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As Interações entre os Setores Público e Privado no Lançamento de Novas Cultivares de Soja, Milho e Trigo no Brasil

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Academic year: 2021

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As Interações entre os Setores Público e Privado no Lançamento de Novas Cultivares de Soja, Milho e Trigo no Brasil

Autoria: Marcos Paulo Fuck, Maria Beatriz Machado Bonacelli Resumo

A dinâmica do processo inovativo constantemente altera as relações existentes entre os atores nele envolvidos. A maior complexidade do processo, as estratégias competitivas, a emergência de novos atores e as mudanças tecnológicas e institucionais são alguns dos fatores que afetam o processo de pesquisa e inovação. Diante disso, notadamente nos últimos anos, as instituições de pesquisa e as empresas privadas têm adotado formas organizacionais mais flexíveis visando a uma melhor interação com os demais atores.

No caso da pesquisa agrícola, que é o foco do artigo, nota-se alteração nas relações existentes entre os setores público e privado, com este último ampliando sua participação no processo de pesquisa de novos cultivares, sobretudo os voltados às culturas agrícolas mais representativas no mercado nacional. No caso brasileiro, a Embrapa, principal instituição pública de pesquisa agrícola do país, de forma a permanecer competitiva no lançamento de novos cultivares, tem ampliado suas articulações com o setor privado e realizado pesquisa colaborativa para o desenvolvimento de novas cultivares.

A análise realizada no artigo está restrita aos segmentos de soja, milho e trigo. A idéia é identificar os principais atores que estão participando do processo de lançamento de novos cultivares e as relações existentes entre eles a partir da formação de redes de inovação. Entende-se que os atores que participam do processo de pesquisa devem buscar a complementaridade de competências de modo a melhor se inserirem nestas redes, hoje uma das formas mais eficazes de trabalhar em áreas com grandes mudanças científicas e tecnológicas.

Introdução

Nos últimos anos, o processo de pesquisa agrícola vem sendo afetado por diversas variáveis. Os novos marcos institucionais e tecnológicos, a maior concorrência com o setor privado (notadamente com as empresas transnacionais), a emergência de novos atores (que vêm sendo atraídos pelas expectativas em relação à lucratividade das novas tecnologias), a maior complexidade do processo de pesquisa (com a emergência de novas áreas de pesquisa), e a crise financeira e institucional do setor público são alguns dos fatores que têm alterado as relações entre os setores público e privado no processo de pesquisa de novas cultivares e também no mercado de sementes. Diferente do que ocorreu durante a Revolução Verde, em diversos países do mundo, o setor público, representado principalmente pelas Instituições Públicas de Pesquisa (IPPs), vem perdendo espaço no processo de pesquisa para as empresas transnacionais.

Contudo, nos exemplos tratados neste artigo, a Embrapa, principal IPP nacional da área agrícola, ocupa uma posição de destaque no processo de pesquisa e no mercado de sementes de soja e trigo. No mercado de milho, o outro segmento explorado neste trabalho, a atuação da Embrapa é importante para ampliar a concorrência neste mercado que historicamente é marcado pela presença maciça de grandes empresas. A par disso, diferente do que uma análise menos cuidadosa possa sugerir, a forma de atuação da Embrapa nesses segmentos é relevante, sobretudo neste momento em que as novas tecnologias de base biotecnológica estão afetando profundamente o setor de pesquisa e o setor sementeiro. Neste contexto, a realização de parcerias para a pesquisa (e também para o mercado de sementes)

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tem sido uma prática cada vez mais utilizada. Além da Embrapa, de outras IPPs e das empresas transnacionais, as organizações de pesquisa ligadas aos produtores rurais e as fundações de produtores de sementes estão cada vez mais atuantes no processo de pesquisa, tanto individualmente como a partir de alianças com outros atores envolvidos no processo. Essas alianças estão sendo mais utilizadas no caso da soja, sobretudo entre a Embrapa e as fundações de produtores de sementes.

Para a análise que é feita neste artigo sobre os segmentos de soja, milho e trigo utilizam-se os dados referentes ao registro de cultivares, à proteção de cultivares e à produção brasileira de sementes. De modo a complementar a análise sobre a produção de sementes, notadamente no caso da soja e do trigo, apresenta-se também um breve panorama sobre a comercialização das sementes no Rio Grande do Sul (único estado que divulga tais informações). Entende-se que as informações sobre a comercialização das sementes no Rio Grande do Sul são relevantes devido à importância do estado na produção nacional de sementes de soja e trigo, como também devido ao avanço do mercado paralelo de sementes de soja. Além desta introdução, o artigo é composto por outras quatro sessões. Na primeira realiza-se uma breve discussão sobre o processo de reorganização da pesquisa agrícola. Na segunda apresentam-se as principais características do processo de pesquisa de novas cultivares. Na terceira, de forma mais abrangente, discutem-se as interações entre os atores e seus espaços nos segmentos citados. Na última apresentam-se as conclusões do artigo. A pesquisa agrícola, seus atores e seus papéis

Nas décadas de 50 e 60 do século passado, implementou-se, em diversos países, a Revolução Verde. Esse fenômeno compreendeu o emprego de novas tecnologias, tais como o uso de herbicidas, fertilizantes e variedades de plantas com maior resposta à aplicação de fertilizantes, assim como de modernas máquinas e equipamentos. A partir desse momento, observa-se uma interação constante entre as atividades agrícolas e não agrícolas (sobretudo industriais e comerciais), além do envolvimento de um maior número de atores no processo de pesquisa e de difusão das novas tecnologias geradas. Naquele momento, o setor público era o principal responsável pelo desenvolvimento das novas pesquisas agrícolas (de sementes, notadamente).

Em boa parte dos países em desenvolvimento, a estrutura institucional de pesquisa agropecuária surgiu nesse período. Por exemplo, em 1959 foi criado o Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz (IRRI), nas Filipinas, e em 1963 foi estabelecido, no México, o Centro Internacional para Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT). Em 1971 foi criado o Grupo Consultivo para Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR), que incluía membros do Banco Mundial, FAO (Organização para Alimentação e Agricultura) e PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), como patrocinadores, e nove representantes de governos nacionais, dois bancos regionais e três fundações (Mello, 1995; Hayami & Ruttan, 1988). Com o patrocínio do CGIAR, o sistema internacional de pesquisa cresceu rapidamente.

Mais recentemente, diversos eventos estão alterado as relações entre a oferta e a demanda de tecnologias e entre os atores do sistema de pesquisa e inovação agropecuária. Castro et al. (2005) destacam os seguintes eventos: as novas leis de propriedade intelectual e de patentes de materiais vivos; os avanços nas técnicas de melhoramento genético utilizando a biotecnologia; o crescimento econômico do mercado de cultivares; e a grande participação de conglomerados transnacionais no mercado de sementes. Para os autores, estes eventos modificam as relações, o desempenho e o espaço que as instituições públicas e privadas de pesquisa agropecuária ocupam no mercado.

