SEGUNDA PALESTRA DE ´ALGEBRA LINEAR 2
Quest˜ao 1. Demonstre que o operador linear T :R3 −→R3 definido por T(x, y) = (3x−4z,3y+ 5z,−z) ´e diagonaliz´avel.
Solu¸c˜ao:
Para decidir se o operador ´e diagonaliz´avel, vamos primeiramente estudar seus autovalores.
Para isso, temos que encontrar sua matriz representa¸c˜ao (Veja a revis˜ao na p´ag 65 da aula 8) Passo 1: Econtrar a matriz representa¸c˜ao [T] do operador T.
Sabemos que
[T] =£
[T(e1)] [T(e2)] [T(e3)] ¤
onde {e1, e2, e3} = {(1,0,0),(0,1,0),(0,0,1)} ´e a base canˆonica de R3 e [T(e1)], [T(e2)] e [T(e3)] s˜ao as representa¸c˜oes matriciais dos vetores T(e1),T(e2) e T(e3).
Calculando temos
T(e1) = T(1,0,0) = (3.1−4.0,3.0 + 5.0,−0) = (3,0,0)⇒[T(e1)] =
3 0 0
,
T(e2) = T(0,1,0) = (3.0−4.0,3.1 + 5.0,−0) = (0,3,0)⇒[T(e2)] =
0 3 0
,
T(e3) =T(0,0,1) = (3.0−4.1,3.0 + 5.1,−1) = (−4,5,−1)⇒[T(e3)] =
−4 5
−1
. Assim,
[T] =£
[T(e1)] [T(e2)] [T(e3)] ¤
=
3 0 −4
0 3 5
0 0 −1
.
Passo 2: Encontrar o polinˆomio caracter´ıstico:
Sendo I a matriz identidade de ordem 3, sabemos que o polinˆomio caracter´ıstico do operador T ´e o mesmo polinˆomio caracter´ıstico da matriz [T] (Ver defini¸c˜ao 3, p´ag 68, aula 8). Portanto, o polinˆomio caracter´ıstico de T ´e
p(x) = det (xI −[T]) = det
x
1 0 0 0 1 0 0 0 1
−
3 0 −4
0 3 5
0 0 −1
= det
x−3 0 4
0 x−3 −5
0 0 x+ 1
Calculando o determinante temos (pode ser via Sarrus, pr´e requisito ´algebra linear 1) p(x) = (x−3)2.(x+ 1)
Passo 3: Encontrar os autovalores de T.
Sabemos que “O escalar λ´e um autovalor do operador linear T se, e somente se, λ´e uma raiz do polinˆomio caracter´ıstico de T.” (Ver teorema 2, p´ag 68, aula 8).
1
Calculando as ra´ızes de p(x) temos
p(x) = (x−3)2(x+ 1) = 0⇒x1 = 3 e x2 =−1 Logo, os autovalores de T s˜ao as ra´ızesλ1 = 3 e λ2 =−1 de p(x).
Para darmos continua¸c˜ao a esta solu¸c˜ao, precisamos estudar os AUTO-ESPAC¸ OS associ- ados a cada autovalor de [T].
Lembrando: “O auto-espa¸co associado ao autovalor λ, denotado por E(λ), ´e o subespa¸co gerado por todos os autovetores associados aλ, ou seja, pelos vetoresv tais que T(v) = λ.v.”
Passo 4: Encontrar bases de cada auto-espa¸co associado a cada autovalor de [T].
• Auto-espa¸co associado a λ1 = 3: Os AUTOVETORES associados a λ1 = 3 s˜ao os vetores (x, y, z) tais que
(λ1.I−[T])v = 0 ⇒
λ1−3 0 4
0 λ1−3 −5 0 0 λ1+ 1
.
x y z
=
0 0 0
⇒
3−3 0 4
0 3−3 −5
0 0 3 + 1
.
x y z
=
0 0 0
⇒
0 0 4
0 0 −5
0 0 4
x y z
=
0 0 0
E, de tal equa¸c˜ao, conclu´ımos o seguinte sistema:
4z = 0
−5z = 0 4z = 0
⇒z= 0 Portanto os autovetores de [T] s˜ao os vetores do tipo
(x, y,0) =x(1,0,0) +y(0,1,0)
Logo, o auto-espa¸co associado a λ1 = 3 ´e o subespa¸co gerado pelos vetores (1,0,0) e (0,1,0). Como estes dois vetores s˜ao LI, temos que B1 = {(1,0,0),(0,1,0)} ´e uma base do auto-espa¸co E(λ1).
