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Eu e a Depressão Puerperal: um relato de experiência

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 291

GABRIELLA LUSTTOSA TAVARES, MARIA ELIANE LIÉGIO

MATÃO, ELISANGELA EURÍPEDES RESENDE GUIMARÃES, JULIANA CRISTINA LIÉGIO ALVES MONTALVÃO

EU E A DEPRESSÃO

PUERPERAL: UM RELATO

DE EXPERIÊNCIA*

Resumo: depressão pós-parto pode acometer puérpera,

independen-temente de fatores individuais ou familiares. Discutir acerca da depressão pós-parto a partir da experiência de acadêmica de enfermagem. Estudo des-critivo, retrospectivo, tipo relato de experiência. A gravidez na adolescência revelou-se experiência negativa, superada com apoio de familiares e profis-sionais. Gravidez e puerpério são etapas mais instáveis quando vividas em idade precoce do período reprodutivo.

Palavras-chave: Depressão Puerperal. Gravidez. Relações mãe e filho.

A

depressão puerperal está associada aos sentimentos negativos da mãe

para com o filho, com incapacidade de cumprir seus deveres frente à maternidade. Não se tem clareza do motivo real que gera a depressão, pois ela é multifatorial. A vida moderna com o seu ritmo acelerado tem grande probabilidade de gerar o estresse, que não tratado poderá contribuir como fator para a depressão pós-parto (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

A adolescência e a gravidez são etapas críticas e de grandes mudanças durante o desenvolvimento da mulher. Acredita-se que a vivência da gravidez nessa fase da vida interfirana rotina das adolescentes e intensifica a complexidade do contexto gestacional. Com isso, nas relações cotidianas de uma adolescente grávida, podem ser verificados conflitos na sua relação familiar e até mesmo no relacionamento com o seu próprio eu e o filho (GOMES et al., 2010).

Especificamente, durante a gravidez ocorre a reatualização de tudo que a mulher viveu para tornar-se o que é até aquele momento. Isso envolve o que

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viveu na sua infância, nas relações experimentadas com seu parceiro, bem como ex-pectativas e frustrações passadas. Certamente, repercutirá na forma como cada uma se situará no papel de ser mãe e como cada criança será incluída nesse espaço (AGUIAR; SILVEIRA; DOURADO, 2011). Assim, a experiência da puérpera não segue parâmetros semelhantes einstintivos. Então, nem sempre acontece de forma feliz ou necessariamente de forma sofrida, mas sempre se apresenta de forma única para cada mulher (AGUIAR; SILVEIRA; DOURADO, 2011).

Desde a infância, as mulheres são preparadas para serem compreensivas, tranqui-las, equilibradas e atenciosas. Espera-se, portanto, o modelo de mãe perfeita, para dar sustentação ao sistema de domínio masculino, fato que tem significado um alto custo emocional para essas mulheres (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Nesse con-texto, logo após o parto, sua preocupação é apresentar as qualidades de uma boa mãe, no caso, saber amamentar e cuidar integralmente do bebê.

Sendo assim, ressalta-se que a sociedade constitui um evento estressante para a saúde da mulher, principalmente das gestantes. O ritmo acelerado possibilita produzir na puérpera sentimentos de ansiedade, expectativa, às vezes frustração e inúmeras pre-ocupações, de modo a interferir em todos os segmentos da sua vida (SILVA; BOTTI, 2005). Este novo status mediante a maternidade requer da mulher uma redefinição de papéis e a necessidade de adaptações e mudanças pessoais. Em consequência, poderá haver grande impacto em sua vida e na sua saúde mental (SILVA et al., 2010).

Segundo revisão dos autores, ao longo da história, a mulher tem estado em posição de submissão em relação ao homem. Contudo, atualmente, têm ocorrido mudanças sociais em que a mulher é cada vez maissolicitada, principalmente na composição financeira do sustento familiar. Elas têm que obter emprego com renda satisfatória e, ao mesmo tempo, continuar responsáveis por funções domésticas que já eram suas. Ocorre então uma sobrecarga de trabalho e responsabilidades (JUSTO; CALIL, 2006). Além do rit-mo acelerado das mudanças fisiológicas na fase puerperal surgem exigências culturais, sociais, familiares e pessoais em relação à puérpera. Como já mencionado, nesse parti-cular, cabe a ela a satisfação e o reconhecimento das necessidades e demandas do bebê. Essa realidade acaba por intensificar as alterações psicológicas (GOMES et al., 2010).

Pode-se, então, reconhecer o ser mulher como aquela responsável pela origem à vida, que cuida, protege e educa a prole, incondicionalmente. Além de encaixar em diversos papéis do ser mulher, são muitas as suas responsabilidades. Parte delas atribuídas pela sociedadee família, a outra parte imposta por ela mesma, cobrando e se fazendo cobrar, mais modernamente, desde as necessidades afetivas e materiais até formar por completo um cidadão para a sociedade (LIPOVETSKI, 2007). A frustração de não conseguir res-ponder às expectativas do papel de mulher/mãe esperado abre espaço para um conflito entre o ideal e o vivido. Há casos em que tais circunstâncias favorecem a instauração desse sofrimento psíquico, o qual pode se configurar como base para a depressão pós-parto (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009).

