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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Lusa e no Hospital Geral de Santo António (Centro Hospitalar do Porto, EPE)

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Farmácia Lusa - Paredes

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Lusa - Paredes

março a julho de 2018

Ana Catarina de Almeida Ferreira

Orientador: Dr. João Paulo Martins Correia

Tutora FFUP: Prof. Doutora Maria da Glória Correia da Silva Queiroz

(3)

iii

Ana Catarina de Almeida Ferreira

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de julho de 2018 Ana Catarina de Almeida Ferreira

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer à Comissão de Estágios da FFUP, sem a qual este estágio não teria sido concretizado, em particular à minha tutora, à Prof. Doutora Glória Queiróz por todas as sugestões, correções e disponibilidade praticamente imediata no que toca aos projetos desenvolvidos, o meu muito obrigado.

Ao Dr. João Paulo, o meu orientador de estágio, pela incansável orientação técnico-científica ao longo destes meses e por me despertar a sensibilidade necessária para as questões práticas.

À Dr.ª Liliana Morais, por todo o acompanhamento, pela clarificação de dúvidas, deteção de erros e por me ensinar a fazer mais e melhor como farmacêutica.

Ao André, à Dulcínia, à Cecília e ao Pedro, pelo constante apoio e disponibilidade demonstrados assim como pelo esclarecimento de todas as dúvidas e transmissão de várias informações e conhecimentos importantes.

E por último, mas não menos importante, agradeço à Dr.ª Andreia Magalhães, a minha companheira de estágio, pelo espírito de entreajuda e por não me ter deixado sentir tão perdida no início do estágio.

A todos os elementos da equipa da Farmácia Lusa, agradeço imenso pela simpatia e integração na equipa desde o primeiro dia.

Deixo ainda o meu sentido obrigado à minha família, em particular à minha mãe e à minha irmã, e aos meus amigos que sempre acreditaram em mim.

(5)

v Ana Catarina de Almeida Ferreira

“However difficult life may seem,

there is always something you can do and succeed at.”

Stephen Hawking

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Resumo

O presente relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária foi realizado no âmbito do Estágio Curricular realizado no 2º semestre do 5º ano do curso Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. O objetivo desta última fase académica consiste na aplicação prática dos conhecimentos teóricos adquiridos e a preparação para a nova etapa, a entrada no mercado de trabalho.

O relatório encontra-se dividido em duas partes:

A parte I tem como objetivo a descrição das atividades realizadas e dos conhecimentos adquiridos relacionados com Farmácia Comunitária, nomeadamente com a Farmácia Lusa de Paredes, onde o estágio foi realizado. O estágio, sob a orientação do Dr. João Paulo Correia, começou a 6 de março e terminou a 13 de julho de 2018, com a duração média de trinta e cinco horas semanais. Na parte I vão ser abordados vários tópicos que se encontram organizados em capítulos e subcapítulos. Os capítulos principais são: “Organização da Farmácia Lusa”, onde refiro a localização geográfica, as instalações físicas, o horário de funcionamento, os recursos humanos, as fontes de informação e o sistema informático utilizado na Farmácia Lusa; “Gestão de stocks”, onde menciono os fornecedores e as encomendas, a receção e validação destas, o armazenamento dos medicamentos e de outros produtos farmacêuticos, o controlo e registo dos psicotrópicos e estupefacientes, o controlo dos prazos de validade e as devoluções e quebras; “Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos”, onde distingo medicamentos sujeitos dos não sujeitos a receita médica e medicamentos originais de medicamentos genéricos, referindo a receção e validação da prescrição médica, o aconselhamento farmacêutico, o processo de indicação farmacêutica e ainda os conceitos adquiridos sobre conferência de receituário e faturação; “Outros cuidados de saúde prestados”, onde apresento o acordo com o Lar Irmandade da Misericórdia de Paredes, a determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos realizados na Farmácia Lusa e ainda outros serviços concretizados como administração de injetáveis e o VALORMED. Por fim, no capítulo “Atividades desenvolvidas” apresento o meu cunho pessoal sobre o estágio e sobre o papel que desempenhei no campo de cada um dos capítulos anteriores.

A parte II contém o desenvolvimento dos projetos realizados no âmbito deste estágio. Os temas foram surgindo ao longo do estágio quer por necessidade expressa da farmácia quer pela relevância na minha formação enquanto futura farmacêutica. Os projetos foram sendo efetuados pela ordem apresentada. Os temas desenvolvidos têm como títulos: “Antibióticos na Pediatria”, “Emagrecer Saudável”, “Acne: etiologia e tratamento” e “Estudo de Caso”. Em cada projeto está presente o enquadramento, objetivos, métodos, resultados e discussão. Os temas dos projetos são introduzidos por uma forte base científica e incluem sempre objetivos práticos de intervenção tanto a nível da população como a nível da própria farmácia.

(7)

vii Ana Catarina de Almeida Ferreira

Índice

Parte I -

Descrição da farmácia e das atividades desenvolvidas no estágio

... 1

1. Introdução ... 2

2. Organização da Farmácia Lusa ... 2

2.1. Localização geográfica ... 2 2.2. Instalações físicas ... 3 2.2.1. Espaço exterior ... 3 2.2.2. Espaço interior ... 3 2.3. Horário de funcionamento ... 4 2.4. Recursos humanos... 5 2.5. Fontes de informação ... 5 2.6. Sistema informático ... 5 3. Gestão de stocks ... 5 3.1. Fornecedores e encomendas ... 6

3.2. Receção e validação de encomendas ... 7

3.3. Armazenamento dos medicamentos e produtos farmacêuticos ... 7

3.4. Controlo e registo de psicotrópicos e estupefacientes... 7

3.5. Controlo de prazos de validade ... 8

3.6. Devoluções e quebras ... 8

4. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos ... 9

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 9

4.1.1. Receção e validação da prescrição médica ... 9

4.1.2. Medicamentos originais e medicamentos genéricos ... 10

4.1.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 10

4.1.4. Regimes e complementaridades de comparticipação ... 11

4.1.5. Aconselhamento farmacêutico... 12

4.1.6. Conferência de receituário e faturação ... 12

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ... 12

4.2.1. Indicação farmacêutica e automedicação ... 13

4.3. Medicamentos manipulados ... 13

4.4. Outros produtos farmacêuticos ... 13

4.4.1. Medicamentos e produtos veterinários ... 13

4.4.2. Suplementos alimentares ... 14

4.4.3. Produtos fitofarmacêuticos ... 14

4.4.4. Produtos cosméticos e de higiene corporal ... 14

4.4.5. Artigos de puericultura ... 14

(8)

5.1. Lar Irmandade da Misericórdia de Paredes ... 14

5.2. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos ... 15

5.1.1. Peso, altura e índice de massa corporal ... 15

5.1.2. Pressão arterial ... 15 5.1.3. Glicémia capilar ... 16 5.1.4. Perfil lipídico ... 16 5.1.5. Teste de gravidez ... 16 5.3. Administração de injetáveis ... 16 5.4. VALORMED ... 17

6. Atividades desenvolvidas durante o estágio ... 19

7. Conclusão ... 19

Parte II -

Temas dos projetos realizados no âmbito do estágio

... 20

1. TEMA I - Antibióticos na Pediatria ... 21

1.1. Enquadramento ... 21

1.2. Objetivos e métodos ... 23

1.3. Resultados ... 24

1.4. Discussão e conclusão ... 24

2. TEMA II - Emagrecer Saudável ... 26

2.1. Enquadramento ... 26 2.1.1. Tratamento farmacológico ... 27 2.1.2. Tratamento dietético ... 28 2.2. Objetivos e métodos ... 31 2.3. Resultados ... 32 2.4. Discussão e conclusão ... 32

