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Autos n. 0300876-11.2018.8.24.0064 Ação: Procedimento Comum

Autor: Frederico Luciano Galler de Magalhães Gomes e outros/

Réu: Associação dos Taxistas de São José e Florianopolis e outro/

DECISÃO

I - Trata-se de Ação Declaratória de Nulidade de Eleição c/c pedido de tutela de urgência ajuizada por Frederico Luciano Galler de Magalhães Gomes e outros em face de Associação dos Taxistas de São José e Florianópolis e outros.

Em síntese, a parte requerente alega que as eleições para a referida associação ocorreu em desconformidade com o estatuto, sendo contabilizados votos de pessoas não aptas a votar, entre outros motivos impedientes.

Assim, diante do escorço fático, a requerente pediu a concessão da tutela antecipada de urgência, para "o deferimento in limine , sem participação da parte contrária, determinando-se com respaldo no artigo 300 do Código de Processo Civil, para que SEJA SUSPENSA A POSSE da Chapa da situação eleita irregularmente no pleito eleitoral vindicado, devendo ser instalado uma comissão especial para condução da entidade e da realização de novo pleito eleitoral em prazo não superior a 60 dias, devendo constar da ordem à obrigação de corrigir as irregularidades apontadas na exordial".

É o necessário.

II - DECIDO

Para concessão de uma tutela provisória tal qual a requerida, afigura-se necessária a presença concomitante de elementos que evidenciem probabilidade do direito invocado e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, assim como dispõe o art. 300 do CPC:

A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

In casu, quanto à probabilidade do direito, tem-se que

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Endereço: Domingos André Zanini, 380, proximidades do Shopping Itaguaçu, Barreiro - CEP 88117-200, Fone: 48, São José-SC - E-mail:

ocorreram eleições para a diretoria da associação, demonstrado que, ao menos em análise preliminar, houve contabilização de votos de pessoas que não constavam na lista de aptos a votar (fls. 46/89), votos por procuração outorgados por associados não aptos, votos contabilizados de associados com permissão cassada.

Está evidenciada, assim, a probabilidade do direito.

Quanto ao segundo requisito, qual seja, o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, a própria natureza da medida pleiteada justifica a urgência da medida. Com efeito, caso se aguarde até o fim do deslinde processual, há probabilidade de que todo o transcurso do mandato seja decorrido sem uma solução judicial adequada.

Quanto à possibilidade de imposição, pelo Poder Judiciário, de realização de novas eleições em associação, que possui natureza eminentemente privada, ressalta-se que impõe-se o reconhecimento da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Destarte, apesar da natureza privada da associação, o desrespeito ao próprio estatuto configura-se, em última análise, em desrespeito aos próprios princípios da segurança jurídica, pluralismo político e democrático, erigidos na Constituição Federal. Neste sentido:

DIREITO CIVIL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. EXCLUSÃO DE SÓCIOS SEM A GARANTIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. LIMITAÇÃO DA AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES PELOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.

INSURGÊNCIA DO CLUBE DOZE DE AGOSTO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADA. RAZÕES RECURSAIS CALCADAS NA REGULARIDADE DO PROCESSO DISCIPLINAR MOVIDO CONTRA OS AUTORES. CONJUNTO PROBATÓRIO REVELADOR DE TER SIDO ILEGAL E ABSOLUTAMENTE DISCRICIONÁRIA A EXCLUSÃO DOS SÓCIOS. INOBSERVÂNCIA DAS REGRAS ESTATUTÁRIAS QUANTO AO PROCESSO DISCIPLINAR PARA A APURAÇÃO DE INFRAÇÕES.

DESCUMPRIMENTO DO ART. 333, INC. II, DO CPC.

DESCABIMENTO DA MINORAÇÃO DA VERBA INDENIZATÓRIA.

POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO COM A DÍVIDA DOS AUTORES RELATIVAMENTE ÀS TAXAS DE MANUTENÇÃO INADIMPLIDAS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

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IRRESIGNAÇÃO DO PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DO CLUBE. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM ACOLHIDA. EXTINÇÃO DO FEITO (ART.