A palavra depressão em uso habitual pode significar várias situações. Há casos em que se aproxima de um estado afetivo normal, em outros se constitui num sintoma, transtorno e mesmo em doença. Está associada desde reações tidas como normais, mas intensas, principalmente, diante de sofrimentos e sentimentos de perda, assim como nos

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 293 casos de transtorno ou doença. Inclui alterações de humor, cognitivas, psicomotoras e vegetativas (CRUZ; SIMOES; CURY, 2005).

Como doença, envolve o organismo como um todo: compromete o físico, o humor e, em consequência, o afeto. Para a medicina é definida como mau funcionamento ce-rebral, distinguindo-a da má vontade psíquica ou cegueira mental para as coisas boas que a vida pode oferecer. A depressão pode se manifestar de várias formas e momentos, hoje muito comum em todas as partes do mundo, ao ponto de ser reconhecida como a doença do século, com destaque para o período pós-parto (GOMES et al., 2010). Este tipo de depressão parece ser fruto da adaptação psicológica, social e cultural inadequada da mulher frente à maternidade (SILVA et al., 2010).

Estudos de saúde mental relacionados ao parto levaram a uma mudança nos conceitos da depressão pós-parto (DPP). Esta associada ao crescente reconhecimento da necessi-dade de prevenção e intervenção precoce (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005). Geralmente inicia entre a quarta a oitava semana após o parto, mas a literatura revela que o início da depressão pode acontecer não somente poucas semanas após o parto, mas até sete meses após este (ZINGA; PHILLIPS; BORN, 2005) e pode persistir por mais de um ano (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005). Pode ser de intensidade leve e transitória ou agravar-se até uma neurose ou desordem psicótica, cuja intensidade máxima gira em torno dos seis primeiros meses (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009).

A DPP pode acometer qualquer mulher, independente de suas condições individu-ais, mesmo aquelas sem histórico psiquiátrico familiar conhecido (ZINGA; PHILLIPS; BORN, 2005). Como um transtorno psiquiátrico, resulta em forte influência negativa na interação mãe-filho. Quase sempre promoverá de forma desgastante uma relação pertur-badora com os familiares, amigos e o bebê (SILVA; BOTTI, 2005). É caracterizada por uma tristeza muito grande, de caráter prolongado, com perda da autoestima e motivação para a vida sendo, na maioria das vezes, incapacitante (AGUIAR; SILVEIRA; DOU-RADO, 2011). Manifesta-se, principalmente, por ruminações graves ou pensamentos delirantes a respeito do bebê, relacionados a um risco significativamente aumentado de danos ao mesmo (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005).

São muitos os sintomas comuns da DPP, inclui; irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de energia e motivação, desinteresse sexual, alterações alimentares e do sono, sensação de ser incapaz de lidar com novas situações e queixas psicossomáticas (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005). Além desses, há sentimentos negativos, desinteresse pelo bebê e culpabilidade por não conseguir cuidar dele e pode resultar em desenvolvimento insatisfatório da interação mãe bebê (SILVA et al., 2010). Uma mãe com depressão puerperal poderá apresentar também sintomas como cefaleia, dores nas costas, erupções vaginais e dor abdominal, sem causa orgânica aparente (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005).

De acordo com os critérios do Diagnosticand Statistical Manual of Mental Disorders

da American Psychiatric Association (DSM-IV - APA), geralmente a sintomatologia da DPP não difere da sintomatologia dos episódios de alteração do humor que ocorrem fora do puerpério. Nas quatro primeiras semanas iniciais do pós-parto é apenas especificador. Por sua vez, o episódio depressivo maior é definido por determinados sintomas pelo período mínimo de duas semanas, sendo obrigatória a presença do humor depressivo

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ou anedonia1, associado a quatro dentre os demais sintomas: mudança significativa de

peso ou do apetite, insônia ou sono excessivo, fadiga, agitação ou retardo psicomotor, sentimentos de desvalia ou culpa, perda de concentração e ideias de morte ou suicídio (CRUZ; SIMOES; CURY, 2005).

Seu desencadeamento envolve inúmeros fatores, estes de origem psicológica, so-cial e/ou biológicos, o que faz do diagnóstico da DPP difícil de ser realizado. A quase inexistência de parâmetros fisiológicos e a multifatorialidade envolvida se constitui como dificultador no cotidiano para se chegar ao estabelecimento do agravo (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Para alguns autores, simplesmente os aspectos bioló-gicos são valorizados, os quais chamam a atenção o funcionamento hormonal e suas consequências (JUSTO; CALIL, 2006).