3. TEMA III - Acne: etiologia e tratamento... 33

3.1. Enquadramento ... 33

3.1.1. Etiologia ... 33

3.1.2. Classificação da acne ... 34

3.1.3. Tratamento farmacológico ... 35

3.1.4. Cuidados com a pele acneica ... 37

3.2. Objetivos e métodos ... 37

3.3. Resultados ... 38

3.4. Discussão e conclusão ... 38

4. TEMA IV – Estudo de caso ... 39

4.1. Enquadramento ... 39

4.2. Objetivos e métodos ... 39

4.3. Resultados ... 40

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ix Ana Catarina de Almeida Ferreira

Referências Bibliográficas ... 42

Anexos ... 47

Índice de Figuras

Figura 1 - Localização geográfica e instalações exteriores da Farmácia Lusa em Paredes (Porto). ... 2

Figura 2 - Consumo de antibióticos sistémicos numa população pediátrica.... ... 21

Figura 3 - Estrutura química da amoxicilina………...22

Figura 4 - Estrutura química do ácido clavulânico………...22

Figura 5 - Distribuição de resultados à pergunta 3 do inquérito sobre o projeto “Antibióticos na Pediatria”…….24

Figura 6 - Estrutura química do orlistato………... 27

Figura 7 - Embalagem do medicamento contendo orlistato: BEACITA®e o respetivo blister...27

Figura 8 - Embalagem do BIOACTIVO SLIM DUO® e blisters das cápsulas moles e dos comprimidos…...28

Figura 9 - Estruturas químicas do ácido linoleico conjugado ... 29

Figura 10 - Folículo pilossebáceo.... ... 33

Figura 11 - Evolução das lesões acneicas...34

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Horário de funcionamento da Farmácia Lusa. ... 4

Tabela 2 - Possíveis produtos presentes numa farmácia. ... 9

Tabela 3 - Interpretação dos valores de índice de massa corporal ... 15

Tabela 4 - Interpretação dos valores de pressão arterial.. ... 16

Tabela 5 - Cronograma das atividades e tarefas desenvolvidas na Farmácia Lusa... 18

Tabela 6 - Designação dos antibióticos em suspensão oral com amoxicilina e ácido clavulânico. ... 23

Tabela 7 - Suplementos alimentares mais utilizados para redução do peso corporal ... 28

Tabela 8 - Resultados do seguimento da utente no projeto "Emagrecer Saudável". ... 32

Tabela 9 - Gravidade da acne de acordo com a descrição das lesões acneicas. ... 34

Lista de Abreviaturas

AB ADSE AG AIM Antibiótico

Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado Ácidos gordos

(10)

AINE ANF BPF CC CLA CNP DCI DGS DM DT EGCG EMA FDA FEFO FIFO HDL HTA IMC INE MG

Anti-inflamatórios não esteroides Associação Nacional de Farmácias Boas Práticas Farmacêuticas Cartão de Cidadão

Conjugated linoleic acid

Código Nacional do Produto

Denominação Comum Internacional Direção-Geral da Saúde

Diabetes mellitus Diretor-Técnico

Epigallocatechin gallate European Medicines Agency Food and Drug Administration First Expired First Out

First In First Out High-density lipoprotein

Hipertensão arterial Índice de massa corporal Instituto Nacional de Estatística Medicamentos genéricos MNSRM

MO

Medicamentos não sujeitos a receita médica Medicamentos originais MSRM OMS PIC PPAR PRM PV PVA PVF PVP RCM RNM RRL SAMS SI SNS TSDT VIL

Medicamentos sujeitos a receita médica Organização Mundial da Saúde

Preço impresso na caixa

Peroxisome proliferator-activated receptor

Problemas relacionados com os medicamentos Prazo de validade

Preço de venda ao armazém Preço de venda à farmácia Preço de venda ao público

Resumo das Caraterísticas do Medicamento

Resultados negativos associados aos medicamentos Relação Resumo de Lotes

Serviços de Assistência Médico Social Sistema informático

Serviço Nacional de Saúde

Técnico superior de diagnóstico e terapêutica Verbete de Identificação do Lote

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1

Ana Catarina de Almeida Ferreira

Parte I

Descrição da farmácia e das atividades

desenvolvidas no estágio

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1. Introdução

As farmácias e os farmacêuticos são considerados elementos essenciais na prestação de cuidados de saúde devido ao caráter indispensável do medicamento. Na Europa, a Farmácia de Oficina tem sido alvo de fortes regulações, o que denota a sua importância crescente a nível da sociedade. As farmácias são o centro da dispensa de medicamentos e do aconselhamento sobre a sua utilização, de modo a haver um uso racional do medicamento, acompanhado da correta adesão terapêutica [1]. Estes estabelecimentos são os locais de eleição para a monitorização dos resultados clínicos dos fármacos, com o intuito de se reduzir a elevada morbilidade e mortalidade registada em algumas patologias que provocam imensos gastos económicos para o sistema de saúde [2].

Os farmacêuticos são profissionais de saúde cujo compromisso profissional consiste em assegurar que os doentes obtenham o máximo benefício terapêutico dos tratamentos farmacológicos de que são alvo [3]. Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) para a Farmácia Comunitária, “a principal responsabilidade do farmacêutico é a saúde e o bem-estar do doente e do cidadão em geral, promovendo o direito a um tratamento com qualidade, eficácia e segurança” [3]. As BPF são concretizadas quando há resposta às necessidades dos utentes que procuram os serviços farmacêuticos. De acordo com estas normas, o farmacêutico desempenha quatro papéis diferentes: (i) preparar, obter, armazenar, proteger, distribuir, administrar e rejeitar produtos farmacêuticos, (ii) contribuir para uma gestão farmacoterapêutica eficaz, (iii) manter e melhorar o seu desempenho profissional e (iv) contribuir para a melhoria da eficácia do sistema de saúde e da saúde pública [3].

Para além dos medicamentos, a atividade das farmácias tem sido alargada a outros aspetos relacionados com a saúde e o bem-estar de humanos e animais, assim como a outros cuidados de saúde, como a realização de testes laboratoriais, administração de injetáveis e acompanhamento farmacoterapêutico de doenças crónicas [1].

2. Organização da Farmácia Lusa

Uma farmácia deve apresentar instalações, equipamentos e fontes de informação adequados, para o farmacêutico possuir as ferramentas necessárias para prestar cuidados de saúde de elevada qualidade técnico-científica [2].

2.1. Localização geográfica

A Farmácia Lusa localiza-se no centro do conselho de Paredes, na Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro nº287 4580-104, situado no distrito do Porto (Figura 1).

(13)

3 Ana Catarina de Almeida Ferreira

Encontra-se junto a habitações e perto do Centro de Saúde, do Hospital da Misericórdia de Paredes, de escolas e da estação de comboio. A zona movimentada permite assim uma constante afluência à farmácia ao longo do dia.

2.2. Instalações físicas

2.2.1. Espaço exterior

De acordo com a legislação em vigor, as farmácias devem permitir o acesso às suas instalações a todos os utentes, incluindo portadores de deficiências [4]. O acesso à Farmácia Lusa pode ser realizado, conforme o Anexo 1, pela esquerda através de escadas ou pela direita que permite a entrada de doentes deficientes motores, por se encontrar ao nível da rua.

Ainda do lado exterior da Farmácia Lusa, é visível o nome desta, do Diretor-Técnico (DT), o horário de funcionamento e a farmácia do município que se encontra atualmente em serviço de regime noturno. A instalação apresenta a caraterística “cruz verde”, que deve estar ligada nas noites em que a farmácia faz serviço. São realizadas montras de aspeto profissional que contêm informação para os utentes e o nome da instalação inclui a palavra “farmácia”. Todos estes aspetos vão ao encontro dos requisitos estipulados [2,4].

