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Alex Rodrigues Rosa Ifanger. Cartel: como se dá a estrutura competitiva no mercado de cimento no Brasil

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Academic year: 2021

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Alex Rodrigues Rosa Ifanger

Cartel: como se dá a estrutura competitiva no mercado de

cimento no Brasil

Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Bacharel do Ibmec São Paulo.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Menon Simões Moita – Ibmec SP

São Paulo 2009

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Ifanger, Alex Rodrigues Rosa

Cartel: como se dá a estrutura competitiva no mercado de cimento no Brasil / Alex Rodrigues Rosa Ifanger – São Paulo: Ibmec, 2009.

Monografia: Faculdade de Economia e Administração. Ibmec São Paulo.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Menon Moita

1. Cartel 2. Estrutura Competitiva 3. Método de Bresnahan 4. Índice de Herfindahl 5. Monopólio

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Alex Rodrigues Rosa Ifanger

Cartel: como se dá a estrutura competitiva no mercado de

cimento no Brasil

Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Bacharel do Ibmec São Paulo.

Aprovado em Junho de 2009.

EXAMINADORES

Prof. Dr. Rodrigo Menon Simões Moita Orientador

Prof. Dr. Sérgio Giovanetti Lazzarini Examinador

Prof. Dr. Regina Carla Madalozzo Examinadora

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Resumo

IFANGER, Alex Rodrigues Rosa. Cartel: como se dá a estrutura competitiva no mercado de cimento no Brasil. São Paulo, 2009. 30p. Monografia – Faculdade de Economia do Ibmec.

Este estudo tem por objetivo analisar a estrutura competitiva do setor de cimento no Brasil. Para tanto, serão utilizados três métodos: índice de Herfindahl, número de grupos com fábricas em cada Estado e, por último, um teste empírico realizado para determinar o grau de competitividade existente no mercado de

cimento no país, utilizando séries de dados entre janeiro de 2003 e agosto de 2008. Finalmente, vem a conclusão a respeito da estrutura competitiva do setor,

apontando possíveis problemas enfrentados na estimativa do modelo.

Palavras-chave: Cartel; Estrutura competitiva; Método de Bresnahan; Índice de Herfindahl; Monopólio.

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Abstract

IFANGER, Alex Rodrigues Rosa. Cartel: how competition runs in the Brazilian cement market. São Paulo, 2009. 30p. Monograph – Faculdade de Economia do Ibmec São Paulo.

The subject of this paper is the analysis of the competitive structure in the Brazilian cement market. According to this, there will be applied three methods: the Herfindahl index, the number of companies in the market and their number of plants in each State and, finally, an empiric test to determinate the actual competition grade in that market based on data from January 2003 to August 2008. At last, a conclusion concerning the cement industry competition and eventual difficulties have been found in the pattern judgment.

Key-words: Cartel, Competitive structure, Bresnahan Method, Herfindahl index, Monopoly.

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Sumário

1. Introdução...8 2. Experiência internacional...10 3. Brasil...10 4. Revisão bibliográfica...12 5. A indústria do cimento...13 6. Método...18 6.1 O modelo...19 7. Dados...22 7.1 Estatística descritiva...22 8. Resultados...23 9. Conclusão...26 10. Bibliografia...28 11. Apêndice...29

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Lista de ilustrações

Tabela 1 – Market share brasileiro 2007 (jan. a dez) e 2008 (jan. a out.)...14

Tabela 2 – Número de fábricas e grupos por estado brasileiro...17

Figura 1 – Rotação na curva de demanda...21

Tabela 3 – Estatísticas descritivas dos dados...23

Tabela 4 – Resultados da estimativa da demanda por 2SLS...24

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1. Introdução

O termo cartel é livremente conceituado no mundo econômico, como uma associação normalmente informal de empresas produtoras ou fornecedoras de um mesmo bem ou serviço, com a finalidade principal de dominar conjuntamente seu mercado de oferta, caracterizando assim um monopólio artificial. Tais acordos com o concorrente se dão sob a forma de fixação de preços, condições de vendas, controle e distribuição da oferta, repartição de nichos ou mercados setoriais ou regionais, proteção contra outros concorrentes, sobretudo externos, combinando conjuntamente suas estratégias e táticas comerciais.

Dessa forma, a livre concorrência no mercado fica fortemente reduzida ou mesmo eliminada. Tal prática se dá principalmente em situações empresariais, onde os produtores ou fornecedores não são numerosos; os produtos apresentam características tecnológicas comuns ou similares, podendo ser considerados bens homogêneos, os quais o fator capital intensivo daquela indústria reduz substancialmente os grupos dispostos a investir naquele mercado, sendo uma grande barreira à entrada de concorrentes.

Muito comumente esse fenômeno é passível de ocorrer em mercados produtores ou fornecedores de insumos básicos industriais, tais como os de mineração, siderurgia, farmacêutico e insumos químicos.

Neste trabalho, apresenta-se um projeto para testar, empiricamente, o grau de competitividade do mercado de cimento no Brasil, juntamente com a construção do índice de Herfindahl para os anos de 2007 e 2008 e uma análise do número de grupos com fábricas em cada Estado.