Há grande importância entre os fatores endócrinos envolvidos na etiologia da DPP. O envolvimento de hormônios como a progesterona, o estradiol, o cortisol, o CRH, a pro-lactina, o TSH, o T3 e o T4 são conhecidos (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005). Estudos sugerem que algumas mulheres possuem uma sensibilidade particular às alterações hormonais. Assim, desde o início da menarca é possível verificar algumas situações, que aumentam sua vulnerabilidade aos estressores psicológicos, ambientais e fisiológicos du-rante a menacme. Naquelas suscetíveis, esses estressores desencadeiam a alteração de um estado já vulnerável para a manifestação de um transtorno do humor em momentos de altas flutuações hormonais, tais como no parto (ZINGA; PHILLIPS; BORN, 2005).

O conhecimento dos fatores de risco da depressão puerperal é importante para o planejamento e execução de ações preventivas. Entre estas, aparece como primordial, favorecer o apoio emocional da família, amigos e companheiro, proporcionando segurança à puérpera. A identificação precoce da mãe com risco elevado para DPP possibilitará o encaminhamento para o acolhimento ou psicoterapia, que se constitui num precioso instrumento de prevenção destes transtornos (GOMES et al., 2010). Um fator de risco de extrema importância é o desconhecimento dos familiares sobre esse problema. Mui-tas vezes, os parentes associam os sinais e sintomas da DPP ao estresse fisiológico e à dificuldade de adaptação ao puerpério (SILVA et al., 2010).

Existem muitos fatores de risco vinculados ao desencadeamento da DPP. Entre os principais, encontram-se mães menores de 16 anos, histórico de algum transtorno psiquiátrico, estado civil, desemprego e falta de suporte social. Inclui-se ainda a per-sonalidade desorganizada, a espera de um bebê do sexo oposto ao desejado, relações afetivas insatisfatórias, suporte emocional deficiente e abortamentos (GOMES et al., 2010). Além disso, as diferenças culturais relacionadas aos costumes, rituais e aos papéis dos membros da família são também creditadas por desempenhar papel determinante na redução ou acentuação da DPP (SILVA et al., 2010).

São predominantemente fatores relacionados ao bebê, como prematuridade, inter-corrências neonatais e malformações congênitas. Outras vezes, são motivados por fator socioculturais, como morte de familiares, decepções na vida pessoal ou profissional, retomada de atividade profissional e situação de solidão. Além de fatores psicopatoló-gicos prévios. Há autores que identificam outros fatores de risco também importantes: baixa autoestima prejudicial, problemas na situação conjugal e socioeconômica, além de gravidez não planejada ou não desejada (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005).

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 295 De outro modo, quanto aos riscos de DPP, três categorias podem ser relacionadas. A primeira refere-se à qualidade dos relacionamentos interpessoais da mãe com seu parceiro, a segunda relaciona a gravidez ao parto e à ocorrência de eventos de vida es-tressantes e a terceira às adversidades socioeconômicas. A baixa renda, dificuldades de relacionamento com sogras e pais, eventos adversos da vida durante a gestação e falta de amparo médico foram fatores de risco para DPP evidenciados por outros autores (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005).

Alguns autores sugerem que uma depressão não tratada em gestação anterior, está associada a um risco aumentado de outra DPP. Enfatizam, também, o estresse durante a gestação como preditor, assim como apontam evidências de que o estado de humor da mãe imediatamente após o parto pode ser preditivo de DPP. Quanto aos fatores envolvidos em relação ao tipo de DPP, evidenciaram cinco fatores de risco mais significativos: 1) história prévia de depressão na mãe; 2) gravidez não planejada; 3) primeira gestação; 4) atitude negativa do pai em relação à gravidez; 5) estado de saúde da criança (SCH-MIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005).

Para medir e caracterizar os sintomas da DPP foi criado a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS). É um instrumento específico para identificar a DPP de fácil aplicação e interpretação. Pode ser aplicada por profissionais, principalmente pelo enfermeiro e o médico, durante os momentos que entra em contato com a mulher e, particularmente, na consulta puerperal (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Essa escala é o primeiro instrumento de auto registro, encontrado na literatura, proposto para rastrear especificamente a depressão pós-parto (RUSCHI et al., 2007; COUTINHO; SARAIVA, 2008).

Na prática, a abordagem à mãe em sofrimento psíquico, geralmente, acontece no nível da atenção básica, quando a mesma faz a sua primeira consulta de pré-natal. O profissional que a recebe, muitas vezes, é incapaz de proceder diante dessa situação. Esse, sem saber lidar com a gestante, encaminha essas mulheres aos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. Diante disso, não há espaço para seus questionamentos daquilo que lhe faz sofrer e/ou deixá-la insegura. A forma de abordar essas mulheres implica em questionar e reconhecer para além de necessidades biofisiológicas. Nesse caso, o profissional de saúde não pode se limitar a vê-la apenas como aparelho reprodutor. Deve, antes de tudo, entender sua história e seu desenvolvimento biopsicossocial (AGUIAR; SILVEIRA; DOURADO, 2011).