• Auto-espa¸co associado aλ2 =−1: Os AUTOVETORES associados a λ2 =−1 s˜ao os vetores (x, y, z) tais que
(λ2.I−[T])v = 0 ⇒
λ2−3 0 4
0 λ2−3 −5 0 0 λ2+ 1
.
x y z
=
0 0 0
⇒
−1−3 0 4
0 −1−3 −5
0 0 −1 + 1
.
x y z
=
0 0 0
⇒
−4 0 4 0 −4 −5
0 0 0
x y z
=
0 0 0
E, de tal equa¸c˜ao, concluimos o seguinte sistema:
½ −4x+ 4z = 0
−4y−5z = 0 ⇒
½ x=z y= −45z Portanto os autovetores de [T] s˜ao os vetores do tipo
(z,−5
4 z, z) = z(1,−5 4 ,1)
Logo, o auto-espa¸co associado a λ2 =−1 ´e o subespa¸co gerado pelo vetor (1,−45,1).
Temos ent˜ao que B1 ={(1,−45,1)}´e uma base do auto-espa¸co E(λ2).
Conclus˜ao:
Lembremos o seguinte teorema: “Sejam v1, v2, ..., vk autovetores de uma matriz A, associ- ados aos autovalores distintosλ1, λ2, ..., λk, respectivamente. Ent˜ao o conjunto{v1, v2, ..., vk}
´e linearmente independente.”
Baseados no teorema acima, podemos afirmar queB =B1∪B2 ={(1,0,0),(0,1,0),(1,−45,1)}
´e um subconjunto linearmente independente de R3 formado por autovetores deT. Portanto, como o n´umero de vetores de B ´e igual a dimens˜ao de R3,B ´e uma base deR3 formada por autovetores de T. Da defini¸c˜ao de operador diagonaliz´avel segue que o operador linear T ´e diagonaliz´avel.
Quest˜ao 2. Considere a seguinte matriz diagonaliz´avel:
A =
· 1 0 1 2
¸ .
Utilize a forma diagonal de A para encontrar a matriz An com n n´umero natural.
Solu¸c˜ao:
Considera¸c˜oes iniciais:
Da defini¸c˜ao de matriz diagonaliz´avel, sabemos que “Uma matriz A ∈ M n(R) ´e dita diagonaliz´avel se for semelhante a uma matriz diagonal, ou seja, existem uma matriz diagonal D e uma matriz invert´ıvel P tais que A=P.D.P−1”.
Primeiramente observemos que, como A ´e diagonaliz´avel,
An = (P.D.P−1)n = (P.D.P−1)(P.D.P−1)...(P.D.P−1)(P.D.P−1) n vezes.
Rearranjando os termos e lembrando que P−1.P =P.P−1 =I e queI.D=D.I =D onde I
´e matriz identidade, temos
An =P.D.(P−1.P).D(P−1.P)...(P−1.P).D.(P−1P).D.P−1 =P.D.I.D.I...I.D.I.D.P−1 =P.Dn.P−1. Assim, para calcular An precisaremos encontrar as matrizes P, P−1 e D.
Vamos utilizar o processo de diagonaliza¸c˜ao para encontrar DeP (ver p´ags 59,60,61, aula 7). Algumas etapas deste exerc´ıcios se baseiam em repetir as t´ecnicas utilizadas no exerc´ıcio anterior. Portanto omitiremos os coment´arios e alguns detalhes.
Passo 1: Encontrar o polinˆomio caracter´ıstico:
Sendo I a matriz identidade de ordem 2, temos p(x) = det (xI−[T]) = det
· x−1 0
−1 x−2
¸
Calculando o determinante temos (pode ser via Sarrus, pr´e requisito ´algebra linear 1) p(x) = (x−1).(x−2)
Passo 2: Encontrar os autovalores de A. Calculando as ra´ızes de p(x) temos
p(x) = (x−1)(x−2) = 0⇒x1 = 1 e x2 = 2 Logo, os autovalores de A s˜ao as ra´ızes λ1 = 1 e λ2 = 2 de p(x).
Passo 3: Encontrar bases de cada auto-espa¸co associado a cada autovalor de [T].
• Auto-espa¸co associado aλ1 = 1:
(λ1.I−[T])v = 0 ⇒
· λ1−1 0
−1 λ1−2
¸ .
· x y
¸
=
· 0 0
¸
⇒
· 0 0
−1 −1
¸ .
· x y
¸
=
· 0 0
¸
E, de tal equa¸c˜ao, concluimos o seguinte sistema:
© −x−y= 0 ⇒y=−x
Portanto os autovetores deA associados a λ1 s˜ao os vetores do tipo (x,−x) = x(1,−1)
Temos ent˜ao que B1 ={(1,−1)}´e uma base do auto-espa¸co E(λ1).
• Auto-espa¸co associado aλ2 = 2:
(λ2.I−[T])v = 0 ⇒
· λ2−1 0
−1 λ2−2
¸ .
· x y
¸
=
· 0 0
¸
⇒
· 1 0
−1 0
¸ .
