• Nenhum resultado encontrado

São Paulo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "São Paulo "

Copied!
136
0
0

Texto

(1)

ALINE DE ALCÂNTARA SILVA

ESPAÇOS LIVRES NA PAISAGEM URBANA CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO: OS CASOS DA PRAÇA VICTOR CIVITA, BRASCAN

CENTURY PLAZA E ROCHAVERÁ CORPORATE TOWERS

São Paulo

2012

(2)

ALINE DE ALCÂNTARA SILVA

ESPAÇOS LIVRES NA PAISAGEM URBANA CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO:

OS CASOS DA PRAÇA VICTOR CIVITA, BRASCAN CENTURY PLAZA, ROCHAVERÁ CORPORATE TOWERS

Orientador: Prof. Dr. Abílio da Silva Guerra Neto

Co-orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Assunção Ribeiro Franco

São Paulo 2012

Dissertação apresentada à Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como requisito

para obtenção do título de Mestre em

Arquitetura e Urbanismo.

(3)

S586e Silva, Aline de Alcântara

Espaços livres na paisagem urbana contemporânea de Săo Paulo: os casos da Praça Victor Civita, Brascan Century Plaza e Rochaverá Corporate Towers. / Aline de Alcântara Silva – 2012.

249 f. : il. ; 30cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

Bibliografia: f. 192-199.

1. Paisagem urbana. 2. Espaços livres. 3. Parceria Público- privada. I. Título.

CDD 711.4

(4)

Para minha mãe, Hudy.

(5)

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo financiamento dos estudos que realizei ao longo do mestrado.

Aos meus pais pelo estímulo, mesmo nos momentos mais difíceis que todos passamos nesse período.

Ao Abílio Guerra, meu orientador, pela paciência, pela orientação crítica e pelas inúmeras oportunidades oferecidas para a ampliação do meu conhecimento, estímulo à reflexão e enfoques mais abrangentes.

A Maria Assunção Ribeiro Franco, por me aceitar como estagiária docente e pelas pertinentes considerações que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos integrantes da banca de qualificação Vladimir Bartalini e Pérola Felipette Brocaneli pelas considerações que foram de grande importância para a evolução deste trabalho. A Pérola também por ter me recebido em seu Grupo de Pesquisa, que foi muito enriquecedor.

Aos arquitetos Roberto Aflalo, Anna Julia Dietzch, Jorge Königsberger e a paisagista Pamela Burton pelos depoimentos e materiais concedidos para a execução deste trabalho.

Ao departamento de marketing do escritório DW/Santana pelos materiais fornecidos.

Ao arquiteto e paisagista Benedito Abbud por ter me recebido cordialmente em seu escritório, por dedicar seu tempo comigo nas conversas sobre paisagismo. E a toda a sua equipe pelos inúmeros materiais fornecidos incondicionalmente.

Este trabalho foi financiado em parte pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa.

(6)

RESUMO

Os espaços livres, áreas verdes, parques e praças são de grande importância para a estrutura urbana, pois a qualificam, a regeneram. Alguns tipos de ações urbanísticas podem vir do setor público ou através de parcerias entre o setor público e privado, todos se beneficiam quando esse tipo de parceria é bem aplicada e desenvolvida. Um exemplo são os estudos de caso da presente pesquisa, a Praça Victor Civita, o Brascan Century Plaza e o Rochaverá Corporate Towers, cada um dentro do seu contexto foi estruturado por parcerias publico-privadas. Esses empreendimentos serão descritos e analisados dentro do conjunto da paisagem urbana contemporânea a que estão inseridos, que engloba todo o contexto urbano e histórico de cada um, a forma como suas calçadas e praças se comunicam com o entorno, bem como os elementos que compõem sua vegetação e áreas verdes.

Palavras-chave: Paisagem Urbana, Espaços Livres, Parceria Público-privada,

Paisagismo.

(7)

ABSTRACT

The open spaces, green areas, parks and squares are of great importance to the urban structure, to qualify and regenerate. Some types of urban actions can come from the public sector or through partnerships between the public and private, all benefit when this type of partnership is well developed and applied. One example is the case studies in this research, the Victor Civita Square, the Brascan Century Plaza and Rochaverá Corporate Towers, each within its context was structured public-private partnerships. These projects are described and analyzed within the whole of the contemporary urban landscape that are inserted, covering the whole urban context and history of each one, how their sidewalks and plazas communicate with the environment

as

, as well the elements of their vegetation and green areas.

Keywords: Urban Landscape, Open Spaces, Public-Private Partnership , Landscaping.

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

...

8

CAPÍTULO I

1

PAISAGEM CONTEMPORÂNEA

1.1 ...

12

... 15

ÁREAS VERDES, A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL E SEUS BENEFÍCIOS 1.2 A PAISAGEM E A ESTRUTURAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO ... 18

1.3 O ESPAÇO PRIVADO E O ACESSO PÚBLICO ... 21

2.1 ESPAÇOS LIVRES EM REQUALIFICAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS....24

2 ESPAÇOS LIVRES COM USO COLETIVO NO BRASIL E NO MUNDO... 23

2.2 ESPAÇOS LIVRES EM COMPLEXOS MULTIFUNCIONAIS...28

2.3 EPAÇOS LIVRES EM EDIFÍCIOS CORPORATIVOS...32

CAPÍTULO I 2

I ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A CIDADE DE SÃO PAULO ... 36

2.1 CENTROS ECONÔMICOS DE SÃO PAULO - EVOLUÇÕES ... 37

2.1.1 As principais avenidas e os bairros que circundam os estudos de caso ... 40

2.1.2 PPP - Parceria Publico-Privada e as OPCs - Operações Urbanas Consorciadas

...56

CAPÍTULO III

3 ESTUDOS DE CASO ... 70

3.1 PRAÇA VICTOR CIVITA ... 72

3.2 BRASCAN CENTURY PLAZA ... 92

3.3 ROCHAVERÁ CORPORATE TOWERS ... 108

(9)

CAPÍTULO IV

4 METODOLOGIA DE ABORDAGEM NA ANÁLISE DA PAISAGEM DAS

ÁREAS DE USO COLETIVO ... 134

4.1 LOCALIZAÇÃO E ENTORNO - RELACÃO COM DESENHO URBANO .. 134

4.2 CIRCULAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO ... 152

4.3 PERMEABILIDADE ... 164

4.4 MOBILIÁRIO ... 170

4.5 COMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO E ASPECTO ESTÉTICO – RELACIONADO À ARTE E ARQUITETURA ... 184

CONCLUSÃO ... 190

REFERÊNCIAS

...

192

ANEXOS

1 ENTREVISTA COM ANNA JULIA DIETZCH... 201

...

201

2 ENTREVISTA COM JORGE KÖNIGSBERGER...206

3 ENTREVISTA COM ROBERTO AFLALO... 210

4 ENTREVISTA COM BENEDITO ABBUD...219

5 ENTREVISTA COM PAMELA BURTON... 223

6 TEXTO COMPLEMENTAR...226

7 PROJETOS DE PAISAGISMO PRAÇA VICTOR CIVITA...229

8 PROJETOS DE PAISAGISMO BRASCAN CENTURY PLAZA...236

9 PROJETOS DE PAISAGISMO ROCHAVERÁ CORPORATE TOWERS...242

(10)

INTRODUÇÃO

O paisagismo contemporâneo envolve todo projeto ou ação paisagística realizada a partir de 1980, característica válida para os outros países do mundo em geral, uma vez que este período compreende no surgimento dos primeiros projetos com ruptura do modernismo. Já no Brasil, de acordo com Macedo (2003) somente nos anos 90 pode-se afirmar a existência de um paisagismo considerado contemporâneo em termos formais e funcionais. A partir deste período inicia-se uma forma de projetar mais livre, priorizando o pedestre, um paisagismo funcional, caracterizado muitas vezes pelo forte formalismo, de apelo cenográfico e simbólico, com novas modalidades de uso e novas referências estéticas, a preocupação ambiental torna-se mais evidente, e principalmente, a aplicação mais presente do paisagismo como articulador da cidade e do edifício. Essa transformação do paisagismo no século XX é muito importante para a cidade, pois irá tratar áreas livres e de uso coletivo como um suporte à arquitetura e ao urbanismo, com uma maior busca de planejamento e de qualidade paisagística, melhor para os grandes centros urbanos.

