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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONCEPÇÕES E PRÁTICAS NO CURSO DE PEDAGOGIA. Palavras-Chave: Formação de professores, prática pedagógica, curso de Pedagogia.

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PEDAGOGIA

Maria Cândida Sérgio1 Este estudo é resultado de uma pesquisa realizada na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica VII: Estágio Supervisionado vivenciada no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE no período de agosto a novembro de 2011, sob nossa orientação. Ao longo da pesquisa houve uma significativa atuação e colaboração das alunas – estagiárias do sétimo período por meio de um processo sistemático de discussão e relato de experiência em grupo. Ancorada em referenciais teóricos que abordam a temática em questão, refletimos sobre a formação de professores e o trabalho docente no curso de Pedagogia. Os procedimentos metodológicos utilizados para o trabalho de campo foram: sete escolas do ensino fundamental na modalidade da educação de jovens e adultos, sete professoras da EJA e cento e dez estudantes da EJA. Para coleta de dados, foi utilizada a observação participante e a intervenção pedagógica (aulas práticas), para registro dos dados coletados e plano de aulas foi utilizado o diário de campo e, por fim, o relatório final da disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica VII: Estágio Supervisionado na EJA. Os resultados apontaram que o nosso trabalho na disciplina de Pesquisa e prática pedagógica VII: estágio supervisionado, a partir das experiências vivenciadas com as alunas-estagiárias, revelou uma prática que se aproxima dos paradigmas da produção do conhecimento, espaço da pesquisa e do ensino, da reflexão e criticidade, mas também da intervenção da e na prática pedagógica que permeia os espaços/tempos da escola, especificamente, a sala de aula.

Palavras-Chave: Formação de professores, prática pedagógica, curso de Pedagogia.

Introdução

A formação de professores na atualidade constitui um debate que vem despertando o interesse de diversos profissionais da área de educação, governos, especialistas e dos professores. É uma temática que deixa de ser silenciada e torna-se objeto de estudo e um dos elementos centrais no campo da política educacional, suscitando abordagens, questionamentos, e análises pela relevância no exercício da docência. O debate e o olhar a luz das políticas públicas para a formação de professores ressurge de forma mais contundente na década de 1980 como nos diz (Neto: 2006), pois há de se repensar a formação e o papel do professor e suas implicações no desempenho dos alunos, sobretudo da Educação Básica. 1 Professora Técnica- Pedagógica da Secretaria de Educação de Pernambuco/ Coordenadora Estadual da

Educação de Jovens e Adultos – EJA.

Professora da Pós-Graduação da Faculdade de Escada – FAESC

Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade do Minho – Portugal E-mail: Candidasergio@yahoo.com.br

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Acentuando-se na década de 1990 e início dos 2000, tendo em vista a função do Título VI - Dos profissionais da Educação (Art. 61 a 67), da LDB Nº 9.394/96 que trata de forma específica a formação dos docentes para atuar na educação básica, bem como trata também da formação de profissionais da educação, a formação dos profissionais e dos docentes em nível superior, a ser realizada nos Institutos Superiores de Educação, programas de educação continuada; inclusão de no mínimo, 300 horas de prática de ensino, para formação do professor e valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes nos termos dos estatutos e dos planos de carreira o ingresso por concurso público de provas e títulos, formação continuada, piso salarial, progressão na carreira mediante titulação, período reservado de estudos e condições adequadas de trabalho.

Considerando esses fatores econômicos, políticos e sociais, percebe-se de forma contundente a necessidade de se refletir de forma mais aprofundada o cenário dos cursos de formação de professores, especificamente ─ Pedagogia. Por isso, esse estudo tem o propósito de refletir aspectos importantes relacionados à formação do professor e a prática pedagógica no curso de pedagogia.

O presente estudo é resultado de um processo de orientação, reflexão e aprofundamento de questões que foram vivenciadas em uma pesquisa de campo no curso de Pedagogia. O interesse em discutir essa temática surgiu da prática das alunas estagiárias nas escolas campus da Rede Pública de ensino, bem como das observações e intervenções vivenciadas na disciplina Prática Pedagógica VII: Estágio Supervisionado ao longo do sétimo período do curso.

