CENTRO UNIVERSIT ´ ARIO DE BRAS´ILIA - UniCEUB
FACULDADE DE TECNOLOGIA E CI ˆ ENCIAS SOCIAIS APLICADAS - FATECS PROGRAMA DE INICIAC ¸ ˜ AO CIENT´IFICA
CARLOS EDUARDO COSTA DE FARIA
AN ´ ALISE DE VIBRAC ¸ ˜ OES EM UMA TORRE DE ENERGIA E ´ OLICA
BRAS´ILIA
2018
CARLOS EDUARDO COSTA DE FARIA
AN ´ ALISE DE VIBRAC ¸ ˜ OES EM UMA TORRE DE ENERGIA E ´ OLICA
Relat ´orio final de pesquisa de Iniciac¸ ˜ao Cient´ıfica apresentado `a Assessoria de P ´os-Graduac¸ ˜ao e Pesquisa pela Faculdade de Tecnologia e Ci ˆencias Sociais aplicadas - FATECS
Orientac¸ ˜ao: Prof. Dr. Marcos Rafael Guassi
BRAS´ILIA
2018
Dedicat ´ oria
Dedico esse trabalho a minha fam´ılia, sem voc ˆes nada disso seria poss´ıvel.
Agradecimentos
Primeiramente gostaria de agradecer a minha fam´ılia, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
Ao meu Prof. Dr. Marcos Rafael, por me acompanhar ao longo dessa pesquisa, agradec¸o a paci ˆencia, dedicac¸ ˜ao e os seus s ´abios ensinamentos. Aos meus amigos e colegas, que me deram suporte nessa jornada.
Agradec¸o ao UniCEUB pelo ambiente agrad ´avel, por todos recursos disponibiliza-
dos e que viabilizaram essa pesquisa e pela prestatividade de todos.
AN ´ ALISE DE VIBRAC ¸ ˜ OES EM UMA TORRE DE ENERGIA E ´ OLICA
Carlos Eduardo Costa de Faria - UniCEUB, PIC Instituional, aluno bolsista eduardo.meia4@sempreceub.com
Marcos Rafael Guassi - UniCEUB, professor orientador marcos.guassi@ceub.edu.br
Um dos grandes problemas da atualidade ´e a quest ˜ao energ ´etica. A energia e ´olica tem se destacado bastante por ser uma alternativa sustent ´avel a m ´edio e longo prazo, e por se tratar de uma fonte de energia renov ´avel, limpa e inesgot ´avel.
As torres que sustentam o aerogerador s ˜ao flex´ıveis, esbeltas e expostas a vibrac¸ ˜oes excessivas, provenientes da interac¸ ˜ao entre o vento e a estrutura. Essas forc¸as po- dem induzir vibrac¸ ˜oes, que caso se aproximarem da frequ ˆencia natural da estrutura, aumentam sua amplitude de oscilac¸ ˜ao, acarretando em danos `a mesma, diminuindo seu tempo de vida ´util e colocando-a risco. Visando amenizar essas vibrac¸ ˜oes geradas por forc¸as externas, emprega-se amplamente um dispositivo de controle, o amortece- dor de massa sintonizada (AMS). Esse dispositivo consiste essencialmente de um sistema massa-mola-amortecedor, conectado a estrutura da torre e sintonizado na sua frequ ˆencia natural, com o objetivo de evitar a resson ˆancia.
O modelo da torre proposto neste trabalho foi modelado no software ANSYS R19.0, como um elemento de viga vertical e com a utilizac¸ ˜ao de um elemento de massa concentrada no topo da torre para representar a nacele do aerogerador. Adotou-se um carregamento harm ˆonico, simulando o efeito do vento, de maneira simplificada, aplicado no topo da estrutura. Junto ao nacele se localiza o AMS.