Os projetos paisagísticos contemporâneos envolvem projetar, construir, gerir e, sobretudo, vertebrar os elementos e processos da paisagem, com vistas à possibilidade de criar estruturas paisagísticas que instaurem um novo contexto.

Para tanto, cada vez mais os projetos tendem a buscar a integridade, a diversidade e a relação entre os processos naturais e culturais, com a valorização das singularidades do lugar, a preservação da significação visual do sítio, e a eficiência e a variação, funcional e espacial, relativas ao programa.

Esse tipo de atuação busca adquirir flexibilidade e adaptação – em tempos de constantes mudanças formais, espaciais e funcionais nos contextos urbanos -, e também a abrangência de distintas escalas da paisagem (TARDIN, 2010, p.

172).

O projeto paisagístico pode ser um grande instrumento a ser utilizado pelo poder

público em ações urbanísticas, especialmente em obras que enfocam a qualificação, o

embelezamento e a requalificação de áreas, bairros e áreas turísticas. Como conclui

Franco (1997) em casos cada vez mais frequentes a função do paisagismo centra-se

em melhorar a baixa qualidade dos entornos e da arquitetura anônima.

(11)

Vastas áreas de terra tornam-se improdutivas dentro das cidades, a implantação de espaços livres e áreas verdes nessas regiões gerariam maior qualidade no meio urbano no qual estão inseridas. Avaliando-se as tendências contemporâneas do planejamento urbano, nota-se o destaque dado ao espaço livre público como o principal elemento estruturador das cidades, pois é nele que se constrói a cidade e a cidadania. Os principais projetos urbanísticos implantados atualmente na Europa baseiam-se no real valor e na qualidade dos espaços livres públicos.

Esses espaços possibilitam a circulação do ar, criação de zonas de micro-clima, maior penetração dos raios solares e melhor escoamento da água, quando se tratam de áreas permeáveis, além de servirem como área de descanso e convívio dos cidadãos, espaços de lazer e também serem pontos referenciais das cidades.

A cidade de São Paulo teve seu crescimento ao longo das décadas, mudanças de centralidades, instituição de operações urbanas, mas sem devida preocupação com a instalação de áreas verdes e áreas de recreação, grande parte dos potenciais paisagísticos e ambientais foi desperdiçada por vários agentes produtores da paisagem, que pode ser tanto o setor público quanto o privado, como veremos na presente pesquisa. O município nunca teve um plano para suas áreas livres, houve apenas alguns planos genéricos dedicados ao meio ambiente ou às áreas verdes dentro dos planos diretores.

O poder público, o maior responsável pela implantação, gestão e manutenção de espaços livres públicos, como ruas, praças e parques, já realizou vários planos para São Paulo (viários, de abastecimento, de saneamento, de canalização e drenagem de córregos), contudo, não foi realizado um plano direcionado aos espaços livres.

A expansão descontrolada de alguns núcleos urbanos, geralmente movida por uma forte especulação imobiliária, ocorre sem a devida preocupação com os recursos da paisagem. Desperdiçando-se, em sua maioria, recursos públicos e privados, pois se constrói uma paisagem sem nenhuma qualidade ambiental, funcional ou estética. Os agentes públicos e a maioria dos privados, não estão interessados em garantir essas qualidades.

Três áreas de uso coletivo na cidade de São Paulo serão analisadas, seus elementos

e características serão pontuados, bem como o contexto de cada projeto na trama

urbanística. Essas áreas possuem em comum o fato de serem espaços livres que

(12)

surgiram da parceria público-privada, são gerados por empresas privadas e proporcionam à cidade áreas verdes de convivência, definindo uma composição que integra espacialmente arquitetura, paisagismo e o entorno urbano, formando a paisagem em sua totalidade.

A valorização de elementos e processos urbanísticos, como base para o projeto paisagístico, tende a criar novas estruturas, como referências na trama urbana, e procura compreender a paisagem em sua totalidade, como diretriz para a construção da cidade. Esses projetos buscam a redefinição da paisagem como um guia para estruturação do território urbano. Isso significa atuar sobre o território segundo os recursos da paisagem e as intenções que direcionam seu desenvolvimento, representando princípios e ações alternativas para a ordenação urbana, a criação e a requalificação de lugares (Mohsen Mostavafi, “Landscape of Urbanism”, em Mohsen Mostavafi & Ciro Najle (orgs), Landscape Urbanism, Londres Architectural Association, 2003 apud TARDIN, 2010, p. 189).

Na hora de se projetar ou mesmo analisar áreas verdes é essencial que o jardim, ou qualquer outro espaço externo seja visto dentro de um contexto, todas as coisas vivas são interdependentes e a paisagem é onde tudo se integra, o contexto é social, cultural, ambiental, histórico e urbano, entre outras considerações.

A presente pesquisa propõe evidenciar a importância de espaços livres e áreas verdes na cidade, contextualizando a paisagem contemporânea em algumas áreas da cidade de São Paulo e suas peculiaridades.

As obras analisadas são a Praça Victor Civita, as áreas livres do Brascan Century Plaza, ambos com o paisagismo de autoria do arquiteto Benedito Abbud, e do Conjunto Rochaverá Corporate Towers, da paisagista californiana Pamela Burton. Os projetos foram escolhidos pelo caráter marcadamente diferenciado da sua proposta projetual, por possuírem um traçado singular no contexto urbano, devido a grande evidência e importância na paisagem urbana da cidade de São Paulo, e por se tratarem de projetos contemporâneos de uso coletivo, gerados e administrados pela iniciativa privada.

As indagações básicas que constituíram a pesquisa foram as seguintes:

Quais as necessidades atuais para um projeto paisagístico na cidade do século XXI?

Quais os elementos que compõem os espaços livres estudados? Qual é a produção e

a concepção contemporânea dos projetos paisagísticos estudados dentro da

metodologia de abordagem analisada (permeabilidade, circulação, preocupação com

(13)

entorno e localização, composição da vegetação e mobiliário) e no que eles se assemelham e diferenciam entre si?

Esta pesquisa tem como objetivo compreender a produção e necessidades da paisagem urbana contemporânea através dos estudos de caso, discutindo seus fundamentos teóricos e contribuir para uma sistematização das obras a serem analisadas de acordo com seu histórico, inserção urbana e as estratégias de projeto.

Bem como estudar e analisar os projetos nas áreas de uso coletivo em São Paulo de acordo com os referenciais contemporâneos e verificar as práticas projetuais paisagísticas adotadas diante das necessidades atuais.

Terá como referencial para compreensão da formação urbanística das regiões que se situam os estudos de casos a abordagem feita pelo arquiteto Luis Guilherme Rivera de Castro em sua tese de doutorado, de título, Operações Urbanas em São Paulo:

interesse público ou construção especulativa do lugar, também utilizará o embasamento teórico de Maria de Assunção Ribeiro Franco, arquiteta, autora dos livros, Desenho Ambiental: uma introdução à arquitetura da paisagem como paradigma ecológico e Planejamento Ambiental para a cidade sustentável, bem como sua dissertação de mestrado Espaço Livre e Arquitetura – O projeto dos Espaços Livres junto aos Edifícios Bancários.

A metodologia de pesquisa adotada consiste basicamente em revisões bibliográficas, que possibilite a montagem do quadro teórico conceitual examinando os conceitos e autores que discutem as principais reflexões sobre o tema, incluindo consultas a livros, revistas, internet, entrevistas com os arquitetos e paisagistas, autores dos projetos que serão analisados.

Pesquisas e análises documentais, levantamento e sistematização dos documentos

relacionados aos estudos de caso selecionados para execução da dissertação. Visitas

técnicas, dados de campo, análise das obras paisagísticas escolhidas para estudo de

caso com base na abordagem: permeabilidade, circulação e utilização do espaço,

localização, composição da vegetação e mobiliário. Bem como a contextualização,

estudo da concepção dos projetos e a síntese das referências passíveis de serem

aplicadas em planos e projetos de mesma temática.

