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Considerando essa augusta dignidade concedida a um simples mortal, os Santos se expandem em manifestações de admiração.

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Academic year: 2021

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Pe. Lourenço Ferronatto, EP

Certa vez um sacerdote foi convidado a celebrar Missa na catedral de Notre-Dame de Paris. À entrada da sacristia um fiel perguntou-lhe: – Quem é o senhor? – Eu sou Cristo! – respondeu ele.

Esta surpreendente resposta – é óbvio – não pode ser tomada

inteiramente ao pé da letra. Há nela, porém, algo de real. Quando na Missa o celebrante diz: “Isto é o meu corpo”, a substância pão, sobre o qual ele pronuncia estas palavras, deixa de existir, e sob as aparências do pão o que está no altar é o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.

Também na Confissão, o sacerdote não diz: “Jesus te absolve”, mas sim: “Eu te absolvo”, e com estas palavras de fato todos os pecados estão perdoados, por mais numerosos e graves que sejam. É o próprio Cristo quem os perdoa.

Considerando essa augusta dignidade concedida a um simples mortal, os Santos se expandem em manifestações de admiração.

Santo Agostinho exclama: “Aquele que me criou sem mim, quando Se cria a Si mesmo sobre o altar quer ter necessidade de mim!” Santa Teresa de Ávila, Doutora da Igreja, não hesita em afirmar: “Se eu

encontrasse um Anjo e um sacerdote, saudaria este primeiro, porque o Anjo não é mais que um amigo de Deus, e o sacerdote é seu

representante”.

São Vicente de Paulo, exemplar no cumprimento de seus deveres sacerdotais, ao refletir sobre a desproporção entre a insignificância de sua pessoa e o excelso poder do qual fora investido pelo Sacramento da Ordem, dizia: “Se soubesse o que é um sacerdote, nunca teria consentido em apresentar-me para a Ordenação”.

Poderes inimagináveis

Numerosos Santos e Doutores da Igreja discorrem sobre os excelsos poderes inerentes à dignidade sacerdotal. Um deles, São João Crisóstomo, afirma: “Eu fiz o céu e a terra – disse Deus – Eu te dou, ó sacerdote, o poder de transformar a terra em um céu resplandecente.

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Eu firmei os astros na abóbada celeste, acende tu no firmamento da Igreja os astros mais brilhantes da santidade! Tu não podes criar o homem, mas podes convertê-lo a Mim. Com quanta ternura te amei, ó sacerdote, concedendo- te o

O Santo Cura d’Ars explica que o padre não é sacerdote para si, mas para todos os fiéis

(afresco da paróquia de Ars-sur-Formans, França)

poder de eclipsar com teus milagres a obra da minha criação!” São Bernardo, tratando sobre o poder sacerdotal de administrar os Sacramentos, explica que ele se desdobra em três ramos, cada um deles adequado a uma das três Pessoas da Santíssima Trindade: pelo poder criador, o sacerdote é cooperador de Deus Pai; o poder redentor o faz continuador de Deus Filho; e o poder santificador o torna

instrumento do Espírito Santo. Poder criador

Quando Deus disse: “Faça-se a luz (…) faça-se o firmamento”, assim foi feito. E quando o sacerdote diz: “Isto é o meu corpo (…) este é o meu sangue”, opera-se uma criação mais maravilhosa: a Eucaristia! É o próprio Jesus Cristo, Deus e Homem, vivo sob as aparências do pão de do vinho. O criador aqui é o sacerdote! Ele é, em certo sentido, o2/5

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criador do seu Criador. Isto tem todas as aparências de um paradoxo e, no entanto, é assim. Pelas palavras da Consagração, o sacerdote dá a Nosso Senhor uma vida sacramental que O torna realmente presente, com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade.

Poder redentor

Na pessoa dos Apóstolos, nosso Redentor dirigiu estas palavras a todos os sacerdotes, seus continuadores: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20, 22-23).

Grandiosa foi a ação do Salvador ao ressuscitar Lázaro. Mais grandiosa, porém, é a obra do sacerdote no confessionário.

