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ADIÇÃO DE TALOS E FOLHAS DE VEGETAIS EM TORTA SALGADA INTEGRAL: COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ACEITAÇÃO SENSORIAL ENTRE CRIANÇAS

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Revista

ISSN 2179-5037

ADIÇÃO DE TALOS E FOLHAS DE VEGETAIS EM TORTA SALGADA

INTEGRAL: COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ACEITAÇÃO

SENSORIAL ENTRE CRIANÇAS

Aline Iglécias Garcia1

Saul Fajardo1

Larissa Cristina Fachinello1

Camila Jordão Candido2

Elisvânia Freitas dos Santos3

Daiana Novello4

RESUMO: Objetivou-se verificar a aceitabilidade sensorial de tortas salgadas

integrais adicionadas de ingredientes não convencionais (INC) entre crianças e, determinar a composição físico-química da formulação padrão e daquela contendo INC com aceitação sensorial semelhante a padrão. Elaboraram-se 5 formulações de tortas: F1 (padrão – 0% de INC) e as demais adicionadas de 7,75% (F2), 15,5% (F3), 23,25% (F4) e 31,0% (F5) de INC. Participaram 58 provadores (7 a 10 anos) não treinados de ambos os gêneros. Não houve diferença significativa entre as amostras, demonstrando boa aceitação sensorial. Maiores teores de umidade e fibra e menores de cinzas foram verificados em F1, comparada a F5, sem diferença no conteúdo de proteínas, lipídios, carboidratos e calorias. A elaboração dos produtos comprovou que a adição de até 31% de INC em tortas salgadas integrais foi bem aceita pelos provadores infantis, obtendo-se aceitação sensorial semelhante ao produto padrão e com boas expectativas de comercialização.

Palavras-chave: Análise sensorial, aproveitamento integral, escolares.

1

Bacharel em Nutrição pela Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO. alineiglecias@hotmail.com; saulbio@yahoo.com.br; l.fachinello@hotmail.com.

2

Mestre em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Técnica em Alimentos e Laticínios da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS. cahjordao@gmail.com.

3

Doutora em Ciências da Cirurgia, Docente do Departamento de Nutrição da UFMS. elisvania@gmail.com.

4

Doutora em Tecnologia de Alimentos, Docente do Curso de Nutrição e do Mestrado Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário da UNICENTRO. nutridai@gmail.com.

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ADDING VEGETABLES LEAVES AND STALKS IN INTEGRAL SALTY PIE: PHYSICO-CHEMICAL COMPOSITION AND SENSORY ACCEPTANCE AMONG

CHILDREN

ABSTRACT: The aim of this work was to verify the sensory acceptability of

wholewheat pies added unconventional ingredients (UI) among children and to determine the physico-chemical composition of the standard formulation and that containing sensory acceptance UI with similar standard. Have been prepared five formulations pies: F1 (standard - 0% UI) and the others added 7.75% (F2), 15.5% (F3), 23.25% (F4) and 31.0% (F5) UI. Fifty eight consumers (7-10 years) untrained both genders participated. There was no significant difference between the samples, demonstrating good acceptability. Higher moisture and fiber content and lower ash were observed in F1, compared to F5. There was no difference to proteins, lipids, carbohydrates and calories content. The elaboration of the product showed that the addition of up to 31% of UI in wholewheat pies was well accepted by children tasters, obtaining similar to standard product and good marketing expectations sensory acceptance.

Key-words: Sensory analysis, integral use, schoolchildren.

1. INTRODUÇÃO

A fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas presentes no Brasil. Segundo Gustavsson et al. (2011), um terço de toda a comida produzida no mundo se perde ou é desperdiçada a cada ano, o equivalente a 1,3 bilhões de toneladas. As frutas e legumes apresentam as maiores taxas de sobras, o que pode ocorrer desde o momento do plantio até a distribuição. As partes vegetais que são desperdiçadas (ingredientes não convencionais - INC) poderiam ser utilizadas para enriquecer a alimentação, porém, a cultura e o preconceito impedem esse processo. Ressalta-se que as folhas, talos e cascas podem, inclusive, ser mais nutritivos do que a parte consumida usualmente (STORCK et al., 2013).