Atualmente, com o legado da Reforma Psiquiátrica, os Centros de Atenção Psicos-social (CAPS), estas unidades do Sistema Único de Saúde assumem o compromisso de acompanhar a demanda dessas mulheres vítimas de transtornos psiquiátricos maternos. Com isso, a Estratégia de Saúde da Família encontra suporte matricial para realização de uma coparticipação entre as equipes durante o tratamento, mais que isso, propiciará recursos físicos e humanos para já no pré-natal fazer frente à problemática da DPP (SILVA et al., 2010).

Vale frisar que a aquisição de informações clínicas e socioculturais dessas mulheres se reveste de particular importância. É preciso conhecer e compreender sua realidade, além de estabelecer relação de confiança e respeito entre ambos para avaliar o estado psíquico da puérpera (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). É essencial que compreendam as

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modalidades de estresse e os fatores culturais que influenciam o bem-estar emocional das mães após o parto (SILVA et al., 2010 apud LEUNG; ARTHUR). Todos os profis-sionais de saúde têm condições e ferramentas para criar um planejamento de cuidado, o qual irá assistir e cuidar da mulher desde o pré-natal até o pós-parto, apropriando-se seu conhecimento nas crenças e valores familiares da mesma, englobando as condições que antecederam a gravidez e o parto, construindo uma relação de confiança (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009).

Acredita-se que a união entre os profissionais de saúde e os familiares possa ser de extrema importância para transformar o momento da DPP em uma fase em que a mulher poderá se sentir mais forte e confiante para expressar seus sentimentos (RIBEI-RO; ANDRADE, 2009). Entretanto, considera-se a importância de uma intervenção adequada na Estratégia Saúde da Família (ESF), que tem como base o trabalho em equipe multiprofissional, interdisciplinar e na abordagem da família. Os profissionais médico e enfermeiro situam-se em uma posição favorável para detectar precocemente e intervir no processo da depressão puerperal (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009).

A terapêutica medicamentosa para a DPP é uma medida curativa e não preventiva (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Há preocupações com a amamentação por mães que fazem o uso de antidepressivos no puerpério devido à possibilidade de efeitos indesejáveis sobre os lactentes. Os efeitos adversos mais comuns nos recém-nascidos de mulheres que fazem terapia medicamentosa são: irritabilidade; efeito semelhante à sedação; baixo ganho de peso; desmame prévio (IBIAPINA, 2010), além de desfechos negativos sobre o desenvolvimento da criança. Então, cabe ao profissional obstétrico/ pediatra avaliar a dose necessária e seu ajuste gradual, com monitoramento para diminuir riscos de efeitos adversos nos lactentes (IBIAPINA, 2010).

As intervenções que supostamente são mais acolhidas por mulheres vítimas de DPP são: suporte social e emocional da família e do parceiro (MAGALHAES et al., 2013). A família, amigos e companheiro devem também favorecer o apoio emocional a puérpera e sempre que possível o contato físico supervisionado da criança com a mãe proporcionando momentos de afeto (GOMES et al., 2010). Acredita-se que seja por decorrência da melhora e remissão dos sintomas em ciclos de tratamento com duração mínima (IBIAPINA, 2010). Outra possibilidade terapêutica seria a formação de grupos de apoio ou discussão, o qual permitira a participação das mulheres com suas vivências em relação à maternidade e às modificações decorrentes da gravidez. O companheiro também poderá participar dessas terapias, e se sentirá mais alivia-do em saber alivia-do que se trata, e por receber conselhos sobre como agir e ajudar sua companheira (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Alguns estudos sugerem que outras intervenções como massagem e eletroconvulsoterapia, podem ser de algum benefício (IBIAPINA, 2010).

Atividades físicas têm se mostrado importante solução de recuperação, tendo vanta-gens não só pra saúde mental, mas também para o físico. Especificamente a caminhada é a mais adotada, entre tantas outras que podem ser igualmente importantes. A perio-dicidade do exercício escolhido deve ser de alguns minutos por semana especialmente para as mulheres que não desejam utilizar medicações ou que não tenham acesso a acompanhamento psicológico (IBIAPINA, 2010).

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 297 Quando há necessidade de ajuda profissional, a preferência é por psicoterapia, que é uma opção com maior evidência quanto à terapia individual, além de ser segura tem maior aceitação por parte das mulheres. Levando em consideração fatores psicossociais, desejos, frustrações, expectativas e experiência da mesma. Nesta condição favorece a melhor resposta ao tratamento e em consequência maior rapidez em sua recuperação (IBIAPINA, 2010). Logo, a terapia de grupo mostrou-se igualmente eficaz. Revisões sistemáticas por parte dos autores sugerem que psicoterapia individual e a terapia cognitivo-comportamental são efetivas, porém com efeito considerado menor quando comparado à utilização das medicações antidepressivas (IBIAPINA, 2010). Existem maiores vantagens por parte da psicoterapia no tratamento da depressão pós-parto, como: a ausência de contraindicações e efeitos adversos para a mãe e o lactente (IBIAPINA, 2010).