(14)

CAPÍTULO I

1 PAISAGEM CONTEMPORÂNEA

Para entender o percurso da paisagem e de algumas características urbanas que temos hoje é importante salientar alguns acontecimentos anteriores, de acordo com Gehl e Gemzoe (2002) por um longo tempo – desde 1930 até 1980 – muito pouco ocorreu no campo do urbanismo e da arquitetura do espaço público, a rejeição dos modernistas à cidade e aos espaços públicos é uma explicação a esse fato. No Brasil, nos anos 80 caracterizam-se por um processo de mudança radical no país, tanto administrativa quanto econômica e marcou o início de um processo de liberdade na concepção do espaço livre urbano, resultado do questionamento cultural ocorrido nos anos 60 e 70, que colocou em xeque os já tradicionais princípios modernistas, tanto na arquitetura, quanto no urbanismo e paisagismo.

Depois de quase três décadas sob a ação de um Estado Centralizador, o Brasil passa por um processo de gradativa descentralização, que se fortalece nos anos 90. Ao mesmo tempo, à medida que a maioria da população habita em cidades, o processo de urbanização se consolida, aumentando a demanda de infra-estrutura e serviços para o todo urbano, especialmente para as grandes massas populares que se aglomeram nos grandes centros e nas metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, constituindo a maioria da população. [...] Praças, parques, calçadões, calçadas, jardins e pátios particulares são espaços urbanos destinados exclusivamente ao usuário-pedestre, já que as ruas passam a receber um volume crescente de tráfego, consequência direta da ação do Poder Público, que não prioriza o transporte coletivo. Obras de vulto, como o sistema de transportes subterrâneos (metrô) do Rio de Janeiro e São Paulo, são raras nas metrópoles, onde se investe e reinveste constantemente na abertura de novas vias e na adequação das antigas ao fluxo cada vez mais intenso de veículos particulares (MACEDO 1999, p. 106).

No espaço público, como as praças observa-se, sobretudo nas cidades grandes e

médias do novo mundo, um enfraquecimento na relação entre o chão e os edifícios do

(15)

entorno imediato. Algumas praças efetivamente sumiram diante do espaço destinado aos veículos, outras ficaram reduzidas à condição de rotatórias. Muitas são hoje, na prática, mais limitadas pelas ruas que as circundam, que pelos prédios de seu entorno. E estes também foram se afastando da praça, se afastando do alinhamento dos lotes e das divisas laterais, principalmente com o avanço das ideias da arquitetura e urbanismo moderno-racionalistas; o resultado foi a criação de formas urbanas descontínuas e fragmentadas.

Com o urbanismo contemporâneo, volta a ganhar força a ideia do pedestre como importante parâmetro do design do espaço público, nas áreas centrais de centenas de cidades, o pedestre retoma alguns dos espaços perdidos para o automóvel, proliferam-se calçadões e refazem-se praças.

A despeito do relativo resgate do espaço para o pedestre, são ainda desenhadas para o automóvel a maior parte das ruas, enfraquecendo a relação das praças com seu entorno imediato. Algumas praças de desenho contemporâneo conseguem se efetivar mesmo diante de um entorno imediato pouco expressivo e bastante impactado pelo sistema viário.

Quanto as características do estilo paisagístico adotado nos espaços livres urbanos, públicos, privados na contemporaneidade Franco (1997) afirma que com toda a flexibilidade possível nunca faltaram entornos paisagísticos destinados a dar marco a uma arquitetura, seja esta retangular, vigiliana, pictoresca, desconstrutiva ou do gênero que se deseje.

Dentre esses projetos, o Parc de La Villette de Bernard Tchumi em Paris foi de grande

influência, bem como o campus da Universidade de Harvard em Cambribge, o Parque

Juan Carlos I em Madri e o Parque del Clot em Barcelona.

(16)

Parc de La Villette em Paris. Fonte: Macedo, 2005.

Parque Juan Carlos I em Madri. Fonte: Macedo, 2005.

Parque del Clot em Barcelona. Fonte: Macedo, 2005.

Abaixo estão listadas algumas características do estilo, técnica, temática, foco,

adotadas nas práticas projetuais do paisagismo contemporâneo que verificamos em

áreas verdes da atualidade, bem como nos estudos de caso da presente pesquisa.

(17)

- Volta da disponibilidade de equipamentos esportivos nas praças e parques, bem como a funcionalidade do espaço é uma grande preocupação ao se projetar.

- A aplicação de novas tecnologias, nas quais novos pisos, novas técnicas de irrigação das plantas pode ser experimentado, a possibilidade de grande diversidade de vegetação a ser colocada, a escolha de utilização em alguns locais de plantas exóticas, de aplicação temática, tudo se torna possível. Tentativa de priorização de pedestres e circulação, emprego de formas elaboradas e elementos escultóricos.

Como pode ser visto, o paisagismo tem demonstrado ser uma arte flexível e polivalente, aplicando-se tanto ao uso comercial na pequena escala quanto aos projetos de renovação urbana, empregando para isso os mais diversos materiais e plantas das mais variadas (FRANCO, 1997, p. 62)

- A preocupação ambiental, com utilização de fontes de energia renováveis, assim, atividades relacionadas com a educação ambiental também passam a ser realizadas e trabalhadas nos parques e praças.

- O forte uso do elemento água, na forma de lagos já existentes nascentes, espelhos d’ água, fontes, jorros e bicas;

- Criação de espaços multifuncionais e adaptáveis, que podem ser utilizados pela população das mais diversas formas, muitas vezes com serviço de lazer articulado às ruas, resgatando as galerias, mas agora com áreas ajardinadas;

- Faz uso da revitalização de espaços, formas do passado e recuperação de áreas degradadas, pedreiras, aterros, que, restauradas, são de novo utilizadas pela população e reintegradas à cidade.

O novo paisagismo deixa múltiplas vanguardas. Os modelos que prevê para o futuro descansam na investigação, tanto de temas elementares e situações limites como na exploração de combinações de múltiplos temas. Se há algum ponto em comum entre essas novas frentes, é que esse paisagismo já não será uma versão madura e em grande escala do jardim doméstico, como foi do século XVIII, mas uma paisagem determinante de um novo momento da arquitetura (FRANCO, 1997, p. 64).

1.1 AS ÁREAS VERDES, A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL E SEUS BENEFÍCIOS

(18)

Como aponta Sanches (2011), a ausência de áreas vegetadas é um problema comum na maioria dos aglomerados urbanos, principalmente aqueles que sofrem uma urbanização intensa e sem nenhum planejamento voltado para as preocupações ambientais.

O crescimento e a expansão horizontal da mancha urbana geram um aumento da impermeabilização dos espaços livres centrais das grandes cidades aliado ao desmatamento das zonas periféricas, ocorrendo assim uma diminuição gradual da vegetação. A cidade de São Paulo é um exemplo, submergiu sua cobertura vegetal de forma intensiva nos distritos periféricos, que foram aumentando suas taxas de crescimento populacional.

Em escala regional a ausência de áreas verdes pode causar desequilíbrios nos ciclos e processo naturais, resultando em mudanças de temperatura e alteração no regime de chuvas (períodos prolongados de seca ou chuvas intensas). Já na escala urbana, a supressão das áreas verdes urbanas não afeta apenas a qualidade de vida da população em termos de lazer e recreação, mas também contribui para as inundações, aquecimento do micro clima urbano, intensificando o efeito-estufa, e erosão das encostas, colocando em risco a vida dos habitantes destes locais.

Pequenas áreas verdes implantadas, principalmente em ambientes densamente urbanizados podem trazer resultados muito positivos para a cidade até mesmo em curto prazo.

(...) Estas áreas verdes também podem valorizar economicamente imóveis próximos, aumentando seu valor de venda ou atraindo novos investimentos, que se utilizam dos espaços verdes como estratégia de negócio. Crompton comprovou que proprietários de pequenas empresas classificaram parques e áreas livres como um dos critérios mais importantes na seleção de locais para investimento de negócios. (...) A criação de novos parques e espaços livres vegetados pode estimular direta e indiretamente novos negócios voltados ao lazer e atividades afins, como alimentação, aluguel de bicicletas, venda de equipamentos de lazer e esporte, etc., promovendo o aumento de empregos locais e arrecadação de impostos (N/Y BAYKEEPER, 2006; LENER 1999 apud SANCHES, 2011, p.47); sem contar com os ganhos indiretos na redução dos gastos com saúde física e mental da população (HARNIK & WELLE, 2003 apud SANCHES, 2011, p. 48).