Conforme FAO (2004), diferente das pesquisas que impulsionaram a Revolução Verde, parte significativa das pesquisas sobre biotecnologia agrícola e quase todas as

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atividades de comercialização estão sendo realizadas por empresas privadas, com sede em países industrializados. Isto representa uma mudança radical em relação à Revolução Verde, na qual o setor público desempenhou um importante papel na pesquisa e na difusão de tecnologias. Essa mudança tem importantes conseqüências em relação à forma como se realiza a pesquisa, aos tipos de tecnologias que são elaboradas e ao modo como se difundem essas tecnologias. O predomínio do setor privado nestas pesquisas pode fazer com que os produtores dos países em desenvolvimento, sobretudo os agricultores pobres, não tenham acesso aos seus benefícios.

Ainda conforme FAO (2004), não estão claras as possibilidades dos sistemas públicos de pesquisa em se beneficiar do trabalho desenvolvido pelas empresas transnacionais. Além disso, os programas de pesquisa do setor público, na maior parte das vezes, ficam restritos às fronteiras nacionais, o que reduz os benefícios das inovações tecnológicas entre zonas agroclimáticas similares (de diferentes países). O sistema de intercâmbio de germoplasma do CGIAR tem atenuado o problema no caso de vários cultivos importantes, mas não está claro se funcionará também para os produtos obtidos por meios biotecnológicos e os cultivos transgênicos, tendo em conta os direitos de propriedade a que estão sujeitas as tecnologias. Diante disso, formas alternativas de colaboração podem atenuar estes problemas.

Um dos exemplos de cooperação e colaboração nas pesquisas em biotecnologia pode ser dado pelo Pipra (Public Intellectual Property Resource for Agriculture). Trata-se de uma associação de diversas universidades norte-americanas e Institutos de pesquisa agrícola, estando em aberto a incorporação de novas instituições de pesquisa. O Pipra visa superar os obstáculos ao desenvolvimento das pesquisas em biotecnologia por três meios: a) um levantamento de tecnologias patenteadas pelo setor público de vários países, criando banco de dados acessíveis aos pesquisadores; b) elaboração de “estudos de casos” que mostrem como é possível utilizar tecnologias sob a propriedade intelectual de organizações públicas para realizar pesquisas em biotecnologia; e c) incentivar redes de colaboração, a atividade mais importante da Associação. Vale destacar que a possibilidade deste arranjo ser bem sucedido cresce com a importância das organizações que dele participam (Dal Poz et al., 2004).

Porém, para participar do processo de pesquisa, os países devem possuir instituições capacitadas. Conforme destaca a própria FAO (2004), os países que melhor aproveitaram as oportunidades oferecidas pela Revolução Verde foram aqueles que tinham, ou criaram rapidamente, uma ampla capacidade nacional de pesquisa agrícola. Naquele momento havia interesse na rápida difusão das tecnologias. Por exemplo, diversos institutos internacionais de pesquisa agrícola foram instalados em várias regiões do mundo, com o apoio das Fundações Ford e Rockefeller. Hoje o contexto é diferente, com o predomínio de empresas transnacionais na oferta das novas tecnologias, com os Institutos de pesquisa agrícola dos países menos desenvolvidos perdendo a importância ocupada no passado.

Entende-se que os países em desenvolvimento poderiam ter um melhor benefício da biotecnologia com o fortalecimento das estruturas de pesquisa locais, explorando as complementaridades entre os setores público e privado (nacional ou não) e com isso ter um espaço de criação mais amplo em relação às alternativas tecnológicas (Fuck, 2005). Este novo contexto da pesquisa agropecuária revela múltiplas formas de colaboração entre os setores público e privado, sendo este último formado também por organizações coletivas e sem fins lucrativos. Além das empresas privadas e das IPPs, observa-se, sobretudo no caso brasileiro, que as organizações ligadas aos produtores, de forma isolada ou em parcerias, têm assumido um importante papel no processo de pesquisa e no mercado de sementes de importantes culturas agrícolas. As próximas duas partes deste artigo têm por objetivo justamente apresentar as principais características do processo de pesquisa de novas cultivares e as interações entre os atores participantes deste processo e do mercado de sementes de soja, milho e trigo no Brasil.

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O processo de desenvolvimento de novas cultivares e a regulamentação do setor

O processo de desenvolvimento de um novo cultivar é uma tarefa complexa. Conforme Martinelli (2006), esse processo pode ser decomposto em duas fases principais. A primeira fase é a das atividades de pesquisa básica em melhoramento genético, fase esta que se associa também às atividades de adaptabilidade dessas novas variedades às condições edafo-climáticas. Neste fase são produzidas as sementes básicas. As pesquisas em melhoramento de sementes podem ser realizadas tanto pelo setor público quanto pelo privado. O autor cita que, no Brasil, a Embrapa desempenha papel relevante no desenvolvimento de novas sementes, seguida dos institutos de pesquisas e universidades. O setor privado é representado pelas: empresas privadas nacionais; cooperativas e fundações sem fins lucrativos; e filiais das grandes empresas multinacionais atuantes no país. A segunda fase inicia-se com o processo de multiplicação da semente básica. Este processo permite que a semente básica passe a ser semente comercial. Na maioria dos casos, esta fase é repassada aos agentes cooperantes e/ou às empresas licenciadas para a multiplicação e/ou para o beneficiamento de sementes, obviamente sob licença contratual das empresas geradoras da semente básica.

Ainda segundo o autor, a semente comercial é aquela resultante da multiplicação da semente básica, mas que passou pelo crivo de uma entidade certificadora. Esta, que pode ser de caráter público ou privada (mas credenciada junto aos órgãos públicos) atesta os quesitos, a qualidade e a sanidade da semente segundo padrões específicos. Depois de certificadas as sementes estão prontas para serem comercializadas. Além disso, as empresas que desenvolveram as novas cultivares podem proteger suas inovações.

No plano institucional, o principal marco do setor sementeiro no Brasil é a Lei de Proteção de Cultivares (LPC), promulgada em 1997. A LPC viabiliza a apropriação de inovações e garante a propriedade intelectual sobre os cultivares, permitindo a cobrança de

royalties e taxas tecnológicas. A Lei também criou, junto ao Ministério da Agricultura e do

Abastecimento, o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), a quem atribuiu a competência pela proteção de cultivares no país. “O SNPC tem como missão garantir o livre

exercício do direito de propriedade intelectual dos obtentores de novas combinações filogenéticas na forma de cultivares vegetais distintas, homogêneas e estáveis, zelando pelo interesse nacional no campo da proteção de cultivares” (SNPC, 2005, pg. 3).

