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Ações de prevenção e controle de infecção em hospitais / Prevention and infection control actions in hospitals

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Ações de prevenção e controle de infecção em hospitais

Prevention and infection control actions in hospitals

DOI:10.34117/bjdv6n6-401

Recebimento dos originais: 17/05/2020 Aceitação para publicação: 17/06/2020

Maria de Fátima Ribeiro Mourão

Graduanda em Gestão Hospitalar

Instituição: Faculdade Católica Dom Orione, Araguaína - TO Endereço: R. Santa Cruz, 557 - St. Central, Araguaína – TO

E-mail: mariademourao@catolicaorione.edu.br

Dênia Rodrigues Chagas

Pós Doutora em Docência e Pesquisa Universitária pelo Instituto Universitário Italiano de Rosário IUNIR – AR

Endereço: R. Santa Cruz, 557 - St. Central, Araguaína - TO E-mail: denia_enf@hotmail.com

RESUMO

Trata-se de um artigo de revisão crítica da literatura tendo como objetivo destacar aspectos conceituais sobre a infecção hospitalar de interesse para o cuidado de enfermagem, evidenciando os fundamentos que norteiam a compreensão deste fenômeno de indiscutível importância epidemiológica para a assistência à saúde. O tema é trabalhado no sentido de evidenciar a responsabilidade em controlar a infecção como sendo papel inerente aos profissionais da equipe de saúde. Destaca-se a formação profissional voltada para uma cultura prevencionista como condição necessária para se concretizar um programa de controle e prevenção de infecção, evidenciando o importante papel do enfermeiro no desenvolvimento das ações de prevenção e controle de infecção e a educação continuada como estratégia de implementação de medidas eficazes na busca da qualidade do cuidado.

Palavras-chave: Infecção hospitalar. Cuidados de enfermagem. Infecção-prevenção e

controle.

ABSTRACT

This is a review article critical literature aiming to highlight the conceptual aspects of hospital infections of interest for nursing care, highlighting the fundamentals that guide the understanding of this phenomenon of indisputable epidemiological significance to health care. The theme is working to highlight the responsibility to control the infection as being inherent in the role of professional health care team. We highlight the training focused on a culture preventionist as a necessary condition for achieving a program for controlling and preventing infection, demonstrating the important role of nurses in the development of prevention and infection control and continuing education as a strategy for implementing implement effective measures for the quality of care.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761

1 INTRODUÇÃO

No nosso cotidiano, dentro do contexto da prestação de serviço à saúde, algumas perguntas são apresentadas quando o tema Infecção Hospitalar (IH) é colocado em discussão: o que significa IH? Quais são as causas da IH? Como preveni-las? A quem cabe a tarefa de prevenir e controlar a IH? Que implicações têm com o processo de cuidar? Como deve ser formação do enfermeiro para o controle de infecção hospitalar? E da equipe de saúde? (FERNANDES; RIBEIRO FILHO, BARROSO, 2000). Para responder estas perguntas é necessário compreender que a IH pertence a uma área do conhecimento com abordagem multidisciplinar e que a experiência acumulada ao longo dos anos tem derrubado muitos mitos e fetiches, muitas vezes cristalizados (RIBEIRO, 2000).

Traça-se como objetivo geral da pesquisa: Destacar aspectos conceituais sobre a infecção hospitalar de interesse para o cuidado de enfermagem, evidenciando os fundamentos que norteiam a compreensão deste fenômeno de indiscutível importância epidemiológica para a assistência à saúde. E como objetivos específicos: Evidenciar a responsabilidade em controlar a infecção como sendo papel inerente aos profissionais da equipe de saúde; Destacar a formação profissional voltada para uma cultura prevencionista.

Assim, o conhecimento do binômio saúde/doença na perspectiva epidemiológica revela-se em condição necessária para entendermos a cadeia de causalidades, em que os agentes agressores interagem com nossa capacidade de reação para manter nossa homeostase ou instalar um processo infeccioso (LACERDA, 2002). Apenas a minoria das pessoas expostas a um microrganismo com potencial patogênico desenvolve infecção, principalmente quando consideramos a microbiota residente em nossos tecidos, e também, que as doenças infecciosas dependem tanto da resposta do hospedeiro quanto das características específicas dos microrganismos (SOUZA, 2000).