Como procedimento metodológico adotamos a observação participante, análise de documento (Projeto Político Pedagógico, plano de aula, horários.) e intervenção pedagógica através das aulas práticas ministradas pelas alunas. Ressaltamos que as discussões aqui apresentadas consistem em um recorte dos resultados da pesquisa ancorada nas análises e reflexões realizadas a partir dos instrumentos citados e das Diretrizes para a formação do professor nos cursos de pedagogia.

Diante do exposto, a organização desse estudo levará em consideração os seguintes aspectos: I) Reflexões sobre a formação do professor nos cursos de Pedagogia; II) Prática pedagógica: desafios e possibilidades no curso de Pedagogia; III) Resultados: A prática pedagógica na formação dos professores do curso de Pedagogia; IV) Considerações.

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Dentre as concepções que permeiam a formação de professores destaca-se aquela que o considera reprodutor de conhecimentos, que cumpre apenas a função de reproduzir a partir dos currículos e programas já elaborados sem nenhuma reflexão e intervenção, contraditoriamente, na sociedade pós-moderna, um novo olhar resignifica a formação do professor. Entende-se o papel do professor enquanto mediador no processo ensino aprendizagem. “Nos processos constitutivos da cidadania dos alunos, para o que concorre a superação do fracasso e das desigualdades escolares” (Pimenta: 2008 p. 15). Nesse sentido, a formação de professores ressurgiu como questão relevante e necessária para se repensar sua necessidade e funcionalidade.

Nesse cenário, a discussão sobre o curso de Pedagogia após a promulgação da LDB Nº 9.394/96, trás uma grande contribuição ─ a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, Resolução CNE/CP Nº 01 de 15 de maio de 2006. Podemos considerar um avanço após décadas de discussão sobre o referido curso, mas entendendo também que a resolução não atendeu de forma plena e significativa os anseios dos profissionais da educação. De acordo com os autores:

As novas DCNs para o Curso de Pedagogia constituem uma conquista da ANFOPE em conjunto com as demais entidades do setor educacional, especificamente as de formação de professores. Contudo, após sua aprovação foram suscitados debates, questionamentos, dúvidas advindas de diferentes campos da comunidade educativa: docentes, discentes, pesquisadores, entre outros, o que significa dizer que não há consenso acerca das DCNs (RIBEIRO E MIRANDA: 2008, p. 14).

O referido documento extinguiu as habilitações do curso de Pedagogia, tornando o curso licenciatura em Pedagogia. Possibilitou a transformação dos Cursos Normal Superior em cursos de Pedagogia, mediante a reestruturação do projeto pedagógico do curso. Atribuiu uma identidade ao profissional de pedagogia, direcionando a formação à docência na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino fundamental. Integrou à docência a “participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas”(BRASIL: 2005, p. 6).

No seu texto, o parecer é muito claro quando dá visibilidade que o exercício da docência constitui a base da formação do estudante de Pedagogia, sendo ainda de acordo com o Parecer “compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia”(IDEM: p. 7).

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Diante do exposto, nos parece que o exercício da docência nas DCN- Pedagogia é entendida no seu sentido amplo, ou seja, não se restringe apenas ao ato de ministrar aulas, mas se articula a ideia de trabalho pedagógico desenvolvido nos espaços escolares e não escolares. Assim, a docência “constitui-se na confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais” (BRASIL: 2005, p.7).

Os estudos de Pimenta (2008) analisam o processo de formação dos professores inicial e contínua, considerando as nuances e os elementos do processo de formação. Nesse sentido, a autora afirma que “repensar a formação inicial e contínua, a partir da análise das práticas pedagógicas e docentes, tem se revelado uma das demandas importantes [...]” (PIMENTA: 2008, p. 15).