Para além disto, existem dois lugares de estacionamento reservados para os clientes da Farmácia Lusa em frente à farmácia e dois lugares para deficientes, de seguida. Por fim, existe também um postigo utilizado no atendimento noturno aquando das semanas de serviço noturno.

2.2.2. Espaço interior

No interior, é essencial que as instalações sejam as adequadas de modo a garantir a segurança, conservação e, quando necessário, a preparação dos medicamentos. Para além disso, devem garantir a “acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes” e da equipa da farmácia [4]. Deste modo, as farmácias devem ser constituídas pelas seguintes divisões: sala de atendimento ao público, armazém, laboratório e instalações sanitárias [4]. A Farmácia Lusa apresenta todas estas divisões na sua estrutura (Anexo 2). Para além destas divisões, é de salientar a existência anexa de um gabinete para atendimento farmacêutico personalizado, que vai ao encontro das BPF, com o objetivo de permitir maior confidencialidade e a prestação de outros serviços farmacêuticos [2].

Na sala de atendimento ao público encontram-se cadeiras para os utentes e/ou acompanhantes na zona de espera, prateleiras com produtos farmacêuticos e quatro balcões de atendimento [2]. Atrás dos balcões de atendimento encontram-se os principais medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), alguns produtos veterinários, assim como alguns produtos de dermofarmácia e cosmética, nomeadamente champôs. Também existem expositores de MNSRM entre os balcões de modo a proporcionar a maior privacidade e confidencialidade possível ao atendimento. Nos próprios balcões existem gavetas com produtos que são dispensados com elevada frequência, como medicamentos contendo paracetamol, antigripais ou contracetivos orais. Na zona de espera, há uma secção de produtos cosméticos e de higiene corporal e uma secção de puericultura. Ao centro, existem ainda expositores de determinadas marcas, como COREGA® e DR. SCHOLL’S®.

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No armazém “as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação das zonas de armazenamento devem respeitar as exigências específicas dos medicamentos, de outros produtos farmacêuticos, químicos, matérias-primas e materiais de embalagem” [2]. Na Farmácia Lusa, no espaço destinado ao armazenamento de medicamentos e outros produtos farmacêuticos encontra-se uma bancada com um leitor ótico, uma impressora de códigos de barras para marcação de preços, um computador de modo a possibilitar a entrada de encomendas no sistema informático (SI) e uma prateleira com diversas capas de arquivo, para o registo de dispensa de psicotrópicos e estupefacientes, registo de dispensa de medicamentos veterinários, registo de devoluções... Existem 2 estantes para armazenamento de medicamentos genéricos (MG), organizados por ordem alfabética, 3 estantes para os medicamentos de marca ou medicamentos originais (MO) igualmente organizadas, sendo que os xaropes e suspensões orais se encontram nas prateleiras inferiores devido ao seu peso. E ainda outras 2 estantes para armazenamento dos MNSRM ou de venda livre. Para além disso, há um frigorífico para armazenamento dos produtos que necessitem de condições de conservação entre os 2 e 8ºC. Por fim, ainda neste espaço encontra-se uma porta com ligação ao exterior por onde entram as encomendas, de modo a não interferir com o atendimento ao público e a sala de espera dos utentes.

Entre o armazém e o local de atendimento existe uma zona que permite um acesso mais fácil aos medicamentos a dispensar. Estes encontram-se em gavetas, organizados por ordem alfabética. As ampolas bebíveis encontram-se nas gavetas superiores e os xaropes nas gavetas inferiores. Os medicamentos são regularmente repostos nas gavetas. É de salientar que existem algumas gavetas especiais: para armazenamento dos produtos do “Protocolo Controlo Diabetes Mellitus” (DM), para psicotrópicos e estupefacientes, produtos veterinários e chás. Existe ainda um laboratório destinado à preparação de manipulados.

Para se observarem as condições necessárias à correta conservação dos medicamentos, as farmácias devem de apresentar equipamentos de medição e registo de temperatura e humidade [2,4]. Conforme o estipulado, a Farmácia Lusa tem 2 termo-higrómetros, um no frigorífico e outro no armazém, que permitem a realização desta medição. É efetuado o registo da medição destas grandezas de duas em duas semanas, sendo os dados posteriormente arquivados.

2.3. Horário de funcionamento

A Farmácia Lusa encontra-se aberta e disponível a receber os utentes segundo o horário de funcionamento descrito na Tabela 1. A semana de serviço ocorre uma vez por mês.

Tabela 1 - Horário de funcionamento da Farmácia Lusa.

Segunda a sexta-feira (Dias úteis) 8h30-22h30

Sábados 9h-20h30

Domingos 9h30-13h e 14h30-21h

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5 Ana Catarina de Almeida Ferreira

2.4. Recursos humanos

De acordo com a legislação, cada farmácia deve apresentar pelo menos 2 farmacêuticos no quadro, de modo a estar sempre presente um destes profissionais de saúde na farmácia [4].

O DT, obrigatoriamente um farmacêutico, é normalmente o responsável pela gestão da farmácia e por todos os atos farmacêuticos realizados [4]. Este integra uma equipa juntamente com farmacêuticos e técnicos de farmácia ou técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica (TSDT), todos sob a sua orientação e responsabilidade [4].

A equipa da Farmácia Lusa é constituída por 6 elementos, 2 farmacêuticos (o DT da farmácia, o Dr. João Paulo Correia e a Dr.ª Liliana Morais), cumprindo assim os requisitos legais [4]. É também composta por quatro TSDT: Cecília Campos, Pedro Moreira, Dulcínia Magalhães e André Moreira. No dia-a-dia, todos utilizam um cartão de identificação com nome e título profissional, obrigatório para quem desempenha funções de atendimento ao público nas farmácias [4].

2.5. Fontes de informação

Segundo as BPF, “o farmacêutico deve dispor de fontes de informação sobre medicamentos” [2]. No processo de dispensa clínica, o farmacêutico pode consultar fontes de informação sobre indicações, contraindicações, interações, posologia e precauções a ter com o medicamento em questão, de modo a exercer o melhor atendimento e aconselhamento possível [2]. As fontes de caráter obrigatório são o Prontuário Terapêutico e o Resumo das Caraterísticas do Medicamento (RCM) [2]. Para além destas, no gabinete de atendimento personalizado na Farmácia Lusa encontram-se várias fontes bibliográficas, sendo de destacar o The Merck Index, o Simposium Terapêutico e a Farmacopeia Portuguesa 8.0.

2.6. Sistema informático

Os programas informáticos, nomeadamente a nível da farmácia, devem ser “concebidos, implementados e validados de forma a evitar erros e a respeitar a confidencialidade dos dados” [2]. Nos computadores da Farmácia Lusa está instalado o programa SIFARMA2000®. Para além de facilitar e permitir o atendimento, presta um grande auxílio na gestão da farmácia, nomeadamente no controlo de stocks.

3. Gestão de stocks

É imprescindível que o DT seja um bom gestor, de modo a conseguir o melhor preço dos medicamentos e produtos farmacêuticos, tanto para os clientes como para a farmácia, a fim de garantir a sustentabilidade financeira desta. A gestão de stocks dos produtos deve ser realizada com o objetivo de satisfazer as necessidades dos utentes [2]. É necessário ter em atenção os produtos vendidos e pedidos pelos doentes, de acordo com o perfil de clientes visitado pela farmácia, assim como a época do ano e até mesmo as publicidades do momento.

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) apresentam um preço de venda ao público (PVP) que é fixo para todas as farmácias, o chamado preço impresso na caixa (PIC). Já com o PVP

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dos MNSRM, é a farmácia, nomeadamente o seu DT, que estabelece a margem que irá constituir o lucro da farmácia. Para tal, é aplicado um cálculo de percentagem sobre o valor pelo qual a farmácia adquiriu o produto, o preço de venda à farmácia (PVF).

