e lexical do texto em notas latinas, tal como m3, que no entanto escreveu também algumas traduções para português. Agradeço a Isabel Cepeda a análise das notas, que confirma o seu caráter renascentista, assim como a sua disponibilidade e generosidade, profissional e humana.

57 É patente a sua semelhança com bnp inc. 832, com as letras de documentos anteriores a 1516, como a carta régia datada de Lisboa, em 1490 (dias, marques, rodrigues 1987: 108-109). (Cf. costa, 1976, ‘gravuras’ 148. 149).

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cia de formas até dentro da mesma obra de um autor58. No entanto, a ortografia das notas aproxima-se das caraterísticas ortográficas gerais da obra de Garcia de Resende (1470-1536), indiciando até grafias mais conservadoras do que as escolhidas pelo compilador do Cancioneiro.

Assim, o arcaísmo gráfico da vibrante dupla, signada como r maiúsculo (R) no termo “aRayães”, que traduz o termo latino castris (her.1.21), surge em Garcia

de Resende grafado como “rr” (verdelho 1994: 686)59. A hipercorreção gráfi-ca ‘gu’ (‘inguanado’ proditus, ‘guanhadas’ explicação de partis, ‘reguaso’ gremio)

foi documentada por Clarinda de Azevedo Maia como caraterística da região ‘galego-portuguesa’ até inícios do século XVI, e surge pontualmente na obra de Garcia de Resende, que no entanto prefere já maioritariamente ‘g’ (silva 1953: 5, 605)60.

A forma ‘abiraba’ (que traduz tendebat) exemplifica a prótese de ‘a-‘,

verifica-da na língua de Gil Vicente e ainverifica-da na edição impressa de Garcia de Resende (Verdelho 1994: 734; Teyssier 1959: 329)61. A glosa ‘asperar’ (que traduz veles)

em vez de ‘esperar’, regista-se desde o tempo das cantigas, mas a Compilaçom de

Gil Vicente de 1534 já surge esperar (machado 1990: 2, 463)62.

Muito significativa é a forma ‘prantada’ (para consita) pois a obra de Garcia

de Resende já não regista este tipo de grupos consonânticos não etimológicos mas nela ocorre planto junto a blandas, regla. Com efeito, a restituição

etimológi-ca é considerada um fenómeno posterior (verdelho 1994: 710)63.

A glosa ‘se desfasa’ (para vanescat) exemplifica a distribuição s/ç que ainda

se regista na obra de Garcia de Resende (verdelho 1994: 681-686).

O conjunto de anotações apresenta as alternâncias de vocalismo próprias da língua de Garcia de Resende: ‘que adavinava’, ‘que adavinyou’ (para vaticinata)64,

‘consintiu’ para praebuit, ‘meia riparada’ (semirefacta)65.

58 O Livro das obras de Garcia de Resende oferece um bom material de comparação no que diz respeito ao arcaísmo gráfico e à alternância gráfica (verdelho 1994: 774-778. Cfr. williams 1975: 34-41; maia 1997: 297-308).

59 A forma ‘idificios’ (moenia) é destacável se considerarmos que ‘edeficio’ surge na Vida e feitos de D. João II de Garcia de Resende (verdelho 1994: 715).

60 Cfr. Verdelho (1994: 678), Maia (1997: 437ss, 641ss), Williams (1975: 33).

61 Machado não regista ‘avirar’ mas ‘avir’, ‘aviir’, ‘avenhir’. O termo ‘virar’ aparece documentado a partir do século xvi (machado 1990: 5, 400). Cfr. Williams (1975: 120-121).

62 A forma ‘distruida’ (para disiecta) destaca-se também em confronto com ‘destroida’, que se regista em Canc.

Geral, II, v.10, 392.

63 Machado (1990: 4, 380, 414) regista ‘prantar’ no século XV, e no entanto ‘plantar’ remete para o século XIV.

64 A alternância ‘adivinhar/adevinhar’ é antiga mas também camoniana segundo Machado (1990: 1: 108). 65 Considerem-se as formas ‘espicial’, ‘ligitimo’, ‘milhor’, ‘tisouro’ registadas na língua de Garcia de Resende

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Igualmente a ausência de ‘i’ intervocálico em ‘rodeo’ (para ambage) tem

cor-respondência na obra de Garcia de Resende66.‘

Em suma, a ortografia do conjunto revela uma tendência arcaizante, relativa-mente próxima da obra de Garcia de Resende, e, em todo o caso, situa-nos no primeiro Renascimento Português.

As glosas em latim

O conjunto das numerosas notas latinas deste exemplar pode considerar-se um autêntico arsenal auxiliar para um leitor ou tradutor contemporâneo, ou até um excelente material para a preparação de aulas.

