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Curso de Direito do Consumidor 4ª Série - UNIARA. Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin

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Curso de Direito do Consumidor – 4ª Série - UNIARA.

Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin

Aulas 13 e 14 – Ementa: A Responsabilidade do Fornecedor por Danos na Relação de Consumo (3ª parte). Vício do serviço. Outras regras relacionadas ao regime de responsabilização do fornecedor (serviços de reparos e consertos; serviços públicos; desconhecimento do fornecedor acerca dos vícios; exclusão da garantia legal e solidariedade). Decadência e prescrição (Análise dos Arts. 20 a 27 do Código de Defesa do Consumidor).

I – Responsabilidade pelo vício do serviço.

1. Vício do serviço. Assim como já analisamos em relação aos produtos,

os serviços também poderão apresentar vícios a ensejar responsabilidade civil do fornecedor, segundo a regra do artigo 20, do Código de Defesa do Consumidor 1. Qualquer comparação entre os artigos 18 e 20,

do CDC, conduzirá inevitavelmente à conclusão de que o legislador procurou manter a mesma estrutura de identificação do vício em um e outro dispositivo, ainda que existam diferenças óbvias no fornecimento do produto (em regra, um bem corpóreo) e do serviço (uma atividade humana).

Em outras palavras, temos novamente a previsão de que o vício pode afetar a qualidade do serviço, ou diminuir seu valor (o que pode decorrer da qualidade ou da

quantidade, e nesse caso, pensamos na extensão da prestação do serviço), ou ainda, ser decorrência de

uma disparidade objetiva entre a informação constante de sua oferta ou mensagem publicitária e o serviço propriamente dito, com ou sem diminuição objetiva de valor.

Considerando que os vícios de quantidade e de informação são de apuração objetiva, encontramos em paralelo à previsão do § 6º, do artigo 18, do CDC, regra análoga de conceituação de impropriedade e inadequação do serviço no § 2, do artigo 20, do referido Codex.

E, analisando o dispositivo, é possível perceber que a norma volta a

1Art. 20, CDC. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo

ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

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considerar a inadequação como uma espécie de impropriedade.

Assim, impróprios devem ser considerados os serviços que se revelarem

inadequados aos fins que deles se normalmente espera, e os que não atenderem as normas regulamentares de prestabilidade, e, em suma, podemos destacar: a) a norma considera como vício,

aquele fator negativo que torna o serviço impróprio ao consumo (vício de qualidade do serviço), e isso certamente diminuirá seu valor; b) a norma considera como vício, qualquer fator que diminua o seu valor ainda que não o torne impróprio por descumprimento das normas técnicas de prestabilidade ou por se revelar inadequado ao fim destinado (vício de quantidade do serviço); c) a norma considera como vício, objetivamente, aquele decorrente da disparidade entre o serviço executado e as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária (vício de informação do serviço).

2. Consequências da responsabilidade pelo vício do serviço. Devemos

notar que ao contrário das regras relacionadas ao vício do produto, não cogitamos de substituição da parte viciada, prazo de reparo, ou mesmo, de vício grave ou de essencialidade, como encontramos no tratamento jurídico do artigo 18 e 19, ambos do CDC.

De forma mais simples, vez que constatado o vício após a prestação do serviço que se revelou impróprio ou inadequado para o que dele razoavelmente se esperava, ou com diminuição objetiva de valor, ou ainda, que se mostrou diferente da mensagem publicitária, poderá o consumidor, desde logo, exigir alternativamente à sua exclusiva escolha: a) reexecução parcial ou total (se necessário) do serviço sem qualquer custo adicional, se cabível (artigo 20, I, CDC); b) restituição do valor pago corrigido, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (artigo 20, II, CDC); c) abatimento proporcional do preço (artigo 20, III, CDC).

Devemos observar, contudo, que qualquer pretensão do consumidor não pode incorrer em tentativa de enriquecimento ilícito, e sob tal prisma de análise, as alternativas legais devem considerar o caso concreto, seja porque nem sempre será possível exigir a reexecução do serviço, seja porque por vezes, a restituição do valor pago deve considerar eventualmente se houve parte do serviço que se permite destacar da parte viciada, o que poderia redundar, por exemplo, no cabimento apenas do pedido de abatimento proporcional do preço. Fica a ressalva.

