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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, SECRETARIADO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO GISELE FERNANDES MAMEDE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, SECRETARIADO E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

GISELE FERNANDES MAMEDE

ECONOMIA CRIATIVA E OS BLOCOS PRÉ-CARNAVALESCOS DE FORTALEZA COMO UM NEGÓCIO

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GISELE FERNANDES MAMEDE

ECONOMIA CRIATIVA E OS BLOCOS PRÉ-CARNAVALESCOS DE FORTALEZA COMO UM NEGÓCIO

Monografia apresentada ao Curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Áurio Lúcio Leocádio da Silva.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo

M231e Mamede, Gisele Fernandes.

Economia criativa e os blocos pré-carnavalescos de Fortaleza como um negócio / Gisele Fernandes Mamede. – 2013.

87 f.: il. color., enc.; 30 cm.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, Curso de Administração, Fortaleza, 2013.

Orientação: Profº. Dr. Áurio Lúcio Leocádio da Silva.

1.Industria cultural - Fortaleza. 2.Micro e pequenas empresas. I.Título.

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GISELE FERNANDES MAMEDE

ECONOMIA CRIATIVA E OS BLOCOS PRÉ-CARNAVALESCOS DE FORTALEZA COMO UM NEGÓCIO

Monografia apresentada ao Curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

APROVADO EM: / / /

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________ Prof. Dr. Áurio Lúcio Leocádio da Silva (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos Murakami

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________________ Prof. Ms. Laudemiro Rabelo de Sousa e Moraes

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AGRADECIMENTOS

Esse trabalho é a realização de um sonho, fruto da dedicação e persistência que sempre tive em tudo o que faço.

A Deus que iluminou meu caminho ao longo dessa caminhada.

Ao meu orientador, Professor Áurio Leocádio, pela dedicação na realização deste trabalho.

Aos professores Laudemiro Rabelo e Luiz Carlos Murakami, por terem aceitado participar da banca examinadora, proporcionando assim uma análise crítica do trabalho.

Aos organizadores dos blocos de Pré-Carnaval que gentilmente me receberam, colaborando com a conclusão desta pesquisa.

Aos meus pais, Helidoina e Gilton, e minhas irmãs, Sibele e Daniele, pelo apoio, incentivo e amor sem fim.

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Samba Enredo 1985 - Ziriguidum 2001, Carnaval Nas Estrelas G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel Autor: Fernando Pinto

Desse mundo louco De tudo um pouco Eu vou levar pra 2001 Avançar no tempo E nas estrelas fazer meu Ziriguidum (meu Ziriguidum) Nos meus devaneios Quero viajar

Sou a Mocidade Sou Independente Vou a qualquer lugar (bis)

Vou à Lua, vou ao Sol Vai a nave ao som do samba Caminhando pelo tempo Em busca de outros bambas (bis)

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RESUMO

A economia criativa é um dos setores mais dinâmicos da economia global, em virtude da especificidade deste segmento que engloba criação, produção e distribuição de produtos ou serviços usando como matéria prima a cultura e a criatividade. O presente trabalho tem como objetivo principal a análise das características empreendedoras e criatividade dos blocos pré-carnavalescos de Fortaleza e sua inserção na Indústria Criativa. Neste estudo foram abordados os conceitos de indústria criativa, modelo de negócio e blocos pré-carnavalescos. A pesquisa é caracterizada como qualitativa e apresenta elementos para ser considerada exploratória e descritiva, quanto aos fins que se propõe chegar. Quanto aos meios utilizados para sua realização, a pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, documental e de campo. Foram identificados neste estudo 115 blocos pré-carnavalescos que animam o Pré-Carnaval de Fortaleza. Destes, uma amostra de cinco blocos foi analisada detalhadamente no que diz respeito a aspectos econômicos e culturais, são eles: Baqueta, Pery Boneco, Camaleões do Vila, Unidos da Cachorra e Amantes de Iracema. A análise econômica indica que a maioria dos blocos ainda apresenta dificuldades financeiras e não possui infraestrutura necessária para realização de suas atividades. Alguns blocos conseguem atuar continuamente ao longo do ano com recursos provenientes dos cursos de percussão que eles oferecem ou em apresentações realizadas. O incentivo da Prefeitura Municipal de Fortaleza aos blocos pré-carnavalescos concentra-se no período de realização dos eventos de Pré-Carnaval, através de apoio financeiro disponibilizado por meio de edital público específico. Outros aportes financeiros são obtidos de patrocinadores durante a realização do evento e diferenciam substancialmente dependendo do bloco. Em relação aos aspectos culturais constata-se que os blocos pré-carnavalescos, apesar de tentar manter a tradição do samba, buscam sempre inovar trazendo para os desfiles características culturais locais, notadamente nos ritmos musicais e nos instrumentos utilizados.

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ABSTRACT

The creative economy is one of the most dynamic sectors of the global economy, due to the specificity of that segment, which includes creation, production and distribution of goods or services using as raw material culture and creativity. This work aims to the analysis of entrepreneurial characteristics and creativity of the carnival groups in Fortaleza and their insertion into the Creative Industry. In this study the concepts of creative industry, business model and carnival group were addressed. The research is characterized as qualitative and presents elements to be considered as exploratory and descriptive, according to the goals to reach. Concerning the means used to carry out the research, it may be classified as bibliographic, documental and field study. About 115 carnival groups were identified in this study, which entertain the Pre-Carnival party in Fortaleza. Among them, a sample of five carnival groups were in more detail analyzed concerning economic and cultural aspects, which are: Baqueta, Pery Boneco, Camaleões do Vila, Unidos da Cachorra e Amantes de Iracema. The economic analysis indicates that the most of the Carnival groups still presents financial difficulties and does not have necessary infrastructure to perform its activities. Some groups are able to work continuously during the year with financial support derived either from drum courses that are provided by them or through performances in parties. Financial support from the City Hall of Fortaleza to the Carnival groups is concentrated in few weeks during the Pre-Carnival, which is made available through specific bid invitation. Others financial supports are obtained from sponsors during the events and they vary widely depending on the Carnival group. Concerning the cultural aspects, one may conclude that, although the Carnival groups are trying to keep the tradition of samba, they are always looking for innovation bringing local cultural characteristics to the Carnival parades, namely the musical rhythms and used musical instruments.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Classificação das Indústrias Criativas ... 23

Figura 2 – O escopo da economia criativa ... 27

Figura 3 – Fluxograma detalhado para a cadeia da Indústria Criativa no Brasil ... 28

Figura 4 – Cadeia produtiva da Indústria Criativa ... 29

Figura 5 – Templo de Filae, construído pelo faraó Nectanebo I em honra à deusa Ísis à esquerda e foto da estátua de Ísis e Hórus no Museu Imhotep, Sakara, Egito à direita ... 37

Figura 6 – O famoso Baco, obra de Michelangelo Merisi da Caravaggio (1595 -. Galleria degli Uffizi, Florença) à esquerda e foto do Rei Momo carioca da Revista à direita ... 38

Figura 7 – Brincantes mascarados na Praça São Marcos durante o Carnaval de Veneza de 2010 ... 38

Figura 8 – A pintura Cena de Carnaval, de Jean Batiste Debret, retrata como eram os entrudos no Brasil durante o século 17 ... 39

Figura 9 – Foto do corso carnavalesco na Avenida Paulista em 1931 à esquerda e em Teresina no Carnaval de 2013 ... 41

Figura 10 – Foto da primeira escola de samba do Brasil com o grande Ismael Silva, na festa de Nossa Senhora da Penha ... 42

Figura 11 – Foto do Carnaval de Salvador à esquerda e do Carnaval de Recife à direita ... 42

