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A INVENÇÃO DO CINEMA

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Academic year: 2022

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A INVENÇÃO DO CINEMA

Dejean Magno Pellegrin

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“Para criticar Glauber, é necessário que se tenha dado alguma contribuição à cultura brasileira”.

Dejean Magno Pellegrin Dejean Magno Pellegrin (crítico de cinema, que criou a Cinemateca do Museu

de Arte Moderna do Rio de Janeiro.)

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Louis Lumière contratou Félix Mesguich como operador, e disse:

Saiba, Mesguich, que não é um emprego que tenha futuro que te oferecemos, pois é, antes de mais nada, um ofício de feira de amostras; isto poderá durar seis meses, um ano, talvez mais, talvez menos.

menos.

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Ao término da sessão de 28 de dezembro de 1895, convidados diretores de salas de espetáculo – fizeram ofertas ao Sr. Antoine – fizeram ofertas ao Sr. Antoine Lumière, pai de Auguste e Louis, e dentre estes diretores, estava Georges Méliès, do Teatro Robert Houdin. Mas Lumière recusou, dizendo:

Esta invenção não está à venda, mas, para você, ela seria sua ruína. Ela poderá para você, ela seria sua ruína. Ela poderá ser explorada durante algum tempo como uma curiosidade científica; fora disto, não tem nenhum futuro comercial.

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O QUE É CINEMA?

O Cinema é um conjunto de O Cinema é um conjunto de técnicas para obter, através da projeção luminosa, a restituição de movimentos gravados fotograficamente.

Jean Vivié Jean Vivié especialista em cinema, em seu livro

Técnica Geral do Cinema

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O histórico da invenção do

O histórico da invenção do cinema está ligado ao encontro de três pesquisas convergentes estroboscopia, fotografia e projeção - que, durante muito tempo, se ignoraram mutuamente.

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ESTROBOSCOPIA ou persistência das impressões retinianas

Fenômeno fisiológico natural que ocorre no olho humano.

Fenômeno fisiológico natural que ocorre no olho humano.

Trata-se da conservação de uma imagem através da luz, durante cerca de um décimo de segundo (1/10), depois que a imagem desapareceu.

desapareceu.

Esta característica do olho humano é a base do cinema.

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Pode-se dizer que o fenômeno da estroboscopia era conhecido desde a Antiguidade, pois aparece no “De Rerum Natura”, de Lucrécio:

(...) assim que a primeira imagem desaparecia, uma outra aparecia em desaparecia, uma outra aparecia em seu lugar, numa posição um pouco diferente, e o efeito da nova aparição era de fazer supor que foi a primeira imagem que mudou a posição.

Esta ilusão deve ser proveniente de uma relação de velocidade. O movimento é tão rápido, o número das partes do objeto que afetam o olho ao mesmo tempo é tão grande, que a mesmo tempo é tão grande, que a multiplicidade das imagens fixas pode suprir as diversas posições de uma imagem móvel fixa.

DEFINIÇÃO DE ESTROBOSCOPIA, QUE PODE SER APLICADA AO CINEMA

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Titus Lucretius Carus (ou Tito Lucrécio Caro, na forma portuguesa), poeta e filósofo latino, que viveu no século I latino, que viveu no século I a.C., nasceu em 94 a.C. e viveu 44 anos.

Ficou louco ao ingerir uma poção do amor e, no intervalo entre as crises de loucura, entre as crises de loucura, escreveu vários livros - editados por Cícero -, dentre eles o “De Rerum Natura”.

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Em “De Rerum Natura” (Sobre a natureza das coisas), Lucrécio apresenta a teoria de que a luz apresenta a teoria de que a luz visível seria composta de pequenas partículas.

A Teoria é incompleta, apesar de consistente, é uma espécie de visão antiga da atual teoria dos visão antiga da atual teoria dos fótons.

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Pião maravilhoso

O Abade Nollet, em 1771, assinalou o fenômeno da estroboscopia em sua obra “Lições de Física Experimental”, obra “Lições de Física Experimental”, aplicando-o no seu “pião maravilhoso”, inspirado no disco de Newton, que no final do século XVII, reconstituía o branco a partir das cores do prisma.

