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Poder Judiciário Vigésima Sexta Câmara Cível

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Academic year: 2022

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Secretaria da Vigésima Sexta Câmara Cível Beco da Música, 175, 3º andar – Sala 322 – Lâmina IV Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 Tel.: + 55 21 3133-5396

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº: 0062889-58.2018.8.19.0000©

AGRAVANTE: SINDICATO NACIONAL DOS FISCAIS FEDERAIS AGROPECUÁRIOS ANFFA SINDICAL

AGRAVADA: IBBCA ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS RELATOR: DES. ARTHUR NARCISO

DECISÃO AGRAVADA (INDEX 178 DO PROCESSO ORIGINÁRIO) QUE INDEFERIU A TUTELA DE URGÊNCIA PARA A RETIRADA DOS NOMES DE SEUS AFILIADOS DOS BANCOS DE DADOS DE INADIMPLENTES, ANTE A NECESSIDADE DE COGNIÇÃO EXAURIENTE. DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO DO SINDICATO AUTOR PARA DETERMINAR: (I) A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO PARA EXCLUSÃO DO NOME DOS ASSOCIADOS DOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO RELATIVO AO CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE RESCINDIDO, E; (II) QUE A REQUERIDA SE ABSTENHA DE ENVIAR COBRANÇAS AOS AFILIADOS, SOB PENA DE MULTA DO DOBRO DO VALOR COBRADO. Na origem, trata-se de ação coletiva, com pleito de tutela de urgência, proposta pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários, ANFFA SINDICAL contra IBBCA – Administradora de Benefícios. A concessão da tutela antecipada exige a presença dos requisitos descritos no artigo 300, do Novo Código de Processo Civil, quais sejam, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. A apreciação dá-se, exclusivamente, em cognição sumária, o que significa dizer que se motiva na verossimilhança das alegações autorais. Verifica-se que a questão

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de origem trata da validade ou não de rescisão contratual do plano coletivo de saúde. O Sindicato Autor alega que não foi comunicado pela Requerida da alteração com relação à Operadora de plano de saúde, o que ensejaria a rescisão unilateral do contrato. Ademais, informa que recebeu notificação da Operadora do Plano de Saúde informando o não pagamento das mensalidades dos meses de fevereiro e abril, assim como notificação comunicando a rescisão contratual. Diante de tal situação, o Sindicato Demandante relata que contratou outra empresa para gerir o plano de saúde de seus associados e informou que deixassem de efetuar quaisquer pagamentos à Ré. Entretanto, sem a anuência do Requerente, a Requerida enviou aos associados telegrama informando que havia trocado o plano de saúde, enviando boletos de cobrança.

Assevera que essa cobrança é indevida, tendo em vista serem posteriores à rescisão contratual. A narrativa trazida pelo Suplicante, somada ao conjunto probatório até então colacionado, traz elementos capazes de demonstrar em juízo não exauriente a verossimilhança das alegações, existindo risco de dano irreparável ou de difícil reparação aos consumidores que tiveram seus nomes negativados, por cobranças realizadas após a rescisão unilateral do contrato. Assim, nota- se que a discussão sobre a rescisão contratual entre Autor e Ré não pode trazer prejuízos aos associados, tendo em vista não ser razoável que arcassem com os custos de dois planos de saúde, o novo, alterado pela Requerida, e o outro, contratado pelo Sindicato Autor. Assim, está a se impor o deferimento da tutela de urgência a fim de que seja determinada a expedição de ofício, na

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forma da Súmula 144 do TJERJ, para a retirada do nome dos afiliados dos cadastros restritivos de crédito, bem como determinar que a Requerida se abstenha de enviar cobranças aos associados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento entre as partes sobreditas, ACORDAM os Desembargadores da Vigésima Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso do Autor, nos termos do voto do Desembargador Relator.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo de instrumento, com requerimento de tutela recursal, interposto contra a decisão (index 178 do processo originário) do r. Juízo de Direito da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, que indeferiu o pedido de tutela de urgência.

Veja-se:

“1 - Verifico que a tutela de urgência postulada ab initio para compelir a ré a promover a imediata retirada dos nomes de seus filiados dos bancos de inadimplentes nos quais foram cadastrados, reclama cognição exauriente. Nessa esteira, indefiro sua concessão, cujo teor poderá ser reapreciado após a dilação probatória. I-se [...]”.

Na origem, trata-se de ação coletiva, com pleito de tutela de urgência, proposta pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais

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Agropecuários, ANFFA SINDICAL contra IBBCA – Administradora de Benefícios.

Narrou o Autor que, em fevereiro de 2010, celebrou contrato com a Ré para prestação de serviços de venda, gestão administrativa e operacional de plano de saúde UNIMED para seus filiados, servidores públicos.

O plano contratado foi UNIMED FESP, tendo a Ré a responsabilidade de recolhimento das mensalidades dos beneficiários e repasse à Operadora do plano de saúde.

Asseverou que, em março de 2016, recebeu notificação da Operadora do plano de saúde informando o não pagamento das mensalidades de fevereiro, no valor de R$ 53.546,15, e, em maio de 2016, sobre o não pagamento das mensalidades do mês de abril de 2016.

Acrescentou que, após, recebeu notificação da UNIMED FESP comunicando a rescisão contratual.

Dessa forma, relatou que contratou outra empresa para gerir o plano de saúde de seus associados, e informou que deixassem de efetuar quaisquer pagamentos à Ré, após o prazo de 60 (sessenta) dias, já que se esgotaria o prazo para prestação dos serviços do plano de saúde.

Alegou que a Reclamada, contudo, enviou aos associados telegramas informando que havia trocado o plano de saúde para a UNIMED RIO, enviando os respectivos boletos para pagamento.