Foram realizadas as an ´alises est ´atica, modal e transiente, al ´em de verificar-se a efici ˆencia do AMS. Os resultados obtidos reforc¸am o ˆambito do controle de vibrac¸ ˜oes atrav ´es do controle passivo das vibrac¸ ˜oes estruturais.
Palavras-Chave: Din ˆamica das estruturas, vibrac¸ ˜ oes, amortecedor de massa
sintonizada, torre e ´ olica, controle estrutural
Sum ´ario
1 Introduc¸ ˜ao 1
1.1 Amortecedor de massa sintonizada . . . . 2
1.2 Objetivos . . . . 5
2 Fundamentac¸ ˜ao te ´ orica 6 3 Metodologia 8 3.1 Modelagem f´ısica e geom ´etrica . . . . 8
3.2 Software ANSYS . . . . 8
3.3 Modelagem computacional . . . . 9
3.4 An ´alise modal . . . . 9
3.5 An ´alise transiente . . . . 9
3.6 Par ˆametros ´otimos do AMS . . . . 9
4 Resultados e discuss ˜ oes 11 4.1 An ´alise Modal . . . . 11
4.2 C ´alculo dos par ˆametros ´otimos do amortecedor de massa sintonizada . 13 4.3 An ´alise transiente . . . . 14
Refer ˆencias Bibliogr ´aficas 17
1
Cap´ıtulo 1
Introduc¸ ˜ao
Devido ao aumento da demanda energ ´etica e com a crescente preocupac¸ ˜ao com a reduc¸ ˜ao da emiss ˜ao de gases poluentes na atmosfera, o mundo tem buscado cada vez mais o desenvolvimento de fontes de gerac¸ ˜ao de energia limpa. Destaca-se dentre elas, a e ´olica.
A explorac¸ ˜ao da energia do vento revela-se uma fonte de energia promissora, mas essa n ˜ao ´e uma ideia recente, o registro de moinhos de vento para bombeamento de
´agua e moagem de cereais, data de mais de 3000 anos [1].
Na Europa, a utilizac¸ ˜ao e o desenvolvimento dos moinhos de ventos aumentou continuamente entre os s ´eculos XII e XIV. No final do s ´eculo XIV um moinho t´ıpico europeu possu´ıa um rotor de 25 metros de di ˆametro e altura de aproximadamente 30 metros [2].
Um turbina e ´olica ou aerogerador, ´e um equipamento que capta a energia cin ´etica do vento, convertendo-a em energia el ´etrica. S ˜ao classificados pelo modo como as p ´as interagem com o vento ou pela disposic¸ ˜ao do eixo da turbina.
Atualmente os modelos de aerogeradores que mais s ˜ao empregados s ˜ao: o de eixo vertical (VAWT – Vertical Axis Wind Turbine) e o de eixo horizontal (HAWT – Horizontal Axis Wind Turbine), visto na figura 1.1. Sendo o mais usual o uso s ˜ao dos aerogeradores as de eixo horizontal (HAWT),por apresentarem um maior proveito da energia do vento.
Os principais componentes de um aerogerador de eixo horizontal:
• Anem ˆometro: afere a direc¸ ˜ao, a intensidade e a velocidade do vento;
• Catavento: mede a direc¸ ˜ao do vento, ´e respons ´avel por transmitir ao sistema de controlo a posic¸ ˜ao instant ˆanea o vento, permitindo ao aerogerador manter-se orientado ao vento de forma a otimizar a energia cin ´etica do vento, aumentando a pot ˆencia produzida;
• Gearbox (caixa multiplicadora): tem a func¸ ˜ao de transformar as rotac¸ ˜oes que as p ´as transmitem ao eixo de baixa velocidade, entregando ao eixo de alta veloci- dade as rotac¸ ˜oes que o gerador precisa para funcionar;
• Gerador: converte a energia mec ˆanica em energia el ´etrica;
• Nacele: compartimento situado no topo da torre constitu´ıda por: chassis, caixa
multiplicadora (Gearbox), sistema de controle eletr ˆonico, sistema hidr ´aulico e
sistema yaw;
2
Figura 1.1: Torre e ´olica com aerogerador de eixo horizontal do tipo HAWT. FONTE:
https://fabricioengmec.blogspot.com/2017/07/historia-da-energia-eolica-e-suas.html
• P ´as: S ˜ao produzidas a partir de materiais como a fibra de vidro e o pl ´astico.
