Revista VIVER BRASIL – Abril / 2014
Seção: Entre Aspas
Página: 27
PORTAL MINAS LIVRE
Política e Economia
03/04/2014
Incineração de lixo é criticada em audiência pública em BH
por CMBHEm audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Meio Ambiente, realizada hoje (3/4), vereadores e representantes de entidades, fóruns e movimentos ligados à questão pediram a suspensão dos PLs 43/13 e 52/13, que propõem o uso de tecnologia de plasma e o licenciamento de empresas para tratamento térmico dos resíduos sólidos. Além de danos ambientais e à saúde da população, eles temem que as medidas comprometam a reciclagem e a geração de trabalho e renda para os catadores. Ao final, foi encaminhado o agendamento de uma reunião dos interessados com o presidente da Casa, vereador Léo Burguês de Castro (PTdoB), autor dos projetos.
De acordo com Leonardo Mattos (PV), Pedro Patrus (PT), Adriano Ventura (PT) e Arnaldo Godoy (PT), requerentes da audiência juntamente com Iran Barbosa (PMDB) e Tarcísio Caixeta (PT), que não puderam estar presentes, os vereadores de BH receberam uma manifestação assinada por diversas entidades, movimentos, fóruns e associações de defesa de direitos humanos preocupados com os impactos sociais e ambientais dos PLs 43/13 e 52/13, que autorizam a utilização de tecnologia de plasma para processamento do lixo e licenciamento de empresas públicas ou privadas para tratamento térmico de resíduos com geração de energia.
As objeções, compartilhadas por associações locais e nacionais de catadores de materiais recicláveis e pelo Ministério Público Estadual, alegaram a incompatibilidade das tecnologias de incineração de resíduos com a reciclagem de materiais e a produção de cinzas e gases tóxicos, gerando prejuízos ao meio ambiente, à saúde e ao processo de inclusão social e profissional dos catadores nas políticas de resíduos urbanos.
Segundo as entidades, além de trazer altos custos para o município, as propostas vão de encontro às deliberações da conferência popular de meio ambiente e ao projeto de lei estadual que, no sentido oposto, proíbe a incineração dos resíduos sólidos e a concessão pública para empreendimento que promova o aproveitamento energético a partir desse material. Além disso, elas descumprem as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prioriza a redução, o reaproveitamento e a reciclagem do lixo e determina a participação e a valorização dos catadores.
Competência municipal
O superintendente de Limpeza Urbana (SLU), Sidnei Bispo, e representantes das secretarias municipais de Meio Ambiente e Adjunta de Trabalho e Emprego afirmaram os esforços da Prefeitura na elaboração do Plano Municipal de Resíduos Sólidos e contestaram as acusações de desvalorização das associações e cooperativas de catadores. Eles apontaram as dificuldades envolvidas nos
procedimentos de coleta seletiva e reaproveitamento dos materiais recicláveis no município e na destinação dos itens não recicláveis. Elogiando a tematização da questão pela Casa e destacando a importância do envolvimento da sociedade civil, os representantes do Executivo esclareceram que a avaliação e aprovação de tecnologias e processos de tratamento e destinação de lixo são feitas no âmbito do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), e que o processo inclui a realização de audiências públicas. Eles reafirmaram o compromisso e o reconhecimento do município em relação à reciclagem e à inclusão dos catadores, conforme previsto na legislação municipal.
Nova reunião
Diante das reclamações referentes à ausência do autor dos projetos de lei, o vereador Orlei (PTdoB), membro da Mesa Diretora, comunicou-se com o presidente, que assegurou não ter sido informado sobre a reunião e mostrou-se disposto a debater as propostas. Orlei elogiou os esforços da Prefeitura e declarou-se contrário a qualquer medida que possa gerar danos ambientais e prejuízos aos catadores.
A assessoria de Léo Burguês, que compareceu ao plenário no final da reunião, argumentou que a tecnologia de plasma não oferece riscos ao ambiente e lembrou que os PLs determinam a destinação de materiais como garrafas pet, papelão, alumínio e vidro à indústria de reciclagem. Quanto ao requerimento que será encaminhado pela Comissão de Direitos Humanos para que os interessados sejam recebidos pelo presidente, ele garantiu que o encontro será devidamente agendado.