O cimento, presente em nossa civilização desde a era romana, é um material de suma importância na economia de qualquer país, fundamental para o crescimento, indispensável na construção de edifícios, industriais, comerciais e residenciais, casas, estradas, rodovias e pontes.

Assim sendo, o bom funcionamento do sistema competitivo econômico deve ser mantido, pois a livre concorrência não implica apenas preços mais baixos para os consumidores, mas também produtos de maior qualidade, diversidade, gerando um incentivo para os concorrentes inovarem, provocando, assim, um aumento de bem-estar considerável para o consumidor e o desenvolvimento econômico.

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De volta ao mercado brasileiro de cimento, observa-se que esse movimentou em 2008 mais de 51 milhões de toneladas, o que o coloca em posição de destaque no ranking dos maiores produtores de cimento do mundo.

Por outro lado, tal setor já foi multado por convênio restritivo, razão que motivou este estudo, que consiste numa pesquisa do grau de concentração de tal setor, com a aplicação de técnicas de análise econométrica e observação do comportamento das empresas. A finalidade é verificar se, mesmo depois de multadas, continuam atuando de maneira anticompetitiva e ilegal. Ou se passaram a agir no mercado de forma mais adequada após a punição.

O combate ao conluio é de extrema importância, principalmente nas áreas econômica e jurídica; essa prática, além de gerar distorções nos preços relativos dos produtos é, certamente, ilegal, ferindo os interesses e os direitos dos consumidores.

Para analisarmos empiricamente o grau de competitividade do mercado de cimento do Brasil, aplicaremos aos dados coletados mensais agregados ao modelo proposto por Bresnahan (1982) com o auxilio da ferramenta econométrica eviews.

Com base na análise empírica do modelo proposto, não podemos afirmar que a prática de cartel no mercado de cimento é exercida. Porém, com base no índice de Herfindahl e na distribuição geográfica dos grupos por Estado e no coeficiente de correlação entre número de grupos por Estado e preço do cimento no mesmo, podemos afirmar que o setor de cimento no Brasil é altamente concentrado.

Este texto está estruturado em nove partes, além da bibliografia e do apêndice. Na seção 2, expõe-se de maneira sucinta como é tratada a questão de práticas anticompetitivas em outros países. Na 3, elucida-se a estrutura das entidades que combatem práticas anticompetitivas no Brasil, exemplificando com algumas punições já aplicadas. Na seção seguinte, são apresentados alguns trabalhos que se propuseram a analisar a estrutura competitiva de algum setor, ou apenas criaram algum método para fazê-lo. Adiante, na seção 5, analisa-se o setor do cimento, com base no market share do setor nos últimos dois anos, e na distribuição geográfica dos grupos por Estado. A seguir, na 6, explica-se o modelo econométrico a ser estimado, cujos dados são apresentados na seção 7. Na oitava, expõem-se e discutem-se os resultados econométricos e, em seguida, na seção 9, vêm as considerações finais.

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2. Experiência internacional

Na Inglaterra, existem diversas organizações que atuam no sentido de garantir que empresas não façam coordenação imperfeita. Órgão de extrema importância, a antiga OFTEL (Office of Telecommunications) era responsável por regulamentar a indústria de telecomunicações. Atualmente, teve suas funções repassadas para a OFCOM (Office of Communications), organização independente que se encarrega de regulamentar todo o sistema de comunicação no país. Assim como a OFGEM (Office of Gas and Electricity Markets), que atua na área de eletricidade e gás. Temos também, de aguda relevância, a Competition Commission que zela pela competição no mercado em geral.

Em meados de 2008, o governo inglês discutia como criar mecanismos que incentivassem diretores de empresas a revelarem práticas anticompetitivas, sobretudo em comum acordo com concorrentes, podendo ou não sofrer algum tipo de punição. O fato mais interessante é que o governo se mostrou disposto a fazer pagamentos por volta de £200.000, com absolvição total para tais diretores, em troca de informações sensíveis e cruciais para a comprovação de conluio dentro da empresa em questão. Vale deixar claro que tal prática foi alvo das mais variadas críticas, por diversas razões, uma delas por ser muito similar à oferta de suborno, no entender de alguns.

Exemplo de atitude mais radical vem dos Estados Unidos, onde, mediante a comprovação de algum tipo de conluio entre empresas, seus respectivos diretores responsáveis podem ir para a prisão. Tal prática, que não distingue o lado profissional dos empresários do seu lado pessoal, certamente visa atuar de maneira agressiva para coibir o conluio.

3. Brasil

Em se tratando de Brasil, temos o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), formado pela Secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão do Ministério da Justiça; pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), órgão do

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Ministério da Fazenda; e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça. O SBDC tem como foco principal combater o abuso de posição dominante, cartéis, tanto empresariais como em licitações, entre outras práticas anticompetitivas, que visem à eliminação do concorrente e à criação de barreiras para entrada de novos competidores.