O “pião maravilhoso” é o ancestral dos brinquedos científicos e aparelhos dos brinquedos científicos e aparelhos da física recreativa, baseados no fenômeno da estroboscopia, que aparecerão durante um século.

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Aparelhos de física

Entre eles, podemos assinalar o taumatrope, do Dr. Paris (1825), o fenacistiscope, do físico belga fenacistiscope, do físico belga Joseph Plateau, construído em 1832 e descrito numa carta publicada na

“Correspondência Matemática e Física do Observatório de Bruxelas”, em 20 de janeiro de 1833.

Tudo o que veio depois, foi um

Tudo o que veio depois, foi um aperfeiçoamento desses aparelhos. O princípio do cinema estava descoberto e aplicado.

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Alguns cientistas continuaram as suas pesquisas no domínio da as suas pesquisas no domínio da fotografia e da projeção das imagens, aproveitando a invenção de Plateau em suas experiências.

Assim, chegamos à invenção de Nicéphore Niépce (1765-1833) a Nicéphore Niépce (1765-1833) a fotografia.

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Fotografia

Partindo da “câmara negra”, conhecida de Leonardo da Vinci e conhecida de Leonardo da Vinci e descrita por Della Porta, em 1593, o francês Nicéphore Niépce inventou a fotografia, em 1826.

Seus continuadores, Daguerre e Niépce de Saint-Victor, a Niépce de Saint-Victor, a aperfeiçoaram e divulgaram.

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Por volta de 1851-52, o óptico francês Jules Duboscq (1817-1886) apresentou em (1817-1886) apresentou em Londres o seu estereo fantascope, substituindo os desenhos do fenacistiscope por fotografias obtidas pelo processo das poses sucessivas, juntando, assim, dois caminhos que levaram ao Cinema.

juntando, assim, dois caminhos que levaram ao Cinema.

Juntam-se, aqui, a estroboscopia e a fotografia.

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Paralelamente ao estereoscope, o princípio da câmara escura causou o aparecimento da Lanterna Mágica, um aparelho que permitiu projetar aparecimento da Lanterna Mágica, um aparelho que permitiu projetar imagens luminosas no escuro.

Ao juntar o fenaquistiscope à lanterna mágica, o austríaco Von Uchatius, em 1853, depois o francês Duboscq, realizaram, pela primeira vez, a projeção animada de vez, a projeção animada de desenhos. Juntam-se, assim, estroboscopia e projeção.

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OS RESPONSÁVEIS

PESQUISAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O AVANÇO E A TRANSFORMAÇÃO DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA.

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Thomas Hooman Du Mont e Ducos du Hauron, desde 1860, trabalhavam para obter uma análise científica do movimento – uma síntese real –, sendo análise científica do movimento – uma síntese real –, sendo necessária a diminuição do tempo de pose fotográfica até ao instantâneo, bem como à tomada de vistas rápida, que permitiriam captar um objeto em ação sem interromper-lhe o movimento.

interromper-lhe o movimento.

Ambos os cientistas

determinaram as condições da tomada de vistas cinematográfica.

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Em 1862, Du Mont definiu a necessidade do movimento intermitente

Ducos du Hauron (1837-1920-FRA)

Em 1862, Du Mont definiu a necessidade do movimento intermitente para o registro das imagens.

Em 1864, ao descrever um aparelho de sua invenção, Ducos du Hauron falou sobre os princípios da câmara lenta, do aceleramento, dos truques e, preconizou a película flexível em lugar do disco e um sistema de engrenagens, do qual, talvez, Edison lugar do disco e um sistema de engrenagens, do qual, talvez, Edison teria tirado a ideia da perfuração.

As pesquisas de Hauron foram precursoras do filme a cores.

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Eadweard Muybridge (1830-1904-EUA)

O americano Muybridge foi o primeiro a conseguir, na Califórnia, primeiro a conseguir, na Califórnia, fixar, através de um complicado sistema, uma série de fotos do galope de um cavalo, de 1872 a 1878.

Segundo o mesmo processo técnico, Muybridge continuou seus estudos sobre movimento dos animais e projetou suas movimento dos animais e projetou suas fotografias animadas em São Francisco, em 1879, no aparelho chamado de zoogiroscope.