Figura 12 – Foto Maracatu – As irmandades religiosas no Ceará ... 44

Figura 13 – Foto da Banda do Periquito da Madame no Largo do Mincharia em Fortaleza ... 45

Gráfico 1 – Evolução histórica do suporte financeiro da Prefeitura Municipal de Fortaleza aos blocos para realização do Pré-Carnaval na cidade ... 56

Figura 14 – Foto do Estúdio onde são realizadas as aulas de percussão ... 58

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Figura 16 – Ensaio na Fundação Ana Lima ... 63

Figura 17 – Bateria do bloco Unidos da Cachorra no Pré-Carnaval 2012 ... 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Estudos de indústrias culturais e indústrias criativas ... 20

Quadro 2 – Indústrias Criativas e outros conceitos similares ... 25

Quadro 3 – As causas mais comuns de falhas no negócio ... 35

Quadro 4 – Lista de blocos pré-carnavalescos de Fortaleza ... 54

Quadro 5 – Análise comparativa das características dos blocos de Pré-Carnaval de Fortaleza ... 75

Quadro 6 – Principais dificuldades enfrentadas, metas e sugestões de melhoria relativas aos blocos de Pré-Carnaval de Fortaleza ... 77

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DCMS Departamento de Cultura, Mídia e Esportes EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro GEM Global Entrepreneurship Monitor

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBQP Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade ICP Instituto Cristão de Pesquisa

INPI Instituto Nacional de Propriedades Intelectuais MPE Micro e Pequenas Empresas

ONU Organização das Nações Unidas PIB Produto Interno Bruto

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SECULTFOR Secretaria da Cultura de Fortaleza

SEFAZ Secretaria da Fazenda

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 16

1.1 Problemática da Pesquisa ... 16

1.2 Objetivos ... 17

1.3 Justificativa ... 17

1.4 Estrutura do trabalho ... 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19

2.1 Economia Criativa ... 19

2.1.1 Economia Criativa no Mundo ... 19

2.1.2 Economia Criativa no Brasil ... 25

2.1.3 Economia Criativa no Ceará ... 31

2.2 Gestão de Micro e Pequenas Empresas ... 32

2.3 Aspectos Históricos dos Blocos Carnavalescos ... 37

2.3.1 Evolução dos Blocos Carnavalescos no Brasil ... 40

2.3.2 Evolução dos Blocos Pré-Carnavalescos na Cidade de Fortaleza ... 43

3 METODOLOGIA ... 47

3.1 Tipo de Pesquisa ... 47

3.2 Coleta de Dados... 49

3.3 Análise de Conteúdo ... 51

4 ANÁLISE DOS DADOS ... 53

4.1 Mercados dos Blocos Pré-Carnavalescos ... 53

4.1.1 Bloco Baqueta ... 56

4.1.2 Bloco Pery Boneco ... 60

4.1.3 Bloco Camaleões do Vila ... 62

4.1.4 Bloco Unidos da Cachorra ... 66

(15)

4.1.6 Outros Blocos ... 72

4.2 Análise Econômica do Mercado de Blocos Pré-Carnavalescos ... 74

4.3 Análise da Relação entre o Mercado de Blocos Pré-Carnavalescos e a Economia Criativa... 78

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ... 81

(16)

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problemática da Pesquisa

Atualmente o Pré-Carnaval de Fortaleza é visto como uma manifestação cultural, símbolo de descontração, alegria e boa música. Uma excelente opção de lazer para quem gosta de agito. Já é considerado um dos principais eventos da cidade, atraindo turistas e movimentando a economia, com criação de empregos formais e informais.

Ao longo dos últimos anos, o Pré-Carnaval veio ganhando força e conquistando um público cada vez maior. O evento tornou-se de grande visibilidade midiática e possui significativa cobertura nos jornais de circulação local. Os blocos são organizados por diferentes grupos sociais, gerando uma integração entre estes grupos distintos de frequentantes da festa, com intuito de reafirmar suas tradições, sua representatividade e seu território (NASCIMENTO E AGUIAR, 2012).

A programação para a festividade envolve os bairros tradicionais, assim como praças e largo, como, por exemplo, Benfica, Praça do Ferreira, Avenida Domingos Olímpio, Passeio Público, Mercado dos Pinhões, Praça dos Leões, Largo da Dona Mocinha e Aterrinho da Praia de Iracema. Porém, envolve também bairros menos tradicionais e bairros periféricos. Ao contrário do que se esperaria, a movimentação em Fortaleza é substancialmente menor no período do Carnaval. Esse fato pode ser explicado, entre outros fatores, pela existência de outros interesses econômicos e de lazer proporcionados pelo feriado (NASCIMENTO E AGUIAR, 2012).

O presente trabalho tem como proposta a construção do conhecimento, analisando as características empreendedoras e criatividade, utilizados pelos blocos pré-carnavalescos. Dentro deste contexto, é estudada a relação existente entre a atividade econômica deste setor e a economia criativa.

(17)

1.2 Objetivos

A pesquisa tem como objeto principal analisar a relação entre a gestão de blocos carnavalesco e a economia criativa.

Como objetivos específicos propõem-se:

i. Levantar informações sobre o mercado do setor de blocos pré-carnavalescos na cidade de Fortaleza e sua origem;

ii. Verificar como está configurada a estrutura física e organizacional dos blocos pré-carnavalescos;

iii. Identificar quais as principais dificuldades enfrentadas pelos blocos pré-carnavalescos;

iv. Avaliar a visão de futuro e de mercado dos blocos pré-carnavalescos;

v. Analisar os aspectos básicos de gestão financeira dos blocos pré-carnavalescos.

1.3 Justificativa

O compartilhamento de ideias e recursos entre pessoas vem viabilizando novos projetos e mudança, como resultado de uma tentativa de fugir do modelo de financiamento de governo ou iniciativa privada para a criação de projetos (ARROYO; OLIVEIRA, 2011).

A economia criativa vem ganhando destaque no cenário econômico mundial, configurando-se em um dos mais dinâmicos conjuntos de atividades produtivas. (MEDEIROS JÚNIOR; GRAND JÚNIOR; FIGUEREDO, 2011). Segundo os autores, a criatividade se apresenta como um recurso essencial na atual fase da economia capitalista, o que vem impulsionando a produção de estudos voltados para a compreensão das características da economia criativa, e de como ela pode se tornar um vetor de desenvolvimento econômico e urbano.

(18)

A pesquisa é de fundamental importância para as empresas do setor, pois busca melhor compreensão do mercado de blocos pré-carnavalescos e o desenvolvimento deste com base na economia criativa.

1.4 Estrutura do trabalho

Este trabalho foi elaborado em atendimento ao requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração do Curso de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado da Universidade Federal do Ceará e está estruturado em cinco capítulos.

No Capítulo 1 são apresentadas as informações gerais sobre o trabalho, com exposição dos elementos que levarão à escolha do tema e descrição dos objetivos a serem alcançados.

O Capítulo 2 apresenta o referencial teórico utilizado como base para o desenvolvimento desta pesquisa. Inicialmente o capítulo aborda a temática da Economia Criativa em diferentes contextos geográficos, no mundo, no Brasil e no Estado do Ceará. Adicionalmente, este capítulo apresenta uma discussão sobre a gestão de micro e pequenas empresas. O capítulo apresenta, ainda, a reconstituição da evolução histórica dos blocos carnavalescos, até sua chegada ao Brasil e, mais precisamente, à cidade de Fortaleza.

A metodologia utilizada neste estudo é detalhada no Capítulo 3, com descrição das ações necessárias para se obter os objetivos desta pesquisa.

No Capítulo 4 é realizada uma análise detalhada dos dados levantados dos blocos pré-carnavalescos de Fortaleza, com discussão sobre os aspectos relacionados a este modelo de negócio e sua relação com a economia criativa.