A infecção hospitalar é definida como aquela adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (LACERDA, 2003). A grande maioria das infecções hospitalares é causada por um desequilíbrio da relação existente entre a microbiota humana normal e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Isto pode ocorrer devido à própria patologia de base do paciente, procedimentos invasivos e alterações da população microbiana, geralmente induzida pelo uso de antibióticos (PEREIRA, 2001).

Os microrganismos que predominam nas IH raramente causam infecções em outras situações, apresentam baixa virulência, mas em decorrência do seu inócuo e da queda de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 resistência do hospedeiro, o processo infeccioso desenvolve-se (CAMALIONTE, 2000). Aproximadamente dois terços das IH são de origem autógena, significando o desenvolvimento da infecção a partir da microbiota do paciente, que pode ter origem comunitária ou intra-hospitalar. Em ambos as situações, a colonização precede a infecção, sendo difícil determinar se o paciente trouxe o microrganismo da comunidade ou adquiriu de fonte exógena durante a internação (SOUZA, 2001).

Na infecção hospitalar, o hospedeiro é o elo mais importante da cadeia epidemiológica, pois alberga os principais microrganismos que na maioria dos casos desencadeiam processos infecciosos. A patologia de base favorece a ocorrência da IH por afetar os mecanismos de defesa antiinfecciosa: grande queimado; acloridria gástrica; desnutrição; deficiências imunológicas; bem como o uso de alguns medicamentos e os extremos de idade (TIPPLE, 2000). Também favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos invasivos terapêuticos ou para diagnósticos, podendo veicular agentes infecciosos no momento de sua realização ou durante a sua permanência (HAYASHIDA, 2003).

Segundo Paiva (2003):

A maioria das IH manifesta-se como complicações de pacientes gravemente enfermos, em consequência da hospitalização e da realização de procedimentos invasivos ou imunossupressores a que o doente, correta ou incorretamente, foi submetidos. Algumas IH são evitáveis e outras não. Infecções preveníveis são aquelas em que se pode interferir na cadeia de transmissão dos microrganismos. A interrupção dessa cadeia pode ser realizada por meio de medidas reconhecidamente eficazes como a lavagem das mãos, o processamento dos artigos e superfícies, a utilização dos equipamentos de proteção individual, no caso do risco laboral e a observação das medidas de assepsia.

Infecções não preveníveis são aquelas que ocorrem a despeito de todas as precauções adotadas, como se pode constatar em pacientes imunologicamente comprometidos, originárias a partir da sua microbiota (ANDRADE, 2000). O fato de existir infecções evitáveis, aproximadamente 30%, exige da equipe de saúde e das instituições, responsabilidade ética, técnica e social no sentido de prover os serviços e os profissionais de condições de prevenção, revelando-se em um dos pontos fundamentais em todo o processo. O controle das infecções hospitalares é inerente ao processo de cuidar, estando o enfermeiro capacitado para prestar um cuidado mais livre de riscos de infecções (STARLING, 2004).

Desde a promulgação da Lei Federal nº 6.431 de 1998, todos os hospitais brasileiros são obrigados a terem constituído uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que deve elaborar o Programa de Controle de Infecções, definido como um conjunto mínimo de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 ações para reduzir ao máximo possível à incidência e gravidade das infecções hospitalares (TURRINI, 2002). Assim, quem não tiver constituído sua comissão ou se ela não for atuante, elaborando um programa de controle eficaz, já incorre em um delito e pode sofrer as consequências legais decorrentes desse erro (RODRIGUES, 2000).

É importante destacar que a prevenção da infecção hospitalar, relacionada ao ambiente, depende dos meios de controle dos germes patogênicos, da aplicação de medidas de assepsia e do tratamento que se dá ao material e ambientes contaminados por eles (MENDONÇA, 2001). Não se pode ficar alheio ao fato de que o ambiente hospitalar pode oferecer condições excelentes para a propagação de microrganismos, mesmo em meio a desinfetantes, antissépticos, antibióticos e quimioterápicos, e que os pacientes podem ser susceptíveis porque estão com seus mecanismos imunológicos abalados pela própria doença, agressões cirúrgicas ou acidentais que abrem caminhos para a penetração microbiana (AMARANTE, 2004).

