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Operadores integrais gerados por núcleos em multi-escalas

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Academic year: 2017

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Operadores integrais gerados por

ucleos em multiescalas

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SERVI ¸CO DE P ´OS-GRADUA ¸C ˜AO DO ICMC-USP

Data de Dep´osito: 20 de fevereiro de 2009

Assinatura:

Operadores integrais gerados por n´

ucleos em multiescalas

Tha´ıs Jord˜ao

Orientador: Prof. Dr. Valdir Antonio Menegatto

Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de Ciˆencias Matem´aticas e de Computa¸c˜ao - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.

(4)
(5)

Agradecimentos

Agrade¸co a todas as pessoas que contribu´ıram, de alguma forma, para minha

for-ma¸c˜ao profissional e pessoal, at´e este momento. Dentre elas, meus familiares e amizades que fiz durante o mestrado. Principalmente, meus pais, Luiz Roberto Jord˜ao e Maria Cristina Franco Jord˜ao, meu companheiro e amigo, Fernando Consolaro, meu

orienta-dor, Valdir Antonio Menegatto e seu orientando Jos´e Claudinei Ferreira, pelas dicas pertinentes. Obrigada!

(6)
(7)

Resumo

Neste trabalho, inicialmente, apresentamos uma classe de n´ u-cleos positivos definidos, os n´ucleos de Mercer. As fun¸c˜oes nesta classe se enquadram na representa¸c˜ao de n´ucleos dada pelo co-nhecido Teorema de Mercer. Exploramos algumas de suas pro-priedades convenientes para o contexto do trabalho e constru´ımos seu espa¸co nativo.

(8)
(9)

Abstract

We study Mercer like kernels, a very special class of positive definite kernels possessing the description given by many results labeled as Mercer’s Theorem. We explore some of their properties which are needed in the development of this work and construct their native space.

(10)
(11)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao xiii

1 Preliminares 1

1.1 N´ucleos de reprodu¸c˜ao . . . 1

2 N´ucleos de Mercer 7 2.1 N´ucleos de Mercer . . . 7

2.2 O espa¸co nativo de um n´ucleo de Mercer . . . 9

3 N´ucleos em Multiescalas 15 3.1 Preliminares . . . 15

3.2 N´ucleos em multiescalas . . . 17

3.3 N´ucleos em finitas multiescalas . . . 19

3.4 Interpola¸c˜ao no espa¸co nativo . . . 22

4 O operador integral gerado por um n´ucleo em multiescalas 27 4.1 Resultado b´asico sobre operadores integrais . . . 28

4.2 O operador integral gerado porφl . . . 29

4.3 Uma base para o espa¸co nativo Nφl . . . 36

4.4 Outras propriedades do operador integral Tl . . . 39

Referˆencias Bibliogr´aficas 41

´Indice Remissivo 43

(12)
(13)

Introdu¸

ao

N´ucleos positivos definidos tˆem sua origem na teoria das equa¸c˜oes integrais. L´a, em sua forma mais importante, os operadores integrais positivos s˜ao gerados por n´ucleos deste tipo, quase sempre cont´ınuos. A referˆencia [2] descreve a teoria b´asica dos n´ucleos positivos definidos e suas propriedades mais importantes enquanto que [1], apesar de focar nos n´ucleos de reprodu¸c˜ao, faz uma boa introdu¸c˜ao hist´orica sobre os n´ucleos positivos definidos.

A teoria dos n´ucleos positivos definidos caminha lado a lado com aquela dos n´ucleos de reprodu¸c˜ao e seus espa¸cos nativos. Algumas liga¸c˜oes diretas entre os conceitos podem ser observadas em [14].

De forma geral, nosso trabalho trata dos espa¸cos nativos associados a n´ucleos posi-tivos definidos. Inicialmente, exploramos a rela¸c˜ao do espa¸co nativo com a imagem do operador integral gerado pelo n´ucleo, no caso em que este se enquadra na descri¸c˜ao dada pelas v´arias vers˜oes do Teorema de Mercer ([4, 13, 15]). No entanto, o tema cen-tral do trabalho refere-se aos operadores integrais gerados por n´ucleos que, al´em de positivos definidos, ainda podem ser constru´ıdos a partir de uma ´unica fun¸c˜ao dada, empregando-se multiescalas para alcan¸car a descri¸c˜ao dada pelo Teorema de Mercer.

No primeiro cap´ıtulo, fazemos uma breve descri¸c˜ao dos n´ucleos positivos definidos, exemplificando. Em seguida, introduzimos o espa¸co nativo associado a um n´ucleo po-sitivo definido, extraindo propriedades b´asicas de relevˆancia para o desenvolvimento das demais se¸c˜oes do trabalho.

No cap´ıtulo seguinte, tratamos dos n´ucleos de Mercer e analisamos cuidadosamente o espa¸co nativo associado.

No Cap´ıtulo 3, introduzimos os n´ucleos em multiescalas como originalmente definidos em [10]. Tais n´ucleos tˆem a representa¸c˜ao descrita por Mercer, por´em as fun¸c˜oes en-volvidas s˜ao definidas a partir de uma ´unica fun¸c˜ao pr´e-fixada, via transla¸c˜oes e

(14)

xiv Introdu¸c˜ao

lata¸c˜oes de seu suporte. Ap´os apresentar as peculiaridades dos n´ucleos em multiescalas, descrevemos o espa¸co nativo associado.

No ´ultimo cap´ıtulo do trabalho exploramos, inicialmente, propriedades adicionais dos n´ucleos em multiescalas. Estas por sua vez, s˜ao utilizadas na dedu¸c˜ao de v´arias pro-priedades do operador integral correspondente, principalmente aquelas envolvendo os seguintes aspectos: limita¸c˜ao, compacidade, autovalores e autofun¸c˜oes e positividade. Investigamos ainda algumas propriedades independentes que envolvem o espa¸co nativo do n´ucleo em multiescalas, principalmente as que tˆem alguma relevˆancia na an´alise es-pectral fina de operadores integrais. A referˆencia [4] trata deste mesmo assunto quando se tem um n´ucleo cujo dom´ınio ´e compacto, enquanto que [5, 15] trabalham num con-texto mais geral.

(15)

Cap´ıtulo

1

Preliminares

Neste cap´ıtulo abordamos algumas propriedades dos n´ucleos positivos definidos. Em particular, exploramos o conceito de n´ucleo de reprodu¸c˜ao e algumas de suas pro-priedades que s˜ao necess´arias para o desenvolvimento do trabalho. As referˆencias b´asi-cas para os resultados deste cap´ıtulo s˜ao [1] e [2].

1.1

ucleos de reprodu¸

ao

Em geral, a palavra n´ucleo refere-se a uma fun¸c˜ao ψ : Ω×Ω →C, onde Ω ´e um

subconjunto n˜ao vazio. Neste trabalho, estaremos interessados em n´ucleos sobre Rn,

ou seja, no caso em que Ω ´e um subconjunto de Rn.

Dizemos que um n´ucleo ψ ´e positivo definido quando para todo n ∈ N, todo

subconjunto {x1, x2, . . . , xn} de Ω e todo subconjunto {c1, c2, . . . , cn} de C, vale a

de-sigualdade

n X i,j=1

cicjψ(xi, xj)≥0.

Um n´ucleo positivo definidoψ ´eestritamente positivo definido quando a desigual-dade acima for estrita, sempre que os pontosx1, x2, . . . , xn s˜ao distintos e pelo menos

um dos escalaresc1, c2, . . . , cn ´e n˜ao nulo. N´ucleos positivos definidos s˜ao

automatica-mente hermitianos[2, p. 68], ou seja,

ψ(x, y) = ψ(y, x), x, y ∈Ω.

(16)

2 Cap´ıtulo 1 — Preliminares

A seguir, apresentamos exemplos de n´ucleos que se encaixam nas categorias des-critas acima. Em todos eles, Ω ´e um subconjunto n˜ao vazio de Rn.

Exemplo 1.1.1. Sejaf : Ω→Cuma fun¸c˜ao. Considereϕ : Ω×Co n´ucleo dado

por

ϕ(x, y) =f(x)f(y), x, y ∈Ω.

Sen∈N,{x1, x2, . . . , xn}´e um subconjunto de Ω ec1, c2, . . . , cns˜ao n´umeros complexos

ent˜ao

n X i,j=1

cicjϕ(xi, xj) = n X i,j=1

cicjf(xi)f(xj) = ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ n X i=1

cif(xi) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 2 ≥0.

Em particular, ϕ ´e positivo definido.

Exemplo 1.1.2. Seja ψ : Ω×Ω→C dado por

ψ(x, y) =

½

1, x=y 0, x6=y

Se n ∈ N, {x1, x2, . . . , xn} ´e um subconjunto de Ω e c1, c2, . . . , cn s˜ao n´umeros

com-plexos, ent˜ao

n X i,j=1

cicjψ(xi, xj) = n X

i=1

cici = n X

i=1

|ci|2.

Logo, ψ ´e positivo definido. Se al´em disso, pelo menos um dos cj’s ´e n˜ao nulo, ent˜ao a

soma acima ´e positiva. Desta forma, o n´ucleo ´e estritamente positivo definido.

A teoria dos n´ucleos positivos definidos e afins caminha lado a lado com a teoria dos espa¸cos de Hilbert. Estabelecemos esta conex˜ao a seguir.

Sejam Ω um subconjunto de Rn e (H,,·i) um espa¸co de Hilbert formado por

fun¸c˜oes complexas com dom´ınio Ω. Um n´ucleo ψ : Ω×Ω→ C´e chamado ucleo de

reprodu¸c˜ao deH quando as condi¸c˜oes abaixo est˜ao satisfeitas: (i) ψ(x,·)∈ H,x∈Ω;

(ii) hf, ψ(x,·)i=f(x),f ∈ H, x∈Ω.