(19)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Economia Criativa

A economia criativa é uma atividade econômica que vem sendo bastante discutida no mundo atual, pois engloba a criação, produção e distribuição de produtos ou serviços usando como matéria prima a cultura e a criatividade. A economia criativa é um dos setores mais dinâmicos da economia global.

2.1.1 Economia Criativa no Mundo

A criatividade é uma palavra que possui definições múltiplas e diz respeito à capacidade de fazer surgir o novo, de reinventar, de diluir paradigmas, de unir pontos a princípio desconexos e, com isso, equacionar soluções. Em termos econômicos, a criatividade é um combustível renovável que aumenta conforme o uso, atraindo e estimulando a atuação de novos potenciais produtores, gerando maior concorrência entre os agentes criativos (REIS, 2008).

Segundo Miguez (2008), a economia criativa deve ser compreendida com extrema relevância juntamente com suas muitas questões envolvendo as indústrias culturais. O autor afirma ainda que a economia criativa trata dos bens e serviços baseados em textos, símbolos e imagens assentadas na criatividade, no talento ou na habilidade individual, incorporando propriedade intelectual.

Iniciamos a busca por uma definição dos termos que envolvem a economia criativa pela análise do termo “indústria cultural”, que possui origem associada aos filósofos da Escola de Frankfurt, no período do pós-guerra. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985). Adorno e Horkheimer (1985) definiram o termo “indústria cultural” como sendo o processo de massificação e mercantilização da cultura e da arte, onde a arte e a cultura estão inseridas na esfera da indústria capitalista, transformando-se em mercadorias, visto que passam a ser padronizadas e produzidas em série, com fins lucrativos.

(20)

comparação entre as duas abordagens em função de seis dimensões conforme demonstra o Quadro 1.

Quadro 1 – Estudos de indústrias culturais e indústrias criativas

DIMENSÕES INDÚSTRIAS CULTURAIS INDÚSTRIAS CRIATIVAS

Objeto

Estudos que investigam questões de consumo cultural, mídias, identidade cultural, políticas públicas, regeneração de cidades mediante produções

culturais, e carreira e trabalho no setor cultural.

Estudos de indústrias específicas, com base em casos de cidades ou regiões.

Estudos de produtos e serviços nos quais a dimensão estética ou simbólica é

enfatizada.

Questões comuns nos artigos

Quais as transformações pelas quais passam as indústrias culturais na pós-modernidade?

Qual o impacto das novas tecnologias? Qual o impacto da globalização? Como a indústria influencia o consumo?

Como funcionam as indústrias criativas? De que maneira elas representam solução de compromisso entre artes e negócios? Como transformar a criatividade em valor de mercado (em produtos, em inovação, em novos ciclos de

consumo)?

Como lidar com a incerteza comercial?

Abordagem dominante

Visão crítica e ênfase nos conflitos: orientação de mercado versus

orientação artística; indústria cultural e estilo de vida; ideologia.

Visão crítica conjugada com soluções reconciliatórias, abordagens descritivas e artigos de posicionamento e revisão.

Pressuposto comum aos artigos

As indústrias culturais têm valor intrínseco e dependem de apoio e regulação pública.

As indústrias criativas têm elevado potencial para apoiar o desenvolvimento econômico e social dos países, porém dependem de apoio e regulação pública. Elas constituem fenômeno relevante que deve ser mais bem compreendido.

Abordagem metodológica

Estudos de caso, ensaios críticos, análise de conteúdo ou discurso, análises multivariadas.

Estudos de caso, ensaios críticos, análise de conteúdo. Estudos de caso, ensaios críticos, análise de conteúdo ou discurso, análises multivariadas.

Periódicos

Concentração em periódicos de estudos culturais, economia da cultura,

comunicação e estudos urbanos; poucas publicações em Estudos Organizacionais.

Maior incidência de periódicos de estudos culturais e comunicação; poucas

publicações em Estudos Organizacionais.

Fonte: Bendassolli et al. (2009)

A expressão “Economia Criativa”, com seu conceito ainda em formação e de uso relativamente recente, originou-se do termo Creative Industries, inspirado no projeto Creative

Nation, da Austrália, de 1994. O termo defende a importância da criatividade, sua

contribuição para a economia do país e o papel das tecnologias como aliadas da política cultural como potencial econômico (REIS, 2008).

(21)

amplamente divulgado, como medida política para revitalização da economia no Reino Unido, pelo governo de Tony Blair, através do Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS, 1998). Um projeto intitulado Creative Industries Taskforce foi criado com objetivo

de realizar um mapeamento detalhado das atividades criativas no país (DCMS, 2001).

O modelo britânico é comumente usado como referência. Segundo Reis (2008), ao longo da década seguinte, o exemplo do Reino Unido tornou-se paradigmático pelas seguintes razões:

1) O programa de indústrias criativas era contextualizado como resposta a um quadro socioeconômico global em transformação;

2) Os setores de maior vantagem competitiva para o país eram privilegiados e as prioridades públicas para fomentá-los reordenadas;

3) A indústria criativa representava uma parcela significativa da riqueza nacional, com cerca de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 e taxa de crescimento de 6% ao ano no período de 1997-2005;

4) O reconhecimento do potencial da produção criativa para projetar uma nova imagem do país, interna e externamente, resultando em maior atratividade de turismo, investimentos externos e talentos que sustentassem um programa de ações complexo.

As Indústrias Criativas impulsionam e são partes integrantes da Economia Criativa, que não se limita aos conceitos de direitos autorais, patentes, marcas comerciais e design. A economia criativa inclui todos os produtos e serviços relacionados ao conhecimento e à capacidade intelectual.

De acordo com a política implantada pelo DCMS (2001), as indústrias criativas são atividades baseadas na criatividade individual, podendo gerar emprego e renda como resultado da exploração dos direitos de propriedade intelectual. A popularização destas indústrias criativas se deu com os resultados econômicos obtidos.

Howkins (2001) considera quatro categorias de direitos de propriedade intelectual que compõem as indústrias criativas ou a economia criativa: direitos autorais, patentes, marca registrada e design industrial.

(22)

comunicação. Este evento foi organizado na cidade de St. Petersburg, na Rússia, em setembro de 2002 (INSTITUTO DE ECONOMIA CRIATIVA, 2013).

No coração da economia criativa estão as indústrias criativas, que envolvem o ciclo de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e o capital intelectual como principais insumos produtivos. Nesse contexto, está inserida a convergência entre as artes, a cultura, os negócios e a tecnologia, com as atividades que vão desde a arte folclórica, festivais, música, livros, pinturas e artes performáticas até setores que requerem intensa tecnologia como a indústria cinematográfica, televisão, animação digital e videogames, e outros serviços nos campos da arquitetura e publicidade (UNCTAD, 2008). Diferentes modelos de classificação foram desenvolvidos para melhor entendimento e desenvolvimento das atividades relativas à economia criativa. Essas atividades compreendem desde as atividades originadas no conhecimento tradicional e no patrimônio cultural tais como artes, artesanato e festejos culturais, até outras que envolvem um nível elevado de tecnologia como o audiovisual e as novas formas de mídia (UNCTAD, 2008).

A UNCTAD (2010) classifica as indústrias criativas em quatro grandes grupos: patrimônio, artes, mídia e criações funcionais. Estes se subdividem em nove subgrupos, conforme apresentado na Figura 1 a seguir.

