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Saberes da prática pedagógica que favorecem o pleno desenvolvimento do educando

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Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós- Graduação

stricto sensu

em

Educação

SABERES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA QUE FAVORECEM

O PLENO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO

Brasília - DF

2013

(2)

Rosa Jussara Bonfim Silva

SABERES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA QUE

FAVORECEM O PLENO DESENVOLVIMENTO DO

EDUCANDO

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em

Educação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Síveres

(3)

Dissertação de Rosa Jussara Bonfim Silva, intitulada Saberes da prática pedagógica que favorecem o pleno desenvolvimento do educando, apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação da Universidade Católica de Brasília, em 02 de agosto de 2013, defendida e assinada pela Banca Examinadora abaixo assinada:

__________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Síveres

Orientador

Universidade Católica de Brasília – UCB

___________________________________________________ Prof. Dr. Edson Kenji Kondo

Membro Interno

Universidade Católica de Brasília – UCB

_________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Célia da Silva Gonçalves

Examinadora externa Universidade de Brasília - UnB

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB S586s Silva, Rosa Jussara Bonfim.

Saberes da prática pedagógica que favorecem o pleno desenvolvimento do educando / Rosa Jussara Bonfim Silva. – 2013.

113f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2013. Orientação: Prof. Dr. Luiz Síveres.

1. Prática de ensino. 2. Educadores. 3. Formação profissional. 4. Educação. I. Síveres, Luiz, orient. II. Bonfim Silva, Rosa Jussara. III. Título.

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À minha querida mãe, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos.

Ao meu saudoso pai, que em sua simplicidade me ensinou a sempre seguir em frente.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que me deu forças para que eu conseguisse realizar este sonho.

À minha querida mãe Maria Laura que nunca desistiu de acreditar em meus ideais, e que sempre me ajudou além do que eu merecia.

Ao meu saudoso e inesquecível pai, pelo brilho de orgulho que sempre vi em seus olhos.

À minha família, meu pilar de sustentação quando eu fraquejava. Ao meu querido irmão Geraldo Júnior, por me fazer ter esperança.

Ao professor Luiz Síveres, pela magnífica orientação, pela paciência em mostrar o caminho e principalmente pelo zelo ao conduzir o conhecimento.

Ao professor Edson Kondo, pela relevante participação em meu aprendizado. À professora Maria Célia pelo seu grande apoio e exemplo para todos os

educadores de João Pinheiro.

À Capes pelo grande incentivo e investimento, o que possibilitou a conclusão deste mestrado.

À Secretaria Municipal de Educação de João Pinheiro, pelo incentivo que possibilitou a conclusão desta pesquisa.

Aos professores, funcionários e direção da Universidade Católica de Brasília pela troca de saberes, carinho e confiança.

À Tania e João Carlos pelo acolhimento em uma terra estranha.

À Faculdade do Noroeste de Minas – FINOM na pessoa da minha querida amiga

Ana Paula, pela confiança e pelo grande apoio em todos os momentos desta caminhada.

(7)

Nessa dinâmica relacional, na qual estão envolvidas a

atitude aprendente e a atividade de aprendizagem, tem

uma responsabilidade significativa o educador, que, por

meio do desenvolvimento de competências, didáticas

ou metodológicas, conduz um processo educacional e,

na medida em que se vive num meio sobre o qual é

possível agir, decidir, realizar ou avaliar, estariam

criadas as condições mais favoráveis ao aprendizado

do educando, do educador e da sociedade educativa.

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RESUMO

BONFIM SILVA, Rosa Jussara. Saberes da prática pedagógica que favorecem o

pleno desenvolvimento do educando. 2013. 113 f. Dissertação (Pós-graduação

Stricto Sensu em Educação) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

Esta pesquisa tem como objetivo desvelar quais saberes presentes na prática pedagógica podem favorecer o pleno desenvolvimento do educando. O trabalho faz uma reflexão sobre as práticas pedagógicas presentes na educação básica dos anos iniciais, e a relação entre os saberes docentes e discentes na promoção do pleno desenvolvimento do estudante. Como recurso metodológico, utiliza-se a análise de discursos por meio de entrevistas semiestruturadas que permite considerar o funcionamento do discurso na produção de sentidos, explicitando os saberes e evidenciando as práticas docentes. O estudo permitiu apresentar uma análise de quais saberes, do ponto de vista das educadoras são relevantes para que se construa e qualifique o educando em sua plenitude, contemplando os pilares da educação propostos pela UNESCO: o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Em face dessa opção, constatou-se que há nas práticas das educadoras, saberes que podem conduzir e influenciar o educando no conjunto de sua formação, e, que a relação das educadoras com os saberes que ensinam é constituinte essencial da prática pedagógica e se apresenta como uma identidade docente. O conceito de pleno desenvolvimento do educando apresentado nesta pesquisa e embasado nas finalidades da educação descritas no artigo 205 da Constituição Federal, defende uma prática pedagógica que carregue em seu cerne saberes essenciais à condição humana. Estes saberes identificados nos discursos das educadoras entrevistadas tratam da afetividade, do diálogo, da empatia, da subjetividade e do respeito ao outro e ao seu meio. De maneira geral, evidenciou-se que mesmo diante das dificuldades apresentadas pelas educadoras, as mesmas acreditam que a educação poderá formar plenamente o educando por meio dos saberes presentes nas práticas pedagógicas.

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ABSTRACT

This research aims to discover which knowledge present in the pedagogical practice can be favorable to the full development of the students. The work is a reflection on pedagogical practices present in the initial years of basic education, and the relationship between the teachers’ and students’ knowledge in promoting the full

development of the student. An analysis of discourses through semi-structured interviews is used as methodological resource in order to allow a consideration of the functioning of discourse in the production of meanings, by explaining the knowledge and by demonstrating the teaching practices. This study enabled the presentation of

an analysis of the educators’ points of view on which knowledge they consider

relevant to the process of qualifying the students in its fullness, contemplating the pillars of education proposed by UNESCO: learning to know, learning to do, learning to live together and learning to be. Given this option, it was found that there are some knowledge in the practices of educators that can lead and influence the teacher in all of his training; it was also discovered that the relationship of the teachers with the knowledge they teach is an essential constituent of the pedagogical practice and presents itself as a teaching identity. The concept of full development of the learner presented in this research and grounded in the purpose of education described in Article 205 of the Federal Constitution stands up for a pedagogical practice that carries at its core essential knowledge to the human condition. These knowledge identified in the discourses of the interviewed educators deal with affection, dialogue, empathy, subjectivity and respect for others and for the environment. In general, it was observed that even with the difficulties presented by the teachers, they believe that education can fully form the student through the knowledge present in the pedagogical practices.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 DIALOGANDO COM OS AUTORES ... 15

1.1 A PROMOÇÃO DE SABERES E A PRÁTICA PEDAGÓGICA ... 15

1.2 O CONTEXTO SOCIAL, ECONÔMICO E CULTURAL NA PRÁTICA PEDAGÓGICA 25 1.3 A EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO ... 30

1.4 A FUNÇÃO DA ESCOLA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO ... 33

1.5 A PRÁTICA DOCENTE E O DESENVOLVIMENTO HUMANO... 36

1.6 OS PILARES DA EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA ... 46

1.7 O DIÁLOGO DE SABERES COMO PROMOÇÃO DO PLENO DESENVOLVIMENTO HUMANO ... 54

1.8 O PENSAMENTO DIALÓGICO COMO ALICERCE DO PLENO DESENVOLVIMENTO HUMANO ... 60

1.9 A RELAÇÃO ENTRE SABERES E SABORES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA ... 65

2 A TRAVESSIA PELO OBJETO DE PESQUISA ... 74

2.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CATEGORIAS ... 75

2.2 O ESPAÇO DA PESQUISA ... 76

2.3 A ANÁLISE DOS DISCURSOS DAS EDUCADORAS ENTREVISTADAS ... 78

3 OS SABERES DA PRÁTICA DOCENTE ... 81

3.1 OS SABERES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS EDUCADORES ... 82

3.2 COMPREENDENDO A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO DE SABERES NA PÁTICA PEDAGÓGICA ... 88

3.3 OS SABERES NECESSÁRIOS AO PLENO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO ... 93

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 103

REFERÊNCIAS: ... 107

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ... 113

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INTRODUÇÃO

Este trabalho nasceu por meio de uma inquietação da pesquisadora com relação aos saberes pedagógicos e o desenvolvimento pleno do educando, na sua completude e consistência, ancorado na análise dos indivíduos e das práticas pedagógicas que proporcionam este desenvolvimento, visualizando sistemicamente a sua inserção nos diferentes contextos na vida do educando e do educador. E, no bojo deste debate, perpassa a construção de saberes para a promoção de um pleno desenvolvimento humano, tema este que embasa este trabalho.