Seψ´e o n´ucleo de reprodu¸c˜ao de um espa¸co de HilbertH, diremos queH´e umespa¸co nativo do n´ucleo ψ.

A existˆencia e unicidade dos espa¸cos nativos s˜ao discutidas no teorema a seguir. A existˆencia ´e garantida atrav´es de um processo de completamento de um espa¸co vetorial constru´ıdo a partir do pr´oprio n´ucleo. Logo, o processo ´e construtivo, e a unicidade deste espa¸co segue da unicidade do completamento.

Teorema 1.1.3. Se ψ : Ω×Ω → C ´e um n´ucleo positivo definido, ent˜ao valem as

(17)

1.1 N´ucleos de reprodu¸c˜ao 3

(i) Existe um ´unico espa¸co nativo H de ψ;

(ii) Se a fun¸c˜ao x ∈ Ω → ψ(x,·) ∈ H ´e cont´ınua, ent˜ao H somente cont´em fun¸c˜oes cont´ınuas.

Demonstra¸c˜ao: Sejaψ : Ω×Ω→C positivo definido e considere o espa¸co vetorial

Hψ = span{ψ(x,·) : x∈Ω}.

Sef =Pni=1αiψ(xi,·) e g =Pmj=1βjψ(yj,·), definimos

hf, giψ := n X i=1 m X j=1

αiβjψ(xi, yj).

A aplica¸c˜ao h·,·iψ : Hψ × Hψ → C acima est´a bem definida e ´e bilinear. Al´em disso,

comoψ ´e hermitiano,

hg, fiψ = m X j=1 n X i=1

βjαiψ(yj, xi) = m X j=1 n X i=1

βjαiψ(xi, yj) = hf, giψ.

Ainda,

hf, fiψ = n X i=1 n X j=1

αiαjψ(xi, xj)≥0.

Logo, a f´ormula

kfk2ψ =hf, fiψ, f ∈ Hψ

define uma seminorma em Hψ. Se hf, fiψ = 0 ent˜ao, pela desigualdade de

Cauchy-Schwarz, temos

|f(x)|=

¯ ¯ ¯ ¯ ¯ n X i=1

αiψ(xi, x) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯

=|hf, ψ(x,·)iψ| ≤ kfkψkψ(x,·)kψ = 0, x∈Ω.

Logo,f = 0 e a aplica¸c˜aoh·,·iψ define ent˜ao um produto interno em Hψ. ´E claro que o n´ucleo ψ satisfaz as propriedades de n´ucleo de reprodu¸c˜ao em Hψ. Como o espa¸co Hψ

n˜ao ´e necessariamente de Hilbert, temos que considerar o seu completamento H com rela¸c˜ao `a norma induzida pelo produto interno. Quanto `a unicidade, vamos assumir queψ seja o n´ucleo de reprodu¸c˜ao de outro espa¸co de Hilbert (H1,h·,·i). Pela primeira propriedade da defini¸c˜ao de n´ucleo de reprodu¸c˜ao, obtemosHψ ⊂ H1 ehf, gi=hf, giψ, f, g∈ Hψ. Logo,H ⊂ H1. Se H 6=H1, sendo H completo, podemos achar uma fun¸c˜ao g n˜ao nula no complemento ortogonal deH. Pela propriedade de reprodu¸c˜ao do n´ucleo concluimos que

(18)

4 Cap´ıtulo 1 — Preliminares

uma contradi¸c˜ao. Portanto, H1 = H. A ´ultima afirmac˜ao do teorema segue da pro-priedade de reprodu¸c˜ao e da desigualdade de Cauchy-Schwarz.

Resultados mais finos, mas ainda relacionados ao teorema anterior, podem ser en-contrados em [14].

Para o pr´oximo resultado deste cap´ıtulo faremos uso do conceito descrito a seguir. SejaW um subconjunto n˜ao vazio de um espa¸co vetorial normado (V,k·k). Um elemento w de W tem norma minimal quandokwk<kvk, v ∈W \ {w}.

O lema abaixo registra uma importante propriedade das matrizespositivas definidas, matrizes cujas formas quadr´aticas associadas s˜ao sempre positivas quando n˜ao-nulas. Uma prova do lema pode ser encontrada em [7, p. 398].

Lema 1.1.4. Sejam ψ : Ω×Ω → C um n´ucleo e {x1, x2, . . . , xn} um subconjunto de

. Se a matriz (ψ(xi, xj))1≤i,j≤n´e positiva definida, ent˜ao seu determinante ´e positivo.

Voltando ao contexto dos espa¸cos nativos, temos o seguinte resultado.

Teorema 1.1.5. Seja(H,h·,·i)um espa¸co de Hilbert de fun¸c˜oes complexas com dom´ınio

. Considere um subconjunto {x1, x2, . . . , xn} dee um subconjunto {y1, y2, . . . , yn}

de C. Seψ ´e um n´ucleo de reprodu¸c˜ao deH que ´e estritamente positivo definido, ent˜ao

o conjunto

S ={f ∈ H:f(xi) =yi, i= 1,2, . . . , n}

cont´em um ´unico elemento de norma minimal.

Demonstra¸c˜ao: Assuma que ψ ´e um n´ucleo de reprodu¸c˜ao de H bem como estrita-mente positivo definido. Seja F = span{ψ(xi,·) : i = 1,2, . . . , n}. Como a matriz dos

coeficientes do sistema linear

n X

i=1

αiψ(xi, xj) =yj, 1≤j ≤n,

tem determinate positivo, ent˜aoF∩Spossui um ´unico elemento, o qual pode ser escrito na forma

s=

n X

i=1

βiψ(xi,·).

Mostremos agora que este elemento deS tem norma minimal. Seja F⊥ o complemento ortogonal deF emH. Como o subespa¸coF ´e fechado pois tem dimens˜ao finita, podemos escrever

f =pF(f) +pF⊥(f), f ∈ H,

onde pF e pF⊥ s˜ao as proje¸c˜oes def sobre os espa¸cos F e F⊥, respectivamente. Sendo

ψ um n´ucleo de reprodu¸c˜ao de H, temos

(19)

1.1 N´ucleos de reprodu¸c˜ao 5

Logo, sef ∈S, ent˜ao a igualdade acima toma a forma

yi =f(xi) =pF(f)(xi), i= 1,2, . . . , n,

implicando que pF(f) ∈ S. Desta forma, se f ∈ S, podemos concluir que pF(f) = s.

Portanto, sef ∈S\ {s} , ent˜ao pF⊥(f)6= 0 e

kfk2 =kp

F(f)k2+kpF⊥(f)k2 >kpF(f)k2 =ksk2.

(20)
(21)

Cap´ıtulo

2

ucleos de Mercer

2.1

ucleos de Mercer

Nesta se¸c˜ao analisaremos n´ucleos que se encaixam na descri¸c˜ao fornecida pelo Teo-rema de Mercer em suas formas mais conhecidas. A formaliza¸c˜ao mais elementar deste resultado pode ser ratificada em [13], enquanto que uma vers˜ao bem mais geral, j´a direcionada para a an´alise espectral de operadores integrais, pode ser encontrada em [5].

Estabeleceremos algumas propriedades importantes dentro de um contexto que se situa entre os dois descritos no par´agrafo anterior. Para tanto, a partir de agora, I representar´a um conjunto enumer´avel de ´ındices e Ω um subconjunto n˜ao vazio deRn.

Fixadas uma sequˆencia{λk}k∈I de n´umeros reais positivos e uma sequˆencia{ϕk}k∈I

de fun¸c˜oes complexas com dom´ınio Ω, diremos que ambas satisfazem a condi¸c˜ao de somabilidadequando

X k∈I

λk|ϕk(x)|2 <∞, x∈Ω.

Esta condi¸c˜ao ser´a essencial para a obten¸c˜ao de v´arios resultados neste trabalho. Uma justificativa para a conveniˆencia desta condi¸c˜ao ´e apresentada abaixo.

Lema 2.1.1. Se {λk}k∈I e {ϕk}k∈I satisfazem a condi¸c˜ao de somabilidade ent˜ao a

fun¸c˜aoψ : Ω×Ω→C dada por

ψ(x, y) =X

k∈I

λkϕk(x)ϕk(y), x, y ∈Ω, (2.1)

est´a bem definida.

(22)

8 Cap´ıtulo 2 — N´ucleos de Mercer

Demonstra¸c˜ao: Vamos mostrar que P

k∈Iλkϕk(x)ϕk(y) < ∞, x, y ∈ Ω. Para tanto

usaremos a estrutura do espa¸co ℓ2(I) usual ([16]). A condi¸c˜ao de somabilidade implica que as sequˆencias{λ1k/2ϕk(x)}k∈I e{λ1k/2ϕk(y)}k∈I s˜ao elementos deℓ2(I). Aplicando a Desigualdade de Cauchy-Schwarz no contexto de ℓ2(I), obtemos

X k∈I

λkϕk(x)ϕk(y)≤ Ã

X k∈I

λk|ϕk(x)|2

!1/2Ã X

k∈I

λk|ϕk(y)|2 !1/2

.

Agora, a condi¸c˜ao de somabilidade nos leva `a conclus˜ao almejada.

Qualquer n´ucleo que se encaixe na descri¸c˜ao do lema anterior ´e dito ser umn´ucleo de Mercer definido por {λk}k∈I e {ϕk}k∈I. Quando o contexto permitir, diremos

simplesmente n´ucleo de Mercer, sem fazer men¸c˜ao `as sequˆencias envolvidas na defini¸c˜ao do n´ucleo.

A fim de registrarmos algumas propriedades dos n´ucleos de Mercer, relembramos o conceito de separabilidade para uma fam´ılia de fun¸c˜oes. O conceito ´e comum no contexto de resultados relativos ao Teorema da Aproxima¸c˜ao de Weierstrass.