A LPC também estabelece o privilégio do agricultor e do melhorista para a utilização de sementes. A privilégio do agricultor permite ao mesmo reservar material de plantio para uso próprio, sem que tenha que pagar “royalties” ao titular da proteção. Outro privilégio preservado é o do pequeno produtor rural, pelo qual se permite que ele produza sementes e negocie estas sementes através de doação ou troca com outros pequenos produtores. Este grupo está fora do alcance das obrigações introduzidas com a LPC. O privilégio do melhorista significa que qualquer empresa ou indivíduo que trabalhe com melhoramento de plantas pode fazer uso de material protegido para desenvolver pesquisa científica ou para utilizá-lo em seus trabalhos de melhoramento vegetal, sem que, com isto, necessite pedir autorização ao titular da proteção (SNPC, 2005).

Segundo Martinelli (2006), em função do estabelecimento da LPC foi promulgada em 1998 uma outra lei, conhecida como a Lei da Produção de Sementes, com o objetivo de garantir a identidade e a qualidade das sementes e das mudas produzidas e comercializadas em todo o território nacional. Para isso, entre outras coisas, a nova regulamentação estabeleceu a criação de apenas duas categorias de sementes e mudas comerciais: a certificada e a não-certificada. Estabeleceu também que a certificação de sementes passa a constituir um processo controlado e fiscalizado através de uma estrutura pública formal, com a instituição

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no âmbito do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, do Registro Nacional de Produção, Comércio e Fiscalização de Sementes (Renasem) e do Registro Nacional de Cultivares (RNC), este último com integral controle sobre os materiais a serem utilizados na produção e no comércio de sementes e mudas.

O RNC é um cadastro que se baseia na organização de informações precisas sobre as características das cultivares, tendo como finalidade assegurar a identidade genética e a qualidade varietal das cultivares habilitadas para produção e comercialização em todo território nacional. “Sua importância deve-se à condição de ser um instrumento de

ordenamento do mercado que visa proteger o agricultor da venda indiscriminada de sementes e mudas de cultivares não testados face às condições da agricultura brasileira”

(RNC, 2000, pg. 4). Vale destacar que o titular do registro da cultivar é o responsável pela sua manutenção.

Na próxima sessão deste artigo analisam-se os dados referentes ao Registro Nacional de Cultivares e aos Certificados de Proteção de Cultivares. Ou seja, analisam-se as cultivares que estão disponíveis para comercialização e as cultivares que estão protegidas. De modo a complementar a análise, utilizar-se-á também os dados referentes à produção de sementes no Brasil e, no caso da soja e do trigo, a situação da comercialização das sementes no Rio Grande do Sul (estado representativo na produção destas culturas). Acredita-se que ao se cruzar esses dados obtêm-se uma análise rica dos mercados de sementes de soja, milho e trigo e das estratégias dos atores envolvidos nestes segmentos.

As características do mercado brasileiro de sementes de soja, milho e trigo

A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2004/05 é de que tenham sido plantados 23,3 milhões de hectares com soja no Brasil. Com uma produtividade média de 2.208 quilos por hectare, a produção nacional foi de 51,5 milhões de toneladas, a segunda maior do mundo, atrás apenas da produção norte-americana. Por regiões produtoras de soja, a situação é a seguinte: a região Centro-Oeste foi responsável por cerca de 46% da área total; a região Sul por 37%; a Sudeste por 8%; a Nordeste por 7%; e a Norte por apenas 2%.

Conforme os dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), na safra 2003/04 (que gerou as sementes utilizadas no plantio da safra 2004/05), a produção brasileira de sementes de soja foi de 969,9 mil toneladas. Contrariando uma tendência histórica, na safra em questão, a maior região produtora de sementes de soja foi a Centro-Oeste (com 46% da produção total de sementes de soja no país). Nesta região destaca-se o estado do Mato Grosso, principal estado produtor de soja do Brasil. A região Sul, historicamente a mais importante, ficou em segundo lugar (com 37%), destacando-se o Paraná. Contudo, deve-se ressaltar a expressiva queda na produção de sementes de soja no Rio Grande do Sul, que representou apenas 4% da produção nacional de sementes da oleaginosa na safra em questão. As regiões Sudeste e Nordeste representaram 13% e 5% da produção brasileira de sementes de soja, respectivamente.

Da safra 1988/89 à 2003/04, a participação gaúcha na produção nacional de sementes de soja oscilou em torno de 26%, chegando a 38% na safra 1993/1994. Contudo, conforme aponta o Gráfico 1, abaixo, a produção gaúcha de sementes vem declinando nos últimos anos. Um dos motivos da complicada situação da indústria sementeira no estado foi o avanço na utilização por parte dos produtores das chamadas sementes “piratas” de soja geneticamente modificada, que foram trazidas de forma ilegal da Argentina. “O mercado de sementes ilegais

reduz a capacidade de investimento e competição das empresas legalizadas e os incentivos para a pesquisa de variedades” (Nogueira, 2005, pg. 8). Soma-se a isto o fato de que nas

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últimas safras as adversidades climáticas também comprometeram a produção gaúcha de sementes.

O Gráfico 1 ilustra a queda na taxa de utilização de sementes no Rio Grande do Sul. Esta taxa é a relação entre a demanda de sementes potencial e a efetiva. A demanda potencial foi estimada pela Abrasem e se refere à quantidade de sementes necessária para cobrir a área plantada com a cultura. A demanda efetiva se refere ao volume de sementes que foi vendida pelas empresas de sementes. Da safra 1988/89 à 2003/04, a taxa média de utilização de sementes no estado gaúcho foi de 45%, oscilando de 65% na safra 1998/99 à 1% na safra 2002/03. Na safra 2003/04 a taxa continuou muito baixa, em torno de 3%. Isso confirma o avanço no mercado paralelo de sementes e/ou a utilização de sementes produzidas pelo próprio agricultor (o grão colhido na safra anterior).

GRÁFICO 1 – Produção e Demanda Potencial e Efetiva de Sementes de Soja no Brasil e no Rio Grande do Sul

Fonte: Abrasem

Para Nogueira (2005), apesar dos avanços obtidos com a LPC, existem deficiências na legislação e na sua aplicação prática. Ao permitir a exceção de uso próprio pelo agricultor sem estabelecer limites de volume, a LPC incentiva o surgimento do mercado informal. “Agricultores de alta tecnologia situados em localidades com condições favoráveis de

altitude e clima são capazes de produzir semente para uso próprio e também obter excedentes que eventualmente são vendidos em transações informais” (pg. 8).