O conceito de pleno desenvolvimento do educando, defendido por esta pesquisa se baseia nos conceitos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2005), tais conceitos trazem a

importância de que o estudante não tenha na escola apenas os direitos de aprendizagem de conteúdos garantidos. Mas, que toda a sua formação seja agraciada por processos de ensino e aprendizagem que vise à expansão da sua personalidade, a conscientização dos seus direitos e deveres por meio de atividades que contemplem o diálogo, a partilha, o cuidado e principalmente o respeito à diversidade e a individualidade.

A escolha deste recorte para a pesquisa na área de ensino-aprendizagem nasceu do desejo da pesquisadora de que toda escola possa e deva, por meio dos seus docentes e de toda a comunidade, proporcionarem práticas que desenvolvam as habilidades de questionar e de entender o mundo e o seu meio em sua totalidade e ao mesmo tempo valorizar a subjetividade e o olhar único de cada sujeito aprendente.

(12)

A pesquisa adentrou nas concepções que englobam as demandas contemporâneas, oportunizando um melhor entendimento do como o docente articula os saberes em sala de aula, tendo em vista que é por meio da escola que se posicionam as relações de ensino e aprendizagem.

Dentro desta perspectiva, foram analisados os discursos docentes por meio da entrevista semiestruturada, de forma que se evidenciassem suas manifestações com relação ao meio, suas práticas pedagógicas cotidianas, e, as atitudes de responsabilidade social e ambiental que os (as) educandos (as) aprendem na escola, e se esta aprendizagem está indo além dos conceitos básicos e conteúdos, e sim proporcionando uma aprendizagem consciente dos direitos e deveres de todos para com a preservação da vida.

O que impulsionou a atuação da pesquisadora nesta área de pesquisa eclodiu com a sua formação e atuação como docente nos anos iniciais da educação básica desde 1997 e, com formação de professores da área da educação dos anos iniciais, cursos de pós-graduação por meio de oficinas pedagógicas e também como formadora na área de Alfabetização/Letramento e Matemática pelo Ministério da Educação (MEC) desde o ano de 2007, o que originou a necessidade de pensar as práticas pedagógicas voltadas para a formação plena do indivíduo.

Ao nos direcionarmos o interesse em analisar os saberes da prática pedagógica de educadores da educação básica dos anos iniciais, buscou-se identificar os saberes da prática pedagógica destes educadores, de maneira a compreender a importância do diálogo de saberes na prática pedagógica, relacionado estes saberes e suas contribuições para o pleno desenvolvimento humano.

O presente trabalho traz uma abordagem sobre três aspectos necessários a formação plena do ser humano: a educação para o desenvolvimento humano e suas implicações no cotidiano escolar, os pilares da educação como prática pedagógica e a postura do educador enquanto mediador do processo de ensino-aprendizagem, e o diálogo de saberes como promoção do pleno desenvolvimento humano.

(13)

Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO, 2005) aliada à Constituição Federal em seu artigo 205 e a Lei 9394/96 que trata das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, identificando em autores que tratam os saberes, a prática pedagógica, o diálogo e os processos de aprendizagem como meio facilitador da promoção do desenvolvimento pleno do ser humano, bem como do movimento dos educadores em relação às práticas que viabilizem este desenvolvimento.

A articulação entre os aspectos descritos no parágrafo anterior busca compreender a educação como um processo ao longo da vida humana, bem como a ação educativa, os pensamentos e os diálogos como meio norteador do processo educativo, relacionando as práticas que visem o desenvolvimento pleno do ser humano. A ação educativa deveria formar e transformar pessoas não apenas no campo cognitivo, mas também subjetivo e social.

É preciso transformar a prática pedagógica, priorizando o ser humano e sua bagagem social e cultural na busca da dignidade humana. A transformação social ocorre por meio de uma educação embasada na ética humana, no diálogo de saberes e em uma prática que trabalhe todo o contexto do aluno e suas perspectivas no aprender a aprender, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser frente ao seu desenvolvimento intelectual, social, cultural e humano.

O trabalho aqui apresentado compõe-se das seguintes abordagens: esta

introdução; Capítulo I, intitulado “Dialogando com os autores”; Capítulo II “A travessia pelo objeto de pesquisa”; Capítulo III, “Os saberes da prática docente” e;

Considerações finais.

É apresentado na introdução a motivação da pesquisa e o assunto abordado no trabalho, as implicações pessoais, os objetivos e o contexto que justificaram este estudo.

(14)

pedagógica; O diálogo de saberes como promoção do pleno desenvolvimento humano; O pensamento como alicerce do pleno desenvolvimento humano; A relação entre saberes e sabores na prática pedagógica.

O primeiro tópico traz o entendimento da promoção de saberes na prática pedagógica para o pleno desenvolvimento do educando à luz de diversos autores que endossam a presente pesquisa.

O segundo tópico traz o delineamento da função da escola para o desenvolvimento humano.

O terceiro tópico está ancorado na Constituição Federal, em seu artigo 205 (BRASIL, 1988), para sustentar a função da educação brasileira e a promoção do desenvolvimento humano.

O quarto tópico busca a compreensão das práticas pedagógicas e suas implicações para o desenvolvimento humano.

O quinto tópico discute os quatro pilares da educação nacional e a relação com a prática pedagógica. O sexto faz uma abordagem sobre o contexto em que a escola está inserida e o que isto afeta a prática pedagógica.

O sétimo tópico, mostra o diálogo como meio norteador do desenvolvimento humano.

No oitavo consideramos o pensamento como forma de proporcionar um pleno desenvolvimento humano.

E por fim, o nono e último tópico relaciona os saberes e as práticas pedagógicas.

(15)

O Capítulo III mostra os saberes da prática docente à luz dos teóricos que foram abordados no primeiro capítulo. Este capítulo traz uma análise discursiva e o entrelaçamento dos discursos docentes.

As considerações finais trazem uma síntese analítica dos temas abordados e do objetivo geral do trabalho, apontando algumas possibilidades e contribuições.

1 DIALOGANDO COM OS AUTORES

1.1 A PROMOÇÃO DE SABERES E A PRÁTICA PEDAGÓGICA

A cada dia se torna mais urgente pensar a educação de forma mais contextualizada e voltada para as questões sociais do Brasil e do mundo, urge hoje a necessidade de uma educação que perceba o outro e o seu meio, na busca de uma aprendizagem partilhada, tendo em vista que a escola está interligada aos problemas de cada tempo na sociedade, bem como com as inovações e conflitos existenciais, portanto é influenciada pelos jogos de poderes, não podendo assim ser negado que os conflitos que a sociedade vive hoje estão diretamente relacionados aos desafios do (a) educador (a) em sala de aula e consequentemente com todo o processo de ensino e aprendizagem.