A infecção hospitalar é uma problemática que envolve uma pluralidade de ações, dentre elas, a aplicação de princípios e normas que cada profissional faz no exercício de suas atividades, a observação ativa, sistemática e contínua da ocorrência e da distribuição de tais infecções entre pacientes hospitalizados ou não (ALMEIDA, 2002). Quanto às condições que predispõem ao risco das infecções, essas, também, devem ser minuciosamente observadas com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle.

Assim sendo, propôs-se a discutir o tema, tendo como ponto central a atuação do enfermeiro, sua formação e exercício profissional, suas interfaces no processo de construção e de busca de um cuidado de enfermagem com qualidade. A construção deste artigo está alicerçada nos fundamentos teóricos, conceitos e preceitos disponibilizados na literatura e pelos órgãos oficiais de saúde.

2 RECORTE TEÓRICO: AÇÕES DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM HOSPITAIS

2.1 A QUEM CABE A RESPONSABILIDADE DE CONTROLAR A IH?

A década de 70 viveu uma verdadeira reformulação das atividades de controle de infecção. Os hospitais americanos foram progressivamente adotando as recomendações emanadas de órgãos oficiais, substituindo seus métodos passivos por busca ativa, criando núcleos para o controle de infecção e aprofundando em estudos sobre o tema (ALMEIDA, 2002). No Brasil, juntamente com a implantação de um modelo altamente tecnológico de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 atendimento (cirurgia cardíaca), surgiram às primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) (COUTO; PEDROSA, 2002).

Os anos 80 representaram, nos Estados Unidos, uma consolidação das experiências desencadeadas na década anterior. “As monitorações microbiológicas rotineiras de pessoal e ambientes deixaram de ser realizadas, e os métodos de vigilância epidemiológica foram progressivamente aperfeiçoados, racionalizando o tempo de coleta, utilizando pistas diagnósticas e informatizando progressivamente a consolidação dos dados, liberando tempo para interpretação, desenvolvimento de atividades educativas e abordagem pró-ativo dos episódios de infecção”. (PEDROSA, 2003).

De acordo com Rodrigues (2000):

A década de 80 foi muito importante para o desenvolvimento do controle das IH no Brasil. Começou a ocorrer uma conscientização dos profissionais de saúde a respeito do tema com a instituição de CCIH em vários Estados do país. Em junho de 1883 o Ministério da Saúde publicou a Portaria 196, primeiro documento normativo oficial. Em 1992 publicou a Portaria 930 que entre outros avanços defendia a busca ativa de casos. Em 1997 aprova a Lei 9431, tornando obrigatória a presença da CCIH e do Programa de controle de IH independente do porte e da estrutura hospitalar. A implantação e execução destes programas deveriam reduzir a incidência e a gravidade das IH ao máximo possível. Vale destacar que a presença do enfermeiro como membro das CCIH aparece como sugestão em alguns destes documentos e que na última Portaria, número 2616, publicada em 1998, sua presença aparece no time dos profissionais que, obrigatoriamente devem compor essa comissão na qualidade de membro executor dos programas de controle de IH.

Outro fator que exerceu grande impacto sobre as ações de controle foi à epidemia de AIDS, que se tornou um grande desafio, pois as medidas de prevenção e controle tiveram que ser implantadas para todos os pacientes independentes do risco presumido; além disso, foi um desafio constante para as ações educativas e de avaliação de riscos (TURRINI, 2002). Este fator foi o mais significativo na prevenção e controle das IH com impacto sobre todos os hospitais do mundo. A gravidade, a letalidade da doença e inicialmente, a indefinição de suas formas de transmissão contribuíram para sensibilizar órgãos oficiais, hospitais e profissionais quanto à necessidade de adoção de medidas preventivas (RODRIGUES, 2000).