Tardif e Lessard (2009) em seus estudos corroboram com a discussão quando considera o exercício da docência uma prática onde os professores são atores que atuam na escola, afirmam também que:

Atores que investem em seu local de trabalho, que pensam, que dão sentido e significado aos seus atos, e vivenciam sua função como uma experiência pessoal, construindo conhecimentos e uma cultura própria da profissão. Em síntese, o trabalho docente não consiste apenas em cumprir ou executar, mas é também a atividade de pessoas que não podem trabalhar sem dar um sentido ao que fazem, é uma interação com outras pessoas: os alunos, os colegas, os pais, os dirigentes da escola, etc ( p.38).

De fato, pela fala dos autores, o trabalho docente deve ser entendido como uma prática por excelência interativa, coletiva, que necessita ser estudada, analisada e interpretada em sua totalidade, para que seja compreendida no contexto da sua materialização. A docência se constitui como a ação mais significativa do processo ensino aprendizagem.

Partindo dessas considerações e retomando as Diretrizes (2006) o curso de Pedagogia possui um caráter generalista, o professor atua em vários papéis, com funções diversas no campo da educação. Nesse sentido, o currículo na perspectiva da formação do profissional abrange desde a aprendizagem do aluno, as práticas pedagógicas avaliativas e investigativas e as competências necessárias à atuação do professor na educação básica.

Em síntese, a fala de Pimenta (2008) é contundente quando nos faz refletir que ser professor é ir além das atividades burocráticas para qual se formam técnicos. A natureza do trabalho docente, que é ensinar, contribui para formação dos alunos, nas atitudes, nos valores, na ética, nas habilidades e conhecimentos que contribuam para os saberes necessários ao enfrentamento dos desafios que a prática social impõe no cotidiano.

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Prática pedagógica: desafios e possibilidades no curso de Pedagogia

Discutir a prática pedagógica e a formação de professores no atual cenário da sociedade brasileira requer uma análise da sua totalidade, ou seja, de suas concepções, de seus fundamentos e elementos que influenciam a realidade educacional. As questões socioeconômicas, as relações de produção, os interesses antagônicos nas classes sociais, a cultura como prática social determinante são fatores básicos para compreender os determinantes que influenciam a formação de professores e a prática pedagógica no curso de Pedagogia.

O trabalho com os alunos do curso de Pedagogia exige uma prática do professor que lhes oportunize a apropriação de conhecimentos e saberes que possam contribuir na teoria e na prática, para melhor compreensão dos elementos que constituem o exercício da docência. Nessa perspectiva, a relação teoria e prática precisam estar presentes ao longo do curso como eixos norteadores da aprendizagem do futuro professor, “significa tomar a prática profissional como instância permanente e sistemática na aprendizagem do futuro professor e como referência para a organização do currículo” (LIBÂNEO e PIMENTA: 1999, pp. 268-269).

Outro elemento relevante além da teoria e da prática é a pesquisa. É pela pesquisa que o aluno vai observar, compreender e interpretar a realidade investigada, esta, deve ser enfatizada e vivenciada ao longo do curso, uma vez que, “a formação passa sempre pela mobilização de vários tipos de saberes [...] o que coloca os elementos para produzir a profissão docente” (PIMENTA: 2008).

A pesquisa no estágio supervisionado se configura como uma estratégia, um método e uma possibilidade de formação do aluno estagiário como futuro professor, bem como uma possibilidade de formação dos professores das escolas campus na relação com os alunos estagiários. A esse respeito, Pimenta e Lima (2007), em suas análises, afirmam:

A pesquisa no estágio, como método de formação de futuros professores, se traduz, de um lado na mobilização de pesquisas que permitam a ampliação e análise de contextos onde os estágios se realizam; por outro, e em especial, se traduz na possibilidade de os estagiários desenvolverem postura e habilidades de pesquisador a partir das situações de estágio , elaborando projetos que lhes permitam ao mesmo tempo compreender e problematizar as situações que observam (p, 46).

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Concordando com a afirmação da autora, entendemos que a formação do professor precisa alimentar-se constantemente pelo ensino e pela pesquisa, pensando e repensando a prática pedagógica. Como afirma Behrens (2001):

O professor, na metodologia do ensino com pesquisa, torna-se figura significativa no processo como mediador na construção do conhecimento. Tem a função de articulador crítico e criativo do processo pedagógico. Como produtor de seu conhecimento, instiga o aluno a “aprender a aprender”, centrando sua competência estimuladora no ensino com pesquisa ( p. 82).