Pensar numa educação que promova o pleno desenvolvimento humano parte de um desejo de conseguir conciliar o desenvolvimento pessoal, social, cultural

aliando a modernidade com a contemporaneidade, que para Pinto (1996, p. 493) “O objectivo é inscrever a aprendizagem no processo de autotranscedência emancipadora da humanidade, o que é, sem dúvida, indefinidamente mais (grifo do

autor), do que preparar os educandos para a obtenção de um emprego”.

Seria, segundo o autor, dar sentido ao processo de aprendizagem, ter objetivos para além do mercado, ter uma proposta de ensino que promova a formação plena do ser humano, para que o mesmo, ao sair da escola, possa efetivamente contribuir com a humanidade.

(16)

da Organização das Nações Unidas (ONU, 2009/2010) o desenvolvimento humano se destaca na formação de valores, este por sua vez, retrata a sociedade com suas semelhanças e diferenças.

Não basta desejar uma educação de qualidade para todos, é necessário traçar caminhos pedagógicos baseados no diálogo e na conjunção entre os quatro pilares propostos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Segundo a UNESCO (2005), toda sociedade tem em sua cultura marcas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas, e, estas marcas determinam os modos de vida, as maneiras de viverem juntos, os sistemas de valores e as tradições. Portanto, entender a cultura e os valores intrínsecos da comunidade são indispensáveis para que se possa proporcionar o pleno desenvolvimento do educando nas escolas, tendo em vista que o objeto de estudo é entender como a educação pode contribuir este pleno desenvolvimento.

Para Freire (2011b, p. 128) a condição de pleno desenvolvimento humano seria o homem ter sua autonomia e desenvolver sua consciência crítica em função da liberdade dele próprio e da sociedade.

Gadotti (1995) completa o pensamento de Freire ao dizer que o homem precisa do outro para a sua sobrevivência, assim o pleno desenvolvimento humano depende também da capacidade de viver em comunhão, em relacionar-se com o outro.

Dentro desta perspectiva, Boff (2003) mostra a importância dos vínculos afetivos e da nossa responsabilidade em cuidar uns dos outros e de todos os seres vivos, que seria o conceito de responsabilidade ética social, cultural, emocional e ecológica.

(17)

Aprender a Conhecer: Conhecer a si mesmo, os outros e o ambiente em que vivemos. Compreendendo e respeitando as diversificadas culturas e o meio social. Respeitando a individualidade e buscando ser para com os outros e o meio

um ser mais compreensivo e que busque a justiça e paz.

Aprender a Fazer: Saber dominar as técnicas, aprofundar nas teorias, mas aplicá-las ao conhecimento, este por sua vez deve servir à humanidade, buscando o bem para a sociedade, de forma que

todos tenham vida com dignidade.

Aprender a Viver juntos: Desenvolver atitudes e valores que exercitem o diálogo, a partilha, o respeito às diferenças e a fraternidade para com todos os seres. Aprender a Ser: Aprender a ser depende

dos outros três itens, pois para que possamos realmente viver em comunidade,

precisamos desenvolver nossa sensibilidade, nossa espiritualidade, nossa

responsabilidade social e humana.

Ao complementar o pensamento de Morin (2001c), Síveres (2012) salienta que o pleno desenvolvimento humano emerge da concepção de um processo educativo que integre a subjetividade e a racionalidade, baseando-se na conjunção entre ato educativo e articulação entre todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, onde o caminho a ser percorrido seria por meio do questionamento e do engajamento embasados na ética e na reflexão do que se deseja para a vida.

Assim, as definições de pleno desenvolvimento humano trazem a concepção de uma educação integrada, que seria aprender e fazer, partindo da informação, conjugando com a formação e sintetizando com a ação, aliando a teoria e a prática, o pensar e o questionar do porque vivemos neste mundo, o que fazemos nele e o que podemos acrescentar tanto em nosso trabalho intelectual quanto em nossa vida social e emocional para que possamos agregar valor à existência humana.

A educação tem condições de humanizar e desenvolver no indivíduo nas suas diversas dimensões seu potencial cognitivo, afetivo, cultural, social, dialógico e crítico, o que para Pinto (1996) seria uma aprendizagem significativa dentro de democracia participativa em busca de um futuro melhor para todos, e não apenas para algumas classes privilegiadas.

(18)

A formação plena do ser humano se dá dentro das escolas, de forma que a aquisição do conhecimento, de acordo com Síveres (2012), passa pelo saber (a aquisição dos conhecimentos científicos, sociais, culturais e humanos) e também pelo sabor que é a maneira em que estes conhecimentos são trabalhados nas salas de aulas, o que significa que para aprender melhor, necessariamente é preciso ensinar melhor, o ensinar com sabor, com emoção, não restringindo apenas a um conhecimento mecânico, mas dialógico e dinâmico.

A articulação dos saberes está instalada nas camadas sociais que articulam, consolidam, reforçam ideologias e maneiras sociais e culturais. Reeducar os olhares da educação para que possamos oportunizar o pleno desenvolvimento humano é uma tarefa constante para toda a educação em suas mais diversas esferas.

Dentro desta complexidade humanizadora, o diálogo entre os quatro pilares da educação propostos pela UNESCO (2005) torna-se eficaz quando se agrega na prática pedagógica a dialogicidade do aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser, evidenciando conhecimento profundo do contexto escolar, permitindo uma interação entre: saberes, sujeitos, cultura e sociedade.

É fundamental o diálogo interativo entre estes pilares, mas como trazer para o espaço escolar a comunhão destes pilares de forma transdisciplinar?

Faz-se necessário, superar essa dicotomia entre educação formal, na qual estão inseridos os programas curriculares, e educação para a vida, que é pensar e trabalhar a pessoa em todas as dimensões, dando garantia do direito à cultura, ao conhecimento, ao desenvolvimento humano por meio da democracia, do diálogo e da troca de conhecimentos.

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Segundo Alarcão (2001) precisamos de uma escola que saiba criar e recriar, interligando o pessoal, social e o profissional. Desenvolver plenamente o ser humano é oportunizar a articulação entre o conhecimento científico, cultural e social que cada ser carrega em si ou desenvolve por meio das interações sociais e intelectuais que o meio educacional proporciona.

Dentro deste mesmo enfoque, Piaget (2011) buscou em seus escritos mostrar a importância de se propiciar um pleno desenvolvimento humano de forma autônoma, para que o sujeito conheça suas responsabilidades e atribuições.

Frente a este contexto está a complexidade e a influência das relações entre os sujeitos no processo de ensino e aprendizagem, na busca de uma articulação dialógica entre o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser de forma corresponsável e dinâmica, trazendo para o processo de ensino-aprendizagem o reconhecimento do valor que todos os indivíduos têm para a sociedade.

Em outras palavras, cabe aos educadores trazerem para as salas de aula uma prática pedagógica mais centrada no ser humano, com uma visão mais dialógica e que entusiasme nossos educandos a perceberem sua função social e a importância do entrelaçamento de saberes diversificados para o crescimento da humanidade.

Urge a necessidade de pensar a importância da educação para a formação plena do ser humano de forma mais sensibilizada, disseminando uma consciência mais crítica e reflexiva quanto ao papel da educação na promoção do pleno desenvolvimento humano.

É preciso reduzir distância entre ensino-aprendizagem e desenvolvimento pleno do ser humano, o que segundo Piaget (2011), seria dizer que o direito à educação é simplesmente o direito que todo ser humano tem de desenvolver todas as suas potencialidades.

