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Zoneamento geoambiental aplicado ao ordenamento territorial do município de Maranguape CE

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Academic year: 2018

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

ÉDER GUEDES FREITAS

ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL APLICADO AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE MARANGUAPE - CE

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ÉDER GUEDES FREITAS

ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL APLICADO AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE MARANGUAPE - CE

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFC, como requisito para a obtenção do título de mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Área de Concentração: Desenvolvimento e Meio Ambiente. Linha de pesquisa: Proteção ambiental e gestão dos recursos naturais.

Orientadora: Profª. Drª. Vládia Pinto Vidal de Oliveira

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ÉDER GUEDES FREITAS

ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL APLICADO AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE MARANGUAPE - CE

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFC, como requisito para a obtenção do título de mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Área de Concentração: Desenvolvimento e Meio Ambiente. Linha de pesquisa: Proteção ambiental e gestão dos recursos naturais. Aprovada em 29/09/2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Professora Doutora Vládia Pinto Vidal de Oliveira (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

__________________________________________________ Professora Doutora Maria Elisa Zanella

Universidade Federal do Ceará - UFC

_________________________________________________ Professor Doutor Marcos José Nogueira de Souza

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Aos meus pais Maria Lúcia Guedes Freitas e Francisco de Sales Duarte Freitas por seu apoio, torcida e, nos momentos mais difíceis, apoio emocional, aos meus irmãos Elder Guedes de Freitas e Évila Guedes Freitas, cunhado e cunhada pela torcida. Apenas saibam que sem vocês esse trabalho não teria sentido algum.

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AGRADECIMENTOS

Não poderia começar os agradecimentos sem antes mencionar aqueles que, muito antes do início desta nova etapa, sempre estiveram ao meu lado: Minha família. Agradecer aos meus pais Francisco de Sales Duarte Freitas e Maria Lúcia Guedes Freitas pelo seu apoio emocional, torcida e amparo nos momentos angustiantes da caminhada acadêmica. Agradecer também aos meus irmãos Elder Guedes de Freitas e Évila Guedes Freitas pela compreensão e torcida nessa etapa do meu crescimento acadêmico.

Difícil seria também não mencionar meu avô Pedro Pinto de Freitas (in memoriam) meu maior incentivador, e de certa forma, mentor que me iniciou no pensamento científico e investigativo, tão essencial no processo de aprendizado.

Aos meus colegas de laboratório (LAPED – Laboratório de Pedologia, Análise Ambiental e Desertificação), pelo companheirismo, ajuda e pelas conversas científicas (ou não) que em muito ajudaram no decorrer desta etapa, saibam vocês que sem essa presença e suporte essa pesquisa não teria sido completada!

À Professora Dra. Vládia Pinto Vidal de Oliveira por, mais uma vez, aceitar esse desafio e por sua colaboração direta na realização deste trabalho.

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

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RESUMO

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perspectiva o presente trabalho, busca definir áreas de melhor aproveitamento, levando em consideração as condicionantes naturais de cada unidade de paisagem do município de Maranguape. A presente pesquisa tomou como embasamento teórico a visão sistêmica, sobretudo, os conceitos de Geossistema de Bertrand (1968), da Ecodinâmica de Tricart (1977) e os conceitos de sistemas ambientais apresentados por Ross (2009). A base metodológica do presente trabalho tomou como referencial as ideias de Santos (2004) e Rodriguez e Silva (2013) acerca do processo e dos elementos essenciais no processo de zoneamento ambiental de uma área tomando como método avaliativo o trabalho de Crepani et. al. (2001) com as devidas adaptações, buscando adequá-la as características ambientais diferenciadas da área em questão. Após análise dos resultados, chegou-se às seguintes conclusões: maior parte da área apresenta baixo grau de vulnerabilidade, sendo condicionado, pelas baixas declividades e pelas condições pedológicas da área. Os ambientes de moderada vulnerabilidade predominam nos setores de relevo mais ondulado e com solos menos desenvolvidos e profundos. De outro lado, os ambientes classificados como de vulnerabilidade muito baixa e alta, ficam restritas à pequenas áreas do território municipal. As áreas de alta vulnerabilidade, ficam restritas aos setores serranos, sendo a declividade e os solos os principais responsáveis pelos valores de vulnerabilidade encontrados. Por outro lado, as áreas de vulnerabilidade muito baixa, ficam restritas às áreas de relevo plano e solos mais desenvolvidos. Cada zona (nomeadas Z1, Z2, Z3 e Z4, respectivamente) foi delimitada levando em consideração o grau de vulnerabilidade de seus ambientes, assim quanto maior o grau de vulnerabilidade, maiores as limitações ao uso, e por consequência, quanto menor o grau de vulnerabilidade, menores as limitações ao uso.

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ABSTRACT

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define areas of better use, taking into account the natural constraints of each landscape unit in the municipality of Maranguape. The present study took as a theoretical basis the systemic view, above all, the concepts of Bertrand's Geosystem (1968), the Ecodynamics of Tricart (1977) and the concepts of environmental systems presented by Ross (2009). The methodological basis of the present work took as a reference the ideas of Santos (2004) and Rodriguez e Silva (2013) about the process and the essential elements in the process of environmental zoning of an area using as an evaluation method the work of Crepani et. Al. (2001) with the appropriate adaptations, seeking to adapt it to the different environmental characteristics of the area in question. After analyzing the results, most of the area presents the degree of vulnerability, if the conditioning, the low slopes and the pedological conditions of the area. Moderate vulnerability environments predominate in the more undulating relief areas with less developed and deeper soils. On the other hand, environments classified as very low and high vulnerability are restricted in small areas of the municipal territory. As areas of high vulnerability, they are restricted to the saws sectors, being a slope and the soils of the main ones responsible for the values of vulnerability found. On the other hand, as areas of very low vulnerability, they are restricted to areas of flat relief and more developed soils. Each zone (named Z1, Z2, Z3 and Z4, respectively) was delimited taking into account the degree of vulnerability of their environments, as well as greater or degree of vulnerability, greater as limitations to the use, and consequently, the lower the degree of vulnerability. Vulnerability, minor as limitations on use.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da área de estudo... 17

Figura 2 - Etapas de realização do trabalho... 30

Figura 3 - Escala de vulnerabilidade para o tema geologia... 33

Figura 4 - Valores de vulnerabilidade para a intensidade de dissecação... 34

Figura 5 - Valores de vulnerabilidade para amplitude altimétrica... 34

Figura 6 - Valores de vulnerabilidade para o parâmetro declividade... 35

Figura 7 - Estação Ferroviária de Maranguape... 48

Figura 8 - Solar da Família Sombra... 50

Figura 9 - Solar Bonifácio Câmara (ao fundo) e casario com azulejos portugueses... 52

Figura 10 - Inauguração da Cooperativa Agrícola Mista de Maranguape, 1964... 53

Figura 11 - Inauguração do Balneário e Hotel Pirapora Palace... 54

Figura 12 - Antigo Balneário Pirapora... 55

Figura 13 - Expansão da malha urbana de Maranguape, entre o início do século XVIII e meados dos anos 1980... 55

Figura 14 - Domínios geológicos do Estado do Ceará... 64

Figura 15 - Planície do Rio São Gonçalo, no distrito de Itapebussu... 67

Figura 16 - Planície do rio Maranguapinho... 69

Figura 17 - Visão parcial de trecho da Depressão Sertaneja Maranguapense... 71

Figura 18 - Pedimentos dissecados em colinas, ao fundo Maciço da Aratanha... 71

Figura 19 - Vista da vertente sotavento do maciço de Baturité... 73

Figura 20 - Crista Assimétrica vista do distrito de Itapebussu... 74

Figura 21 - Aparência da vegetação de caatinga durante a estação seca, com predomínio do estrato arbustivo-herbáceo, distrito de Penedo... 89

Figura 22 - Vegetação de caatinga em área de intensa atividade antrópica, distrito de Amanari... 89