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Jules Janssen (1824-1907-FRA)

Em 1873, criou o “revólver

Em 1873, criou o “revólver astronômico”, que servia para registrar as fases da passagem de Vênus pelo Sol, através de sucessivas fotografias registradas sobre uma ”placa registradas sobre uma ”placa fotográfica”.

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Etienne-Jules Marey (FRA)

Partindo do princípio de Jansen, criou o fuzil fotográfico Jansen, criou o fuzil fotográfico ou cronofotógrafo, um aparelho capaz de fazer várias fotografias em sequência.

Seu invento foi aperfeiçoado em 1890, quando substituiu a tira em 1890, quando substituiu a tira de papel por uma de celulóide com emulsão.

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Emile Reynaud (1844-1918-FRA)

Em 1889, patenteou o “teatro óptico”, um aparelho que permitia a óptico”, um aparelho que permitia a projeção de 500 a 700 desenhos em uma tela, o praxinoscope.

É considerado o pai do desenho animado.

Declarou que o resultado da

Declarou que o resultado da projeção seria ainda melhor se, ao invés de desenhos, fossem usadas fotografias.

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Reynaud uniu-se a Muybridge e,Reynaud uniu-se a Muybridge e, ao combinarem suas invenções, criaram o zoopraxógrafo.

Para que o cinema tomasse a forma que tem hoje, faltava apenas o filme.

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George Eastman (1854-1932)

Em 1884, Eastman lançou a emulsão em bobina de celulóide. Marey, em em bobina de celulóide. Marey, em 1890, substituiu a tira de papel de seu cronofotógrafo por uma tira de celulóide com emulsão.

Assim, é realizado o primeiro aparelho de tomadas de vistas, sendo Marey, por isto, considerado por alguns como o inventor do Cinema.

alguns como o inventor do Cinema.

Seria mais certo dizer que ele aperfeiçoou a primeira câmera, pois o problema da projeção ainda não tinha sido resolvido.

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Thomas Edison (1847-1931-EUA)

Inventou a lâmpada elétrica encandescente, o gramofone, o encandescente, o gramofone, o kinetoscópio (caixa com imagens filmadas vistas em seu interior), o kinetofone (com som síncrono gerado por fonógrafo), o vitascope (projetor de filmes em tela).

Desenvolveu o kinefonógrafo, que foi a primeira tentativa de “cinema foi a primeira tentativa de “cinema falado”.

Este aparelho consistia no fonógrafo aliado ao sistema do cronógrafo de Marey.

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Thomas Edison (1847-1931-EUA)

Edison, inventor do fonógrafo, teve a ideia de acrescentar ao seu aparelho a fotografia animada. E, retomando o a ideia de acrescentar ao seu aparelho a fotografia animada. E, retomando o sistema do cronofotógrafo de Marey, com a ajuda do inglês Dickson, fabricou para este aparelho um filme de celulóide de 50 pés de comprimento, cujas perfurações laterais asseguravam sua fixação.

Em 24 de agosto de 1891, Edison

Em 24 de agosto de 1891, Edison apresentou o kinefonógrafo, que não teve os resultados esperados e levou o inventor americano a abandonar a tentativa de cinema falado.

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Louis e Auguste Lumière

Louis Lumière, com a ajuda do irmão Auguste, realizou o primeiro aparelho simples e prático – ao mesmo tempo câmera e aparelho de projeção – que fazia a obtenção simples e prático – ao mesmo tempo câmera e aparelho de projeção – que fazia a obtenção e a visão das provas cronofotográficas.

Esse equipamento era capaz de registrar as vistas fotográficas em movimento e projetá-las numa tela, em condições de luminosidade, duração, qualidade e verdade que asseguravam o seu sucesso ao público.

Lumière encontrou, numa noite, a solução ao último problema ainda não resolvido, o ao último problema ainda não resolvido, o da passagem do filme com um movimento intermitente: um sistema inspirado no Pied- de-biche da máquina de costura e do tear de Jacquard.

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Referência

PELLEGRIN, Dejean Magno. A

invenção do cinema. Cinemin, nº PELLEGRIN, Dejean Magno. A

invenção do cinema. Cinemin, nº 58, p. 12-17, 1992.

Referências

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