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As micro e pequenas empresas (MPE) são de fundamental importância para a geração de emprego e renda, o que contribui para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Chiavenato (2008), utiliza o termo “Small is beautiful” para indicar que as pequenas empresas representam o eixo da dinâmica da economia dos países. São entidades que impulsionam do mercado, geradoras de oportunidades que proporcionam empregos mesmo em situações de recessão. Nos países desenvolvidos, parte significativa das ofertas de emprego é oriunda das empresas de pequeno porte. Enquanto que a tendência das grandes empresas é reduzir gradativamente seu quadro de pessoal

Dados apresentados pelo Anuário do Trabalho (2012), realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), indica que as micro e pequenas empresas são responsáveis por 99% dos estabelecimentos, 51,6% dos empregos privados não agrícolas formais no país e quase 40% da massa de salários.

O estudo relata que no período 2000-2011, as MPE’s superaram a barreira dos seis milhões de estabelecimentos, com crescimento médio de 3,7% a.a. Entre 2000 e 2005, o crescimento médio foi de 4,8% a.a., enquanto o ritmo de crescimento entre 2005 e 2011 foi de 2,8% a.a.

De acordo com o SEBRAE (2012) o crescimento das micro e pequenas empresas (MPE) no país pode ser explicado pelo bom desempenho da economia brasileira no período 2000-2011, aliado às políticas de crédito.

No período 2000-2011, houve uma criação de aproximadamente 2,1 milhões de novos estabelecimentos, o que refletiu também nos aumentos das contratações com carteira assinada no setor, totalizando 7,0 milhões de novos postos de trabalho, representando um aumento de 5,5% a.a. do número de empregos formais na MPE’s. O total de empregos nessas empresas passou de 8,6 milhões em 2000 para 15,6 milhões em 2011 (SEBRAE, 2012).

As áreas de serviço e comércio são as de maior concentração de MPE’s. Em primeiro lugar está o comércio, representando mais da metade do total das MPE’s brasileiras. No entanto, em segundo lugar, está o setor de serviço, cuja contribuição também é bastante expressiva. O setor teve um aumento na sua participação de 29,9% do total de MPE’s em 2000 para 33,3% do total de MPE’s em 2011, o que representa cerca de 2,1 milhões de MPE’s. No Ceará, o números de MPE’s em 2011 no setor de comércio foi de 110.939 e no setor de serviços 40.556, representando 61,3% e 22,4%, respectivamente, do total (SEBRAE, 2012).

Os estudos realizados anualmente pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) buscam entender a motivação pela qual surge um empreendedor, se por oportunidade ou necessidade. O empreendedorismo por oportunidade é quando o empreendedor opta por abrir um negócio mesmo possuindo emprego e renda. Já o empreendedorismo por necessidade, surge por não possuírem melhores opções de trabalho, geralmente iniciam com o empreendimento autônomo, sem planejamento.

Segundo pesquisa realizada pela GEM (2012), no Brasil há 27 milhões de pessoas que possuem um negócio ou estão envolvidas na criação de uma nova empresa. Dentre 54 países analisados, o Brasil aparece em terceiro lugar no ranking, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos. A pesquisa, que se trata de uma parceria entre o SEBRAE e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), relata que para cada empreendedor por necessidade, havia outros 2,24 empreendedores por oportunidade. Verificou-se também que a faixa etária com maior concentração de empreendedores iniciais é de 25 aos 34 anos, sendo 51% homens e 49% mulheres.

As considerações para classificação do porte de uma empresa ainda não são de completa unanimidade no Brasil. Governo, bancos e entidades utilizam critérios variados para classificar as empresas de acordo com o seu tamanho, para efeito de registro, isenções, apoio técnico, obtenção de crédito etc. O critério adotado pelo Estatuto da Micro e Pequena Empresa, também conhecida como Lei Geral, de 1999, para conceituar micro e pequena empresa e utilizado por diversos programas de crédito do governo federal é a receita bruta anual, cujos valores foram atualizados pelo Decreto nº 5.028/2004, de 31 de março de 2004, da seguinte forma:

 Microempresa: receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco reais e quatorze centavos);

 Empresa de Pequeno Porte: receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois reais).