Seja F uma fam´ılia de fun¸c˜oes complexas com dom´ınio contendo o conjunto Ω. Dizemos que F separa pontos de Ω se dado um subconjunto finito {x1, x2, . . . , xn}

de Ω, existem fun¸c˜oes f1, f2, . . . , fn em F satisfazendo fi(xj) =δij,i, j = 1,2, . . . , n.

Desta forma, temos o seguinte resultado.

Teorema 2.1.2. Seja ψ um n´ucleo de Mercer definido pelas sequˆencias {λk}k∈I e {ϕk}k∈I. Valem as afirma¸c˜oes:

(i) ψ ´e positivo definido;

(ii) Se o espa¸co span{ϕk : k ∈ I} separa pontos, ent˜ao ψ ´e estritamente positivo

definido.

Demonstra¸c˜ao: Sen ´e um inteiro positivo, {x1, x2, . . . , xn} ´e um subconjnto de Ω e {c1, c2, . . . , cn}´e um subconjunto de C, ent˜ao

n X i=1 n X j=1

cicjψ(xi, xj) = n X i=1 n X j=1 cicj

X k∈I

λkϕk(xi)ϕk(xj)

= X k∈I λk à n X i=1

ciϕk(xi) ! Ã n

X j=1

cjϕk(xj) !

Como λk >0,k ∈I, temos n X i=1 n X j=1

cicjψ(xi, xj) = X k∈I λk ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ n X i=1

(23)

2.2 O espa¸co nativo de um n´ucleo de Mercer 9

fato que justifica (i). Para provar (ii), assumimos que span{ϕk:k ∈I} separa pontos.

Seψ n˜ao ´e estritamente positivo definido ent˜ao existem um inteiro positivon, um sub-conjunto{x1, x2, . . . , xn}de Ω e um subconjunto{c1, c2. . . , cn}deCcomPni=1|ci|>0

satisfazendo n X i=1 n X j=1

cicjψ(xi, xj) = 0.

Combinando-se com a informa¸c˜ao contida em (i), concluimos que

0 = n X i=1 n X j=1

cicjψ(xi, xj) = X k∈I λk ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ n X i=1

ciϕk(xi) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 2 , ou seja, n X i=1

ciϕk(xi) = 0, k ∈I.

Segue que

n X

i=1

cif(xi) = 0, f ∈span{ϕk :k ∈I}. (2.2)

Se o conjunto span{ϕk: k∈ I} separa pontos, podemos escolher fun¸c˜oes f1, f2, . . . , fn

do mesmo tais quefi(xj) = δij,i, j = 1,2, . . . , n. Aplicando (2.2) deduzimos que

cj = n X

i=1

cifj(xi) = 0, 1≤j ≤n.

Assim, c1 =c2 =· · ·=cn = 0, o que ´e uma contradi¸c˜ao.

2.2

O espa¸

co nativo de um n´

ucleo de Mercer

Nesta se¸c˜ao descreveremos um m´etodo para construir o espa¸co nativo de um n´ucleo de Mercer. Logo, em toda a se¸c˜ao,{λk}k∈I e {ϕk}k∈I ser˜ao sequˆencias que satisfazem

a condi¸c˜ao de somabilidade, descrita anteriormente.

Sendo os n´ucleos de Mercer positivos definidos, resultados do cap´ıtulo anterior implicam que tais n´ucleos tˆem um ´unico espa¸co nativo.

Na descri¸c˜ao que pretendemos apresentar utilizaremos espa¸cos complexos do tipo ℓ2 com pesos{λk}k∈I. O espa¸co

ℓp2(I) =

(

{ck}k∈I : X

k∈I

λ−k1|ck|2 <∞ )

torna-se um espa¸co de Hilbert quando utilizamos o produto interno

hc, diℓp2 :=

X k∈I

(24)

10 Cap´ıtulo 2 — N´ucleos de Mercer

entre dois elementos c := {ck}k∈I e d := {dk}k∈I. A norma correspondente ser´a

de-notada por k · kℓp2. Observamos que o uso do ´ındice p na nota¸c˜ao anterior refere-se `a

palavra peso, nada mais.

O primeiro resultado da se¸c˜ao refere-se `a aplica¸c˜ao natural entre o espa¸coℓp2(I) e o espa¸co das fun¸c˜oes complexas com dom´ınio Ω.

Lema 2.2.1. A f´ormula

L(c) =X

k∈I

ckϕk, c={ck}k∈I ∈ℓp2(I),

define uma transforma¸c˜ao linear entre ℓp2(I) e o espa¸co das fun¸c˜oes complexas com dom´ınio. O n´ucleo desta transforma¸c˜ao ´e um subespa¸co vetorial fechado de ℓp2(I).

Demonstra¸c˜ao: Fixados c= {ck}k∈I em ℓ2p e x em Ω, considere a ={λkϕk(x)}k∈I e

b ={ck}k∈I. Como a eb s˜ao elementos de ℓp2, L(c)(x) = X

k∈I

ckϕk(x) =ha, biℓp2.

Isto mostra que Lest´a bem definida. Como a linearidade de L´e facilmente verificada, vamos justificar apenas a afirma¸c˜ao referente ao fechamento do n´ucleo kerL da trans-forma¸c˜ao. Seja {cn}n∈N uma sequˆencia de elementos de kerL convergindo para um elemento cde ℓp2(I). Ent˜ao

|L(c)(x)|=|L(c)(x)−L(cn)(x)|=|L(c−cn))(x)|, x∈Ω. Escrevendo c={ck}k∈I, cn ={cnk}k∈I e usando a defini¸c˜ao de L, obtemos

|L(c)(x)| =

¯ ¯ ¯ ¯ ¯ X k∈I

(ck−cnk)ϕk(x) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ≤ X k∈I

|ck−cnk||ϕk(x)|

= X

k∈I ³

λ1k/2

´−1

|ck−cnk|λ

1/2

k |ϕk(x)|.

Empregando a Desigualdade de Cauchy-Schwarz deduzimos que

|L(c)(x)| ≤ Ã

X k∈I

λ−k1|ck−cnk|2

!1/2Ã X

k∈I

λk|ϕk(x)|2 !1/2

= kc−cnkp

2

à X

k∈I

λk|ϕk(x)|2 !1/2

.

(25)

2.2 O espa¸co nativo de um n´ucleo de Mercer 11

Observa¸c˜ao 2.2.2. Em um espa¸co de Hilbert, se S ´e um subespa¸co e S ´e o seu fecho no espa¸co, ent˜ao vale a f´ormula (S⊥)= S ([17, p. 31]). Voltando ao contexto do

resultado anterior, temos

(kerL)⊥= (((kerL)))= kerL= (kerL),

fato que tamb´em pode ser deduzido usando um resultado geral de An´alise Funcional ([16, p. 39]).

No que segue, por raz˜oes de simplifica¸c˜ao da nota¸c˜ao, vamos denotar kerL pela letra N. Lembrando que cada elemento c de ℓp2(I) pode ser decomposto na forma c = pN(c) +pN⊥(c), o efeito da aplica¸c˜ao L sobre c reduzir-se-´a `a a¸c˜ao de L sobre

pN⊥(c). Em outras palavras, L(c) =L(pN⊥(c)). Desta forma, podemos observar que os

elementos da imagem de L, podem n˜ao ter representa¸c˜ao ´unica. Por exemplo, se c ´e um elemento de ℓp2(I) tal quepN(c)6= 0, ent˜ao c6=pN⊥(c). Mas,L(c) = L(pN⊥(c)), ou

seja, o elementoL(c) pode ser representado por ambas as somas

X k∈I

ckϕk e

X k∈I

(pN⊥(c))kϕk.

Apesar disto, podemos introduzir um produto interno no subespa¸co

Im(L) :=

( X

k∈I

ckϕk : X

k∈I

λ−k1|ck|2 <∞ )

,

atrav´es da f´ormula

hL(c), L(d)iL:=hpN⊥(c), pN⊥(d)ip

2 c, d∈ℓ

p

2(I). (2.3) Se L(c) = L(d), ent˜ao L(pN⊥(c)) = L(pN⊥(d)) e, consequentemente, a diferen¸ca

pN⊥(c)−pN⊥(d) ´e um elemento deN. Desta forma,pN⊥(c)−pN⊥(d)∈ N ∩ N⊥={0}.

Isto mostra que o produto interno est´a, de fato, bem definido. Lema 2.2.3. O espa¸co (Im(L),h·,·iL) ´e um espa¸co de Hilbert.

Demonstra¸c˜ao: Seja{L(cn)}

n∈N uma sequˆencia de Cauchy em Im(L). Como

kpN⊥(cn)−pN⊥(cm)kp

2 =kL(c

n)L(cm)kL, m, n1,

podemos observar que a sequˆencia {pN⊥(cn)}n∈N ´e de Cauchy emN⊥. Sendo N⊥ um subespa¸co fechado de ℓp2(I), ele ´e completo. Logo, {pN⊥(cn)}n∈N converge em N⊥, digamos, para um elementoc∈ N⊥. Pelo fato de que p

N⊥(c) = c, obtemos

kL(cn)−L(c)kL =kpN⊥(cn)−cklp

(26)

12 Cap´ıtulo 2 — N´ucleos de Mercer

Logo, a sequˆencia {L(cn)}

n∈N ´e convergente e seu limite ´e L(c). Isto mostra que o espa¸co (Im(L),h·,·iL) ´e completo.

Finalmente, estamos em condi¸c˜oes de apresentar uma descri¸c˜ao para o espa¸co nativo de um n´ucleo de Mercer.

Teorema 2.2.4. Se ψ ´e um n´ucleo de Mercer definido por {λk}k∈I e {ϕk}k∈I ent˜ao

(Im(L),h·,·iL) ´e seu espa¸co nativo.

Demonstra¸c˜ao: Para verificar a primeira condi¸c˜ao da defini¸c˜ao de n´ucleo de repro-du¸c˜ao, fixemos x∈Ω. A condi¸c˜ao de somabilidade implica que

X k∈I

λ−k1|λkϕk(x)|2 = X

k∈I

λk|ϕk(x)|2 <∞.