3.1. Fornecedores e encomendas

Os medicamentos só podem ser adquiridos a laboratórios e distribuidores grossistas autorizados pelo INFARMED [4].

Ao adquirir determinado produto, o DT ou o funcionário incumbido pelo ato de compra deve ter a certeza que o que compra se encontra de acordo com os requisitos de compra especificados, os requisitos de qualidade da farmácia e os requisitos legais [2]. É igualmente importante o controlo e inventário das compras, através do registo de notas de encomenda, de entradas e saídas para consumo e o registo de lotes e prazos de validade (PV), sempre que aplicável [2].

O principal distribuidor grossista, fornecedor ou armazenista da Farmácia Lusa é a OCP Portugal, Produtos Farmacêuticos, S.A., sendo também frequente a distribuidora Empifarma, Produtos Farmacêuticos, S.A. ou a Phf, Produtos Hospitalares e Farmacêuticos, Lda. A escolha dos fornecedores tem em conta vários aspetos como os preços, bonificações, descontos, rapidez e número das entregas.

São realizadas encomendas várias vezes por dia. Existem encomendas diárias à OCP Portugal, nas quais se pedem os produtos que foram sendo vendidos na farmácia. De segunda à sexta, são realizadas quatro encomendas diárias que chegam à farmácia por volta das 9:30h, 11:55h, 15:05h e 19:20h. Ao domingo, existe apenas uma encomenda que chega por volta das 16:30h.

O SIFARMA2000® analisa os produtos cujo stock desceu da quantidade mínima estipulada, reunindo-os automaticamente numa lista. Quanto à quantidade a encomendar, o SI aconselha determinado número e o DT ou outra pessoa responsável por enviar o pedido ao fornecedor, pode alterar a quantidade consoante a rotação ou número de saídas do produto por mês, facilmente visualizado graficamente no programa. O pedido das encomendas diárias é normalmente realizado pelo Dr. João Paulo. Simultaneamente com os atendimentos, também são realizadas as encomendas manuais, que consistem em determinados produtos não disponíveis na farmácia naquele momento, mas que são solicitados pelos clientes. A falta de disponibilidade pode dever-se ao facto de o produto ter baixa rotação na farmácia ou a estar ou ter estado esgotado. As encomendas manuais são realizadas também à OCP Portugal: via chamada telefónica, via aplicação OCP Gadget, também instalado nos computadores da Farmácia Lusa, ou ainda via SIFARMA2000® através da opção “Encomenda Instantânea”, disponível na “Ficha do Produto” em questão.

Existem ainda outras compras em maior quantidade que ocorrem com menor periodicidade, como é o caso das encomendas de reforço, principalmente de MG (produtos de elevada rotação na farmácia), produtos de cosmética e higiene corporal, artigos de puericultura e também MNSRM. Estas encomendas permitem garantir o stock a longo prazo. São encomendas efetuadas diretamente aos laboratórios, muitas vezes realizadas através de delegados de informação médica.

(17)

7 Ana Catarina de Almeida Ferreira

3.2. Receção e validação de encomendas

Independentemente do fornecedor, ao receber uma encomenda, é entregue uma guia de faturação composta por dois documentos: um original e outro duplicado. Na fatura vem enumerado os produtos encomendados (nome comercial, dosagem e forma farmacêutica), vem discriminado as quantidades pedidas, as quantidades que realmente chegam na encomenda, o PVF, o IVA, o lote do produto, o número da caixa em que se encontra, entre outros. O PVF representa o gasto da farmácia ao adquirir determinado produto ao armazém. Já o preço de venda ao armazém (PVA) consiste no valor de compra do produto pelo distribuidor ao laboratório. Alguns descontos no PVF são realizados a partir do PVA.

Segundo as BPF, ao rececionar a encomenda no SIFARMA2000®, deve sempre ser confirmado o fornecedor, verificar se os produtos rececionados vêm em boas condições e controlar os PV [2]. A receção é feita por leitura ótica do código de barras correspondente ao Código Nacional do Produto (CNP) ou à introdução manual deste. Antes de concluir a receção dos produtos, deve ser realizado o acerto do PVF no SI em relação ao estipulado na fatura, assim como a margem adotada para os produtos de venda livre e as condições dos descontos realizados. No final, é necessário que o SIFARMA2000® assuma o mesmo valor final que o da fatura. Após conclusão da receção da encomenda, caso algum medicamento se encontre esgotado, deve ser encomendado a outro fornecedor, de modo a que a farmácia o consiga adquirir a partir do momento que se encontre disponível. De acordo com legislação, há obrigatoriedade na indicação do PVP na rotulagem dos medicamentos [5]. Deste modo, nos MNSRM, a farmácia deve colocar uma etiqueta com o preço correspondente.

3.3. Armazenamento dos medicamentos e produtos farmacêuticos

Após entrada dos medicamentos e produtos farmacêuticos no SI, é necessário proceder ao seu armazenamento. O correto armazenamento facilita posteriormente a dispensa. A Farmácia Lusa segue as metodologias First Expired First Out (FEFO) e First In First Out (FIFO). Os produtos do armazém cujo PV se encontra mais próximo devem ser os primeiros a ser dispensados, ou seja, devem ser os primeiros a ir para as gavetas (FEFO). No armazém, existe o cuidado de colocar os produtos que acabaram de chegar atrás ou em baixo dos que já lá existiam iguais. Nas gavetas, como ao dispensar medicamentos a regra é retirar os produtos que se encontram na parte mais externa, a arrumação é realizada de dentro para fora, de modo a que as embalagens mais antigas sejam dispensadas primeiro do que as mais recentes, mesmo dentro do mesmo PV (FIFO).

Os medicamentos que assim o exijam, como vacinas e insulinas, são armazenados no frigorífico do armazém. Esta arrumação deve ser realizada o mais rapidamente possível após a chegada da encomenda à farmácia, de modo a que se garanta a qualidade, segurança e eficácia destes produtos.

3.4. Controlo e registo de psicotrópicos e estupefacientes

Em cada farmácia deve ser nomeado um farmacêutico para ser o responsável pela rotação dos psicotrópicos e estupefacientes, sendo que os documentos do controlo destes fármacos devem ser

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devidamente arquivados [2]. No caso de a encomenda envolver medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, associado a guia de faturação encontra-se o documento correspondente à requisição destes fármacos. Este documento tem que ser carimbado, assinado e datado por um farmacêutico com inscrição regularizada na Ordem dos Farmacêuticos. Na Farmácia Lusa, a responsável por esta tarefa é a Dr.ª Liliana Morais.

3.5. Controlo de prazos de validade

O controlo de PV dos medicamentos e outros produtos farmacêuticos é fundamental, uma vez que “as farmácias não podem fornecer medicamentos ou outros produtos que excedam o PV”[4]. De modo a realizar este controlo, no momento da receção da encomenda perante um produto não existente em stock, é introduzido ou atualizado o seu PV. A Farmácia Lusa também emite, no início de todos os meses, listas com o stock dos produtos cujos PV terminam no final do mês seguinte. Após a confirmação manual do stock e do PV, estes produtos têm que ser retirados e devolvidos ao fornecedor. Caso o PV for afinal superior, anota-se o PV mais recente de todas as embalagens do referido stock e procede-se à atualização destes prazos no SIFARMA2000®. Excecionalmente, os produtos do “Protocolo Controlo DM” devem ser devolvidos 3 meses antes em relação ao seu PV. No final, as listas são arquivadas numa capa para o devido efeito.