Segundo o Ministério da Justiça, os três órgãos possuem funções distintas, sendo a SDE responsável por instruir análise concorrencial dos atos de concentração econômica, bem como investigar infrações à ordem econômica. Já à SEAE cabe a responsabilidade de emitir pareceres econômicos com atos de concentração, investigar condutas para oferecer representação à SDE, bem como elaborar facultativamente pareceres em investigações sobre condutas anticoncorrência.

A partir de 2005, com o objetivo de aumentar a eficiência desses dois órgãos, foi editada a portaria conjunta dos mesmos.

Assim, o CADE é responsável pela decisão final no âmbito administrativo dos processos iniciados pela SDE e pela SEAE. Desse modo, após receber os pareceres da SDE e da SEAE, cabe ao CADE julgar os processos administrativos e as análises de atos de concentração econômica.

Em 2003, tivemos a primeira operação anticartel no Brasil. Ela foi realizada pela SDE, que investigou o Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras), que teve um vasto material apreendido pela SDE em sua sede.

Com base no material apreendido, a SDE deu continuidade ao processo contra o sindicato e empresas envolvidas no mercado de pedras britadas na região metropolitana de São Paulo; faziam parte do setor grandes grupos, como Holdercim Brasil S/A (atual Holcim), Reago Indústria e Comércio S/A (Grupo Camargo Corrêa), Mineração Britabrás (Grupo Lafarge), entre outros.

O julgamento final realizado pelo CADE confirmou a existência do cartel, aplicando multas que variaram de 15% a 20% do faturamento bruto das empresas envolvidas, variando de acordo com o envolvimento de cada uma delas no cartel.

Pode-se dizer que tal episódio marcou o combate a práticas anticompetitivas no Brasil, intensificando a ação contra cartéis tanto na investigação quanto na punição da prática.

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4. Revisão bibliográfica

Com o crescente número de reclamações a respeito desse tipo de prática, que implica diretamente aumento de preço dos produtos sob coordenação imperfeita, apareceram, no meio acadêmico, diversos estudos se propondo a analisar, tanto de maneira quantitativa quanto qualitativa, um grande número de aspectos potencializados pelo conluio, tais como: guerra de preços; lucratividade; estratégias de preços e produção; fusões; comportamento de preços; entre outros.

Quando pouco se tinha desenvolvido nessa área, Herfindahl (1950) criou um índice para medir o quão competitivo era um mercado, podendo atingir valores entre zero e dez mil, sendo zero competição absoluta, e dez mil um perfeito monopólio. Com o passar do tempo, criou-se uma regra com a utilização desse índice para a aprovação de fusões.

Em Bain (1956) e Labini (1986), é analisada a questão de barreiras à entrada, como responsáveis pelo diferencial de lucros entre setores e influenciando economias de escala, diferenciais de custos e diferenciação de produtos.

Já em Bresnahan (1982) e Lau (1982), criou-se um método de mensuração do grau de competição existente em um determinado setor, utilizado posteriormente por Sanvicente (1998) para medir o grau de competição na indústria automobilística brasileira, assim como por Nakane (2002), que aplicou o modelo de Bresnahan e Lau para medir o poder de mercado no setor bancário brasileiro.

De maneira diferente, Vasconcelos e Ramos (2001) utilizam o método criado por Osborne e Pitchik (1987) para avaliar a estrutura e as características de condução de comportamento anticompetitivo no setor de aço no Brasil.

Outro setor também estudado é o elétrico brasileiro. Ruderico (2002) o faz de maneira qualitativa, com base em diversas instituições, com foco principal no sistema de preços via intervenção de agentes reguladores, ou de maneira livre, formado pelo mercado.

Por outro lado, em Bolotova et al. (2005), são utilizadas extensões dos modelos ARCH e GARCH e avaliado o aumento percentual no preço de determinado produto em momentos de cartel, em comparação com períodos em que tal acordo não ocorre.

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Mais adiante, ao se abordar a questão da reação de preços, temos em Lazzarini et al. (2007) a utilização de um modelo que analisa a relação existente entre as empresas de um mesmo setor, no intuito de identificar a empresa líder e o movimento de reação entre competidores focado em alteração de preços.

Ao se tratar do mercado de cimento, temos em Barreiro Júnior et al. (2001 ) uma análise da estrutura competitiva da indústria brasileira de cimento, com base nas cinco forças competitivas propostas em Porter (1989).

5. A indústria do cimento

Ao avaliarmos o market share do setor nos últimos dois anos (2007 e 2008), podemos observar uma estabilidade de posições quanto a colocação das empresas no ranking. A única mudança de posições ocorrida no período foi entre os grupos Holcim e Camargo Corrêa, em que este último grupo passou de 5º colocado para a 4ª posição.

Não obstante a estabilidade de posições no ranking, ocorreram pequenas alterações nas participações relativas, perdendo a Votorantim 2,49%, os quais foram absorvidos sobretudo pelo grupo Camargo Corrêa (+1,07%) e Outros (+1,04%) (ver tabela 1).

Por fim, vale lembrar que não se pode concluir com base nessa tabela que houve uma redução de vendas no ano de 2008, pois essa tabela de market share envolve apenas os meses de janeiro a outubro de 2008, enquanto a referente ao ano de 2007 incorpora os 12 meses em sua análise. Em 2008, movimentaram-se aproximadamente 51,1 milhões de toneladas de cimento no Brasil.

