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ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: CARACTERIZAÇÃO E CONSEQUÊNCIAs

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A SSÉDIO M ORAL NO T RABALHO :

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A SSÉDIO M ORAL NO T RABALHO :

C ARACTERIZAÇÃO E C ONSEQUÊNCIA s

Juiz do trabalho livre-docente em Direito do Trabalho pela USP.

Professor de Direito do Trabalho da USP.

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EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-001 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

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Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZI X Projeto de Capa: FABIO GIGLIO

Impressão: DIGITAL PAGE Setembro, 2013

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Oliveira, Paulo Eduardo Vieira de

Assédio moral no trabalho : caracterização e consequências / Paulo Eduardo Vieira de Oliveira. — São Paulo : LTr, 2013.

1. Ambiente de trabalho 2. Assédio moral 3. Dano moral 4. Indenização 5. Medicina do trabalho 6. Direito do trabalho I. Título.

13-03381 CDU-34:331.101.37

1. Ambiente de trabalho : Assédio moral : Direito do trabalho 34:331.101.37 2. Assédio moral : Ambiente do trabalho : Direito do trabalho 34:331.101.37 Versão impressa - LTr 4772.7 - ISBN 978-85-361-2622-7 Versão digital - LTr 7664.5 - ISBN 978-85-361-2779-8

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S UMÁRIO

INTRODUÇÃO... 9

CAPÍTULO 1 — O ASSÉDIO MORAL COMO FENÔMENO PSICOLÓGICO 1. INTRODUÇÃO... 11

2. DENOMINAÇÃO... 12

3. CONCEITO... 14

CAPÍTULO 2 — O ASSÉDIO MORALNO TRABALHO: CONCEITO, CARACTERÍSTICASE DIMENSÕES. 1. NOÇÕESPRELIMINARES... 17

2. A OIT EAVIOLÊNCIANOTRABALHO... 22

3. DEFINIÇÃODEASSÉDIOMORALNOTRABALHO... 22

4. CARACTERÍSTICASDOASSÉDIOMORALNOTRABALHO... 29

4.1. ATENTADOSÀSCONDIÇÕESDETRABALHO... 31

4.2. ISOLAMENTOERECUSADECOMUNICAÇÃO... 36

4.3. ATENTADOSÀDIGNIDADE... 38

4.4. VIOLÊNCIAVERBAL, FÍSICAOUSEXUAL ... 42

4.5. O CARÁTERREPETITIVOESISTEMÁTICODACONDUTADOAGRESSOR... 43

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5. DIMENSÕESDOASSÉDIOMORAL... 44

5.1. DIMENSÃOLABORAL... 44

5.2. DIMENSÃOSOCIAL... 45

6. DISTINÇÃODEFIGURASAFINS... 45

CAPÍTULO 3 — ESPÉCIESDE ASSÉDIO MORALNO TRABALHOESUA CONFIGURAÇÃO 1. ESPÉCIESDEASSÉDIOMORALNOTRABALHO... 47

1.1. ASSÉDIOMORALDESCENDENTE... 47

1.2. ASSÉDIOMORALHORIZONTAL... 51

1.3. ASSÉDIOMORALASCENDENTE... 53

1.4. ASSÉDIOMORALMISTO... 54

1.5. ASSÉDIOMORALINSTITUCIONAL... 54

2. CONFIGURAÇÃODOASSÉDIOMORALNOTRABALHO... 57

CAPÍTULO 4 — SUJEITOSDO ASSÉDIO MORALNO TRABALHO 1. SUJEITOATIVO: OASSEDIANTE... 60

2. SUJEITOPASSIVO: AVÍTIMA... 62

CAPÍTULO 5 — AS CONSEQUÊNCIASDO ASSÉDIO MORALNO TRABALHO 1. CONSEQUÊNCIASPARAOTRABALHADOR... 66

1.1. O TRABALHADORCOMOVÍTIMA... 66

1.2. O TRABALHADORCOMOASSEDIADOR... 69

2. CONSEQUÊNCIASPARAOEMPREGADOR: COMOASSEDIADOECOMOAGRESSOR... 71

3. CONSEQUÊNCIASPARAOESTADO... 73

CAPÍTULO 6 — A INDENIZAÇÃOPOR ASSÉDIO MORAL: FUNDAMENTOSE MÉTODOSDE FIXAÇÃODO VALORDA INDENIZAÇÃO TRABALHISTA 1. FIXAÇÃODOQUANTUMDAINDENIZAÇÃO... 75