Visam captar o vento e direcionar sua pot ˆencia ao centro do rotor;
• Rotor: elemento de fixac¸ ˜ao das p ´as que transmite o movimento de rotac¸ ˜ao para o eixo de movimento lento. Um de seus principais componentes ´e o sistema hidr ´aulico que permite o movimento das p ´as em distintas posic¸ ˜oes para otimizar a forc¸a do vento ou parar a turbina por completo;
• Torre: elemento que sustenta a nacele e o rotor
As turbinas e ´olicas com rotor de eixo vertical s ˜ao normalmente mais caras e apre- sentam desempenho inferior que os de eixo horizontal, em raz ˜ao do gerador n ˜ao girar segundo a direc¸ ˜ao do vento, apenas o rotor se movimenta enquanto o gerador fica pa- rado. S ˜ao exemplos de rotores de eixo vertical os rotores do tipo Savonius, da figura 1.2 e os rotores do tipo Darrieus, da figura 1.3.
De acordo com Dellezzopolles [3](2011), as torres podem ser das seguintes for- mas: tubular cil´ındrica, c ˆonica ou trelic¸ada, como a mostrada na figura 1.4 - utilizando concreto ou ac¸o na composic¸ ˜ao de sua estrutura.
As torres tubulares, como a da figura 1.1, correspondem ao modelo de estrutura mais empregado na construc¸ ˜ao de turbinas e ´olicas [1, 2, 3, 4]. Isso deve-se ao fato de apresentarem melhor efic ´acia em relac¸ ˜ao a sua rigidez, pois possuem pontos discretos de ligac¸ ˜ao entre os m ´odulos que favorecem a sua montagem a grandes alturas, e consequentemente, a seguranc¸a dos montadores.
1.1 Amortecedor de massa sintonizada
Torre e ´olicas s ˜ao estruturas altas, esbeltas e encontram-se constantemente sub-
metidas a esforc¸os de vento - estes induzem vibrac¸ ˜oes na estrutura. Essas solicitac¸ ˜oes
podem causar `a estrutura efeitos superiores aos calculados daqueles previstos na
an ´alise de modelo est ´atico. Logo, ´e necess ´aria a realizac¸ ˜ao de uma an ´alise din ˆamica,
3
Figura 1.2: Torre e ´olica com aerogerador de eixo vertical do tipo Savonius. FONTE:
https://pixabay.com/pt/rotor-savonius-vertical-3084781/
Figura 1.3: Torre e ´olica com aerogerador de eixo vertical do tipo Dar-
rieus. FONTE: https://en.wind-turbine-models.com/turbines/93-dornier-darrieus-
55?picture=LPQ8tvaHYVd
4
Figura 1.4: Torre e ´olica com aerogerador de eixo horizontal com torre trelic¸ada.
FONTE: http://www.brametal.com.br/produto/3/
que leve em considerac¸ ˜ao a variac¸ ˜ao temporal desses efeitos. A realizac¸ ˜ao desse tipo de an ´alise possibilita determinar os valores de deslocamentos, tens ˜oes e acelerac¸ ˜oes da estrutura, que n ˜ao s ˜ao detectados em uma an ´alise estritamente est ´atica.
Casos como o de “Tacoma Narrows Brigde” - que em virtude do efeito do vento, entrou em resson ˆancia e ruiu, em 1940 - fomentaram in ´umeros estudos na ´area de din ˆamica das estruturas nas ´ultimas d ´ecadas.