Já o modelo de classificação da DCMS (2001), que deriva do projeto britânico

Creative Industries Taskforce, considera as indústrias criativas como um setor particular da

(23)

Figura 1 - Classificação das Indústrias Criativas

Fonte: Adaptado de UNCTAD (2008, p. 14)

Higgs, Cunningham e Bakhshi (2008) fizeram um mapeamento da Indústria Criativa no Reino Unido e chegaram às seguintes conclusões:

 A economia criativa representa mais de 7% da total de empregos no Reino Unido;

 O emprego criativo tem crescido fortemente em longo prazo, mas sofreu uma significativa redução do crescimento nos últimos anos, de acordo com levantamentos censitários das últimas décadas no Reino Unido;

 A renda advinda da economia criativa é, em média, 30% superior à economia do Reino Unido como um todo, conforme verificado em 2006, mas tem crescido em taxas menores nos últimos anos;

 Há mais trabalhadores criativos fora das Indústrias Criativas que dentro delas;  Os trabalhadores criativos estão tão incorporados na economia em geral, em

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 Há uma necessidade premente de melhorias na disponibilidade de dados referentes à indústria criativa para aumentar a robustez da base de dados deste setor.

De acordo com o Instituto de Economia Criativa (2013), a Economia Criativa vem sendo bastante divulgada na última década, conforme indicam os seguintes eventos:

 Primeiro Fórum Internacional das Indústrias Criativas (2002), em St. Petersburgo, Rússia, organizado por diferentes governos, sobre o tema “Indústrias Criativas nas Cidades Modernas”;

 XI UNCTAD “Workshop on Cultural Entrepreneurship on Criative

Industries” e um painel – “High Level Panel on Creative Industries and

Development” (2004), realizada em São Paulo, Brasil;

 Realização do Fórum Internacional das Indústrias Criativas (2005), Salvador, Bahia, que definiu a instalação do Centro Internacional das Indústrias Criativas;

 Criação do Innovation & Design Channel na Revista Business Week (2005).

Em agosto deste ano o título de capa da revista foi “Get Creative”, contendo

uma série de artigos e matérias de relevância sobre o tema;

 Realização do Fórum Beyond (2005), em Cingapura, apresentado em conjunto pela “Creative Industries Singapore”, uma Divisão do Ministério de

Informação, Comunicações e Artes e pela “Global Brand Forum Pte Ltd.”,

que também realiza o “Global Brand Forum”;

 Realização do “Shanghai International Creative Industry Week” (2005), em

Shangai;

 Anúncio da instalação de cursos de graduação em Indústrias Criativas e Culturais (2007), no Reino Unido, pela Universidade de Glamorgam.

 Lançamento do 1º curso de bacharelado em Indústrias Criativas (2011),

(25)

2.1.2 Economia Criativa no Brasil

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010, apud SEBRAE, 2012), a economia criativa já corresponde de 8 a 10% do PIB mundial e 2,84 do PIB brasileiro, gerando emprego, renda e receitas de exportação. A economia criativa já responde pela geração mundial de US$ 8 trilhões anualmente.

O relatório da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2008) baseou-se na definição de “indústria criativa” proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) sob a chancela da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), que assume como sendo “ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como insumos primários” (ONU apud FIRJAN, 2008, p. 13).

Bendassolli et al. (2009) destacam que alguns termos possuem conceitos bem similares ao tema “Indústrias Criativas”, tais como, indústrias de conteúdo, indústrias culturais e indústrias de conteúdo digital. O Quadro 2 sintetiza as características de cada um desses conceitos, identificando suas diferenças e semelhanças.

Quadro 2 – Indústrias Criativas e outros conceitos similares Indústrias

criativas Indústrias de copyright Indústrias de conteúdo Indústrias culturais conteúdo digital Indústrias de Definição

Caracterizadas amplamente pela natureza dos insumos de

trabalho: “indivíduos

criativos”

Definidas pela natureza das receitas e pela

produção da indústria

Definidas pelo foco na produção

industrial

Definidas em função do objeto

cultural

Definida pela combinação de tecnologia e pelo foco na produção

da indústria Setores envolvidos Propaganda, arquitetura, design, software interativo, filme e tv, música, publicações, artes performáticas. Arte comercial, artes criativas, filmes e vídeos,

música, publicação, mídia de gravação, software de processamento de dados. Música pré-gravada, música gravada, música de

varejo, broadcasting e filmes, software,

serviços de multimídia.

Museus e galerias, artes visuais e

artesanato, educação de artes,

broadcasting e filmes, música, artes performáticas,

literatura, livrarias.

Arte comercial, filme e vídeo, fotografia, jogos eletrônicos, mídia

de gravação, gravação de som,

sistemas de armazenamento e

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Determinados autores tratam um ou mais desses termos como sinônimos, o que torna ainda mais difícil sua compreensão.

Em geral, os pontos de convergência incluem a referência ao fato de que todos esses conceitos mencionam o caráter imaterial dos bens culturais, sua intangibilidade, seu caráter simbólico e sua dependência de redes sociais para adquirir valor. Os pontos de divergência referem-se ao modo como cada um desses conceitos se relaciona com políticas públicas, com a possível missão humanista e política da cultura e da arte, com o papel do consumidor e com a cultura e seus aspectos de consumo, entretenimento, lazer e estilo de vida (BENDASSOLLI et al., 2009).

De acordo com Reis (2008), é possível ressaltar quatro principais abordagens do conceito de Economia Criativa:

1) Indústrias Criativas funcionam como conjuntos de setores econômicos específicos, fornecedoras de valores intangíveis a outras formas de organização de processos, relações e dinâmicas econômicas de setores diversos. Sua seleção é variável segundo a região ou o país, conforme o impacto econômico potencial na geração de riqueza, trabalho, arrecadação tributária e divisas de exportações;

2) Economia Criativa, que engloba, além das Indústrias Criativas, o impacto de seus bens e serviços em outros setores da economia e as conexões que se estabelecem entre eles provocando diversas mudanças (sociais, organizacionais, políticas, educacionais e econômicas); Cidades e Espaços Criativos, de combate às desigualdades e violência e de atração de talentos e investimentos para revitalizar áreas degradadas, assim como de promoção de

clusters criativos. Conforme UNCTAD (2004), o termo “clusters criativos” é

utilizado para designar as atividades que compõem as indústrias criativas, as quais são distintas tanto artisticamente como economicamente, embora exista uma forte relação entre elas, que envolve a convergência entre as artes, os negócios e a tecnologia.

(27)

culturas em geral podem ser vistas como obstáculos ao desenvolvimento. A segunda relata como as mudanças econômicas modificam a ligação entre a cultura e a economia, aumentando as oportunidades econômicas para os empreendimentos criativos.

De acordo com Souza, Matta e Dias (2008), o campo da economia criativa é amplo e agrega o das indústrias criativas, das indústrias culturais e das artes, ao permitir incluir outras categorias que produzam bens simbólicos. Além disso, as indústrias criativas englobam as indústrias culturais e as artes, conforme demonstra a Figura 2.

Figura 2 – O escopo da economia criativa

Fonte: Souza, Matta e Dias (2008, p. 4)

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Figura 3 – Fluxograma detalhado para a cadeia da Indústria Criativa no Brasil

(29)

Segundo a FIRJAN (2012), os segmentos considerados segmentos criativos são formados por três grandes áreas: núcleo criativo, atividades relacionadas e apoio, conforme esquematizado na Figura 4 e descrito a seguir:

1) Núcleo criativo, refere-se ao centro de toda a Cadeia Produtiva da Indústria Criativa e é formado por atividades econômicas que têm as ideias como insumo principal para geração de valor.

2) Atividades relacionadas, provêm diretamente bens e serviços ao núcleo, são representadas em grande parte por indústrias e empresas de serviços fornecedoras de materiais e elementos fundamentais para o funcionamento do núcleo.

3) Apoio ofertam bens e serviços de forma indireta ao núcleo.