Ainda segundo o autor, a redução do mercado ilegal de sementes envolve a combinação de soluções de caráter público e privado. Do setor público espera-se maior esforço de fiscalização e repressão, além da ação do poder judiciário na aplicação da legislação. No âmbito privado, os produtores de sementes devem buscar conhecer as preferências dos agricultores e o estrito cumprimento das garantias (como em relação aos níveis mínimos de germinação e pureza dos cultivares). “Para o agricultor, é interessante

observar que a economia obtida ao deixar de comprar sementes originais pode trazer conseqüências negativas em produtividade e sanidade da cultura, agravando o quadro atual de perda de renda” (pg. 9). 0 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1988/89 1989/90 1990/91 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 em t o nela da s

Produção de Sementes de Soja no BR

Demanda Potencial de Sementes de Soja no BR Demanda Efetiva de Sementes de Soja no BR Produção de Sementes de Soja no RS

Demanda Potencila de Sementes de Soja no RS Demanda Efetiva de Sementes de Soja no RS

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No segmento de soja, entende-se que a LPC favoreceu a onda de fusões e aquisições ocorrida no final da década passada (Santini, 2002; Carvalho, 2003; Wilkinson & Castelli, 2000). Conforme apresentado em Fuck (2005) (a partir de entrevistas realizadas), especialmente em relação à soja, a parceria da Embrapa com outras instituições de pesquisa era bastante ativa antes da instituição da LPC. À exceção das empresas estaduais que prosseguiram o trabalho de geração de cultivares de soja (a de Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul), em que a LPC exigiu uma maior formalização dos acordos que disciplinam a propriedade intelectual, nas demais inter-relações institucionais houve um declínio quase total da cooperação técnico-científica. O diagnóstico atual é de franca retração das relações de negócios entre todas as empresas do gênero, no que tange ao intercâmbio de informações e de germoplasma.

Por outro lado, uma nova relação, que se estabeleceu após a instituição da LPC e em decorrência dela, foi aquela entre a Embrapa e o setor de produção de sementes (as fundações de produtores de sementes), o qual passou a investir na geração de cultivares em troca da exclusividade de produção e comercialização das sementes durante determinado tempo. As principais fundações e instituições parceiras da Embrapa Soja1, no desenvolvimento de cultivares de soja (e trigo), são os seguintes: Fundação Pró-Sementes (RS), Fundação Meridional (PR); Fundação Vegetal (MS); Fundação Triângulo (MG); CTPA - Centro Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (GO); Fapcen - Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte “Irineu Alcides Bays” (MA); Fundação Centro Oeste (MT); Fundação Bahia (BA); Epamig - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (MG); e Agência Rural (GO) (Embrapa, 2004).

Conforme De Carli (2005), a Embrapa editou normas estabelecendo que os parceiros envolvidos em programas de melhoramento genético por ela conduzidos não podem possuir programas paralelo de pesquisa nessa área ou trabalhar em conjunto com organizações que tenham esses programas. “Tal exigência justifica-se pela preocupação da Embrapa em evitar

mistura dos resultados dos programas de melhoramento, perda do controle e qualidade das informações” (pg. 113). Ainda segundo o autor, outra preocupação é evitar que as empresas

transnacionais de biotecnologia venham a controlar o germoplasma que se encontra sob seu domínio, por meio da aquisição de empresas nacionais de sementes que tenham acesso ao programa de melhoramento genético da Embrapa.

Em vista disto, o novo modelo de parcerias da Embrapa, adotado após a LPC, diferencia os parceiros públicos e privados. Conforme Miranda (2005), são três as modalidades de associação da Embrapa com instituições públicas e privadas:

- Cooperação técnica a partir do planejamento dos cruzamentos, quando a instituição parceira contar com equipe técnica de alto nível, dispuser de programa de melhoramento próprio e ficar caracterizada a participação intelectual do parceiro público em todo o processo de geração de uma nova cultivar. O autor destaca que, neste caso específico, a Embrapa admite a co-titularidade do parceiro público sobre a propriedade intelectual de cultivar obtida no âmbito da parceria e os benefícios comerciais serão rateados em partes iguais e a exploração comercial é concedida, com exclusividade de 10 anos, ao parceiro privado que participar do desenvolvimento da nova cultivar;

- Cooperação técnica a partir de linhagens, quando o parceiro privado participa com a Embrapa do desenvolvimento de cultivares de soja, recebendo o material genético da Embrapa já com valor agregado, sempre na forma de linhagens para a realização dos testes necessários à sua eventual indicação para exploração comercial. Ainda segundo o autor, para essa situação, a Embrapa permanece com o direito exclusivo sobre a propriedade intelectual desses materiais, cabendo ao parceiro privado envolvido na parceria o direito à exclusividade na exploração comercial da cultivar, podendo

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sublicenciar. É concedida exclusividade comercial por oito anos ao parceiro que participar do desenvolvimento da nova cultivar; e

- Cooperação financeira, na qual o parceiro aporta os recursos financeiros e o pessoal de apoio para as pesquisas desenvolvidas exclusivamente pela Embrapa. O autor salienta que, como retribuição a esse apoio, o parceiro recebe exclusividade para multiplicar e comercializar as cultivares originadas do trabalho conjunto, por um período a ser definido caso a caso.

Algumas destas parcerias podem ser observadas quando se analisam os números referentes ao registro e a proteção de cultivares no Brasil. Até 20 de abril de 2006, existiam no país 520 cultivares de soja registradas junto ao RNC. A Embrapa é a instituição que mais possui cultivares registrados. Individualmente possui o registro de 139 cultivares de soja (a Embrapa Trigo, uma unidade descentralizada da Instituição, possui o registro de outras 10 cultivares). Em parceria com outras instituições, possui o registro de mais 23 cultivares. Entre essas parcerias, destaque para as realizadas com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Goiás (Emater-GO), com a Epamig, com a Empaer-MS (atual Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul – Idaterra) e com a Agência Rural, sendo que estas três últimas são Organizações Estaduais de Pesquisa (OEPAs), ao passo que a primeira é uma Empresa de Extensão Rural. A Embrapa também possui cultivares registradas em parceria com instituições privadas, como a Agropecuária Boa Fé, a Cooperativa Agrícola Mista Iraí Ltda. (Copamil), a Associação dos Produtores de Sementes do Estado de Minas Gerais (Apsemg) e o CPTA. No total, individualmente e em parcerias, a Embrapa possui o registro de 172 cultivares, o que representa 33% do total.

A Monsanto, a segunda Instituição de maior importância neste quesito, possui 116 cultivares registradas, o que representa 22% do total. Bem abaixo, em termos de números de cultivares registrados, está a Pioneer Sementes, com 30 cultivares; a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), com 27; o Instituto Agronômico (IAC), com 23; e a Fundação Mato Grosso (FMT), com 20. A FMT possui outras 11 cultivares registradas em parceria com a Unisoja. Todas estas cultivares são transgênicas (tolerantes ao glifosato) e foram fruto da parceria entre a FMT, a Unisoja e a Monsanto (que é a detentora dos direitos do gene Round

Ready). Sobre esse ponto, vale destacar que a Embrapa e a Coodetec também possuem acordo

com a Monsanto para o desenvolvimento de soja com tolerância ao glifosato (soja RR). A Embrapa possui 12 cultivares registradas com tal característica e a Coodetec possui 4.