3. Reexecução por terceiros. Em tese, se o consumidor optar pela

reexecução do serviço e o fornecedor a tanto se recusar, o § 1º, do artigo 20, do CDC, prevê que o fornecedor possa ser judicialmente compelido a arcar com o custo da reexecução efetuada por um terceiro prestador escolhido pelo consumidor (artigo 84, § 5º, CDC). Acreditamos, contudo, ser de rara aplicação prática essa previsão legal, pois, em regra, necessita de determinação judicial no bojo de ação adequada, e

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há fundado risco de longo debate no campo do recebimento do preço pelo terceiro prestador, em face de inadimplemento do fornecedor original em mora.

De qualquer forma, como a lei de consumo parte da premissa de que o consumidor utiliza o serviço para a satisfação de suas necessidades pessoais, preocupa-se em criar alternativas para a prestação ocorrer como alvo principal, e não simplesmente relegar ao consumidor a alternativa de resolver o contrato não cumprido com perdas e danos como única opção.

II – Outras Regras Relacionadas.

1. Enfoque geral. Visando aclarar questões relacionadas ao tratamento

legal específico dado ao campo da responsabilidade do fornecedor para defeitos e vícios de produtos e serviços na relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor fixou algumas regras gerais esparsas, que o legislador considerou relevantes, embora não compreendidas nos artigos anteriores.

2. Serviços de reparos e consertos (artigo 21, CDC). Para o serviço de

reparos ou consertos de bens ou produtos, o legislador procurou estabelecer maior proteção aos consumidores em geral, visando criar uma obrigação legal de ordem pública que não comportasse atenuação por previsão contratual que porventura viesse a criar maior nível de insegurança que o normalmente esperado com a colocação de peças improvisadas ou algo parecido. Assim, o dispositivo legal em tela impõe ao fornecedor o dever de utilizar peças originais adequadas e novas, ou que

mantenham as especificações técnicas do fabricante, até porque conduta em contrário constitui crime de

consumo (artigo 70, CDC), salvo se, quanto a estes últimos, existir autorização em contrário pelo consumidor.

A redação do artigo 21 do CDC padece de alguns problemas2, pois se o

legislador pretendia aumentar o campo de proteção do consumidor fixando uma obrigação legal implícita, não deveria ter previsto a possibilidade de tal obrigação ser ressalvada por cláusula contratual, tampouco utilizar de alternativas que arrostam por completo a proteção ideal de utilização de peças originais do fabricante e novas. Por certo, melhor seria permitir a utilização de peças não originais e novas desde que conservassem as especificações técnicas das peças originais, ou ainda, permitir a utilização de peças não

2Art. 21, CDC. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a

obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.

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novas, desde que originais do fabricante e que conservassem ainda total aproveitamento.

A redação do dispositivo é preocupante, na medida em que se revela: a)

deficiente, pois determina que o fornecedor use peças novas e originais, ou qualquer peça, usada ou não

original, desde que mantenham a especificação técnica do fabricante; b) perigosa, pois possibilita que o consumidor possa autorizar o serviço com a reposição de uma peça que não apresente as mesmas especificações técnicas da peça original desde que nova, o que eleva o risco de segurança do produto já que o conceito de adequação pode ser vago pelo consumidor na busca de melhor preço, e pior gerando risco ao meio social; c) lacunosa, já que a autorização do consumidor, ao contrário do estabelecido no dispositivo, deveria se dar em relação a peças originais e novas, possibilitando que mediante autorização do consumidor, o fornecedor empregasse peças usadas ou não originais, mas sempre, com as especificações técnicas do fabricante.