Figura 4 – Cadeia produtiva da Indústria Criativa

Fonte: Firjan, 2008

O estudo relatou o alto valor agregado da indústria criativa, o que chamou a atenção do poder público e, após iniciativas nas esferas municipal e estadual, foi criada a Secretaria de Economia Criativa no Ministério da Cultura em 2011.

Em 2011, a FIRJAN fez um novo levantamento do número de trabalhadores e a renda do trabalho para os doze segmentos da indústria criativa (Arquitetura, Artes Cênicas, Artes Visuais, Design, Expressões Culturais, Filme & Vídeo, Mercado Editorial, Moda, Música, Publicidade, Software & Computação e TV & Rádio). De acordo com o estudo, a atividade de Televisão & Rádio é a que melhor remunera seus empregados no Brasil, seguido pelas atividades de Software & Computação e Mercado Editorial. Já no Ceará, a atividade de Software & Computação é a atividade de maior remuneração.

(30)

O segmento da Indústria Criativa associado ao movimento afro-cultural de Ilhéus ainda depende do investimento do Estado, em virtude do pouco expressivo mercado consumidor interno de produtos culturais. Os autores destacam ainda como grande dificuldade para investimento neste segmento é a falta de condições para a manutenção dos grupos afro no mercado com qualificação profissional ineficiente e baixas condições de vida, no que diz respeito a itens básicos de saúde, transporte, moradia, entre outros (NEVES E GUSMÁN, 2008).

Batista, Oliveira e Andrade (2008) estudaram a Indústria Criativa no segmento das histórias em quadrinho, sendo essa uma atividade típica da economia da cultura, com exploração da propriedade intelectual e geração de riquezas através da criatividade. De acordo com os autores, o desenvolvimento deste segmento da Indústria Criativa requer uma maior conscientização dos agentes da cadeia produtiva no que diz respeito aos direitos da propriedade intelectual, resguardando aos artistas o direito de propriedade sobre o valor simbólico e cultural resultantes do produto de sua criatividade.

Barlach (2009) investigou a criatividade no contexto da inovação nas organizações e percebeu que as empresas mesmo reconhecendo a necessidade da inovação como garantia de sucesso, sua implantação e viabilização dependem de conceitos burocráticos, resistentes e cegos. Ainda segundo a autora, é possível identificar muitos casos de pessoas que optaram pela criação de uma nova empresa pelo fato de ter seus projetos criativos recusados pelas organizações.

Segundo Medeiros (2009), a administração ainda enfatiza demais o executar, o ordenar e o organizar, levando a uma falsa criatividade que só serve para resolver problemas. Para o autor, a criatividade nas organizações precisa ser caracterizada como uma competência, um ato consciente.

Bendassolli e Borges-Andrade (2011) investigaram o significado de trabalho para profissionais que atuam nas Indústrias criativas utilizando análises estatísticas por meio de técnicas psicométricas e de comparação e associação entre médias. Os autores concluíram que os aspectos que mais proporcionam sentido ao trabalho na Indústria Criativa são: a possibilidade de aprender e se desenvolver pelo trabalho, sua utilidade social, a oportunidade de identificação e de expressão por meio dele, autonomia, boas relações interpessoais e respeito às questões éticas.

(31)

Os autores reportam ainda que a distribuição de empregos da economia criativa se concentra na capital, com 76% dos postos de trabalho.

2.1.3 Economia Criativa no Ceará

No Estado do Ceará, a adoção de políticas públicas de incentivo a economia criativa ganhou destaque com a intervenção da Secretaria de Cultura, que elaborou para o triênio 2003-2006 o Plano Estadual de Cultura do Governo voltado para iniciativa da Indústria Criativa, com o tema “Valorizando a Diversidade e Promovendo a Cidadania Cultural”. O Plano de Cultura consistia de um conjunto de ações para democratização do acesso aos bens culturais, com garantias de investimentos governamentais no fomento das cadeias criativas e produtivas do teatro, dança, música, literatura, fotografia, artes visuais, cinema e vídeo, contemplando cinco categorias de diferentes tipos de manifestações culturais (VIEIRA, 2008).

As Indústrias Criativas de Fortaleza tem um papel de destaque no contexto econômico da cidade, com a geração de oportunidades de emprego e criação de uma cadeia produtiva, sobretudo nas atividades associadas aos centros de compras e à intensa programação cultural da cidade (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2006).

Em 2007, Fortaleza sedia o I Seminário Nacional da Economia Criativa, sendo este o marco para inclusão da capital cearense na discussão do potencial do moderno conceito das Indústrias Criativas (GOMES, 2008). O autor estudou o potencial das Indústrias Criativas como opção de empreendedorismo na cidade de Fortaleza, em um contexto socioeconômico com menor dependência da industrialização e das atividades urbanas tradicionais.

Há uma necessidade premente de implantação de políticas públicas que estimulem a formatação de clusters criativos para consolidação da Indústria Criativa local, apesar da

situação favorável já evidente em alguns segmentos, tais como: festivais, shows e eventos; tecnologia da informação e desenvolvimento de softwares; turismo cultural; áudio visual; jornalismo, publicidade e propaganda; e artes visuais (GOMES, 2008).

(32)

Ainda segundo Vieira (2008), com base em dados obtidos de 187 questionários aplicados pela autora a empreendedores do segmento das Indústrias Criativas, praticamente metade dos respondentes exerce atividade autônoma. De acordo com a autora, cerca de 45% dos entrevistados se enquadram nas atividades do patrimônio imaterial compreendido pelas manifestações culturais, saberes populares, artesanato e gastronomia, seguido pela atividade de edição e produção gráfica, respondendo por 14% da amostra.

Os resultados de Vieira (2008) corroboram com os encontrados por Gomes 2008, com maior parcela de representatividade do segmento de patrimônio imaterial, cerca de 16% de um total de 150 entrevistados.

A inserção de artesãos do Estado do Ceará na Indústria Criativa está fundamentada não apenas nas habilidades e talentos destes profissionais, mais também por outros fatores, tais como: necessidade de realização profissional, necessidade de sobrevivência, insatisfação com experiências profissionais anteriores, ausência de outras oportunidades de trabalho e a forte identificação com a atividade artesanal (DUARTE, 2011).

Segundo Vieira (2008), o segmento de Artesanato da Indústria Criativa vem sendo ameaçado pela falta de profissionalismo exacerbada, somada ao grande número de agentes não qualificados no livre exercício da função, que resulta em uma descaracterização dos próprios artesãos locais.

2.2 Gestão de Micro e Pequenas Empresas

As micro e pequenas empresas (MPE) são de fundamental importância para a geração de emprego e renda, o que contribui para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Chiavenato (2008), utiliza o termo “Small is beautiful” para indicar que as pequenas

empresas representam o eixo da dinâmica da economia dos países. São entidades que impulsionam do mercado, geradoras de oportunidades que proporcionam empregos mesmo em situações de recessão. Nos países desenvolvidos, parte significativa das ofertas de emprego é oriunda das empresas de pequeno porte. Enquanto que a tendência das grandes empresas é reduzir gradativamente seu quadro de pessoal

(33)

O estudo relata que no período 2000-2011, as MPE’s superaram a barreira dos seis milhões de estabelecimentos, com crescimento médio de 3,7% a.a. Entre 2000 e 2005, o crescimento médio foi de 4,8% a.a., enquanto o ritmo de crescimento entre 2005 e 2011 foi de 2,8% a.a.

De acordo com o SEBRAE (2012) o crescimento das micro e pequenas empresas (MPE) no país pode ser explicado pelo bom desempenho da economia brasileira no período 2000-2011, aliado às políticas de crédito.