· x y
¸
=
· 0 0
¸
E, de tal equa¸c˜ao, concluimos o seguinte sistema:
½ x= 0
−x= 0 ⇒x= 0 Portanto os autovetores de [T] s˜ao os vetores do tipo
(0, y) =y(0,1)
Temos ent˜ao que B2 ={(0,1)}´e uma base do auto-espa¸co E(λ2).
Assim, uma base de R2 formada por autovetores de A ´eB =B1∪B2 = (1,−1),(0,1) Passo 4: Montar a matriz diagonal semelhante a A.
A matriz diagonal semelhante `a matriz diagonaliz´avelA´e a matriz cuja diagonal ´e formada pelos autovalores de A e os outros elementos s˜ao nulos, ou seja,
D=
· λ1 0 0 λ2
¸
=
· 1 0 0 2
¸
Passo 5: Montar a matriz diagonalizadora.
Temos que a matriz P tal que A=P.D.P−1 ´e definida P = [ [v1] [v2] ] =
· 1 0
−1 1
¸
onde [v1] =
· 1
−1
¸
´e a representa¸c˜ao matricial do autovetor associado aλ1 = 1 e [v2] =
· 0 1
¸
´e a representa¸c˜ao matricial do autovetor associado a λ2 = 2. ´E IMPORTANTE QUE SE MANTENHA ESSA ORDEM PARA A CONSTRUC¸ ˜AO DEP POIS, CASO CONTRARIO, ENCONTRAREMOS UMA MATRIZ TAL QUE P.D.P−1 SER ´A DIFERENTE DE A.
Neste ponto terminamos o processo de diagonaliza¸c˜ao e nos falta apenas encontrar P−1. Passo 6: Encontrar P−1
Vamos inverter P.
1 0 | 1 0
−1 1 | 0 1 L2 ←L2+L1 ⇒ 1 0 | 1 0 0 1 | 1 1 Logo,
P−1 =
· 1 0 1 1
¸
Conclus˜ao: Sabemos que, como D´e uma matriz diagonal, Dn ser´a uma matriz diagonal em que os termos de sua diagonal principal s˜ao os termos da diagonal principal deDelevados
`a potˆencia n, ou seja:
Dn=
· 1 0 0 2
¸n
=
· 1n 0 0 2n
¸
Portanto, temos que An =P.Dn.P−1 =
· 1 0
−1 1
¸ .
· 1n 0 0 2n
¸ .
· 1 0 1 1
¸
=
· 1 0
−1 + 2n 2n
¸
Quest˜ao 3. Considere T :Rn−→Rn um operador linear.
(a) Mostre que, sev1´e autovetor de T associado a λ1 6= 0 ev2 ´e autovetor deT associado aλ2 6= 0 e ainda λ1 6=λ2, ent˜aoT(v1) eT(v2) s˜ao vetores linearmente independentes.
(b) Mostre que se λ= 0 ´e autovalor de T, ent˜ao T N ˜AO ´e injetora.
Solu¸c˜ao
(a) Vamos considerarα1 ∈Re α2 ∈R tais que
α1T(v1) +α2T(v2) = 0.
Para mostrar que T(v1) e T(v2) s˜ao linearmente independentes, precisamos mostrar que os ´unicos valores poss´ıveis que satisfazem a equa¸c˜ao acima s˜ao α1 =α2 = 0. De fato, como v1 ev2 s˜ao autovetores de T associados a λ1 eλ2 respectivamente, ent˜ao
T(v1) =λ1.v1 e T(v2) =λ2.v2.
Logo
α1T(v1) +α2T(v2) = 0⇒α1.λ1.v1+α2.λ2.v2 = 0.
Lembrando que autovetores associados a autovalores distintos s˜ao linearmente inde- pendentes (ver teorema 4, aula 2), temos que a ´unica solu¸c˜ao da equa¸c˜ao acima ´e
½ α1.λ1 = 0⇒α1 = 0 ou λ1 = 0 e α2.λ2 = 0 ⇒α2 = 0 ou λ2 = 0
Como, por hip´otese,λ1 6= 0 e λ2 6= 0, ent˜ao temos que α1 =α2 = 0 o que completa a demonstra¸c˜ao.
(b) Como λ = 0 ´e autovalor de T, da defini¸c˜ao segue que existe um vetor N ˜AO NULO v 6= 0 tal que T(v) =λ.v = 0.v = 0.
Lembrando que o n´ucleo (N(T)) de uma transforma¸c˜ao linear ´e o conjunto dos vetores w tais que T(w) = 0, temos ent˜ao que o vetor v 6= 0 pertence ao n´ucleo de T. Lembremos tamb´em que uma transforma¸c˜ao linear ´e injetiva se, e somente se, seu n´ucleo N ˜AO possui vetores diferentes do vetor nulo.
Assim, como v 6= 0 pertence a N(T), temos ent˜ao que N(T) 6= {0} e portanto, T N ˜AO ´e injetiva.