Diante do exposto, refletir sobre a formação de professores e a prática pedagógica no curso de pedagogia, exige também pensar na formação profissional dos sujeitos numa perspectiva de mudança paradigmática na sociedade do conhecimento. Pensar na pesquisa e num perfil de professor também pesquisador. Tal mudança implica a superação da reprodução do conhecimento, da visão do tradicional conservador, instigando a investigação científica e a produção do conhecimento.

Nesse aspecto, a autora também afirma que:

A superação da reprodução do conhecimento, da visão newtoniana- cartesiana, leva os educadores a investigar como propiciar metodologias que atendam às exigências do paradigma emergente proposto pelos cientistas, enfaticamente, no final do século XX [...]. O desenvolvimento científico e tecnológico, decorrente da sociedade da informação, tem funcionado como marco desencadeador para repensar o ensino oferecido nas universidades (BEHRENS: 2001, pp. 80-81).

Tomando como referência o curso de pedagogia, a formação de professores compreende um projeto para além do pedagógico, um projeto como enunciava Freire, humano e emancipatório, para sujeitos pensantes e produtores de currículos e práticas pedagógicas para a educação básica. Nessa linha de pensamento, citamos (Zabala: 1998, p. 13) que nas suas análises afirma que “um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez mais competente em seu ofício”. Entendemos que essa competência se constrói na base de uma formação mediante o confronto de conhecimentos, a experiência e a investigação, isto inclui vários saberes, portanto:

Tudo leva a crer que os saberes as socialização primária e, sobretudo quando da socialização escolar, tem um peso importante na compreensão da natureza dos saberes, do Saber fazer e do saber ser saber que serão mobilizados e utilizados em seguida quando dá socialização profissional e no próprio exercício do magistério (TARDIF: 2002 p. 69).

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que fundamenta sua atuação docente, ou seja, é o saber que possibilita ao professor interagir com seus alunos, na sala de aula, no contexto da escola onde atua. A prática docente é, simultaneamente, expressão desse saber pedagógico construído e fonte de seu desenvolvimento ( p. 43).

Compreendemos dessa forma que uma parte importante da competência da atuação dos professores tem haver com o processo de sua formação profissional inicial e continuada, dos saberes adquiridos e também das experiências vivenciadas na sua prática social. Acreditamos também que para a materialização de uma prática pedagógica qualitativa e eficaz, torna-se necessário que o professor procure refletir sobre o seu fazer pedagógico baseado em fundamentos teóricos que subsidiará a organização do seu trabalho na sala de aula.

A esse respeito, (Zabala: 1998, p. 16) faz a seguinte afirmação “necessitamos de meios teóricos que contribuam para que a análise da prática seja verdadeiramente reflexiva”. Considerando o exposto, desenvolver pesquisas, projeto de intervenção para os estudantes do curso de Pedagogia nessa tendência implica uma formação que considera os professores sujeitos pensantes, produtivos e autores na prática social e pedagógica. Um desafio para o curso de Pedagogia, mas também possibilidades de formação de professores com consciência e sensibilidade social, intelectuais e críticos para trabalhar o conhecimento numa sociedade complexa, globalizada e multicultural.

Candau em seu livro Rumo a uma nova Didática nos chama a atenção para a formação do professor com a seguinte afirmativa:

A formação do professor deverá ter como finalidade primeira a consciência crítica da educação e do papel exercido por ele no seio da sociedade, o que implica num compromisso radical pela melhoria da qualidade do ensino, considerando-se, contudo, os limites e possibilidades da ação educativa em relação aos determinantes socioeconômicos e políticos que configuram uma determinada formação social (CANDAU, 2001, p. 68).

O estágio supervisionado como espaço/tempo de formação e de construção de identidade precisa ter uma dimensão de compreensão ampla, em que estejam presentes a escola e sua organização social, o trabalho docente e a sala de aula ( Libâneo e Pimenta: 1999 p. 156). Essa perspectiva apresenta um novo olhar, um novo tempo, um novo paradigma sobre formação de professores e suas implicações sobre a prática pedagógica e especificamente, sobre a prática docente.