No período 2000-2011, houve uma criação de aproximadamente 2,1 milhões de novos estabelecimentos, o que refletiu também nos aumentos das contratações com carteira assinada no setor, totalizando 7,0 milhões de novos postos de trabalho, representando um aumento de 5,5% a.a. do número de empregos formais na MPE’s. O total de empregos nessas empresas passou de 8,6 milhões em 2000 para 15,6 milhões em 2011 (SEBRAE, 2012).

As áreas de serviço e comércio são as de maior concentração de MPE’s. Em primeiro lugar está o comércio, representando mais da metade do total das MPE’s brasileiras. No entanto, em segundo lugar, está o setor de serviço, cuja contribuição também é bastante expressiva. O setor teve um aumento na sua participação de 29,9% do total de MPE’s em 2000 para 33,3% do total de MPE’s em 2011, o que representa cerca de 2,1 milhões de MPE’s. No Ceará, o números de MPE’s em 2011 no setor de comércio foi de 110.939 e no setor de serviços 40.556, representando 61,3% e 22,4%, respectivamente, do total (SEBRAE, 2012).

Os estudos realizados anualmente pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) buscam entender a motivação pela qual surge um empreendedor, se por oportunidade ou necessidade. O empreendedorismo por oportunidade é quando o empreendedor opta por abrir um negócio mesmo possuindo emprego e renda. Já o empreendedorismo por necessidade, surge por não possuírem melhores opções de trabalho, geralmente iniciam com o empreendimento autônomo, sem planejamento.

(34)

As considerações para classificação do porte de uma empresa ainda não são de completa unanimidade no Brasil. Governo, bancos e entidades utilizam critérios variados para classificar as empresas de acordo com o seu tamanho, para efeito de registro, isenções, apoio técnico, obtenção de crédito etc. O critério adotado pelo Estatuto da Micro e Pequena Empresa, também conhecida como Lei Geral, de 1999, para conceituar micro e pequena empresa e utilizado por diversos programas de crédito do governo federal é a receita bruta anual, cujos valores foram atualizados pelo Decreto nº 5.028/2004, de 31 de março de 2004, da seguinte forma:

 Microempresa: receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco reais e quatorze centavos);

 Empresa de Pequeno Porte: receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois reais).

Entretanto, o SEBRAE utiliza-se também de outro critério em consonância com a receita bruta anual: pelo número de funcionários da empresa.

 Microempresa:

i. Na indústria e construção: até 19 funcionários; ii. No comércio e serviços, até 09 funcionários;  Pequena empresa:

i. Na indústria e construção: de 20 a 99 funcionários; ii. No comércio e serviços, de 10 a 49 funcionários.

Segundo Chiavenato (2008), os deveres legais para as microempresas são bastante simplificados. São exigidos poucos documentos e papéis relativos aos negócios, sendo dispensado da escrituração dos livros fiscais, para efeito de incentivo e facilidade operacionais das empresas de minúsculo porte e das que alcançam um faturamento anual dentro dos limites definidos por lei.

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das pequenas empresas encerram as suas atividades no seu segundo ano de existência e o quadro se agrava nos cinco primeiros anos de operação.

Entre os principais motivos para esse índice de mortalidade prematura, destaca-se a falta de planejamento adequado, falta de conhecimento e habilidades gerenciais, insuficiência de capital, entre outros. De acordo com Chiavenato (2008), existem vários riscos que podem gerar a mortalidade prematura dos novos negócios, conforme sumarizado no Quadro 3.

Quadro 3 – As causas mais comuns de falhas no negócio

Fonte: Adaptado de Dun & Bradstreet Corporation: Business Failure Record, 1986 Final and 1987 Preliminary, New York, The Dun & Bradstreet Corp. 1988. (apud Chiavenato, 2008)

Para a sobrevivência das organizações, com todo este cenário de incertezas e intensa competitividade, é necessária a adoção de estratégias, buscando cada vez mais novas tecnologias e processos inovadores.

(36)

futuros; Fazer a diferença, para agregar valor aos serviços e produtos que criarem; saber explorar ao máximo as oportunidades transformando uma ideia em algo concreto; ser determinado e dinâmico, ultrapassando obstáculos e cultivando o inconformismo diante da rotina; ser dedicado e comprometido; ser otimista e apaixonado pelo que faz; ser independente e construir o próprio destino; ser líder e formador de equipe; saber assumir e gerenciar os riscos.

Um dos fatores que auxiliam a sustentação das empresas no mercado é possuir um bom planejamento estratégico, além do compromisso de conquistar e reter clientes satisfeitos. O planejamento estratégico vai além do planejamento voltado diretamente para o negócio. Ele identifica novos desafios e mercado.

De acordo com Maximiano (2009), o planejamento estratégico é o processo de definir os objetivos de longo prazo da organização e deve ser analisado sistematicamente e compreender os seguintes aspectos:

1) Entendimento da missão, compreender quais produtos e serviços são ou serão oferecidos;

2) Análise do ambiente externo, ou seja, analisar as oportunidades e ameaças considerando as mudanças tecnológicas, ação e controle do governo, tecnologia, conjuntura econômica e sociedade, entre outros;

3) Análise do ambiente interno, analisando as competências que formam o diferencial da empresa, identificando problemas nas áreas funcionais e fazendo comparação com outras empresas e com melhores práticas;

4) Definição do plano estratégico, definição qual o objetivo da empresa, aonde ela quer chegar e o que ela deve fazer para alcançar.

O plano estratégico deve conter a definição da missão e da visão da empresa; definição do negócio; estabelecimento dos objetivos específicos da empresa; definição da estratégia da empresa; declaração de premissas do planejamento; estabelecimento dos objetivos estratégicos de longo prazo (CHIAVENATO, 2008).

(37)

2.3 Aspectos Históricos dos Blocos Carnavalescos

Não há unanimidade sobre a origem da palavra Carnaval. Alguns estudiosos defendem que a palavra Carnaval deriva de carne vale, ou seja, “adeus carne”. Segundo a

religião católica, durante 40 dias deve-se dar uma pausa aos excessos cometidos no ano, como por exemplo, a privação de certos alimentos como a carne. Esse período é o início da Quaresma, que também é marcado como um período de reflexão espiritual.

Segundo Sebe (1986, apud BOSCHI 2007), as festas carnavalescas tiveram origem no Egito com as manifestações que rendiam homenagens a Deusa Isis, a protetora da natureza, em comemoração a fertilidade da natureza, onde davam graças à vida (Figura 5). Aconteciam sempre no período dos plantios ou de colheitas, simbolizando a abertura de uma nova era no ciclo anual.

Figura 5 – Templo de Filae, construído pelo faraó Nectanebo I em honra à deusa Ísis à esquerda e foto da estátua de Ísis e Hórus no Museu Imhotep, Sakara, Egito à direita

Fonte: CPARJ (2010)

(38)

do vinho e dos prazeres para os romanos. Já os lupercais e saturnais, celebravam em honra ao deus grego Pã(SEBE, 1986, apud BOSCHI 2007).

Figura 6 – O famoso Baco, obra de Michelangelo Merisi da Caravaggio (1595 -. Galleria degli Uffizi, Florença) à esquerda e foto do Rei Momo carioca da Revista à direita

Fontes: http://www.summagallicana.it/lessico/d/Dioniso%20-%20Bacco.htm; Revista Cruzeiro (1950-60)

Ainda de acordo com o autor, a forma popular teria se definido em Roma e forma segundo os padrões da elite, em Veneza, na República. Em ambos os casos, se caracterizaria por certa permissividade, pelo uso de máscaras transformadoras em determinado dia. A Figura 7 ilustra alguns brincantes mascarados na Praça São Marcos.