Assim a presença dos espaços livres, com o contínuo crescimento urbano, é

fundamental nas grandes cidades. Abaixo estão listados os benefícios que esses

espaços possibilitam.

(19)

- Melhoria da drenagem das águas pluviais, absorvendo parte das águas (claro que não acontece da mesma forma com a presença de estacionamentos no subsolo de áreas ajardinadas), uma vez que com grandes áreas asfaltadas e cimentadas, isto é, áreas impermeabilizadas, as cidades sofrem com as enchentes, mas este problema pode ser diminuído com o planejamento de áreas permeáveis.

- Proteção do solo contra erosão. Áreas com vegetação seguram o solo, não o deixando vulnerável com a ação das chuvas.

- A facilidade de dispersão de poluentes, permitindo a circulação do ar. Uma vez que as grandes cidades possuem alto nível de poluição atmosférica.

- Criação de zonas de micro-clima nas cidades, ajudando o controle da temperatura, pois a vegetação proporciona sombreamento e os jardins não retém o calor como os asfaltos e as áreas cimentadas das cidades.

- Absorção de ruídos;

O quadro abaixo salienta e especifica algumas dessas possibilidades:

Tabela de serviços ambientais das áreas verdes de acordo com Henke-oliveira (2001) apud SANCHES, 2011, p.

47.

Spirn (1995) aponta a utilização de espaços livres como um elemento crucial para

enfrentar as questões das grandes cidades.

(20)

A integração de toda a área livre num plano unificado promete estender o tradicionalmente aceito valor estético e recreacional dos espaços livres a um papel crucial na saúde, segurança e bem-estar. Parques e praças, corpos d’água e correntezas, várzeas e baixos pantanosos, encostas íngremes e afloramentos rochosos e até estacionamentos e corredores de rodovias podem ser incluídos num sistema coeso de espaços abertos, para melhorar a qualidade do ar e do clima, reduzir as enchentes e melhorar a qualidade da água, diminuir o impacto de riscos geológicos, como terremotos, afundamentos e deslizamentos, criar na cidade uma comunidade de plantas e animais diversificada, conservar energia, a água e os recursos minerais e promover uma assimilação mais segura dos resíduos da cidade (SPIRN, 1995, p. 287).

Para Franco (1997) na instalação desses espaços, os cuidados ambientais que possamos ter na escala do lote, na implantação de projetos, embora importantes, pouco significam se não estiverem integrados por uma intenção protetora maior, embasada numa visão ecossistêmica.

A reflexão sobre esse Projeto Ambiental em escala pontual – o Lote Urbano – nos sugeriu que a questão da qualidade ambiental mesmo na pequena escala poderia ser, até certo ponto, codificada tendo como elemento indutor o Desenho Ambiental do espaço público (ruas, calçadas, largos e praças), no nível não apenas do zoneamento estabelecido no Plano Diretor, mas no de setor de vizinhança e até de quarteirão.

É claro que um planejamento detalhado na escala urbana exigiria outro nível de interação entre as regionais das prefeituras e os agentes imobiliários, fundamentada não apenas nas questões econômicas e sócio-culturais mas também na aquisição de novos padrões de valor ambiental, por parte daqueles agentes. [...] A ação do Projeto Ambiental na pequena escala, embora gerador de qualidade ambiental, é bastante estreita e limitada por falta de diálogo entre as partes atuantes no setor imobiliário e, antes de tudo, por falta de uma visão ecológica aplicável ao meio ambiente urbano (FRANCO, 1997, p. 204).

Toda a preocupação ambiental constante nos últimos anos, muitas vezes, se adéqua ao sistema capitalista vigente, criando símbolos e modelos comerciais que muitas vezes mais agregam status ao empreendimento construído do que é pontualmente eficiente quanto ao impacto ambiental.

De fato, o destaque que a questão ambiental tem ganhado e toda a repercussão do tema “sustentabilidade”, pode ser considerado parte de um novo discurso cujo objetivo é apenas manter as condições de reprodução do sistema capitalista, perpetuando as injustiças e permitindo o aprofundamento das desigualdades que o caracterizam. O discurso ambiental só pode ter consistência se for vinculado à questão social, compreendendo que os

(21)

processos sociais é que definem os projetos de exploração da natureza (PRETO, 2009, p. 44).

1.2 A PAISAGEM E A ESTRUTURAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

A integração entre espaços livres e espaços edificados, resultando na trama urbana e no desenho urbano, estabelece a relação entre o paisagismo, o urbanismo e a arquitetura.

Como Planejamento, o termo Desenho Urbano está aberto a uma série de interpretações. Nós o entendemos, de uma maneira geral, como significando o projeto e gerenciamento do meio ambiente tridimensional, maior que a edificação individual. Consideramos que seu campo de interesse localizou-se na interface entre a arquitetura paisagística e o planejamento urbano, inspirando-se na tradição de projeto da arquitetura e da arquitetura paisagística, e na tradição do gerenciamento ambiental e de ciências sociais do Planejamento Contemporâneo (B. Goodney, 1983:13 apud DEL RIO, 1990, p.47).

Como afirma Magnoli (1982) a estrutura espacial das cidades é composta de duas categorias de sub-espaços: os espaços edificados e os espaços livres de edificação, e o que os diferencia é a ausência de estruturas edificadas que configurem recintos ou ambientes cobertos e fechados, isto é, ausência de paredes e tetos.

Espaço livre é todo tecido urbano privativo, público ou privado, que inclui a diversidade de espaços abertos na cidade e que contempla: calçadas, ruas, quintais, recuos de edificações, além das categorias já tradicionais do paisagismo como jardins, praças e parques. (PEREIRA, 2006, p.07).

Podemos considerar então, que os espaços livres são caracterizados por tipologias

variadas como as praças, parques, terrenos vazios, quintais, ruas, calçadas. E a

integração desses elementos resulta na forma urbana, estruturando seus diferentes

tecidos. Sendo assim, como coloca Bartalini apud Preto (2009), o espaço livre é um

elemento primordial da estrutura e da paisagem urbana, constituído de forma crucial

para integrar e relacionar os espaços edificados, propiciar luz, ar, perspectivas e vista.

(22)

Além de ser decisivo para distinguir determinado processo de urbanização e estabelecer a caracterização fisionômica da cidade.

Esta relação entre os espaços livres e a caracterização fisionômica da cidade deve estar ligada à qualidade de vida de seus cidadãos, proporcionando aos seus habitantes uma trama urbana condizente com suas necessidades.

No dizer de Garret Ekbo, a qualidade de uma cidade pode ser determinada pela relação entre os edifícios e o espaço viário ou em outras palavras, o espaço demandado pela massa de automóveis e pelas pessoas - ruas, estacionamentos, áreas para pedestres, calçadas, praças, parques, espaço no interior dos edifícios e áreas verdes. Assim, na pequena escala podemos considerar a qualidade de um edifício arquitetônico com a relação que se estabelece entre o mesmo e seu espaço envolvente quer esteja preso aos limites de um lote quer esteja ligado diretamente a espaços públicos (...).

È possível fazer surgir um desenho paisagístico novo para os espaços livres urbanos que ajuste o belo ao funcional, o verde ao concreto, o barulho à pausa, as superfícies ás infraestruturas e o tecido urbano aos vazios de entorno, de modo a criar-se um meio ambiente que não é o da floresta, nem do deserto e, muito menos, o das cidades poluídas de hoje, mas, um meio, onde as necessidades do homem sejam balanceadas, permitindo que ele possa viver em grandes coletividades sem que, com isso, perca a qualidade de vida e a individualidade (FRANCO, 1989, p.54).

Sobre os hábitos contemporâneos que influenciam na estruturação da cidade e consequentemente nas modalidades de espaços livres, pode-se dizer que o intenso aumento da utilização do automóvel causou uma transformação radical nas áreas urbanas, na qual de acordo com Queiroga (2001) o espaço público se tornou local para circulação e estacionamento de veículos, já as ruas foram, por sua própria natureza, os espaços mais invadidos pelos automóveis e as praças também sofreram com a presença dos novos veículos e o novo sistema técnico a ele associado.

Contudo, nos últimos anos isto tem mudado, a população voltou a requerer fazer uso desses espaços.