Segundo Val ˆencia [5], um dos dispositivos mais adotados por engenheiros civis para se combater esse tipo de dano ´e o amortecedor de massa sintonizada (AMS).
Ele consiste em um sistema massa, mola e amortecedor fixado a um sistema livre para vibrar, visando reduzir a resposta din ˆamica da estrutura. Vigas, torres, passarelas de pedestres, pontes e edif´ıcios altos s ˜ao estruturas que v ˆem se beneficiando com a aplicac¸ ˜ao do AMS para aprimorar a sua performance.
A frequ ˆencia do amortecedor ´e sintonizada para uma frequ ˆencia particular da es- trutura, pois, uma vez que a estrutura for excitada, o amortecedor ir ´a vibrar fora de fase com o movimento da estrutura. Esse m ´etodo de controle estrutural tem como principal finalidade de diminuir a amplitude do pico de resson ˆancia [6](Alves, 2015).
Chen e Huang [7] estabelecem que para o AMS ter uma boa aplicabilidade, a raz ˜ao µ entre a massa do amortecedor e a massa total - deve estar entre 5% e 15%.
No presente trabalho adotou-se os valor de 10%. Com esses valores estabelecidos calculou-se os par ˆametros ´otimos.
Den Hartog [8] deduziu os par ˆametros ´otimos para uma boa aplicabilidade dos amortecedores de massa sintonizada, estas deduc¸ ˜oes assumem que o sistema prin- cipal tenha fator de amortecimento nulo, ou seja, apenas o sistema de amorteci- mento seria o respons ´avel pelo controle de vibrac¸ ˜oes da estrutura. A sua t ´ecnica de otimizac¸ ˜ao foi desenvolvida com o objetivo de minimizar o deslocamento da estrutura, sob ac¸ ˜ao de um carregamento harm ˆonico.
Este trabalho visa compreender a efic ´acia do conjunto estrutura-amortecedor, os
5
par ˆametros de amortecimento necess ´arios para se obter melhor controle dos des- locamentos devido `as cargas din ˆamicas, dessa forma, podendo-se determinar os par ˆametros ideais de um projeto.
1.2 Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar os deslocamentos de uma
torre e ´olica, com e sem a presenc¸a de um amortecedor de massa sintonizada, veri-
ficando assim numericamente a efic ´acia do dispositivo de controle estrutural neste
tipo de estrutura. Para alcanc¸ar esse objetivo, ser ˜ao realizadas etapas intermedi ´arias,
com o intuito de presentar um modelo capaz de simular o comportamento de uma
torre e ´olica; analisar deformac¸ ˜oes da estrutura atrav ´es da modelagem no pacote de
elementos finitos do ANSYS; e comparar os deslocamentos com e sem a presenc¸a do
AMS, adotando diferentes valores para a frequ ˆencia da excitac¸ ˜ao externa.
6
Cap´ıtulo 2
Fundamentac¸ ˜ao te ´ orica
Beneveli [9] estudou o uso do controle estrutural na protec¸ ˜ao de estruturas subme- tidas a carregamentos din ˆamicos buscando evitar n´ıveis de vibrac¸ ˜ao que possam ge- rar desconforto, comprometer a seguranc¸a e integridade da edificac¸ ˜ao. Adotou como controle estrutural o amortecedor de massa, entre eles o AMS. Concluindo que em mecanismos de controle passivo, o AMS tem uma grande influ ˆencia na resposta do sistema e que em muitos casos houve reduc¸ ˜ao da amplitude de oscilac¸ ˜ao.
Val ˆencia [5] investigou o controle de oscilac¸ ˜oes em vigas met ´alicas com distin- tas condic¸ ˜oes de v´ınculos empregando amortecedores de massa sintonizada. Utili- zou quatro modelos de viga: biapoiada, engastada e apoiada, simplesmente apoiada com dois balanc¸os e uma viga Gerber com balanc¸os. Submeteu estas estruturas sob dois tipos de carregamento: harm ˆonico e aleat ´orio, almejando definir numerica- mente a efic ´acia de um sistema de controle passivo (AMS e AMSM) na reduc¸ ˜ao de vibrac¸ ˜oes excessivas e no controle da reac¸ ˜ao din ˆamica da estrutura. Obteve os resul- tados num ´ericos com o aux´ılio do software ANSYS e inferiu que o emprego do controle estrutural reduz significativamente os deslocamentos.