Ao se fazer a opção pela terapêutica hormonal, vale fixar que há riscos relacionados a essa terapia estrogênica, como hiperplasia endometrial; fenômenos tromboembólicos e diminuição da lactação. Por esse motivo é importante que os profissionais da saúde, principalmente os inseridos na área obstétrica, estejam atentos a fim de estabelecer e oferecer o melhor suporte necessário (IBIAPINA, 2010).

OBJETIVO

Discutir acerca da depressão pós-parto a partir da experiência de acadêmica de enfermagem.

ASPECTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de estudo descritivo de caráter retrospectivo do tipo relato de experiência. Participou uma acadêmica do Curso de Enfermagem da Pontifica Universidade Católica de Goiás, com 22 anos, residente em Goiânia, coabita com familiares, especificamente pai, mãe, irmão, tia e filho. Para fins de registro, para elaboração desse estudo observou-se de curso de tempo acima de um ano da vivência de DPP.

A coleta de dados foi realizada no 2º período de 2013 a partir de instrumento do tipo completamento de frases, idealizado por Rotter (ROTTER; RAFFERTY, 1950) e adaptado para o presente estudo, com a finalidade de facilitar a lembrança vivida na ocasião. Tudo foi transcrito na íntegra para viabilizar o processo de análise, iniciado pela leitura cuidadosa de cada resposta obtida para se proceder à organização das mesmas numa perspectiva cronológica dos acontecimentos vivenciados e que caracterizavam a temática proposta, para depois fazer o seu registro descritivo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não combina pensar na gravidez em fases iniciais da vida:

Enquanto criança, não imaginamos ser mãe muito cedo e muito menos ter a responsabilidade de cuidar de um ser vivo totalmente dependente do seu corpo. Apesar de brincarmos de bonecas e termos algum bichinho de estimação para

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dar todo amor e carinho, comum nessa época de infância, não se compara com essa nova vida, a vida da maternidade. Pensar na possibilidade de uma gravidez muitas vezes é incomum. Não se comenta muito sobre a vivência da maternidade e muito menos gerar um filho. Então, quase sempre estar grávida é uma surpresa para muitas mulheres, o que pode ser positivo ou negativo. A ansiedade fica mais intensa pela sensibilidade do período gestacional sendo um período marcado de instabilidade emocional e vulnerabilidade feminina.

A confirmação da gravidez abrange vários aspectos, sendo elas: emocionais, físico, financeiros. Lidar com os mesmos depende de cada uma, pois se leva em conta a condição que se apresenta no momento. Há casos em que as crises são comuns nessa época, com verificação frequente de instabilidades e dificuldades de como criar um bebê. A condição de como a gravidez será enfrentada depende muito do contexto existente no momento de sua ocorrência (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009).

O cansaço, às vezes, dificultará uma simples tarefa do seu cotidiano, como por exemplo, subir algumas escadas. Mas, isso pode ser encarado de forma positiva se ao máximo possível tentar manter a calma. A ansiedade é uma coisa natural do seu humano que ficará mais forte durante esse período, alias há envolvimento de alguns hormônios que é responsável por desencadear essa alta sensibilidade resultando nessa carga de ansiedade. Procure então reconhecer seus limites. Nesse caso, haverá um tempo pra todas entender sua respiração, suas necessidades, seu caminhar e até mesmo sua condição cardiovascular.

Quando a gravidez não é desejada muitas vezes há o pensamento de abortos ou autoextermínio, sem muita motivação de pensar no futuro. Por isso a importância de familiares e amigos estarem apoiando, e nesses casos, na maioria das vezes, eles é que farão um bloqueio para preservar a vida de ambos. Então sempre que possível acom-panhar detalhadamente com um profissional cada momento da gestação e estar atento ao pré-natal, para que determinadas situações de risco não sejam tão comuns (SILVA; BOTTI, 2005).

Conforme a literatura, a adolescência e a gravidez são etapas de transformações significativas no âmbito psicoemocional, social e físico. Nesse sentido, vivenciá-las concomitantemente pode repercutir de modo a intensificar questões que vividas iso-ladamente uma da outra poderiam ser percebidas como acontecimentos da vida, ou seja, o primeiro do processo de desenvolvimento da pessoa e o segundo como etapa própria da mulher, mais que isso esperada e vivida pela maioria delas (GOMES et

al., 2010).

Sabe-se que durante esse processo, qual seja a gravidez, a mulher reatualizará e intensificará tudo aquilo já vivenciado nas etapas da vida. A repercussão na forma de como cada uma lidará com o papel de ser mãe e como a criança será imposta no seu espaço variará em cada caso (AGUIAR; SILVEIRA; DOURADO, 2011).

Por isso, quando a gestação está presente na fase da adolescente poderá interferir na rotina dessas mulheres e intensificar o contexto da gestante e facilmente observar

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 299 conflitos familiares (GOMES et al., 2010). Nessa perspectiva, pode-se justificar sentir-se quase sempre culpada pela situação de não saber adequar-se de forma positiva nesse novo status.