3. Serviços públicos (artigo 22, CDC). Na prestação de serviços, a

obrigação do serviço público é a de prestá-los de forma segura, adequada, eficiente, e contínua quanto aos essenciais. Para Zelmo Denari (GRINOVER, Ada Pelegrini et al - “Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto” – 7ª ed. – Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2001), mister investigar o alcance da expressão “essencial” para serviço público, concluindo o festejado autor, que essa é uma característica comum, com algumas variações entre serviços públicos

prestados singularmente e que constituem relação de consumo (fornecimento de água, energia,

telefonia), e os prestados coletivamente que não constituem relação de consumo (recolhimento de lixo urbano, segurança pública, saúde e educação).

Sob tal raciocínio, e valendo-se do entendimento de que para os serviços públicos prestados singularmente, de forma divisível entre os consumidores, não há um interesse coletivo direto, chega o citado autor ao entendimento de que o regime jurídico estabelecido entre fornecedor e consumidor é próximo ao do Direito Privado, vez que remunerado o prestador por preço público ou tarifa, cujo não pagamento, autoriza a interrupção do fornecimento, desde que previamente advertido o consumidor da futura providência de corte, da mesma forma que um fornecedor particular pode recusar-se ao cumprimento da obrigação contratual de entregar o bem em razão da falta de pagamento, sob pena de se instituir uma gratuidade forçada, ofendendo o princípio de igualdade aos destinatários do serviço público.

Esse entendimento parece melhor enfrentar a questão da interrupção do serviço público essencial quando há falta de pagamento e se explica no dispositivo para aplicar-se quanto

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à oferta do serviço público, essa sim, que deve ser contínua3.

4. Ignorância do fornecedor sobre os vícios do produto e do serviço (artigo 23, CDC). O legislador visivelmente pretendeu reforçar o conceito da responsabilidade objetiva

fundada no risco do negócio de fornecimento de produtos e serviços, deixando claro, ainda que a regra legal já se explicasse pela própria adoção do regime legal de responsabilização, que a falta de conhecimento do fornecedor acerca de vícios de seus produtos não é razão para arrostar sua responsabilização civil. Entendemos o artigo 23, do CDC4, como uma simples regra de reforço do regime

adotado nos dispositivos que fixaram o regime de responsabilização nos artigos 12 a 20, do CDC.

5. Regras gerais sobre a garantia estabelecida pela lei de consumo - a chamada garantia legal de produtos e serviços (artigos 24 e 25, CDC). Ao contrário da menor extensão

adotada pelo direito privado para a aplicação da teoria do vício em contratos comutativos translatícios de posse ou propriedade (artigos 441 e seguintes, do Código Civil), no Direito do Consumidor a mesma teoria do vício é extraída da Doutrina e adotada pela norma com maior extensão, já que os artigos 18 a 20 do CDC não restringem o regime de proteção aos vícios exclusivamente ocultos, bem como, aos existentes até a data da tradição. Portanto, temos a fixação de uma garantia determinada pela lei de consumo aos produtos e serviços, tal como encontramos com garantias contratuais para alguns produtos, visando manter a satisfação das necessidades do consumidor com a aquisição do produto ou serviço ainda por algum tempo pós-contratual.

Com isso, a lei de consumo determina um período em que o consumidor ainda terá a garantia que o produto ou serviço, independentemente da garantia contratual, conserve suas características de íntegro e adequado. É o que vislumbramos na lei de consumo como garantia legal.

A garantia legal é um primado de proteção aos consumidores previsto como norma de ordem pública, e, portanto, não guarda qualquer cabimento sua exclusão por cláusula ou

3Art. 22, CDC. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

4Art. 23, CDC. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de

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ajuste contratual. Em outras palavras, o artigo 24, do CDC5 edita regra cogente de que todo fornecedor de

produto e serviço se obriga pela boa qualidade de seus produtos e serviços dentro do prazo razoável de decadência (30 e 90 dias para produtos ou serviços, respectivamente, não duráveis e duráveis), impossibilitando-se qualquer exoneração contratual do fornecedor por vícios ocultos ou aparentes (se não especificados), ou alegação em contestação de inexistência do direito invocado pelo consumidor por falta de previsão contratual expressa, salvo a exceção constante do artigo 51, I, do CDC.