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1.1. PORARBITRAMENTO ... 76

1.2. PORCÁLCULO... 76

1.3. ATRAVÉSDEFIXAÇÃOPELOJUIZ. ... 77

CAPÍTULO 7 — A PREVENÇÃODO ASSÉDIO MORALNO TRABALHO 1. MUDANÇASNASCONDIÇÕESDETRABALHO... 81

2. MUDANÇASNOCOMPORTAMENTODADIREÇÃO... 81

3. MELHORIADAPOSIÇÃOSOCIALDECADAINDIVÍDUO... 82

4. MELHORIADOPADRÃODEMORALIDADEDOSETOR... 82

5. MELHORIADORELACIONAMENTOCOMOSSINDICATOS... 83

CAPÍTULO 8 — JURISPRUDÊNCIASOBREO ASSÉDIO MORALNO TRABALHONO BRASIL 1. TRIBUNAL SUPERIORDO TRABALHO — TST... 84

2. POSICIONAMENTODOS TRIBUNAIS REGIONAISDO TRABALHO... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 99

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I NTRODUÇÃO

Uma das mais fortes razões que explicam o interesse crescente que o tema assédio moral tem despertado na sociedade e nas ciências de um modo geral é a consolidação de um corpo de conhecimentos, abrangente e sistemático, sobre a sua incidência.

Atualmente é impossível negar a existência deste fenômeno e o seu impacto nos indivíduos, nas organizações e na sociedade de uma forma geral.

Um contingente cada vez maior de pessoas tem sido vítima do assédio moral, levando os doutrinadores e os Tribunais a se manifestarem concre- tamente quanto a esse fenômeno.

O presente estudo pretende abordar o tema do assédio moral no Direito do Trabalho.

O significado do trabalho para homens e mulheres identifica-se com a própria vida; constitui percepções determinadas socialmente e que, interna- lizadas como signos sociais, configuram modos diferentes de pensar, agir e sentir. Nesse sentido, o sentido do trabalho constitui um processo resultante de um contexto de interações e construções sociais que envolvem o campo da autorrealização, da independência, da valorização e da sobrevivência, envolvendo um intrincado jogo de sentimentos, emoções, pensamentos, desejos e necessidades.(1)

Inicialmente procurar-se -á efetuar uma caracterização do assédio moral do ponto de vista psicológico, com a identificação de suas principais características.

A denominação adotada será sempre assédio moral, vez que os outros termos encontrados (sendo os mais comuns mobbing e bullying) têm o mesmo

(1) BARRETO, Margarida. Violência, saúde e trabalho (uma jornada de humilhações). São Paulo: PUCSP, 2006. p. 127-128.

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significado, não sendo necessária a utilização do termo inglês, conforme se explicará no capítulo primeiro.

Posteriormente far-se-á uma transposição do conceito sob o ponto de vista psicológico para o Direito e, mais precisamente, para o Direito do Trabalho, com todas suas implicações e consequências.

O local de trabalho, onde empregado e empregador passam a maior parte do dia, representa uma indiscutível fonte de tensões entre os indivíduos que o compõem e que explodem, na maior parte das vezes, sob a forma de pequenos conflitos, ainda que graves, mas esquecidos, passado o calor da emoção.

O problema ocorre quando essas tensões se concentram sob uma única vítima de forma protelada no tempo, podendo levá-la à exclusão e margi- nalização e, não raro, à sua deterioração psicológica, ocasionando doenças por vezes incuráveis.(2)

Parte-se da hipótese de que o assédio moral trabalhista caracteriza-se pela degradação das condições de trabalho mediante condutas negativas das partes integrantes do contrato de trabalho, constituindo expediente que acarreta prejuízos para as partes, para a empresa, para o Estado e para a sociedade em geral.

A Constituição Federal tem como um de seus princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III). A Carta também veda quaisquer tipos de discriminações em razão de cor, sexo, idade, preferência religiosa, dentre outros motivos (arts. 5º, I e 7º, XXX).

O objetivo da pesquisa é, assim, estudar o assédio moral em toda sua abrangência, com sua caracterização sob o ponto de vista psicológico e trabalhista, suas modalidades, os sujeitos ativos e passivos, as consequências de sua ocorrência para todas as partes envolvidas, e o cálculo da indenização compensatória.

Por último será feito um levantamento da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho da 2ª, 3ª e 15ª Regiões.

(2) PARREIRA, Isabel Ribeiro. O assédio moral no local de trabalho. Separata da Obra V Congresso Nacional de Direito do Trabalho. Coimbra: Almedina, 2003. p. 209-210.