Formar o professor implica organizar e selecionar formas e conteúdos para a sua formação, para o seu trabalho pedagógico crítico-reflexivo sobre as diversas práticas que irá

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materializar e sobre suas experiências e saberes compartilhados. De acordo com Pimenta (2008, P. 29) devemos considerar três processos na formação docente “produzir a vida do professor (desenvolvimento pessoal), produzir a profissão docente (desenvolvimento profissional), produzir a escola (desenvolvimento organizacional)”.

A formação de professor – desenvolvimento profissional implica elementos como valorização, seleção e formas de conteúdos crítico-reflexivo sobre sua atuação e sobre as práticas pedagógicas que serão vivenciadas, pois considerando os vários tipos de saberes que permeiam a formação e apropriam o professor para a profissão docente é relevante e necessário analisar o seu papel na sociedade e sua funcionalidade na formação de outros sujeitos no atual contexto social.

Resultados: a prática pedagógica na formação dos professores do curso de Pedagogia

Ao longo do semestre vivenciamos sessenta horas (60) da disciplina Prática Pedagógica VII: Estágio Supervisionado com as alunas do sétimo período do curso de Pedagogia, trinta horas (30) horas destinadas às atividades na sala de aula e trinta horas (30) para as atividades externas – nas escolas campus de Estágio.

Trabalhamos com sete (07) escolas da Rede Municipal de ensino, sete (07) professoras e cento e dez (110) estudantes da Educação de Jovens e Adultos –EJA do primeiro segmento - 1ª e 2ª fase de escolaridade que compreende os anos inicias do ensino fundamental. É importante ressaltar que as alunas-estagiárias realizavam seus estágios no horário noturno porque trabalhavam durante o dia, assim, suas práticas focavam as turmas da EJA.

Nosso programa de disciplina contemplava uma carga horária dividida entre as atividades de leituras e análises de textos que fundamentavam a prática, mas também seminários, mesas de diálogos e palestras com profissionais que abordavam temáticas inerentes à formação de professores, prática pedagógica, currículo e EJA. No Estágio Supervisionado, onde as alunas- estagiárias observavam a prática das professoras na sala de aula, registravam em diário de campo, elaboravam planos de aula de acordo com o planejamento da professora e faziam intervenções pedagógicas sob a observação das professoras das referidas turmas de estágio e da professora de prática pedagógica. No final da disciplina, realizávamos dois seminários com palestrantes convidados para apresentar e dialogar suas pesquisas em temáticas pertinentes à formação de professores e prática pedagógica.

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Os lugares da prática educativa, as escolas e outras instâncias existentes num tempo e num espaço, são o campo de atuação dos professores (os já formados e os em formação). O conhecimento e a interpretação desse real existente serão o ponto de partida dos cursos de formação, uma vez que se trata de possibilitar aos futuros professores a condições e os saberes necessários para sua formação profissional.

Olhando por essa ótica, dentre os lugares da prática, destacamos a sala de aula e as escolas campus de estágio supervisionado como espaços/tempos de aprendizagem. Nessa ótica, o estágio se configura como um eixo integrador do curso de formação de professores porque empondera os alunos de conhecimentos e saberes necessários a sua formação e a prática pedagógica para atuar na educação básica.

As autoras ainda nos dizem que “estudar a sala de aula como espaço de conhecimento compartilhado vem se tornando uma necessidade pedagógica indispensável para a compreensão dos processos de ensinar e de aprender” (IDEM: p. 156).

Para a intervenção das alunas-estagiárias nas salas de aula, além da observação-participante, dialogava-se com as professoras sobre a área de conhecimento e o conteúdo que deveria ser vivenciado. Os planos de aula eram analisados pela professora de prática pedagógica e apresentado às professoras das turmas da EJA, após esses olhares com possíveis intervenções e ajustes, as estagiárias vivenciavam suas aulas práticas.