3.6. Devoluções e quebras

Para além de casos com o PV expirado, as devoluções são motivadas por erros no pedido, por incongruências na entrega (produto pedido que não coincide com o rececionado, por exemplo) ou quando o produto se encontra danificado ou é retirado do mercado. Os produtos que estejam à espera da realização da devolução ao fornecedor ou encaminhamento para destruição devem estar separados e devidamente identificados [4]. Ao realizar uma devolução no SI, é necessário ter em atenção as duas datas a ser preenchidas no menu em questão do SI: a data na qual se está a realizar a devolução e a data à qual se irá efetuar o transporte do produto devolvido. É necessário incluir uma das razões já disponíveis no SI para realização da devolução. No final, são impressas três cópias sendo que o original e o duplicado vão para o fornecedor ao qual irá ser devolvido o produto e o triplicado fica na farmácia (armazenado no dossier “Devoluções não regularizadas”). Todas as cópias do documento da devolução devem ser carimbadas, assinadas e datadas. Quando o erro é da parte do fornecedor, a devolução tem de ser acompanhada por um número de reclamação transmitido via telefone após contacto com o distribuidor em questão. Se aceites, as devoluções ao fornecedor regularizam-se através de notas de crédito ou através de produtos, sendo que a economia da farmácia não fica afetada.Quando as devoluções não são aceites é necessário registar as quebras, que representam um prejuízo da farmácia. Os produtos indicados como quebra já não podem ser vendidos, pois o seu PV já terminou, estão danificados ou sob outra condição que impede a sua comercialização. As quebras têm que ser obrigatoriamente reportadas às Finanças e os documentos comprovativos devem de ser guardados durante 5 anos.

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4. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos

Segundo as BPF, “o medicamento é toda a substância ou composição que possua propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos seus sintomas, do homem ou do animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções fisiológicas” [2]. A “cedência de medicamentos é o ato profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos” [2]. Durante a dispensa clínica, o farmacêutico deve identificar e resolver possíveis problemas relacionados com os medicamentos (PRM), conseguindo assim proteger o doente de futuros resultados negativos associados aos medicamentos (RNM) [2].

Segundo a legislação em vigor, as farmácias são o estabelecimento onde o público pode adquirir os produtos mencionados na Tabela2 [4]. O processo de dispensa do medicamento deve obedecer a várias etapas, que se encontram no Anexo 3 [2].

Tabela 2 - Possíveis produtos presentes numa farmácia. Retirado de [4].

Medicamentos (MSRM e MNSRM) Suplementos alimentares Medicamentos e produtos veterinários Produtos de alimentação especial Medicamentos e produtos homeopáticos Produtos fitofarmacêuticos

Produtos naturais Produtos cosméticos e de higiene corporal Dispositivos médicos Artigos de puericultura

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

De acordo a legislação em vigor, os medicamentos são sujeitos a receita médica se preencherem pelo menos uma das seguintes condições: (i) constituírem um risco direto ou indireto para a saúde do doente caso sejam utilizados sem vigilância médica, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, (ii) quando utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se destinam, (iii) conterem substâncias ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar e/ou (iv) destinarem-se à administração via parentérica [6].

4.1.1. Receção e validação da prescrição médica

No início da dispensa de medicamentos, é necessário identificar o doente, o médico e as entidades responsáveis pelo pagamento, avaliar a autenticidade e data de validade da prescrição, auxiliar o utente a resolver algum eventual PRM que não permita a dispensa, interpretar o tipo de tratamento definido pelo prescritor e identificar o medicamento confirmando a forma farmacêutica, posologia, apresentação, modo de administração e duração do tratamento [2]. De modo a descobrir se existem PRM, o farmacêutico deve averiguar a necessidade do medicamento (indicação terapêutica), a adequação ao doente (intolerâncias, contraindicações, alergias e interações), a

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adequação do tratamento (dose, frequência e duração do tratamento) e ainda as condições do doente/sistema para correta administração do medicamento (aspetos legais, pessoais, sociais e económicos) [2]. Os PRM detetados devem ser resolvidos pelo farmacêutico [2]. Se necessário, deve-se contactar o médico que prescreveu os medicamentos que deram origem ao problema em questão.

A prescrição eletrónica de MSRM, em vigor desde 2011, é um procedimento realizado através de aplicações informáticas certificadas pela Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. [7]. Esta obrigatoriedade não é aplicada excecionalmente em alguns casos: às prescrições realizadas no domicílio, quanto há falhas no SI, aos profissionais que prescrevam no máximo 40 receitas por mês e em situações de inadaptação comprovada do prescritor ao SI [7]. Nestas exceções, a prescrição é realizada manualmente. A receita manual, para além de ter que apresentar todos os campos devidamente preenchidos, não pode estar rasurada, só pode ter prescritos quatro medicamentos no máximo e deve incluir, quando aplicável, a portaria do despacho de comparticipação para determinadas doenças. No caso de psicotrópicos e estupefacientes ou produtos do “Protocolo Controlo DM”, apenas estas prescrições podem estar na receita manual.

4.1.2. Medicamentos originais e medicamentos genéricos

O doente tem a opção de escolher se pretende adquirir MO ou MG, visto que a prescrição é realizada segundo a Denominação Comum Internacional (DCI) das substâncias ativas, acompanhado da dosagem e forma farmacêutica, sendo que o médico pode acrescentar o nome do respetivo titular da Autorização de Introdução ao Mercado (AIM) ou marca [7]. Os MG são medicamentos com o mesmo princípio ativo, a mesma forma farmacêutica, a mesma dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o MO que serviu de referência à criação do MG [7]. É de realçar que a AIM do MG está sujeita exatamente à mesma legislação que os outros medicamentos [7]. O MG não precisa de apresentar ensaios pré-clínicos e clínicos, desde que seja demonstrada a bioequivalência em relação ao MO com base em estudos de biodisponibilidade/bioequivalência [7]. Os MG têm a mesma qualidade, eficácia e segurança a um preço inferior ao MO porque já não são tidos em conta os custos relacionados com a Investigação & Desenvolvimento da molécula, já realizada com o MO [7]. Salvo algumas exceções, a orientação primária do farmacêutico consiste em ceder um MG uma vez que apresentam um custo inferior para o doente e trazem mais benefícios económicos para a farmácia. No caso dos MG, o utente tem o direito de adquirir o MG do laboratório habitual ou outro da sua preferência.

4.1.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

No caso de uma dispensa de psicotrópicos ou estupefacientes, é necessário um registo de identidade. É preciso a apresentação do Cartão de Cidadão (CC) da pessoa para a qual se destinam os medicamentos. Caso não seja esta a pessoa que os está a adquirir na farmácia, é igualmente preciso o CC do familiar/cuidador que compra estes fármacos, sendo obrigatório que esta pessoa tenha mais de 18 anos. No final desta dispensa, previamente à fatura, é impresso o “Documento de

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Psicotrópicos” que é armazenado num dossier para o devido efeito. Assim, é possível realizar a notificação necessária a estes medicamentos.

4.1.4. Regimes e complementaridades de comparticipação

De acordo com a legislação em vigor “o regime de preços dos medicamentos comparticipados, é fixado por decreto-lei”, sendo da responsabilidade do INFARMED a regulamentação e autorização do preço dos medicamentos comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) [6]. Os MNSRM não são normalmente comparticipáveis [6]. Nas farmácias do território nacional, o estatuto remuneratório dos MSRM consiste numa percentagem fixa estabelecida pelo Governo sobre o PVP dos medicamentos [1].