Ainda como regramento geral da garantia legal, o legislador estabelece no artigo 25, do CDC, regra de solidariedade na responsabilização civil dos fornecedores que concorreram em qualquer grau para a ocorrência de um vício ou defeito, inclusive alcançando o fornecedor da peça ou componente defeituoso para a hipótese de produtos ou serviços que tenham peças ou componentes incorporados.

De fato, francamente aplicável a solidariedade entre o fabricante da peça e o fornecedor do serviço que a utiliza, pois se trata de responsabilidade objetiva, ficando a cargo do fornecedor do serviço avaliar tecnicamente a peça utilizada e assumir solidariamente com o fabricante da peça eventual responsabilidade perante o consumidor, sem prejuízo de posteriormente voltar-se em regresso contra o fabricante da peça pelos prejuízos que suportou. Ao menos, é o que se extrai do referido Art. 25, do CDC6.

III – Decadência e prescrição no regime de responsabilização do fornecedor por danos ao consumidor.

1. Decadência e prescrição – linha gerais. Embora não seja consenso na

Doutrina, entendemos que o legislador bem andou na distinção entre prescrição e decadência no campo da reparação do consumidor por danos na relação jurídica de consumo, já que na seara da responsabilização pelo vício, o consumidor enfrenta prazos decadenciais (artigo 26, CDC), e na responsabilização pelo fato,

5 Art. 24, CDC. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração

contratual do fornecedor.

6 Art. 25, CDC. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.

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prazo prescricional (artigo 27, CDC).

Atualmente, perfilhamos o entendimento de que na hipótese de vício de produtos ou serviços, o consumidor nutre um direito potestativo de reclamar a reparação e se não o fizer em certo prazo, extingue-se a faculdade de reclamar a reparação, ocorrendo a caducidade do próprio direito subjetivo de reparação; na responsabilidade pelo fato, ao contrário, temos uma lesão a direito subjetivo já constituído (incolumidade da vida, saúde, segurança e honorabilidade, direitos reconhecidos à pessoa), e sua lesão por ato de consumo gera a responsabilidade do fornecedor de reparar, donde o não exercício atinge a pretensão de buscar junto ao Estado-Juiz tal condenação, ou seja, a não concretização desse direito representa a perda da pretensão de reclamá-lo por ação processual correspondente, donde aplicável realmente a extinção por prescrição. Nesse mesmo sentido, invoco:

Em doutrina define-se a prescrição como sendo a convalescença de uma lesão de direito pela inércia do seu titular e o decurso do tempo. Não foge dessa linha a definição contida no art. 189 do Código Civil: “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.” Como se vê, há uma íntima relação entre prescrição e responsabilidade. O Mestre San Tiago Dantas já prelecionava em suas memoráveis aulas: “A lesão do direito é aquele momento em que o direito subjetivo vem a ser negado pelo não cumprimento do dever jurídico que a ele corresponde. Sabe-se que da lesão nascem dois efeitos: em primeiro lugar, um novo dever jurídico, que é a responsabilidade, o dever de ressarcir o dano e, em segundo, a ação, o direito de invocar a tutela do Estado para corrigir a lesão do direito. Não surge o problema da prescrição, enquanto não há lesão do direito. No momento em que surge tal lesão e com ela aquela sua primeira consequência, que é o dever de ressarcir o dano, aí é que se coloca, pela primeira vez, o problema da prescrição. [...] Se o tempo decorrer longamente, sem que o dever secundário, a responsabilidade seja cumprida, então, não será mais possível invocar a proteção do Estado, porque a lesão do direito estaria curada. A prescrição nada mais é do que a convalescença da lesão do direito pelo não exercício da ação.” [in Programa de direito civil – aulas proferidas na Faculdade Nacional de Direito (1942-1945). Parte Geral, Rio de Janeiro: Rio, 1977, p. 399]. Assim, com a violação do direito subjetivo surge a pretensão do seu titular de buscar a tutela do Estado, visando ao cumprimento coercitivo do dever violado, mediante o ajuizamento de demanda. Por isso, a inércia do lesado implica a extinção da pretensão, ou seja, impede a exigência coercitiva do dever jurídico violado. Esse foi o motivo pelo qual também foi largamente difundida a ideia de que a prescrição acarretava a perda do direito de ação. [...]