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Política e Economia
Com aviso em cima da hora, Lacerda presta contas na CMBH
03/04/2014 por Thaíne Belissa - Minas Livre*Casa estava esvaziada devido à aviso em cima da hora
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, foi alvo de muitas críticas, nesta quarta-feira (2), por realizar, em cima da hora, uma reunião para a prestação de contas referente ao ano de 2013. A apresentação aconteceu hoje de manhã, mas os
parlamentares só receberam o convite no final da tarde dessa terça-feira (1º), o que inviabilizou a participação de muitos deles. A bancada dos vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota de repúdio à atitude do prefeito. No texto, os parlamentares lembram que essa foi a segunda vez consecutiva que ele usou dessa estratégia para esvaziar a reunião, evidenciando seu desrespeito pela população. “Acreditamos que o tempo não é suficiente para que a população saiba e possa comparecer ao evento, ou seja, não cumprirá o objetivo, que esclarecer à população das atividades realizadas no ano passado”, avaliou a bancada, nessa terça-feira.
Para o vereador Adriano Ventura (PT), o ocorrido foi um “verdadeiro vexame e uma vergonha pública”. Ele destaca que Belo Horizonte tem movimentos populares fortes, como o Tarifa Zero e as ocupações que certamente apareceriam na apresentação. Mas, como o aviso foi feito pouco tempo antes da reunião, não houve tempo hábil para eles se organizarem. “Ele mandou o convite às 18h e veio com um discurso pronto, como de Belo Horizonte fosse a melhor cidade do mundo. Foi só para dizer que compareceu à Câmara”, criticou.
Como se não bastasse a ausência da população, dos movimentos sociais e de vereadores da oposição, Ventura lembra que a Casa estava cheia de funcionários da prefeitura e de militantes do PSB. Segundo ele, o grupo aliado ao prefeito chegou a gritar “Márcio Lacerda para governador”, além de atrapalhar as falas dos vereadores da oposição. “Quando os parlamentares faziam as críticas, eles gritavam coisas, como ‘sai fora’ e ‘cala a boca’”, relata.
Também da bancada do PT, o vereador Pedro Patrus destacou que nem o documento escrito da prestação de contas foi entregue aos parlamentares. “É muito importante que a gente receba isso com antecedência para que possamos avaliar e discutir”, frisa.
Prestação de contas e críticas
Na apresentação, Lacerda afirmou que 2013 foi o ano difícil devido à baixa atividade econômica do país. Mesmo assim, ele afirmou que houve avanço nas áreas de educação, saúde, habitação, infraestrutura e melhoria da qualidade de vida.
Para justificar essa melhoria, ele apontou a construção de novas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis), ampliando a rede infantil para 76 unidades, além de mais duas escolas para e a rede de ensino fundamental. Citou também a a construção de quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ampliação das Academias a Céu Aberto, o programa BH Morar e o Move. Depois da apresentação, os vereadores puderam fazer suas avaliações, momento em que o prefeito recebeu muitas críticas. Os vereadores apontaram a falta de diálogo da Prefeitura com a população, exemplificando com a própria prestação de contas convocada de última hora e com o Projeto Nova BH.
As críticas também abordaram o atraso nas obras do BRT e do Orçamento Participativo; o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), apontado como um dos piores do país; o aumento da taxa de coleta de lixo; a paralisação de ações de habitação e auditoria realizada nos contratos de ônibus.
Os vereadores também criticaram o governo de Lacerda pela falta de oportunidade para jovens, principalmente em vilas e favelas, além de apontarem o absurdo número de mortes de moradores de rua. De acordo com Pedro Patrus, Lacerda respondeu muito pouco às questões levantadas e, no que diz respeito à denúncia das mortes de moradores de rua, apenas citou um censo dessa população feito pela prefeitura. “Na resposta ele não lembrou que a prefeitura autorizou o recolhimento de pertences pessoais dos moradores de rua”, salienta.