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Tabela 1 – Market share brasileiro 2007 (jan. a dez) e 2008 (jan. a out.).

MARKET-SHARE BRASIL DESPACHO (t)

2008 2007 1º VOTORANTIM 38,81% 16.808.327 1º VOTORANTIM 41,30% 18.966.435 2º NASSAU 12,36% 5.351.294 2º NASSAU 12,00% 5.526.405 3º CIMPOR 9,06% 3.924.628 3º CIMPOR 9,20% 4.237.505 4º CAMARGO CORRÊA 8,37% 3.624.308 4º HOLCIM 7,70% 3.342.098 5º HOLCIM 7,83% 3.391.191 5º CAMARGO CORRÊA 7,30% 3.546.911 6º LAFARGE* 6,06% 2.625.307 6º LAFARGE* 6,10% 2.823.292 7º CIPLAN 2,72% 1.177.465 7º CIPLAN 2,90% 1.343.084 8º ITAMBÉ 2,36% 1.022.405 8º ITAMBÉ 2,00% 938.711 9º OUTROS* 12,44% 5.386.698 9º OUTROS* 11,40% 5.216.100 TOTAL 100,00% 43.311.623 100,00% 45.940.541

*Dados não confirmados ou estimados. Fonte: www.cimento.org (página inicial).

Com base no market share exposto acima, podemos analisar o índice de Herfindahl, caracterizado pela somatória das parcelas de poder de mercado de cada firma ao quadrado. Assim temos (assumindo-se que existem outras dez empresas, todas de igual porte):

HHI(2007)= 41,3^2 + 12^2 + 9,2^2 + 7,7^2 + 7,3^2 + 6,1^2 + 2,9^2 + 2^2 + 10*1,14^2 = 2.109,526

HHI(2008)= 38,81^2 + 12,36^2 + 9,06^2 + 8,37^2 + 7,83^2 + 6,06^2 + 2,72^2 + 2,36^2 + 10*1,244^2 = 1.937,602

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Desse modo, temos que, em ambos os anos, houve alta concentração, uma vez que os índices foram superiores a 1.800.

Mesmo que desconsiderássemos os 12,44% em 2008 referentes ao market share de outras empresas, ao assumirmos que essa percentagem estaria dividida entre um número consideravelmente grande de empresas, o índice de Herfindahl ainda seria superior a 1.800, mais especificamente, 2.096,53 uma vez que as quatro primeiras colocadas alcançaram juntas 70,2% em 2007 e 68,6% em 2008.

Vale lembrar que a análise desse índice é interessante, mas pode conter alguns problemas, como o escopo geográfico das empresas ou a estrutura do mercado, devido ao conceito do produto e ao fato de ele possuir outros produtos que possam competir de maneira direta com ele. Por exemplo, quatro firmas podem ter 25% de market share cada, mas podem atuar em quatro regiões diferentes do país e serem monopolistas cada uma em sua região, não competindo com as demais, o que poderia tornar esse índice ainda mais elevado.

Por outro lado, imaginemos uma empresa que detenha 60% das vendas de um produto ou serviço específico. Inicialmente, ela poderia ser considerada monopolista, mas se ela também competir diretamente com um outro produto que substitua o seu de maneira igual ou mais eficiente, ela estará sujeita à competição existente também naquele mercado.

Também poderíamos ter o problema de um mesmo grupo controlar diversas marcas, uma vez que fusões e aquisições entre empresas são frequentes; com o intuito, porém, de minimizar esse erro, já iniciamos o estudo considerando grupos.

Assim, acreditamos ser interessante analisar a distribuição geográfica das fábricas dos principais produtores de cimento, pois poderemos tirar algumas conclusões a respeito do escopo geográfico das empresas no Brasil. Ao pesquisarmos sobre tal assunto, descobrimos apenas dez fabricantes de cimento no Brasil, o que poderia indicar uma possível suposição otimista em relação à formação do índice de Herfindahl, mas como o resultado obtido foi de alta concentração, a mudança seria apenas quantitativa, elevando o grau de concentração do mercado, e não alterando a sua qualidade.

Os dez fabricantes de cimento encontrados no Brasil foram os oito grupos apresentados no market share do mercado brasileiro anteriormente (Votorantim, Nassau, Cimpor, Camargo Corrêa, Holcim, Lafarge, Ciplan e Itambé)

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mais CP Cimento e Soeicom. Existem 58 fábricas no país, as quais estão próximas a grandes centros de matéria-prima, o calcário, e não primordialmente junto ao mercado, aumentando assim, a relevância do transporte no preço final do produto em alguns casos, sendo que em apenas cinco Estados não há nenhuma fábrica; são eles: Acre, Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins. Por consequência, quatro desses Estados são os que apresentam maior preço do produto, ao passo que Minas Gerais, com 12 fábricas, possui um dos três menores preços médios, juntamente com Goiás e Distrito Federal. Nestes dois, principalmente o último, acreditamos que haja alguma influência política que reduza significativamente a média do preço do cimento ao longo do período estudado, uma vez tendo apresentado 24 meses consecutivos de preços reduzidos, enquanto Minas mostrou uma regularidade de preços baixos ao longo de toda a série.