Saber como lidar com a chegada da criança e como introduzir no espaço é mais um desafio. Ressalta-se que o ritmo acelerado possibilita produzir na mulher sentimentos incondicionais de modo a interferir em todos os segmentos da sua vida (SILVA; BOT-TI, 2005). Requer da mulher uma necessidade de adaptações e mudanças pessoais. Cabendo a ela a satisfação e o reconhecimento das necessidades e demandas do bebê (GOMES et al., 2010). Isso resulta em instabilidade que contribui no desenvolvimento de sintomatologia depressiva da mãe.

A reação à confirmação de estar grávida foi negativa, mas isso não fazia com que tudo parasse no tempo:

Eu já sabia que a culpa de tudo isso era minha, e tinha de aguentar sem recla-mações, aliás, não podia parar minha vida por causa da gestação.

No decorrer da gravidez alguns sentimentos e sintomas vieram à tona, o que tornou mais difícil lidar com a situação que se encontrava:

Nas últimas semanas de gestação não estava tão feliz quanto antes. Minha bar-riga pesava muito, sentia dores nas costas e meus pés inchados, me deixavam com muita raiva.

O esforço para dar continuidade às tarefas obrigatórias fazia com que se sentisse esgotada:

O que me deixava um pouco insegura era a sensação de me sentir sobrecarregada pelas tarefas e acontecimentos do meu dia-a-dia. Parecia que a gravidez era uma tonelada de problemas nas minhas costas. Então, as dificuldades de fazer coisas simples que já eram de costume ficou muito mais difícil.

A ansiedade e a falta de paciência já existiam antes mesmo de engravidar, mas ficou mais intensa durante a gestação:

Não posso afirmar que durante a gravidez eu comecei a ter essa ansiedade, porque sempre fui muito ansiosa, mas nessa época era ao extremo.

No período de aulas o cansaço era maior. Estava no limite e isso já interferia no seu relacionamento interpessoal:

Chegou uma hora que na maior parte do tempo eu me culpava muito quando as coisas davam errado. Era muito comum isso na faculdade. Era época de traba-lhos, tudo corrido. Estava desanimada e isso refletia nas minhas notas e no meu comportamento impaciente de lidar com meus colegas.

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Para tentar manter seu equilíbrio usava de alguns meios simples e que achava de grande importância:

Sempre que me sentia infeliz eu fechava os olhos, respirava fundo, contava ate 10 e continuava a fazer o que tinha de ser feito. E a minha rotina como sempre era um pesadelo.

Estava consciente que tudo girava em torno de uma falta motivação e tristeza sem motivo aparente:

A minha tristeza era sem explicação. Ficava tão triste que chorava por um simples não ou por não ser compreendida. A infelicidade sempre era acompanhada de uma raiva sem motivos que às vezes minha vontade de chorar atrapalhava meu próprio sono pela noite.

Apesar de tudo que estava passando não chegou a pensar em abortos ou em meios de suicídio: Graças a Deus nunca tentei me machucar com intenção de interromper a

gestação ou mesmo por me castigar.

Apesar de toda carga de estresse não ficava em pânico ou com medo, tinha a pre-sença do namorado o que pra ela era importante:

Não tinha medo ou pânico durante a gestação. Nesse ponto conseguia me con-trolar, então foi menos difícil. Tinha meu namorado, morava com ele e ele não me deixava ter medo. Acreditava então que tudo que pudesse acontecer de pior ele controlaria a situação, então isso me aliviava.

Não havia muita motivação para pensar em seu futuro:Não encarava o meu futuro

com muita alegria, porque eu tinha 18 anos, grávida e sem ao menos formar.

Não havia a compreensão por parte da família por tudo que estava passando: E pra

piorar não havia muito apoio familiar, tudo era mais difícil.

Era difícil pra ela lidar com todas essas mudanças, principalmente de seu corpo:

Eu estava engordando e realmente vendo meu corpo mudando completamente me fazia ter alguns surtos de desesperos. Boa parte do tempo pensava em como emagrecer.

Havia esperança que nas férias iria amenizar a situação, e momentos de felicidade

iriam existir: Chegaram às férias, tranquei a faculdade e fui tentar curtir o resto da

gestação, o que obviamente não aconteceu.

O período puerperal é o momento em que todo o corpo e a mente sofrem outras modificações, principalmente a mama, para o processo de amamentação. A mulher fica

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 301 emocionalmente sensível, por isso é importante a compreensão de todos em sua volta. Outros órgãos estão em fases de reorganização, devido isso a importância do repouso para garantir uma boa recuperação.

A existência de transtornos psiquiátricos não está presente só no puerpério, mas também na gestação levando a grandes consequências como foi o caso. Sendo assim, é de extrema importância favorecer o apoio emocional da família, amigos e companheiro, proporcionando segurança à puérpera (GOMES et al., 2010). Os autores enfatizam que grande carga de estresse durante a gestação é preditor da DPP (SCHMIDT; PICCOLO-TO; MULLER, 2005), o que aconteceu predominantemente com ela.