Com isto, a saúde ocupacional, no que diz respeito aos agentes biológicos, foi se integrando ao controle de infecção, incluindo nas estratégias de vigilância a observação da equipe de saúde, para se identificar os fatores e procedimentos de risco e a adoção de medidas adequadas de controle (OLIVEIRA, 2001). Em decorrência disso, em 1987 foram publicadas pelos Centers for Disease Control and Prevention (Centros para Controle e Prevenção de Doenças) (CDC), normas de precauções universais e isolamento de substâncias corpóreas,

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 definindo cuidados básicos a serem tomados com todos os pacientes, independentemente de seu diagnóstico, e em 1996, realizou-se uma ampla revisão destas medidas hoje denominadas de precauções baseadas na transmissão e precauções padrão (STARLING, 2004).

Segundo Couto e Pedrosa (2002):

Boas práticas assistenciais decorrem da integração de todos os setores e o controle de infecção vem assumindo um papel relevante de assessoria. Ele interage com a saúde ocupacional, em medidas de controle referentes a afastamentos de profissionais, imunizações e prevenção de patologias de aquisição hospitalar; atua em conjunto com a comissão interna de prevenção de acidentes, principalmente na ênfase às precauções padrão; nas comissões de revisão de prontuários e óbitos, pois fornecem subsídios para detecção de casos de infecção hospitalar e seus fatores de risco; na padronização de materiais e insumos, procurando racionalizar custo/ benefício das medidas de controle das infecções em relação às tecnologias oferecidas; farmácia e medicamentos com padronização de antimicrobianos; auxilia comissões de controle de qualidade, por meio de seus indicadores epidemiológicos; integração à administração auxiliando nas decisões sobre conveniência e prioridade no investimento em tecnologia. Além disso, assessora a instituição e seus membros em processos jurídicos.

Observa-se, com frequência, a concepção dos profissionais de que o controle de IH é de responsabilidade da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), dessa forma se excluem da sua responsabilidade pessoal, conferindo um super poder às comissões, que de fato, isoladamente, pouco podem fazer (LACERDA, 2004). Por outro lado, esta visão confere aos integrantes da comissão uma condição de superioridade, uma vez que é conhecida muito mais como fiscalizadora das medidas instituídas para o controle, do que parceiros que devem caminhar juntos nesta construção de uma nova práxis no controle de IH, que necessariamente deve ser coletiva (OLIVEIRA, 2001).

O êxito do programa está diretamente relacionado com o envolvimento de todos. A responsabilidade de prevenir e controlar a IH é individual e coletiva. Sem a assimilação e implementação dos procedimentos corretos por quem executa no paciente, com a necessária integração com a equipe da CCIH, o problema da IH sempre será um entrave na prestação de serviços à saúde (PEREIRA, 2001).

Desta forma, cabe ressaltar que os controladores de infecção têm a responsabilidade de instituir a política institucional para prevenir e controlar a infecção, porém, o sucesso do programa dependerá do envolvimento de todos os profissionais que atuam na prestação da assistência hospitalar (HAYASHIDA, 2003). De nada adianta o conhecimento do fenômeno e das medidas preventivas, se quem presta assistência não às adota no seu fazer profissional. A

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 enfermagem, através do cuidado prestado, integra o trabalho dos demais profissionais, possibilitando incrementar esta política institucional de CIH (ANDRADE, 2000).

2.2 O PROFISSIONAL DE SAÚDE E O CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR O aprimoramento de recursos humanos em uma instituição, inclusive para racionalizar a tecnologia, deve ser prioridade, pois um bom atendimento não é mensurado somente pelo avanço tecnológico dos equipamentos (SGARBI, 2003). O hospital que tem filosofia voltada para a valorização dos recursos humanos, buscando introduzir, alterar e aprimorar comportamentos e atitudes está mais próximo de atingir o grau de excelência de seu atendimento. Dentro da estrutura organizacional, cada trabalhador deve ter papel definido e cumpri-lo com a máxima competência, procurando agir de acordo com os princípios básicos de sua profissão. De acordo com Lacerda (2000):

Uma das preocupações crescentes refere-se a como preparar o profissional de saúde para o Cuidado com a Infecção Hospitalar (CIH), considerando a sua interdisciplinaridade. Viabilizar o contato do estudante com todas as normas e legislação orientadora e reguladora da prevenção e controle de infecção é um importante caminho e quanto mais precoce isso for feito na graduação, maior a chance do futuro profissional em assimilar estes ensinamentos.

