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2.3 Aspectos Históricos dos Blocos Carnavalescos

2.3.2 Evolução dos Blocos Pré-Carnavalescos na Cidade de Fortaleza

Em Fortaleza, os blocos carnavalescos surgiram no fim do século XIX a partir do Entrudo, que acontecia nos três dias que antecediam a quaresma. Os blocos, formados por músicos, comerciários e trabalhadores, chamados de brincantes, com a orquestra na retaguarda, tinham compositores próprios que geralmente criavam marchas especiais para o Carnaval (NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

De acordo com Nascimento e Aguiar (2012), as agremiações que dançavam ao som de samba foram surgindo tanto em Fortaleza como no Rio de Janeiro simultaneamente, pois as manifestações carnavalescas em Fortaleza relacionavam-se a uma condição plenamente contemporânea ao padrão carnavalesco carioca.

Nas décadas de 1930, 1940 e 1950, em virtude da ausência cada vez mais acentuada das elites, que nesse período passaram a frequentar os clubes e migraram para novos espaços territoriais de moradia, aumentou a quantidade de moradores de classes de baixa renda no centro da cidade. Dessa forma, o Corso foi perdendo a força e transformou-se em várias outras formas (COSTA, 2009).

Os bairros centrais tiveram um importante marco na história do Carnaval em Fortaleza. Os blocos concentravam-se na Praça do Ferreira e desciam para a Avenida Duque de Caxias, fazendo o retorno ao ponto inicial. Posteriormente, passaram a fazer um círculo, voltando por outras ruas. Por fim, a concentração passou a ser no Passeio Público, seguindo o desfile pela Rua Major Facundo até a Praça do Ferreira, retomando pela Floriano Peixoto, indo até a Avenida Duque de Caxias, voltando pelas Ruas Senador Pompeu e João Moreira e desfaziam-se quando chegavam novamente ao Passeio Público. Durante anos os desfiles aconteceram em grandes avenidas, como a Tristão Gonçalves, a Duque de Caxias e a Dom Manuel (NIREZ, 1993 apud NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

O primeiro registro de organização em blocos surgiu em 1885, com a fundação da Sociedade Carnavalesca Conspiradores Infernais. Ainda segundo o autor, os blocos carnavalescos de Fortaleza sofreram ainda influência do Maracatu, com a fundação do Maracatu Ás de Ouro em 1936 por alguns foliões vindos de Recife (NIREZ, 1993 apud NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

No ano de 1935, segundo Costa (2009), surgiram os blocos Prova de Fogo e, em seguida, a Escola de Samba Lauro Maia, que tempos depois passou a se chamar de Escola de Samba Luiz Assunção. Em 1936, surgiu o bloco de maracatu Az de Ouro, idealizado por

Raimundo Alves Feitosa, também conhecido como “Boca Aberta”. A fundação do bloco foi a razão para o surgimento do maracatu cearense. No Carnaval de 1937, o Az de Ouro foi chamado a participar do desfile de rua de Fortaleza a convite do rei momo Ponce de Leon, que desfilou com 17 brincantes, todos homens, que representavam tanto as personagens masculinas quanto femininas, visto que as mulheres eram impedidas de dançar maracatu (COSTA, 2009). A Figura 12 apresenta o maracatu como uma das irmandades religiosas no Ceará.

Figura 12 – Foto Maracatu – As irmandades religiosas no Ceará

Fonte: Leomar (2006)

Destacava-se, também, a presença dos “sujos”, blocos que expressavam sátiras políticas e sociais, nos espaços públicos de Fortaleza (CRUZ E RODRIGUES, 2010).

Com a tendência de grandes produções carnavalescas e crescimento da notoriedade junto à classe média, o bloco Ispaia Brasa, durante a década de 1970, implantou um novo modelo de festa. Os organizadores do bloco passaram a trazer ritmistas, sambistas cariocas e passistas do Rio de Janeiro, buscar patrocínios e cobrar pelas fantasias dos brincantes, tornando-se, assim, o centro da ostentação no Carnaval de rua cearense (COSTA, 2009).

A dimensão da folia carnavalesca é configurada pelos blocos, escolas no espaço tempo da cidade, o que chamamos de Carnaval. Entretanto, as semanas que antecedem a celebração passaram a ganhar espaço como forma de aumentar a expectativa dos foliões. Diante este cenário, um novo evento surgiu redimensionando o Carnaval fortalezense, o chamado Pré-Carnaval (NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

Os autores consideram que o Pré-Carnaval representa a mais concreta expectativa e momento de preparação para o que há de vir. A maioria dos bairros de Fortaleza e região metropolitana organizam-se à sua maneira para o grande ápice da folia, nas formas de formas diferentes relacionadas às tradições locais, como por exemplo, blocos de Pré-Carnaval, ensaios das escolas de samba, bailes, entre outros.

O marco para o surgimento do Pré-Carnaval em Fortaleza foi a criação da Banda do Periquito da Madame, em 1980, por Jânio Soares (CRUZ; RODRIGUES, 2010). A Figura 13 ilustra uma apresentação do bloco no Largo do Mincharia em Fortaleza.

Figura 13 – Foto da Banda do Periquito da Madame no Largo do Mincharia em Fortaleza

Fonte: Vieira, A.C. (2012)

Atualmente, o Pré-Carnaval de Fortaleza vêm se tornando cada vez mais em grande atrativo para aqueles que curtem o agito. Com espaços reformados, o reforço de seguranças, os desvios das principais avenidas, cadastro de ambulantes, carros de som, ações de limpeza e vários outros preparativos compõem o acontecimento da festa.

O evento tornou-se de grande visibilidade midiática e possui significativa cobertura nos jornais de circulação local. Somente no bairro Benfica, é possível verificar mais de dez blocos, organizados por diferentes grupos sociais, gerando uma integração entre estes grupos distintos de frequentantes da festa, os quais representaram uma coletividade que estará afirmando suas tradições, sua representatividade e seu território (NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

No período do Carnaval a movimentação em Fortaleza é substancialmente menor do que no período do Pré-Carnaval, ao contrário do que se esperaria, dada a importância dos festejos de Carnaval. Este fato pode ser explicado, entre outros fatores, pela existência de outros interesses econômicos e de lazer proporcionados pelo feriado (NASCIMENTO; AGUIAR, 2012).

As opções de lazer e diversão oferecidas no período do Carnaval em todo o estado do Ceará são bastante diversificadas, o que acaba dispersando as pessoas de acordo com seu intuito e gosto.

3 METODOLOGIA

Este capítulo detalha a metodologia utilizada para realização deste trabalho, abordando-se a natureza e tipologia da pesquisa, além da coleta, tratamento e análise dos dados do mercado de blocos pré-carnavalescos e sua relação com a economia criativa.

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