Fixada a noção de que violação do direito e o início do prazo prescricional são fatos correlatos, que se correspondem como causa e efeito, depreende-se que só os direitos passíveis de lesão – que são aqueles que têm por objeto uma prestação – conduzem à prescrição. Na decadência o que se atinge é uma faculdade jurídica, modernamente denominada de direito potestativo, quando o seu exercício está subordinado a um prazo fatal estipulado pela lei. Importa dizer que há direitos potestativos que trazem, em si, o germe da própria destruição. São faculdades cujo exercício está condicionado ao tempo. É como se fosse um direito a termo resolutivo imposto pela própria lei. Durante aquele prazo pode ser exercido, depois dele não mais: é a decadência. Seu fundamento, assim, é não ter o sujeito utilizado um direito potestativo dentro dos limites temporais estabelecidos pela lei” (Filho, Cavalieri, Sergio . Programa de Direito do Consumidor, 4ª edição. Atlas, 08/2014, p. 355/357).

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2. Prazos decadenciais. Conforme vimos, na relação jurídica de

consumo qualquer problema in re ipsa no produto ou serviço que os tornem impróprios para o consumo, inadequados aos fins destinados, com valor diminuído ou discrepantes frente à oferta, rotulagem ou mensagem publicitária encerra um vício, a ensejar a responsabilização do fornecedor. O prazo para o exercício do direito de responsabilizar o fornecedor por essa espécie de vício é estabelecido de acordo com o tipo de produto ou serviço durável ou não durável 7.

Assim, variará a duração do prazo de acordo com a durabilidade do produto ou serviço, e o início da contagem do prazo também variará de acordo com a natureza do vício, ou seja, aparente ou oculto, de acordo com as seguintes regras:

a) vícios de fácil constatação: seguindo o que já estudamos em Direito

dos Contratos, aqui poderemos ter vícios aparentes ou não aparentes (não simplesmente “ocultos”, pois

estes são tomados como não visualizáveis, e faz-se necessário compreender o que o legislador procurou estabelecer em relação aos vícios realmente ocultos para o deslocamento de seu termo inicial), e

independentemente de serem aparentes ou não, interessa-nos em um primeiro se são vícios de fácil constatação, ou seja, que se manifestam em nas primeiras utilizações do produto ou serviço, repito, visualmente aparentes ou não antes do uso.

Nessa hipótese de fácil constatação, os prazos serão de trinta dias para

produtos ou serviços não duráveis (exemplos: produtos não duráveis - alimentos; serviços não duráveis - decoração de festas), e de noventa dias para produtos ou serviços duráveis (exemplos: produtos duráveis - livro, automóvel; serviços duráveis - construção civil, reparos em produtos), e tão importante

quanto os prazos é o seu termo inicial, pois este terá princípio na data do fornecimento final que se dá pela entrega efetiva do produto ou prestação total do serviço (artigo 26, I e II, c.c. o § 1º, CDC);

b) vícios que por sua natureza somente podem ser conhecidos mais tarde, com certo tempo ou uso, e que não emergem claramente das primeiras experimentações:

importante reconhecer que vícios que não se revelam de imediato, tão logo iniciado o uso do bem, e que somente após algum tempo de normal utilização é que passam a surgir (o que não se confunde com

desgaste da coisa em razão de sua normal utilização), são tidos pela letra expressa do artigo 26, § 3º, do

CDC, como ocultos, mas dialogando esse regime consumerista com o instituto do vício oculto no Código

7 “[...] duráveis são os produtos e serviços de vida útil não efêmera, cuja fruição prolonga-se, relativamente, no tempo. Não duráveis

são aqueles de utilização imediata, cuja existência termina pouco tempo depois de sua aquisição” (Silva, Jorge Alberto Quadros de

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Civil (artigo 445, § 1º, Código Civil), notamos que naquele Diploma os vícios são ocultos visualmente, mas alguns podem se revelar de imediato, ou somente após algum tempo, mantendo latente com o uso regular, e por esse aspecto (já que todos são ocultos), é que o Código Civil trata de deslocar o termo inicial.

