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Avaliação do desempenho do CAGE com pacientes psiquiátricos ambulatoriais.

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Academic year: 2017

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AVALI AÇÃO DO DESEMPENHO DO CAGE COM PACI ENTES

PSI QUI ÁTRI COS AMBULATORI AI S

Clar issa Men don ça Cor r adi- Webst er1 Milt on Rober t o Lapr ega2 Er ik son Felipe Fur t ado2

Corradi-Webst er CM, Laprega MR, Furt ado EF. Avaliação do desem penho do CAGE com pacient es psiquiát ricos am bulat oriais. Rev Lat ino- am Enferm agem 2005 novem bro- dezem bro; 13( núm ero especial) : 1213- 8.

Est u d o d escr i t i v o , t r an sv er sal co m o b j et i v o d e av al i ar o d esem p en h o d o CAGE en t r e p aci en t es psiquiát ricos am bulat oriais de um hospit al universit ário t erciário. Am ost ra de conveniência, pacient es do HCFMRP-USP ( n= 127) . Aplicar am - se o CAGE e a ent r ev ist a diagnóst ica da CI D- 10 par a uso nociv o e dependência de álcool. O desem penho dos escores do CAGE foi avaliado at ravés da análise de curva ROC, t endo os diagnóst icos clín icos da CI D- 1 0 com o padr ão- ou r o. Sen sibilidade e especif icidade de acor do com o pon t o de cor t e: ³ 0 , S= 100% , E= 0% ; ³ 1, S= 100% , E= 73,7% ; ³ 2, S= 53,8% , E= 87,7% ; ³ 3, S= 53,8% , E= 94,7% ; ³ 4, S= 0% , : E= 100% . O esco r e 1 m o st r o u ser o p o n t o cr ít i co i d eal sen si b i l i d ad e/ esp eci f i ci d ad e. En t r e p aci en t es p si q u i át r i co s am bulat oriais de um hospit al universit ário t erciário, o pont o de cort e m ais adequado do CAGE foi ³ 1. A fim de au m en t ar o p od er d iag n óst ico d o t est e e a seg u r an ça d os seu s r esu lt ad os, r ecom en d a- se a av aliação d o desem pen h o dest e n a popu lação est u dada.

DESCRI TORES: escalas; sensibilidade e especificidade; t ranst ornos relacionados ao uso de subst âncias; pacient es am bu lat or iais; alcoolism o

PERFORMANCE ASSESSMENT OF CAGE SCREENI NG TEST

AMONG PSCHI ATRI C OUTPATI ENTS

Descr ipt ive and t r ansver sal st udy t o evaluat e t he per for m ance of CAGE am ong psychiat r ic out pat ient s at a t er t iar y - lev el univ er sit y hospit al. Conv enience sam ple com posed of pat ient s fr om HCFMRP- USP ( n= 127) . The inst r um ent s used w er e CAGE and t he diagnost ic int er v iew based on I CD- 10 cr it er ia for har m ful use and alcohol dependence. The perform ance of CAGE scores w as evaluat ed t hrough t he analysis of ROC curve, using t he I CD- 10 clinical diagnost ic as a gold st andar d. The sensit ivit y and specificit y in accor dance w it h t he cut - off point s ar e: ³ 0 , Sens= 1 0 0 % , Spec= 0 % ; ³ 1 , Sens= 1 0 0 % , Spec= 7 3 . 7 % ; ³ 2 , Sens= 5 3 . 8 % , Spec= 8 7 . 7 % ; ³ 3 , Sens= 53.8% , Spec= 94.7% ; ³ 4, Sens= 0% ; Spec= 100% . Score 1 showed t o be t he ideal crit ical point for sensibilit y/ specificit y. ³ 1 was t he best cut - off point for CAGE am ong psychiat ric out pat ient s from a t ert iary- level universit y hospit al. To incr ease t he diagnost ic pow er of t he t est and t he r eliabilit y of it s r esult s, it s per for m ance in t he st udy populat ion should be assessed.