Logo, b := {λkϕk(x)}k∈I ´e um elemento de l2p(I) e ψ(x,·) = L(b) ∈ Im(L). Para a verifica¸c˜ao da segunda condi¸c˜ao da defini¸c˜ao de n´ucleo de reprodu¸c˜ao, fixemosx∈Ω e f ∈Im(L). Sejambcomo definido acima ec:={ck}k∈I ∈ℓp2(I) de modo quef =L(c). Note inicialmente que, se a:={ak}k∈I ∈ N ent˜ao

hb, aiℓp2 =

X k∈I

λ−k1λkϕk(x)ak =L(a)(x) = 0.

Segue queb ∈ N⊥ e, consequentemente,p

N⊥(b) = b. Logo, pela f´ormula (2.3) podemos

escrever

hf, ψ(x,)iL=hL(c), L(b)iL=hpN⊥(c), pN⊥(b)ip

2 =hpN⊥(c), biℓ

p

2.

Para completarmos a demonstra¸c˜ao, ´e suficiente comprovarmos quef(x) =hpN⊥(c), bip

2.

Para tanto, escrevendo, pN⊥(c) := {(pN⊥(c))k}k∈I, temos hpN⊥(c), bip

2 =

X k∈I

λ−k1(pN⊥(c))kλkϕk(x) =

X k∈I

(pN⊥(c))kϕk(x).

Por outro lado,

X k∈I

(pN⊥(c))kϕk(x) =L(pN⊥(c))(x) = L(c)(x) =f(x).

Isto demonstra o teorema.

Teorema 2.2.5. Nas condi¸c˜oes do teorema anterior, a norma de um elemento f do espa¸co nativo (Im(L),h·,·iL) pode ser calculada pela f´ormula

kfk2

L= min (

X k∈I

λ−k1|ck|2 :{ck}k∈I ∈l2p, f =

X k∈I

ckϕk )

(27)

2.2 O espa¸co nativo de um n´ucleo de Mercer 13

Demonstra¸c˜ao: Se f = L(c) onde c = {ck}k∈I, usando o fato de pN⊥ ser uma

proje¸c˜ao, temos

kfk2L=hpN⊥(c), pN⊥(c)ip

2 =kpN⊥(c)k

2

ℓp2 ≤ kck

2

ℓp2 =

X k∈I

λ−k1|ck|2.

No entanto, sed=pN⊥(c) ent˜ao L(d) = L(c) =f. Consequentemente,

kfk2L=kpN⊥(c)k2p

2 =kdk

2

ℓp2 =

X k∈I

λ−k1kdkk2.

A f´ormula segue.

Levando-se em conta as nota¸c˜oes e resultados desta se¸c˜ao temos a seguinte adap-ta¸c˜ao do Teorema 1.1.5.

Teorema 2.2.6. Seja ψ um n´ucleo de Mercer definido por {λk}k∈I e {ϕk}k∈I. Se ψ ´e

estritamente positivo definido ent˜ao dados {x1, x2, . . . , xn} ⊂Ω e {y1, y2, . . . , yn} ⊂C,

existec em ℓp2(I) de modo que L(c) satisfaz as seguintes propriedades:

(i) L(c)(xi) =yi, i= 1,2, . . . , n;

(28)
(29)

Cap´ıtulo

3

ucleos em Multiescalas

Neste cap´ıtulo, consideraremos n´ucleos de Mercer constru´ıdos atrav´es de uma ´unica fun¸c˜ao utilizando multiescalas, finitas ou infinitas. O termo multiescala refere-se ao processo de modifica¸c˜ao de uma fun¸c˜ao atrav´es de uma dilata¸c˜ao da vari´avel (mul-tiplica¸c˜ao por uma constante conveniente) seguida de uma transla¸c˜ao (soma de uma constante conveniente). Em nosso contexto, uma dilata¸c˜ao corresponder´a a fun¸c˜ao da forma x 7→ 2jx, x Rd, para algum inteiro j, enquanto que a transla¸c˜ao ser´a uma

aplica¸c˜ao da formax7→x−k, x∈Rd, para algum multi-´ındice k com dcomponentes.

As referˆencias [10, 11, 12] trazem mais informa¸c˜oes sobre o assunto.

Nos cap´ıtulos seguintes, analisaremos algumas propriedades do n´ucleo a ser consi-derado. Tamb´em trataremos de seu espa¸co nativo, como feito anteriormente para um n´ucleo de Mercer arbitr´ario.

3.1

Preliminares

Nesta se¸c˜ao, desenvolveremos um m´etodo de constru¸c˜ao de n´ucleos de Mercer onde todas as fun¸c˜oes da fam´ılia s˜ao definidas a partir de uma ´unica fun¸c˜ao geradora, possuindo caracter´ısticas adicionais para garantir a validade de algumas propriedades importantes. A constru¸c˜ao em si ´e similar `aquela utilizada na teoria dos wavelets [8, 18]. Como tal teoria j´a est´a bem estruturada, a terminologia que adotaremos n˜ao difere em quase nada da cl´assica, mesmo que nosso trabalho n˜ao tenha qualquer rela¸c˜ao direta com os wavelets.

(30)

16 Cap´ıtulo 3 — N´ucleos em Multiescalas

Seϕ :Rd C´e uma fun¸c˜ao qualquer, j ´e um inteiro e k ´e um multi-´ındice deZd,

escreveremos ϕj,k para denotar a fun¸c˜ao ϕj,k :Rd→C dada por

ϕj,k(x) =ϕ(2jx−k), x∈Rd.

Fixado l ∈ Z, o lema abaixo descreve uma propriedade b´asica que a fam´ılia de

fun¸c˜oes

{ϕj,k :j ≥l, k∈Zd},

possui, quando ϕ tem suporte compacto. Faremos uso do conjunto de ´ındices definido por Il:={j ∈Z:j ≥l} ×Zd. Al´em disso, em Rd, utilizaremos a norma do m´aximo

kxk∞:= max{|xi|: 1≤i≤d}, x= (x1, x2, . . . , xd)∈Rd.

Lema 3.1.1. Sejaϕ :Rd Cuma fun¸c˜ao de suporte compacto satisfazendo a seguinte

condi¸c˜ao adicional: se x ∈ Rd, existe kx Zd tal que ϕ(x kx) 6= 0. Se ´e um

subconjunto n˜ao vazio de Rd ent˜ao o espa¸co

F =span{ϕj,k : (j, k)∈Il}

separa pontos de.

Demonstra¸c˜ao: Sejam Ω um subconjunto de Rd e {x1, x2, . . . , xn} um conjunto de

pontos de Ω. Como ϕ tem suporte compacto, suppϕ est´a contido em alguma bola fechada centrada na origem de Rd e de raio minimal. Seja r o raio desta bola. Se

k2jxkk

∞> r, ent˜ao ϕj,k(x) = 0, (j, k)∈Il, x ∈Ω. Desta forma, fixados o inteiro j

e x ∈ Ω, a cardinalidade do conjunto {k ∈ Zd :ϕj,k(x) 6= 0}´e no m´aximo (2[r] + 1)d.

Podemos escolher um inteiro positivo m≥l tal que

21−mr <min{kxi−xjk∞ :i6=j}.

Por outro lado, devido `a condi¸c˜ao que ϕ satisfaz, existem multi-´ındices k1, k2, . . . , kn

de Zd tais que

ϕm,ki(xi) = ϕ(2

mx

i−ki)6= 0, i= 1,2, . . . , n.

Em particular,

k2mxi−kik ≤r, i= 1,2, . . . n.

Utilizando esta informa¸c˜ao, deduzimos que

k2mxi−kjk∞≥2mkxi−xjk∞− k2mxj−kjk∞>2m(21−mr)−r =r, i6=j,

e, por conseguinte,

ϕm,kj(xi) = ϕ(2

mx

i−kj) = 0, i6=j.

Agora, ´e f´acil ver que as fun¸c˜oes fi = (ϕm,ki(xi))

−1ϕ

m,ki, i= 1,2, . . . , n,

(31)

3.2 N´ucleos em multiescalas 17

3.2

ucleos em multiescalas

Nesta se¸c˜ao, introduzimos os n´ucleos constru´ıdos em multiescalas. Utilizaremos uma ´

unica fun¸c˜aoϕ de suporte compacto e limitada.

Fixado um inteiro l e uma sequˆencia {λj : j ≥ l} de n´umeros reais positivos que ´e

som´avel, ou seja, P∞j=lλj <∞, a fun¸c˜ao φl :Rd×Rd→C dada por

φl(x, y) = ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

ϕj,k(x)ϕj,k(y) (3.1)

´e chamada n´ucleo em multiescalas associado a ϕ.

O teorema abaixo justifica a positividade estrita definida da restri¸c˜ao do n´ucleo φl

a qualquer subconjunto n˜ao vazio Ω×Ω de Rd×Rd.

Teorema 3.2.1. Seja ϕ : Rd C uma fun¸c˜ao de suporte compacto e limitada. Se

´e um subconjunto n˜ao vazio de Rd, ent˜ao a restri¸c˜ao de φl a × ´e um n´ucleo de

Mercer. Al´em disso, se ϕ satisfaz a condi¸c˜ao adicional do Lema 3.1.1, ent˜ao o n´ucleo ´e estritamente positivo definido.

Demonstra¸c˜ao: Basta verificarmos que φl: Ω×Ω→C, dado por (3.1), ´e um n´ucleo

de Mercer. De fato, isso feito, o Lema 3.1.1 implica que a fam´ılia span{ϕj,k : (j, k)∈Il}

separa pontos de Ω, enquanto que o Teorema 2.1.2 mostra que o n´ucleoφl´e estritamente

positivo definido. Como visto na prova do lema anterior, exister >0 tal que ϕj,k(x) =

ϕ(2jxk) = 0 quando k2jxkk∞ > r e, fixado x Ω, a cardinalidade do conjunto {k∈Zd:ϕj,k(x)6= 0}´e no m´aximo (2[r] + 1)d. Consequentemente, dado xΩ temos

X

(j,k)∈Il

λj|ϕj,k(x)|2 ≤ ∞ X

j=l

λj(sup{|ϕ(y)|:y∈Ω})2 

X

{k:ϕj,k(x)6=0}

1   ≤ Ã X j=l

λj !