Assim sendo, os princípios, normas e postulados relacionados à prevenção e controle da IH devem compor o currículo dos profissionais da saúde de modo integrado, onde as disciplinas específicas para a formação profissional dos diferentes cursos possam carregar a filosofia e a prática da prevenção e CIH (RIBEIRO, 2000).

Todas as formas possíveis para mudar comportamento dentro de qualquer organização requerem a escolha de estratégia educacional conjugada a um programa com objetivos bem definidos (FERNANDES; RIBEIRO FILHO, BARROSO, 2000). A prevenção e o CIH estão relacionados à promoção à saúde e devem refletir preocupação no sentido de que as pessoas consigam livrar-se de fatores que as predispõem para comportamentos insalubres para si próprias e para os pacientes. A educação em saúde tem como objetivo explicitar valores, aumentar a auto percepção acerca do problema, promover informações e habilidades necessárias tomando-se decisões acertadas (BRASIL, 1998).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 2.3 SITUAÇÃO ATUAL DAS INFECÇÕES HOSPITALARES E PERSPECTIVAS DO FUTURO

O combate às infecções hospitalares apresenta-se hoje como um problema complexo, suscitando polêmicas e antagonismos nos meios em que estas são detectadas. Por outro lado, não podemos ficar alheios às novas propostas de assistência, as quais incluem: mudança do cuidado institucionalizado para o “desinstitucionalizado”, evidenciado, por exemplo, através das altas hospitalares precoces, tratamentos ambulatoriais que substituíram longos dias de internação e hospital-dia. Lembramos que, quanto menor o período de internação, menores serão as chances de contaminação (LACERDA, 2003).

Embora a temática infecção hospitalar seja muito frequente nos estudos, nas publicações e discussões de eventos científicos, ainda assim existem algumas questões que apontam lacunas ou a necessidade de estudos (SOUZA, 2000). Por esta razão, lança-se uma hipótese a ser confirmada ou refutada - O controle das infecções hospitalares deve ser iniciado antes da internação do paciente, através da melhoria das condições sanitárias, de programas efetivos de vacinação, da melhoria dos serviços básicos de saúde, no tratamento hábil das doenças, evitando-se internações desnecessárias e por tempo prolongado (PEREIRA, 2001).

A necessidade premente de um sistema hospitalar onde haja uma combinação ótima dos recursos humanos, tecnológicos e financeiros tem sido reconhecida por todos os profissionais da saúde, e o controle da infecção hospitalar, em face da sua complexidade e relevância, tem merecido o desafio das equipes de saúde em qualquer parte do mundo (RIBEIRO, 2000).

A infecção hospitalar é uma problemática que envolve uma pluralidade de ações, dentre elas, a aplicação de princípios e normas que cada profissional faz no exercício de suas atividades, a observação ativa, sistemática e contínua da ocorrência e da distribuição de tais infecções entre pacientes hospitalizados ou não. Quanto às condições que predispõem ao risco das infecções, essas, também, devem ser minuciosamente observadas com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle. (FERNANDES; RIBEIRO FILHO, BARROSO, 2000).

Assim, considera-se urgente o investimento em recursos humanos através de reuniões, debates, e reciclagens para alcançar o controle efetivo das infecções hospitalares. Sugerimos a inclusão do tema infecção hospitalar como conteúdo multidisciplinar, o que propiciará discussões e troca de experiências interinstitucionais. Reconhece-se, também, a importância de se criar a disciplina sobre infecção hospitalar, nos currículos de todos os cursos voltados à saúde (CAMALIONTE, 2000).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Ainda se têm a informação e a educação como armas importantes e disponíveis para o controle das infecções hospitalares. Por tudo que foi exposto, deduziu-se o quão é complicado prevenir as infecções hospitalares, lembrando que todas as omissões ou ações inadequadas colocam em risco não só os pacientes, como, também, os profissionais.