O aproveitamento integral dos alimentos, por meio da utilização de INC, possibilita incrementar a culinária diária, com a elaboração de novas receitas como geleias, tortas, sucos e doces. Também, podem fornecer mais nutrientes aos produtos, como as fibras, vitaminas e sais minerais (STORCK et al., 2013). Alguns estudos vêm avaliando a adição de INC como os talos e cascas de frutas e hortaliças em diversos produtos, como cookies (MAURO, SILVA, FREITAS, 2010), tortas salgadas (RORIZ, 2012), entre outros, obtendo-se boa aceitação sensorial.

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As crianças em idade escolar apresentam um aumento do apetite e melhor aceitação de alimentos diversificados. Além disso, começam a desenvolver autonomia para decidir o que querem consumir. Sendo assim, o ambiente escolar torna-se propício para estimular uma alimentação saudável por meio da implementação de ações voltadas à educação para a saúde, com ênfase nos aspectos alimentares e nutricionais (SILVA, 2009), como o reaproveitamento integral de alimentos.

Para que um novo produto possa ser oferecido aos consumidores ou inserido no mercado há a necessidade da realização de testes específicos que analisam, principalmente, suas características sensoriais e físico-químicas. Dessa forma, é possível realizar a avaliação e otimização de um novo produto, garantido seu sucesso de comercialização. Para avaliações alimentares com o público infantil, é muito utilizada a escala hedônica facial, sendo mais fácil para a criança demonstrar se o alimento foi aceito ou não e obtendo-se bons resultados de medidas (DUTCOSKY, 2011). Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi elaborar tortas salgadas integrais, adicionadas de INC (folhas e talos de vegetais) e avaliar a aceitabilidade sensorial entre crianças de idade escolar, bem como, comparar a composição físico-química do produto com maior teor de folhas e talos e aceitação semelhante ao padrão.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Aquisição da matéria-prima

Os produtos foram adquiridos em supermercados do município de Guarapuava, PR. Foram utilizadas na pesquisa os vegetais beterraba, couve-flor e brócolis e suas respectivas folhas e talos, sendo selecionadas aqueles com o melhor aspecto visual, tamanhos semelhantes e superfície lisa sem imperfeições.

2.2 Elaboração dos produtos

Foram elaboradas 5 formulações de tortas salgadas integrais: F1 padrão (sem adição de talos e folhas) e as demais adicionadas de 7,75% (F2), 15,5% (F3), 23,25% (F4) e 31% (F5) de folhas e talos. Estas porcentagens foram definidas após

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realização de testes sensoriais preliminares no produto. Além das porcentagens de folhas e talos citadas, os ingredientes utilizados nas formulações foram: Massa - leite integral (41,97%), ovo inteiro (15,74%), óleo vegetal (20,99%), farinha de trigo integral (18,89%), sal refinado (0,63%), fermento em pó químico (1,78%); Recheio - cebola picada (7,0%) e os vegetais brócolis, beterraba e couve-flor, todos sem talos e folhas, individualmente, nas seguintes porcentagens: F1: 31%; F2: 23,25%; F3: 15,5%; F4: 7,75% e; F5: 0%. Para fins de classificação das formulações, foram consideradas apenas as porcentagens de adição de folhas e talos nas tortas.

As formulações foram preparadas no Laboratório de Técnica Dietética do Departamento de Nutrição da UNICENTRO. Inicialmente, as folhas, talos e os vegetais inteiros (brócolis, beterraba e couve-flor) foram higienizados em água corrente e mantidos em solução de água clorada por 15 minutos. Em seguida, as folhas e talos e os vegetais inteiros foram cozidos em água (imersão) por 5 e 10 minutos (respectivamente), sendo picados manualmente em pedaços (1 cm) e reservados.