(sup{|ϕ(y)|:y∈Ω})2(2[r] + 1)d<∞,

j´a que ϕ ´e limitada. Isto mostra que a sequˆencia de n´umeros reais {λj}∞j=l e a

se-quˆencia de fun¸c˜oes {ϕj,k}(j,k)∈Il satisfazem a condi¸c˜ao de somabilidade. Isto completa

a demonstra¸c˜ao.

A constru¸c˜ao do espa¸co nativo desenvolvida no Cap´ıtulo 2 pode ser recuperada no presente contexto. Assumindo que Ω est´a fixado e o conjunto de ´ındices ´eIl, o espa¸co

dom´ınio da aplica¸c˜ao linear L´e

ℓp2(Il) :=  

{cj,k}(j,k)∈Il :

X

(j,k)∈Il

λ−j1|cj,k|2 <∞  

(32)

18 Cap´ıtulo 3 — N´ucleos em Multiescalas

cujo produto interno entre dois elementosc:={cj,k}(j,k)∈Il ed:={dj,k}(j,k)∈Il deℓ

p

2(Il)

´e dado por

hc, dilp2 =

X

(j,k)∈Il

λ−j1cj,kdj,k.,

A fun¸c˜ao L ´e dada pela f´ormula L(c) = X

(j,k)∈Il

cj,kϕj,k, c={cj,k} ∈ℓp2(Il),

e tem como contradom´ınio o espa¸co das fun¸c˜oes complexas definidas em Ω. Como antes, o n´ucleo N de L, bem como seu ortogonal N⊥, s˜ao subespa¸cos fechados de p

2(Il). A

imagem de L pode ser descrita por

Im(L) =

 

 X

(j,k)∈Il

cj,kϕj,k : X

(j,k)∈Il

λ−j1|cj,k|2 <∞  

.

Seus elementos podem n˜ao ter representa¸c˜ao ´unica mas dependem somente da proje¸c˜ao sobre o subespa¸co N⊥. Definindo

hL(a), L(b)iL =hpN⊥(a), pN⊥(b)ip

2, a, b∈ℓ

p

2(Il),

o espa¸co (Im(L),h·,·iL) ´e de Hilbert e ´e o espa¸co nativo da restri¸c˜ao do n´ucleo em

multiescalas φl a Ω×Ω. Finalmente, a norma deste espa¸co ´e dada por

kfk2L = min

 

 X

(j,k)∈Il

λ−j1|cj,k|2 :{cj,k}(j,k)∈Il ∈ℓ

p

2(Il) , f = X

(j,k)∈Il

cj,kϕj,k  

.

Desta forma, temos o seguinte resultado que fornece uma descri¸c˜ao para o espa¸co nativo de um n´ucleo em multiescalas bem como para sua norma.

Teorema 3.2.2. O espa¸co nativo do n´ucleo em multiescalas φl ´e o espa¸co vetorial

normado (Nφl,k · kφl) onde

Nφl :=

( X

j=l

fj :fj = X

k∈Zd

cjkϕj,k , ∞ X

j=l

λ−j1 X

k∈Zd

|cjk|2 <

)

e

kfk2

φl := min

( X

j=l

λ−j1 X

k∈Zd

|cjk|2 :f =

∞ X

j=l

fj , fj = X

k∈Zd

cjkϕj,k )

.

(33)

3.3 N´ucleos em finitas multiescalas 19

3.3

ucleos em finitas multiescalas

Nesta se¸c˜ao, re-analisaremos os resultados anteriores em um contexto um pouco mais especial. Para tanto, primeiramente introduziremos alguns conceitos adicionais.

Uma fun¸c˜aoϕ :RdC´e dita refin´avelquando existe uma sequˆencia {η

k}k∈Zd de

n´umeros reais tal que

ϕ= X

k∈Zd

ηkϕ1,k. (3.2)

A sequˆencia{ηk}k∈Zd´e usualmente chamada dem´ascara de refinamentodeϕ, enquanto

que (3.2) ´e dita ser a equa¸c˜ao de refinamento de ϕ. Quando a sequˆencia {ηk}k∈Zd

possui apenas um n´umero finito de elementos n˜ao nulos, diremos que ϕ tem m´ascara de refinamento finita.

O lema abaixo revela que exigir que uma fun¸c˜ao ϕ satisfa¸ca todos os conceitos introduzidos no cap´ıtulo anterior e, ainda, ser refin´avel e com m´ascara de refinamento finita, n˜ao ´e exigir demais.

Lema 3.3.1. Existem fun¸c˜oes ϕ : R C de suporte compacto, limitadas, refin´aveis,

com m´ascara de refinamento finita e satisfazendo a condi¸c˜ao adicional do Lema 3.1.1.

Demonstra¸c˜ao: Considereϕ :RCdada por

ϕ(x) =

½

1, x∈(0,1] 0, x6∈(0,1]. Um c´alculo simples revela que

ϕ(x) =ϕ(2x) +ϕ(2x−1) =ϕ1,0(x) +ϕ1,1(x), x∈R.

Logo,ϕ =P

k∈Zdηkϕ1,k, onde ηk= 0, k ∈Z− {0,1}eη01 = 1. Segue queϕ ´e uma

fun¸c˜ao refin´avel e com m´ascara de refinamento finita. Para verificarmos queϕ satisfaz a condi¸c˜ao adicional procedemos da seguinte forma: se x ∈ Z, tomando kx = x1

temos que ϕ(x−kx) = ϕ(x−(x−1)) = ϕ(1) = 1 6= 0. Se x 6∈ Z e x ∈ (0,1), ent˜ao

kx = 0 satisfaz o desejado. No caso restante, basta tomarmos kx = [x]−1, onde [x] ´e

o menor inteiro maior ou igual ax. De fato, temos que x−kx =x−([x]−1)∈ (0,1)

eϕ(x−kx) = 1 6= 0.

A partir de agora, utilizaremos uma fun¸c˜ao ϕ:RdCde suporte compacto,

limi-tada, refin´avel e satisfazendo a condi¸c˜ao adicional do Lema 3.1.1. Fixados n´umeros in-teiros l e m, com l ≤ m, e n´umeros reais positivos λl, λl+1, . . . , λm, o n´ucleo

ψm :Rd×Rd→C dado por

ψm(x, y) = m X

j=l

λj X

k∈Zd

ϕj,k(x)ϕj,k(y), x, y ∈Rd, (3.3)

(34)

20 Cap´ıtulo 3 — N´ucleos em Multiescalas

Teorema 3.3.2. Todo n´ucleo em finitas multiescalas ´e um n´ucleo de Mercer.

Demonstra¸c˜ao: Isto segue do Teorema 3.2.1.

O teorema abaixo faz uso do n´umero r, definido anteriormente, tal que o suporte da fun¸c˜ao ϕ est´a contido na bola aberta de Rd, centrada na origem e raio r.

Teorema 3.3.3. Seja ψm um n´ucleo em finitas multiescalas associado a ϕ. Se um

subconjunto {x1, x2, . . . , xn} de Rd satisfaz

min{kxi−xjk∞:i6=j}>21−mr

ent˜ao a matriz (ψm(xi, xj))1≤i,j≤n ´e positiva definida.

Demonstra¸c˜ao: Considere um subconjunto{x1, x2, . . . , xn}deRdcomo no enunciado

do teorema. Uma an´alise minuciosa da demonstra¸c˜ao do Lema 3.1.1 mostra que os argumentos l´a utilizados podem ser ajustados de modo a provar que o conjunto

span{ϕj,k :j =l, l+ 1, . . . , m;k∈Zd}

separa pontos de Rd. Agora, atrav´es dos argumentos da segunda metade da prova do

Teorema 2.1.2, conclu´ımos que a matriz (ψm(xi, xj))1≤i,j≤n ´e positiva definida.

Todos os resultados enunciados at´e este ponto para os n´ucleos em multiescalas, valem para os n´ucleos em finitas multiescalas. Em particular, os elementos da imagem da aplica¸c˜ao linear L, dada nos cap´ıtulos anteriores, podem n˜ao ter uma ´unica repre-senta¸c˜ao e dependem somente da proje¸c˜ao sobre o subespa¸co N⊥, onde N ´e o n´ucleo

da aplica¸c˜ao linear L. Reescrevendo,

Im(L) =

 

 X

(j,k)∈Jl

cj,kϕj,k : X

(j,k)∈Jl

λ−j1|cj,k|2 <∞  

,

onde Jl :={j ∈Z:l ≤j ≤m} ×Zd. Neste espa¸co definimos o produto interno

hL(a), L(b)iL=hpN⊥(a), pN⊥(b)ip

2

onde a e b s˜ao elementos de ℓp2(Jl). Desta forma, como j´a comentado, o espa¸co nativo

do n´ucleo ψm ´e o espa¸co de Hilbert (Im(L),h·,·iL).

Agora, para cadaj ∈Z, consideramos o espa¸co vetorial

Vj := (

X

k∈Zd

ckϕj,k :ck ∈C, X

k∈Zd

|ck|2 <∞ )

(35)

3.3 N´ucleos em finitas multiescalas 21

Sendo ϕ refin´avel e com m´ascara de refinamento finita, existem {l1, l2, . . . , ln} em Zd

tais queϕ =Pni=1ηliϕ1,li. Logo,

ϕj,k(x) = n X

i=1

ηliϕ(2

j+1x2kl

i) = n X

i=1

ηliϕj+1,2k+li(x), (j, k)∈Jl, x∈R

d.