DESCRI PTORS: scales; sensit iv it y and specificit y ; subst ance- r elat ed disor der s; out pat ient s; alcoholism

EVALUACI ÓN DEL DESEMPEÑO DEL CAGE CON PACI ENTES

PSI QUI ÁTRI COS AMBULATORI OS

Est u d i o d escr i p t i v o, t r an sv er sal , con ob j et o d e ev al u ar el d esem p eñ o d el CAGE en t r e p aci en t es psiqu iát r icos am bu lat or ios de u n h ospit al u n iv er sit ar io t er ciar io. Mu est r a de con v en ien cia con pacien t es del HCFMRP- USP ( n= 127) . Fue aplicado el CAGE y ent revist a diagnóst ica del CI D- 10 para uso nocivo y dependencia de alcohol. El desem peño de la punt uación en el CAGE fue ev aluado a t r av és del análisis de la cur v a ROC, usando los diagnóst icos del CI D- 10 com o pat r ón- or o. La sensibilidad y especificidad de acuer do con punt o de cor t e: ³ 0, S= 100% , E= 0% ; ³ 1, S= 100% , E= 73, 7% ; ³ 2, S= 53, 8% , E= 87, 7% ; ³ 3, S= 53, 8% , E= 94, 7% ; ³ 4, S= 0% , E= 100% . La punt uación 1 m ost r ó ser el punt o cr ít ico ideal sensibilidad/ especificidad. Ent r e pacient es psiquiát r icos am bulat or ios de un hospit al univ er sit ar io t er ciar io el punt o de cor t e m ás adecuado del CAGE fue ³ 1 . A fin de aum ent ar el poder diagnóst ico del t est y la segur idad de sus r esult ados se r ecom ienda que se r ealice la ev aluación del desem peño del t est en la población est udiada.

DESCRI PTORES: escalas; sen sib ilid ad y esp ecif icid ad ; t r ast or n os r elacion ad os con su st an cias; p acien t es am bu lat or ios; alcoh olism o

1 Mestre em Saúde na Com unidade pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Pret o da Universidade de São Paulo, e- m ail: clarissac@usp.br; 2 Professor Doutor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, e- m ail: m laprega@fm rp.usp.br, e- m ail: efurtado@fm rp.usp.br

(2)

I NTRODUÇÃO

O

uso excessivo de álcool por pacientes com t ranst ornos psiquiát ricos pode ser de alt o risco para a saúde. De acor do com a Or ganização Mundial de Saúde, a prevalência de dependência de álcool durante a vida é de 14 % na população geral e de 22% em indivíduos com algum t ranst orno psiquiát rico, sendo que quando a pessoa tem qualquer transtorno m ental, a probabilidade de dependência de álcool é 2,3 vezes m aior do que sem t al t ranst orno( 1).

A ident ificação precoce do uso problem át ico de álcool é m uit o im port ant e, um a vez que propicia ao p r of ission al a op or t u n id ad e d e ag ir d e f or m a p r e v e n t i v a , co n t r i b u i n d o p a r a a r e d u çã o d o s problem as causados por este uso. No caso de pessoas qu e est ej am em t r at am en t o por algu m t r an st or n o psiquiát rico, o uso de álcool t am bém pode prej udicar o t rat am ent o e o prognóst ico da enferm idade.

Pa r a co n t r i b u i r co m o s p r o f i ssi o n a i s n a i n v e st i g a çã o d e p a d r õ e s d e co n su m o f o r a m desenvolvidos inst rum ent os de rast ream ent o do uso problem át ico de álcool. Tais inst rum ent os podem ser usados pelos profissionais de saúde com um m ínim o de t reinam ent o e cont ribuem na realização de um a av al i ação b r ev e. El es são ú t ei s n o d i a a d i a d o profissional, por serem de fácil e rápida aplicação e por ofer ecer em um a pont uação clar a que indica a pr obabilidade de pr oblem as r elacionados ao álcool. Apesar de não ser em inst r um ent os de diagnóst ico, o s t e st e s f o r a m a v a l i a d o s co m b a se e m su a capacidade de difer enciar com segur ança ent r e os indivíduos que apresent am a condição pesquisada e os que não apresent am .