(20)

Para que o pleno desenvolvimento humano se realize, há, pois, a necessidade de ser considerada a conjugação de alguns elementos necessários à condição humana.

De acordo com Síveres (2010) faz-se necessário articular a ambientalidade, a espiritualidade, a sociabilidade e a intencionalidade no percurso aprendente. Tendo em vista que, o sujeito durante todo o seu processo de ensino-aprendizagem, constantemente é influenciado pelo seu ambiente, pela sua subjetividade, pelas trocas sociais e por suas escolhas.

Tão logo, Freire (2011b) mostra a importância da subjetividade, da solidariedade, da ética, da sensibilidade e da afetividade como forma de elevar a capacidade humana.

Portanto, a identidade de acordo com Silva, Hall e Woodward (2006, p. 28) “É

uma questão de torna-se, quanto de ser” de cada ser humano, e deve se fazer presente no processo de ensino-aprendizagem, esta concepção de identidade sugere o inacabamento do ser humano em qualquer época da vida, o que mostra que podemos aprender e reaprender sempre.

Para complementar estes elementos, Boff (2003) traz o cuidado como meio norteador das relações. Este cuidado simboliza o amor entre os povos, o respeito à condição social, cultural e humana no processo de aprendizagem.

O cuidado tratado pelo autor mostra a necessidade de articular a natureza, o ser humano, o espaço histórico, social e cultural de forma interdependente e articulada, pois todos os seres dependem uns dos outros.

Para Buber (1982) a necessidade da presença da palavra ou do diálogo é tratada como fator mediador das relações humanas. O diálogo é a presença viva das manifestações sociais no processo de ensino-aprendizagem, e consequentemente, fator relevante para a formação plena do ser humano.

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Para tanto, faz-se relevante agregar às ações educacionais as dimensões da operacionalidade, racionalidade, afetividade, espiritualidade, sociabilidade, consciência, iniciativa, intencionalidade, capacidade de partilhar e conjugar ideias, emoções e conhecimento.

Figura 2. A articulação do processo aprendente. A extensão como um processo aprendente. SÍVERES (2010).

Pode-se observar, que de maneira consolidada os aspectos elucidados na imagem podem contribuir com o processo aprendente para a formação plena do ser humano, que se articula por meio de vários elementos que se complementam.

De acordo com a Figura 2, faz-se necessário a conjugação destes fatores, para que se concretize um percurso no processo de ensino-aprendizagem verdadeiramente articulado e consolidado, não apenas do conhecimento, mas que proporcione a transformação das pessoas.

Dentro desta perspectiva, os anos iniciais da educação básica englobam o desenvolvimento do ser humano de forma ampla, devendo trazer para o espaço escolar a comunidade e a família, para que assim possa proporcionar ao educando a capacidade de desenvolver sua habilidade cognitiva, integrando a formação ética, ecológica, social, cultural de forma dialógica, crítica e que envolva todos os aspectos

Operacionalidade

Solidariedade

Diálogo

Racionalidade

Habilidade

Espiritualidade Ética

Cuidado Sensibilidade Intencionalidade

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da vida, respeitando a identidade cultural e a pluralidade de ideias e sentimentos, bem como sua trajetória histórica.

A qualidade da educação se baseia, principalmente, na relação educador e educando. Um dos caminhos que podemos fazer para reconstruir a esperança na educação é reconhecer que o espaço escolar deve contribuir para o desenvolvimento pleno das pessoas de forma efetiva.

Para que toda educação possa ter criticidade suficiente para compreender que precisamos uns dos outros, tendo em vista que formação humana se faz em comunhão ética e respeito ao outro e ao meio em que vivemos. Esse fato traz vantagens e desafios para as escolas, pois:

Aprender a estar aqui significa: aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar; é o que se aprende somente nas – e por meio de culturas singulares. Precisamos doravante aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos do planeta terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também ser terrenos. Devemo-nos dedicar não só a dominar, mas a condicionar, melhorar, compreender (MORIN, 2011c, p. 76).

Necessita-se, portanto, perguntar não só que escola queremos, mas o que fazer, de modo a contribuir para que ela cumpra com as finalidades da educação, asseguradas na Constituição Federal (BRASIL, 1988), “A educação, direito de todos

e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

O artigo 205 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), que trata das finalidades da educação, traz o pleno desenvolvimento do educando, o exercício da cidadania e a preparação para o trabalho como propulsores da consolidação do ser humano.

(23)

O pleno desenvolvimento do educando é compreendido com o desenvolvimento cognitivo, físico, afetivo e social. A aprendizagem não deve se

manter somente no campo cognitivo, mas seria para Batalloso (2012, p.180) “[...]

processos integrais e integradores nos quais se constroem a própria história pessoal como processo que é, ao mesmo tempo, sociocultural e psicoespiritual”. Nestes

termos se amplia a responsabilidade da escola e de seus educadores, priorizando o ser humano e não apenas os conteúdos curriculares.

O exercício da cidadania busca possibilitar a consciência dos direitos e deveres em uma sociedade. Tais atributos se expressam, também por meio da liberdade. Segundo Freire (2011a, p.103) “A liberdade amadurece no confronto com

outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do

professor, do Estado”. Isto significa aprender a ter responsabilidades em contribuir tanto nas decisões, como também no direito de manifestar pensamentos, na busca da autonomia e do saber pensar sobre todas as situações que envolvem a sociedade.

A preparação para o trabalho relaciona a educação e a necessidade do

trabalho, o que para Kondo (2010a, p. 34) seria dizer que “O grande mérito social da

economia de mercado é sua capacidade de dar poder mesmo aos mais fracos e libertá-los de situações de opressão”. Isto seria por assim dizer, que a educação deve conhecer a economia não apenas a nível local, mas também global, e levar estes assuntos para os interiores das salas de aula.

É fato que vivemos em um mundo globalizado, portanto faz parte da formação do educando conhecer a economia e os fatores que condicionam as situações de trabalho, para que o mesmo ao sair da escola tenha a consciência do que se espera no mercado de trabalho, entendendo que as transformações nas atividades econômicas ocorrem de maneira dinâmica, para que assim o aluno passe a conhecer o tradicional e também o inovador, intercalando os conhecimentos e preparando-se forma consciente e contextualizada.

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compreender o ambiente social, natural e político. Bem como aprender sobre a tecnologia, artes e valores, adquirindo habilidades para lidar no meio social, fortalecendo os vínculos familiares por meio da solidariedade e da tolerância.

Tais aspectos contribuem para o pleno desenvolvimento humano que se embasa na Constituição Federal, LDB e nos Quatro Pilares da Educação Nacional propostos pela UNESCO (2005), de forma que se perceba que o processo de ensino-aprendizagem deve proporcionar, de acordo com Delors (2012), caminhos que interajam com todos os seres, onde a educação realiza-se durante toda a vida, que seja uma energia que atrevesse a sua história, sem portanto perder a sua própria autonomia.

O processo de aprendizagem deve visar o bem comum da humanidade contribuindo para uma ressignificação da existência humana com base na cooperação, no diálogo, na troca de saberes, na exterioridade, singularidade e diversidade em busca de uma sociedade mais justa e menos desigual, que Gadotti (1985) chamou de conversão, que seria por assim dizer, assumir posições diferentes

por meio da conscientização diante do que hoje se exige.

O que se espera é que a escola assuma contornos próprios a partir dos pilares da educação propostos pela UNESCO (2005). Desta forma, a prática pedagógica não pode deixar de enfrentar nem as urgências próprias da sociedade atual, nem o compromisso com o cuidado e a troca de saberes, valorizando a diversidade e percebendo a subjetividade.