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Dessa forma, aduziu que houve quebra de contrato, na medida em que a Requerida não poderia trocar unilateralmente o plano de saúde pactuado sem a ciência do Autor.

Ressaltou que a Demandada continuou a emitir boletos de cobrança aos filiados, tendo inscrito o nome dos consumidores que deixaram de pagar os boletos nos cadastros de inadimplentes.

Asseverou que a cobrança seria indevida, tendo em vista que houve rescisão contratual, em decorrência de alteração unilateral efetuada pela Suplicada.

Inconformado, o Demandante interpôs recurso, a fim de que fosse deferida tutela recursal para: (i) que a Ré se abstivesse de emitir cobranças aos filiados do Autor, referentes ao contrato de prestação de serviços de gestão de benefício de plano de saúde, e; (iii) retirasse os requerimentos de cadastro negativo perante os bancos de inadimplentes (SPC, SERASA, etc.), no prazo de 72h (setenta e duas horas), sob pena de aplicação de multa diária, em valor não inferior a R$5.000,00 (cinco mil reais).

Decisão (index 19) que indeferiu o requerimento de tutela recursal.

Certidão (index 33) que informa a ausência de manifestação da Requerida.

Manifestação do Ministério Público (index 36) pela não intervenção do Parquet.

É o relatório.

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VOTO

Presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal.

Na origem, trata-se de ação coletiva, com pleito de tutela de urgência, proposta pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários, ANFFA SINDICAL contra IBBCA – Administradora de Benefícios.

A concessão da tutela antecipada exige a presença dos requisitos descritos no artigo 300, do Novo Código de Processo Civil, quais sejam, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

A apreciação dá-se, exclusivamente, em cognição sumária, o que significa dizer que se motiva na verossimilhança das alegações autorais.

Verifica-se que a questão de origem trata da validade ou não de rescisão contratual do plano coletivo de saúde.

O Sindicato Autor alega que não foi comunicado pela Requerida da alteração com relação à Operadora de plano de saúde, o que ensejaria a rescisão unilateral do contrato.

Ademais, informa que recebeu notificação da Operadora do plano de saúde informando o não pagamento das mensalidades dos

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meses de fevereiro e abril, assim como notificação comunicando a rescisão contratual.

Diante de tal situação, o Sindicato Demandante relata que contratou outra empresa para gerir o plano de saúde de seus associados e informou que deixassem de efetuar quaisquer pagamentos à Ré.

Entretanto, sem a anuência do Requerente, a Requerida enviou aos associados telegrama informando que havia trocado o plano de saúde, enviando boletos de cobrança.

Assevera que essa cobrança é indevida, tendo em vista serem posteriores à rescisão contratual.

A narrativa trazida pelo Suplicante, somada ao conjunto probatório até então colacionado, traz elementos capazes de demonstrar em juízo não exauriente a verossimilhança das alegações, existindo risco de dano irreparável ou de difícil reparação aos consumidores que tiveram seus nomes negativados, por cobranças realizadas após a rescisão unilateral do contrato.

Assim, nota-se que a discussão sobre a rescisão contratual entre Autor e Ré não pode trazer prejuízos aos associados, tendo em vista não ser razoável que arcassem com os custos de dois planos de saúde, o novo, alterado pela Requerida, e o outro, contratado pelo Sindicato Autor.

Assim, está a se impor o deferimento da tutela de urgência a fim de que seja determinada a expedição de ofício, na forma da Súmula 144 do TJERJ, para a retirada do nome dos afiliados dos cadastros

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restritivos de crédito, bem como determinar que a Requerida se abstenha de enviar cobranças aos associados.

Assim dispõe a Súmula 144 do TJERJ:

“Nas ações que versem sobre cancelamento de protesto, de indevida inscrição em cadastro restritivo de crédito e de outras situações similares de cumprimento de obrigações de fazer fungíveis, a antecipação da tutela específica e a sentença serão efetivadas através de simples expedição de ofício ao órgão responsável pelo arquivo dos dados".

Jurisprudência desta Egrégia Corte, em caso análogo:

“0002914-08.2018.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa - Des(a). MARIA AGLAE TEDESCO VILARDO - Julgamento: 26/07/2018 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL - Agravo de Instrumento. Tutela de urgência. Pedido de restabelecimento de plano de saúde, declaração de inexistência de débitos e retirada dos nomes dos agravantes dos cadastros restritivos de crédito.

Alegação de que o plano sequer chegou a ser implantado, tendo os consumidores adimplido com algumas mensalidades, sendo negado o atendimento em três oportunidades. Narrativa verossímil e não impugnada.

Probabilidade do direito e o perigo de dano. Dívida que está sendo contestada judicialmente, não justificando a manutenção da negativação dos nomes até a decisão final.

Tutela de urgência para determinar que as rés passem a proceder ao regular envio dos boletos aos agravantes e seja restabelecido o plano de Saúde com a liberação da rede médico-hospitalar credenciada, tão logo os autores procedam ao pagamento do primeiro boleto, bem como para determinar a expedição de ofícios aos órgãos restritivos de crédito para que excluam os nomes dos autores de seus cadastros, até a decisão final.

Declaração de inexistência de débitos que deve ser objeto de dilação probatória. Precedentes desta Corte. DADO PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO.” (Grifos nossos)

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Por tais razões e fundamentos, o voto é no sentido de dar provimento ao recurso do Autor para determinar:

(i) a expedição de ofício para a exclusão do nome dos associados dos cadastros restritivos de crédito relativo ao contrato de plano de saúde rescindido, e;

(ii) que a Requerida se abstenha de enviar cobranças aos afiliados, sob pena de multa do dobro do valor cobrado.

Rio de Janeiro, na data da assinatura digital.

Arthur Narciso de Oliveira Neto

Desembargador Relator

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