Para a elaboração da massa da torta, foram batidos os demais ingredientes em liquidificador (Philips Walita®, Brasil) até se obter uma consistência homogênea. Após este processo, cada formulação foi disposta em uma forma de alumínio (40 x 30 cm), untada com óleo, sendo intercalada a massa com o recheio para cada formulação. Em seguida, os produtos foram assados em forno convencional (Consul®, Brasil), pré-aquecido a 180 ºC por 40 minutos.

2.3 Análise sensorial

Participaram da pesquisa, 58 provadores não treinados, sendo crianças devidamente matriculadas em uma Escola Municipal de Guarapuava, PR, de ambos os gêneros, com idade entre 7 a 10 anos. Os produtos foram submetidos à análise sensorial, em uma sala da escola. Cada prova foi realizada em cabines individuais, tipo urna, sendo que o provador foi orientado pelos pesquisadores para o preenchimento das respostas.

Foram avaliados os atributos: aparência, aroma, sabor, textura e cor. Os provadores analisaram a aceitação das amostras através de uma escala hedônica facial estruturada mista de 7 pontos variando de 1 (“Super ruim”) a 7 (“Super bom”),

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adaptada de Resurreccion (1998). Foram aplicadas também, questões de aceitação global e intenção de compra analisadas através de uma escala facial estruturada mista de 5 pontos (1 “desgostei muito”/“não compraria” a 5 “gostei muito”/”compraria com certeza”), como descrito por Dutcoski (2011).

Os provadores receberam uma porção de cada amostra (aproximadamente 15 g), em pratos plásticos descartáveis brancos, codificados com números de três dígitos, de forma casualizada e balanceada, acompanhados de um copo de água para realização do branco. As formulações foram oferecidas aos provadores de forma monádica sequencial.

2.4 Índice de aceitabilidade (IA)

O cálculo do IA das formulações foi realizado conforme a fórmula: IA (%) = A

x 100/B (A = nota média obtida para o produto; B = nota máxima dada ao produto)

(DUTCOSKI, 2011).

2.5 Composição físico-química

As análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Físico-Química da Unidade de Tecnologia de Alimentos e Saúde Pública (UTASP) da UFMS. As seguintes determinações foram realizadas, em triplicata, na formulação padrão e naquela com maior teor de INC (folhas e talos) e com aceitação sensorial semelhante a padrão: Umidade: Foi determinada em estufa a 105 °C até o peso constante (AOAC, 2012); Cinzas: Foram analisadas em mufla (550 °C) (AOAC, 2012); Lipídios totais: Utilizou-se o método de extração à quente com extrator de Soxhlet e éter de petróleo (BRASIL, 2008); Proteínas: Foram avaliadas através do teor de nitrogênio total da amostra, pelo método Kjeldahl, determinado ao nível semimicro (AOAC, 2012). Utilizou-se o fator de conversão de nitrogênio para proteína de 6,25; Fibra alimentar total: O teor de fibra alimentar total foi determinado pelo método enzimático gravimétrico (AOAC, 2012; PROSCKY et al., 1984);

Carboidratos: A determinação de carboidratos dos produtos foi realizada através de

cálculo teórico (por diferença) nos resultados das triplicatas, conforme a fórmula: %

Carboidratos = 100 – (% umidade + % proteína + % lipídios + % cinzas + % fibra alimentar); Valor calórico: O total de calorias (kcal) foi calculado utilizando os

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seguintes valores: lipídios (8,37 kcal/ g), proteína (3,87 kcal/ g) e carboidratos (4,11 kcal/ g) (MERRIL, WATT, 1973).

2.6 Determinação do Valor Diário de Referência (VD)

O VD foi calculado em relação a 40 g da amostra com base nos valores preconizados para crianças de 7 a 10 anos (DRI, 2005). Os nutrientes foram avaliados pelo cálculo médio dos provadores, resultando em: 1.979,63 kcal/ dia, 269,74 g/ dia de carboidratos, 68,76 g/ dia de proteínas, 72,67 g/ dia de lipídeos e 12,81 g/ dia de fibra alimentar.