A vida pública floresceu nas ruas e praças da cidade de uma maneira que não era vista há 20 ou 30 anos, certamente não da forma que é vista hoje, a qual não é uma nova versão de tradição urbana antiga, mas um fenômeno verdadeiramente novo. O interesse crescente na recuperação da nova vida nos espaços é certamente uma ideia instigante. Em uma sociedade na qual cada mais a vida diária acontece na esfera privada – em casas privadas, com computadores e carros privados, em espaços de trabalho privados e em centros comerciais estritamente controlados e privatizados – existem sinais

(23)

claros que a cidade e os espaços urbanos receberam um novo e influente papel como espaço e fórum públicos. Em contraste às várias comunicações indiretas e aos diversos espaços privados, a oportunidade das pessoas em usar seus sentidos e interagir diretamente com seu entorno vem tornando-se extremamente atrativa. A sociedade da informação está fornecendo novos sentidos e significados à cidade como lugar de encontro (GEHL e GEMZOE, 2002, p. 20)

A política de retirada dos carros e oferta de melhores condições para a vida urbana como aponta Rossi (2007) continua a ser principalmente um fenômeno europeu, mas é interessante notar que políticas urbanas correspondentes podem ser agora encontradas em cidade da América do Norte e do Sul, na Ásia e Austrália.

Essa inspiração pode, e deve, advir de várias fontes – empreendedores, urbanistas, dirigentes do setor público, operadores de hotéis, membros da comunidade – mas, no final tem que ser uma visão compartilhada e ter um freqüente envolvimento público desde seu início para o próprio benefício do projeto, preparando o clima salutar para quando as aprovações forem necessárias.

Constata-se através de exemplos que as cidades que obtiveram êxito e reconquistaram o espaço público foram as que empregaram uma política urbana arrojada e visionária, onde vários tópicos são combinados nessas visões urbanas, como segurança e mudanças nos padrões de tráfego, saúde pública, redução no consumo das riquezas, redução de ruído e poluição e esforços para fortalecer o papel da cidade como fórum democrático (ROSSI, 2007, p. 38).

1.3 O ESPAÇO PRIVADO E O ESPAÇO PÚBLICO

O espaço público é aquele de propriedade e de apropriação pública. Segundo

Hertzberger (1999) os conceitos de “público” e “privado” podem ser interpretados

como tradução em termos espaciais de “coletivo” e “individual”. Assim ele afirma que

em um sentido mais absoluto, podemos dizer: pública é uma área acessível a todos a

qualquer momento; a responsabilidade por sua manutenção é assumida

coletivamente. Privada é uma área cujo acesso é determinado por um pequeno grupo

ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de mantê-la. Abrahão (2008)

conceitua os espaços públicos urbanos como espaços de manifestação da esfera

pública, da vida pública, da realização da cidadania.

(24)

Para Preto (2009) os espaços livres públicos são os espaços não edificados, destinados ao conjunto da sociedade, que abrigam as ações do cotidiano de maneira espontânea (ou menos sujeita a controles), de livre acessibilidade, de livre manifestação e apropriação.

Na questão da propriedade, o Código Civil Brasileiro define três tipos de modalidade de propriedade pública: (a) De uso comum, que são destinados ao uso de todos, como mares, ruas, estradas, praças, etc; (b) De uso especial, que são os afetados a um serviço ou estabelecimento público, isto é, locais onde se realiza a atividade pública ou onde está à disposição dos administrados um serviço público, como teatros, univesidades, museus e outros abertos à visitação pública; (c) Dominicais, ou dominais, que são os próprios do Estado como objeto de direito real, não aplicados nem ao uso comum, nem ao uso especial, tais os terrenos ou terras em geral, sobre os quais tem senhoria, à moda de qualquer proprietário, ou que do mesmo modo lhe assistam em conta de direito pessoal (Código Civil, art.66, apud MENNEH, 2002, p.57, apud PRETO, 2009, p.30).

Uma outra relação específica de relevante importância para a presente pesquisa é a condição pública das praças, pode-se afirmar que áreas de uso coletivo, mesmo sendo de administração e propriedade privada, são consideradas praças, pois como concluiu Robba e Macedo (2003) praças são espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos.

No presente estudo, o foco é o espaço livre de propriedade privada e de uso comum, coletivo, a potencialidade desses espaços na esfera pública é diferente de um espaço realmente público, que a administração é pública, uma vez que possui utilização restrita, é submetido à regras internas de formas de uso e frequentadores.

Nas cidades brasileiras, qualquer espaço verde público, seja arborizado ou simplesmente gramado, um canteiro central de avenida ou espaço livre entre edifícios, é denominado praça. Na cidade contemporânea, a definição desse espaço é bastante abrangente, incluindo desde pequenas áreas destinadas ao lazer esportivo em bairros habitacionais até os grandes complexos de articulação da circulação urbana em áreas centrais (ROBBA E MACEDO, 2003, p. 16).

Queiroga (2001) aponta que apenas é considerado praça se ela se presta ao encontro

no âmbito da esfera de vida pública e por estar intimamente relacionada aos usos do

(25)

lugar, o sistema de objetos da praça deve responder diretamente ao conjunto de ações nela verificados. Mesmo assim ao considerarmos estes espaços livres sendo de propriedade privada, e por isso, possuem controle de utilização, então não são tão acessíveis assim por todos, contudo pode-se afirmar que eles promovem o encontro, ainda que com algumas restrições, mas promovem.

Muitos dos espaços ja perderam o antigo conceito de praça, da sociedade tradicional, onde o espaço público é o lugar da vida coletiva, de reunião e encontro, de lazer. Os velhinhos que se divertem e passam o tempo jogando dominó, juntamente com artesãos, hippies, músicos locais e engraxates, Na sociedade atual, o capitalismo absorve quase todo o espaço e o repensa em função da utilidade econômica. Quase toda a cidade mostra sua estrutura a partir dos locais de trabalho e de consumo. A vida extraprofissional é repensada em referência à vida profissional. Neste contexto, os espaços públicos, que eram em maior parte locais não-econômicos, locais de convívio, de encontro coletivo e de relação com o outro, desaparecem, são re-funcionalizados, pois são locais não econômicos, não rentáveis.

Todas as relações que envolvem usuário e meio, sejam estas culturais, antropológicas ou históricas, determinam a formação do espaço. Então, os relacionamentos com o espaço estão ligados diretamente à estruturação urbana e seu processo de transformação, seja pelo desenvolvimento tecnológico, modelo cultural ou pela divisão do trabalho, uma vez que este último influi diretamente na base dos relacionamentos sociais (YAMADA, 2004, p.01).

O fato de possuírem regras de utilização e acesso controlado, os espaços de administração privada acabam, de alguma forma, perdendo o total e real significado de espaço de convivência, uma vez que seu uso é restrito, certas formas de utilização e de público muitas vezes serão barrados quando comparados a uma praça considerada completamente pública, crianças jogando bola, andando de bicicleta e skate não são vistos nestes locais, nem mesmo mendigos. Podem ser considerados espaços econômicos e rentáveis como mencionado acima, já que estão sob poder privado.

2 ESPAÇOS LIVRES COM USO COLETIVO NO BRASIL E NO MUNDO

(26)

Como afirma Tardin (2010) o projeto paisagístico encarna papéis que vão além dos tradicionais parques e praças, em que até muitos destes se vêem dotados de novos atributos na trama urbana, com padrões morfológicos e demandas funcionais que seguem as problemáticas presentes nos territórios urbanos atuais.

Esses projetos podem estar representados entre outras possibilidades, por requalificações, megaestruturas, adequações paisagísticas, praças de complexos multifuncionais e complexos de edifícios corporativos como empresas, bancos, entre outros, novas geografias, adequações paisagísticas e planejamento e projeto da paisagem urbano-regional.

Segue abaixo alguns exemplos de espaços em São Paulo e em outras partes do mundo de uso coletivo com algumas características similares que serão abordadas no presente estudo.

2.1 ESPAÇOS LIVRES EM REQUALIFICAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Apenas em São Paulo hoje existem mais de 700 áreas contaminadas que precisam ser recuperadas, estas são áreas antes ocupadas por aterros, por indústrias químicas que poluíram o solo. Os estudos de caso da presente pesquisa, a Praça Victor Civita e o Rochaverá Corporate Towers, estão localizados em terrenos contaminados que foram devolvidos à cidade em forma de áreas verdes, de uso coletivo.