(12)

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Geologia... 68

Mapa 2 - Geomorfologia... 75

Mapa 3 - Bacias Hidrográficas... 83

Mapa 4 - Solos... 87

Mapa 5 - Unidades Vegetacionais... 90

Mapa 6 - Grau De Fragilidade Do Município De Maranguape... 101

Mapa 7 - Sistemas Ambientais De Maranguape... 103

(13)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Crescimento e distribuição populacional de Maranguape – CE... 55

Gráfico 2 - Percentual da população rural e urbana do Município de Maranguape entre os anos 1970 e 2010... 59

Gráfico 3 - Produto Interno Bruto (PIB) Maranguapense entre os anos de 2000 e 2012... 60

Gráfico 4 - Estrato do balanço hídrico de Maranguape (sede municipal)... 79

Gráfico 5 - Balanço hídrico para o município de Maranguape (sede municipal)... 79

Gráfico 6 - Estrato do balanço hídrico de Umarizeiras... 80

Gráfico 7 - Balanço hídrico para o distrito de Umarizeiras... 80

Gráfico 8 - Estrato do balanço hídrico de Lagoa do Juvenal... 81

(14)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Escala de valores de vulnerabilidade. ... 36

Tabela 2 - Classes de estabilidade para o indicador intensidade pluviométrica... 38

Tabela 3 - Valores de estabilidade para o indicador precipitação... 38

Tabela 4 - Classes de relevo e valores de estabilidade/instabilidade... 40

Tabela 5 - Classes de estabilidade para o indicador solo... 41

Tabela 6 - Escala de vulnerabilidade para o indicador vegetação... 42

Tabela 7 - Produtividade da pecuária entre os anos 2004 e 2012... 61

Tabela 8 - Número de empregos formais, por setor... 62

Tabela 9 - Distribuição temporo-espacial das precipitações para o município de Maranguape (em azul os meses mais chuvosos, em vermelho os menos chuvosos)... 77

Tabela 10 - Temperatura média mensal dos distritos e da sede municipal... 78

(15)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Localização das estações pluviométricas selecionadas... 44

Quadro 2 - Distribuição dos solos na paisagem maranguapense... 86

Quadro 3 - Síntese da caracterização ambiental das áreas de planícies fluviais de Maranguape... 97

Quadro 4 - Síntese da caracterização ambiental das áreas de Depressão de Maranguape... 98

Quadro 5 - Síntese da caracterização ambiental das áreas de Maciços residuais de Maranguape... 100

Quadro 6 - Ecodinâmica e ordenamento territorial em áreas de planície... 110

Quadro 7 - Ecodinâmica e ordenamento territorial em áreas de maciços... 112

(16)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO... 21

2.1 Referencial Teórico... 21

2.1.1 Teoria Geral dos Sistemas e Geossistemas... 21

2.1.2 Planejamento Ambiental: conceitos, aplicabilidade e instrumentos... 23

2.2 Procedimentos metodológicos... 29

2.2.1 Análise e critérios de escolha dos indicadores ambientais... 32

2.2.1.1 Indicadores Geológicos... 37

2.2.1.2 Indicadores Climatológicos... 37

2.2.1.3 Indicadores Geomorfológicos... 39

2.2.1.4 Indicadores Pedológicos... 40

2.2.1.5 Indicadores Vegetacionais... 42

2.2.2 Elaboração do material temático preliminar... 43

2.2.3 Delimitação dos Sistemas Ambientais... 44

2.2.4 Trabalho de campo... 45

3 HISTÓRIA, ECONOMIA E FORMAÇÃO TERRITORIAL DE MARANGUAPE... 46

3.1 Maranguape: breve apresentação histórica... 46

3.2 Formação territorial... 57

3.3 Economia municipal... 58

4 MARANGUAPE: ASPECTOS AMBIENTAIS... 64

4.1 Contexto Geológico-geomorfológico... 64

4.2 Condições hidro climáticas... 76

4.3 Condições fito pedológicas... 84

4.4 Uso e ocupação... 92

5 COMPARTIMENTAÇÃO GEOAMBIENTAL... 95

5.1 Planícies Fluviais... 95

5.2 Depressão Sertaneja... 96

5.3 Maciços Residuais... 99

(17)

6.1 Zoneamento Geoambiental de Maranguape... 109

7 CONCLUSÃO... 116

REFERÊNCIAS... 118

ANEXO A - LAVOURA PERMANENTE, PRODUÇÃO ANUAL

PARA O PERÍODO 2004-2013... 122

ANEXO B - LAVOURA TEMPORÁRIA, PRODUÇÃO ANUAL

PARA O PERÍODO 2004-2013... 123

ANEXO C - EXTRAÇÃO VEGETAL E SILVICULTURA,

(18)

1 INTRODUÇÃO

A relação existente entre sociedade e natureza sempre foi marcada por um distanciamento entre as duas esferas que compõem o meio (homem e meio). A visão de uma natureza indócil e externa à sociedade marcou profundamente a forma de uso e apropriação dos recursos naturais, levando o meio a uma situação de intenso estresse e esgotamento de recursos.

“Os humanos, com suas inserções tecnológicas e apropriações dos recursos

ecológicos, modificam o funcionamento do ecossistema, sendo agentes decisivos da Ecodinâmica” (ROSS, 2009, p.44). Porém, muitas vezes esse processo de apropriação antrópica dos recursos naturais, modificam a dinâmica energética dentro do sistema causando o desgaste ou a destruição desses.

O objetivo geral desse entendimento integrativo – sociedade e natureza – consiste em obter um conjunto de informações, elaborado e organizado de forma que se consubstancie em um conteúdo básico, com o qual seja possível desenvolver um planejamento e gestão ambiental para um determinado espaço territorial diretamente atingido, com a finalidade de conservar, preservar e recuperar a natureza e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento econômico e social em bases sustentáveis (ROSS, op. cit., p.58).

Com o desenvolvimento da economia, aquela natureza outrora externa à sociedade e como elemento a ser dominado, passou a ser encarado como insumo, como elemento inesgotável a ser explorado para o crescimento econômico das regiões sendo o mesmo exaustivamente explorado sem qualquer preocupação conservacionista.

Paulatinamente, o crescimento econômico impôs a natureza sua dinâmica, incompatível com a dinâmica natural dos sistemas ambientais, levando ao depauperamento dos recursos naturais e a quadros de degradação ambiental, tendo inclusive impactos significativos do ponto de vista social e econômico.

(19)

Contudo, só bem recentemente, ocorreria uma mudança paradigmática em relação ao meio ambiente. Este que até então era visto, muitas vezes, como um entrave ao desenvolvimento econômico passou a ser incorporado aos discursos de desenvolvimento. É somente a partir da primeira metade da década de 1970 que o tema MEIO AMBIENTE começa a ganhar visibilidade no cenário econômico e social, tendo sido a obra de Rachel Carson (A primavera silenciosa - Silent Spring, 1962) o marco inicial da preocupação ambiental.

Sua obra chamou a atenção para a questão ambiental, até então relegada a segundo plano, culminando na primeira conferência mundial sobre meio ambiente em 1972, sediada em Estocolmo – Suécia, despertando a opinião popular para um tema, até então subestimado. De lá pra cá muito se produziu e se descobriu em relação à dinâmica ambiental, porém a racionalidade econômica permanece inalterada. Essa relação de (super) exploração dos recursos naturais, longe de ser um fato novo na história da humanidade, ainda se faz presente nos dias de hoje, com outros padrões e novas formas de apropriação dos recursos.

O município de Maranguape, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no estado do Ceará, tem área de 590,873 km2 (IBGE, 2010) e uma população de 113.561 habitantes, apresentando uma densidade populacional de 192,2 habitantes por km². Faz limite com os municípios de Maracanaú e Caucaia, ao norte, Pentecoste e Caridade, à oeste, ao sul com os município de Palmácia, Caridade e Guaiúba, e à leste com Maracanaú e Pacatuba (Figura 1).