“O grupo homogéneo é constituído por um conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, dosagem e via de administração, com a mesma forma farmacêutica ou com formas farmacêuticas equivalentes, no qual se inclua pelo menos um MG existente no mercado. O preço de referência de cada grupo homogéneo corresponde à média dos cinco PVP mais baixos praticados no mercado” [8]. É com base neste preço de referência que se estabelece a comparticipação no preço dos medicamentos. A comparticipação normal do Estado é fixada de acordo com quatro escalões: A, B, C e D, sendo de 90%, 69%, 37% e 15%, respetivamente [7]. Estes escalões variam consoante as indicações terapêuticas, as entidades prescritoras e o consumo do medicamento [7].

Após entrada no SI, as receitas eletrónicas assumem automaticamente o regime de comparticipação em questão: pode ser o 01, isto é, o normal do SNS, ou por exemplo o 48, o regime do SNS especial para reformados e/ou pensionistas. No caso de receitas manuais, é preciso introduzir manualmente no SI o código correspondente ao plano. Isto para o SNS prestar a devida comparticipação à farmácia em relação aos medicamentos prescritos numa receita. De modo a faturar as prescrições manuais, procede-se a uma impressão no verso da receita, sendo preciso uma assinatura do doente. Após a dispensa, o farmacêutico/técnico deve carimbar, assinar e datar o verso da receita manual. O regime de comparticipação usual 01 corresponde também ao da ADSE (Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado).

Para além disso, existem várias complementaridades de comparticipação para grupos de profissões específicas ou para seguros privados, como SAMS (Serviços de Assistência Médico Social para bancários), SAVIDA (funcionários da empresa EDP), MEDIS, MULTICARE, entre outros. Podem ainda beneficiar de um regime especial de comparticipação os utentes com diversas doenças, como: acromegalia, Alzheimer, dor crónica, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, lúpus, hepatite C crónica, insuficiência renal, erros congénitos no metabolismo, Parkinson, psoríase ou SIDA [9]. Estão ainda previstos regimes especiais de comparticipação de MSRM no caso de pensionistas, situações de procriação medicamente assistida, de nascimento prematuro e de necessidade de administração da hormona de crescimento [9].

No âmbito do desenvolvimento e implementação de programas de controlo da DM, o Estado efetua uma comparticipação especial no material necessário à automonitorização dos doentes

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diabéticos. Deste modo, há 85% de comparticipação sobre o PVP de tiras-teste para medição da glicemia capilar e 100% de comparticipação para agulhas, seringas e lancetas [10].

4.1.5. Aconselhamento farmacêutico

De acordo com as BPF, “o farmacêutico deve procurar assegurar-se de que o utente não tem dúvidas sobre as precauções com a utilização do medicamento, isto é, sobre a forma como deve ser tomado (como, quando e quanto), a duração do tratamento e eventuais precauções especiais” [2]. Assim, durante cada dispensa clínica, procede-se à informação oral e escrita acerca da correta utilização do medicamento (quanto à posologia, precauções, interações), promovendo a adesão à terapêutica. Sempre que aplicável, são ainda referidos os cuidados a ter na conservação domiciliária do medicamento.

4.1.6. Conferência de receituário e faturação

O processo de conferência de receituário e faturação é realizado todos os meses de modo à farmácia receber o valor das comparticipações dos medicamentos dispensados. Na Farmácia Lusa, é feito no primeiro dia de cada mês. As receitas são automaticamente organizadas em lotes (conjuntos de trinta receitas) pelo SI, consoante o tipo de comparticipação ou entidade responsável por determinada complementaridade.

Relativamente às complementaridades, uma mesma entidade pode incluir um ou dois organismos. Neste processo, cada lote apresenta o Verbete de Identificação do Lote (VIL), que especifica o número de receitas dispensado em cada organismo. A faturação de cada lote é realizada ao organismo principal da entidade. Cada VIL deve apresentar o documento chamado Relação Resumo de Lote (RRL), onde a informação é descrita segundo o lote. Há ainda a fatura onde se encontram discriminadas todas as quantidades e valores de todas as RRL de um mesmo organismo. As faturas devem ser carimbadas, assinadas e datadas pelo conferente. Os VIL tem apenas que ser carimbados. Na Farmácia Lusa, é normalmente a Dr.ª Liliana Morais a fazê-lo. Para cada organismo, cada lote de receitas tem então que apresentar uma cópia do VIL, quatro cópias da RRL e quatro da fatura. Uma cópia da RRL e uma da fatura fica na farmácia, enquanto que as outras cópias são enviadas para a Associação Nacional de Farmácias (ANF), de modo a que esta adiante à farmácia o valor das comparticipações das diferentes complementaridades. A ANF fica com uma cópia da fatura enquanto que as outras duas vão para o organismo correspondente, que procede depois ao pagamento da comparticipação à ANF.

No caso do regime de comparticipação do SNS, cada lote de receitas apresenta uma cópia do VIL, duas cópias das RRL e duas da fatura. À semelhança de anteriormente, uma cópia da RRL e uma da fatura ficam na farmácia, enquanto as restantes são enviadas para o SNS.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Como o próprio nome indica, a dispensa de MNSRM não necessita obrigatoriamente de uma prescrição médica. São classificados em MNSRM os medicamentos que não apresentam as condições previstas à necessidade de receita referidas anteriormente [6]. Existem MNSRM de

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dispensa exclusiva em farmácia, como é o caso de formas tópicas de ácido fusídico ou vernizes medicamentosos com amorolfina.

4.2.1. Indicação farmacêutica e automedicação

No âmbito dos Cuidados Farmacêuticos, a indicação farmacêutica é uma responsabilidade assumida pelo farmacêutico, que seleciona determinado medicamento ou um eventual tratamento não farmacológico, para aliviar ou resolver um problema de saúde considerado um sintoma ou transtorno menor, de curta duração e que não apresente complicações a nível de outros possíveis problemas de saúde ou medicamentos do doente. Deve ser feita uma entrevista ao doente, realizar-se a intervenção farmacêutica propriamente dita e avaliar os resultados, realizar-sempre que possível [2]. Durante a intervenção farmacêutica, o farmacêutico deve atender ao princípio ativo, dose, frequência de administração, duração do tratamento e forma farmacêutica [2].

No caso de automedicação, o farmacêutico deve ou não orientar a utilização do determinado medicamento pedido pelo doente, de modo a que se respeitem as indicações terapêuticas e se cumpra o uso racional do medicamento [2]. Após conhecimento da situação, o farmacêutico pode decidir não dispensar o medicamento e recomendar uma consulta médica [2].

4.3. Medicamentos manipulados

Os medicamentos manipulados têm duas classificações possíveis: Fórmulas Magistrais ou Preparados Oficinais, sendo os primeiros quando a preparação segue uma receita médica que identifica o doente [11]. O farmacêutico deve assegurar-se da qualidade e segurança do produto, tendo em conta a técnica de preparação dos medicamentos manipulados [11].

O PVP dos medicamentos manipulados preparados nas Farmácias de Oficina reflete os critérios estabelecidos na lei, tendo em conta: o valor dos honorários de preparação (baseado num fator F, cujo valor é periodicamente atualizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)), o preço das matérias-primas e o preço dos materiais de embalagem [11]. Perante uma prescrição médica, a comparticipação estabelecida pelo SNS é de 30% sobre o PVP [11].

De acordo com a legislação sobre esta matéria, o farmacêutico deve ser o profissional responsável pela supervisão da preparação do manipulado [12]. São realizados diferentes ensaios consoante a forma farmacêutica com o objetivo de se assegurar a qualidade do medicamento [12].

4.4. Outros produtos farmacêuticos

Neste subcapítulo irei abordar de um modo geral outros produtos farmacêuticos com os quais tive maior contacto durante o estágio.