No caso destas variedades transgênicas, a proteção ainda não foi definida no âmbito das leis de Propriedade Industrial e de Proteção de Cultivares. A própria cobrança de uma taxa tecnológica espelha essa situação. No caso da parceria entre a Embrapa e a Monsanto, o que ocorre é uma expectativa de direito conjugado com um arranjo entre as instituições; isso se fez pela impossibilidade de se cobrar royalties por patente sobre o microorganismo engenheirado. A legislação brasileira prevê patenteamento tão somente para o OGM não encontrado na natureza, vedando a proteção para gene ou seqüência de genes. Assim, é a planta resultante de modificação decorrente da inserção de genes (o OGM é a planta) o objeto de proteção. Todavia, plantas não são matéria de proteção patentária no Brasil. Então, a proteção possível pela Lei de Propriedade Industrial é a inserção do gene na planta. Essa proteção oferece garantias de que será vedado ao produtor rural reproduzir sementes transgênicas sem autorização do seu titular, o que é permitido pela LPC. Esta última protege a cultivar transformada em OGM (Carvalho, 2003). Então, a Embrapa fica com a parte legal (cobrança de royalties pela cultivar, o que está de acordo com a LPC) e a Monsanto monta acordos com os produtores para a cobrança de uma taxa tecnológica. Vale destacar que estes acordos têm sido bastante discutidos nos últimos meses.

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Também é contemplado na Lei de Propriedade Industrial o licenciamento do gene para inserção em plantas de terceiros. Essa última estratégia é uma aposta que a Monsanto faz no mercado de soja. Sua estratégia é a de ter um produto próprio e ainda licenciar o processo de inserção para terceiros (Carvalho, 2003). Com isso, os produtores poderão escolher entre as cultivares desenvolvidas pela Monsanto ou aquelas desenvolvidas em parceria com a Embrapa, a Coodetec e a FMT, por exemplo.

Em termos de números de cultivares protegidos (que são aqueles que necessitam da autorização dos titulares para uso comercial), até 09 de fevereiro de 2006, a Embrapa também ocupa a primeira colocação. Individualmente a Instituição possui o certificado de proteção de 85 cultivares. Em parcerias são outros 35 cultivares. No total são 120 cultivares, o que representa 35% do total de cultivares protegidas de soja no Brasil, que é de 339 cultivares (cerca de 65% do total de cultivares registradas). As parcerias da Embrapa envolvem atores públicos e privados. Como dito, as parcerias entre a Embrapa e o setor privado mudaram após a LPC. Por exemplo, os casos de co-titularidade entre a Embrapa e a FMT foram definidos em contrato firmado antes da promulgação da LPC. A promulgação dessa Lei fez com que a Embrapa editasse novas normas de parceria, não permitindo a co-titularidade dos materiais a empresas com programas paralelos de melhoramento (De Carli, 2005).

A Monsoy Ltda. (Monsanto) possui 79 cultivares protegidas. Vale destacar que o setor privado passou a ter maior interesse pelo desenvolvimento de variedades de soja devido a LPC e também pela expectativa em relação ao mercado de sementes transgênicas, que tem na soja seu principal representante. Assim, em 1997, a Monsanto adquiriu o programa de melhoramento em soja da FT Sementes, que era considerada a empresa privada de maior peso neste mercado. A Monsanto adquiriu ainda a Sementes Hatã, produtora de sementes de soja. A Sementes Ribeiral foi adquirida pela Agr-Evo. A Pioneer e a Dois Marcos Melhoramentos foram adquiridas pela Du Pont. As três empresas que fizeram as aquisições são transnacionais (Wilkinson & Castelli, 2000).

Para Nogueira (2005), a LPC e o avanço da biotecnologia favorecem o incremento na participação das empresas multinacionais na indústria de sementes no Brasil. Outra mudança foi a adoção do licenciamento do material genético de empresas públicas e privadas para produtores de sementes, destacando-se as relações entre a Embrapa e as fundações de produtores. “Essas transformações favoreceram a inovação e a pesquisa de variedades,

contribuindo para o aumento na produtividade no cultivo de grãos” (pg. 8). Esse aumento de

produtividade foi possível em virtude do desenvolvimento de novos materiais e pela adequação das pesquisas de acordo com demandas regionais (Lazzarini & Nunes, 1998).

Observa-se que no mercado de sementes de soja é forte a participação do setor privado no lançamento de novas cultivares. Essa participação teve características distintas antes e após a LPC. Segundo Carraro (2002), analisando dados das safras 1996/97 a 1999/2000, no período anterior a LPC, apesar da ausência de proteção, o setor privado contribuiu com aproximadamente 1/3 da oferta de cultivares de soja, e que este recurso teve sua maior origem no agricultor organizado em cooperativas, fundações ou empresas privadas. Já no período posterior à LPC, crescem os investimentos do setor privado, sobretudo devido às empresas transnacionais, e cresce o número de cultivares disponíveis para comercialização.

Como dito, no segmento de sementes de soja é forte a presença de organizações de produtores, como a FMT e a Coodetec. As empresas nacionais também utilizam a LPC para proteger suas inovações, como a Naturalle Agromercantil, a CM Sementes etc.. Dentre as parcerias para o desenvolvimento de novas cultivares de soja, destaca-se a realizada pela Embrapa, Epamig, Agropecuária Boa Fé, Copamil e Apsemg. O que chama atenção nesta parceria é a inserção da Boa Fé nesta rede composta por importantes instituições (a Boa Fé também possui parceria com a Fundação Triângulo). A produção de soja da empresa é essencialmente destinada à produção de sementes, atendendo o mercado do Brasil Central.

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O caso da Boa Fé é um bom exemplo de parceria entre IPPs, cooperativas, associação de produtores de sementes e empresas sementeiras de pequeno/médio porte. As empresas sementeiras podem se favorecer destas articulações com outros atores relevantes do cenário de P&D agropecuária, aproveitando economias de escala em P&D, dividindo riscos e explorando a complementaridade de ativos. O que talvez limite o potencial de expansão dessas parcerias é o fato de que importantes empresas sementeiras que produziam cultivares de soja foram adquiridas por grandes empresas. Com isso, houve redução no número de empresas sementeiras de pequeno/médio porte voltadas à produção de cultivares de soja, tornando o segmento bastante concentrado, o que acaba por comprometer a própria formação de arranjos institucionais (embora não os impossibilite).