O município teve sua ocupação relacionada diretamente às suas condicionantes ambientais. Inicialmente com a exploração de, supostas, fontes de recursos minerais (prata), passando à agricultura, pecuária e, posteriormente, ao turismo, o município foi tendo sua paisagem alterada conforme o grau de desenvolvimento técnico experimentado.

(20)

Figura 1 - Localização da área de estudo

Fonte: Organização do autor.

Com o advento do café, Maranguape ganha projeção no cenário econômico nacional, sendo os terrenos serranos o grande celeiro da produção cafeeira e fruticultureira. O café dominou o cenário econômico local de meados do século XVII até os anos 1920, período no qual há queda significativa na produção do grão no estado do Ceará (MARQUES, op. cit.). Com a queda do café outras formas de utilização econômica do espaço serrano vão se desenvolvendo é o início da exploração turística e construção de sítios na área serrana do município. Essa atividade gerou grandes impactos na região, dos quais podemos destacar o deslizamento de terra ocorrido no ano de 1974, decorrente da utilização dos solos serranos para a prática da bananicultura, além do barramento dos cursos d'água para utilização privada por parte dos hotéis ai instalados (LIMA, 2009).

(21)

Enquanto a cidade (localizada no distrito sede) passou por diversos ciclos econômicos e transformações paisagísticas, os demais distritos que compõem o território municipal tiveram sua economia fortemente ligada ao binômio, agricultura de subsistência e pecuária, imprimindo na paisagem as marcas do seu desenvolvimento.

A exploração do potencial natural de uma dada região é um elemento fundamental no desenvolvimento econômico da área. Porém, já não se pode mais falar em um processo de uso dos recursos naturais visando apenas o crescimento econômico, pautado em uma visão de recursos infinitos e ignorando completamente os impactos diretos, e indiretos, da apropriação desordenada dos recursos naturais. Uma visão pautada na suposta superioridade humana em relação ao meio, uma visão utilitarista do meio. Faz-se necessária uma nova forma de se relacionar com o meio ambiente, uma forma integrada que englobe os diversos elementos que fazem parte do espaço físico – o ambiental, o social e o biológico.

A antiga visão de desenvolvimento, pautada exclusivamente no crescimento econômico, já não mais encontra espaço na atual conjuntura social, econômica e, principalmente, ambiental, sendo necessária uma nova forma de relação com o meio que leve em consideração os três elementos de forma integrada. Assim, a análise da paisagem, sua dinâmica e processos inerentes se faz elemento de primordial importância no processo de uso e ocupação de um território.

Considerando a importância do meio para a manutenção e promoção da qualidade de vida das populações, bem como do crescimento econômico municipal, este trabalho busca a compatibilização entre ECONOMIA – SOCIEDADE – NATUREZA, tratando os três elementos de forma integrada e buscando propor uma forma de apropriação do território municipal em bases ambientais.

(22)

Dessa forma, o presente trabalho, tem como objetivo central:

• Delimitar e analisar as unidades geoambientais do município de Maranguape – CE, correlacionando os usos e seus impactos sobre o meio ambiente e propor alternativas ambientalmente viáveis para o desenvolvimento econômico local.

Para atingir o objetivo, acima exposto, faz-se necessária a realização das seguintes etapas:

• Delimitar as unidades geoambientais do município de Maranguape – CE;

• Identificar as formas de uso e ocupação do solo e seus impactos sobre o meio ambiente;

• Realizar o zoneamento geoambiental, visando definir unidades de uso compatíveis com as fragilidades/potencialidades ambientais.

A definição de zonas, baseados na capacidade de sustentação do meio, visa compatibilizar exploração dos recursos naturais e conservação/preservação do meio. Cada unidade espacialmente delimitada apresenta dinâmicas, bem como características ambientais, bastante diferenciadas entre si, exigindo um conjunto de ações diferenciadas para a manutenção de sua qualidade.

Reconhecer as potencialidades e as limitações de cada unidade distinta de paisagem permite, ao planejador, o melhor aproveitamento dos recursos naturais e a garantia da manutenção da qualidade ambiental, permite ainda que haja a exploração econômica do território de forma sustentável, garantindo assim, a preservação do ambiente para as futuras gerações. Assim partindo desta perspectiva o presente trabalho, busca definir áreas de melhor aproveitamento, levando em consideração as condicionantes naturais de cada unidade de paisagem do município de Maranguape.

A presente pesquisa se encontra organizada em 07 (sete) capítulos independentes. O capítulo inicial apresentou um quadro geral da problemática e uma caracterização sumária do processo de ocupação do território na área de estudo, discutindo a importância do planejamento ambiental no ordenamento territorial.

(23)

Geossistema de Bertrand (1968), da Ecodinâmica de Tricart (1977) e os conceitos de sistemas ambientais apresentados por Ross (2009), se fizeram essenciais à realização da presente pesquisa.

Como base metodológica, tomaram-se como referenciais as ideias de Santos (2004) e Rodriguez e Silva (2013), acerca do processo e os elementos essenciais no processo de zoneamento ambiental, sendo adotado como método avaliativo o trabalho de Crepani et. al. (2001), adaptado às condições ambientais da área de estudo.

No terceiro capítulo são apresentado um quadro resumido do processo de ocupação, formação territorial e economia do município de Maranguape, dando uma ideia geral da importância do processo de zoneamento geoambiental para o ordenamento territorial do município, buscando conciliar as formas de uso e ocupação com as limitações ambientais de cada unidade territorial.

O quarto capítulo, serão apresentadas as características ambientais da área de estudo. Neste capítulo, serão apresentados, de forma sucinta, as características ambientais e sua representação cartográfica.

No capítulo cinco serão apresentadas as unidades geoambientais do Município de Maranguape, sua caracterização e representação cartográfica. A delimitação das unidades geoambientais e o reconhecimento de suas limitações é passo essencial no processo de zoneamento do município, pois é a partir desse conhecimento que se poderá avaliar, qualitativamente, as potencialidades de cada unidade paisagística e suas adequações ao uso e ocupação, servindo dessa forma de subsídio ao processo de ordenamento territorial municipal. O capítulo sexto, apresenta o zoneamento geoambiental do município de Maranguape. Nele são discutidos os potenciais e limitações de cada área ao uso e ocupação, sendo esta etapa a síntese das análises desenvolvidas ao longo desta pesquisa.

(24)

2 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO

2.1 Referencial teórico

2.1.1 Teoria Geral dos Sistemas e Geossistemas

A presente pesquisa tomou como embasamento teórico a visão sistêmica, sobretudo, os conceitos de Geossistema de Bertrand (1968), da Ecodinâmica de Tricart (1977) e os conceitos de sistemas ambientais apresentados por Ross (2009). A base metodológica do presente trabalho tomou como referencial as ideias de Santos (2004) e Rodriguez e Silva (2013) acerca do processo e dos elementos essenciais no processo de zoneamento ambiental de uma área tomando como método avaliativo o trabalho de Crepani et. al. (2001) com as devidas adaptações, buscando adequá-la as características ambientais diferenciadas da área em questão.

A Teoria Geral dos Sistemas surge em meados da década de 1930, sendo, posteriormente, adaptada para os estudos ambientais buscando dar uma noção mais sistêmica e holística aos elementos que constituem a paisagem. Para Rodriguez e Silva (2013, p. 22-23), essa abordagem tem tido papel importante na descoberta e construção do mundo multidimensional, se tornando uma ferramenta necessária e produtiva para o estudo de fenômenos complexos, como é a natureza.