A alma, vítima do pecado, está morta para a vida de Deus. Ante este cadáver espiritual, a voz do Confessor, que é a voz do próprio Cristo, se faz ouvir: “Eu te absolvo dos teus pecados”.

E o morto ressuscita para a vida da graça! Este é um milagre maior do que ressuscitar um morto, afirma Santo Agostinho.

Deus confiou aos sacerdotes uma capacidade da qual Ele próprio não faz uso imediato: a de absolver o pecador que tem apenas uma

contrição imperfeita.

Ante este poder maravilhoso, exclama ainda Santo Agostinho: “Admiro a criação do céu e da terra; porém, admiro ainda mais a obra do

sacerdote, que transforma um pecador em um justo”. Poder santificador

Assim como a maternidade divina de Maria, que nos deu o Redentor, foi obra do Espírito Santo, de igual maneira, pelo mesmo Espírito a Igreja engendra perpetuamente a família dos resgatados: “A caridade de Deus é difundida em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rom 5, 5).

No caminho da virtude, os Santos foram ajudados pela graça. No entanto, o Autor da graça quis servir-se do sacerdote como

colaborador. Diz São Próspero que se os bem-aventurados entraram no 3/5

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Céu foi porque o sacerdote abriu-lhes as portas.

São Gregório Nazianzeno afirma que o padre “remodela a criatura, restabelecendo nela a imagem de Deus, recria- a para o mundo do Alto e, para dizer o que há de mais sublime, é divinizado e diviniza” (CIC, nº 1589).

“Um Deus se digna obedecer-me!”

Para produzir os efeitos divinos de seu ministério, o padre não pode prescindir do poder de Jesus Cristo. Porém, não O espera para atuar, mas, em contínuo contato com Ele, O põe em atividade quando quer. É o sacerdote quem toma a iniciativa para as grandes coisas que se produzem pelo seu ministério. A este propósito, exclama Santo Afonso de Ligório: “Um Deus se digna obedecer-me!” No dizer do teólogo Tanquerey, o sacerdote “sobe da terra ao Céu para levar até Deus as homenagens de toda a humanidade, e desce do Céu à terra, com as mãos cheias de bênçãos para distribuir aos homens”.

Ao lado do fiel, em todos os momentos

Em benefício de quem foram dados ao sacerdote tão sublimes poderes? Responde o Santo Cura d’Ars, modelo dos Párocos, explicando que o padre “não é sacerdote para si, mas para vós”, isto é, para todos os fiéis.

Assim, em todo momento importante da vida do católico, a seu lado está ele para lhe conferir ou aumentar a graça. Apenas nasce o

homem, o sacerdote o purifica e regenera na fonte batismal, dando-lhe a vida sobrenatural que o torna filho de Deus e da Igreja.

Ele sustenta cada fiel ao longo de sua peregrinação nesta terra,

ministrando- lhe o alimento dos Sacramentos e da Palavra de Deus. Ele é quem aconselha nas situações de dúvida, quem abençoa as pessoas, os lares, os objetos de piedade, os veículos, enfim, invoca a proteção de Deus para todas as atividades humanas.

Se o homem tem a desgraça de perder a vida da graça, pelo pecado, é o sacerdote que o ressuscita na Confissão. E se, pelo matrimônio, é

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chamado a cooperar com o Criador na transmissão do dom da vida humana, ainda então lá está o padre para abençoar suas núpcias. Nas doenças graves ou na velhice, quem proporciona à alma o

reconforto da Unção dos Enfermos é ele. Quando, enfim, no dia de sair desta vida mortal, necessita o homem de força e auxílio para, sem medo, se apresentar à presença do Divino Juiz, quem o prepara e ampara é o ministro de Jesus Cristo.

Após a morte, o sacerdote conduz-lhe o corpo à sepultura, na

esperança de que ressuscitará na glória. Mais ainda, quando sua alma está no Purgatório, ele vai em seu socorro, oferecendo a Deus o

sufrágio das orações oficiais da Igreja, sobretudo a Celebração Eucarística.

Assim, pois, do berço até a glória eterna, o sacerdote está

continuamente ao lado do fiel, como guia no seu caminho, ministro de conforto e salvação, dispensador dos dons celestiais.

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2004, n. 36, p. 32-33)

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