2.7 Questões éticas

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICENTRO, parecer número nº 49549/2012. Entretanto, como critérios de exclusão foram considerados os seguintes fatores: possuir alergia a algum ingrediente utilizado na elaboração dos produtos, não ser aluno da escola em questão ou não entregar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelo responsável legal. Destaca-se que no TCLE, os ingredientes dos produtos foram discriminados individualmente, para que os responsáveis pudessem averiguar possíveis alergias alimentares das crianças e, assim, evitar sua participação na pesquisa.

2.8 Análise Estatística

Os dados foram analisados com auxílio do software Statgraphics Plus®, versão 5.1, através da análise de variância (ANOVA), sendo que a comparação de médias foi realizada pelo teste de Tukey e t de student, com nível de 5% de significância.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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A Tab. 1 apresenta as médias do teste sensorial afetivo, intenção de compra e índice de aceitabilidade das tortas integrais adicionadas de INC (folhas e talos de vegetais).

Tabela 1. Médias do teste sensorial afetivo, intenção de compra e índice de

aceitabilidade (IA) realizados para as formulações de torta integral padrão (F1) e adicionadas de 7,75% (F2), 15,5% (F3), 23,25% (F4) e 31,0% (F5) de ingredientes não convencionais (folhas e talos de vegetais)

Formulações/ F1 F2 F3 F4 F5

Atributos Média±EPM Média±EPM Média±EPM Média±EPM Média±EPM

Aparência 5,52±0,22a 5,53±0,19a 5,20±0,19a 5,24±0,19a 5,53±0,22a IA (%) 78,85 79,00 74,42 74,85 79,00 Aroma 5,52±0,22a 5,45±0,21a 5,22±0,20a 5,20±0,20a 5,69±0,17a IA (%) 78,86 77,86 74,57 74,28 81,28 Sabor 5,62±0,21a 5,53±0,21a 5,31±0,23a 5,31±0,21a 5,65±0,22a IA (%) 80,28 79,00 75,86 75,86 80,71 Textura 5,60±0,22a 5,55±0,18a 5,33±0,19a 5,27±0,20a 5,43±0,21a IA (%) 80,00 79,28 76,14 75,28 77,57 Cor 5,69±0,17a 5,70±0,19a 5,38±0,20a 5,33±0,23a 5,67±0,20a IA (%) 81,28 81,43 76,86 76,14 81,00 Aceitação global 4,22±0,14a 4,22±0,13a 3,98±0,16a 3,65±0,17a 4,17±0,15a IA (%) 84,40 84,40 79,60 73,00 83,40 Intenção de compra 3,96±0,17a 4,14±0,15a 3,88±0,17a 3,89±0,15a 3,96±0,16a

*Letras diferentes na linha indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05); EPM: erro padrão da média; F1: padrão; F2: 7,75% de folhas e talos; F3: 15,5% de folhas e talos; F4: 23,25% de folhas e talos; F5: 31% de folhas e talos.

Não houve diferença significativa entre as formulações em nenhum dos atributos avaliados, bem como aceitação global e intenção de compra. Assim, o aproveitamento das folhas e talos de vegetais na elaboração de tortas torna-se uma possibilidade viável, já que obteve aceitação sensorial semelhante ao produto padrão, quando avaliada por crianças em idade escolar. Resultados semelhantes foram verificados por Roriz (2012) que avaliou torta salgada com aproveitamento integral de vegetais (21%), sendo cascas e polpas de abobrinha italiana e chuchu,

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talos e folhas de brócolis e talos de couve, entre crianças, adultos e idosos. Destaca-se que para o quesito aparência, foi possível obDestaca-servar nos bolos uma boa proporção na distribuição dos talos e folhas após o processo de cocção.