Outro ponto a ser analisado é o número de monopólios presentes no país, uma vez que possuir uma fábrica em um Estado garante uma significativa vantagem competitiva, que vai muito além da redução de custo, devido à economia com transporte do produto.

Ao observarmos a tabela 2, vemos que existem 58 fábricas divididas em 22 Estados, sendo que 10 deles possuem apenas um fabricante, mesmo que possa ter mais de uma fábrica instalada.

Por fim, ao calcularmos a correlação entre o número de grupos com fábricas no Estado e o preço médio do cimento no mesmo, obtivemos um coeficiente de -0,561433, que indica uma correlação negativa, ou seja, quanto menor o número de grupos com fábricas em um Estado, maior será o seu preço.

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Tabela 2 – Número de fábricas e grupos por Estado brasileiro.

Estados

Nº de fábricas no Estado

Nº de grupos com fábrica no Estado Preço médio Acre – AC 0 0 25,21 Alagoas – AL 1 1 17,77 Amapá – AP 0 0 21,28 Amazonas – AM 1 1 21,00 Bahia – BA 2 1 18,68 Ceará – CE 2 2 18,30 Distrito Federal – DF 2 2 14,38 Espírito Santo – ES 2 2 16,55 Goiás – GO 1 1 14,81 Maranhão – MA 1 1 19,05 Mato Grosso – MT 1 1 16,66

Mato Grosso do Sul – MS 2 2 17,99

Minas Gerais – MG 12 6 15,03 Pará – PA 2 1 20,02 Paraíba – PB 2 2 17,59 Paraná – PR 2 2 17,10 Pernambuco – PE 1 2 19,01 Piauí – PI 1 1 19,40 Rio de Janeiro – RJ 5 3 17,54

Rio Grande do Norte – RN 1 1 18,76

Rio Grande do Sul – RS 5 3 17,24

Rondônia – RO 0 0 21,72 Roraima – RR 0 0 27,07 Santa Catarina – SC 1 1 18,06 São Paulo – SP 9 6 16,94 Sergipe – SE 2 2 17,39 Tocantins – TO 0 0 18,36

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Com essa observação, temos a concretização de um dos problemas enfrentados pelo índice de Herfindahl, que era o de vários monopólios em diversas regiões, o qual, na análise global do país, poderia parecer um oligopólio, ou qualquer outra forma que não evidenciasse o poder de mercado real, mas como já dito anteriormente, isso apenas gera uma mudança quantitativa no índice, uma vez que o resultado obtido de alta concentração seria mantido.

Agora, ao se tratar da questão da estrutura de mercado, pelo menos no âmbito nacional, atualmente não existe nenhum outro produto que possa substituir o cimento, que faz parte da composição tanto de todos os tipos de concreto quanto de argamassas. Talvez, pelo menos em médio prazo, possamos ter estruturas metálicas substituindo o concreto armado, como já é feito em outros países.

Por fim, vale dizer que esse setor já esteve sob diversas investigações e passou por vários processos relativos a cartel, sendo o de maior repercussão aquele em que um ex-funcionário delatou supostos encontros de diversos diretores de oito grandes grupos de cimento em hotéis de luxo, com a finalidade de combinar preços e formas de pagamento. São eles: Votorantim, Camargo Corrêa, Lafarge, Cimpor, Holcim, Soeicom, Itambé e Itabira. Tais empresas também foram investigadas por dividirem o mercado por região e por aumentarem preços de produtos às concreteiras independentes com o intuito de quebrá-las. Além desse episódio, vale lembrar do caso de cartel no mercado de pedra britada, no qual estavam envolvidas diversas empresas, algumas delas grandes grupos atuantes no setor de cimento no Brasil.

6.

Método econométrico

Neste projeto utilizaremos o modelo proposto por Bresnahan (1982) e Lau (1982), para medir o grau de poder de mercado dos produtores de cimento no Brasil, sem ter uma série de dados do lucro ou do custo das empresas. As funções de demanda e oferta do setor precisam ser estimadas. Com elas, a estática comparativa do equilíbrio revela o grau de competição do mercado, quando preço e quantidade de equilíbrio são alterados por variáveis exógenas.

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Esses resultados são analisados a partir da análise de um parâmetro introduzido na equação de oferta que mede o grau de competição de um determinado setor. Neste trabalho, esse parâmetro será chamado de λ, e discorreremos mais a respeito dele na apresentação do modelo.

Assume-se no modelo receita marginal (RMg) = custo marginal (CMg), e caso receita marginal < preço (P), existe algum poder de mercado, uma vez que vendedores não são mais tomadores de preço. A quantidade e o preço de mercado serão determinados pela intersecção das curvas de oferta e demanda.

Assim, o modelo visa descobrir, observando apenas preços (do cimento, de um bem substituto e de dois indicadores de custo, no caso o petróleo e o gesso em pó), quantidade (cimento) e um indicador de demanda, que mede o poder de compra do consumidor – aqui utilizado o salário mínimo real –, o grau de competição do setor de cimento brasileiro.

