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INVENTÁRIO DE BENS CULTURAIS IGREJA MATRIZ SANTO ANTONIO

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Academic year: 2021

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INVENTÁRIO DE BENS CULTURAIS – IGREJA MATRIZ SANTO ANTONIO

Valquiria Amaral, Bárbara Moraes, Fabrícia Dias da Cunha de Moraes Fernandes Borges

Universidade do Oeste Paulista, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Presidente Prudente, SP. E-mail:

valkiriamaral@hotmail.com .

RESUMO

O presente artigo traz à pauta, o inventário de bens culturais, mais precisamente a IGREJA MATRIZ SANTO ANTONIO da cidade de Quatá, estado de São Paulo, para que possamos refletir sobre sua trajetória histórica no âmbito municipal. O estudo desse patrimônio cultural promove sua valorização e a consagração como bem comum a determinado grupo social no tempo e no espaço, visto que o mesmo possui significações relevantes por ser parte de sua construção histórica. Concluímos que, dessa iniciativa de reconhecê-lo como patrimônio cultural da cidade, outras ações de preservação possam ocorrer, contribuindo dessa forma para a preservação da história local, fazendo com que outros patrimônios sejam identificados e reconhecidos.

Palavras-chave : Patrimônio cultural – Preservação – Memória histórica – Igreja – Monumento

PROPERTY INVENTORY OF CULTURAL - MOTHER CHURCH SANTO ANTONIO

ABSTRACT

This article brings to the agenda, the inventory of cultural property, the more precisely MOTHER CHURCH SANTO ANTONIO, Quatá City, São Paulo, so that we can reflect on its historical trajectory at the municipal level. The study of cultural heritage promotes its appreciation and consecration as the common good of a particular social group in time and space, since it has significant meanings to be part of its historic building. We conclude that this initiative to recognize it as a cultural heritage of the city, other conservation actions may occur, thus contributing to the preservation of local history, causing other assets are identified and recognized.

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INTRODUÇÃO:

Para tratarmos da preservação de um patrimônio histórico e cultural, faz-se necessário primeiramente compreender conceitos relacionados ao uso dos espaços e sua importância como lugares de memória, expressão essa utilizada por Pierre Nora para descrever espaços e temporalidades que acabaram sendo sacralizados em determinados grupos nas sociedades urbanas. (PESAVENTO, 2002).

Ainda para Sandra J. Pesavento o conceito de memória seria a “ presentificação de uma ausência no tempo, que só se dá pela força do pensamento – capaz de trazer de volta aquilo que teve lugar no passado” (PESAVENTO, 2002)

Essa memória, portanto, pode ser despertada por edificações, monumentos e lugares com capacidade de rememorar a forma de vida daqueles que fizeram uso desses lugares, reconstruindo assim a história do lugar.

História essa que passa de geração em geração, fortemente ligada às construções que representam um passado comum a todos. Ecléa Bosi ainda ressalta : “[...] cada geração tem, de sua cidade, a memória de acontecimentos que são pontos de amarração de sua história”

A noção de patrimônio histórico, como salienta Maria Célia Paoli deveria focar nas dimensões múltiplas da cultura como imagens de um passado vivo: fatos e coisas que merecem ser mantidos na memória e preservados, pois correspondem a um significado coletivo, entretanto o que ocorre de fato, como observa a mesma autora, não é exatamente isso, mas sim que, ao falar-se de patrimônio histórico, pensa-se em uma imagem congelada do passado, tal como um museu repleto de objetos antigos, que ali se encontram apenas para justificar uma herança coletiva.

Assim exposto, o objetivo desse artigo é primeiramente elucidar dúvidas que pairem sobre a cidade no sentido do que pode ser considerado patrimônio cultural, e em seguida, tornar claro para a sociedade local que a historia de um povo está intrinsecamente ligada à arquitetura local, seja de uma Igreja, escola ou outro patrimônio existente.