Gadotti (1995) mostra que para que possamos mudar nossa prática é preciso mudar a forma de como ensinamos, tendo em vista que lidamos com pessoas que pensam e interajam de diferentes formas.

Notadamente, os moldes pré-estabelecidos de como se ensinar e para quê/quem (avaliações/ gráficos/ rankings) tem constituído na elaboração de propostas que visem exclusivamente à aquisição de metodologias que possam evoluir o ensino dos conteúdos.

(25)

didático e/ou propostas curriculares elaboradas anteriormente sem nenhum foco na formação plena do indivíduo, o qual está garantido na Constituição Federal, em seu artigo 205.

Do ponto de vista de Gadotti (1995, p. 140) “O educador brasileiro, hoje comprometido com o advento de uma sociedade democrática, justa, não pode ficar escondido atrás de uma pseudoneutralidade, ignorando o papel social e político de

suas funções”. Da mesma forma, a educação deve ser, segundo Freire (2008), um ato político, de maneira que o educador deve buscar em suas práticas pedagógicas o conhecimento aliado a uma ação de pensar sobre este mesmo conhecimento, aliando a vida social, cultural e socializando os saberes em busca do desenvolvimento pleno do indivíduo.

Com base nestas considerações chegou-se à seguinte hipótese: Porque as práticas pedagógicas, com base nos pilares da educação propostos pela UNESCO (2005), podem favorecer o desenvolvimento pleno da pessoa.

1.2 O CONTEXTO SOCIAL, ECONÔMICO E CULTURAL NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

A educação possibilita ao indivíduo recriar seus sonhos e metas por meio de práticas que tracem formas de desenvolver sua capacidade de raciocinar logicamente e compreender por meio do pensamento dedutivo e intuitivo o que chamaríamos de aprender a conhecer.

Isto ocorre, porque é através do aprender a conhecer, que vamos organizando categorias sobre determinados assuntos com o objetivo de analisá-los e significá-los. Como afirma Morin (2000, p. 53) “O conhecimento é sempre tradução

e reconstrução do mundo exterior e permite um ponto de vista crítico sobre o próprio

conhecimento”.

(26)

mas visuais e sensoriais, para que se possa descobrir a diversidade de formas existentes no mundo em que vivemos.

Como afirma Crema (2012, p. 233) “[...] a compreensão é uma expressão

natural da convergência do saber com o ser”. A prática pedagógica holística de

desenvolver a aprendizagem seria o cerne do aprender a fazer, mas não uma simples execução de algo, mas aprender a fazer a diferença na diversidade do mundo e na sua complexidade.

As práticas pedagógicas devem proporcionar um processo de ensino-aprendizagem que aborde um projeto de vida, como afirma Freire:

Uma das mais belas qualidades de um professor, de uma professora, é testemunhar aos alunos que a ignorância é o ponto de partida da sabedoria, que equivocar-se não é nenhum pecado, que é parte do processo de conhecimento. (FREIRE, 2008, p. 44).

Esta constatação do erro como caminho para o conhecimento fortalece e amparam docentes e discentes no enfrentamento das fronteiras do conhecimento.

Partindo deste pressuposto, temos como base a cooperação e a ternura que seria a conjugação do aprender a conviver, onde todos tivessem a oportunidade de mostrar suas potencialidades e suas fraquezas e que ambos partilhem e colaborem de forma harmônica e humanizada, de forma que o conhecimento partilhado possibilite o crescimento da sociedade através de atitudes que contribuem para com a coletividade como afirma Demo:

Por parte do professor, está em jogo sua qualidade formal e política. De uma parte, precisa conhecer com profundidade profissional teorias, técnicas e práticas de avaliação, através de estudo acurado e constante atualização. De outra, precisa saber colocar o objetivo pedagógico da avaliação, sua razão educativa de ser, sua ética. (DEMO, 1999, p. 67)

A educação lida com pessoas, o núcleo da célula educativa é o conhecimento, portanto, não podemos deixar de perceber que lidamos com gente e pautando nesta perspectiva de um processo que envolva o ser humano em sua totalidade, temos que aprender a ser.

(27)

individuais e coletivas, de forma que se tenha em sua essência o discernimento do que é possível ou não de se executar.

Pensar criticamente as práticas pedagógicas nas salas de aula é trazer à tona as motivações que impulsionam a criação das metodologias voltadas para a aquisição da aprendizagem e o real objetivo do trabalho educativo. É fato, que hoje todo o campo educacional está às voltas com padrões de qualidade, porém a educação deve pensar no todo e no complexo.

Demo (2010, p.16) enfatiza que “Por detrás do desafio do global e do complexo, esconde-se um outro desafio: o da expansão descontrolada do saber”. O

importante é saber questionar até que ponto não estamos apenas sendo propulsores de ações pedagógicas voltadas apenas para que se consiga metas que elevem o índice educacional brasileiro ignorando práticas dialógicas capazes de formar pessoas que pensem o seu meio e perceba a sua responsabilidade com o outro e com o meio no qual vivemos.

Pois, ao sustentarmos tais políticas de forma passiva, deixamos de analisar as vertentes sociais que, embora presentes nas salas de aula sejam esquecidas por não fazerem parte da meta educacional brasileira.

O fazer pedagógico não pode negar a existência de um contexto social marcado pelas grandes diferenças que separam a sociedade, não se podem negar os conflitos que emergem nas salas de aula do nosso país.

Os educadores precisam, antes de qualquer coisa, saber lidar com gente, gente que sofre, gente que é por muitas vezes invisível nas escolas, e que precisam mais do que um índice para construir a sua cidadania.

(28)

É imprescindível repensar o papel político da escola, uma vez que a educação está a passos largos, deixando sua função social e agregando apenas ao

fator econômico. De acordo com Demo (2010, p. 40) “O professor precisa saber

dedilhar sabidamente as cordas desta lira complexa para retirar dela, não o canto da sereia, nem o grito de ordem, mas a autoridade do argumento”.

De acordo com Kondo (2010b), é preciso rever a avaliação do sistema educacional brasileiro, tendo em vista que o mesmo vem consolidando ainda mais a desigualdade no Brasil ao validar o crescimento individual. As intenções econômicas não podem ignorar a situação social do país, não se deve fracionar a educação em blocos que visem apenas os fatores pedagógicos com vistas a mostrar índices cada vez melhores.

Para Durkheim (2011, p. 117) “Quanto melhor conhecermos a sociedade,

melhor perceberemos tudo o que se passa no microcosmo social que a escola é”. A

maior meta da educação deve ser libertar as pessoas, para que as mesmas demonstrem seus saberes através de ações que visem o bem comum, que lutem pelo respeito à diversidade, que reconheçam as diferenças e exerçam a equidade, conhecendo e praticando seus direitos e seus deveres.

Não se pode categorizar a educação somente pelo foco das avaliações ou somente do ponto de vista das metas quantitativas. É preciso aprofundar nas questões de formação pessoal, social e cultural que emergem no cotidiano do ensinar e do aprender.

É necessário uma discussão aprofundada em que contexto de interesses se dá estas políticas educacionais, com o objetivo de perceber as lógicas e as relações de poder bem como suas consequências. (AFONSO, 2003, p.36).

As práticas docentes devem ir além do metodológico, buscando extrair a essência do que é ser educador e quem é o educando. Não podemos nos ater a uma educação que engessa o pensar, que ignora a cultura local, e homogeneíza o saber.

A globalização trouxe não apenas a influência de outros países, mas a interferência de órgãos internacionais nas políticas públicas da educação brasileira,

(29)

determinantes as interferências do Banco Mundial [...] nas políticas públicas e, no

caso da educação, demarcaram uma adesão tecno-economicista”.