6.1 O Modelo

Bresnahan (1982) propõe uma função de demanda linear para a identificação do

coeficiente de poder de mercado:

Q = D(P, Y, α) + ε, (1)

onde Q é a quantidade vendida/produzida de cimento, P é o preço do cimento,Y uma variável exógena α são parâmetros da função demanda a ser estimada. ε é o erro econométrico.

Pelo lado da oferta, temos:

P = c(Q, W, β) + η, (2)

onde W são variáveis exógenas do lado da oferta, β os parâmetros da função oferta a serem estimados, e η o erro da oferta. c( ) é o custo marginal. Quando as firmas não são tomadoras de preço, o preço não será mais igual à receita marginal, apenas CMg = RMg, assim a fórmula de oferta adota a seguinte forma:

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P = c(Q, W, β) - λ . h(Q, Y, α) + η, (3) onde P + h( ) é a receita marginal e P + λh( ) é a receita marginal percebida pela firma. λ é um parâmetro que mede o poder de mercado imaginado pelas firmas. Sendo λ=0 competição perfeita, λ=1 um cartel perfeito e 0 < λ < 1 o caso intermediário de um oligopólio com algum poder de mercado, sendo que quanto maior λ, menor será o grau de competição do setor.

Econometricamente, deve-se estimar as equações (1) e (3) simultaneamente, mas o problema da não identificação de λ aparece, tornando indistinguível uma situação de competição com P = CMg de qualquer outra situação com CMg = RMg que poderia ser, inclusive, um cartel.

Para solucionar tal problema, Bresnahan propõe a inclusão de uma variável exógena na equação de demanda, Z, tornando assim as hipóteses de competição e

cartel observacionalmente distintas.

Desse modo, a função demanda seria assim representada:

Q = α0 + α1P + α2Y + α3Z + α4PZ + ε, (4)

onde Z representaria uma nova variável exógena do lado da demanda, mas que interagisse com o preço, fazendo com que alterações em Y e em Z combinem mudanças não apenas verticais na demanda, mas também de rotação. Z, geralmente, é utilizada como o preço de um bem substituto, e Y como algum índice relacionado à renda.

Agora, a função oferta pode ser reescrita dessa maneira, igualando RMg e CMg: P = β0 + β1Q + β2W – (λ / (α1 + α4Z) . Q + η, (5)

Dessa forma, dispomos de um sistema de equações para o mercado de um produto, e podemos estimar as equações (4) e (5).

A rotação na curva de demanda sobre o ponto de equilíbrio revelará o nível do poder de mercado das empresas (ver figura 1).

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Figura 1 – Rotação na curva de demanda.

Fonte: T.F. Bresnahan – The oligopoly solution concept is identified.

Mais do que o poder de mercado, esse gráfico nos permite diferenciar situações de competição perfeita com outras formas.

Normalmente, em um gráfico similar a esse, mas sem a introdução da variável interativa com o preço, não saberíamos diferenciar uma situação de competição perfeita de um monopólio, pois, ao mesmo passo que poderíamos acusar uma firma de monopólio por praticar preços altos, a mesma poderia se defender alegando elevados custos. Alterações na demanda apenas deslocariam o equilíbrio, não nos permitindo diferenciar um monopólio/cartel de uma competição perfeita.

Já com a introdução da variável exógena Z, um deslocamento de demanda causaria efeitos distintos nas duas formas de competição de mercado em questão.

Caso estivéssemos inicialmente em um cenário de competição perfeita, uma rotação da demanda não alteraria em nada o ponto de equilíbrio E1, mas se

estivéssemos em uma situação de cartel, a situação final seria diferente da inicial, nos levando a concluir que estávamos inicialmente no ponto P2, e agora nos

encontramos no ponto P3, tornando observacionalmente distintas as hipóteses de

competição perfeita e monopólio.

Assim, poderíamos estimar o modelo formado pelas equações (4) e (5) via mínimos quadrados ordinários, mas o problema de endogeneidade do preço e quantidade apareceria, uma vez que teríamos duas variáveis endógenas (P e Q) em

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uma equação a ser estimada. Dessa forma, aplicamos o método de mínimos quadrados de dois estágios que corrige o problema de endogeneidade do preço e da quantidade, à medida que são utilizadas as variáveis instrumentais para estimar a segunda variável endógena incluída na equação.

7. Dados

Nesta pesquisa, a metodologia acima explicada aplicou-se a dados mensais da indústria de cimento, setor que possui fortes indícios de concentração, formado por um pequeno número de empresas.

Foram coletados dados mensais agregados do setor entre janeiro de 2003 e agosto de 2008. As séries utilizadas são determinadas com suas fontes no apêndice deste mesmo trabalho, totalizando 68 observações mensais.