3 METODOLOGIA

Realizou-se estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa dos dados, sendo que estes foram coletados em artigos encontrados no Scielo e, em textos publicados nos Manuais da Vigilância Sanitária e em bibliografia pertinente, utilizando o descritor “Infecção Hospitalar”. Analisa a problemática sobre a ótica das infecções hospitalares e da qualidade em saúde, com foco na satisfação dos usuários. Deste modo, este artigo baseia-se nas conclusões que dela emergiram como condição para construção desta proposta.

Na assistência à saúde, independente de ser prevenção, proteção ou tratamento e reabilitação, o indivíduo deve ser visto como um ser integral, que não se fragmenta para receber atendimento em partes. As IH são multifatoriais, e toda a problemática de como reduzir as infecções, intervir em situações de surtos e manter sob controle as infecções dentro de uma instituição, deve ser resultado de um trabalho de equipe (ANDRADE, 2000). Assim, houve o interesse em abordar o tema “Ações de prevenção e controle de infecção em hospitais”, pois, a complexidade e abrangência da infecção, seu controle e suas implicações nas ações assistenciais, a prevenção e controle devem compor as políticas da instituição e formação profissional, bem como, fazer parte da sua cultura.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O controle de infecção hospitalar foi, ao longo dos anos, evoluindo e se evidenciando como um fenômeno que não se restringe apenas ao meio hospitalar, mas, também, a todos os estabelecimentos da área de saúde, nos quais se desenvolvem ações consideradas de risco para o aparecimento das infecções. A IH transcende seus aspectos perceptíveis e conhecidos, situando-se em dimensões complexas do cuidado à saúde na sociedade moderna, ambas em constante transformação. Assim, a IH é um evento histórico, social e não apenas biológico, requerendo investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a incorporação de medidas de prevenção e controle, sem perder de vista a qualidade do cuidado prestado pela enfermagem.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.38406-38417 jun. 2020. ISSN 2525-8761 A infecção hospitalar é um grave problema de saúde pública e representa um grande desafio a ser enfrentado pelo poder público para a execução das ações de prevenção e controle de infecção nas instituições hospitalares. A realidade de muitos hospitais ainda é deficiente sob aspectos relativos às questões sanitárias legais e normativas, e principalmente, quando se trata da inexistência de Comissões e de Programas de Controle de Infecção Hospitalar para a aplicação das medidas de prevenção e controle desses eventos.

Defende-se a importância dos fatores “vontade e iniciativa” dos sujeitos, entretanto, não desvinculamos a valorização das ações de capacitação e conscientização dos agentes (trabalhadores e usuários) articulados em consonância com os gestores dos serviços. Nesse sentido, pactuamos da necessidade de institucionalização dessa temática nas unidades de formação de profissionais de saúde no Brasil, permitindo que os profissionais de saúde possam atuar com maior respaldo científico no assunto. Sabemos também que essa atitude implica em decisões políticas que devem ser instigadas num esforço coletivo entre profissionais de saúde e população em benefício do bem comum.

Assim, a problemática das infecções hospitalares requer também mudanças de ordem governamental, como a criação de uma política para o controle de infecção de maior efetividade, que vá além do estabelecimento de mecanismos legais e normativos para a sua regulação, que envolva a população usuária dos serviços, tornando-a partícipe no processo.

É necessário refletir sobre todas as estratégicas possíveis que possam contribuir para a mudança do atual panorama que se apresenta, como: a inserção da temática nos currículos dos cursos de graduação na área de saúde; a ampliação dos investimentos na disponibilização de cursos de pós-graduação em controle de infecção para profissionais de saúde, especialmente fora dos grandes centros; garantias legais no reconhecimento e autonomia do profissional controlador de infecção; revisão da legislação vigente objetivando o cumprimento efetivo das medidas de prevenção e controle, tanto para estabelecimentos públicos como privados; investimentos em pesquisas, seminários e atualizações.

Acredita-se ainda que não baste investimentos em altas tecnologias em saúde sem considerar a importância de se investir no potencial humano como um elemento fundamental para a o desenvolvimento de práticas de controle de infecção que culminem numa assistência segura e qualificada, que minimiza a permanência na internação, o aumento dos custos hospitalares, o sofrimento dos pacientes e de suas famílias, trazendo repercussões para toda a sociedade.

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