O CAGE, elaborado na década de 70, é um quest ionário com essa finalidade. Ele cont ém apenas quat ro pergunt as com respost as obj et ivas ( sim / não) , sendo am plam ent e ut ilizado dev ido à facilidade de aplicação e à boa aceit abilidade por pr ofissionais e pacientes. Foi validado no Brasil em 1983, quando se pr opôs a aplicação das qu at r o qu est ões do CAGE m ist ur adas a out r as dez quest ões sobr e hábit os de saúde, visando facilit ar a ent revist a( 2). A sigla CAGE r esult a das palav r as- chav es cont idas em cada um a das qu est ões: 1 ) Algu m a v ez o sr ( a) . sen t iu qu e deveria dim inuir a quant idade de bebida ou parar de b e b e r ?( C – Cu t - d o w n ); 2 ) As p e sso a s o ( a ) aborrecem porque criticam o seu m odo de beber? ( A – Annoyed); 3) O sr.( a) costum a beber pela m anhã para dim inuir o nervosism o ou a ressaca? ( E – Eye-opener); 4) O sr( a) . se sent e culpado pela m aneira

com que cost um a beber? ( G – Gu ilt ). As quest ões devem ser respondidas com o sim ou não e respostas

com o “ d e v ez em q u an d o” são consider adas com o

sim.

Out ro t est e de rast ream ent o m uit o ut ilizado é o AUDI T (Alcohol Use Disorders I dent ificat ion Test) .

Ele foi desenvolvido a pedido da Organização Mundial d a Sa ú d e p a r a ser u sa d o co m o i n st r u m en t o d e r a st r e a m e n t o d e u so d e r i sco , u so n o ci v o e dependência de álcool( 3). É com posto por dez questões

graduadas de zero a quatro, e enfatiza a identificação de dist úr bios at uais ( últ im o ano) , avaliando padr ão de consum o de álcool, sint om as de dependência e problem as relacionados ao uso de álcool. Vem sendo m uit o bem aceit o pelos profissionais e ut ilizado em d i v e r so s se r v i ço s d e sa ú d e( 4 ). Os t e st e s d e

rast ream ent o t êm sido obj et os de diversos est udos, p r i n ci p a l m en t e p a r a v er i f i ca çã o d a v a l i d a d e em relação a grupos específicos, com o m ulheres, idosos, adolescentes e pacientes psiquiátricos. Alguns autores propuseram um a m odificação no quest ionário CAGE par a ser usado com gest ant es( 5). Est e inst r um ent o

r ecebeu o nom e de T- ACE, e foi validado no Brasil em 2002( 6). A lit erat ura t am bém propõe que sej am

feit as adapt ações m udando- se o pont o de cor t e do i n st r u m e n t o a f i m d e g a r a n t i r e sp e ci f i ci d a d e e sen sib ilid ad e sat isf at ór ias( 7 ). Qu an d o o CAGE f oi

validado no Brasil o pont o de cort e sugerido foi ≥2,

ent r et ant o alguns aut or es r ecom endam o pont o de cort e ≥1 dependendo da população est udada( 8- 9). No

m anual sobre o uso do AUDI T tam bém se recom enda a r e d u çã o o u a u m e n t o d o p o n t o d e co r t e d o inst r um ent o no uso com det er m inados gr upos par a aperfeiçoar seu poder de det ecção( 3).

Apesar dos in st r u m en t os de r ast r eam en t o i n d i ca r e m a p o ssi b i l i d a d e d e e x i st ê n ci a d e u m p r o b l e m a , e st e s n ã o p o d e m se r u sa d o s p a r a a realização de um diagnóst ico psiquiát rico. Para est e f im , o in st r u m en t o m ais u t ilizad o é a en t r ev ist a est r u t u r a d a , em co n f o r m i d a d e co m o s Cr i t é r i o s Diagnóst icos para Pesquisa ( CDP- 10) da CI D- 10. Essa entrevista perm ite a identificação do uso nocivo e da síndrom e de dependência de álcool, utilizando critérios derivados do Capít ulo V – Transt ornos Ment ais e de Com portam ento, da CI D- 10. Ela foi desenvolvida para uso clínico e educacional geral e quando aplicada por pr ofissional qualificado, pode ser consider ada com o d e a l t a co n f i a b i l i d a d e p a r a o d i a g n ó st i co d e t ranst ornos relacionados ao uso de álcool ( 10).

(3)

est udo t eve com o obj et ivo avaliar o desem penho do CAGE na ident ificação do uso problem át ico de álcool e n t r e p a ci e n t e s d e u m se r v i ço a m b u l a t o r i a l psiquiát rico de hospit al universit ário.