Todas as formulações de torta integral apresentaram IA acima de 70%, considerado como boa aceitação sensorial (DUTCOSKI, 2011). Resultados similares entre adultos foram verificados por Storck et al. (2013), que avaliaram diversas preparações contendo cascas, talos, sementes e folhas de frutas e vegetais, onde 77% das preparações obtiveram IA acima de 70%. Deve-se ressaltar que a boa aceitabilidade das amostras da presente pesquisa evidencia um possível sucesso de comercialização. No momento da compra a cor está intrinsecamente associada à escolha do alimento, pois o consumo se inicia pela aparência e, consequentemente, pela cor. Diante disso, os altos IA’s observados para as tortas adicionadas de folhas e talos, principalmente no atributo cor, elevam a possibilidade de compra dos produtos pelas crianças.

Na Fig. 1 pode-se verificar a distribuição dos provadores pelos valores hedônicos para cada atributo sensorial.

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Figura 1. Distribuição dos provadores pelos valores hedônicos obtidos na avaliação

dos atributos aparência, aroma, sabor, textura, cor e aceitação global das formulações de torta integral padrão (F1) e adicionadas de 7,75% (F2), 15,5% (F3), 23,25% (F4) e 31,0% (F5) de folhas e talos.

A maioria das notas obtidas para os atributos, aparência, aroma, sabor, textura e cor encontra-se acima de 5 ("bom"), o que mostra que as formulações em geral foram bem aceitas pelas crianças. Já para o teste de aceitação global, as notas permaneceram acima de 4 (“gostei”), a qual também é favorável ao consumo dos produtos. Resultados que corroboram com Storck et al. (2013), que obtiveram notas acima de 5 (“gostei”) para aceitação global em uma escala de 7 pontos.

A alta aceitabilidade dos produtos pode colaborar para uma alimentação mais saudável ao público infantil, uma vez que contribui para a formação de bons hábitos alimentares; prevenção da desnutrição e melhora do sistema imune, devido ao elevado aporte de nutrientes; regularização do trânsito intestinal, através da alta

0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 (% )

Notas para Aparência

F1 F2 F3 F4 F5 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 (% )

Notas para Aroma

F1 F2 F3 F4 F5 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 (% )

Notas para Sabor

F1 F2 F3 F4 F5 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 (% )

Notas para Textura

F1 F2 F3 F4 F5 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 (% )

Notas para Cor

F1 F2 F3 F4 F5 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 (% ) Notas para AG F1 F2 F3 F4 F5

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quantidade de fibras e; aumento na absorção de minerais como ferro e cálcio (SOUZA, MAREGA, COUTINHO, 2009).

Atributos como o aroma e sabor são, provavelmente, as características mais importantes que influenciam as propriedades sensoriais de produtos alimentícios (MAURO, SILVA, FREITAS, 2010). Em razão disso, a amostra F5 (31%) foi selecionada para fins de comparação, juntamente com a padrão (F1), por ser aquela com o maior teor de talos e folhas e com aceitação semelhante a padrão.

3.2 Composição físico-química

Na Tab. 2, observa-se a composição físico-química e valores diários recomendados (VD) da torta padrão e acrescidos de 31% de INC (folhas e talos de vegetais), comparados com um produto referência.

Tabela 2. Composição físico-química e valores diários recomendados – VD* (porção

média de 40 gramas) da torta padrão (F1) e adicionado de 31% de ingredientes não convencionais (folhas e talos de vegetais) (F5), comparadas com um produto referência**

F1 F5 Referência**

Avaliação Média±DP VD (%)* Média±DP VD (%)*

Umidade (%) 68,18±0,03a ND 66,61±0,05b ND ND Cinzas (g.100g-1)*** 1,55±0,08b ND 2,30±0,05a ND ND Proteínas (g.100g-1)*** 4,93±0,03a 2,87 5,23±0,03a 3,04 3,18 Lipídios (g.100g-1)*** 13,81±0,08a 7,60 14,26±0,01a 7,85 7,92 Carboidratos (g.100g-1)*** 11,53±0,56a 1,71 11,60±0,43a 1,72 9,00 Calorias (kcal.100g-1)*** 182,05±0,80a 3,68 187,27±0,90a 3,78 122,50 Fibra alimentar (g.100g-1)*** 5,14±0,08a 16,05 4,04±0,05b 12,65 ND Letras diferentes na linha indicam diferença significativa pelo teste de t de student (p<0,05); *VD: nutrientes avaliados pela média da DRI(2005), com base numa dieta de 1.979,63kcal/ dia; **Valores comparados com “torta integral” (ALVES et al., 2007); ***Valores calculados em base úmida; DP: desvio padrão da média; ND: não disponível.