267, INC. VI, DO CPC). INVERSÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS.

RECLAMO PROVIDO. APELO DOS AUTORES.

CIRCUNSTÂNCIAS QUE AUTORIZAM A MANUTENÇÃO DO MONTANTE INDENIZATÓRIO FIXADO NA SENTENÇA (R$

10.000,00 PARA CADA REQUERENTE). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM CONFORMIDADE COM AS RECOMENDAÇÕES DO ART. 20 DO CPC. RECURSO DESPROVIDO. 1. "As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. [2.] "A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. [3.]

"O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. [4.] "A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais"

(STF / RE 201819 - RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.

em 11.10.2005). (TJSC, Apelação Cível n. 2006.043191-1, da Capital, rel. Des. Eládio Torret Rocha, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 14-10-2010).

No entanto, não é viável a suspensão da posse da chapa vencedora, já que esta já ocorreu, de modo que não seria viável a suspensão das atividades da associação até a realização de novas eleições.

Quanto à realização de novo pleito, existem elementos

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suficientes para determinação da medida, in limine, porquanto demonstrado o direito e comprovada a urgência. O prazo de 60 (sessenta) dias é razoável e adequado para a organização de novo pleito, a contar da intimação desta decisão.

III - Ante o exposto, considerando o preenchimento dos requisitos legais, DEFIRO PARCIALMENTE o pedido da parte requerente e CONCEDO a tutela provisória de urgência, para DETERMINAR a realização de novas eleições para Diretoria da Associação dos Taxistas de São José e Florianópolis, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar desta decisão, sem os vícios indicados nesta decisão e enumerados à fl. 3.

Considerando que a petição inicial foi instruída com pedido das tutelas provisória e definitiva, dispensa-se a aplicação do inciso I do §1º do art. 303 do CPC.

Em face do número de processos tramitando nesta unidade, carência de pessoal e dificuldade estrutural, como forma de velar pela razoável duração do processo, impossibilita-se, por ora, a designação da audiência prevista no art. 334 do CPC. A designação de audiência de conciliação ou mediação para toda e qualquer nova demanda distribuída prejudicaria consideravelmente a tramitação e a obtenção de solução célere e adequada para os mais de 12.000 (doze mil) processos em andamento nesta unidade jurisdicional, pois não se dispõe de espaço físico, horários livres na pauta e conciliador treinado para conduzir o ato nos moldes exigidos pela nova legislação, circunstâncias que, por ora, dificultam sobremaneira o cumprimento da referida norma. Assim, em face da ausência de estrutura operacional, deixo de designar a audiência de conciliação e mediação prevista no art. 334 do Código de Processo Civil.

Ressalto que tal alteração procedimental não enseja nulidade nem acarreta qualquer prejuízo às partes, vez que a solução consensual do conflito não está sujeita à preclusão e terá lugar em qualquer fase do processo judicial, podendo ser obtida, inclusive, por meios autônomos e extrajudiciais, haja vista ser dever de todo e qualquer operador jurídico, por imperativo ético, estimular a autocomposição (art. 3º, § 3º do Código de Processo Civil).

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Cite-se a parte requerida para, querendo, apresentar contestação e indicar as provas que pretende produzir, no prazo de 15 (quinze) dias, na forma dos artigos 335 e seguintes do CPC, sob pena de revelia.

Decorrido o prazo sem manifestação, certifique-se e retornem conclusos para decisão (art. 307, caput do CPC).

Havendo contestação, intime-se a parte autora para, querendo, manifestar-se, no prazo de 15 (quinze) dias (arts. 307, parágrafo único, 350 e 351, CPC), oportunidade em que também deverá especificar as provas que efetivamente ainda pretende produzir, indicando o fato probando, de forma certa e determinada, e o meio probatório, sob pena de indeferimento.

Intime-se.

São José, 02 de abril de 2018.

Marivone Koncikoski Abreu Juíza de Direito

Referências

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