MÉTODOS

O d e l i n e a m e n t o d o e st u d o f o i d o t i p o quant it at iv o, descr it iv o, de cor t e t r ansv er sal, sobr e um a am ost ra clínica am bulat orial, recrut ada segundo cr it ér ios de adesão, sem r egim e fix o de or dem de inclusão e independent e em relação a int erferências dos pr ofissionais assist ent es. O local da colet a de dados foi o Serviço Am bulatorial de Clínica Psiquiátrica ( SACP) d o Hosp it al d as Clín icas d a Facu ld ad e d e Medicina de Ribeirão Pret o- USP.

Os par t icipant es do est udo er am pacient es em at en d i m en t o n as Un i d ad es d e Tr an st o r n o d e Ansiedade, Esquizofrenia e Transt ornos de Hum or do SACP. A am ost ra foi const it uída por 127 suj eit os. Os critérios de inclusão foram os seguintes: possuir m ais de 18 anos de idade; estar em atendim ento no Serviço Am bulat orial de Clínica Psiquiát rica do HC- FMRP- USP t e n d o p a ssa d o p o r co n su l t a s d e t r i a g e m e d e psiquiat ria geral para definição do diagnóst ico e da conduta; estar em condições de oferecer inform ações con f iáv eis; con cor d ar em p ar t icip ar d a p esq u isa. For am ex clu ídos do est u do os in div ídu os qu e n ão at ender am às condições ant er ior es e pacient es que est avam em quadro clínico inst ável ou reagudizando. Os inst rum ent os ut ilizados para a colet a de dados foram os seguint es:

- Ent revist a est rut urada para colet a de dados sócio-dem ogr áf icos.

- CAGE: i n st r u m e n t o d e r a st r e a m e n t o d e u so problem át ico de álcool m uit o ut ilizado em pesquisas e na prática clínica( 11- 12).

- Cr i t é r i o D i a g n ó st i co s – CI D - 1 0 : e n t r e v i st a est r u t u r a d a , em co n f o r m i d a d e co m o s Cr i t ér i o s Diagnóst icos par a Pesquisa ( CDP- 10) da CI D- 10, a f i m d e v e r i f i ca r d i a g n ó st i co s d e t r a n st o r n o s r elacion ad os ao u so d e álcool ( u so n ociv o ou d e síndrom e de dependência de álcool) .

A coleta de dados foi realizada por estudantes do curso de m edicina e por colaboradores de pesquisa graduados em psicologia. Todos os ent r ev ist ador es r eceber am t r einam ent o em t écnicas de ent r ev ist a, uso de instrum entos de rastream ento e em avaliação para ident ificação de t ranst ornos relacionados ao uso de álcool at ravés dos crit érios diagnóst icos da CI

D-1 0 . El e s co m p a r e ci a m a o SACP n o h o r á r i o d e funcionam ent o dest e e ao final da consult a o m édico r esi d en t e ex p l i cav a ao p aci en t e o s o b j et i v o s d a p e sq u i sa e p e r g u n t a v a se e st e s g o st a r i a m d e p a r t i ci p a r. Ha v e n d o a co n co r d â n ci a , o m é d i co r e si d e n t e se r e t i r a v a d a sa l a e p e d i a q u e o ent r ev ist ador ent r asse e desse andam ent o à colet a de dados. Os ent revist adores liam com o pacient e o Te r m o d e Co n se n t i m e n t o , v e r i f i ca v a m se e l e s r e a l m e n t e co n co r d a v a m e m p a r t i ci p a r, e e n t ã o com eçavam a ent revist a para colet a de dados sócio-dem ográficos. Logo em seguida, faziam a aplicação do CAGE e a ent revist a dos crit érios diagnóst icos da CI D- 1 0 .

As inform ações colet adas foram regist radas em u m a p l a n i l h a d o p r o g r a m a Ex cel – 2 0 0 2 . A a v a l i a çã o d o CAGE f o i r e a l i za d a a t r a v é s d a verificação da sensibilidade e da especificidade dest e de acordo com o pont o de cort e quando com parado com os diagnósticos de “ uso nocivo” ou “ dependência de álcool” da CI D- 10, usada aqui com o padrão- ouro ( golden st an dar d) . A cu r v a ROC foi u t ilizada par a análise do ponto de corte m ais adequado, garantindo sensibilidade e especificidade sat isfat órias.