Se f ∈ Vj ent˜ao existe {ck}k∈Zd com P

k∈Zd|ck|2 < ∞ tal que f =

P

k∈Zdckϕj,k e,

consequentemente,

f = X

k∈Zd

ck à n

X i=1

ηliϕj+1,2k+li

!

=

n X

i=1 ηli

à X

k∈Zd

ckϕj+1,2k+li

!

=

n X

i=1 ηlifi,

onde fi :=Pk∈Zdckϕj+1,2k+li, i= 1,2, . . . , n. Como fi ∈ Vj+1,i= 1,2, . . . , n, devemos

ter quef ∈Vj+1. Assim, Vj ´e um subespa¸co de Vj+1.

Ainda, a express˜ao

kfjk2Vj :=

X

k∈Zd

|ck|2, fj = X

k∈Zd

ckϕj,k ∈Vj, (3.4)

define a normak · kVj em Vj.

Com as considera¸c˜oes acima, estamos prontos para demonstrar o seguinte resultado. Teorema 3.3.4. O espa¸co nativo do n´ucleo ψm definido em (3.3)´e Vm e a express˜ao

kfk2

Vm = min

( m X

j=l

λ−j1kfjkV2j :fj ∈Vj, f =

m X

j=l

fj )

define uma norma neste espa¸co.

Demonstra¸c˜ao: J´a sabemos queIm(L) ´e o espa¸co nativo do n´ucleoψm. Desta forma,

mostraremos que Im(L) =Vm. Para isto, considere um elemento f =P(j,k)∈Jlcj,kϕj,k

deIm(L). Podemos escrever

f = X (j,k)∈Jl

cj,kϕj,k = m X

j=l X

k∈Zd

cj,kϕj,k = m X

j=l

fj,

onde

fj = X

k∈Zd

cj,kϕj,k, j =l, l+ 1, . . . , m.

O c´alculo

λ−j1 X

k∈Zd

|cj,k|2 = X

k∈Zd

λ−j1|cj,k|2 ≤ m X

j=l X

k∈Zd

λ−j1|cj,k|2

= X

(j,k)∈Jl

(36)

22 Cap´ıtulo 3 — N´ucleos em Multiescalas

revela que fj ∈Vj,j =l, l+ 1, . . . , m. Desta forma,

f =

m X

j=l

fj ∈Vl+Vl+1+· · ·+Vm.

Como Vj ⊂ Vj+1, j ∈ Z, conclu´ımos que f ∈ Vm. Portanto, Im(L) ⊂ Vm.

Reci-procamente, seja g = P

k∈Zdckϕm,k ∈ Vm. Defina e := {ej,k}(j,k)∈Jl, onde ej,k = 0,

j =l, l+ 1, . . . , m−1, k ∈Zd eem,k =ck,k Zd. Ent˜ao

g =

m X

j=l X

k∈Zd

ej,kϕm,k = X

(j,k)∈Jl

ej,kϕj,k.

Al´em disso,

X

(j,k)∈Jl

λ−j1|ej,k|2 = m X

j=l

λ−j1 X

k∈Zd

|ej,k|2 =λ−m1 X

k∈Zd

|em,k|2 =λ−m1 X

k∈Zd

|ck|2 <∞,

mostrando que e ∈ ℓp2. Portanto, g = L(e) ∈ Im(L), nos permitindo concluir que Vm ⊂Im(L). Finalmente, como os conjuntos

 

 X

(j,k)∈Jl

λ−j1|cj,k|2 ;{cj,k}(j,k)∈Jl ∈l

p

2 , f =

X

(j,k)∈Jl

cj,kϕj,k    e ( m X

j=l

λ−j1 X

k∈Zd

kfjk2Vj ;fj ∈Vj , f =

m X

j=l

fj )

s˜ao iguais, a formula¸c˜ao alternativa para a norma do espa¸co nativo descrita no enun-ciado do teorema, segue.

3.4

Interpola¸

ao no espa¸

co nativo

Nesta se¸c˜ao, pretendemos explorar propriedades interpolat´orias do espa¸co nativo de um n´ucleo em finitas multiescalas. Consideraremos o n´ucleo como definido em (3.3) e subconjuntos {x1, x2, . . . , xn}de Rd satisfazendo

min{kxi−xjk∞:i6=j}>21−mr,

onde m e r s˜ao como nas se¸c˜oes anteriores. Neste caso, como j´a visto anteriormente, a matriz (ψm(xi, xj))1≤i,j≤n tem determinante positivo, por ser uma matriz positiva

(37)

3.4 Interpola¸c˜ao no espa¸co nativo 23

Dado um conjunto {y1, y2, . . . , yn} de escalares, existe uma ´unica fun¸c˜ao da forma

s =

n X

i=1

βiψm(xi,·), β1, β2, . . . , βn∈C,

que satisfaz as condi¸c˜oes de interpola¸c˜ao,s(xj) =yj, j = 1,2, . . . , n. De fato, os

coefi-cientes s˜ao obtidos atrav´es da resolu¸c˜ao do sistema linear den equa¸c˜oes e n inc´ognitas

n X

i=1

αiψm(xi, xj) =yj, j = 1,2, . . . , n.

Note que

s=

n X

i=1

βiψm(xi,·) = n X i=1 βi m X

j=l

λj X

k∈Zd

ϕj,k(xi)ϕj,k

=

m X

j=l X

k∈Zd

λj n X

i=1

βiϕj,k(xi)ϕj,k

=

m X

j=l X

k∈Zd

cjkϕj,k,

onde

cjk=λj n X

i=1

βiϕj,k(xi), (j, k)∈Jl. (3.5)

Definindo

sj := X

k∈Zd

cjkϕj,k, j =l, l+ 1, . . . , m

podemos ainda escrever

s=

m X

j=l

sj.

Voltando `a defini¸c˜ao do espa¸co Vj, torna-se razo´avel pensar que sj ´e um elemento de

Vj, j =l, l+ 1, . . . , m. Para ratificarmos isto, basta verificarmos que X

k∈Zd

|cjk|2 <.

Mas,

X

k∈Zd

|cjk|2 = X

k∈Zd

cjkcjk = X

k∈Zd

λ2j

à n X

i=1

βiϕj,k(xi) ! Ã n

X i=1

βiϕj,k(xi) !

= X

k∈Zd

λ2j

n X i,p=1

βiβpϕj,k(xi)ϕj,k(xp)

= λj n X i,p=1

βiβp X

k∈Zd

(38)

24 Cap´ıtulo 3 — N´ucleos em Multiescalas

ou seja,

X

k∈Zd

|cjk|2 ≤λj n X i,p=1

βiβpφm(xi, xp)<∞.

Na prova do teorema abaixo faremos uso da igualdadeVm =Vl+Vl+1+· · ·+Vm.

Teorema 3.4.1. Nas condi¸c˜oes delineadas acima, o interpolante s ´e um elemento de norma minimal do conjunto

Sl = ( m

X j=l

fj ∈Vm:fj ∈Vj , Ã m

X j=l

fj !

(xi) = yi , 1≤i≤n )

.

Al´em disso, se Pmj=lfj ´e um elemento de Sl\ {s}, ent˜ao

m X

j=l

λ−j1ksjk2Vj <

m X

j=l

λ−j1kfjk2Vj.

Demonstra¸c˜ao: A primeira afirma¸c˜ao do teorema segue diretamente do Teorema 1.1.5 e de sua prova. De fato, a constru¸c˜ao de s descrita acima coincide com aquela do elemento minimalS descrito na prova do Teorema 1.1.5. Quanto `a segunda afirma¸c˜ao, se f =Pmj=lfj ∈Sl\ {s}, ent˜ao j´a sabemos que kskVm <kfkVm. Logo,

m X

j=l

λ−j1ksjk2Vj =ksk

2

Vm <kfk

2

Vm ≤

m X

j=l

λ−j1kfjk2Vj,

o que completa a prova do teorema.

As fun¸c˜oes sl, sl+1, . . . , sm que comp˜oem a descri¸c˜ao final de s foram escritas como

combina¸c˜oes lineares deϕj,k,k ∈Zd. O pr´oximo resultado descreve uma rela¸c˜ao entre os

coeficientes destas combina¸c˜oes lineares, para diferentes valores dej, via os coeficientes da equa¸c˜ao de refinamento

ϕ= X

k∈Zd

ηkϕ1,k.

Teorema 3.4.2. Vale a f´ormula

cjp =λjλ−j+11

X

k∈Zd

ηk−2pcjk+1, j =l, l+ 1, . . . , m−1, p∈Zd.

Demonstra¸c˜ao: Fixados j ep como no enunciado ei∈ {1,2, . . . , n}, a f´ormula (3.5) nos d´a

cjp =λj n X

i=1

(39)

3.4 Interpola¸c˜ao no espa¸co nativo 25

Por outro lado, usando a equa¸c˜ao de refinamento, obtemos ϕj,p(xi) = ϕ(2jxi−p) =

X

k∈Zd

ηkϕ1,k(2jxi−p)

= X

k∈Zd

ηkϕ(2j+1xi−2p−k)

= X

k∈Zd

ηkϕj+1,2p+k(xi)

= X

k∈Zd

ηk−2pϕj+1,k(xi).

Logo,

cjp =λj X

k∈Zd

ηk−2p n X

i=1

βiϕj+1,k(xi).

Mas, lembrando (3.5) novamente, concluimos que cjp =λj

X

k∈Zd

ηk−2pλ−j+11 c

j+1

k =λjλ−j+11

X

k∈Zd

ηk−2pcjk+1,

como desejado.

Por ser uma soma cont´avel e n˜ao necessariamente finita, o interpolantes pode nos trazer algumas dificuldades no caso de tentarmos aplicar os resultados acima. Logo, para finalizar este cap´ıtulo faremos uma breve discuss˜ao deduzindo que, de fato, s pode ser escrito como uma soma finita. O s´ımbolo # representar´a a cardinalidade do conjunto que aparecer seguido do mesmo.