O cotejo destas glosas latinas com as traduções cancioneiris revela coinci-dências muito relevantes. O termo latino Aeacides (I 35) surge traduzido por Arquiles na versão do Cancioneiro Geral e no incunábulo 832 foi anotada também

a glosa interlinear ‘Aquiles’ sobre o mesmo termo Aeacides, explicação que pro-cede do comentário latino ao verso. Outras coincidências do mesmo teor são: Ilios traduzido por Troia67, Sanguine phrygio por sangue troiano68, Tlepolemi leto

por morte de Tlepolemo69.

Também o texto latino do incunábulo aproxima-se muito daquele que este-ve na base da tradução romance de Sá de Meneses70.

De resto, todo o conjunto de glosas latinas é revelador do intenso manuseio do exemplar. Oferecem sinónimos ou ‘equivalências’ lexicais de termos latinos71, explicam um apelativo latino, indicando o nome próprio correspondente, ou

66 V. g. Cea, fea, tea freo etc. As formas com ‘i’ seriam de frequência mais baixa (verdelho 1994: 657-658). 67 her. I 48 Ilios: A Glosa interlinear explica ‘Troia’(f. 6 verso).

68 her. I 54 Phrygio: Sobre Phrygio aparece una nota interlinear que diz ‘troiano’ sobre Phrygio (f. 6 verso). 69 her. I 20 leto: Sobre ‘leto’ lê-se ‘mors’.

70 Veja-se o pormenorizado cotejo de variantes, com uma proposta aproximativa do texto-base presumivelmente usado pelo tradutor cancioneiril em Tarrío (2001).

71 Para facilitar a identificação das glosas, usamos as letras iniciais das cartas de Penélope, Dido e Laodamia com o número de verso do texto latino e o referido sistema de diferenciação provisória das diversas mãos do exemplar. Pen 3 m2 Danais ‘graecis’, Pen 20 m2 leto ‘mors’; Pen 21 m2, achivis ‘s. Graecis’; Pen 21 m2,

achivis ‘s. Graecis’; Pen 25 m2 Argolici ‘s. Graeci’; Pen 27 m2 nymphae ‘puellae’; Pen 36 m2: missos ‘s veloces’;

Pen 44 m3, bene ‘balde’; Pen 45 m3: micuere ‘moti sunt’; Pen 45 m3: sinus ‘pectora’; Pen 52 m2, incola ‘agricola’; Pen 54 m2 luxuriat ‘abundat’; Pen 54 m2 phrygio . ‘S. troiano’; Pen 72 m3 patet ‘patens est’; Pen 72 m3 area ‘spacium’; Pen 79 m2 in auras ‘in ventos’; Pen 94 m3 sanguine ‘sudore’; Pen 94 m3 alis ‘nutris’; Pen 94 m3, egens ‘prodigus’; Pen 98 m3 faciunt ‘precantur’; Pen 98 m3 longaeva ‘anosa’; Pen 99 m3 cura ‘custos’; Pen 110 m2 portus et aura ‘requies et salus’; Pen 112 m3 erudiendus erat ‘instruendus erat’, Did 80 plector ‘punior, Did 115 m2 Elapsa ’evasa sum’, Did 119 tument ‘imminet’, Did 145 obstrusa ‘occulta’, Did 158 modus ‘s. finis’, Did 160 cubent ‘s. quiescant’, Did 191 Elyssa Dido, Laod 12 m2 solvor ‘separor’, Laod 24 m2 dicor ‘narror’, Laod 37 m2 murice ‘purpura’.

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expandem uma expressão sintética mais obscura72. Incorporam também anota-ções de natureza gramatical73 e sintática74.

Outras glosas ilustram perspicazes comentários de expressões, como a de

sospite viro, que o leitor comenta como ‘sane falsi viro’, em referência à fama do

‘indemne Ulisses’75.

Importa frisar que a maior parte das notas latinas procede dos comentários ou enarrationes dos comentadores desta edição, fazendo assim prova do valor e

da eficácia prática, aos olhos dos leitores, deste material explicativo do texto antigo.

O valor do incunábulo 832

Este exemplar ovidiano circulou, com alta probabilidade, na órbita da corte manuelina, no grupo de fidalgos poetas, leitores e tradutores de textos latinos. As ricas anotações que contém podem resultar do manuseio do exemplar por parte dos próprios tradutores da coletânea manuelina, ou podem ser resultado de uma leitura posterior à tradução cancioneiril, por parte de leitores portugue-ses contemporâneos.