Sobre a comercialização de sementes de soja na safra 2003/04, os únicos dados disponíveis são para o estado do Rio Grande do Sul. Segundo dados da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), a produção de sementes atestadas de soja foi de 39,9 mil toneladas. Como dito, na safra em questão a produção gaúcha de sementes de soja foi bastante inferior a de anos anteriores. Destas, 34,1 mil toneladas foram comercializadas, sendo 6,1 mil toneladas no próprio Rio Grande de Sul e 27,9 mil toneladas em outros estados. Por empresas, a situação da comercialização da safra gaúcha de sementes de soja foi a seguinte: as cultivares desenvolvidas pela Coodetec foram responsáveis por 45% do total comercializado; as da Embrapa por 36%; as da Monsanto por 8%; as da Syngenta por 5% e as do IAC por 3%. Mesmo restritos ao Rio Grande do Sul, os números sobre a produção de sementes destacam a importância da Coodetec na oferta de cultivares de soja. A instituição paranaense superou a Embrapa e a Monsanto na comercialização das sementes produzidas no Rio Grande do Sul. Vale destacar também, como era de se esperar, que a maior parte das principais cultivares comercializadas estão protegidas junto ao SNPC.

Depois da soja, o milho é o segundo grão mais cultivado no Brasil. Segundo o mesmo levantamento da Conab, a produção brasileira de milho na safra 2004/05 foi de 35 milhões de toneladas. A área plantada foi de 12,2 milhões de hectares e a produtividade média foi de 2.867 quilos por hectare. A safra brasileira de milho pode ser dividida em duas safras. A mais importante delas é a primeira, que é plantada nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (planta-se também na Bahia), com colheita entre janeiro e junho, dependendo da região, e também nas Regiões Norte e Nordeste, com colheita entre julho e agosto. A primeira safra respondeu por 78% da produção e por 74% da área plantada na safra 2003/04. A chamada segunda safra de milho, também conhecida como “safrinha”, é plantada, principalmente, no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, com plantio entre janeiro e final de março, geralmente após a colheita da soja, milho ou feijão.

A produção de sementes de milho na safra 2003/04 foi de 214,8 mil toneladas. A região Sul respondeu por 10% da produção das sementes de milho na safra 2003/04. Nesta região, destaque para o Rio Grande do Sul, que produziu 11,3 mil toneladas, cerca de 5% da safra nacional. A região Centro-Oeste produziu 19% da produção, com destaque para o estado de Goiás. A principal região produtora foi a Sudeste, com 70% da produção nacional. O destaque desta região é Minas Gerais, que foi responsável por mais da metade da safra nacional (51%).

Conforme Wilkinson & Castelli (2000), na cultura do milho a produção de sementes é dominada pelo segmento de híbridos, caracterizada por alto grau de dinamismo, tanto na geração tecnológica como no planejamento estratégico de mercado das empresas. O mercado é dominado por grandes empresas, sobretudo transnacionais. E, embora a produção de sementes esteja concentrada em poucos estados, as grandes empresas mantêm campos de produção e unidades de beneficiamento de sementes distribuídos regionalmente nas principais zonas de consumo, assim como ampla rede de revendedores. Para Sousa et al. (1998), apesar

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de tratar-se de um mercado bastante concentrado, a variável-chave de concorrência é o constante esforço tecnológico (investimentos em P&D), por meio do lançamento de novos produtos.

As variedades híbridas apresentam um mecanismo biológico de apropriação garantido pela impossibilidade de utilização da semente híbrida por mais de um ciclo produtivo, pois apenas a sua primeira geração é adequada para o plantio - a proteção biológica. Com isso, os produtores são obrigados a sempre comprar sementes novas, o que dá mais espaço para inovações e é mais “atrativo” à iniciativa privada (Santini, 2002; Martinelli, 2006).

A partir de 1997, ocorreu um processo de desnacionalização da produção no segmento de milho híbrido. Após a compra da Agroceres (que era a principal sementeira nacional do segmento), a Monsanto comprou a divisão latino-americana de sementes da Cargill, vice-líder no mercado nacional de milho. Em 1998 adquiriu a Dekalb e, no começo de 1999, adquiriu também a Braskalb (empresa de capital nacional que era representante exclusiva no país da tecnologia da Dekalb). A Du Pont entrou na área de sementes comprando a Pioneer Hi-Bred Internacional, maior produtora mundial deste insumo. Já a Dow Chemical adquiriu a Dinamilho da Carol (Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia), a Híbridos Colorado e a divisão de milho da Sementes Hatã e da FT Biogenética (Santini, 2002; Wilkinson & Castelli, 2000).

Os dados de cultivares de milho registradas no RNC confirmam a alta participação de empresas privadas no segmento. A instituição que possui o maior número de cultivares registrados é a Monsanto. São 132 cultivares registrados em nome da empresa. Soma-se a isso outros 63 cultivares registrados em nome da Agroceres. No total, a transnacional possui 195 cultivares registrados, o que representa 25% do total de 755 cultivares registrados de milho. Outra transnacional ocupa a segunda colocação em termos de cultivares registradas. É a Dow AgroSciences que, em conjunto com as empresas por ela adquiridas, possui 97 cultivares registradas. A Embrapa possui 65 cultivares registradas, sendo uma em parceria com a Emater-GO e duas em parceria com a Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), que é uma das mais antigas OEPAs do Brasil. Além destes 2 cultivares registrados em parceria com o IPA, a Embrapa possui outros cultivares adaptados à região Nordeste, como o BR 5004, o BR 5011 (Sertanejo), o BR 5028 (São Francisco), entre outros. A exemplo de outros cultivares de milho registrados pela Embrapa, trata-se de materiais não híbridos (milho variedade).

Outras empresas transnacionais que se destacam no mercado de milho são: a Syngenta, com 58 cultivares registrados; a Pioneer (Du Pont), com 43 cultivares; e a Bayer Cropscience, com 14 cultivares (a empresa possui outros 7 cultivares devido às aquisições da Aventis Seeds e da Mitla Sementes). Algumas empresas privadas nacionais também se destacam: a Agromen Sementes, como 31 cultivares registrados; a Agropecuária Oeste, com 21 cultivares; a Mhatriz Pesquisa, com 18; a Sementes Santa Helena, com 15 cultivares registradas; entre outras. As OEPAs ocupam uma posição marginal neste segmento. O IAC e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), por exemplo, possuem o registro de nove cultivares cada um.

O mercado de sementes de milho apresenta característica distinta ao de soja, sobretudo quanto à forma de apropriabilidade e ao lançamento de novos produtos. As sementes de milho utilizadas, sobretudo nas lavouras comerciais, são predominantemente de híbridos. A proteção à propriedade intelectual desse tipo de cultivar é feita fundamentalmente por meio de segredo de linhagens utilizadas no cruzamento para sua obtenção (Carvalho, 2003). Isso explica o porque do baixo número de certificados de proteção. Das 34 cultivares protegidas, a Embrapa é titular de 27 cultivares, a Universidade Federal de Viçosa de 3, a Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa (Fundacep Fecotrigo) é titular de 3 e a Sementes Santa Helena é titular de uma cultivar.