As requalificações correspondem a intervenções regeneradoras e constituem em atuações sobre lugares espacial e/ou funcionalidade obsoletos, ou dedicados a usos pouco qualificadores [...] como os espaços livres públicos degradados física e socialmente. Nesses projetos, a intenção é propor a criação e/ou remodelação formal, espacial e social desses espaços, ao dotá-los de usos requalificadores, com a valorização da vivência coletiva e de uma estreita relação com seus entornos, como estruturas que possam propiciar a permanência e o encontro, e que, ao mesmo tempo, representem novas referências na estrutura do território (TARDIN, 2010, p.193).

Sanches (2011) salienta que quando a criação de áreas verdes urbanas é resultante da recuperação de áreas degradadas, os benefícios para a cidade se multiplicam.

Pois tais espaços, que antes eram relegados, se tornam catalisadores de

(27)

investimentos, sejam praças, empreendimentos residenciais, comerciais ou de escritórios ou mesmo para manter os negócios ou os moradores locais.

Uma definição específica de relevante importância para a presente pesquisa é a denominação do termo degradação:

No contexto do ambiente natural, o termo degradação está muito relacionado a perturbações e distúrbios do ecossistema. Há diversas fontes que trazem definições convergentes, que se complementam ou expõe a mesma idéia.

Segundo o Guia de Recuperação de Áreas Degradadas da SABESP (2003), degradação são “as modificações impostas pela sociedade aos ecossistemas naturais, alterando as suas características físicas, químicas e biológicas e, comprometendo, assim, a qualidade de vida dos seres humanos”. Willian, Bugin e Reis (1990 apud Rondino, 2005), definem que, “a degradação de uma área ocorre quando a camada de vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e regime da vazão do sistema hídrico forem alterados”. Já o Manual de Gerenciamento de áreas contaminadas da CETSB (2009) define de forma bem simplificada que áreas degradadas são áreas onde ocorrem processos de alteração das propriedades físicas e/ou químicas de um ou mais compartimentos do meio ambiente.

No contexto urbano, há poucas referências literárias quanto à definição do termo. Bittar (1997) defende que nas cidades, onde há muitas variáveis socioeconômicas e ambientais, e interações complexas, a degradação “está geralmente associada à perda da função urbana do uso do solo” (SANCHES, 2011, p. 34).

Sanches (2011) observa que nos países desenvolvidos há uma grande quantidade de áreas degradadas oriundas de antigas atividades industriais, aterros, galpões de armazenagem ou de infra-estrutura de transporte (linhas ferroviárias) que agora se encontram abandonadas ou subutilizadas.

O fenômeno da degradação, como constata Sanches (2011), está ligado a mudanças de ciclos econômicos, a desindustrialização. Este procedimento também é muito comum nos grandes centros urbanos de países em desenvolvimento que passaram por um processo de industrialização mais tardio. Nesses países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, os problemas socioeconômicos urbanos e a falta de recursos e investimento na recuperação e revitalização de tais áreas contribuem para uma situação de degradação ainda mais latente.

Em nosso país há uma demanda tímida com relação à recuperação e requalificação

de áreas degradadas, no exterior já é uma realidade. Como afirma Sanches (2011)

nos EUA, Canadá e Europa, a criação de agências públicas, instituições mistas e

(28)

parcerias público-privadas viabilizaram o estabelecimento de políticas públicas, programas e ações para lidar com o problema das áreas degradadas, principalmente contaminadas, no Brasil, o tema é pouco explorado.

No Canadá, o governo tentar atrelar áreas verdes e espaços livres públicos a novos empreendimentos em áreas degradadas. Há um recurso legal chamado Parkland Dedication que os governos locais se utilizam para prover novas áreas verdes para a cidade. Essa legislação possibilita que cada municipalidade exija dos incorporadores uma porcentagem máxima (que varia de 2% a 10%) do total do terreno para parques (EVERGREEN apud SANCHES, 2011, p. 52).

A combinação de instrumentos legais, previstos no Estatuto da cidade (Lei Federal 10.257) e aplicados no plano diretor dos municípios, devem ser utilizados visando a viabilização destes projetos, comenta Sanchez (2011). As operações urbanas consorciadas são uma forma viável de envolver a iniciativa privada em grandes intervenções urbanas estruturais.

De certa forma, a antiga ocupação da Praça Victor Civita, um dos estudos de caso da presente pesquisa, foi de aterro de resíduos, pois se trata de uma área contaminada por substâncias tóxicas e metais, que abrigou um incinerador de lixo, no qual era efetuada a queima de resíduos domiciliares e hospitalares, posteriormente a área passou a ser ocupada por cooperativas de reciclagem. Áreas que abrigaram esses aterros demandam um maior tempo de planejamento e elaboração do projeto para conversão de um parque, devido à sua complexidade e à aplicação de técnicas adequadas à descontaminação e estabilidade do solo, como aponta Sanches (2011).

Outra questão importante que Morinaga (2007) coloca é que se deve ter um planejamento direcionado quanto ao plantio de vegetação nessas áreas, uma vez que sofre as influências das condições ambientais pouco favoráveis ao desenvolvimento das plantas em geral.

A seleção de espécies para o plantio depende, entre outros fatores, das características próprias de cada aterro, das condições ambientais locais e do uso que se pretende dar ao local, alertando para o fato de que as raízes não devem ultrapassar a camada do solo de cobertura, para evitar o comprometimento do sistema de drenagem e da impermeabilização superior.

Em função de seu porte e de suas especificidades, as herbáceas possuem maior facilidade para se adequar a esses meios, ao passo que as espécies arbustivas e arbóreas encontram maior dificuldade de adaptação,

(29)

especialmente quando exibem raízes mais profundas (MORINAGA, 2007, p.

44).

Um elemento de relevante importância para a presente pesquisa, como coloca Morinaga (2007), é que algumas características, como escavação de subsolos para a instalação de garagens pode contribuir para o agravamento da situação na eventualidade da existência de contaminação na fase de construção do empreendimento, quando há possibilidade do contato direto de operários com os contaminantes. Como é o caso do empreendimento Rochaverá Corporate Towers, instalado em um terreno antes contaminado por uma indústria de fertilizantes, o processo de descontaminação do terreno foi feito, mas ocorreu a escavação do subsolo para instalação dos pavimentos de estacionamento.

Segue abaixo um quadro com algumas recomendações básicas para a elaboração e implantação de projetos paisagísticos em áreas contaminadas:

Fonte: MORINAGA, 2007, p. 72.

Além, da Praça Victor Civita e o Rochaverá Corporate Towers, objetos de estudo desta pesquisa, como exemplo de requalificação de áreas degradadas pode-se citar o Emscher Park.

O Emscher Park, no vale do Ruhr na Alemanha, está localizado em um terreno que

antes abrigou um centro industrial, com exploração de minas de carvão mineral e

(30)

produção de aço, uma área que se encontrava em profundo estado de contaminação foi revitalizada se transformando em um parque para a população, assim como nos estudos de caso da presente pesquisa, a implantação do parque também se tornou possível através de parcerias entre o setor público e privado.

Emscher Park. Fonte: MORINAGA, 2007, p. 99.

2.2 ESPAÇOS LIVRES EM COMPLEXOS MULTIFUNCIONAIS

São tipologias mais complexas de serem projetadas e planejadas do que a maioria dos projetos imobiliários, pois os diversos usos e as funcionalidades dos espaços que formam o empreendimento precisam interagir entre si, como é o caso do Brascan Century Plaza, um dos objetos de estudo da presente pesquisa.

Segundo Meyer (2008) nas décadas de 30 e 40, a ideia de verticalidade multifuncional era muito forte. São Paulo mesmo inaugurou alguns complexos nos anos 50, como o Conjunto Nacional e o Edifício Copan. Mas o modelo não foi tão aplicado à medida que ganhou força a separação das atividades comerciais e de serviços e com o nascimento de bairros estritamente residenciais.

Para França Neto (2009), a partir do ano 2000 este tipo de empreendimento voltou a

ganhar força no mercado imobiliário no Brasil, devido à demanda por centros de

convivência regionais, que cumpram no bairro a função antigamente exercida pelas

praças. A agregação de funções em um mesmo empreendimento, escritórios, lojas,

hotel, residências, centro de convenções, desponta não apenas como uma das

(31)

soluções para os problemas de mobilidade dos grandes centros. Assim, os centros comerciais abertos têm ganhado força no Brasil, como nos shoppings malls dos EUA e Europa, onde suas raízes provêm das galerias, para dar apoio a complexos multifuncionais integrados a eles.