METODOLOGIA

Através de visitas locais e pesquisa em dados históricos e atuais, referentes às varias cidades da região de Quatá, observamos que demolir prédios antigos para substituí-los por novos é um procedimento comum. Os argumentos para justificar essa ação são sempre os mesmos, ou seja, julgam esses imóveis impróprios e consideram que existe uma necessidade de algo mais

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Segue-se então, nova pesquisa, agora em fundamentações científicas que versem sobre essa postura tradicional da população que não considera a preservação de bens materiais como algo importante.

Detectamos então a ação do historiador em propor a preservação de bens materiais, conservando traços da vida comum, mostrando como vivia a sociedade numa determinada época. Como argumenta Maria Cecília Londres Fonseca, a política de preservação não deve objetivar apenas o bem material, mas sim todo o universo que o envolve:

[...] uma política de preservação do patrimônio abrange necessariamente um âmbito maior que o de um conjunto de atividades visando à proteção de bens. É imprescindível ir além e questionar o processo de produção desse universo que constitui um patrimônio, os critérios que regem a seleção de bens e justificam sua proteção; identificar os atores envolvidos nesse processo e os objetivos que alegam para legitimar o seu trabalho; definir a posição do Estado relativamente a essa prática social e investigar o grau de envolvimento da sociedade. Trata-se de uma dimensão menos visível, mas nem por isso menos significativa”. (FONSECA, 1997)

No Brasil, o interesse por bens culturais tem sua origem no período da Revolução Francesa, sendo que nesse período marca-se o momento em que o Estado francês se dispõem a conservar seus bens:

“A noção de patrimônio é, portanto, datada, produzida, assim como a ideia de nação, no final do século XVIII, durante a Revolução Francesa, e foi precedida, na civilização ocidental, pela autonomização das noções de arte e de história. O histórico e o artístico assumem, nesse caso, uma dimensão instrumental, e passam a ser utilizados na construção de uma representação de nação”. (FONSECA,1997)

HISTÓRICO

Em 10 de outubro de 1.916 foi feito a partilha de glebas para Paulo Barreto, que ocupou sua propriedade, com o plantio de 10.000 pés de café rubiácea.

A cidade teve inicio no ano de 1916 através da instalação de duas fazendas Paulo Barreto e Santa Lina, com inicio lento, mas alguns grupos de italianos e portugueses trouxeram progresso à região tornando-a emancipada no ano de 1924.

O povo residente na nova cidade tinha como religião uma tradição católica forte, que resultou ainda no ano de 1927 na construção da então Igreja Matriz.

Devido ao progresso da cidade, a igreja foi planejada para receber grande número de fieis, mas no período de sua construção acabou não contando com o término da torre.

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A torre só pode ser concluída entre o ano de 1933 e 1934 com a indispensável colaboração do Padre Félix das Dores Ortega.

Os responsáveis pela construção foram: Manoel Maria Gil de Oliveira; Manoel Henrique da Costa Junior; Francisco Vieira Nogueira; Oscar Soares; Agostinho Conde; Antonio Silva; Carlos Eugenio de Freitas; Padre João Kivilus; Padre Félix das Dores Ortegas; Padre Alfeu Piccardi.

Figura 1

Fonte: www.quata.com.br/qt750ldc.htm

Momento histórico da colocação do sino na igreja. Percebe-se, mais ou menos no meio da construção, perto do círculo central desenhado na igreja, o sino sendo içado. (FIGURA 1). A Igreja é uma construção marcada pelo período do inicio dos anos de 1900, onde o clássico é retratado nas portas e janelas internas e externas, através de formato de ogiva.

Trata-se de uma construção eclética brasileira, que nos remete a uma história da fundação de inúmeras cidades do interior paulista. (BRUAND, 2010)

Atualmente a Igreja Matriz de Quatá, está com pintura nos tons de amarelo onde anteriormente prevalecia o branco e o cinza claro. E nas janelas fora incluído uma proteção em ferro para os vitrais e portas. (FIGURA 2). Podemos notar também o clássico das colunas e as aberturas de óculo nos remetendo ao barroco.