Segundo os mesmos autores, a teoria desenvolvida por Von Bertallanffy, constitui a base metodológica do que hoje é o pensamento sistêmico. Para eles

... ao estudar um objeto a partir de uma posição sistêmica devem ser analisados os seguintes aspectos: identificar as interações que conectam os vários componentes de cada sistema, estabelecer a organização interna, analisar os processos que realizam os objetos, estudar as regras funcionamento e desenvolvimento, identificar as trocas com o meio ambiente, estabelecer a durabilidade e a identidade do objeto, analisar a capacidade do objeto variar por si mesmo e de se adaptar, identificar alternativas do objeto se transformar, eventualmente, as suas formas de desorganização e desaparecimento (RODRIGUEZ; SILVA, 2013, p.28).

Segundo Nunes et. al.(2006, p. 123), o enfoque sistêmico “... trabalha com a idéia

de sistemas complexos, a partir das trocas de energia e matéria, abandona a visão fragmentada,

(25)

percepção sistêmica surge, em meados da década de 1960, o conceito de Geossistema, criado por V. B. Sotchava. Na visão deste estudioso, a constituição da paisagem se baseava na interconexão dos fluxos de matéria e energia dentro dos sistemas, entre os elementos bióticos e abióticos do meio.

Bertrand (1968), diferentemente de Sotchava, considera o Geossistema como resultante da combinação dialética e dinâmica dos elementos bióticos, abióticos e sociais. Para este autor o geossistema é

[...] uma categoria espacial, de componentes relativamente homogêneos, cuja estrutura e dinâmica resultam da interação entre o potencial ecológico: processos geológicos, climatológicos, geomorfológicos e pedológicos (a mesma evolução); a exploração biológica: o potencial biótico (da flora e da fauna naturais) e a ação antrópica: sistemas de exploração socioeconômicos. [...] o geossistema é uma categoria de sistemas territoriais regido por leis naturais, modificados ou não pelas ações antrópicas (PISSINATI; ARCHELA, 2009. p.7-8).

Bertrand faz ainda algumas observações acerca da metodologia de estudo da paisagem, segundo este a delimitação da área de uma determinada paisagem não deve ser o fim específico da pesquisa, mas sim o ponto inicial de pesquisa da gênese e evolução da paisagem sendo delimitadas através das descontinuidades observadas. O recorte espacial ou delimitação da ocorrência de uma paisagem deve levar em consideração as combinações e as relações entre os elementos, assim como os fenômenos. O sistema taxonômico proposto permite classificar os fenômenos conforme a escala temporo-espacial dos mesmos, permitindo situá-la na perspectiva do tempo e do espaço. Assim o autor criou 6 unidades taxonômicas, sendo destas 3 unidades superiores e 3 unidades inferiores.

(26)

Em 1977, Tricart propôs uma classificação das paisagens em unidades de

paisagem, levando em consideração, para tal a dinâmica destas unidades. Para este autor “... o

componente mais importante da dinâmica da superfície da terra é o morfogênico que produz instabilidade e é um fator limitante muito importante no desenvolvimento dos seres vivos”

(SOUZA; OLIVEIRA, 2011, p. 53). O autor dividiu-as em três unidades: Os meios estáveis, os meios instáveis e os meios intergrade.

Nos meios estáveis predominam uma dissecação moderada do relevo, com grande predominância dos processos pedogenéticos sobre os morfogenéticos, proporcionando o desenvolvimento de solos maduros e a instalação de cobertura vegetal suficientemente densa. Os meios instáveis, por sua vez apresentam severa dissecação do relevo com favorecimento aos processos morfogenéticos em detrimento dos pedogenéticos. Ocorre predomínio de solos pouco desenvolvidos e maduros e cobertura vegetal ausente ou aberta.

E por fim, os meios intergrades que apresentam características de transição entre os meios instáveis e estáveis, marcando uma passagem gradual entre eles.

Admite que a caracterização desses meios depende da interferência permanente da morfogênese exercendo-se de maneira concorrente sobre um mesmo espaço. Assim, o balanço pode favorecer uma ou outra: predominando a pedogênese passa-se aos meios estáveis, preponderando a morfogênese os meios tendem à instabilidade (SOUZA; OLIVEIRA, 2011, p.55).

2.1.2 Planejamento Ambiental: conceitos, aplicabilidade e instrumentos.

O planejamento, enquanto técnica de ordenamento e uso racional do espaço é algo que faz parte da história da humanidade desde longa data e esteve presente em todas as culturas ao longo do tempo e do espaço. Organizar o uso, a forma de ocupação de modo a melhor aproveitar o espaço sempre foi uma preocupação do homem e pode ser visto na forma como se dispõem ou se organizam as cidades, tomando como elemento limitador, características ambientais como norteador do processo de planejamento.

(27)

variados para se chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos (SANTOS, 2004).

Independente do adjetivo que se dê ao planejamento, o mesmo, parte dos seguintes pressupostos: conhecer as potencialidade e limitações do ambiente, organizar as atividades produtivas de forma compatível com dado ambiente e maximizar a produção.

Dentro do atual contexto de preocupação ambiental “... é absolutamente necessário que as

intervenções humanas sejam planejadas com objetivos claros de ordenamento territorial, tomando-se como premissas a potencialidade dos recursos naturais e humanos e as

fragilidades dos ambientes naturais” (ROSS, 2009, p. 53).

Já não se pode mais pensar a sociedade como isolada do ambiente em seu entorno, suas ações a muito se fazem sentir, tanto na degradação ambiental – tão noticiado na mídia – como na economia e saúde da população afetada. Por isso, faz-se necessária a compreensão holística dos elementos que estruturam a paisagem, dentre eles o homem e suas relações sociais e econômicas e a forma com que este interage com o meio ambiente que o circunda.

Para ROSS (op. cit.), o objetivo de se pensar a relação sociedade – natureza de forma integrativa e complexa consiste em formar um conjunto de informações que tornem possível se pensar em um planejamento e gestão ambiental territorial, objetivando a conservação preservação e recuperação dos espaços naturais buscando, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento social e econômico.

Conforme Crepani et. al. (2001), o tipo de atividade desenvolvida em determinada unidade de paisagem, pode representar tanto sua destruição, como uma atividade econômica rentável, dependendo do grau de vulnerabilidade dos ambientes à ocupação antrópica e as práticas conservacionistas utilizadas. “Isto parece mostrar que a escolha entre um desastre ecológico ou o desenvolvimento sustentado, passa pelo conhecimento da natureza da interação existente entre as unidades de paisagem natural e os polígonos de intervenção antrópica”. (p. 17)

De acordo com Rodriguez e Silva (2013), o planejamento tem por objetivo central regular atividades de indivíduos ou grupos, de modo a minimizarem-se os seus efeitos

negativos sobre o meio e/ou sociedade. Ele consiste na “funcionalização” do espaço,

(28)

se dá de forma complexa e integrada, e, deve ainda, envolver no conjunto dessas componentes a variável socioeconômica.

Segundo Santos (2004) o planejamento ambiental tem suas bases na compreensão da interação e integração dos sistemas que compõem o ambiente, tendo como papel central o estabelecimento de relações entre os SISTEMAS ECOLÓGICOS e os processos da SOCIEDADE de forma a mantar a máxima integridade de ambos. Assim, esse processo consiste

na adequação de ações à potencialidade, vocação local e à sua capacidade de suporte, buscando o desenvolvimento harmônico da região e a manutenção da qualidade do ambiente físico, biológico e social. Deve prever e indicar mudanças no uso da terra e na exploração de fontes aceitáveis para as comunidades locais e regionais, ao mesmo tempo em que contemple medidas de proteção aos ecossistemas com pouca interferência humana. Trabalha, enfaticamente, sob a lógica da potencialidade e fragilidade do meio, definindo-se e especializando ocupações, ações e atividades, de acordo com essas características (SANTOS, op. cit. p. 28).

Santos (2004) destaca pelo menos 03 (três) fases gerais do processo de planejamento: uma primeira onde é realizada o levantamento e formulação de um banco de dados, que consiste na organização e sistematização dos dados; uma segunda etapa onde é realizado o inventario e diagnóstico da área, que para a autora representa o caminho para se compreender as potencialidades e limitações da área de estudo e do processo de uso e ocupação do território, que definem retratos, espacialidades no território resultantes das relações que ocorrem entre o meio e a sociedade. É nesta etapa onde se reconhecem as principais características e dinâmica da região em questão.