Especificamente na área educacional, hoje se presencia um forte interesse em unificar as ações no mundo, obedecendo assim aos países com maior poder econômico. Para Kondo e Gomes (2010) a educação no Brasil beneficia quem tem a escolha de ir para uma escola particular, ao sair da mesma o educando ingressa em faculdades públicas, já o educando que utilizou o ensino básico público terá que pagar para cursar o ensino superior.

É preciso atentar para essa qualidade educacional, pois estas conjunturas de fatores atingem principalmente os educadores e educandos, que são os atores do processo. Na perspectiva de Kondo (2010b) urge a necessidade de os governos pensarem políticas educacionais que ajudem a redirecionar as atividades econômicas de maneira sustentável, tendo em vista que a escola está diretamente ligada à todas as conexões do mundo, o que, influenciam fortemente as situações socioeconômicas.

Nesse sentido, há uma sobrecarga de responsabilidades que o educador por muitas vezes não consegue executar com tamanha propriedade que lhe é exigido, é possível perceber que há um distanciamento entre o que se espera pela sociedade e o que realmente os educadores estão enfrentando em sala de aula, tendo em vista a existência de uma grande desigualdade no Brasil.

No que se refere ao preparo para o trabalho, a educação pode e deve diminuir as distâncias econômicas e sociais que emergem em nosso país, o que segundo Kondo (2010a) muitos que vivem a margem da sociedade poderiam ser protagonistas de uma nova economia de vida.

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Torna-se relevante pensar que ao trabalhar as questões de matemática, linguagem e escrita deve-se entender o contexto social, econômico e cultural em que se encontra o educador e o educando.

É preciso que as práticas pedagógicas oportunizem vivenciar a realidade escolar, seus anseios e também suas dificuldades. Para Demo (2010, p. 48), “Não se aprende reproduzindo o que a realidade ou a sociedade nos impõem, porque não

emerge o sujeito, condição essencial para a aprendizagem adequada”.

É preciso compreender que não se pode negar a globalização, porém não podemos abandonar a nossa herança cultural, as diferenças sociais que assolam nossas cidades e principalmente o comodismo crítico que se instalou no meio educacional. A educação deve preparar tanto o educador, quanto o educando para lidar com um ambiente rico em sua complexidade, diferenças e inovação.

Desenvolver a capacidade de ser é acima de tudo, se reconhecer enquanto pessoa que faz parte de uma vida complexa e interligada por diversos fatores tais como: culturais, naturais, econômicos, locais e globais, entendendo por tanto que a educação deve por meio de suas práticas pedagógicas propiciarem o desenvolvimento pleno do ser humano de forma que essa plenitude contribua para com a sociedade.

1.3 A EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO

Partindo do princípio da Constituição Federal em seu artigo 205 (BRASIL, 1988) que qualifica a educação como direito de todos e dever do Estado e da família, e tendo por objetivo o desenvolvimento global do ser humano com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, é possível identificar que a formação plena do ser humano perpassa pelo ambiente social, pela subjetividade e pela vida profissional.

(31)

se torna relevante entender até que ponto a educação está contribuindo para uma troca de saberes que busque o desenvolvimento pleno do ser humano.

Dentro da concepção de que a educação é a base fundamental para a construção de um planeta mais harmonioso e menos desigual, onde as pessoas possam articular saberes, vivências e responsabilidade, seria por assim dizer de

acordo com Pinto (1996, p. 498) que “O objectivo pedagógico da escola (numa acepção normativa de pedagogia) é formar o cidadão-humano mediante um processo de ensino-aprendizagem esclarecido”.

Esta manifestação sugere um entrelaçamento entre todas as necessidades sociais, culturais, emocionais, cognitivas e relacionais. Buscando o reconhecimento da subjetividade, do respeito à ambientalidade, do desenvolvimento da sociabilidade e da relevância da conectividade entre saberes diversificados em busca de uma unidade entre desenvolvimento humano e as práticas pedagógicas.

Tal proposta, de acordo com Batalloso (2012), todo ser humano é em sua essência um ser dialógico, expressivo, carregado de emoções e cognições que vivencia cotidianamente uma interdependência comunitária, é preciso que a sociedade entenda que o processo de ensino e aprendizagem é um processo permanente.

As práticas pedagógicas devem proporcionar o pleno desenvolvimento humano unindo o individual ao social, para que de maneira democrática o indivíduo possa construir sua condição humana tanto na esfera comunitária quanto planetária. A educação deve buscar a pedagogia do compromisso por meio de uma prática pedagógica que agregue uma ação eticamente reflexiva, capaz de transformar o conhecimento em sabedoria.

O pleno desenvolvimento humano se constrói, segundo Boff (2003, p. 85),

(32)

Tendo em vista o aprofundamento nas concepções que a educação traz como princípio de acordo com o artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (BRASIL, 1996) que é o pleno desenvolvimento do educando, surge a necessidade de atentarmos para o que significa este desenvolvimento pleno, uma vez que o ser humano é um ser ecológico e social.

A interligação entre todos os seres traz grande relevância para a concretização de uma educação plena, de acordo com Síveres (2012, p. 17), “O processo de aprendizagem envolve, necessariamente, sujeitos aprendizes, isto é, cada vez que houve um procedimento aprendente, houve sujeitos que lideraram ou

se beneficiaram desse percurso”.

Portanto, o processo de ensino e aprendizagem deve servir para que todos percebam a importância individual para o crescimento coletivo, uma vez que à medida que relacionamos com estruturas diferentes estamos possibilitando o crescimento de um pensamento mais dialógico e atitudes de empatia, difundindo a necessidade de se buscar o bem da sociedade como um todo.

Urge, portanto, a necessidade de percebermos a importância de todos os seres vivos, segundo o relatório da UNESCO (2005), conduzirem-se a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza e as dicotomias existentes na sociedade que consequentemente levam ao preconceito e à exclusão.

Dentro do princípio de desenvolvimento pleno da pessoa este é o papel da escola, tendo em vista que a educação vem sendo solicitada pela sociedade a transformar seu contexto e a buscar produzir uma realidade diferente daquela que encontramos em nosso dia a dia, onde a aprendizagem é vista como algo rotineiro e estático. Para reverter tal situação, Freire afirma:

Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a

morte do que com a vida? Por que não estabelecer uma “intimidade” entre

os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? (FREIRE, 2011b, p. 32).

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consequência, posiciona o processo de ensino e aprendizagem em uma situação de olhar para o todo, de ter uma visão de aprendizagem plena e partilhada buscando sentido na vida através da inclusão e da conectividade.

Para Boff (2003, p. 88), “Ninguém dá a vida a si mesmo, senão que a recebe

de alguém que a acolhe solidariamente e a introduz na comunidade dos humanos”.

Com base nesta afirmativa, o ser humano não pode compreender o seu meio apenas por uma única ótica, mas perceber a importância de cada um para a consolidação da humanidade, repensando nosso conceito de democracia em relação aos cuidados com a natureza, praticando o cuidado com o outro, com o seu meio e respeitando o nosso planeta para que possamos usufruir do mundo de forma sustentável e coletiva.

Para tanto, a aprendizagem para o pleno desenvolvimento humano é um pensar sobre as ações humanas, na busca pela completude dos homens, que Freire

(2011c) chamou de seres “inconclusos”, pelo fato de que o homem, enquanto

elemento da natureza está sempre em mudança, está sempre a se descobrir e a descobrir a realidade na qual está inserido.

1.4 A FUNÇÃO DA ESCOLA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

A postura reflexiva no ambiente educativo é um instrumento relevante ao trabalho do educador dentro da escola, bem como o cuidado com as metodologias que por muitas vezes fragmentam a aprendizagem. A nossa realidade é complexa, ao ponto, entre outras coisas, de dividir a sociedade em classes sociais. E, cabe à escola perceber estas variações e complexidades.