4.4.1. Medicamentos e produtos veterinários

Relativamente a medicamentos do foro veterinário vendidos na Farmácia Lusa, é de realçar os que têm como objetivo a desparasitação de cães e gatos. Quanto a desparasitação externa (de carraças e pulgas), pode ser aconselhado o ELIMINALL®, um antiparasitário cuja dosagem varia com o peso do animal. Quando à desparasitação interna (de nematodes e cestodes), é normalmente

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fornecido o CAZITEL PLUS®. Este antiparasitário é vendido por unidose, já que é necessário um comprimido por cada 4kg do peso do gato ou por cada 10 kg do peso do cão.

4.4.2. Suplementos alimentares

Quanto aos suplementos alimentares é de enfatizar o SARGENOR® e o MOVITUM® para fadiga física e mental. O BIOCTIVO SLIM DUO® é utilizado para perder peso e o BIOACTIVO GLUCOSAMINA DUPLO®mantém o bom funcionamento das articulações e cartilagens. Existem ainda os multivitamínicos como o CENTRUM®.

4.4.3. Produtos fitofarmacêuticos

Na Farmácia Lusa deparei-me com fitoterapia para combater a obstipação: a infusão HERBIS®, o AGIOLAX® e o BEKUNIS®. E ainda ARKOCÁPSULAS® com diversas composições.

4.4.4. Produtos cosméticos e de higiene corporal

Existem vários produtos na Farmácia Lusa da área da dermofarmácia e cosmética das marcas: ROC®, AVÈNE®, VICHY®, PIZ-BUIN®, NEUTROGENA®, AVEENO®, MUSTELA®, BIODERMA®, LA ROCHE-POSAY®, URIAGE®, BARRAL® e ISDIN®. Existem champôs da marca KLORANE® e FOLSTIM®. A primeira apresenta produtos para vários fins, nomeadamente acalmar o couro cabeludo sensível e irritado ou para regulação do sebo.

Quanto à saúde oral, pastas dentífricas, colutórios e escovas da ELGYDIUM®, cuidados para próteses da COREGA® e pastas da BEXIDENT®, assim como pastas e colutórios da ARTHRODONT® são também comercializados.

4.4.5. Artigos de puericultura

Na Farmácia Lusa encontram-se disponíveis vários produtos como chupetas, biberões e óculos de sol da CHICCO®, leites da marca NAN® e APTAMIL® e papas da BLEDIPAPA® e da NUTRIBÉN®. Os leites são classificados em 1, 2 ou 3 consoante a idade das crianças a que destinam: 1 até aos seis meses, 2 dos seis aos doze meses e 3 para crianças com mais de um ano. A APTAMIL® apresenta um leite da gama HA que é hipoalergénico uma vez que tem como alvo os bebés lactentes. A NAN® contém uma gama Confort que deve ser utilizado nos casos em que há obstipação.

5. Outros cuidados de saúde prestados

5.1.

Lar Irmandade da Misericórdia de Paredes

A Farmácia Lusa tem um acordo com o Lar Irmandade da Misericórdia de Paredes. Após prescrições urgentes ou após o acumular de um número significativo de receitas 3 vezes por ano, o

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locais, um elemento da equipa vai ao lar levantar as receitas. Na farmácia, segue-se o processo normal de dispensa clínica de medicamentos, com a fatura no nome do lar. No final, um elemento da equipa procede à entrega dos medicamentos no lar. Para alguns utentes cujo contrato com o lar é mais recente, os medicamentos são adquiridos por um funcionário do lar na farmácia, com as faturas no nome da pessoa em questão. No caso destes utentes, um familiar vai à farmácia regularmente para pagamento dos medicamentos.

5.2.

Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos

De acordo com as BPF, “a determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos permite a medição de indicadores para avaliação do estado de saúde” [2]. Enquanto estabelecimento de saúde, a farmácia reúne todas as condições que possibilitem esta determinação, acompanhada de uma interpretação dos valores obtidos pelos profissionais de saúde que lá se encontram [2].

5.1.1. Peso, altura e índice de massa corporal

A Farmácia Lusa está equipada com uma balança que realiza o cálculo do índice de massa corporal (IMC), isto é, a divisão entre o peso e o quadrado da altura da pessoa, com o objetivo de concluir se determinado peso de um adulto se encontra ou não adequado perante uma certa altura. Após o utente se colocar no local adequado na balança e introduzir uma moeda de cinquenta cêntimos, a balança procede à medição do peso e altura, calcula o IMC e emite um recibo final com estas informações. A interpretação dos valores de IMC está descrita na Tabela 3 [13].

Tabela 3 - Interpretação dos valores de índice de massa corporal. Retirado de [13].

5.1.2. Pressão arterial

A Farmácia Lusa utiliza um tensiómetro de pulso para as determinações da pressão arterial, um importante indicador para o risco cardiovascular. A interpretação dos valores de pressão arterial encontra-se na Tabela 4 [14]. De realçar que apesar da pressão arterial ótima indicada, também não é favorável pressões arteriais muito baixas, como 90/50 ou inferiores.

Classificação IMC (kg/m2)

Baixo peso ≤ 18,5

Peso normal 18,5 a 24,9

Excesso de peso ou pré-obesidade 25 a 29,9

Obesidade de grau 1 30 a 34,9

Obesidade de grau 2 35 a 39,9

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Tabela 4 - Interpretação dos valores de pressão arterial. Retirado de [14].

5.1.3. Glicémia capilar

Existe a possibilidade de determinação da glicémia capilar na Farmácia Lusa. É importante ter em atenção se os doentes estão em jejum ou então há quanto tempo foi a última refeição, de modo aos valores de glicémia serem corretamente interpretados

O diagnóstico da DM é realizado, entre outros parâmetros, quando o valor de glicemia em jejum é igual ou superior a 126 mg/dl, ou com um valor de glicemia ocasional igual ou superior a 200 mg/dl [15]. Em cada situação, os valores devem ser menores que os estipulados [15]. Os doentes diabéticos podem assim realizar a monitorização da sua doença na farmácia.

5.1.4. Perfil lipídico

Na Farmácia Lusa está também disponível o serviço de determinação dos níveis de triglicerídeos, de colesterol total e ainda de colesterol HDL (High-density lipoprotein). Os triglicerídeos devem estar numa concentração igual ou inferior a 150 mg/dl enquanto que a de colesterol total deve idealmente ser igual ou inferior a 190 mg/dl [16]. Já os valores de colesterol HDL devem ser superiores a 40 mg/dl no homem e superiores a 45 mg/dl na mulher [16]. A medição dos triglicerídeos deve ser realizada em jejum. Para além da pressão arterial e da glicémia, o perfil lipídico constitui igualmente um marcador do risco cardiovascular.

5.1.5. Teste de gravidez

Os testes de gravidez têm como fundamento a deteção da hormona β-HCG, gonadotrofina coriónica humana, a qual é produzida pelas células trofoblásticas, formadas após a fecundação. Esta hormona é um bom marcador devido aos elevados níveis que são atingidos logo no início de uma gravidez. É possível a realização de testes de gravidez na Farmácia Lusa.

5.3.

Administração de injetáveis

As BPF preveem que a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação deva ser realizada por farmacêuticos com a competência para realizar tal procedimento [2]. Na Farmácia Lusa são regularmente administradas formas farmacêuticas injetáveis, tanto de aplicação subcutânea (como o metotrexato) ou intramuscular (testosterona, diclofenac ou tiocolquicósido, por exemplo), pelo Dr. João Paulo Correia ou pela Dr.ª Liliana Morais.

Categoria Sistólica Diastólica

Ótima <120 <80 Normal 120-129 80-84 Normal alta 130-139 85-89 Hipertensão de Grau 1 140-159 90-99 Hipertensão de Grau 2 160-179 100-109 Hipertensão de Grau 3 ≥ 180 ≤ 110

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5.4.