Entendemos que as fontes devem dialogar aqui, e que, portanto, o vício “oculto” no CDC (artigo 26, § 3º) é o que não se manifesta nas primeiras experimentações ou uso, mantendo-se latente com o uso regular, e sua eclosão somente após algum tempo de uso justifica o deslocamento do termo inicial do prazo decadencial. Veja como exemplo o seguinte Julgado do E. TJSP:

Ementa: DIREITO DO CONSUMIDOR – COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO E REVISADO, COM GARANTIA DE TRÊS MESES - MOTOR FUNDIDO POR FALTA DE MANUTENÇÃO/SUJEIRA NO INTERIOR – VÍCIO OCULTO MANIFESTADO QUATRO MESES APÓS A COMPRA – RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA PELA QUALIDADE DO PRODUTO - RESSARCIMENTO DOS DANOS MATERIAIS – CABIMENTO - DANOS MORAIS – NÃO CONFIGURAÇÃO – MERO INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO. O fornecedor é responsável pela reparação de vícios de qualidade e adequação apresentados em período que, dadas as circunstâncias do caso concreto, haja legítima expectativa de utilização do produto sem nenhum ônus ao consumidor, independente de escoado o prazo de garantia contratual. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO (TJSP – Apelação 1008848-25.2016.8.26.0510 – Rel. Des. Andrade Neto – 30ª Câmara de Direito Privado – Comarca: Rio Claro – data de julgamento: 14/03/2018).

Em reforço, invocamos a exemplar lição de Rizzato Nunes:

[...] Primeiramente quanto ao uso do termo “aparente”. Ele não é bom semanticamente falando. É que a palavra “aparente” tem o sentido de “aparência”, daquilo que não é real. E o vício, ao contrário, é bem real. O legislador quis aproveitar do vocábulo o sentido de aparecimento, do que aparece, mas ele não se presta a isso. Consequentemente, preferimos abandonar seu uso e ficar apenas com a outra expressão: “de fácil constatação”. Esta, sim, diz respeito ao sentido desejado pela norma. O que pretende a lei é que a garantia legal com seus curtos prazos seja exercida pela fácil constatação da existência do vício, isto é, pelo singelo uso e consumo do produto e do serviço. Por exemplo, o consumidor adquire um televisor que não sintoniza os canais. O vício nesse caso é evidente e decorre do mero uso. Já o vício oculto tem característica bastante duvidosa. O problema será considerado oculto quando simultaneamente: a) não puder ser verificado no mero exame do produto ou serviço; b) ainda não estiver provocando a impropriedade ou inadequação ou diminuição do valor do produto ou serviço. Importante colocar claramente o sentido de oculto, em função do início do prazo para reclamação previsto no § 3º do art. 26. O vício é oculto se não estiver acessível e, ao mesmo tempo, não estiver impedindo o uso e consumo. Por exemplo, um automóvel zero-quilômetro com risco na lataria não tem vício oculto. É que, mesmo que o consumidor não tenha reparado, esse vício é de fácil constatação. Da mesma forma, num outro exemplo: no veículo adquirido o limpador de para-brisas não se movimenta. O consumidor não sabe o motivo intrínseco que impede o funcionamento, mas isso não faz o vício ser oculto. O fato de ser inacessível ao consumidor o motivo do vício não o transforma em oculto. Ele será oculto, repita-se, se ainda não estiver em acionamento real, constatável pelo uso e consumo do consumidor. Num outro exemplo: o consumidor adquire um microcomputador. Seis meses depois,

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resolve nele instalar um drive opcional, que o sistema permite. Ao colocá-lo, não consegue fazê-lo funcionar, pois havia um problema técnico no microcomputador que só foi constatado com a instalação do drive. Era o típico vício oculto, que só se manifestou naquele momento. Mais outro exemplo: o consumidor adquire um automóvel zero-quilômetro, cuja barra de direção tem uma pequena trinca. Depois de meses de uso a barra quebra. O vício oculto só se manifestou depois de muito tempo” (NUNES, Luiz Antonio Rizzatto, - “Curso de Direito do Consumidor”- 12ª ed., São Paulo: Editora Saraiva, 2018, p. 649/654).