Embora os grandes edifícios que trazem como objetivo a acessibilidade para o maior número possível de pessoas não fiquem permanentemente abertos, e ainda, os períodos em que estão abertos sejam de fato impostos de cima, tais edifícios realmente implicam numa expansão fundamental e considerável do mundo público.

Os exemplos mais característicos desta mudança de ênfase são sem dúvida as galerias (...). O lado de dentro e o de fora se acham tão fortemente relativizados um em relação ao outro que não se pode dizer quando estamos dentro de um edifício ou quando estamos no espaço que liga dois edifícios separados. Na medida em que a oposição entre as massas dos edifícios e o espaço da rua serve para distinguir – grosso modo – o mundo privado do público, o domínio privado circunscrito é transcendido pela inclusão de galerias. O espaço interior se torna mais acessível, enquanto o tecido das ruas se torna mais unido.

A cidade é virada pelo avesso, tanto espacialmente quanto no que concerne ao princípio do acesso. O conceito de galeria contém o princípio de um novo sistema de acesso no qual a fronteira entre o público e o privado é deslocado e, portanto, parcialmente abolido, em que, pelo menos do ponto de vista espacial, o domínio privado se torna publicamente mais acessível (HERTZBERGER, 1999, p. 74).

Há inúmeras vantagens econômicas e ecológicas em áreas comerciais abertas, quando comparada às fechadas, como a redução de energia gasta com iluminação diurna e ar-condicionado, além da possibilidade de se colocar vegetação e espelhos d’água, podendo criar um micro clima artificial e manterem o ambiente mais agradável.

Uma caracterização específica de relevante importância para a presente pesquisa é como os complexos multifuncionais devem ser implantados, abaixo estão especificadas duas considerações que se também se relacionam ao empreendimento Brascan Century Plaza.

Devem possuir três ou mais usos significativos e geradores de renda (tais como comércio, entretenimento, escritórios, residencial, hotel, e espaço cívico, cultural e de recreação) e que, num contexto bem elaborado suportam-se mutuamente. Na maioria dos empreendimentos multifuncionais, a condição primordial é gerar renda, tais como o comércio, escritórios, residencial, e serviços de hotel (...). E também devem possuir uma integração física e funcional significativa de todos os componentes do projeto (e suas

(32)

proximidades relativas devem compor um intenso uso do terreno), a fim de estar interconectados pela circulação de pedestres, que, por sua vez, pode ser elaborada através de interconexões dos componentes do projeto através dos passeios agradáveis para os pedestres incluindo as calçadas ao longo das ruas, ruas internas, comércios das praças (SCHWANKE apud ROSSI, 2007, p.1070).

Um exemplo de complexo multifuncional é o California Plaza, concluído 1992 no centro de Los Angeles, nos Estados Unidos, projetado por Arthur Erickson Arquitetos.

Uma grande praça abriga duas torres de edifícios com hotel e escritórios, no térreo, restaurantes e lojas, além do Moca, Museu de Arte Contemporânea. O espaço, de iniciativa da Bunker Hill Associates, possibilita que as áreas de estar no térreo

anexadas ao jardim urbano com espelhos d’água e

fontes tenham apresentações públicas, shows e exposições. Premiado como Edifício do Ano em 1997 e 2001.

Praça no térreo do empreendimento. Fonte: www.glasssteelandstone.com.

(33)

Vista de cima com as duas torres. Fonte: www.glasssteelandstone.com.

No centro de Toronto no Canadá, o Cloud Gardens destaca-se, como conclui Gehl e Gemzoe (2002), promovendo diálogo entre seus distintos elementos, no qual uma paisagem urbana em transformação, parcialmente demolida, é justaposta a uma paisagem natural idealizada.

Esta edificação é composta por escritórios, lojas, centros comerciais subterrâneos e

estacionamento, o parque que os circunda é um elemento recreativo inserido em um

projeto urbano. Construído em 1993, projetado por Baird/Sampsom Architects com o

projeto paisagístico de Milus, Bollenberghe, Topps e Watchorn, o empreendimento

possui o prêmio Canadian Architecture Award of Exelence e o The Governor

General’s Award for Architecture. O espaço livre abriga um jardim de inverno, uma

cascata que mascara o som da cidade circundante, bancos, terraços, rampas, estas

atingem uma altura de três andares, oferecendo a possibilidade de passear

verticalmente através da praça, além de possuir um monumento desenhado por

Magaret Priest, estruturado por uma trama de aço, como símbolo empregado na

construção e na indústria naval, a artista o descreve como um tipo de mostruário, que

serve para tornar visível a contribuição dos trabalhadores da construção para

a vida da cidade. Há também uma espécie de floresta tropical, que reproduz uma

(34)

paisagem dos países de clima quente com samambaias, palmeiras e outras espécies exóticas e uma outra área com vegetação nativa do Canadá.

O parque visto de cima. Fonte: www.lostrivers.ca.

2.3 ESPAÇOS LIVRES EM EDIFÍCIOS CORPORATIVOS

A principal preocupação do empreendedor ou das próprias empresas em seus espaços corporativos é quanto á localização, o prestígio, a visibilidade e a acessibilidade do local, o objeto de estudo de uma área desta tipologia na presente pesquisa é o Rochaverá Corporate Towers.

Como exemplos de espaço de uso coletivo em edifícios corporativos em São Paulo, destacam-se como o Centro Empresarial Itaú SA e o BankBoston.

Localizado no bairro do Jabaquara em São Paulo, o Centro Empresarial Itaú SA,

envolveu três fases de projeto, a primeira de 1980 a 1985, na qual foram projetadas e

construídas as três primeiras torres em concreto aparente, por Jaime Cupertino e

Francisco XavierJudas y Manubens, a segunda fase também com o projeto dos

mesmo arquitetos foi durante 1986 a 1991, que agregou mais um edifício ao

complexo, este com fechamento de vidro duplo laminado, já na terceira fase, de 1989

a 2002, foi construída a quinta torre, com estrutura em concreto armado protendido,

com o projeto de Aflalo & Gasperinie e Jaime Cupertino.

(35)

Foi implantado através de uma operação urbana, inserido no projeto Comunidades Urbanas de Recuperação Acelerada (Cura) do Banco Nacional de Habitação (BNH) em parceria com a Prefeitura de São Paulo por meio da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e do Grupo Empresarial Itaú, o empreendimento integra uma praça à Estação do Metrô, ao terminal de ônibus, às cinco torres de escritórios e também ao Parque Conceição.

A grande praça que conecta os edifícios foi feita em patamares priorizando a circulação de pedestres, assim terraços e patamares se entrelaçam.

O Centro Empresarial Itaú é testemunho mais evidente da imagem política do sistema bancário, que se mostra, hoje, a favor da aproximação do grande empreendimento comercial aos parques, aos jardins e ao “verde”. Enfim mostrando a preocupação dessa instituição em associar o avanço tecnológico ao bem estar, ao ar puro e à melhora ambiental, além da conexão entre o uso público e o privado do espaço, fazendo desaparecer a velha tradição dos limites físicos entre um e outro (FRANCO, 1989, p. 186).

Centro Empresarial Itaú SA. Fonte: www.vitruvius.com.br.

Com parte da vegetação existente reaproveitada, o jardim possui mais de 1600m² e

tem um estilo que acompanha o design da arquitetura. Entre palmeiras e espelhos

d’água, a grande praça interage com os usuários e é convidativa. Por estar ligada ao

metrô e ao parque, estabelece certa continuidade ao espaço público, mas sob a

administração privada do grupo Itaú.

(36)

Detalhe do jardim. Fonte: www.vitruvius.com.br

Detalhe do jardim. Fonte: www.vitruvius.com.br. Foto: Norma Fonseca.

Já o Bankboston, na marginal do Rio Pinheiros em São Paulo, foi desenvolvido pelo

escritório americano SOM-Skidmore, Owings & Merrill, de Chicago, e adaptado

pelo escritório Júlio Neves, começou a ser implantado em 1999 e foi concluído em

2002. O edifício concebido em concreto moldado in loco com vigas protendidas,

possui 28 andares, uma fachada escalonada, em vidro e granito.