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Desta forma, observa-se que as empresas não protegem suas inovações (em híbridos) pela LPC. A idéia é a de que a proteção via LPC pode operar no sentido de orientar os concorrentes em termos do tipo de material que está sendo trabalhado pelas empresas. O segredo é uma alternativa à não abertura de tal informação (Carvalho, 2003). Assim, diferente do que ocorreu no mercado de sementes de soja, no mercado de sementes de milho híbrido, como as empresas não protegem suas inovações via LPC, a legislação não contribuiu para a maior apropriabilidade do esforço inovativo. A desnacionalização do segmento deve ser creditada muito mais à leniência das autoridades no que diz respeito à defesa da concorrência que à proteção de cultivares.

No mercado de sementes de milho, vale destacar a relação existente entre Embrapa e diversas sementeiras de pequeno e médio porte organizadas em torno da Unimilho (União dos Produtores de Sementes de Milho da Pesquisa Nacional). A Unimilho foi criada em 1989 com 28 sementeiras associadas. Com sua formação, a Embrapa conseguiu levar a marca do milho híbrido BR 201 ao mercado, em um momento em que as empresas transnacionais concorriam com seus próprios híbridos. Com a boa aceitação de seu produto no mercado, a Embrapa conseguiu alterar a competitividade no mercado de milho, trazendo como resultado principal a baixa nos preços das sementes híbridas das grandes empresas, além de influenciar a agenda de P&D das empresas líderes nesse mercado. Como os híbridos da Embrapa tinham (e têm) adaptação especial aos solos ácidos e pobres dos cerrados, eles rapidamente alcançaram 15% do mercado. Atualmente, a Unimilho é formada por 13 sementeiras2 e possui menor participação de mercado (Fuck, 2005; Santini, 2002; Wilkinson & Castelli, 2000).

Vale destacar que a parceria Embrapa e Unimilho é exemplo de sucesso e já foi reconhecida pelo Banco Mundial como a integração pública e privada modelo a ser seguida pelos países em desenvolvimento3. “Esta parceria pode se revelar como o primeiro caso de

valoração bem determinada de germoplasma de milho de propriedade pública, sendo a precursora das parcerias de sementes da Embrapa com a iniciativa privada” (De Carli, 2005,

pg. 119). Mais do que uma estratégia puramente competitiva, a atuação da Embrapa é necessária para o atendimento de pequenos produtores (com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas às suas necessidades) e, também, para que esse segmento não seja totalmente dominado por empresas transnacionais (Fuck, 2005).

Em relação ao segmento de trigo, os números da Conab indicam que a área plantada foi de 2,75 milhões de hectares na safra 2004/05. A produção ficou em 5,8 milhões de toneladas. A produção brasileira de trigo é fortemente concentrada nos estados da região Sul. Na safra 2004/05, a região respondeu por 92% da produção nacional. O Paraná é o principal estado produtor nacional, seguido pelo Rio Grande do Sul. O terceiro estado em importância na triticultura nacional é o Mato Grosso do Sul. Neste estado o plantio de trigo é mais focado nas áreas mais ao sul, próximas à fronteira com o Paraná. Goiás também se destaca na região Centro-Oeste, que é a responsável por 5% da produção nacional. A região Sudeste é responsável pelos outros 3% da produção nacional, com a produção sendo praticamente restrita aos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Conforme Wilkinson & Castelli (2000), de modo semelhante à produção de sementes de soja, a organização da produção de sementes de trigo é conduzida principalmente pelas cooperativas. A diferença é que esse mercado caracteriza-se por menor pressão de demanda, o que lhe dá certa estabilidade de abastecimento. Tal como no mercado de soja, a Embrapa tem lugar de destaque no melhoramento genético. Outra questão interessante do segmento de trigo diz respeito às características das sementes e à densidade de plantio. Segundo Rossi & Neves (2004), o volume de sementes de trigo utilizadas por unidade de área (130 kg/hectare) é significativamente superior ao usado nas culturas de soja (60 kg/hectare) e milho (20 kg/hectare). Por outro lado, por possuir um preço por unidade de massa mais barato, o gasto

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com sementes de trigo por área plantada (R$ 33,4/hectare) é menor do que o gasto com a cultura da soja (R$ 35,8/hectare) e milho (R$ 44,1/hectare).

A produção de sementes de trigo no Brasil recuou significativamente ao longo dos anos 90 do século passado, acompanhando a redução na área plantada. Depois de praticamente alcançar a auto-suficiência no abastecimento interno de trigo ao final dos anos 80, ao final da década seguinte o Brasil havia se tornado um dos maiores importadores do mundo. Isso porque, ao longo dos anos 90, muitos produtores abandonaram a cultura ou diminuíram a área plantada com o cereal, fruto, entre outras coisas, da desregulamentação do setor, da forte abertura comercial (ampliando a concorrência com o trigo importado), da falta de coordenação da cadeia, da opção de muitos produtores pelo plantio da safrinha de milho, das adversidades climáticas etc.. Porém, nos últimos anos, sobretudo devido à desvalorização cambial brasileira, houve significativa expansão na área plantada e ampliação da produção nacional.

Muita expectativa há em relação a ampliação da produção de trigo em outras regiões produtoras, com a Centro-Oeste e a Sudeste, tanto no cultivo de sequeiro como com irrigação. Porém, até o momento, o que se observa é que a produção de sementes de trigo também é fortemente concentrada na região Sul. Na safra 2003/04, a produção nacional de sementes de trigo foi de 301,4 mil toneladas. O Paraná foi responsável por 66% da produção nacional, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 26%. São Paulo e Mato Grosso do Sul foram responsáveis por 3% cada um e Santa Catarina por 1%. Na safra 2003/04, a exceção do Rio Grande do Sul, que teve uma taxa de utilização de sementes melhoradas de 40%, nos demais estados as taxas foram altas, chegando a 95% em São Paulo, a 90% em Goiás e em Minas Gerais e a 85% no Paraná.

Em relação ao número de cultivares registradas, a Embrapa é a instituição de maior peso neste segmento, com 62 cultivares registradas, o que representa 39% de um total de 159 cultivares. A Coodetec e a Fundacep Fecotrigo são, cada uma, titulares de 19 cultivares, o que representa 12% do total. O IAC e o Iapar são responsáveis, respectivamente, por 14 e 13 cultivares (9% e 8%). Outras OEPAs também possuem cultivares registradas, como a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e a Epamig, mas a participação no total de cultivares registradas é pouco significativa. A maior empresa privada que atua neste segmento é a OR Melhoramento de Sementes, que possui 14 cultivares, aproximadamente 9% do total.

Existem 74 cultivares protegidas de trigo, cerca de 46% do total de cultivares registradas. A Embrapa possui a titularidade de 26 cultivares, nenhuma em parceria. A Coodetec possui 14. A Fundacep Fecotrigo e a OR Melhoramento de Sementes possuem 12 cada uma. O Iapar possui 5 e a Fecoagro possui uma cultivar. Além da OR Melhoramento de Sementes, outras duas empresas privadas possuem cultivares protegidas, a ICA Melhoramento Genético (2 cultivares) e a Milenia Biotecnologia (uma cultivar).