Est e pr oj et o f oi apr ov ado pelo Com it ê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeir ão Pr et o. As ent r ev ist as for am r ealizadas se m p r e m e d i a n t e a o b t e n çã o d o Te r m o d e Co n sen t i m en t o Li v r e e Escl a r eci d o d e p a ci en t es volunt ários, sendo respeit ados os crit érios ét icos da resolução n.º 196 de 10 de outubro de 1996. Após a r e a l i za çã o d a e n t r e v i st a , t o d o s p a r t i ci p a n t e s receberam orient ações sobre o beber de baixo risco e so b r e as si t u açõ es em q u e d ev er i am ev i t ar o consum o de bebidas alcoólicas.

RESULTADOS

Car act er ização da am ost r a

(4)

en t r ev i st ad o s co n cen t r a- se en t r e 1 a 5 sal ár i o s m ínim os e quando quest ionados a respeit o de suas pr át icas r eligiosas, 61,4% disser am ser pr at icant es de algum a religião. Em relação ao diagnóst ico, est e se dist r ibuiu ent r e esquizofr enia, t r anst or no afet iv o b ip olar, ep isód io d ep r essiv o, t r an st or n os f ób icos-ansiosos e out ros t ranst ornos de ansiedade.

Uso problem át ico de álcool

De acor do com os cr it ér ios diagnóst icos da CI D- 10, a freqüência de uso nocivo foi de 6,3% ( n= 8) e de depen dên cia 3 , 9 % ( n = 5 ) , t ot alizan do 1 0 , 2 % ( n= 13) de transtornos relacionados ao uso de álcool. Em r e l a çã o à p o n t u a çã o d a a m o st r a n o CAGE, a Figura 1 ilust ra com o se deu a dist ribuição dest a.

Figura 1 - Pont uação da am ost ra no CAGE. Ribeirão Pret o, 2004

Av aliação d o d esem p en h o d o CAGE em p acien t es psiquiát r icos

A av aliação d o d esem p en h o d o CAGE f oi realizada at ravés do at ravés do em prego da análise de cur v a ROC, t endo o diagnóst ico clínico de “ uso nocivo” ou “ dependência de álcool”, da CI D- 10, com o padrão- ouro ( golden st andard) . A Figura 2 indica os valores de sensibilidade e especificidade alcançados de acordo com o pont o de cort e no CAGE.

Figur a 2 - Desem penho do CAGE de acor do com o pont o de cort e. Ribeirão Pret o, 2004

At ravés da análise de curva ROC, verificou-se q u e o p o n t o cr ít i co i d e a l verificou-se n si b i l i d a d e / especificidade foi para o escore de um ponto no CAGE. Com base nest es dados, opt ou- se por usar o pont o de cor t e ≥1. A Figur a 3 ilust r a a análise da Cur v a

ROC.

Fi g u r a 3 - Cu r v a ROC p o n t u a çã o n o CAGE X diagnóst icos da CI D- 10

Co n si d er a n d o - se o p o n t o d e co r t e ≥1 , a

dist r ibuição de r esult ados posit iv os e negat iv os no CAGE se deu de acordo com a Figura 4.

Figura 4 - Uso problem ático de álcool na am ostra de acor do com a pont uação no CAGE. Ribeir ão Pr et o, 2004

DI SCUSSÃO

Os inst rum ent os de rast ream ent o do uso de álcool vêm sendo largam ente utilizados em pesquisas e na pr át ica clínica. O inst r um ent o CAGE, por ser rápido e de fácil aplicação, vem sendo m uito difundido. Entretanto, a literatura recom enda a adaptação deste par a difer ent es r ealidades e populações, t or nando-se im port ant e a avaliação do nando-seu denando-sem penho. Um est udo realizado a respeit o do desem penho de cinco

RQPVQ RQPVQ RQPVQU RQPVQU RQPVQU

RQPVQUPQ%#)'

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

0 1 2 3 4

%

Sensibilidade Especificidade

ponto de corte

ponto de corte ponto de corte ponto de corte ponto de corteponto de corte

100% 100% 100%

0%

73,7%

53,8% 87,7%

53,8% 94,7%

15,4%

R Á I

'URGEKHKEKFCFG

5

G

P

UK

D

KNK

F

C

F

G

66,10% CAGE NEGATIVO

(5)

inst r um ent os de r ast r eam ent o de uso pr oblem át ico d e álcool em p acien t es p siq u iát r icos, in clu in d o o CAGE, su g e r i u q u e o s p o n t o s d e co r t e d e st e s inst rum ent os fossem adapt ados a padrões locais e a caract eríst icas do serviço( 13).