Entretanto, o SEBRAE utiliza-se também de outro critério em consonância com a receita bruta anual: pelo número de funcionários da empresa.

 Microempresa:

i. Na indústria e construção: até 19 funcionários; ii. No comércio e serviços, até 09 funcionários;  Pequena empresa:

i. Na indústria e construção: de 20 a 99 funcionários; ii. No comércio e serviços, de 10 a 49 funcionários.

Segundo Chiavenato (2008), os deveres legais para as microempresas são bastante simplificados. São exigidos poucos documentos e papéis relativos aos negócios, sendo dispensado da escrituração dos livros fiscais, para efeito de incentivo e facilidade operacionais das empresas de minúsculo porte e das que alcançam um faturamento anual dentro dos limites definidos por lei.

A partir de pesquisa realizada pelo SEBRAE (2007), com base em dados de empresas constituídas e registradas nas Juntas Comerciais Estaduais, pode-se verificar que a taxa de mortalidade das MPE’s ainda é bastante elevada. O estudo revelou que, apesar da importância que essas empresas representam na economia e desenvolvimento do Brasil, 22%

das pequenas empresas encerram as suas atividades no seu segundo ano de existência e o quadro se agrava nos cinco primeiros anos de operação.

Entre os principais motivos para esse índice de mortalidade prematura, destaca-se a falta de planejamento adequado, falta de conhecimento e habilidades gerenciais, insuficiência de capital, entre outros. De acordo com Chiavenato (2008), existem vários riscos que podem gerar a mortalidade prematura dos novos negócios, conforme sumarizado no Quadro 3.

Quadro 3 – As causas mais comuns de falhas no negócio

Fonte: Adaptado de Dun & Bradstreet Corporation: Business Failure Record, 1986 Final and 1987 Preliminary, New York, The Dun & Bradstreet Corp. 1988. (apud Chiavenato, 2008)

Para a sobrevivência das organizações, com todo este cenário de incertezas e intensa competitividade, é necessária a adoção de estratégias, buscando cada vez mais novas tecnologias e processos inovadores.

Para Dornelas (2001, p. 31), os empreendedores de sucesso assumem algumas características comportamentais, tais como: ser visionário, ou seja, ter a visão para negócios

futuros; Fazer a diferença, para agregar valor aos serviços e produtos que criarem; saber explorar ao máximo as oportunidades transformando uma ideia em algo concreto; ser determinado e dinâmico, ultrapassando obstáculos e cultivando o inconformismo diante da rotina; ser dedicado e comprometido; ser otimista e apaixonado pelo que faz; ser independente e construir o próprio destino; ser líder e formador de equipe; saber assumir e gerenciar os riscos.

Um dos fatores que auxiliam a sustentação das empresas no mercado é possuir um bom planejamento estratégico, além do compromisso de conquistar e reter clientes satisfeitos. O planejamento estratégico vai além do planejamento voltado diretamente para o negócio. Ele identifica novos desafios e mercado.

De acordo com Maximiano (2009), o planejamento estratégico é o processo de definir os objetivos de longo prazo da organização e deve ser analisado sistematicamente e compreender os seguintes aspectos:

1) Entendimento da missão, compreender quais produtos e serviços são ou serão oferecidos;

2) Análise do ambiente externo, ou seja, analisar as oportunidades e ameaças considerando as mudanças tecnológicas, ação e controle do governo, tecnologia, conjuntura econômica e sociedade, entre outros;

3) Análise do ambiente interno, analisando as competências que formam o diferencial da empresa, identificando problemas nas áreas funcionais e fazendo comparação com outras empresas e com melhores práticas;

4) Definição do plano estratégico, definição qual o objetivo da empresa, aonde ela quer chegar e o que ela deve fazer para alcançar.

O plano estratégico deve conter a definição da missão e da visão da empresa; definição do negócio; estabelecimento dos objetivos específicos da empresa; definição da estratégia da empresa; declaração de premissas do planejamento; estabelecimento dos objetivos estratégicos de longo prazo (CHIAVENATO, 2008).

A empresa deve entender com clareza as suas habilidades e o seu diferencial, dentro do contexto de seu setor, criando vantagens competitivas e aproveitando as oportunidades existentes.

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