A única cultivar de trigo que está protegida em nome de mais de um titular é a MGS1 Aliança, que foi protegida no início de 2006. Esta cultivar foi desenvolvida pelo programa de melhoramento genético coordenado pela Epamig, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap). Embora não tenha co-titularidade nesta cultivar, a Embrapa também participa de pesquisa conjunta para o desenvolvimento de cultivares adaptadas à região e menos suscetíveis a doenças.

Entende-se que a ampliação dessas parcerias entre Embrapa, OEPAs, universidades e cooperativas pode ser relevante para o desenvolvimento da triticultura no Brasil, sobretudo na região dos cerrados. A complementaridade entre as pesquisas de diferentes instituições pode ser o caminho para o desenvolvimento de cultivares adaptados às condições locais e com boa qualidade industrial, o que pode ser um incentivo à produção nessas regiões menos tradicionais. A produção de sementes apropriadas para os diferentes climas e solos dos

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diversos estados produtores (os que produzem tradicionalmente e as áreas novas de cultivo) torna-se imprescindível para a ampliação da produção nacional de trigo (Fagundes, 2003).

Outra parceria relevante para a triticultura nacional é a existente entre a Coodetec e o Cimmyt. Como fruto dessa parceria, a Coodetec colocou no mercado algumas cultivares, sendo que a base genética da qualidade destes cultivares e dos materiais utilizados no programa são oriundas do germoplasma recebido do Cimmyt (Franco & Machioro, 2003).

É interessante destacar o diferente perfil das cultivares de trigo desenvolvidas pelas principais instituições citadas. Conforme Rossi & Neves (2004), embora procure atender a diversos objetivos amplos e específicos, atualmente o foco da Embrapa é a qualidade industrial, conforme aptidão e uso (de modo a atender às demandas dos consumidores finais em relação aos diversos produtos – pães, massas, biscoitos etc.). O programa da Coodetec direciona-se ao atendimento das demandas em ambientes diferenciados. Assim, as características que vêm sendo focos dessa instituição são: produtividade, qualidade industrial, tolerância às doenças, à seca, ao alumínio tóxico, à debulha, entre outras. Já programa do Iapar procura desenvolver as seguintes características em seus cultivares: qualidade tecnológica, tolerância à germinação na espiga, produtividade, resistência aos estresses bióticos e abióticos.

Ainda conforme os autores, a pesquisa da Fundacep Fecotrigo pretende atender à demanda do produtor e do mercado consumidor (genótipos com maior potencial de rendimento, resistência às doenças e com qualidade tecnógica de farinha para uso definido). Os cultivares desenvolvidos pela OR Melhoramento de Sementes caracterizam-se pelo potencial produtivo (OR-1), pela qualidade industrial (Rubi) e pela ampla adaptação (Alcover). Destaque também para a cultivar Ônix desenvolvido pela OR, que possui um grande número de características agronômicas e que vem sendo plantada em diversas regiões produtoras.

Em relação à comercialização das cultivares de trigo na safra 2003/04 no Rio Grande do Sul, observa-se que as cinco cultivares mais comercializadas estão protegidas. A primeira delas é a BRS 179, da Embrapa. A segunda é a Ônix, da OR Melhoramento de Sementes. O terceiro e o quinto lugar também foram ocupadas por cultivares desenvolvidos pela Embrapa, a BRS 194 e a BRS 177. Em quarto ficou lugar ficou a Funcacep 30, da Funcacep Fecotrigo. A maior parte das demais sementes comercializadas de trigo também estão protegidas, o que ressalta a estratégia das empresas em proteger suas inovações via LPC.

Conclusões

Os três segmentos analisados neste artigo possuem características distintas. No caso da soja, verifica-se um maior equilíbrio em relação aos atores públicos e privados envolvidos no processo de lançamento de novos cultivares. Sobretudo após a LPC, as empresas transnacionais passaram a atuar mais ativamente neste segmento. Por outro lado, o setor público (notadamente a Embrapa, a principal IPP envolvida nos mercados aqui analisados), passou a se articular com as fundações de produtores de sementes e, no caso da soja RR, por se tratar de uma tecnologia que já estava protegida, com a empresa transnacional detentora de seus direitos. Essa forma de articulação do setor público com o setor privado é interessante para o processo de pesquisa (dado que com isso se amplia a capilaridade do processo e também os feed backs com o setor produtivo de diversas regiões), como também no mercado de sementes (dada a maior diversidade de produtos a serem ofertados, como no caso da soja RR, por exemplo). No caso do milho, segmento em que historicamente a iniciativa privada tem grande participação, a Embrapa desenvolve parcerias na pesquisa de sementes híbridas e não-híbridas (variedades) com outras instituições públicas (como no caso das OEPAs) e privadas (como no caso da Unimilho). Mais do que uma estratégia puramente competitiva,

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esta forma de atuação favorece que pequenas e médias sementeiras permaneçam competitivas em um mercado dominado pelas transnacionais. Favorece também o desenvolvimento de sementes voltadas aos pequenos produtores rurais. No segmento de trigo, o menor dos que aqui foram analisados, o setor público, representado pela Embrapa e OEPAs, possui o maior número de cultivares registradas e protegidas. Instituições ligadas aos produtores, como a Coodetec e a Fundacep Fecotrigo, e empresas sementeiras privadas, como a OR Melhoramento, também se destacam neste segmento. Entende-se que a ampliação das parcerias neste segmento pode favorecer a expansão da triticultura no país. A parceria entre diversas instituições para o lançamento de uma cultivar voltada ao plantio nos cerrados é um exemplo dessa possibilidade. Assim, conclui-se que a ampliação dessas redes de inovação entre os setores público e privado pode favorecer o desenvolvimento de novas cultivares de soja, milho e trigo, contribuindo com o avanço de nossa agricultura.

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1

A Embrapa é um sistema formado por onze Unidades Centrais, localizadas no edifício-sede, e por quarenta Unidades Descentralizadas distribuídas nas diversas regiões do Brasil. Além da Embrapa Soja (e da Embrapa Trigo), a Embrapa Cerrados também realiza pesquisas para o desenvolvimento de novas variedades de soja em parceria com o CPTA e a Agência Rural (De Carli, 2005).

2

As empresas que formam a Unimilho são as seguintes: Geneze Sementes (MG), Sementes Semel - Brasmilho (SP), Sementes Biomatrix (MG), Polato Sementes (MT), Sementes Selegrãos (SP), Sementes Talismã (GO), Sementes Fortuna - Brasmilho (MG), Planagri Sementes – Brasmilho (GO), Primaiz Sementes (MG), Sementes Semear - Brasmilho (MG), Agromen Sementes (SP), Bonamigo Sementes (MS) e Sementes Gemma (MG). Informação obtida em www.unimilho.com.br. Acesso em 05/junho/2006

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