O exemplar, ou um exemplar impresso análogo, terá sido o utilizado por Luís Teixeira para ensinar latim ao futuro rei D. João iii, a partir de 1 de janeiro de 1520. Com efeito, as Heroidas constam da lista de obras utilizadas por 72 Laod 33 m2 bicorniger ‘Bacchus; Laod 61 m2 gemellis ‘castori’; Laod 61 m2: consors ledaea ‘s. helena’, Laod 45

m2 taenariae maritae ‘helenae’, Pen 35 m2: Aeacides ‘s. Achilis’, Did 105 m2 diva parens ‘Venus’. Pen 4 m2

tanti‘studi’, Pen 17 m2 meneciadem‘aliquis Meneciades’, Pen 19 m3, lyciam ‘Sarpedontis’, Pen 32 m1 Pergama

‘situm Troie’, Pen 39 m1: Rhoesum ‘nomen viri’, Pen 39 m1: Dolona ‘nomen viri’, Pen 43 m3: uno ‘Diomedi’, Pen 44 m3: at bene cautus eras ‘antequam ad bellum abrues’, Pen 45 m3: amicum ‘graecorum’, Pen 46 m2:

Ismariis ‘urbs’, Pen 46 m2: agmen ‘familiaris’, Pen 48 m2 Ilios ‘Troia’, Pen 51 m1 Pergama, ‘situs Troye’, Pen 63

m3 Neleia... arva ’regnata a Neleo patre eius’, Pen 79 m3 hoc crimen ‘quo te acuso’, Did 47 m2 strata ‘quieta’, Did 48 Mano Triton ‘deus maris’, Did 58 m2 Cytheriacis ‘insula...’, Did 63 Mano rapido ‘veloce’, Did 80 plector ‘punior’, Did 109 novissima ‘ultima’, Did 110 m2 fati ‘fortuna’, Di 148 m2 pygmalionis ‘mihi fratris’, Laod 2 m2

Aemonis ‘s. Thessalia’, Laod 3 m2 Aulide ‘portus’.

73 Pen 110 m3 citius ‘comparativo pro positivo’; Did 60 m2 ne bibat aequoreas naufragus hostis aquas ‘subjuntiva’, o anotador explica o valor do termo ‘ne’ optativo Did 70 m2 putes ‘putabis’; o anotador explicita a coerência com o verso anterior em futuro.

74 Pen 75 m3, quae vestra libido est ‘ea libidine’; Pen 87 m2, quos ‘illi’, o leitor anota o antecedente subentendido do relativo; Pen 109 m2, pellere ‘ad pellendum’ (o leitor anota a construção sintáctica final mais familiar), Pen 116 m3 ut ’quamvis’ (o leitor explica o valor concessivo do ut); Did 55 m2 prodest ‘prosunt’, o anotador faz concordar o verbo com o nominativo plural do verso seguinte e não com o infinitivo prodesse do verso 55; Did 115 m2 elapsa ’evasa sum’ (o leitor explica o elemento verbal subentendido), Did 175 m3 pro meritis ‘s. oro’ (o anotador explicita o elemento verbal subentendido).

75 Assim para quae (Pen 52 m1) ‘qui’, Did 48 m2 caeruleis ‘caeruleus’?; Did 55 m2 prodest ‘prossunt’?; Did 116 m2 emo ‘emi’?

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Teixeira para este fim (juntamente com Plínio, Tito Lívio e princípios de grego), de acordo com Francisco de Andrade76.

As glosas portuguesas do Incunábulo 832 vinham complementar a ótica ita-liana, onde a presença do universo romance é sempre secundária ou residual: Ubertino usa o vulgar para explicar o sentido de um termo antigo77, tal como Valla ou Beroaldo apenas deixavam entrar o vernáculo só como auxílio na pro-cura dos indispensáveis neologismos neolatinos78.

A leitura e a tradução das cartas ovidianas tiveram um papel decisivo na renovação da linguagem amorosa cortesã, confinada aos limites lexicais e con-ceptuais da tradição lírica herdada. A tradução do latim assumiu um peso espe-cífico capital na construção de uma língua clássica romance, constituindo um estádio significativo no equilíbrio entre latinismo e acervo léxico patrimonial, antes da relatinização da língua portuguesa no tempo de Luís de Camões79.

Neste exemplar regista-se a ocorrência de marcas de posse jesuíticas, como acontece noutros incunábulos aqui considerados. Ela aponta para a reutilização de exemplares adquiridos por leitores portugueses em período anterior80.

76 Francisco de Andrada – Crónica de D. João III. I, cap. III (1976: 6). Passo comentado em A. J. Saraiva (2000: 195).

77 «‘Praerogare’ praeferre, idem prorogativa perlatio et privilegium dicitur, sive, ut vulgo loquar, praeminentia». Ubertino s. v. ‘rogatus’ (Her I, 60).

78 São palavras de Casella (1975: 657). Vejam-se numerosos exemplos em Casella (1975: 658-660). Cfr. Tavoni (1984), Grafton-Jardine (1986).

79 Um estudo aprofundado desta questão em Tarrío (2001).

80 O ‘non prohibentur...’ firmado por Everardo Mercurio, ‘praepositus generalis’ da Companhia de Jesus (f. i ii) surge tanto em bnp inc. 831 (Ars amandi, De remedia amoris e In Ibin) como bnp inc. 832 (Heroides).

Heroides de bnp inc. 1432, encadernado com outros dois incunábulos (inc. 1430, inc. 1431), tem

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