Vale lembrar que o preço do cimento (saco com 50 kg), assim como o da madeira e o do gesso em pó (um kg), foi dividido pelo IGPM do seu respectivo mês, com o intuito de eliminar a inflação da série. O mesmo foi feito com o preço do petróleo, mas como ele foi computado em dólares, por ser sua cotação internacional, eliminamos a inflação de tal variável, dividindo-a pela inflação americana, no caso, o CPI–U (Consumer Price Index – Urban).

7.1 Estatística descritiva

Abaixo, temos a tabela 3, que ilustra a média, o desvio padrão, o valor mínimo e o valor máximo da produção de cimento (Q); o preço do cimento ajustado pela inflação (P); o preço do petróleo ajustado pela inflação americana (Pp); o preço da madeira ajustado pela inflação (Pm); o salário mínimo real (SMr) e o preço do gesso em pó ajustado pela inflação (G).

(23)

Tabela 3 – Estatísticas descritivas dos dados Q P Pp Pm SMr G Média 3.287,237 16,68632 58,07789 274,2881 357,1793 1,075633 Desvio Padrão 543,1621 2,433941 25,77231 39,7038 46,96486 0,080975 Mínimo 2.410,959 12,91384 25,54108 191,1189 268,8551 0,977231 Máximo 4.835,023 19,84048 131,8905 333,2354 434,555 1,304173

Esses valores são interessantes para termos alguma idéia de como se dá a dispersão dos pontos, que, de maneira geral, podemos dizer que não estão concentrados em um pequeno intervalo, sendo o gesso a variável com valores menos dispersos.

8. Resultados Econométricos

Primeiramente, pensamos em estimar o modelo pelo método de mínimos quadrados ordinários, apenas para fins comparativos ao modelo de mínimos quadrados em dois estágios, mas não foi possível fazê-lo devido ao problema de endogeneidade da quantidade e do preço.

Ao contrário do método anterior, fomos bem-sucedidos em estimar ambas as equações pelo método de mínimos quadrados em dois estágios.

Tal método foi utilizado para estimar o modelo composto pelas equações (4) e (5), a seguir:

(4) Q = α0 + α1P + α2Smr + α3Pm + α4 P*Pm + ε, (5) P = β0 + β1Q + β2Pp + β3G – (λ / (α1 + α3Z)*Q + η

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A tabela 4 nos mostra os valores encontrados para os alphas da regressão da equação de demanda.

Tabela 4 – Resultados da estimativa da demanda por 2SLS.

Parâmetro Estimativa Erro Padrão Estatística t Probabilidade C (α0) -2.816,421000 35.333,430000 -0,079710 0,936700 P (α1) -5,491841 1.948,150000 -0,002819 0,997800 SMr (α2) 18,096420 4,799433 3,770532 0,000400 PM (α3) -12,683800 125,388600 -0,101156 0,919700 P*PM (α4) 0,712241 6,682613 0,106581 0,915500

Quanto aos resultados obtidos, podemos fazer as seguintes inferências:

• Os coeficientes das variáveis que representam o preço do cimento (α1) e o preço de um bem substituto (α3) são negativos, como era esperado pela teoria da demanda, porém insignificantes, indicados pelas probabilidades de 0,9978 e 0,9197 respectivamente.

• O coeficiente da variável que representa a renda dos consumidores (α2) é positivo e significante sendo a única variável significante na estimativa da curva de demanda.

• O coeficiente que representa a interação do preço do produto com o preço do bem substituto (α4) mostrou-se positivo e insignificante com probabilidade de 0,9155.

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Tabela 5 – Resultados da estimativa da oferta por 2SLS.

Parâmetro Estimativa Erro Padrão Estatística t Probabilidade C (β0) 32,244090 5,437302 5,930163 0,000000 Q (β1) -0,025580 0,003682 -6,947737 0,000000 PP (β2) 0,148253 0,039087 3,792856 0,000300 G (β3) 19,848870 4,982724 3,983537 0,000200

Λ 0,095655 0,016802 5,692922 0,000000

• Assim como todos os coeficientes da equação de oferta, o coeficiente da variável quantidade produzida (β1) foi significante, porém com um sinal contrário ao esperado.

• Os coeficientes das variáveis que representam indicadores de custo (β2) e (β3) referentes ao preço do petróleo e do gesso em pó, respectivamente, são positivos, como esperado.

Por fim, o termo de maior interesse λ atingiu o valor de 0,095655, que representa o grau de poder de mercado presente no setor de cimento. Esse valor está dentro do intervalo esperado entre 0 e 1 e é significante. Indica um poder de mercado pequeno para as empresas presentes no setor.

• Ao analisarmos o R² ajustado da equação (4) de 0,640124, podemos dizer que a equação estimada representa um ajuste satisfatório aos dados da amostra, porém, o resultado obtido do R² para a equação (5) de 0,336684 nos permite dizer que a equação estimada teve um ajuste fraco aos dados da amostra.

Vale lembrar que o modelo da forma como é exposto em Bresnahan (1982) inclui apenas uma variável de custo na equação da oferta, e, neste estudo, trabalho

(26)

com duas: o petróleo, por ser um bem altamente utilizado no transporte do cimento, e o gesso em pó, matéria-prima do cimento.