VALORMED

Desde 1999, o VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos com o objetivo de gerir os resíduos de medicamentos não utilizados e embalagens vazias [17]. Surgiu da colaboração entre a indústria farmacêutica, distribuidores e farmácias devido à “consciencialização para a especificidade do medicamento enquanto resíduo” [17]. Esta sociedade é composta por três entidades responsáveis pelo ciclo do medicamento: a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, a ANF e a Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos [17].

As farmácias dispõem de contentores de recolha próprios para este efeito. Quando os contentores ficam cheios, são selados e é necessário realizar no SI um procedimento semelhante a uma venda cujo nome do produto é “VALORMED CONTENTOR RECOLHA”, onde se deve escolher o distribuidor de medicamentos que vai receber o contentor (normalmente a OCP). No final, é impresso um talão que é assinado normalmente pela Dr.ª Liliana Morais. O talão é entregue ao distribuidor juntamente com o contentor cheio. De seguida, os contentores são transportados para um Centro de Triagem por um operador de gestão de resíduos [18]. Neste centro ocorre a reciclagem do papel, plástico e vidro e também a incineração segura dos restantes resíduos medicamentosos com valorização energética [18]. A população deve ser sensibilizada a entregar na farmácia os medicamentos não utilizados e/ou fora do PV.

6. Atividades desenvolvidas durante o estágio

As atividades e tarefas em geral realizadas ao longo dos 4 meses de estágio que realizei na Farmácia Lusa encontram-se organizadas no cronograma presente na página seguinte (Tabela 5). Ao longo do estágio, em quase todos os dias rececionei tanto encomendas diárias como manuais provenientes da OCP Portugal, Produtos Farmacêuticos, S.A.: desde confirmando as caixas/banheiras acabadas de chegar, através de uma assinatura pedida pelo funcionário da distribuidora, até à entrada dos produtos no stock com auxílio do SI. Se não fosse possível no momento da chegada da encomenda dar imediatamente entrada dos produtos, recolhia imediatamente os produtos que necessitassem de temperaturas menores das banheiras (adequadas para esse fim) para o frigorífico, indicando sempre na fatura que esses medicamentos já se encontravam arrumados e com a indicação da sua validade. Também acompanhei algumas vezes o envio do pedido das encomendas diárias através do SIFARMA2000®.

Considerei a tarefa de armazenamento e reposição nas gavetas com medicamentos e produtos farmacêuticos muito importante, uma vez que me fez ficar a conhecer melhor diversas composições e substâncias ativas. Para além disso, o conhecimento da sua localização também me fez ser mais rápida no atendimento ao público.

Participei sempre no controlo das validades realizado mensalmente, conferindo os stocks e os PV em questão. Realizei também devoluções, nomeadamente dos produtos em consequência do controlo dos PV e acompanhei a realização de algumas quebras.

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Tabela 5 - Cronograma das atividades e tarefas desenvolvidas na Farmácia Lusa.

Durante o estágio participei ativa e autonomamente no atendimento ao público a partir do primeiro mês de estágio. Efetuei a dispensa tanto de MSRM como de MNSRM. Considerei muito importante e interessante num atendimento o SI informar-me de uma interação grave entre dois medicamentos de uma mesma venda: o escitalopram e a domperidona. Em associação, estes fármacos podem aumentar o risco de arritmia ventricular grave. Contudo, concluí a processo de dispensa clínica uma vez que os medicamentos tinham destinatários diferentes e informei o utente que efetuou a compra (para o qual era o escitalopram) que não poderia tomar a domperidona no caso de ter náuseas ou vómitos. Para além deste aviso, surgiu ainda outro acerca do tramadol/paracetamol e do cloxazolam, cuja associação poderia potenciar o efeito de sedação no sistema nervoso central. Concluí também esta dispensa uma vez que o cloxazolam iria ser administrado a noite ao deitar, garantindo que o tramadol/paracetamol, receitado em caso SOS, seria apenas tomado durante o dia e nunca perto da hora de jantar ou final da tarde.

Realizei também indicação farmacêutica, principalmente em casos de gripe/constipação, tosse e transtornos menores da pele. Perante sintomas de gripe/constipação, considerei importante a escolha de um analgésico (para dores de cabeça e/ou musculares), normalmente o paracetamol; um anti-inflamatório (dor de garganta e/ou ouvidos), normalmente o ibuprofeno desde que a pessoa

Mês Março Abril Maio Junho Julho

Semana 2 3 4 5 1 2 3 4 1 2 3 4 5 1 2 3 4 1 2 Receção de encomendas Armazenamento dos medicamentos Reposição do stock Determinação da pressão arterial Atendimento ao público Receituário e faturação Controlo de validades Determinação da glicémia Determinação do colesterol Determinação de triglicerídeos Preparação de manipulados

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não apresentasse problemas gástricos ou respiratórios; ou um anti-histamínico (rinorreia e congestão nasal), como a desloratadina, consoante os sintomas que mais afetassem a pessoa. Ainda de realçar nos sintomas de gripe/constipação, o uso de descongestionantes tópicos nasais como a fenilefrina, a lavagem nasal com água do mar ou pastilhas para alívio da irritação e dor da garganta com antisséticos e anti-inflamatórios. Quanto à tosse, é essencial perceber se é uma tosse seca ou com expetoração de modo o indicar o produto adequado, respetivamente: um antitússico, como o dextrometorfano ou um expetorante e fluidificante das secreções, como a acetilcisteína.

No que respeita a medicamentos manipulados, tive a oportunidade de preparar um, nomeadamente uma Fórmula Magistral: álcool a 60º saturado com ácido bórico para uso auricular para o tratamento de otites externas. No Anexo 4 encontra-se o documento referente à preparação deste manipulado, contendo as matérias-primas, técnica de preparação, verificação, rotulagem e cálculo do preço.

Ao longo do estágio também fui algumas vezes ao lar levantar receitas, de modo a proceder ao seu aviamento na Farmácia Lusa.

Realizei a medição da pressão arterial quase diariamente desde o início do estágio e mais pontualmente também executei a medição da glicémia capilar, do colesterol total e dos triglicerídeos. Na realização das medições analisava sempre os valores resultantes de acordo com a medicação e hábitos da pessoa que poderiam influenciar.

Tive a oportunidade de dispensar alguns testes de gravidez e realizei um na farmácia. Idealmente, o teste deve ser realizado a partir da primeira urina da manhã, a mais concentrada, ou então deve existir uma retenção de urina durante pelo menos 4 horas. Na dispensa, expliquei como se interpretam corretamente os resultados: que é necessário aparecer sempre a “barrinha” correspondente ao controlo, que significa que o teste foi bem realizado e podemos confiar no resultado e, caso apareça uma segunda “barrinha”, significa que o teste é positivo. Com apenas a do controlo, é negativo. Procedi ainda ao processo necessário à recolha de vários recipientes cheios do VALORMED.

7. Conclusão

O estágio curricular em Farmácia Comunitária como última etapa do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas é realmente essencial e extremamente útil, uma vez que enquanto estudantes, para além da aquisição de novos conhecimentos e competências técnicas, nos apercebemos da sensibilidade necessária para resolver questões práticas da realidade profissional e da exigência do mercado de trabalho. Esta experiência foi realmente enriquecedora. Para além de ter aprendido mais sobre os medicamentos (substâncias ativas que não conhecia, nomes de marca, apresentação dos MNSRM), ao longo do estágio melhorei muito a parte da comunicação com o doente, o que me fez começar a saber lidar com os utentes de uma farmácia. Sinto que cresci, tanto como profissional e como pessoa. Considero que o estágio foi concluído com sucesso, deixando-me mais preparada para a próxima desafiante etapa, ciente da constante formação e da responsabilidade que acarreta.

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Parte II

Temas dos projetos realizados no

âmbito do estágio

Referências

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