Figura 7 – Brincantes mascarados na Praça São Marcos durante o Carnaval de Veneza de 2010

(39)

As festas de Carnaval na Europa eram celebradas de uma maneira alegre, com desfiles urbanos onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Em meados do século XVI, surgiu o Carnaval no Brasil tendo como origem as celebrações de Carnaval portuguesas chamadas de “entrudo” e os bailes de máscaras italianas (ARAÚJO, 2003, apud BOSCHI 2007).

O entrudo, festejo que reinou no império carnavalesco por aproximadamente 300 anos, era uma prática de rua, a céu aberto onde os participantes entravam em confrontos, por simples vontade de brincar ou por agressivamente como revide (Figura 8). Esta celebração, que sempre acontecia nos três dias que antecediam a Quaresma, passou a ser mal vista em razão dos atos violentos e começou a receber novas influências com a chegada da Família Real e sua corte ao Rio de Janeiro (ARAÚJO, 2003, apud BOSCHI 2007).

Figura 8 – A pintura Cena de Carnaval, de Jean Batiste Debret, retrata como eram os entrudos no Brasil durante o século 17

Fonte: MENTA (2011)

Ainda segundo o autor, no início do século XIX, o jogo do entrudo começou a ser proibido e quem aderisse às práticas da festança seria punido, mas a população não se preocupou com tal proibição fazendo com que a negação não vingasse.

(40)

Com o passar do tempo, a festa popular e sem organização uniu-se a outros tipos de comemoração até chegar ao formato atual, um misto de folguedo, festa e espetáculo teatral, envolvendo arte e folclore, resultante do encontro de culturas diferentes (NASCIMENTO E AGUIAR, 2012).

A festa é uma das mais profundas e permanentes necessidades da sociedade humana, um instrumento daqueles ideais mais recônditos da civilização, quer dizer, o tempo e o lugar onde se promove “o céu na terra”, a vida ideal do povo, a vida mesma al revés. A festa é, ou pelo menos deve ser, o tempo da boa comida, da ironia, do

cômico, da abolição provisória de todas as hierarquias, artificialismos e limitações que separam os homens no tempo da vida ordinária. Por isso, para que haja festa, são necessários elementos do espírito, do mundo das ideias e dos ideais [...] (Fernandes, 2001, p. 2).

A data do Carnaval varia de acordo com as regras que determinam a data da Páscoa para os católicos. Nos últimos anos, passou a existir bailes em toda a semana pré-carnavalesca.

2.3.1 Evolução dos Blocos Carnavalescos no Brasil

Segundo o Instituto Cristão de Pesquisa (ICP), no dia 22 de janeiro de 1841 ocorreu o primeiro baile de Carnaval realizado no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no Hotel Itália, localizado no antigo Largo do Rócio, hoje Praça Tiradentes. O baile surgiu por iniciativa de seus proprietários, italianos empolgados com o sucesso dos grandes bailes mascarados da Europa. A iniciativa foi bem aceita pela sociedade e outros bailes começaram a surgir.

Apesar do distanciamento entre as diferentes classes sociais, os bailes carnavalescos tiveram uma enorme importância para a formação do Carnaval Brasileiro, pois oferecia aos foliões, que não tinham oportunidade de frequentar as festas dos teatros e salões, uma série de modelos a serem imitados e recriados associados às brincadeiras carnavalescas. Com o passar do tempo, os bailes foram popularizando-se até serem divididos entre os bailes da elite e os bailes das classes intermediárias e dessa forma nasceu as Sociedades Carnavalescas (BOSCHI, 2007).

(41)

para seus participantes e para quem assistia. Segundo Araújo (2003 apud BOSCHI, 2007), em 1855, no Rio de Janeiro, surgiu pela primeira vez essa nova modalidade de celebração. Um passeio de amigos foi organizado em razão da festividade, que se intitulou como Congresso de Sumidades Carnavalescas.

Rapidamente os desfiles tornaram-se o ponto alto da festa, quando centenas de pessoas aglomeravam-se nas estreitas ruas do centro da cidade somente para assistirem aos desfiles e cortejos (ARAÚJO, 2003, apud BOSCHI, 2007).

De acordo com Araújo (2003, apud BOSCHI, 2007), com a modernidade e a exclusão dos grandes espaços carnavalescos, notou-se então a formação dos cordões, blocos e ranchos que reuniam grandes grupos populares para desfilar pelas ruas. Fato que transformou a celebração em uma festa essencialmente brasileira.

Fernandes (2001) relata que, no início do século XX, os blocos carnavalescos, cordões e os famosos cortejos de automóveis (corsos) tornaram-se mais populares (Figura 9). As pessoas decoravam seus carros, fantasiavam-se e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades, dando origem aos carros alegóricos. O Carnaval foi se tornando cada vez mais popular e teve um crescimento considerável impulsionado pelo surgimento das marchinhas carnavalescas. O autor acredita que a música e as festas populares refletem o modo com que os grupos sociais pensam, percebem e concebem seu meio ambiente, tornando-se elementos extremamente importantes na relação entre o homem e o meio, o que faz com que o espaço onde vivem seja mais produtivo e agradável (FERNANDES, 2001).

Figura 9 – Foto do corso carnavalesco na Avenida Paulista em 1931 à esquerda e em Teresina no Carnaval de 2013

Fonte: Pereira (2012) e (2009)

(42)

Carnaval carioca e anunciou fusão com o também extinto Bloco União das Cores, o que resultou no surgimento do novo bloco União do Estácio de Sá (FERNANDES, 2001).

Figura 10 – Foto da primeira escola de samba do Brasil com o grande Ismael Silva, na festa de Nossa Senhora da Penha

Fonte: Bruno e Melo (2012)

A partir deste momento o Carnaval de rua começou a ganhar um novo formato. Com isso, no Rio de Janeiro e São Paulo, começaram a surgir novas escolas de samba. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, iniciaram os primeiros campeonatos para constatar qual escola de samba era a mais bela e animada.

Algumas cidades da região Nordeste permaneceram com as tradições originais do Carnaval de rua como, por exemplo, Recife com o frevo. Já na Bahia, o Carnaval de rua conta com a participação dos trios elétricos, embalados por músicas dançantes, em especial pelo axé (Figura 11).

Figura 11 – Foto do Carnaval de Salvador à esquerda e do Carnaval de Recife à direita

(43)

2.3.2 Evolução dos Blocos Pré-Carnavalescos na Cidade de Fortaleza

Em Fortaleza, os blocos carnavalescos surgiram no fim do século XIX a partir do Entrudo, que acontecia nos três dias que antecediam a quaresma. Os blocos, formados por músicos, comerciários e trabalhadores, chamados de brincantes, com a orquestra na retaguarda, tinham compositores próprios que geralmente criavam marchas especiais para o Carnaval (NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

De acordo com Nascimento e Aguiar (2012), as agremiações que dançavam ao som de samba foram surgindo tanto em Fortaleza como no Rio de Janeiro simultaneamente, pois as manifestações carnavalescas em Fortaleza relacionavam-se a uma condição plenamente contemporânea ao padrão carnavalesco carioca.

Nas décadas de 1930, 1940 e 1950, em virtude da ausência cada vez mais acentuada das elites, que nesse período passaram a frequentar os clubes e migraram para novos espaços territoriais de moradia, aumentou a quantidade de moradores de classes de baixa renda no centro da cidade. Dessa forma, o Corso foi perdendo a força e transformou-se em várias outras formas (COSTA, 2009).