No período puerperal tudo ainda continuava difícil, as coisas não eram como pen-sava ser:

Muita alegria de parentes e amigos, mas eu continuava a mesma. Sentindo apenas tristeza e estresse. Era pra mim esta feliz e eu não estava. Fiquei confusa. Assumir o papel de mãe era mais difícil que eu imaginava!

A primeira vez que viu o filho não se sentia satisfeita:

Lembro-me de olhar pra ele e sentir uma grande pressão na minha cabeça e uma simples vontade de chorar. Olhei para o meu namorado o abracei e chorei, não queria pegar meu filho naquele momento.

Não conseguia amamentar, a tristeza e o desespero tomaram conta do momento:

Só sentia as lágrimas escorrer em meu rosto. Lembro-me de olhar para meu filho e pedi perdão e entregar ao pai. Ele insistia que eu tinha de amamentar a criança e falava muito. Começou então a ficar nervoso. Eu me sentia pressionada a amamentar e não estava dando conta.

Ainda na maternidade, a carga de estresse tomou conta: Comecei a desesperar,

xin-gar e gritar com todos que entrava no quarto. Era muita energia negativa no momento.

Não havia a capacidade de compreensão dos cuidados básicos com o neném:

Não estava dando conta de absorver nenhum cuidado com meu filho. Não sabia nada e não queria saber de nada. Simplesmente ignorei tudo e todos. Meu filho tomava o leite do banco de leite, porque eu não queria dar meu peito pra ele.

São muitas as responsabilidades de mulheres cuidam, protegem e educam sua prole. Devem estar preparadas para serem equilibradas e atenciosas. Espera-se, mediante a todos, o modelo de mãe perfeita (LIPOVETSKI, 2007; JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009), o que parece, não foi atribuída à participante. A literatura aponta evidências de que o estado de humor da mãe imediatamente após o parto pode ser preditivo de DPP (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005). E a criança continuava com choros fre-quentes, mas agora em casa, o que era pior:

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Na casa da minha mãe eu só queria saber de dormir e chorar. Se meu bebê gemesse ou regurgitava eu chorava. Se alguém falasse mal comigo eu chorava de novo.

Procurava fazer com que a criança estivesse ocupada para poder se distanciar e aparentemente aliviar meu cansaço:

O meu alívio era quando ele dormia. Então, todo momento colocava pra dormir e torcia, desesperadamente, pra não acordar logo. Sentia-me sobrecarregada com tudo!

Para piorar a situação a família estava em crise: Começava então alguns conflitos

em família que ajudaram aumentar meu estresse.

A rotina de vida mudou, completamente:Eu dormia 2 horas por noite, no máximo!

Comia pouco e chorava sempre.

A falta de motivação era muito grande e isso refletia nas atitudes em relação ao cuidado do bebê:

Apenas me culpava de tudo. Achava que não dava conta de nada então não tinha animo pra tentar. Jogava tudo nas costas da minha mãe. Com 1 mês ele tomava leite artificial e eu já não participava de certos cuidados com ele.

Além do ritmo acelerado das mudanças fisiológicas na fase puerperal surgem exi-gências culturais, sociais, familiares e pessoais. Cabe a puérpera a satisfação e o reco-nhecimento das necessidades e demandas do bebê (GOMES et al., 2010). A frustração de não conseguir responder às expectativas esperada do papel de ser mãe facilita a inserção de um conflito entre o ideal e o real (JUNIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Essa realidade acaba por intensificar as alterações psicológicas, sendo comuns alguns casos em que tais circunstâncias facilitam a instauração do sofrimento psíquico, o qual pode se configurar como base para a depressão pós-parto (GOMES et al., 2010; JU-NIOR; SILVEIRA; GUALDA, 2009). Tais assertivas podem ser verificadas nos relatos registrados pela autora.

As aulas da faculdade haviam começado e a distância do seu filho aumentou:

Quando as aulas começaram me afastei muito do neném. E comecei a sentir a falta que ele fazia. Isso fez com que eu procurasse um profissional para me acompanhar.

O ritmo acelerado possibilita produzir na mulher que acabou de ser mãe sentimentos de ansiedade, expectativa, frustração, preocupações, de modo a interferir em todos os segmentos da sua vida (SILVA; BOTTI, 2005). Em consequência, poderá haver gran-de impacto em sua vida (SILVA et al., 2010). O que houve gran-de forma negativa para a vivência da autora desse estudo.

Teve certo momento que começava a perceber que não era normal, mas que ainda não precisava de envolvimento de profissionais:

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Percebia então que tinha algo errado, mas não achava que havia necessidade de procurar ajuda de algum profissional.

Não acreditava que estava doente e não havia necessidade de medicação:

Não tomava os remédios, porque na minha cabeça não estava doente e sim es-tressada com tudo. Foi fundamental a participação do meu companheiro e dos familiares que não me deixaram distanciar da minha criança.