Diante do exposto no parágrafo anterior, os problemas existentes nessas sociedades também serão complexos e, consequentemente, impossíveis de serem compreendidos de imediato, faz-se necessário compreender a subjetividade, considerando segundo Rios (2010), que subjetividade não é uma existência singular, mas uma identidade que deve ser afirmada em prol da alteridade.

(34)

qualificação e desempenho dos educadores, hoje e cada vez mais no futuro, estes não são e não serão suficientes.

Para Zavaglia (2008, p 471), “A relação humana com o mundo é uma relação

complexa, instável e mutável”, fatores que contribuem com uma realidade que hoje está em mudanças.

O pensamento se constrói e desconstrói quando o mesmo se põe em movimento, para tanto o estímulo para que os alunos utilizem todas as linguagens possíveis se traduzem na grande relevância em se criar espaços de interações com as mais variadas formas de expressividade existentes no planeta.

O educador ao inserir discussões em sala de aula, deve buscar retratar as questões sociais, ambientais, aspectos físicos e metafísicos. Haja vista que, os debates se apresentam como recurso para o entendimento desta sociedade, cuja função é democratizar os direitos através da reflexão sobre as atitudes de convivência com todos os seres vivos de forma prática e dialógica.

Este reconhecimento da linguagem como forma de interação social, não é apenas fundamental na sala de aula, mas em toda escola, uma vez que no espaço escolar cada um dos sujeitos tem uma esfera de competência diferente, mas ambos precisam ter espaço e reconhecimento social nas interligações no ambiente escolar.

Isto significa encarar os problemas cotidianos da escola, despertando para a reflexão conjunta em busca de ações que reconheçam a realidade da vida, valorizando as atitudes e os valores.

Para Freire (2011b), isto significa estimular a criação de sentido sobre para quê existe o espaço escolar, incluindo assim os aspectos da vida humana, no tempo e vivência de cada um.

(35)

A sociabilidade na educação deve oportunizar uma reflexão sobre como se associa os diversos saberes na escola ou se a mesma apenas reproduz uma técnica instrumental que se baseia em aulas, que segundo Demo (2010, p. 51), são

“instrucionistas”, impossibilitando o educando de desenvolver sua capacidade crítica de pensar a realidade, partindo do princípio de que fazemos parte de um mesmo espaço, de forma que, segundo Síveres (2010), a aprendizagem não seja mera conformação, mas se transforme em algo dinâmico e dialógico.

Assim, faz se necessário que a sensibilidade do educador esteja aflorada no sentido de permitir o diálogo, respeitando as diversidades, de forma que o mesmo possa ao ensinar ser, de acordo com Síveres (2010, p. 108), um eterno

“aprendente”.

Neste sentido, para que se estabeleça uma ação cooperativa para a aprendizagem, onde se promova a convivência de todos os envolvidos no processo pedagógico, a educação de acordo com Perrenoud (2002) precisa se comprometer com uma formação de pessoas capazes de evoluir, de aprender e reaprender sempre, praticando a relação de troca e de reconhecimento do outro como parte do processo de aprendizagem.

A escola sendo o lugar onde aflora diversificados saberes necessita assumir uma posição aberta ao diálogo com o objetivo de colaborar com a formação humana não apenas do (a) educando (a), mas de toda a comunidade, uma vez que se torna relevante o fortalecimento de ações que visem à interferência de conceitos transversáteis, que para Assmann (2011) substituirá a pedagogia das certezas pela pedagogia do novo e da surpresa.

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1.5 A PRÁTICA DOCENTE E O DESENVOLVIMENTO HUMANO

A prática docente deve incentivar discussões saudáveis, o educador por sua vez deve aceitar o inesperado e acolher o imprevisível, percebendo sua real importância para a construção de uma sociedade menos desigual.

Não se pode conceber que a educação fragmente o conhecimento e atrofie o pensamento, uma vez que é no espaço escolar que se possibilita a quebra de paradigmas de forma que se mude a concepção de mero reprodutor de uma desigualdade social que atinge a maioria dos nossos educandos que são privados de uma educação de qualidade, ficando desestimulados e como consequências ocorrem à desilusão com relação à escola, vivendo a desesperança e a evasão escolar.

Fundamentar a ação pedagógica no cuidado, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando é constituir uma compreensão da prática docente enquanto dimensão social da formação humana.

Para Gomes (2010, p 75), “A educação para a liberdade, deve ser a

educação da cidadania”. Saber fazer uma autorreflexão crítica das relações que

emergem na sala de aula é fazer uma leitura das causas e dos conflitos que levam à degradação humana e ao estímulo ao individualismo e a competitividade.

Este estímulo negativo é por vezes inserido até mesmo pelo próprio espaço escolar, quando se nega a posição do sujeito através da inflexibilidade, da mecanização de ações e da imparcialidade frente à exclusão e a omissão da busca por uma prática educativa transformadora.

Para que se possa haver efetivamente uma aprendizagem significativa, o pensar sobre a formação humana deve vir de encontro com sujeitos movidos por sentimentos e posicionamentos que irão propiciar uma nova produção eclética de saberes sobre a responsabilidade com o outro, com o meio e com a existência de todos os seres.

Educar é provocar e estimular o conhecimento, que para Demo (1996b, p. 37)

“A capacidade de aprender implica na capacidade de intervir com competência”,

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de modo que o mesmo demonstre pré-disposição para perceber o educador e vice e versa, exercitando assim a prática dialógica que irá interagir com o grupo, em busca de uma evolução para outra vivência e experiência de aprendizagem.

O pensar educativo coerente com a prática resulta na democratização da coletividade, para tanto os educadores, gestores e educandos precisam exercitar a aprendizagem de uma educação pautada no diálogo, na paz, na justiça e no respeito com o outro, constituindo assim uma aprendizagem autônoma, valorizando os múltiplos saberes.

Segundo Freire (2011a), o sujeito se traduz em uma relação dialógica, uma vez que ao abrirmos para o conhecimento do outro, estamos oportunizando o rompimento das barreiras que impedem a verdadeira inclusão, que se traduz na liberdade da manifestação não apenas cultural/social, mas no direito de mostrar o que está intrínseco em cada ser humano.

Portanto, comprometer-se com o desenvolvimento pleno do ser humano, é comprometer-se em ouvir o outro, em deixar que todos tenham voz no processo de desenvolvimento da aprendizagem, sendo este um dos papéis do educador, haja vista, que as crianças já entram na escola falando sobre sua realidade e seus anseios, entretanto muitas vezes é na própria escola que se nega as formas de expressão usadas no cotidiano.

Os educadores e os educandos devem ser vistos como sujeitos ativos e atuantes, e não como reprodutores de modelos pré-estabelecidos. Em vez de serem passivos, educandos e educadores são agentes ativos no contexto social da escola.

A responsabilidade do educador na formação do educando é uma condição muito especial, uma vez que se faz necessário e urgente envolvê-los com os conhecimentos e também com os procedimentos emergentes em sala de aula.

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mundo, presença que transforma, ampara, liberta, que apresenta possibilidades, harmoniza e amplia os saberes.

É na busca do compreender a vida e o sentido para as coisas que se baseia a formação humana no processo de consolidação da cidadania e do desenvolvimento pleno do cidadão, de forma que se é na própria escola que emergem os problemas sociais, bem como é também na própria escola que deverá haver situações de aprendizagem compartilhada, participação coletiva e a prática do diálogo e do respeito para com o meio e com o outro em busca da solução destes problemas.