Para cadaj em {l, l+ 1, . . . , m}, o conjunto M(j) :={k ∈Zd:cj

k 6= 0}

tem no m´aximoC n elementos, onde n´e o n´umeros de pontos da interpola¸c˜ao e C ´e a constante dada por

C := max©

#{k∈Zd:ϕ(xk)6= 0}:xRdª

.

De fato, seMj(i) :={k ∈Zd :ϕj,k(xi) 6= 0}, i = 1,2, . . . , n, e k M(j) ent˜ao cj

k 6= 0.

Logo, existe pelo menos um ´ındiceital queϕj,k(xi)6= 0. Consequentemente,k ∈Mj(i).

Segue que M(j) ⊂ ∪n

i=1Mj(i). Como #Mj(i) ≤ C devemos ter #M(j) ≤ C n. Isto tudo revela que o n´umero de coeficientes necess´arios na representa¸c˜ao de

s=

m X

j=l X

k∈Zd

cjkϕj,k

(40)
(41)

Cap´ıtulo

4

O operador integral gerado por um

ucleo em multiescalas

Neste cap´ıtulo analisaremos algumas propriedades dos operadores integrais gerados por n´ucleos em multiescalas da forma

φl(x, y) = ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

ϕj,k(x)ϕj,k(y), x, y ∈Rd, l ∈Z.

Hip´oteses b´asicas que assumiremos aqui s˜ao as seguintes: ϕ : Rd C ´e cont´ınua de

suporte compacto, a fam´ılia {ϕj,k}(j,k)∈Il forma um conjunto ortonormal de L

2(Rd) e

o conjunto de n´umeros reais positivos {λj : j ≥ l} satisfaz P∞j=lλj < ∞. Lembramos

queIl ={j ∈Z:j ≥l} ×Zd.

O lema abaixo mostra que as hip´oteses listadas acima n˜ao s˜ao conflitantes.

Lema 4.0.3. Existem fun¸c˜oes φ:RR cont´ınuas, de suporte compacto e tais que a

fam´ılia {φj,k}(j,k)∈Z×Z forma uma base ortonormal de L2(R).

Demonstra¸c˜ao: Considere a fun¸c˜ao

ψ(x) =

 

x, x∈[0,1] 2−x, x ∈(1,2] 0, x6∈[0,2].

A fun¸c˜aoφ(x) =ψ(2x)−2−1ψ(2x1)21ψ(2x+1) satisfaz as exigˆencias do enunciado do lema ([8, p. 7]).

(42)

28 Cap´ıtulo 4 — O operador integral gerado por um n´ucleo em multiescalas

4.1

Resultado b´

asico sobre operadores integrais

Esta se¸c˜ao tem por finalidade apresentar um resultado b´asico da An´alise Funcional relativo a operadores integrais gerados por n´ucleos. Tal resultado ser´a utilizado no estabelecimento do contexto no qual pretendemos analisar os resultados subseq¨uentes. Seja (X,M, µ) um espa¸co de medida e ψ : X ×X → C uma fun¸c˜ao mensur´avel.

Para cada f ∈L2(X, µ) associamos a fun¸c˜aoT(f) :X →C dada por

T(f)(y) =

Z

X

ψ(x, y)f(x)dµ(x), y ∈X.

Claramente, a aplica¸c˜ao f 7→ T(f) define uma transforma¸c˜ao linear de L2(X, µ) no espa¸co das fun¸c˜oes complexas com dom´ınio X. Pretendemos considerar neste cap´ıtulo a transforma¸c˜aoT acima no caso em queX =Rd,µ´e a medida de Lebesgue usual eψ

´e o n´ucleo em multiescalasφl. Neste caso espec´ıfico, o ponto principal de nossa an´alise

consistir´a em demonstrar queT ´e na verdade um operador linear sobreL2(Rd), ou seja,

T(f)∈L2(Rd), f L2(Rd).

Sempre que T for um operador linear, ressaltaremos o n´ucleo gerador ψ do operador, dizendo que T ´e o operador integral gerado por ψ.

Uma condi¸c˜ao suficiente para que T seja de fato um operador integral ´e que o n´ucleo seja um elemento deL2(X×X, µ×µ), uma condi¸c˜ao n˜ao muito simples de ser ratificada.

Assim sendo, o resultado desta se¸c˜ao descreve condi¸c˜oes suficientes para que um n´ucleo gere um operador integral sobre L2(X, µ).

Teorema 4.1.1. Seja (X,M, µ) um espa¸co de medida e ψ :X×X →C uma fun¸c˜ao

mensur´avel. Se existir M >0 tal que

Z

X

|ψ(x, y)|dµ(y)≤M, x∈X

e

Z

X

|ψ(x, y)|dµ(x)≤M, y∈X,

ent˜ao a transforma¸c˜ao T define um operador integral sobre L2(X, µ). O n´umero M ´e

um limitante superior para a norma do operador.

Demonstra¸c˜ao: Assuma a existˆencia de M satisfazendo as desigualdades do enun-ciado. Temos que ratificar que a imagem de T ´e um subconjunto de L2(X, µ). Seja f ∈L2(X, µ). Claramente temos que

|T(f)(y)|=

¯ ¯ ¯ ¯ Z

X

ψ(x, y)f(x)dµ(x)

¯ ¯ ¯ ¯

≤ Z

X

(43)

4.2 O operador integral gerado por φl 29

Usando a desigualdade de H¨older obtemos

|T(f)(y)| ≤ µZ

X

|ψ(x, y)|dµ(x)

¶12 µZ

X

|ψ(x, y)||f(x)|2dµ(x)

¶12

, y∈X,

enquanto que nossa hip´otese implica

|T(f)(y)| ≤M12

µZ

X

|ψ(x, y)||f(x)|2dµ(x)

¶12

, y∈X.

Segue que

Z

X

|T(f)(y)|2dµ(y)≤M

Z

X µZ

X

|ψ(x, y)||f(x)|2dµ(x)

dµ(y).

Agora, aplicando o Teorema de Fubini,

Z

X µZ

X

|ψ(x, y)||f(x)|2dµ(x)

dµ(y) =

Z

X

|f(x)|2 µZ

X

|ψ(x, y)|dµ(y)

¶ dµ(x) e, consequentemente, Z X µZ X

|ψ(x, y)||f(x)|2dµ(x)

dµ(y)≤ Z

X

|f(x)|2M dµ(x) = M

Z

X

|f(x)|2dµ(x).

Portanto,

Z

X

|T(f)(y)|2dµ(y)M2

Z

X

|f(x)|2dµ(x).

Assim, T(f) ∈ L2(X, µ) e kT(f)kL2

(X,µ) ≤ MkfkL2

(X,µ). Isto finaliza a prova do teo-rema.

4.2

O operador integral gerado por

φ

l

No que segue, utilizaremos as nota¸c˜oes h·,·i2 para o produto interno em L2(Rd) e

k · k2 para a norma no mesmo espa¸co.

Inicialmente, analisaremos a continuidade do n´ucleo em multiescalas. Isto, por sua vez, j´a garante automaticamente a sua mensurabilidade.

Faremos uso do conceito topol´ogico descrito a seguir. Dizemos que uma fam´ılia de subconjuntos de Rd ´e localmente finita se, para todo ponto x de Rd existir uma

vizinhan¸ca aberta Ux de x interceptando apenas um n´umero finito de elementos da

fam´ılia. Denotaremos o suporte de uma fun¸c˜aof por suppf.

(44)

30 Cap´ıtulo 4 — O operador integral gerado por um n´ucleo em multiescalas

Demonstra¸c˜ao: Observe que se suppϕ⊂[−r, r]dpara algumr >0 ek = (k

1, k2, . . . , kd),

ent˜ao suppϕj,k ´e um subconjunto do paralelep´ıpedo d-dimensional d

Y i=1

[2−j(ki−r),2−j(ki+r)].

Fixe j ≥ l e x = (x1, x2, . . . , xd) ∈ Rd. Para i = 1,2, . . . , n, existe ki ∈ Z tal que

2−j(r k

i) < xi < 2−j(r+ki). Al´em disso, existe uma vizinhan¸ca aberta Vxi de xi,

inteiramente contida em (2−j(rk

i),2−j(r +ki)), i = 1,2, . . . , n. ´E claro que Vx =

V1

x ×Vx2× · · · ×Vxd ´e uma vizinhan¸ca aberta dex. Para cada coordenada xi do ponto

x, a vizinhan¸ca Vxi intercepta apenas um n´umero finito de intervalos fechados da forma [2−j(rk),2−j(r+k)], k Z. Em particular, V

x s´o intercepta um n´umero finito de

elementos da fam´ılia {suppϕj,k}k∈Zd.

Teorema 4.2.2. O n´ucleo em multiescalas φl ´e cont´ınuo.

Demonstra¸c˜ao: Fixemosj ≥l e escrevamos fj(x, y) =

X

k∈Zd

ϕj,k(x)ϕj,k(y), x, y ∈Rd.

Seja (x0, y0) ∈ Rd×Rd, o lema anterior garante a existˆencia de vizinhan¸cas abertas Ux0 e Uy0 de x0 e y0, respectivamente, que interceptam apenas um n´umero finito de

elementos da fam´ılia {suppϕj,k}k∈Zd. Desta forma, Ux0 ×Uy0 intercepta um n´umero

finito de elementos da fam´ılia {supp (ϕj,k⊗ϕj,k)}k∈Zd, j ≥l, onde

(ϕj,k⊗ϕj,k)(x, y) = ϕj,k(x)ϕj,k(y), x, y ∈Rd.

Se supp (ϕj,ki ⊗ϕj,ki), i= 1,2, . . . , n, s˜ao estes elementos, ent˜ao

fj(x, y) = n X

i=1

ϕj,ki(x)ϕj,ki(y), (x, y)∈Ux0 ×Uy0.