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CAPÍTULO 1

O A SSÉDIO M ORAL COMO F ENÔMENO P SICOLÓGICO

1. INTRODUÇÃO

Antes do início do estudo do assédio moral sob o ponto de vista do Direito, mais especificamente do Direito do Trabalho, cabe fazer sua caracterização como fenômeno psíquico que é.

Inicialmente é preciso frisar que as relações humanas são muito complexas, e que existem muitas diferenças entre as pessoas. Dessa forma, tanto nas relações conjugais, como nas familiares, sociais ou na empresa podem surgir situações em que uma pessoa se sinta humilhada, agredida ou hostili- zada por outra, e nem por isso teremos aí um fenômeno jurídico, mas social.

Assim, a proposta do presente trabalho não é definir todas as situações em que pode ocorrer o assédio moral, mas, antes disso, entender um pouco melhor as relações entre as pessoas e evitar consequências decorrentes do assédio que possam prejudicá-las.

O assédio moral é um fenômeno psíquico-social cuja existência é tão remota quanto a de qualquer grupo ou coletividade. Atitudes hostis e agres- sivas de um determinado indivíduo em relação a outro sempre ocorreram em qualquer contexto social e, por isso, também podem ocorrer no ambiente de trabalho, onde homens e mulheres passam grande parte do seu dia e para onde transportam o melhor e o pior de sua condição humana.(3)

No mundo de competição e consumismo em que vivemos, é inequívoco afirmar que as formas predominantemente psicológicas de comportamentos

(3) REDINHA, Maria Regina Gomes. Assédio moral ou mobbing no trabalho. Separata de Estudos em homenagem ao professor doutor Raúl Ventura. Coimbra: Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 2003. p. 833.

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agressivos são mais frequentes que agressões físicas. Além disso, diversos estudos têm demonstrado que essa violência psicológica tem efeitos mais devastadores que a violência física. Ocorre que esse tipo de violência não atinge apenas a vítima diretamente, mas também seus familiares, amigos, vizinhos e toda a sociedade de forma geral.

O Estado também é atingido pela violência psicológica, seja de forma direta, custeando o tratamento médico das vítimas, seja de forma indireta, arcando com os efeitos decorrentes dos afastamentos previdenciários.

Como situação de violência psicológica, o assédio pode ter diferentes motivações, autores distintos e manifestar-se em várias condutas abusivas diversas. Porém, tem sempre em sua origem uma situação de abuso de poder, seja na família, seja na sociedade, seja no trabalho.(4)

Os fatores que podem levar ao comportamento caracterizador do assédio moral são diversos e variados. Vão desde as características de personalidade do agressor, características de personalidade e físicas do agredido, a dinâmica do grupo onde o agressor e agredido se inserem, bem como as características da empresa onde trabalham.

Assim, uma mãe que tem ciúmes ou inveja da filha, um casal que tem problemas de relacionamento, um problema de inveja entre irmãos, um potencial “concorrente” na empresa, dentre outros fatores, são suficientes para iniciar ou justificar um comportamento assediante.

O assédio moral pode se caracterizar de diversas formas distintas como chantagem afetiva, ignorância, humilhações, degradações, desqualificações, exclusão, falta de reconhecimento, falta de consideração, encorajamento à autodestruição etc. Toda esta violência cotidiana inicia-se no seio da família e é esta aprendizagem que os assediadores veiculam fora da família, no lugar público que é a vida profissional ou associativa.(5)

Ariana Bilheran afirma, a título de exemplo, que Sócrates foi um caso de

“assédio público”, e que a condenação de Sócrates foi fruto de intriga oligárquica que não mais suportava este personagem que criticava sua política guerreira e suas injustiças.(6)

2. DENOMINAÇÃO

Tanto a literatura científica, como os diferentes autores e instituições, utilizam diversas denominações para se referirem ao assédio moral, não existindo ainda uma designação que seja utilizada universalmente.

(4) FERREIRA, Andréa. Assédio moral no local de trabalho. Tese de Mestrado em Ciências Jurídicas.

Lisboa, 2005. p. 11.

(5) BILHERAN, Ariane. Le harcèlement moral. Paris: Armand Clin, 2006. p. 27.

(6) BILHERAN, Ariane. Op. cit., p. 16-17.

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Na literatura internacional, mobbing e bullying são os termos mais utilizados pela generalidade dos autores para designar essa forma específica de violência psicológica, chegando alguns a utilizar indistintamente os dois termos, embora haja autores que se utilizam de outras terminologias, como terror psicológico, emotional abuse, workplace trauma etc.

O termo mobbing é utilizado predominantemente na Alemanha, Suíça, Itália e nos Estados Unidos, enquanto o termo bullying é utilizado na Inglaterra, Irlanda, Austrália e Canadá.