O tempo passou e tudo começou a mudar:

Após 1 ano com muita dificuldade de me ajudar consegue amenizar as coisas que considerava ruim na minha vida. Comecei a me apegar mais com meu filho e inacreditavelmente me sentia quase sempre feliz.

É primordial a família, amigos e companheiro favorecer o apoio emocional da puérpera e sempre que possível o contato físico supervisionado da criança com a mãe, proporcionando segurança e momentos de afeto (GOMES et al., 2010). O profissional capacitado deve estar acompanhando atentamente cada família de forma integralizada e individualizada, respeitando e analisando suas escolhas e opiniões. Cabe ainda con-tribuir por meio de atividades educativas, oferecendo os conhecimentos necessários para cada mulher (RIBEIRO; ANDRADE, 2009). Devem ser levados em consideração fatores psicossociais, desejos, frustrações, expectativas e experiência da mesma, para que favoreça melhor resposta mediante ao sofrimento psíquico e em consequência maior rapidez em sua recuperação (IBIAPINA, 2010).

Após alguns anos, o amor já existe e tudo se tornou muito mais agradável: Hoje

sou uma mãe louca de amor pelo filho!

O suporte social e emocional junto à família e/ou com parceiro é uma intervenção que supostamente é mais acolhida por mulheres vítimas de DPP, por causa da própria inexperiência de não se assumir doente e por não querer fazer uso de alguma medicação (MAGALHAES et al., 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gravidez e o puerpério são períodos instáveis, etapas de drásticas alterações no âmbito social, psicológico e físico da mulher, os quais favorecem a instalação de DPP. Apesar desse entendimento, verifica-se a inexistência de abordagem profissional precoce.

No caso estudado, há existência de declínio psicoemocional. Foram determinantes para o desencadeamento do agravo, fatores como não desejo de estar grávida, gestação na adolescência e algum conflito familiar. A clínica referida se assemelha àquela que aparece na literatura clássica sobre o tema.

Também, se destaca a dificuldade na percepção e aceitação da sintomatologia. Com isso, tanto o diagnóstico, a procura por atendimento especializado, quanto à realização

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do tratamento proposto aparecem prejudicados. Essa realidade verificada no relato ob-tido em muito se assemelha ao que a literatura apresenta como experiência comumente encontrada junto à população.

Reafirma-se a importância de uma rede social no processo de recuperação da

mu-lher que apresenta DPP. Cada vez mais se admite que a participação do pai da criança e de familiares é de fundamental importância para fornecer apoio emocional, social e físico tanto para a mãe quanto para o bebê. O envolvimento dos mesmos aparece como essencial para atenuar os sintomas depressivos da acadêmica participante, o que ame-nizou e preveniu o agravamento da DPP e possibilitou o contato da mãe com a criança deforma harmoniosa desde o seu nascimento, sem interrupção.

PUERPERAL DEPRESSION AND I: ACCOUNT OS AN EXPERIENCE

Abstract: post-partum depression may impact puerperal women, regardless of

indi-vidual or family-related factors. To discuss post-partum depression in light of a Nursing student’s experience. Descriptive, retrospective study, of the type experience account. Teenage pregnancy proved a negative experience, which was overcome with suport from family members and professionals. Pregancy and the postnatal stage are more unstable phases when experienced at an early age of the reproductive period.

Keywords: Puerperal depression. Pregnancy. Mother-child relationships. Nota

1 Diminuição ou perda do interesse nas atividades anteriormente agradáveis (CRUZ; SIMO-ES; CURY, 2005).

Referências

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GOMES, L.A. et al. Identificação dos fatores de risco para depressão pós-parto: impor-tância do diagnóstico precoce. Rev. Rene. v. 11, Número especial, p. 117-123, 2010. IBIAPINA, F. L. P. et al. Depressão pós-parto: tratamento baseado em evidências. Fe-mina, v. 38, n. 3, Março 2010.

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LIPOVETSKI; G. A terceira mulher: permanência e revolução do feminino. São Pau-lo: Companhia das Letras, 2007.

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estudos , Goiânia, v . 41, n. 2, p . 291-305, 1br ./jun. 2014. 305 MAGALHAES, P. D. S. et al. Questões criticas para o tratamento farmacológico da depressão pós-parto. Rev. de Psiquiatria Clínica, v. 33, n. 05, p. 245, 2013.

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* Recebido em: 22.02.2014 Aprovado em: 28.02.2014 GABRIELLA LUSTTOSA TAVARES

Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela PUC Goiás. E-mail: gabilaa@hotmail.com. MARIA ELIANE LIÉGIO MATÃO

Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica pela UnB. Doutora em Psicologia pela PUC Goiás. Professora do Departamento de Enfermagem na PUC Goiás. E-mail: liegio@ih.com.br.

ELISANGELA EURÍPEDES RESENDE GUIMARÃES

Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica pela PUC Goiás. Mestre em Enfermagem pela UFMG. E-mail: elisanenf@gmail.com.

JULIANA CRISTINA LIÉGIO ALVES MONTALVÃO

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