Por sua vez, as professoras, observavam das alunas estagiárias aspectos considerados importantes das aulas, faziam suas anotações e atribuía um conceito. De acordo com o conceito, a aluna-estagiária poderia ou não, fazer ajuste no plano, podendo se necessário, repetir a aula. Esse último procedimento não foi necessário nessa turma, às discussões e questionamentos com as duplas de estudo e na sala de aula, possibilitavam a discussão, a reflexão e a reorganização das atividades.

Entendemos que de acordo com Freire (2003, p. 39) no processo permanente de “formação de professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”. Dessa forma, as alunas-estagiárias estavam constantemente organizando e (re) organizando coletivamente sua prática pedagógica.

Os encontros eram intercalados entre a sala de aula na Universidade e a sala de aula de escola campus do estágio, a cada encontro presencial, analisávamos e discutíamos coletivamente as práticas vivenciadas, momento de reflexão, intervenção e ajustes. Momento muito rico de escuta e troca de experiências. De fato, nessa realidade, “o estágio curricular é

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atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis” [...] (Pimenta e Lima: 2007 p. 45).

Para concluir a disciplina, foi condição participar de um seminário e produzir um relatório escrito em dupla da vivência da prática. No seminário, cada dupla de alunas-estagiárias apresentavam suas experiências vivenciadas durante o estágio supervisionado na escola campus, momento de socialização, relato de experiências, troca de conhecimentos, análises, reflexões e questionamentos. O relatório trás em si o que foi apresentado no seminário, mas com riqueza de detalhes das observações participantes, registros e análises dos documentos como o Projeto Político Pedagógico, planejamento, projetos didáticos, horário, outros. Além da experiência vivenciada na sala de aula com os estudantes e a professora.

Em síntese, em meio aos desafios da formação de professores no curso de Pedagogia da Universidade federal de Pernambuco, encontramos possibilidades na disciplina de Prática Pedagógica VII: Estágio Supervisionado de vivenciar uma proposta de trabalho propiciando as alunas, conhecimentos significativos a partir de uma aproximação da realidade onde ela irá atuar, concluindo que o estágio supervisionado enquanto atividade teórica e prática instrumentalizadora da práxis docente, possibilitará a transformação da realidade, consequentemente, da vida dos estudantes da EJA.

Considerações...

Diante das análises sobre formação de professores e prática pedagógica, o curso de Pedagogia necessita possibilitar ao futuro professor uma formação qualificada que colabore para o exercício de sua atividade docente, compreendendo a complexidade da escola, do processo ensino aprendizagem e do sistema social, desenvolvendo nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem construir seus saberes-fazeres docentes a partir da realidade prática que vão atuar.

É relevante também considerar o perfil do aluno, tendo em vista um modelo de formação e prática pedagógica que supere o modelo instrumental, acadêmico e reprodutor de conhecimentos, preparando-os para atuar nos novos desafios de uma sociedade complexa e do conhecimento, onde as novas gerações têm outras perspectivas e valores. Esse modelo se insere na formação de professores críticos- reflexivos que defendem um projeto social humano emancipatório.

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Supervisionado , a partir das experiências vivenciadas com as alunas-estagiárias, revelou uma prática que se aproxima dos paradigmas da produção do conhecimento, espaço da pesquisa e do ensino, da reflexão e criticidade, mas também da intervenção da e na prática pedagógica que permeia os espaços/tempos da escola, especificamente, a sala de aula.

O estágio funcionou para nós como espaço/tempo de fundamentos teóricos e práticos, de diálogo, de descobertas de caminhos e de possibilidades de superação de obstáculos, de construções e de organização curricular para uma prática pedagógica significativa na educação de modo a favorecer melhores resultados na aprendizagem das alunas- estagiárias do curso de Pedagogia.

Em síntese, as discussões e reflexões sistematizadas nesse texto apresentam um caráter inconcluso, uma vez que a pesquisa foi realizada apenas em um semestre, mas com as leituras realizadas, as observações, as aulas práticas, as discussões em grupo, a prática das professoras das escolas campus de estágio, consolidamos novos conhecimentos, novos saberes. É nesse sentido, que o curso de Pedagogia contribui para a formação de professores, para a prática pedagógica e para a valorização da docência enquanto atividade mediadora do processo ensino aprendizagem.

Referências

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