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Figura 2

Fonte: www.quata.com.br/

Desde a sua construção na década de 20 e 30, a igreja passou por reformas em dois momentos distintos. Na década de 1980, sua cobertura foi toda trocada, devido a um forte vento que infelizmente destelhou a igreja.

E no ano de 2009 fora inserido acesso para cadeirante na entrada lateral da igreja, adaptando-a à Lei de Acessibilidade. (FIGURA 3)

Figura 3

Fonte: elaboradas pela autora. 2015, figuras 3 a 7

Nesta mesma data também fora colocado as proteções nos vitrais das janelas e portas, e houve alteração do forro que era de madeira, assim como abertura de duas paredes para inclusão de altares e colocação de piso. (FIGURA 4)

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Figura 4

O antigo piso foi trocado por material moderno em pedra, que trouxe maior requinte ao ambiente interno. A população leiga da cidade que não tem o conhecimento da preservação aprovou a reforma, no entanto quando ouvem a defesa da preservação, percebem o volume de alterações pela qual a igreja passou.

As portas também se mantiveram com o tempo, graças à boa madeira empregada na construção. Os vitrais foram mantidos intactos, trazendo beleza a igreja através de seus coloridos temas. (FIGURA 5)

Figura 5

O ferro utilizado para o acesso ao coral localizado junto ao acesso da porta principal também foi mantido com estilo Art Deco. (FIGURA 6), bem como mantido também as peças em ouro no altar. (FIGURA 7)

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Figura 7

Figs. 3 a 7 Fonte: elaboradas pela autora. 2015

A arquitetura lançou mão da declividade do terreno, projetando para frente, um desnível de 2,5m do chão, trazendo para a obra, uma magnitude da construção.

A Torre da igreja, com detalhe do sino e do relógio eleva-se a 23 metros de altura, como um verdadeiro obelisco visível de boa parte da cidade.

Pelo detalhamento descrito acima é possível perceber que, apesar de toda a influência que a igreja sofreu, as alterações não foram por si só, destrutivas a ponto de descaracterizar a matriz e o que ela representa.

Muitos detalhes foram mantidos, e são neles que percebemos a existência, ainda que incompleta, de uma vontade de preservar o bem e a história.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

À partir da necessidade de preservação de patrimônio cultural, e da importância que a Igreja Matriz Santo Antonio tem para a cidade de Quatá, bem como seu devido reconhecimento pela sociedade local, essa nova forma de pensar a preservação deve ser considerada.

A presença de um estilo eclético, presente em inúmeras cidades do interior paulista, bem como o clássico nas portas internas e externas, em seu formato de ogiva, em suas colunas e no barroco das aberturas de óculo, faz com que essa riqueza de detalhes, retrate uma época histórica do Brasil, mereça ser tombada, garantindo assim a perpetuação desses detalhes intrínsecos à história da cidade.

Acreditamos que essa ação desencadeie outras na região, fazendo com que a história local seja preservada através de sua ligação com os bens arquitetônicos existentes no local.

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REFERÊNCIAS

PESAVENTO, Sandra Jatahy. Memória, história e cidade: lugares no tempo, momentos no espaço. ArtCultura, Uberlândia, vol. 4, n. 4, p. 29, 2002.

BOSI, Ecléa. Memória da cidade: lembranças paulistanas. Instituto de Estudos Avançados. São Paulo: USP, vol. 1, n. 1, p. 199-200, 1987.

CUNHA, Maria Clementina Pereira. (Org.) O Direito à Memória: patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: Departamento do Patrimônio Histórico, p.25, 1992.

FONSECA. Maria Cecília Londres. O patrimônio em processo: trajetória da Política Federal de

preservação no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN, p.36-37, 1997.

GIOVANNETTI, Bruno. Álbum Histórico do Município de Quatá. Gráfica d.Bosco, 1953.

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