Sirqueira [10], elaborou um modelo de elementos finitos no software ANSYS simu- lando o comportamento da torre e ´olica submetida ao carregamento promovido pelo vento nas p ´as da h ´elice. Determinou as frequ ˆencias naturais, os modos de vibrac¸ ˜ao bem como uma an ´alise harm ˆonica e transiente para investigar a reac¸ ˜ao din ˆamica da estrutura no dom´ınio do tempo. Concluiu que a realizac¸ ˜ao de uma an ´alise exclusi- vamente est ´atica pode ocasionar no mau dimensionamento da torre e, consequente- mente, em prov ´aveis acidentes. Desta forma, constatou a relev ˆancia do estudo da parcela din ˆamica.
Avila e Pereira [11], utilizaram o amortecedor de massa sintonizada (AMS) sin- ´ tonizado na frequ ˆencia natural da estrutura de uma torre e ´olica buscando reduzir vibrac¸ ˜oes. Modelaram a estrutura como um elemento de barra com uma massa con- centrada no topo da torre simulando a nacele. Utilizaram o pacote de elementos finitos ANSYS para fazer as an ´alises modal e transiente. Utilizaram de um carregamento harm ˆonico, comparando os deslocamentos com e sem do amortecedor de massa sintonizada. Comprovaram a efici ˆencia do uso de controle estrutural neste tipo de estrutura.
Dellezzopolles Junior [3] fez uma an ´alise din ˆamica de torres de energia e ´olica.
Essas torres servem de suporte para aerogeradores, os quais geram carregamentos din ˆamicos na estrutura. Concluiu que a an ´alise din ˆamica ´e essencial para se obter resultados confi ´aveis a respeito do comportamento da estrutura.
Oliveira [1], buscou analisar o comportamento din ˆamico de uma torre de gera-
7
dor e ´olico, visando obter um modelo num ´erico que simulasse melhor o modelo real.
Utilizou-se do modelo de elementos finitos para realizar as an ´alises modal e estu- dar as respostas din ˆamicas da estrutura. Comparou os resultados experimentais e num ´ericos, concluindo que modelo de casca com sapata, ajustado aos resultados do ensaio, ´e a melhor representac¸ ˜ao da estrutura real, obtendo valores de frequ ˆencias pr ´oprias pr ´oximos aos alcanc¸ados no ensaio din ˆamico.
Alves [6], pesquisou sobre o controle de vibrac¸ ˜oes em um edif´ıcio de 36 pavi- mentos aplicando amortecedores de massa sintonizados (AMS) submetidos a car- gas din ˆamicas (vento ou terremoto). O vento foi descrito como um carregamento harm ˆonico bem como utilizando o m ´etodo do vento sint ´etico. No seu trabalho os edif´ıcios s ˜ao modelados como sistemas do tipo shear-building de n graus de liberdade e, utiliza um amortecedor do tipo AMS – como controle estrutural - e sistema de isola- mento de base. Concluiu que ao se alterar os par ˆametros do AMS ´otimo e o edif´ıcio
´e sujeito a um carregamento harm ˆonico, a reduc¸ ˜ao das amplitudes de oscilac¸ ˜ao s ˜ao menores que as amplitudes com o AMS ´otimo evidenciando a sua efic ´acia
Pereira [2], prop ˆos um modelo de torre que foi modelado com elemento de viga sem as p ´as do rotor e a utilizac¸ ˜ao de um elemento de massa concentrada no topo da torre atuando como a nacele do aerogerador. Desempenhou an ´alises estruturais est ´atica, modal e transiente, assim como sistemas de otimizac¸ ˜ao em cada um desses regimes.