(37)

Bank Boston. Fonte: www.vitruvius.com.br.

O projeto paisagístico é de Isabel Duprat, implantado em uma área cercada de 12.000m², tem inspiração nas obras de Burle Marx, a praça possui elementos curvos, um grande espelho d’água, uma área com jabuticabeiras. Para a entrada de veículos, há uma passarela sinuosa, separando duas áreas de formatos distintos do espaço ajardinado, a área do café e a área do auditório.

Foram empregadas um total de 280 árvores, algumas exóticas e outras árvores nativas, como o jequitibá (de 30 metros e 20 anos) e o pau-brasil, além de ipês, sapucaias e seringueiras, entre outras.

Vista do jardim. Fonte: Tardin, 2010, p. 187.

(38)

O projeto foi concebido de modo integrado com a arquitetura do edifício, a partir das diversas possibilidades de percurso, com a criação de novas perspectivas e sensações, através do desenho de caminhos, de áreas de estar, da vegetação e da água, que marca e reflete a entrada principal. As formas sinuosas do espaço livre contrastam com a ortogonalidade do edifício e estão relacionadas entre si em distintos compartimentos e níveis, definidos pela edificação. Ao mesmo tempo, o projeto marca a caráter do espaço livre como elemento de transição entre o edifício e a via, e entre as diferentes partes do próprio edifício (TARDIN, 2010, p. 187)

Detalhe do espelho d’água. Fonte: www.arcoweb.com.br.

CAPÍTULO II

2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A CIDADE DE SÃO PAULO

Todos os empreendimentos tomados como estudos de caso da presente pesquisa

são estruturados na trama urbana que estão inseridos, eles não devem ser analisados

restritamente, estão situados em áreas com grande contexto histórico, de formação e

desenvolvimento na cidade de São Paulo, entender como se deu o surgimento, a

ocupação do bairro, das avenidas e do entorno de cada empreendimento, bem como

sua conexão com a cidade, é de fundamental importância para a compreensão de

(39)

como seus projetos foram criados, adquiriram tal formato e características, bem como o seu contexto e papel na paisagem urbana.

Visto como conjunto de elementos estruturantes da trama urbana, os espaços livres devem ser analisados não por seus elementos isolados, mas por suas relações, continuidades e complementaridades para suporte do conjunto das ações sociais, portanto, enquanto sistema: uma estrutura organizada à qual podem ser relacionadas características funcionais, de porte, nível hierárquico, entre outras. A visão sistêmica enseja que, para além das finalidades específicas aos quais os diferentes elementos do sistema atendem (viária, de infra-estrutura, paisagística, produtiva, de lazer, ecológica-ambiental), os espaços, livres, em sua interação, reforcem a imagem da cidade, possibilitem a manifestação política, a apreciação estética, e as possibilidades de identidade com o lugar. Somente na articulação dos espaços livres, e portanto, do sistema, a leitura da cidade é possível (PRETO, 2009, p. 32).

Como a cidade de São Paulo evoluiu nos últimos anos, as avenidas que circundam os empreendimentos, os seus bairros e como eles foram beneficiados pelas iniciativas da prefeitura, estão descritos neste capítulo.

Como afirma Alvarez (2008) o processo de crescimento urbano no município de São Paulo caracterizou-se, no início do século XX, por um alto crescimento demográfico com a rápida expansão da malha urbana, resultante de transformações sociais, políticas e culturais, provenientes principalmente do desenvolvimento do setor industrial. Neste mesmo período, o Centro da Cidade de São Paulo era o maior local de consumo, comércio e negociações da elite paulistana, estas atividades se concentravam no Triângulo Histórico, compreendido pela Praça da Sé, o Pátio do Colégio, o Largo de São Francisco, a Praça João Mendes, O Largo da Memória, o Largo de São Bento, as Ruas VX de Novembro, Direita, Florêncio de Abreu e São Bento.

2.1 CENTROS ECONÔMICOS DE SÃO PAULO – EVOLUÇÕES

Na década de 1950 o centro velho da cidade de São Paulo já havia se expandido para

além do Triângulo Histórico (Praça da Sé, o Pátio do Colégio, o Largo de São

(40)

Francisco, a Praça João Mendes, O Largo da Memória, o Largo de São Bento, as Ruas VX de Novembro, Direita, Florêncio de Abreu e São Bento).

Na década de 50 houve uma radical expansão do modelo rodoviário de São Paulo. Foi nesse contexto de prioridade absoluta às demandas da circulação viária e decadência do transporte ferroviário, substituído pelo transporte rodoviário, que os bairros centrais começaram, a partir dos anos 60, sem ter resolvido suas crônicas questões de acessibilidade, a sofrer um processo de degradação urbana. Na verdade o processo de isolamento e decadência já havia atingido níveis elevados, dada a absoluta prioridade oferecida a macroacessibilidade metropolitana em detrimento da microacessibilidade local (ALVAREZ, 2008, p. 65).

Avenida São João, 1952. Fonte: http://br.geocities.com.

Este processo de decadência e isolamento fez com que empresas e bancos se

deslocassem para outras regiões da cidade e segundo Guerra (2011) os principais

bancos que antes estavam alojados no velho centro, em geral localizados na Rua

Boavista e imediações, mudam-se para o divisor de águas entre o centro e o Jardim

Paulista, como parte da dinâmica paulistana dos anos 1960 e 1970.

(41)

Avenida Paulista na década de 50. Fonte: www.comoera.com.br

As dimensões largas da Avenida Paulista, o tamanho dos lotes, propiciou o grande interesse nesta região de sedes de empresas e de instituições financeiras. O perfil estritamente residencial da avenida permaneceu até metade da década de 1950, quando já se observava empreendimentos de uso misto, com apartamentos, escritórios e comércio, como é o caso do Conjunto nacional, de 1956.

Com o crescimento da cidade e a ocupação de novos bairros ao lado dos jardins, a Paulista se tornou um grande eixo de tráfego. A prefeitura não permitia a instalação de estabelecimentos comerciais, mas aceitava a construção de prédios de apartamento. Essa forma de uso começou a se generalizar, e a Paulista se transformou em um eixo residencial adensado.

Muitas das antigas mansões vão sendo substituídas por prédios de apartamento, e muitas das residências, já abandonadas ou semi-abandonadas, entraram em decadência. O velho Belvedere do Trianon, também abandonado, entrou em degradação e foi demolido. Era o fim de um ciclo (FRÚGOLI, 2000, p. 117).

O uso de edifícios de escritórios, comércio e serviços foi concedido pela legislação em 1962, assim começam a surgir edifícios de escritórios com 30 andares em média.

Durante a década de 1970 a avenida passou por uma reforma paisagística, as vias

destinadas aos veículos foram alargadas e criaram-se calçadões, este projeto de

requalificação da avenida ficou sob responsabilidade da arquiteta e paisagista Rosa

Grena Kliass, já o projeto do novo mobiliário urbano foi de Ludovico & Martino.

Referências

Documentos relacionados

Fresamento de cantos a 90º e faceamento a altas taxas de avanço.. Passo

Nota: Pelo menos 30 minutos antes da lavagem, aqueça a solução de lavado 1 para 71°C (+/-1ºC).Com um termômetro calibrado confira a temperatura dentro do coplin. •

Eles realizaram a coleta de amostras na maçaneta da porta, no rosto, nas paredes, no lixo, na terra, no chão, no banheiro, na moeda, no celular, nas axilas, no

Informamos que estão disponíveis na secretaria da FJERJ os Crachás Técnicos 2014, conforme relação abaixo.. Sua retirada poderá ser feita de segunda a sexta de 8h

Detectar vida remotamente em planetas extra - - solares solares Buscar vida em Marte e outros planetas e satélites do Buscar vida em Marte e outros planetas e satélites do.

Como por exemplo o tema de segurança ambiental e humana, que não eram considerados questões de segurança, mas na atualidade passaram a ser importantes debates da

Dentro desse tema pretendemos, a partir de um breve histórico da questão da circulação na cidade de São Paulo, de uma visão geral das legislações pertinentes ao

As três partes de um sistema monofásico são designadas por A, B e C e estão interligadas por meio de.. transformadores, como mostra