Simultaneamente, mas não coincidindo com esta distribuição geográfica, existem duas tradições na literatura que, estudando o fenômeno da exclusão social por assédio psicológico, remetem o uso do termo bullying para nomear as atitudes hostis ocorridas no ambiente escolar, entre os alunos, e o termo mobbing para a violência psicológica a que estão sujeitos os trabalhadores no ambiente de trabalho, que é originada dentro da empresa e é entendida como um dos fatores de estresse no trabalho.

Deste modo, assumindo que os dois termos têm em comum o fato de designarem um fenômeno interpessoal de estigmatização e exclusão de uma pessoa ou grupo, Leymann distinguiu-os e sugeriu que se reservasse o termo mobbing para o comportamento de agressão dos adultos no trabalho, caracterizado por uma grande violência psicológica, e que se utilizasse o termo bullying para a violência perpetrada pelas crianças e jovens na escola, marcada por atos de agressão física.(7)

Heinz Leymann, psicólogo nascido na Alemanha, foi o primeiro a estudar profundamente o fenômeno do assédio moral e a escolher o termo mobbing para o qualificar na língua inglesa. Derivado do verbo inglês to mob (que signi- fica atacar, maltratar), este vocábulo oferecia a designação adequada à classificação dos relatos feitos pelas vítimas, das situações que tinham passado ou ainda estavam passando, ou seja, uma forma de terrorismo psicológico caracterizado por ações e comportamentos de hostilização, realizados de forma sistemática e continuada no tempo, por um indivíduo o grupo, contra uma pessoa.

Embora haja amplo uso internacional do termo mobbing, este não tem tradução direta para as línguas latinas. Por esta razão, a psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen, ao estudar o tema e querer utilizar uma denominação na sua língua de origem, criou a expressão “assédio moral”, caracterizando- -o como comportamento característico de uma “relação perversa”, em que o agressor perverso atua de forma dissimulada mas insidiosa, para encurralar e humilhar a vítima, empurrando-a para uma espiral depressiva.

(7) LEYMANN, Heinz. The content and development of mobbing at work. In: European Journal of Work and Organizational Psychology, v. 5, n. 2, p. 31, 1996.

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Para Marie-France Hirigoyen, o termo “assédio” é utilizado como significado de ataques constantes e repetidos que, neste caso, ameaçam a integridade psicológica da pessoa a quem são dirigidos. O termo “moral” é escolhido com o sentido de uma “tomada de posição” que pretende assinalar os comportamentos que não são aceitáveis na vida em sociedade, pois afetam o bem-estar psicológico de outra pessoa.(8)

Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o substantivo masculino “assédio” tem um significado original de operação militar que estabelece cerco a um território com a finalidade de exercer o domínio sobre ele, e um significado figurativo de insistência impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constantes em relação a alguém. Já o termo moral tem três dimensões de significado, consoante sua utilização sintática. Como substantivo masculino significa o estado de espírito ou a disposição de uma pessoa para agir. Como substantivo feminino significa o conjunto de valores orientadores das relações sociais e do comportamento humano, e como adjetivo, aquilo que é próprio da moral ou pertencente ao espírito humano, os costumes, os valores, as regras e os estudos filosóficos sobre o bem e o mal.(9)

O termo inclui, em síntese, duas dimensões de significado: uma que respeita os fenômenos da vida mental, no âmbito da motivação e da atitude, num sentido próximo de outras expressões que são utilizadas na linguagem comum, como a “moral da equipe”; e outra dimensão, de significado referente aos valores dos costumes e do comportamento humano.

Assim, a expressão “assédio moral” remete diretamente para a ideia de uma perseguição ao estado de espírito da vítima, com um efeito desmora- lizador, atuando de forma contrária aos valores pelos quais se devem pautar o comportamento em sociedade e as relações humanas, razão pela qual será a terminologia utilizada no presente trabalho.

3. CONCEITO

O termo “assédio” é genérico e engloba diversas espécies (físico, sexual, moral). Tal como não existe uma única designação, também não existe uma definição aceita por todos que estudam o fenômeno.

O assédio moral pode ser entendido, genericamente, como o compor- tamento de um indivíduo ou de um grupo que visa a destruição psicossomática

(8) HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral. A violência perversa no cotidiano. 8. ed. Tradução de Maria Helena Kuhner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 32.

(9) HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 36.

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de outro indivíduo ou outro grupo mediante pressões reiteradas destinadas a obter, à força, qualquer coisa contra sua vontade e, assim fazendo, suscitando e entretendo no indivíduo um estado de terror.