Como dispositivo de controle estrutural utilizou-se um p ˆendulo, fixado a estrutura da
torre e sintonizado em uma frequ ˆencia de interesse, ambicionando fazer o dispositivo
vibrar fora de fase com o movimento gerado pela interac¸ ˜ao vento-estrutura, e assim
transmitir a energia vibrat ´oria para o pr ´oprio p ˆendulo.
8
Cap´ıtulo 3
Metodologia
3.1 Modelagem f´ısica e geom ´etrica
A torre apresenta uma estrutura tubular cil´ındrica, em ac¸o, com espessura cons- tante em toda a estrutura. As propriedades da torre podem ser verificadas na tabela 3.1:
Propriedades da torre Valor
Altura (m) 80
Di ˆametro da torre (m) 4
Espessura (m) 0,02
Massa do topo da torre (kg) 19876 Massa espec´ıfica (kg/m
3) 7850 M ´odulo de Elasticidade (N/m
2) 2,1 · 10
11Tabela 3.1: Propriedades da torre modelada
3.2 Software ANSYS
A elaborac¸ ˜ao de uma modelagem estrutural, via elementos finitos ANSYS, geral- mente ´e composta por tr ˆes etapas:
I. Pr ´e-processamento: Fase na qual modela-se toda a estrutura, especificando os tipos de elemento, propriedades f´ısicas e geom ´etricas do material. A determinac¸ ˜ao do tipo de an ´alise, a discretizac¸ ˜ao da estrutura e a criac¸ ˜ao da malha, acontecem nessa etapa.
II. Processamento: Nesta parte especificam-se as condic¸ ˜oes de contorno, o carre- gamento e sua aplicac¸ ˜ao na estrutura investigada.
III. P ´os-processamento: Compreende na obtenc¸ ˜ao das soluc¸ ˜oes. Tens ˜oes, acelerac¸ ˜ao
da estrutura, deslocamentos nodais, deformac¸ ˜oes e frequ ˆencias naturais, s ˜ao
exemplos que o software, proporciona, analisar.
9
3.3 Modelagem computacional
A torre foi modelada, como um elemento de viga com uma massa concentrada no topo para simular a nacele, no pacote de elementos finitos ANSYS.
Almejou-se, ao modelar a estrutura, empregar elementos que apresentassem mais apropriadamente o comportamento da torre e suas condic¸ ˜oes de apoio.
Utilizou-se dos elementos: BEAM4 e BEAM188, para simular a estrutura da torre;
MASS21, para simular a nacele.
A estrutura foi discretizada em 401 n ´os e 400 elementos finitos, cada elemento tem 20 cent´ımetros de comprimento.
3.4 An ´alise modal
O ANSYS R19.0 proporciona os m ´etodos Block Lanczos, Damped, PCG Lanczos, QR Damped, Supernode, Subspace e Unsymemetric como mecanismos de extrac¸ ˜ao dos modos de vibrac¸ ˜ao da estrutura. Utilizou-se do Block Lanczos em virtude da r ´apida converg ˆencia de soluc¸ ˜oes obtidas.
A partir das frequ ˆencias naturais ou modos de vibrac¸ ˜ao da estrutura encontradas, modelou-se as propriedades do AMS e o carregamento harm ˆonico.
3.5 An ´alise transiente
Os modos “Full” e o “Mode superposition” s ˜ao os m ´etodos disponibilizados pelo ANSYS R19.0 para desempenhar a an ´alise transiente. Utilizou-se do m ´etodo “Full”
devido a sua simples aplicac¸ ˜ao em comparac¸ ˜ao ao outro modo.