Na am ost r a est udada, foi ver ificado que os m elhor es v alor es de sensibilidade e especificidade para o CAGE foram encontrados com o ponto de corte

≥1 ( Sens = 100% ; Espec = 73,7% ) . Quando o CAGE

foi t raduzido e validado no Brasil, o pont o de cort e r eco m en d ad o f o i ≥2( 2 ). En t r et an t o , n est e est u d o

observou- se que, com o uso dest e pont o de cort e, o inst rum ent o perdia quase 50% de sua sensibilidade, deixando de ident ificar casos de pessoas que faziam uso nociv o ou er am dependent es do álcool. Out r os a u t o r es t a m b ém en co n t r a r a m est e p r o b l em a a o com parar dois grupos de pacientes de um serviço de em ergência e sugeriram a redução do ponto de corte de diversos inst rum ent os de rast ream ent o, incluindo o CAGE, para grupos de m ulheres( 9). Principalm ent e

ent re m ulheres brancas nort e- am ericanas, há vast a literatura que recom enda o uso do ponto de corte ≥1

no CAGE( 14, 15). Um est udo que t r abalhou com um a

a m o st r a d e i d o so s t a m b é m e n co n t r o u b a i x a sensibilidade ( 48% ) com o uso do ponto de corte ≥2( 16).

Com pacient es am bulat oriais da clínica ort opédica o p o n t o d e co r t e ≥1 n o CAGE m o st r o u 8 5 % d e

se n si b i l i d a d e e 8 9 % d e e sp e ci f i ci d a d e , se n d o considerado o m ais adequado( 17). Estudo realizado no

Br asil p ar a a v er if icar a v alid ad e d o CAGE en t r e pacient es com dependência ao álcool int ernados em

en f er m ar ias d e clín ica m éd ica t am b ém en con t r ou v alor es de sen sibilidade ( 9 3 , 8 % ) e especif icidade ( 85,% ) m ais adequado com o uso do pont o de cort e

≥1(18).

Verificou- se que com o uso do CAGE houve um a inclusão m aior de pessoas com o “ casos” do que com o uso dos cr it ér ios diagnóst icos da CI D- 10. É im por t ant e r essalt ar que os cr it ér ios da CI D- 10 se r efer em ao últ im o ano, enquant o o CAGE se refere ao lon go da v ida. I st o pode ex plicar a fr eqü ên cia m aior en con t r ad a com o r ast r eam en t o d o CAGE. Out ra explicação possível é do CAGE t er ident ificado pessoas que fazem uso de risco de álcool, m as por não t erem t ido danos, não foram ident ificadas pelos cr it ér ios de uso nociv o da CI D- 10. Dest a for m a, o CAGE ab r an g er i a p esso as q u e se en co n t r am em diferent es pont os do cont inuum da psicopat ologia do b eb er, sen d o u m m ar cad or clín ico con f iáv el p ar a qualquer das condições seguint es: uso de risco, uso nocivo e dependência, ocorridas ao longo da vida.

Pa r a a j u d a r n a i d e n t i f i ca çã o d o u so problem át ico de álcool ent re pessoas port adoras de u m a co n d i ção p si q u i át r i ca, u su ár i as d e ser v i ço s am bulat or iais, suger e- se o uso de inst r um ent os de r ast r eam en t o. O CAGE m ost r ou aqu i ser u m bom inst r um ent o par a est a finalidade, sendo r ápido, de fácil ent endim ent o e não int im idat ivo. Nest e est udo, seu pont o de cort e m ais adequado foi ≥1. A fim de

aum entar o poder diagnóstico do teste e a segurança dos seus r esult ados, r ecom enda- se a av aliação de seu desem penho na população est udada.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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