E por fim a avaliação dos diferentes resultados, de forma a escolher aquela que

melhor se adeque a realidade local, aos objetivos e as metas. Nessa etapa a “intensão é

identificar o conjunto de alternativas mais compatíveis entre si, selecionar as melhores para a

solução da maior parte dos conflitos e excluir aquelas que contrariem as outras” (idem).

(29)

suas características, potencialidade e limitações de forma a minimizar efeitos negativos e potencializar efeitos benéficos e manter a integridade dos sistemas ambientais.

Para Ross (op. cit. p. 45)

do ponto de vista da utilização racional dos recursos ecológicos, interessa antes de tudo entender as interações e relações dos fluxos de energia e matéria entre os diversos componentes da natureza, incluindo as intervenções das sociedades humanas, na perspectiva de que os seres humanos também fazem parte dos ecossistemas. Assim, é fundamental o entendimento da dinâmica presente e passada de cada um dos ambientes identificados na superfície terrestre, partindo-se daquilo que é mais facilmente perceptível, que são suas formas ou fisionomias, para entender a seguir suas estruturas (estático) e suas funcionalidades (dinâmica) e, por último, suas suscetibilidades diante das atuais e futuras intervenções humanas.

Tal visão é igualmente destacada por Rodriguez, Silva (op. cit.) e Manosso (2009,

p. 83) para quem o diagnóstico da paisagem permite a criação de “mecanismos hábeis para

subsidiar o planejamento e as ações dos sistemas socioeconômicos que exploram o potencial

ecológico das paisagens”. Assim, o conhecimento da dinâmica e das características dos

elementos componentes da paisagem e dos elementos socioeconômicos é fundamental no processo de planejamento ambiental de dada área, permitindo a implementação de atividades compatíveis com as potencialidades ambientais de cada paisagem (RODRIGUEZ; SILVA, 2013).

As unidades de paisagem apresentam diferentes graus de interação aos estímulos externos, bem como seus componentes (formas de relevo, solos, vegetação etc.), apresentam diferentes escalas de ajustamento frente às modificações aplicadas, sejam elas de origem natural ou antrópica, até alcançar um novo ponto de equilíbrio – algo que pode demorar de centenas a milhares de anos. As atividades antrópicas “... introduzem novas forças que podem alterar, em escala variável, as condições de equilíbrio do sistema representado pela unidade de paisagem natural. A agricultura, a pecuária, a silvicultura, a mineração e as obras de engenharia civil são exemplos de atividades que, em maior ou menor escala, introduzem estímulos externos ao sistema”. (CREPANI, et. al. 2001, p. 16).

Essencialmente, o processo de planejamento ambiental requer uma visão “...

(30)

complexas e sistêmicas entre os componentes ambientais e socioeconômicos e estão sujeitas a uma complexa rede de cadeias de causa-efeito, que é submetida à retroalimentação.

Para Ross (2009, p.59), os sistemas ambientais constituem espaços territoriais que apresentam certa “homogeneidade fisionômica”, sendo reflexo dos fluxos de matéria e

energia que compõem o meio e das atividades socioeconômicas ao longo do tempo. Essa unidade homogênea é passível de ser delimitada pelas características mais perceptíveis à visão humana: o relevo e a vegetação.

Segundo Rodriguez; Silva (2013) os sistemas ambientais tem uma dimensão histórica, sendo representações de um longo processo de evolução que reflete as características genéticas do passado. Ainda para estes autores, a evolução desses sistemas, não ocorre de forma aleatória, mas segue determinadas leis que permitem estabelecer a dinâmica do sistema, podendo ser caracterizado por uma sequência de estados de equilíbrio e desequilíbrio e pela sucessão de diversos ciclos de transformação, auto-organização, dissipação, e novamente auto-organização.

A noção de equilíbrio, no contexto dos sistemas ambientais é mais um “pêndulo”

que propriamente um balanço, a estabilidade dos sistemas ambientais pode ser tomada como a resiliência, ou a capacidade de resistir a mudanças, do sistema. Dessa forma, não se pode falar em sistemas permanentemente estáveis, mas sim em sistemas em estados estacionários resultantes da entropia produzida no sistema e da capacidade intrínseca do mesmo no controle das flutuações impostas por fluxos externos (RODRIGUEZ, SILVA, op. cit.).

Um dos instrumentos utilizados no processo de planejamento ambiental é o Zoneamento. Segundo Santos (2004, p.132) o Zoneamento

é a compartimentação de uma região em porções territoriais, obtida pela avaliação dos atributos mais relevantes e de suas dinâmicas. Cada compartimento é apresentado como uma “área homogênea”, ou seja, uma zona delimitada no espaço, com estrutura e funcionamento uniforme. Cada unidade tem, assim, alto grau de associação dentro de si, com variáveis solidamente ligadas, mas significativa diferença entre ela e os outros compartimentos. Isso pressupõe que o zoneamento faz uma análise por agrupamentos possíveis de ser desenhados no eixo horizontal do território e numa escala definida.

(31)

delimitadas vertical e horizontalmente. Sua delimitação é realizada pelo agrupamento de variáveis que apresentem alto grau de associação, diferindo de outras unidades em termos de função ou estado.

Os já referidos autores destacam que o desenho da unidade do zoneamento ambiental deve considerar o nível de organização hierárquica da natureza e representar as interações entre seus elementos. Concordando com estes autores Sánchez e Silva (1995 citado por SILVA; SANTOS, 2004) afirmam que o ato de zonear, compreende ao conceito geográfico de regionalização, que em outras palavras, significa desagregar o espaço em zonas ou áreas que delimitam algum tipo de especificidade ou aspectos comuns em áreas com relativa homogeneidade interna.

Santos (2004), afirma que apesar de ser um conceito enormemente conhecido por planejadores e reconhecida como linha mestra do processo de planejamento, o mesmo é utilizado dentro das mais diferentes perspectivas, muitas vezes conflitantes entre si ou discordantes com o apelido que carregam. Além disso, critica a autora, o zoneamento é “... concebido a partir de modelos estruturados de forma subjetiva, pois os procedimentos que o geraram raramente são bem descritos e parecem carecer de critérios científicos. Por essa razão, alguns equívocos sérios são encontrados” (SANTOS, op. cit., p. 148).

Para Montaño et. al. (2007) o zoneamento, em especial o ambiental, apresenta como principal qualidade a inserção de variáveis ambientais em diferentes momentos do processo de planejamento, indo desde a formulação de estratégias de desenvolvimento até a decisão sobre a utilização de um dado sítio para a implantação de uma determinada atividade. Para Santos (op. cit.) o zoneamento é antes de tudo, um trabalho interdisciplinar predominantemente qualitativo, mas que se utiliza de abordagens quantitativas, dentro dos enfoques analítico e sistêmico, para a delimitação das zonas. Sua função principal é delimitar zonas ou unidades espaciais de relativa homogeneidade fisionômica, passíveis de serem cartografadas no espaço e na escala adotada.

Esse instrumento faz uso da abordagem analítica e setorial, como fundamento básico para o reconhecimento e delimitação das unidades homogêneas, através da realização do inventário e análise setorial de cada elemento componente da paisagem, e holística e sistêmica, resultando na combinação e síntese dos parâmetros socioambientais levantados.

(32)

geoambientais e a sua dinâmica sócio espacial, adotando como viés orientados a compartimentação geoambiental.

Ainda segundo os autores, a abordagem geoambiental e a delimitação dos sistemas ambientais possibilitam a análise integrada das condições ambientais, de modo a indicar alternativas sustentáveis ou que menos tragam impactos negativos ao meio ambiente. Sendo, portanto, possível indicar as potencialidades e limitações de cada ambiente para melhor avaliar a vocação e a capacidade de suporte ao uso e ocupação do território.