Na an ´alise transiente, ´e definida a reac¸ ˜ao din ˆamica da estrutura por efeito de car- regamentos harm ˆonicos. Considerou-se uma carga senoidal
F (t) = P sen(ωt + φ), (3.1)
com P = 1000KN e o ˆangulo de fase φ sendo nulo, variando ao longo do tempo a fim de simular o esforc¸o gerado pelo vento atuando na estrutura. A excitac¸ ˜ao din ˆamica, aplicada na massa concentrada no topo da torre, ´e constitu´ıda por um harm ˆonico ressonante. A frequ ˆencia de excitac¸ ˜ao foi calculada igual `a frequ ˆencia natural da torre.
Por meio do m ´etodo de Newmark, obteve-se a soluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes de movi- mento da estrutura proposta. Esse m ´etodo foi utilizado em virtude do pacote ANSYS utilizado na modelagem e soluc¸ ˜ao dos problemas propostos utilizar-se desse m ´etodo de integrac¸ ˜ao direta e impl´ıcita.
3.6 Par ˆametros ´ otimos do AMS
Atrav ´es da raz ˜ao µ entre a massa do amortecedor e a massa total, adotou-se
o valores de 10%. Com este valor definido, calculou-se os par ˆametros ´otimos do
amortecedor.
10
Den Hartog (1956) [8] definiu os par ˆametros ´otimos de amortecimento, estes s ˜ao dados pelas relac¸ ˜oes:
α
o= 1
1 + µ (3.2)
o= s
3µ
8(1 + µ)
3(3.3)
ω
a= α
oω (3.4)
Utilizou-se do Fortran 95 para o c ´alculo das constantes de rigidez e dos par ˆametros
´otimos de amortecimento do AMS.
O amortecedor de massa sintonizada (AMS) foi modelado utilizando-se dos ele-
mentos COMBIN14 e MASS21, para simular as massas, as molas e os amortecedores
do dispositivo de controle.
11
Cap´ıtulo 4
Resultados e discuss ˜ oes
Com base na tabela 3.1, calculou-se as seguintes propriedades da torre e ´olica:
momento de in ´ercia I em torno do eixo z:
I
zz= π D
4− d
464 = 0, 494143m
4, (4.1)
sendo D o di ˆametro externo e d o di ˆametro interno da torre. A ´area da sec¸ ˜ao transver- sal:
A
s= π
4 (D
2− d
2) = 0, 249876m
2(4.2) O volume da torre:
V
torre= A
sH = 19, 99008m
3(4.3)
A massa da torre:
M
torre= ρ
acoV
torre= 156.922, 128kg (4.4)
A massa total da estrutura:
M
total= M
torre+ M
topo= 19.876kg (4.5)
Definidos esses par ˆametros, modelou-se a torre no pacote de elementos finitos ANSYS R19.0.
4.1 An ´alise Modal
Por meio do bloco Lanczos, presente no pacote de elementos finitos ANSYS, realizou-se an ´alise modal. Assim, o programa determinou as frequ ˆencias naturais e os modos de vibrac¸ ˜ao da torre e ´olica.
Esses par ˆametros correspondem aos modos de vibrac¸ ˜ao mostrados nas figuras
abaixo, do primeiro ao oitavo modo.
12
Figura 4.1: Modos de vidrac¸ ˜ao da torre e ´olica com as frequ ˆencias (a) 1
omodo, f=0,51533Hz, (b) 2
omodo, f=0,63315Hz, (c) 3
omodo, f=3,3429Hz, (d) 4
omodo, f=3,8674Hz.
Figura 4.2: Modos de vidrac¸ ˜ao da torre e ´olica com as frequ ˆencias (a) 5
omodo,
f=9,3219Hz, (b) 6
omodo, f=10,024Hz, (c) 7
omodo, f=10,422Hz, (d) 8
omodo,
f=16,163Hz.
13
BEAM188 1 0,51533 2 0,63315 3 3,34290 4 3,86740 5 9,3219 6 10,024 7 10,422 8 16,163
Tabela 4.1: Frequ ˆencias naturais da torre e ´olica, em Hz.