Maiores teores (p<0,05) de umidade foram verificados em F1. Entretanto, maiores conteúdos médios de cinzas foram observados em F2, uma vez que a quantidade de minerais que compõe as folhas e talos (1,17%) é superior aos alimentos sem talos (0,76%) (STORCK et al., 2013). Resultados que corroboram com estudos de Malucelli et al. (2010) que avaliaram nhoque enriquecido com farinha de resíduo de brócolis (0,76%).

Não houve diferença significativa entre os teores de proteínas, lipídios, carboidratos e calorias entre as formulações F1 e F5, concordando com avaliações

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de Malucelli et al. (2010). Esse fato se deve as quantidades médias similares desses nutrientes nas polpas (2,46% de proteínas, 0,20% de lipídios e 6,53% de carboidratos) e talos e folhas (2,64% de proteínas, 0,25% de lipídios e 2,93% de carboidratos) (STORCK et al., 2013).

Destaca-se como principal resultado desse estudo a quantidade de fibras observada nas amostras. Apesar da formulação padrão ter apresentado maior quantidade de fibra que F5 (p<0,05), alimentos como cascas, talos, folhas, etc, geralmente descartados, são fontes de fibras (STORCK et al., 2013), o que pode ser comprovado no presente trabalho. Ressalta-se que, devido ao baixo consumo de fibras pelo público infantil (PONTES et al., 2009), os produtos adicionados de vegetais, talos e folhas tornam-se também ótimas opções para uma dieta equilibrada. De acordo com a RDC nº 54, de 12 de novembro de 2012 (BRASIL, 2012), um produto é considerado como fonte de fibra alimentar quando apresentar no mínimo 3% e com alto teor no mínimo 6%. Assim, pode-se considerar F1 e F5 como produtos com alto teor de fibras alimentares.

4. CONCLUSÕES

O desenvolvimento de tortas salgadas integrais permitiu comprovar que um nível de adição de até 31% de INC (folhas e talos de vegetais), foi bem aceito pelos provadores infantis, obtendo-se aceitação sensorial semelhante ao produto padrão.

A adição de 31% de folhas e talos em tortas elevou a concentração de cinzas e reduziu em pequena quantidade o teor de fibra alimentar. Porém, as amostras podem ser consideradas com alto teor em fibras, conforme a legislação vigente. Assim sendo, os talos e folhas de vegetais podem ser classificados como ingredientes em potencial para adição em tortas e similares, podendo ser oferecidos aos consumidores infantis com altas expectativas de aceitação no mercado.

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Recebido em 27/04/2015. Aceito em 29/08/2015.

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Tabela  1.  Médias  do  teste  sensorial  afetivo,  intenção  de  compra  e  índice  de  aceitabilidade  (IA)  realizados  para  as  formulações  de  torta  integral  padrão  (F1)  e  adicionadas de 7,75% (F2), 15,5% (F3), 23,25% (F4) e 31,0% (F5) de  ingr
Figura 1. Distribuição dos provadores pelos valores hedônicos obtidos na avaliação  dos  atributos  aparência,  aroma,  sabor,  textura,  cor  e  aceitação  global  das  formulações de torta integral padrão (F1) e adicionadas de 7,75% (F2), 15,5% (F3),  23
Tabela 2. Composição físico-química e valores diários recomendados – VD* (porção  média de 40 gramas) da torta padrão (F1) e adicionado de 31% de ingredientes não  convencionais  (folhas  e  talos  de  vegetais)  (F5),  comparadas  com  um  produto  referê

Referências

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