Diversos autores trabalham com o zoneamento geoambiental no Brasil, dentre os quais destacamos, Souza (2000), que realizou a delimitação das unidades geoambientais do estado do Ceará, tomando como base os conceitos de Geossistema de Bertrand e da Ecodinâmica de Tricart, Albuquerque et. Al. (2013) que realizaram a compartimentação geoambiental do município de Horizonte – CE, avaliando a vulnerabilidade dos ambientes para o uso e ordenamento territorial, Crispim e Souza (2010) que delimitaram as unidades geoambientais da bacia hidrográfica do rio Pacoti, localizado na Região metropolitana de Fortaleza e analisaram a ecodinâmica destes ambientes, Teixeira (2016) que se utilizando dos conceitos da Geoecologia das paisagens, realizou o zoneamento geoambiental da Sub-bacia hidrográfica do Rio Mandu, no estado de Minas Gerais, dentre outros.

Para Albuquerque, et. al. (2013, p.60)

a compartimentação geoambiental possibilita a análise integrada das condições ambientais, indicando alternativas sustentáveis e/ou que se aproximem desse conceito a partir dos princípios de suas potencialidades e limitações, prevendo, consequentemente, os cenários tendenciais e desejáveis.

2.2 Procedimentos metodológicos

(33)

Figura 2 - Etapas de realização do trabalho

Fonte: Autor

Na primeira etapa, designada etapa Diagnóstico, são realizadas três atividades distintas, num primeiro momento é realizada a análise e coleta de dados, referentes aos parâmetros ambientais e socioeconômicos, a fim de extrair maior quantidade de informações que for possível e pertinente, para a efetiva realização do trabalho. De posse dos dados é realizado um pré-processamento de forma a obter cartas, mapas, gráficos e outros materiais visuais que melhor representem os atributos do ambiente, bem como aqueles de ordem social e econômica. Após realização do levantamento e pré-processamento de dados, primários e secundários, é iniciado o procedimento de determinação dos indicadores, são esses indicadores que irão indicar a potencialidade/fragilidade das diferentes unidades geossistêmicas da área de estudo em questão.

A segunda etapa, designada etapa Síntese, é destinada a análise integrada dos dados pré-processados, de forma a transformá-los em informações pertinentes ao processo de trabalho. É também nesta etapa que serão produzidos os materiais geocartográficos básicos que nortearão as atividades de campo, sendo estes importantes instrumentos para a

Esboço metodológico do processo de zoneamento geoambiental

Diagnóstico

Revisão

bibliográfica Seleção dos indicadores

Geologia

Geomorfologia

Clima e recursos Hídricos

Solos

Vegetação

Uso e Ocupação

Análise dos dados

Elaboração de cartas e mapas

Diagnóstico ambiental Síntese Elaboração de material temático Delimitação dos sistemas ambientais

Etapa de campo

Verificação e correção

Correção de possíveis erros

Elaboração de material temático final

Avaliação

(34)

representação e espacialização dos dados obtidos na primeira etapa do projeto. A terceira atividade nesta etapa, consiste na realização da atividade de campo, a fim de serem corrigidas quaisquer informações com o objetivo final de melhor representar as características socioambientais da área em estudo e de corrigir eventuais falhas e erros nas atividades desenvolvidas na etapa anterior.

E por fim, a terceira etapa, denominada etapa de Avaliação, serão trabalhados de forma integrada todos os dados e informações obtidas (e devidamente corrigidas) para a consolidação da proposta de zoneamento para o município, levando em conta aspectos como: potencialidade de exploração, limitação do ambiente à pressões antrópicas, adequabilidade das diferentes formas de relevo à execução das diferentes atividades econômicas, proposição de formas de uso e ocupação menos impactantes e adequabilidade dos sistemas produtivos à realidade local. Esta etapa configura-se como de essencial importância ao planejamento por ser responsável pela sintetização e espacialização das análises efetuadas durante o processo de planejamento ambiental, sendo seu produto, fruto de um trabalho de reconhecimento, análise, síntese e avaliações quanto à potencialidade dos recursos naturais frente às pressões antrópicas.

Para tornar possível a realização do zoneamento geoambiental do município de Maranguape, tomou-se como procedimentos essenciais os seguintes:

Inicialmente foi realizado o levantamento bibliográfico, consistindo este em etapa primordial do processo de pesquisa e incluído na primeira etapa (anteriormente descrita), representando o ponto de apoio do desenvolvimento de qualquer pesquisa (seja teórica, sejam aquelas de cunho aplicado). Neste primeiro passo, comumente chamada etapa de Diagnóstico, são reunidos dados e informações acerca do objeto de pesquisa e das metodologias existentes para efetivação do trabalho. Assim, neste primeiro momento da pesquisa foram levantados dados acerca de informações gerais sobre Geologia, Geomorfologia, Clima e Recursos Hídricos, Solos, Vegetação e Uso e ocupação, bem como de materiais geocartográfico pré-existentes sobre cada temática apontada, nos órgãos responsáveis por sua elaboração.

(35)

2.2.1 Análise e critérios de escolha dos indicadores ambientais.

Como exposto anteriormente, serão analisados e cartograficamente representados dados de cinco parâmetros referentes às características ambientais e sociais da área de estudo, a saber: Geologia, Clima e Recursos Hídricos, Geomorfologia, Solos e Vegetação, de forma a melhor compreender a distribuição e facilitar o processo de análise das informações obtidas de forma a obter indicadores que reflitam melhor as condições socioambientais locais. Para Santos (2004, p. 60), indicadores são “... parâmetros, ou funções derivadas deles, que têm a

capacidade de descrever um estado ou uma resposta dos fenômenos que ocorrem no meio”.

Ainda de acordo com a autora, eles são de fundamental importância no processo de tomada de decisão, por permitirem criar cenários e acompanhar os resultados obtidos com a tomada de

decisão, assim os indicadores, “... são empregados para avaliar e comparar territórios de diferentes dimensões e de diversas complexidades” (idem, p.61).

Desta forma serão trabalhados aspectos de cada parâmetro, anteriormente citados, que tenham significativa influência nos processos e dinâmicas ambientais e que possam servir de limitadores/potencializadores da atividade humana, para tal fim, adotou-se a metodologia de Crepani et. al. (2001), adaptado as condições ambientais da área de estudo. Para cada componente da paisagem serão estabelecidos valores variando de 1 (maior estabilidade) a 3 (maior instabilidade). A metodologia, desenvolvida pelos autores para ser aplicada à região Amazônica, consiste na ponderação de valores referentes aos diferentes atributos da paisagem (Geologia, Geomorfologia, Clima, Pedologia e Vegetação), variando de 1 (ambientes de maior estabilidade) a 3 (ambientes de maior instabilidade), considerando a seguinte equação:

� = � + + + �� + 5

Onde,

V= Vulnerabilidade;

G= vulnerabilidade para o tema Geologia; R= vulnerabilidade para o tema Geomorfologia; S= vulnerabilidade para o tema Solos;

(36)

Para o tema geologia, os autores adotaram valores de estabilidade referentes ao grau de resistência da rocha aos processos intempéricos, conforme apresentado na Figura 3.

Para o tema Geomorfologia os autores consideraram como parâmetros de vulnerabilidade: o grau de dissecação do relevo, a amplitude altimétrica e a declividade do terreno, sendo representado pela seguinte equação:

= � + � + 3

Onde:

R = Vulnerabilidade para o tema geomorfologia; G = Vulnerabilidade atribuída ao grau de dissecação; A = Vulnerabilidade atribuída à amplitude;

D = Vulnerabilidade atribuída à declividade.

O grau de dissecação do relevo diz respeito a capacidade erosiva da água em esculpir o solo e a rocha e a resistência destes ao processo de erosão resultante. Assim um solo ou rocha ao apresentarem porosidade e permeabilidade reduzidas influenciarão positivamente no processo de erosão. Dessa forma, quanto maiores os interflúvios menores serão os valores de vulnerabilidade do terreno.