4.2 C ´alculo dos par ˆametros ´ otimos do amortecedor de massa sin- tonizada
Utilizando-se dos valores obtidos na an ´alise modal, os par ˆametros ´otimos defini- dos por Den Hartog [8] e por meio das seguintes manipulac¸ ˜oes mostradas abaixo, obteve-se as equac¸ ˜oes para determinar a rigidez e o amortecimento do amortecedor de massa sintonizada:
ω
a= r K
aM
a. (4.6)
Substituindo a equac¸ ˜ao 3.2 na equac¸ ˜ao 4.6, obt ´em-se a express ˜ao 1
1 + µ ω = r K
aM
a(4.7)
Manipulando-se essa equac¸ ˜ao, chega-se a
K
a=
1 1 + µ
ω
2. (4.8)
Sabe-se que
C
a= 2
oM
aω
a. (4.9)
Com a substituic¸ ˜ao das equac¸ ˜oes 3.3 e 4.6, obt ´em-se a express ˜ao
C
a= 2 s
3µ
8(1 + µ)
3(µ
M tot) r K
aM
a(4.10)
14
Utilizando µ como 10%, nas equac¸ ˜oes 3.2, 3.3, determinam-se os valores
α
otimo= 0, 9090909090909090 (4.11)
otimo= 0, 16785203315363553 (4.12)
M
a= 17.679, 8128kg (4.13)
Inserindo esses valores nas equac¸ ˜oes 3.4, 4.10 chega-se a
ω
a= 2, 943558077rad/s (4.14)
K
a= 154.134, 64435562171N/m (4.15) Com todos esses valores, calcula-se o valor de C
ana equac¸ ˜ao 4.10
C
a= 17.524.497155373152N · s/m (4.16)
4.3 An ´alise transiente
Para averiguar a efic ´acia do AMS, modelado anteriormente, analisou-se a estru- tura sujeita a um carregamento do vento harm ˆonico, j ´a que os par ˆametros ´otimos do amortecedor, estabelecidos por Den Hartog [8], s ˜ao especificados baseando-se deste pressuposto da carga. An ´alises similares foram realizadas por Shzu et al [12].
Esta excitac¸ ˜ao din ˆamica imposta `a estrutura foi modelada de modo a representar o efeito da ac¸ ˜ao da forc¸a do vento atuando na torre do aerogerador. Nas an ´alises transientes, o tempo total de an ´alise foi de 20 segundos e um passo de tempo de 0,1 segundos.
A cor vermelha e azul, nos gr ´aficos a seguir, indica o deslocamento sem e com a presenc¸a do amortecedor de massa sintonizada, respectivamente. A figura 4.3 re-
−0,020
−0,015
−0,010
−0,005 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento (m)
Tempo (s)
−0,06
−0,04
−0,02 0 0,02 0,04 0,06
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento (m)
Tempo (s)
Figura 4.3: Deslocamento em func¸ ˜ao do tempo no primeiro modo de vibrac¸ ˜ao (a es- querda) e no segundo modo de vibrac¸ ˜ao (a direita).
presenta o deslocamento do topo da torre quando ω
f= 0,51533 Hz. Nota-se que a
presenc¸a do controle estrutural ameniza os deslocamentos laterais da estrutura. Ob-
servando a figura 4.3, a direita, percebe-se que a estrutura entra em resson ˆancia,
15
quando ω
f= 0,63315 Hz. Com a presenc¸a do AMS os deslocamentos da estrutura diminuem, evidenciando assim a sua principal finalidade que ´e de diminuir a amplitude do pico de resson ˆancia. Esse era o principal efeito esperado no sistema
−0,0003
−0,0002
−0,0001 0 0,0001 0,0002 0,0003
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento (m)
Tempo (s)
−0,00015
−0,0001
−5×10
−50 5×10
−50,0001 0,00015
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento (m)