Os bairros centrais tiveram um importante marco na história do Carnaval em Fortaleza. Os blocos concentravam-se na Praça do Ferreira e desciam para a Avenida Duque de Caxias, fazendo o retorno ao ponto inicial. Posteriormente, passaram a fazer um círculo, voltando por outras ruas. Por fim, a concentração passou a ser no Passeio Público, seguindo o desfile pela Rua Major Facundo até a Praça do Ferreira, retomando pela Floriano Peixoto, indo até a Avenida Duque de Caxias, voltando pelas Ruas Senador Pompeu e João Moreira e desfaziam-se quando chegavam novamente ao Passeio Público. Durante anos os desfiles aconteceram em grandes avenidas, como a Tristão Gonçalves, a Duque de Caxias e a Dom Manuel (NIREZ, 1993 apud NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

O primeiro registro de organização em blocos surgiu em 1885, com a fundação da Sociedade Carnavalesca Conspiradores Infernais. Ainda segundo o autor, os blocos carnavalescos de Fortaleza sofreram ainda influência do Maracatu, com a fundação do Maracatu Ás de Ouro em 1936 por alguns foliões vindos de Recife (NIREZ, 1993 apud NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

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Raimundo Alves Feitosa, também conhecido como “Boca Aberta”. A fundação do bloco foi a razão para o surgimento do maracatu cearense. No Carnaval de 1937, o Az de Ouro foi chamado a participar do desfile de rua de Fortaleza a convite do rei momo Ponce de Leon, que desfilou com 17 brincantes, todos homens, que representavam tanto as personagens masculinas quanto femininas, visto que as mulheres eram impedidas de dançar maracatu (COSTA, 2009). A Figura 12 apresenta o maracatu como uma das irmandades religiosas no Ceará.

Figura 12 – Foto Maracatu – As irmandades religiosas no Ceará

Fonte: Leomar (2006)

Destacava-se, também, a presença dos “sujos”, blocos que expressavam sátiras políticas e sociais, nos espaços públicos de Fortaleza (CRUZ E RODRIGUES, 2010).

Com a tendência de grandes produções carnavalescas e crescimento da notoriedade junto à classe média, o bloco Ispaia Brasa, durante a década de 1970, implantou um novo modelo de festa. Os organizadores do bloco passaram a trazer ritmistas, sambistas cariocas e passistas do Rio de Janeiro, buscar patrocínios e cobrar pelas fantasias dos brincantes, tornando-se, assim, o centro da ostentação no Carnaval de rua cearense (COSTA, 2009).

(45)

Os autores consideram que o Pré-Carnaval representa a mais concreta expectativa e momento de preparação para o que há de vir. A maioria dos bairros de Fortaleza e região metropolitana organizam-se à sua maneira para o grande ápice da folia, nas formas de formas diferentes relacionadas às tradições locais, como por exemplo, blocos de Pré-Carnaval, ensaios das escolas de samba, bailes, entre outros.

O marco para o surgimento do Pré-Carnaval em Fortaleza foi a criação da Banda do Periquito da Madame, em 1980, por Jânio Soares (CRUZ; RODRIGUES, 2010). A Figura 13 ilustra uma apresentação do bloco no Largo do Mincharia em Fortaleza.

Figura 13 – Foto da Banda do Periquito da Madame no Largo do Mincharia em Fortaleza

Fonte: Vieira, A.C. (2012)

Atualmente, o Pré-Carnaval de Fortaleza vêm se tornando cada vez mais em grande atrativo para aqueles que curtem o agito. Com espaços reformados, o reforço de seguranças, os desvios das principais avenidas, cadastro de ambulantes, carros de som, ações de limpeza e vários outros preparativos compõem o acontecimento da festa.

(46)

No período do Carnaval a movimentação em Fortaleza é substancialmente menor do que no período do Pré-Carnaval, ao contrário do que se esperaria, dada a importância dos festejos de Carnaval. Este fato pode ser explicado, entre outros fatores, pela existência de outros interesses econômicos e de lazer proporcionados pelo feriado (NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

(47)

3 METODOLOGIA

Este capítulo detalha a metodologia utilizada para realização deste trabalho, abordando-se a natureza e tipologia da pesquisa, além da coleta, tratamento e análise dos dados do mercado de blocos pré-carnavalescos e sua relação com a economia criativa.

3.1 Tipo de Pesquisa

A pesquisa que está sendo proposta tem uma abordagem qualitativa com caráter exploratório de investigação, fundamentado pela natureza do estudo que visa apreender a maior quantidade possível de informações do campo, limitando-se na generalização dos resultados.

De acordo com Bardin (1993), a análise qualitativa é caracterizada, sobretudo pelo fato da inferência ser fundamentada na presença da determinada informação e não na frequência de sua aparição.

A análise qualitativa apresenta certas características particulares. É válida, sobretudo, na elaboração das deduções especificas sobre um acontecimento ou uma variável de inferência precisa, e não em inferências gerais. Pode funcionar sobre corpus reduzido e estabelecer categorias mais discriminadas, visto não estar ligada, enquanto análise quantitativa, a categorias que deem lugar a frequências suficientemente elevadas, para que os círculos se tornem possíveis. (BARDIN, 1993).

Godoy (1995) indica a existência de três procedimentos metodológicos na abordagem qualitativa, quais sejam: pesquisa documental; estudo de caso; e etnografia. Segundo o autor, há um conjunto de características essenciais que possibilitam a identificação de uma pesquisa qualitativa:

 ambiente natural como fonte direta de dados e pesquisador como instrumento fundamental;

 caráter descritivo;

 significado dado pelas pessoas às coisas e a sua vida como preocupação do investigador;

(48)

Estudos qualitativos são direcionados, no percurso do seu desenvolvimento, com foco amplo, com obtenção de dados descritivos a partir de contato direto e interativo do pesquisador com o objeto estudado (NEVES, 1996). Ainda segundo o autor, o método qualitativo é recomendado em situações em que se evidencia a falta de exploração de certo tema na literatura disponível, o caráter descritivo da pesquisa ou a intenção de compreender um fenômeno complexo em sua totalidade.

Neves (1996) cita algumas formas de se obter avanços sobre um determinado fenômeno, quais sejam: a descrição; medição; busca de nexo causal entre os condicionantes; análise de contexto; distinção entre forma manifesta e essência; indicação das funções de seus componentes; visão de sua estrutura; comparação de estados alterados de sua essência, dentre outras. Segundo o autor, as diferentes maneiras de se pesquisar certo fenômeno permitem interpretações distintas que não se opõem nem se contradizem, podendo contribuir para o enriquecimento da análise.

Esta pesquisa pode ser classificada ainda como exploratória e descritiva, quanto aos fins a que se propõe chegar, de acordo com a tipologia proposta por Vergara (2009). Esta pesquisa é exploratória por investigar um tema ainda pouco pesquisado como o do mercado de blocos pré-carnavalescos, sobretudo na perspectiva de associação deste modelo de negócio com a temática da economia criativa.

A pesquisa apresenta ainda elementos para ser considerada descritiva, dado que ocorre uma exposição das características de determinada população. Neste estudo uma amostra dos blocos pré-carnavalescos de Fortaleza será detalhadamente analisada a partir da realização de entrevistas.

Vergara (2009) sugere também uma tipologia de pesquisa quanto aos meios utilizados para sua realização. Neste caso esta pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, documental e de campo. Esta pesquisa pode ser tida como bibliográfica e documental em virtude da realização de levantamento de documentos de fontes primárias e secundárias, respectivamente. As fontes primárias correspondem aos documentos obtidos diretamente com os blocos entrevistados, enquanto que as fontes secundárias compreendem todas as publicações nacionais ou internacionais consultadas para a realização desta pesquisa.

Imagem

Figura 1 - Classificação das Indústrias Criativas
Figura 2  –  O escopo da economia criativa
Figura 3  –  Fluxograma detalhado para a cadeia da Indústria Criativa no Brasil
Figura 5  –  Templo de Filae, construído pelo faraó Nectanebo I em  honra à deusa  Ísis à esquerda e foto da estátua de Ísis e Hórus no Museu Imhotep, Sakara, Egito à  direita
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