Além disso, encaramos a dificuldade de o cimento não possuir um bem substituto no mercado brasileiro, e foi necessária alguma reflexão e estudo sobre uma possível variável que pudesse fazer esse papel, mesmo que parcialmente; optamos pela madeira, ainda que esse também possa ser um bem complementar em alguns casos.

9.

Conclusão

Este estudo procurou analisar o grau de competitividade no mercado de cimento. O setor foi analisado de três maneiras distintas: a primeira, pelo índice de Herfindahl, a segunda pelo número de empresas em cada Estado brasileiro e o coeficiente de correlação entre o número de grupos possuidores de fábricas em cada Estado e o preço do cimento; e, por último, fez-se uma regressão econométrica tendo como base o modelo proposto por Bresnahan (1982).

A análise do setor com base na formulação do índice de Herfindahl nos permite afirmar que se trata de um setor altamente concentrado, uma vez que o índice atingiu o valor de 1.937,602 em 2008, superior ao limite de mercado concentrado de 1.800.

Além disso, o fato de termos apenas quatro fabricantes detendo cerca de 70% do mercado e a maior parte das 58 fábricas, podemos desconfiar fortemente de indícios de cartel, uma vez que os demais fabricantes, ou compõem-se com os maiores ou perdem espaço na guerra de preços, na economia de escala produtiva, de distribuição, no peso da marca e de sua penetração no mercado.

Posteriormente, ao avaliarmos o número de grupos atuando em cada Estado, pudemos observar que eles o fazem de maneira ainda mais concentrada, com uma relativa divisão de Estados entre os principais grupos. Além disso, foi obtido um coeficiente de correlação de -0,561433, indicando que, quanto menor o número de grupos com fábricas em um Estado, maior será o preço do cimento em vigor no mesmo. Esse coeficiente situa-se entre moderado e ligeiramente alto.

(27)

Por último, a utilização do modelo econométrico não obteve resultados muito esclarecedores, com a regressão da demanda tendo apenas uma variável significante (o salário mínimo real). Mas, sendo fiéis ao modelo, partimos para a regressão da oferta, com a utilização dos parâmetros obtidos na estimativa da demanda, e chegamos em um valor de 0,095655 para o coeficiente de interesse primordial de nosso modelo, o λ. Este representa o grau de poder de mercado existente no setor, que pode assumir valores entre 0 e 1, sendo λ = 0 uma situação de concorrência perfeita; λ = 1 um monopólio, e os valores intermediários, situações distintas de oligopólio.

Com base em uma análise empírica, o valor obtido de λ = 0,095655 indica que o setor de cimento no Brasil está competitivo, muito mais próximo de uma situação de concorrência perfeita do que um monopólio, ou até mesmo um oligopólio com elevado grau de poder de mercado.

Ao refletirmos sobre o porquê do problema com as regressões, chegamos à conclusão de que, possivelmente, a madeira, mesmo sendo o bem mais próximo de ser substituto do cimento, não faz esse papel de maneira satisfatória. Assim, pode-se considerar que o cimento não possui, atualmente, no mercado brasileiro, um bem substituto, seja por motivos culturais ou tecnológicos.

Contudo, o índice de Herfindahl nos apontou um setor altamente concentrado, assim como a correlação entre o número de grupos atuando em cada Estado no país e o preço do cimento. Por outro lado, a análise empírica deste trabalho não nos permite afirmar que o setor de cimento no Brasil é um mercado cartelizado.

Seria interessante, para estudos futuros, que se realizasse novamente a análise empírica deste trabalho, uma vez que tenhamos bens que substituam o cimento pelo menos de maneira satisfatória, nos auxiliando na compreensão do mercado em geral, nos permitindo fazer inferências a respeito da estrutura competitiva do setor em questão.

(28)

10 . Bibliografia

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11. Apêndice

As variáveis utilizadas no trabalho foram:

1. Produção de cimento – Toneladas (mil) (Ipeadata) coletado dia 30/01/2009 às 14h50min.

2. Preço do cimento Portland composto (CP II E-32) no Estado de São Paulo – saco de 50 kg (Sidra: fonte IBGE – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) coletado dia 28/01/2009 às 10h38min.

3. Salário mínimo real em R$ (Ipeadata) coletado dia 04/02/2009 às 15h56min. 4. Commodities – Petróleo cotação internacional em US$ (Ipeadata: fonte FMI) coletado dia 30/01/2009 às 14h52min.

5. Preço da madeira índice agosto 1994 = 100 (FGV – Conjuntura Econômica) coletado dia 04/02/2009 às 15h52min.

6. IGP-M (FGV – Conjuntura Econômica) coletado dia 11/03/2009 às 10h45min. 7. CPI-U (Consumer price) coletado dia 11/03/2009 às 15h31min.

8. Preço do gesso em pó por kg (Sidra) coletado dia 28/01/2009 às 15h29min. Utilizamos os dados acima da seguinte maneira:

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P = Preço de cimento / IGPM

Q = Quantidade produzida e consumida de cimento SMr = Salário mínimo real

Pp = Preço do petróleo / CPI – U Pm = Preço da madeira / IGPM G = Preço do gesso em pó / IGPM

Referências

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