Isabel Ribeiro Parreira ensina que o assédio moral, de modo geral, pode ser caracterizado por comportamentos com as seguintes características:

“a) Uma perseguição ou submissão da vítima a pequenos ataques repetidos;

b) constituída por qualquer tipo de atitude por parte do assediador, não necessariamente ilícita em termos singulares, e concretizada de várias maneiras (por gestos, palavras, atitudes, omissões etc.), à exceção de condutas, agressões ou violações físicas;

c) que pressupõe motivações variadas por parte do assediador;

d) que, pela sua repetição ou sistematização no tempo;

e) e pelo recurso de meios insidiosos, subtis ou subversivos, não claros nem manifestos, que visam a diminuição da capacidade de defesa do assediado;

f) criam uma relação assimétrica de dominante e dominado psicolo- gicamente;

g) no âmbito da qual a vítima é destruída na sua identidade;

h) o que representa uma violação da dignidade pessoal e profissional e, sobretudo, da integridade psicofísica do assediado;

i) com fortes danos para a saúde mental deste;

j) colocando em perigo a manutenção de seu emprego;

k) e/ou degradando o ambiente laboral.”(10)

Como o assédio moral foi identificado inicialmente no campo psicológico e, visando uma maior facilidade para a compreensão e estudo deste fenômeno, cabe a análise dos conceitos elaborados pelos estudiosos da psicologia.

Assim sendo, a psiquiatra, psicanalista e psicoterapeuta de família Marie- -France Hirigoyen conceitua o assédio moral como sendo “qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento atitude...) que atente, por sua repe- tição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou

(10) PARREIRA, Isabel Ribeiro. O assédio moral no trabalho. Separata da Obra V Congresso Nacional de Direito do Trabalho, Coimbra: Almedina, 2003. p. 213-214.

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física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho”.(11)

Marie-France Hirigoyen entende, ainda, que os assediadores são, na maioria das vezes, pessoas com problemas de autoconceito, que precisam sentir que tem poder sobre os outros e que usam o assédio para se sentirem poderosos. Dessa forma, todas as pessoas que possuam as características desejadas pelo agressor seriam potenciais vítimas.(12)

Neste mesmo sentido, Patrícia Piovessan e Paulo César Rodrigues conceituam: “Assédio Moral é todo comportamento abusivo (gesto, palavra e atitude) que ameaça, por sua repetição, a integridade física ou psíquica de uma pessoa. São microagressões, pouco graves se tomadas isoladamente, mas que, por serem sistemáticas, tornam-se destrutivas”.(13)

Para Leymann, o assédio moral “envolve uma comunidade hostil e contrária à ética, dirigida sistematicamente por um ou alguns indivíduos sobretudo contra um indivíduo que é, assim, colocado numa posição de impotência e vulnerabilidade e aí mantido pela continuação das atividades do mobbing”.(14)

Já para Vartia, o assédio moral é “a ocorrência de sérias e recorrentes ações negativas e comportamentos que irritam e oprimem, durante um tempo prolongado”.(15)

Hoel e Cooper definem o assédio moral como sendo “uma situação onde um ou vários indivíduos percebe estar sendo alvo de ações negativas por parte de uma ou várias pessoas, persistentemente, durante um período de tempo, tendo dificuldade em defender-se dessas ações”.(16)

Salin, por sua vez, ensina que pode se entender como assédio moral

“todos os atos negativos, repetidos e persistentes, dirigidos a um ou vários indivíduos, criando um ambiente hostil. A pessoa alvo tem dificuldade em se defender, não sendo, portanto, um conflito entre partes de igual força”.(17)

Após a análise das definições supraverifica-se a presença de três características comuns e relevantes, que serão estudadas no próximo tópico.

(11) HIRIGOYEN, Marie-France. Mal-estar no trabalho — redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2002. p. 17.

(12) HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral. A violência perversa no cotidiano. 8. ed. Tradução de Maria Helena Kuhner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 32.

(13) Disponível em: <http://www.assediomoral.com.br> Acesso em: 6.4.2006.

(14) LEYMANN, Heinz. Op. cit., p. 168.

(15) VARTIA, M. The sources of bullying. In: European Journal of Work and Organization Psychology, Lisboa, n. 5, p. 203, 1996.

(16) HOEL, H.; COOPER, C. Destrutive conflict and bullying at work. Manchester: University of Manchester

— Institute of Cience and Technology (UMIST), 2000. p. 5.

(17) SALIN, D. Prevalence and forms of bullying among business professionals: a comparison of two different strategies for measuring bullying. In: European Journal of Work and Organizational Psychology, Lisboa, p. 43, 2001.

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