A compreensão do ambiente em que vivemos promove uma interiorização dos direitos e dos deveres para com o que está em nossa volta, tendo em vista que ambientalidade como processo de interiorização de comportamentos e práticas se dá através da promoção do pensar a realidade de forma coletiva, vivenciando o presente e agindo como forma de resolver também os futuros problemas.

De acordo com Síveres (2010 p. 53), “[...] é preciso levar em conta a casa

natural (Ecologia), social (Economia) e pessoal (Ecopatia)”. Para o autor, é necessário estabelecer uma relação de aprendizagem com finalidades.

A ambientalidade deve ser múltipla e consistente, tendo em vista que se está diante de um dos fenômenos mais significativos da atualidade: a modernidade. Assim, a ambientalidade está no pluralismo cultural da modernidade, pluralismo que ao ser pensando como fomentador de redes possibilitará para o ser humano uma contínua busca de sentido.

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O processo de ensino e aprendizagem para um desenvolvimento pleno do indivíduo traz a reflexão sobre as práticas sociais e uma articulação com a produção de sentidos sobre o meio em que vivemos que se traduz em um conjunto múltiplo de seres que vivem em nosso universo, necessitando assim de um envolvimento amplo dos conhecimentos não apenas cognitivos, mas também emocionais e sociais.

Para Leff (2001, p. 163), “A questão ambiental gera, assim, um processo de fertilizações transdisciplinares por meio da transposição de conceitos e métodos

entre diferentes campos do conhecimento”. Uma educação que desenvolva tais potencialidades, em conjunto com a consciência de sentir, vivenciar e agir no meio em qual vivemos, deve pautar-se tanto nos conhecimentos formais como nos conhecimentos não formais, de forma que o objetivo em comum seja a transformação social que ampare numa perspectiva de ação holística que relacione o homem, a natureza e o universo, tendo como referência a ética do cuidar e do educar para a vida.

Portanto, construir uma educação voltada para o pleno desenvolvimento humano requer perceber as complexidades emergentes no mundo contemporâneo, para que assim possamos resolver a problemas igualmente complexos que permeiam nossa sociedade.

Desta forma uma educação reprodutivista, fragmentária e reducionista não poderá contribuir para com uma formação humana global que pressupõe a capacidade de aprender, de sentir, de criar e de agir a partir de novas concepções e práticas de vida, de valores e de convivência, que segundo Morin (2011d, p. 35), “A sociedade, como todo, está presente em cada indivíduo, na sua linguagem, em seu

saber, em suas obrigações e em suas normas”.

(40)

A educação deve possibilitar às classes excluídas de se apropriarem e de compartilharem conhecimentos de forma conjunta e corresponsável, com o objetivo de possibilitar a inclusão de todos no processo de construção de saberes.

É preciso atentar para a necessidade de uma relação de interdependência entre o que a educação trabalha na formação do sujeito relacionando com o outro, com o meio ambiente, a vida social e os problemas da sociedade de forma que a humanidade tenha na escola um aporte para orientar criticamente os sujeitos aprendizes com objetivo de fazer do momento de ensino e aprendizagem além de um ato de amor, um espaço de realização humana, de troca, de construção e de reconstrução numa perspectiva emancipadora, onde a inserção é para todos e onde todos possam explorar as esferas do conhecimento percebendo a singularidade e a pluralidade.

A educação deve contextualizar a compreensão do processo de construção de uma visão heterogênea de sala de aula, de forma que todos possam compartilhar saberes e mostrar a diversidade de ideias acerca do contexto social, econômico e ecológico em que vivemos.

A educação para o pleno desenvolvimento da pessoa requer além de um olhar mais holístico, o engajamento com a percepção da concepção da rede nas relações educacionais com vistas a um desenvolvimento global do ser humano, onde para Morin (2011c, p. 89), “A única e verdadeira mundialização que estaria a serviço do gênero humano é a da compreensão, da solidariedade intelectual e moral

da humanidade”.

Assim, é preciso atentar para a necessidade de contribuir para a formação de redes que façam parte do projeto da escola, para que a mesma possa fazer intervenções nas práticas sociais aproximando a comunidade da instituição, bem como a educação deve partir da necessidade da sociedade, atentando para as mudanças sociais e econômicas do mundo, sabendo lidar com a diversidade cultural e social.

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sociais, ambientais ou científicas, de maneira que a sociedade interaja entre as partes de um todo através da participação em situações de interesse global.

Isso significa, que o cuidado com o meio e com o outro traduz uma compreensão da relevância de todos os seres para o desenvolvimento da sociedade.

As relações pessoais, sociais, econômicas e culturais dizem respeito a todos os seres do mundo, tendo em vista que as conexões estabelecidas ultrapassam etnias, culturas e classes. Assim, as mudanças ocorrem em função de uma rede de interações com os outros e com o meio, em face de uma interação que ao mesmo tempo aprende e ensina.

A abordagem holística dos problemas sociais contemporâneos dentro de uma perspectiva de uma educação que desenvolva o ser humano de forma global apresenta várias dimensões conectadas que valoriza e estimula o diálogo e reconhece as incertezas como fonte de mudança que de acordo com Assmann (2011) significa recriar outros significados, reaprender de modo inteiramente diferente.

A conectividade de saberes convoca para um saber fundado na diversidade e na identidade, no pensar o outro e o meio em que vivemos na busca do sentido da vida por meio do diálogo de saberes em uma cultura democrática que alia a vida ao conhecimento e ao pensar o outro, sua identidade, seu meio e seus saberes.

A partir de uma reconstrução holística sobre a ressignificação da vida, podemos por meio da emancipação do indivíduo reconstruir um novo reaprender a unidade e a diversidade, construindo uma nova racionalidade social amparada no equilíbrio ecológico, justiça social, diversidade cultural e subjetividade.

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Estabelecer esta relação direta entre conhecimento e prática para a transformação da sociedade, configura o atentar para o que é significante e significado, explorar e regenerar os recursos naturais, a subjetividade e o saber pessoal a partir de um diálogo aberto sobre a importância da inserção social.

Isto é hoje a função primordial da educação, que é fazer uma reaprendizagem crítica e nova da nossa realidade, perceber a conexão entre as pessoas e o meio incentivando a troca interativa de saberes.

Tal proposta gera uma dinâmica compartilhada, que traga a reflexão e a indagação como força propulsora para que se compreendam os problemas da sociedade e busquem alternativas que possam ajudar não apenas um grupo, mas a comunidade com vistas a uma melhor qualidade de vida para todos.

Conectar é estabelecer linhas de corresponsabilidade entre todos os seres e com o meio em que vivemos, trazendo para a escola as capacidades de reflexão e de diálogo, de argumentação e de indagação sobre os problemas sociais, econômicos e ambientais do nosso planeta, percebendo que tudo e todos estão interligados por uma energia que implica em repensar o papel humano na sociedade em busca de melhoria da qualidade de vida.

Segundo Moraes (2012), para que possamos reconstruir os diálogos criativos entre educação, indivíduo, sociedade e natureza com a realidade vivida deve se buscar a conscientização da importância de cada ser para a sociedade e para o planeta.

A afirmativa do parágrafo anterior traz a relevância de uma conexão que busque a satisfação das necessidades da sociedade, embasada na solidariedade e participação para que todos se conscientizem da necessidade de conservar o meio em que se vive, preservando os recursos naturais e a cultura da sociedade respeitando o eu, mas buscando a conectividade com os outros.

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Figura 1: As concepções dos quatro pilares da Educação Nacional. (DELORS, 2012).
Figura  2.  A  articulação  do  processo  aprendente.  A  extensão  como  um  processo  aprendente
Figura 3: Os quatro pilares da Educação Nacional e o reconhecimento da nossa condição Humana,  Social, Ecológica e Cultural

Referências

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