Nesse caso, os prazos de exercício do direito do consumidor à reparação são os mesmos prazos para produtos ou serviços não duráveis e duráveis (respectivamente, trinta e

noventa dias), iniciando-se, contudo, a contagem do prazo decadencial no momento em que o vício se

evidenciar (artigo 26, I e II, c.c. o § 3º, CDC)8.

2.1. Causas “obstativas” da decadência no Direito do Consumidor. O

legislador, ao tratar da decadência, previu que os prazos do artigo 26 do CDC poderiam ser “obstados”, cumprindo ao intérprete investigar a natureza desse óbice à fluência ininterrupta do prazo decadencial, que seria, aliás, a regra. Como estamos diante de causas que têm um período certo de paralisação do prazo, podemos considerar que tais causas não provocam a interrupção do prazo, e por esse motivo, não permitem a contagem integral novamente após sua cessação; como causas claramente suspensivas, posto que previstas com termo inicial e final, correrá o restante pelo período remanescente após a cessação da causa obstativa (artigo 26, § 2º, CDC). No mesmo sentido, invocamos:

“[...] Resta saber se esses dois eventos, que o Código qualifica como obstativos da decadência, têm efeitos suspensivos ou interruptivos do seu curso. Causas suspensivas são aquelas que sobrevêm e paralisam o tempo decorrido si et in quantum, isto é, enquanto perduram os seus efeitos. Terminada a suspensão, o prazo retoma o seu curso, com aproveitamento do tempo anteriormente decorrido. Pelo contrário, as causas interruptivas, quando se instalam, inutilizam todo o tempo anteriormente decorrido, de tal sorte que, verificado o evento interruptivo, a decadência recomeça a fluir, a partir dessa data (cf. art. 202, parágrafo único, do Código Civil). Ora, se a reclamação ou o inquérito civil paralisam o curso decadencial durante um lapso de tempo (até a resposta negativa ou o encerramento do inquérito), parece intuitivo que o propósito do legislador não foi interromper, mas suspender o curso decadencial. Do contrário, não teria estabelecido um hiato, com previsão de um termo final (dies a quo), mas, simplesmente, um ato interruptivo. Assim sendo, exaurido o intervalo obstativo, vale dizer, suspensivo, a decadência retoma o seu curso até completar o prazo de 30 ou 90 dias, legalmente previsto.

8Art. 26, CDC. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de

fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

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(GRINOVER, Ada Pellegrini al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Vol. I, 10ª edição. Forense, 04/2011, p. 247. VitalBook file).

São, portanto, causas que obstam (suspendem) os prazos decadenciais: a) reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor, até a resposta negativa correspondente, que deve ser formalmente transmitida; b) instauração do inquérito civil, até o seu encerramento.

3. Prazo prescricional (artigo 27, CDC). Também analisamos que se o

produto ou serviço apresentar um vício, que porventura venha a se potencializar durante a utilização do bem de consumo passando a decorrer deste uma insegurança maior do que a esperada causando danos ao consumidor, estaremos diante da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, que decorre de um

defeito e que provoca um acidente de consumo.

O prazo para exigir a reparação dos danos sofridos é de cinco anos,

contados do conhecimento do dano e de sua autoria. O artigo 27, do Código de Defesa do Consumidor, contém um parágrafo único que foi vetado pelo Presidente da República. Esse parágrafo único previa que o prazo de prescrição seria interrompido nas hipóteses do “§ 1º do Art. 26 do CDC”, o que representou um equívoco de remissão, pois estavam no § 2º daquele dispositivo legal as causas obstativas de prazo. Em um primeiro momento, a ausência de causas suspensivas para a prescrição no regime do CDC causou certa incompreensão, na medida em que o prazo geral de prescrição no Código Civil de 1916 era vintenário, e, portanto, bem mais favorável ao consumidor do que o correlato existente na própria lei especial de consumo. Atualmente, essa questão ficou dirimida com o advento do Código Civil de 2002, que prevê prazo menor de 03 anos para a reparação civil (artigo 206, §3º, V, CC), tornando melhor e mais protetivo o prazo da lei especial de consumo.