Figura 3 - Escala de vulnerabilidade para o tema geologia

(37)

Figura 4 - Valores de vulnerabilidade para a intensidade de dissecação

Fonte: Crepani et. al. 2001.

O segundo parâmetro, amplitude do relevo, está relacionado com o aprofundamento da dissecação. Sendo que quanto maior a amplitude altimétrica maior será a ação da água no processo de erosão, dessa forma quanto maior a amplitude, maiores os valores da escala de vulnerabilidade, e quanto menor a amplitude, menores serão os valores de vulnerabilidade.

Figura 5 - Valores de vulnerabilidade para amplitude altimétrica

Fonte: Crepani et. al. 2001.

O terceiro parâmetro, declividade, diz respeito à inclinação de uma superfície em

relação ao horizonte. “A declividade guarda relação direta com a velocidade de transformação

da energia potencial em energia cinética e, portanto, com a velocidade das massas de água em

movimento responsáveis pelo ‘runoff’” (CREPANI, et. al. 2001, p. 75). Assim, quanto maior

(38)

Figura 6 - Valores de vulnerabilidade para o parâmetro declividade

Fonte: Crepani, et. al. 2001.

Para o parâmetro pedologia, os autores consideraram o grau de desenvolvimento e maturidade do solo. Assim solos mais desenvolvidos apresentariam valores de vulnerabilidade menores que outros menos desenvolvidos.

Quanto ao parâmetro vegetação os autores adotaram o critério de densidade da cobertura vegetal, considerando como vegetação estável a Floresta ombrófila densa, dando a esta unidade valor 1 de vulnerabilidade e as coberturas gramíneas valores próximos a 3 na escala. Por fim, mas não menos importante, o clima. Para este parâmetro os autores adotaram a intensidade pluviométrica, obtida através da divisão entre a precipitação total anual e o número de meses chuvosos.

Batista (2010) utilizou a metodologia desenvolvida por Crepani et. al., (2001), para avaliar a vulnerabilidade ambiental da RMF ao desenvolvimento da atividade mineradora. Segundo o autor os ambientes que apresentaram maior vulnerabilidade correspondem às planícies (costeira e fluvial) e as áreas de tabuleiro, que apresentam grau alto a muito alto de vulnerabilidade, por conta dos aspectos de geologia, composta essencialmente de areias bem selecionadas, que fornecem pouca resistência à erosão.

(39)

Assim será estabelecida uma escala de valores de estabilidade/instabilidade da paisagem, obtida através da média dos valores para cada parâmetro ambiental (geologia, clima, geomorfologia, pedologia, vegetação) expresso pela seguinte fórmula:

∑⍴:� + � + + + �5

Onde “⍴” representa a média para os indicadores apresentados e avaliados por meio de análise de dados e trabalho de campo, assumindo valores entre 1 (mais estável) e 3 (mais instáveis), resumido na tabela 1; G representa os valores para a geologia; Cl os valores para os parâmetros climáticos; R representa os valores para a geomorfologia; S representa o valor para o parâmetro solo; e V representa a vegetação.

Os valores obtidos pelo cálculo da média dos valores para os parâmetros apresentados corresponderão, por sua vez, a um valor na escala de Estabilidade/Instabilidade (apresentada na tabela 1). Assim quanto menor o valor obtido, mais estável se apresentará a paisagem, de modo oposto, quanto maior o valor mais instável será a paisagem analisada.

Tabela 1 - Escala de valores de vulnerabilidade

Valor na escala de Vulnerabilidade

Grau de Vulnerabilidade Ambientes

1,0 – 1,3 Muito Baixo Estáveis

1,4 – 1,7 Baixo Moderadamente estáveis

1,8 – 2,1 Moderado Intergrades

2,2 – 2,5 Alto Moderadamente instáveis

2,6 – 3,0 Muito Alto Instáveis

Fonte: Autor

Assim, como uma etapa essencial ao processo de planejamento ambiental, faz-se necessário a compreensão do espaço geográfico a partir dos elementos que a compõem, individualmente, para só então passar a etapa síntese do processo de planejamento. Souza e Oliveira (2011, p.44) destacam a importância desses estudos para a compreensão das dinâmicas ambientais dentro de determinado espaço, assinalando que

(40)

temáticos e tem metodologias e técnicas especiais de estudo. Mas representam uma etapa ou meio indispensável aos requisitos da interdisciplinaridade que conduzem ao conhecimento integrado do meio ambiente. É através desse nível de abordagem que se atinge uma concepção sintética que é de natureza sistêmica e apresenta os tipos de espaços oriundos de combinações mútuas específicas entre [os] componentes geoambientais.

Desta forma, cada parâmetro será, primeiramente, trabalhado de forma individual para, só então, conduzir a um processo analítico mais amplo e complexo das paisagens da área de estudo.

2.2.1.1. Indicadores Geológicos

A geologia como indicador serve para a dinâmica e os processos que ocorrem no ambiente, subsidiando interpretações sobre as formas desenvolvidas no terreno, sobre disponibilidade de nutrientes para o desenvolvimento vegetal, bem como, para os processos dinâmicos (sua velocidade e produtos) que ocorrem no ambiente natural. Permitem ainda prever ou demonstrar a capacidade de suporte do ambiente às ocupações e demais ações humanas (SOUZA, OLIVEIRA, 2011; SANTOS, 2004). Segundo Crepani et. al. (2001, p.73)

O grau de coesão das rochas é a informação básica da Geologia a ser integrada a partir da Ecodinâmica, uma vez que em rochas pouco coesas podem prevalecer os processos erosivos, modificadores das formas de relevo (morfogênese), enquanto que nas rochas bastante coesas devem prevalecer os processos de intemperismo e formação de solos (pedogênese).

Como forma de avaliar os aspectos geológicos da área são definidos valores de estabilidade frente à erosão variando do 1, mais estável e resistente ao processo de intemperismo, a 3, material sedimentar inconsolidados, menos estável do ponto de vista ecodinâmico, conforme apresentado por Crepani et. al. (2001), visualizados na figura 3.

2.2.1.2 Indicadores Climatológicos

(41)

importância o conhecimento da sazonalidade climática e seus efeitos sobre a dinâmica ambiental, uma vez que é a água o principal agente de esculturação da paisagem. Sua importância se dá não apenas na transformação do relevo, mas também na disponibilidade de água – superficial e sub-superficial – para plantas e animais, na transformação e dissolução de nutrientes das rochas, como também na circulação atmosférica, por ser um importante agente na troca de gases e manutenção da temperatura local.

Enquanto indicadores foram considerados no presente trabalho, dois elementos relativos à climatologia que auxiliem na melhor compreensão do papel da água enquanto agente transformador da morfologia das paisagens, sendo eles: Precipitação total e Intensidade pluviométrica (em mm/mês), conforme apresentados nas tabelas abaixo. O valor para o parâmetro clima, por sua vez é obtido através da soma dos indicadores, abaixo apresentados, conforme a fórmula:

Cl = V. Int. + V. Plu. / 2

Tabela 2 - Classes de estabilidade para o indicador intensidade pluviométrica

Intensidade (mm/mês) Valor

< 50 1,0

50 – 75 1,3

75 – 100 1,5

100 – 125 1,8

125 – 150 2,0

150 – 175 2,3

175 – 200 2,5

> 200 3,0

Fonte: Adaptado de Crepani et. al., 2001.