Comoϕ ´e cont´ınua,fj ´e cont´ınua em (x0, y0). Para concluir a prova, devemos observar

que um procedimento similar `aquele utilizado na prova do Lema 3.1.1 revela que, dado x∈Rdej l, o conjunto{k Zd:ϕj,k(x)6= 0}tem no m´aximo (2[r] + 1)delementos,

para algumrsuficientemente grande. Logo, seC ´e um limitante para a fun¸c˜aoϕ, ent˜ao obtemos a desigualdade

|λjfj(x, y)| ≤λj X

k∈Zd

|ϕj,k(x)||ϕj,k(y)| ≤λjC2(2[r] + 1)d, j ≥l, x, y ∈Rd.

Como C2(2[r] + 1)dP∞

j=lλj <∞, o M-Teste de Weierstrass ([3, p. 29]) implica que a

s´erie P∞j=lλjfj converge uniformemente. A continuidade deφl segue.

(45)

4.2 O operador integral gerado por φl 31

Lema 4.2.3.Sejam(X,M, µ)e(Y,N, ν)espa¸cos de medidaσ-finitos tais queL2(X, µ)

e L2(Y, ν) s˜ao espa¸cos separ´aveis. Se {ψm}m∈N e {φn}n∈N s˜ao bases ortonormais de L2(X, µ)e L2(Y, ν), respectivamente, ent˜aom⊗φn}m,n∈N´e uma base ortonormal de L2(X×Y, µ×ν).

Demonstra¸c˜ao: [17, p. 41].

Lema 4.2.4. Sejam {en}n∈N uma sequˆencia ortonomal em um espa¸co de Hilbert H

e {λn}n∈N sequˆencia de n´umeros complexos. Ent˜ao, P∞i=iλnen converge em H se, e

somente se, P∞i=1|λn|2 <∞.

Demonstra¸c˜ao: [16, p. 34].

Teorema 4.2.5. O n´ucleo em multiescalas φl n˜ao ´e um elemento de L2(Rd×Rd).

Demonstra¸c˜ao: Como {ϕj,k}(j,k)∈Il ´e uma sequˆencia ortonormal de L

2(Rd), o Lema

4.2.3 mostra que a fam´ılia de fun¸c˜oes {ϕj,k⊗ϕj,k}(j,k)∈Il ´e uma sequˆencia ortonormal

em L2(Rd×Rd). Como a s´erie

∞ X

j=l X

k∈Zd

λ2j

´e claramente divergente, o resultado segue do lema anterior.

Para o pr´oximo resultado, observamos que a convergˆencia de P∞j=lλj justifica a

convergˆencia de P∞j=l2−jdλj.

Lema 4.2.6. Existe um n´umero real positivo M tal que

Z

Rd

|φl(x, y)|dµ(y)≤M, x∈Rd,

e Z

Rd

|φl(x, y)|dµ(x)≤M, y∈Rd.

Demonstra¸c˜ao: Justificaremos a primeira desigualdade apenas, j´a que a justificativa da segunda ´e an´aloga. Fixado x∈Rd, temos

|φl(x, y)|= ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

ϕj,k(x)ϕj,k(y) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ≤ ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(x)||ϕj,k(y)|, y∈Rd.

Sendo a sequˆencia das somas parciais da s´erie majorante acima uma sequˆencia crescente de fun¸c˜oes n˜ao negativas, o Teorema da Convergˆencia Mon´otona ([6, p. 50]) ´e aplic´avel. Logo,

Z

Rd

|φl(x, y)|dµ(y)≤ ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(x)| Z

Rd

(46)

32 Cap´ıtulo 4 — O operador integral gerado por um n´ucleo em multiescalas

Como observado na prova do Lema 4.2.1, temos

suppϕj,k ⊂ d Y i=1

[2−j(ki−r),2−j(ki+r)],

para algum r >0, ondek = (k1, k2, . . . , kd). Segue que

µ(suppϕj,k)≤(2−j+1r)d,

e, consequentemente,

Z

Rd

|ϕj,k(y)|dµ(y)≤C(2−j+1r)d,

onde C ´e um limitante da fun¸c˜ao ϕ. Desta forma, temos

Z

Rd

|φl(x, y)|dµ(y)≤ ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(x)|C(2−j+1r)d.

Como a cardinalidade do conjunto {k ∈ Zd, ϕj,k(x) 6= 0} n˜ao ultrapassa (2[r] + 1)d,

obtemos

Z

Rd

|φl(x, y)|dµ(y) ≤ ∞ X

j=l

λjC2(2[r] + 1)d(2−j+1r)d

= C2(2r)d(2[r] + 1)d ∞ X

j=l

2−jdλj :=M.

Isto conclui a prova.

Teorema 4.2.7. A f´ormula

Tl(f) := Z

Rd

φl(x,·)f(x)dµ(x)

define um operador linear limitado sobre L2(Rd).

Demonstra¸c˜ao: A mensurabilidade de φl segue do Teorema 4.2.2. O resto segue do

lema anterior e do Teorema 4.1.1.

Os resultados que completam a se¸c˜ao nos dar˜ao informa¸c˜oes a respeito da imagem do operador integral Tl gerado por φl. Abaixo temos um resultado cl´assico sobre troca

entre os s´ımbolos de integra¸c˜ao e soma infinitas ([6, p. 55]).

Lema 4.2.8. Seja (X,M, µ) um espa¸co de medida. Se {fn}n∈N ´e uma sequˆencia de L1(X, µ)satisfazendoP

n∈N

R

X|fn|dµ <∞, ent˜ao P

n∈Nfnconverge quase sempre para

uma fun¸c˜ao em L1(X, µ). Al´em disso, vale a igualdade

Z

X X n∈N

fndµ= X n∈N

Z

X

(47)

4.2 O operador integral gerado por φl 33

O resultado a seguir fornece uma descri¸c˜ao alternativa para a atua¸c˜ao do operador integral sobre um elemento deL2(R).

Lema 4.2.9. Se f ∈L2(Rd) ent˜ao,

Tl(f)(y) = ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

µZ

Rd

ϕj,k(x)f(x)dµ(x) ¶

ϕj,k(y), y∈Rd

Demonstra¸c˜ao: Segundo o lema anterior, basta verificarmos que

Sy := ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(y)| Z

Rd

|ϕj,k(x)||f(x)|dµ(x)<∞, y ∈Rd.

Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz, temos imediatamente que

Sy ≤ ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(y)|kϕj,kk2kfk2

=

∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(y)|kfk2, y∈Rd

pois,kϕj,kk2 = 1, (j, k)∈Il. Se C ´e um limitante para ϕ, ent˜ao

Sy ≤ ∞ X

j=l

λj X

k∈Zd

|ϕj,k(y)|kfk2

≤ ∞ X

j=l

λjC(2[r] + 1)dkfk2

= C(2[r] + 1)dkfk2

∞ X

j=l

λj

Como a ´ultima soma ´e finita, o resultado segue.

De acordo com o Teorema 3.2.2, o espa¸co nativo do n´ucleo φl ´e o espa¸co normado

(Nφl,k · kφl) onde

Nφl =

( X

j=l

fj :fj = X

k∈Zd

cjkϕj,k, ∞ X

j=l

λ−j1 X

k∈Zd

|cjk|2 <∞ )

,

e

kfk2

φl := min

( X

j=l

λ−j1 X

k∈Zd

|cjk|2 :f

j = X

k∈Zd

cjkϕj,k, f = ∞ X

j=l

fj )

(48)

34 Cap´ıtulo 4 — O operador integral gerado por um n´ucleo em multiescalas

Al´em disso, a norma descrita acima ´e induzida pelo produto interno, que deno-taremos por h·,·iφl, o qual ´e calculado via a f´ormula dada em (2.3), como pode ser

verificado no Cap´ıtulo 2. Tamb´em, devemos lembrar da a¸c˜ao da aplica¸c˜ao linear L sobre um elemento de ℓp2(Il),

L(a) =

∞ X

j=l X

k∈Zd

aj,kϕj,k, a={aj,k}(j,k)∈Il ∈ℓ

p

2(Il),

e que N representa o n´ucleo da mesma. Desta forma, temos o seguinte resultado. Lema 4.2.10. A fun¸c˜ao h:RdNφ

l, dada por

h(x) = φl(x,·), x∈Rd

´e cont´ınua.

Demonstra¸c˜ao: Primeiramente, observamos que se ax = {λjϕj,k(x)}(j,k)∈Il, x ∈ R

d,

ent˜ao L(ax) = φl(x,·). Agora, dadob={bj,k}(j,k)∈Il ∈ N, temos

hb, axiℓp2 =

∞ X

j=l X

k∈Zd

bj,kϕj,k(x) =L(b)(x) = 0,

implicando que ax ∈ N⊥,x∈Rd. Consequentemente

hφl(x,·), φl(y,·)iφl =hL(ax), L(ay)iφl =hax, ayiℓp2, x, y ∈

Rd.

Com estes c´alculos podemos deduzir que, se x, x0 ∈Rd ent˜ao,

kφl(x,·)−φl(x0,·)k2φl = kL(ax)−L(ax0)k

2

φl

= hL(ax−ax0), L(ax−ax0)iφl

= hax−ax0, ax−ax0iℓp2

=

∞ X

j=l X

k∈Zd

λj|ϕj,k(x)−ϕj,k(x0)|2.

A partir de agora, nos empenharemos em mostrar que esta ´ultima soma tende a zero quando x→x0. Para cada j ≥l, seja gj :Rd →Ca fun¸c˜ao dada por

gj(x) = X

k∈Zd

|ϕj,k(x)−ϕj,k(x0)|2, x∈Rd.

Pelo fato da fam´ılia{suppϕj,k}k∈Zd ser localmente finita, existe uma vizinhan¸ca Vx0 de

x0 tal que, se x∈Vx0 ent˜ao,|ϕj,k(x)−ϕj,k(x0)| 6= 0, para no m´aximo um n´umero finito

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