III. Dispositivos legais referidos nesta aula.

Art. 20, CDC. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

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Art. 21, CDC. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.

Art. 22, CDC. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

Art. 23, CDC. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24, CDC. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.

Art. 25, CDC. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.

Art. 26, CDC. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Art. 27, CDC. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Parágrafo único. (Vetado).

IV. Julgados relacionados aos temas da aula (Fonte:www.tjsp.jus.br).

Ementa: DIREITO DO CONSUMIDOR – COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO E REVISADO, COM GARANTIA DE TRÊS MESES - MOTOR FUNDIDO POR FALTA DE MANUTENÇÃO/SUJEIRA NO INTERIOR – VÍCIO OCULTO MANIFESTADO QUATRO MESES APÓS A COMPRA – RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA PELA – CABIMENTO - DANOS MORAIS –

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NÃO CONFIGURAÇÃO – MERO INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO. O fornecedor é responsável pela reparação de vícios de qualidade e adequação apresentados em período que, dadas as circunstâncias do caso concreto, haja legítima expectativa de utilização do produto sem nenhum ônus ao consumidor, independente de escoado o prazo de garantia contratual. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO (TJSP – Apelação 1008848-25.2016.8.26.0510 – Rel. Des. Andrade Neto – 30ª Câmara de Direito Privado – Comarca: Rio Claro – data de julgamento: 14/03/2018).

Ementa: Compra e venda. Bem móvel. Equipamento de aplicação de laser destinado a clareamento dental adquirido por cirurgiã-dentista. Alegação de funcionamento inadequado e em desconformidade com o prometido na mensagem publicitária do vendedor da ré. Vício do produto. Prazo decadencial do art. 26 do CDC contado, no caso, desde a manifestação do defeito, que era oculto, dependendo da colocação do equipamento em funcionamento. Inteligência do art. 26, § 3º, do CDC. Autora que passou a perceber a ineficiência do equipamento após pelos menos cinco sessões em alguns pacientes. Aquisição em 10 de outubro de 2012. Ajuizamento da ação em 24 de janeiro do ano seguinte. Prazo decadencial, contado da constatação do pretenso vício, não superado. Sentença que extinguiu o feito por decadência reformada, para que prossiga o feito com regular instrução, junto à origem. Apelação da autora provida. Apelação da ré prejudicada. (TJSP – Apelação 0001987-58.2013.8.26.0344 – Rel. Des. Fabio Tabosa – 29ª Câmara de Direito Privado – Comarca: Marilia – data de julgamento: 21/03/2018).

Ementa: BEM MÓVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VÍCIO OCULTO CONSTATADO. PARÁGRAFO 1.º DO ART. 18 DO CDC. Veículo que apresenta problema nos primeiros meses de uso. Perícia realizada nos autos que confirma a existência do defeito, consignando que não decorreu da colisão sofrida pelo veículo, por uso incorreto ou buracos na pista, pelo que se infere o defeito de fabricação. Decorrido o prazo de trinta dias sem que o vício fosse sanado pela ré, a consumidora optou pela restituição da quantia paga, nos termos do parágrafo 1.º do art. 18 do CDC, pelo que não se há de falar mais em conserto do veículo. Tendo a autora ajuizado a demanda antes do decurso do prazo decadencial, não pode ser ela penalizada pela demora no processamento da ação no tocante ao seu direito à restituição da quantia paga. Retenção de 10% desse valor mantida, conforme determinado na r. sentença recorrida, sob pena de reformatio in pejus. Recurso desprovido (TJSP – Apelação 0000117-06.2014.8.26.0291 – Rel. Des. Gilberto Leme – 35ª Câmara de Direito Privado – Comarca: Jaboticabal – data de julgamento: 12/03/2018).

Referências

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