Tabela 3 - Valores de estabilidade para o indicador precipitação

Pluviometria (mm/ano) Valor Pluviometria (mm/ano) Valor

< 300 mm 1,0 900 – 1050 2,25

300 – 450 1,25 1050 – 1200 2,5

450 – 600 1,5 1200 – 1350 2,75

600 – 750 1,75 > 1350 3,0

750 – 900 2,0

(42)

2.2.1.3 Indicadores Geomorfológicos

No que diz respeito à geomorfologia, a compreensão das formas, da dinâmica e dos processos que ocorrem na paisagem é um passo essencial ao processo de planejamento, considerando como elemento condicionador do processo de erosão a declividade. Conforme Santos (2004) os dados geomorfológicos permitem o conhecimento das relações dinâmicas que ocorrem entre o substrato geológico e as condicionantes climáticas, sendo expressas nas suas diversas formas, bem como na evolução e características dos solos que ai se desenvolvem, fazendo deste elemento um dos pontos essenciais aos estudos da paisagem, permitindo, sobretudo, determinar as diferentes aptidões para uso do solo.

Para Bertoni e Lombardi Neto (2008) e Crepani et. al. (2001), a declividade do terreno condiciona a velocidade com que ocorrem os processos transformantes na paisagem e permite deduzir também a suscetibilidade de determinada área aos processos erosivos, adoção de medidas conservacionistas e restrições ao uso e ocupação.

Bertoni e Lombardi Neto (op. cit.) destacam o efeito deste elemento geomorfológico no processo de evolução de uma paisagem. Para os autores a influencia da declividade se dá de três formas principais:

...(a) a velocidade da água varia com a raiz quadrada da distância vertical que ela percorre, e a sua energia cinética, de acordo com o quadrado da velocidade [...]; (b) a quantidade de material que pode ser arrastado varia com a quinta potência da velocidade do escorrimento; (c) o tamanho das partículas arrastadas varia com a sexta potência da velocidade de escorrimento (AYRES citado por BERTONI; LOMBARDI NETO, 2008, p.56).

Assim, adotaram-se as seis classes de valores estabelecidos pelo IBGE (2009), apresentados na tabela abaixo e melhor descritos mais a frente, como indicadores da dinâmica do relevo.

• Relevo plano - apresentam declividades variando de 0 a 3% são áreas mais estáveis do ponto de vista morfodinâmico e onde prevalecem os processos pedogenéticos;

• Relevo suave ondulado – declividades variando entre 3 a 8% apresentando baixa densidade de drenagem, marcada pela perca de materiais finos em superfície e por apresentar ligeira erosão laminar;

(43)

• Relevo muito ondulado - apresentam geralmente declividades variando entre 20 e 45% e uma maior densidade de drenagem, se comparada á classe anterior, nessa unidade se fazem notar mais fortemente os efeitos da morfogênese sobre a pedogênese, favorecendo o surgimento de sulcos, ravinas e voçorocas; e por fim o

• Relevo montanhoso – com declividades superiores à 45%, onde prevalecem os processos morfogenéticos na evolução do modelado, apresenta solos mais delgados e mais suscetíveis ao surgimento de voçorocas, fazendo desta unidade de relevo mais instável do ponto de vista ecodinâmico.

Tabela 4 - Classes de relevo e valores de estabilidade/instabilidade

Classe de relevo Declividade (%) Valores de

estabilidade/instabilidade

Plano 0 – 3 1,0

Suave ondulado 3 – 8 1,5

Ondulado 8 – 20 2,0

Fortemente ondulado 20 – 45 2,5

Montanhoso > 45 3,0

Fonte: Adaptado de IBGE, 2009.

2.2.1.4 Indicadores Pedológicos

Para Souza e Oliveira (2011, p. 45)

(44)

Como indicador a ser utilizado no processo de planejamento, talvez o ponto mais importante a ser considerado, deva ser o grau de evolução do perfil de solo. O grau de evolução de um solo reflete-se em diversas de suas características, como textura, porosidade, estrutura do solo, possibilitando uma maior estabilidade frente à ação dos agentes intempéricos – como chuva e os ventos – influindo para a maior infiltração da água no solo e maior resistência à ação abrasiva da água das chuvas e dos ventos.

Bertoni e Lombardi Neto (2008) destacam, dentre as características morfológicas dos solos, o papel da textura do solo no controle da erosão. Para os autores a textura é um dos fatores de maior influencia na quantidade de solo arrastado pela erosão.

De acordo com os mesmos, um solo arenoso, com espaços porosos grandes pode absorver toda a água precipitada durante uma chuva de pouca intensidade, absorvendo toda a água e não gerando, portanto, nenhum dano, entretanto, por possuir baixa proporção de partículas argilosas, que atuam como ligação entre as grandes partículas, pequena quantidade de água que corre sobre sua superfície na forma de enxurrada pode arrastar grande quantidade de solo. Fato inverso ocorre em solos argilosos, onde o reduzido tamanho dos poros dificulta na infiltração da água, fazendo-a escorrer mais na superfície, porém, dada a maior força de coesão entre as partículas torna-as mais resistentes à erosão pluvial.

O grau de erodibilidade de um solo tem estreita relação com o grau de desenvolvimento do mesmo, já que solos jovens apresentam maior percentual de areia – que pouco contribui para a estabilidade e resistência do solo à erosão – realidade contrária a de solos mais maduros, onde o percentual de argila (e sua distribuição ao longo do perfil) é maior e menos concentrada, favorecendo a estabilidade do perfil. Dessa forma, estabeleceu-se a seguinte escala de estabilidade para os solos, levando em consideração o grau de desenvolvimento do perfil, conforme apresentado na tabela 5.

Tabela 5 - Classes de estabilidade para o indicador solo

Classe de solo Valores de estabilidade/instabilidade

Argissolos 1,0

Luvissolos 1,5

Vertissolos 2,0

Planossolos 2,5

(45)

2.2.1.5 Indicadores Vegetacionais

A vegetação, outro parâmetro a ser avaliado no planejamento, é o elemento de maior dinâmica na paisagem e permite a compreensão da dinâmica da paisagem bem como do grau de intervenção humana sobre o mesmo (SANTOS, 2004). Possui grande importância na dinâmica ambiental, servindo como defesa do terreno aos efeitos diretos dos agentes climáticos, Bertoni e Lombardi Neto (2008) destacam a importância da cobertura vegetal na dinâmica da paisagem, para os referidos autores, a vegetação tem efeito crucial no que diz respeito ao controle da erosão dos solos, destacando entre seus efeitos os que se seguem:

(a) proteção direta contra o impacto das gotas da chuva; (b) dispersão da água, interceptando-a antes que atinja o solo; (c) decomposição das raízes das plantas que, formando canalículos no solo, aumentam a infiltração da água; (d) melhoramento da estrutura do solo pela adição de matéria orgânica; (e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na superfície (Idem, p. 59).

Além de retardar os efeitos erosivos da chuva e propiciar maior desenvolvimento dos solos, serve ainda como importante barramento dos efeitos direto da erosão eólica, reduzindo a velocidade do vento na superfície do solo e absorvendo a maior parte da força exercida por ele. Desta forma foram adotados os valores para a vegetação, apresentados na tabela a seguir.

A tabela 6 apresenta os valores de estabilidade para a vegetação, considerando para tanto o tipo de cobertura do solo, levando em conta o papel deste elemento como estabilizador no processo de esculturação do relevo, assim uma vegetação mais desenvolvida, portanto próximo do clímax apresenta valores de estabilidade maiores (1,0, como é o caso da mata úmida, presente nos setores de melhores condições edafo-climáticas), do outro lado da escala figura a vegetação de caatinga, com valor de estabilidade 3,0 na escala, possuindo, portanto, maior potencial para a ação dos processos intempéricos dadas as características edafo-climáticas existentes em suas áreas de ocorrência.

Tabela 6 - Escala de vulnerabilidade para o indicador vegetação

Vegetação Valor de vulnerabilidade

Caatinga 3,0

Mata seca 2,0

Mata úmida 1,0

Imagem

Figura 1 - Localização da área de estudo
Figura 2 - Etapas de realização do trabalho
Figura 5 - Valores de vulnerabilidade para amplitude altimétrica
Figura 7 - Estação Ferroviária de Maranguape
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Referências

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