• Nenhum resultado encontrado

Cap. 1 - Carga Elétrica e Campo Elétrico

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Cap. 1 - Carga Elétrica e Campo Elétrico"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Universidade Federal do Rio de Janeiro — Instituto de F´ısica F´ısica III — 2014/2

Cap. 1 - Carga El´

etrica e Campo El´

etrico

Prof. Elvis Soares

A intera¸c˜ao eletromagn´etica entre part´ıculas carregadas eletricamente ´e uma das intera¸c˜oes fundamentais da natureza. Nesse cap´ıtulo iremos estudar algumas propriedades b´asicas da for¸ca eletromagn´etica, discutiremos a Lei de Coulomb, o conceito de campo el´etrico, e finalizaremos com o estudo do movimento de part´ıculas carregadas num campo el´etrico uniforme.

1

Propriedades da Carga El´

etrica

Quando atritamos uma caneta contra o nosso cabelo num dia seco, vemos que a caneta passa a atrair pequenos peda¸cos de papel sobre a mesa. O mesmo ocorre quando certos materiais s˜ao atritados entre si, como um bast˜ao de vidro contra um pano de seda ou pl´astico contra pele. Isto se deve ao fato de que toda a mat´eria que conhecemos ´e formada por ´atomos, que s˜ao formados por um n´ucleo, onde ficam os pr´otons e nˆeutrons e uma eletrosfera, onde os el´etrons permanecem, em ´orbita. Os pr´otons e nˆeutrons tˆem massa praticamente igual, mas os el´etrons tˆem massa cerca de 2 mil vezes menor.

(2)

Prof. Elvis Soares 2 Corpos Eletrizados e Processos de Eletrizac˜ao

por e, sendo a menor unidade de carga el´etrica conhecida na natureza, com valor igual a

e = 1.602 19 × 10−19 C (1)

Portanto, 1 C de carga ´e aproximadamente a carga de 6.24 × 1018 el´etrons ou pr´otons. Esse

n´umero ´e bem pequeno se comparado com n´umero de el´etrons livres em 1 cm3 de cobre, que tem da ordem de 1023.

2

Corpos Eletrizados e Processos de Eletrizac˜

ao

Dizemos que um corpo est´a eletrizado negativamente quando tem maior n´umero de el´etrons do que de pr´otons, fazendo com que a carga el´etrica desse corpo seja negativa; E que um corpo est´a eletrizado positivamente quando tem maior n´umero de pr´otons do que de el´etrons, fazendo com que a carga el´etrica desse corpo seja positiva. Por isso, um corpo ´e chamado eletricamente neutro se ele tiver n´umero igual de pr´otons e de el´etrons, fazendo com que a carga el´etrica sobre o corpo seja nula. A carga de um corpo eletrizado deve ent˜ao ser um m´ultiplo da carga elementar, de tal forma que Q = ±N.e, sendo N um n´umero inteiro qualquer.

O processo de retirar ou acrescentar el´etrons a um corpo neutro para que este passe a estar carregado eletricamente denomina-se eletriza¸c˜ao. Alguns dos processos de eletriza¸c˜ao mais comuns s˜ao:

2.1

Eletriza¸

ao por Atrito

Este processo foi o primeiro de que se tem conhecimento. Foi descoberto por volta do s´eculo VI a.C. pelo matem´atico grego Tales de Mileto, que concluiu que o atrito entre certos materiais era capaz de atrair pequenos peda¸cos de palha e penas.

Posteriormente o estudo de Tales foi expandido, sendo poss´ıvel comprovar que dois corpos neutros feitos de materiais distintos, quando s˜ao atritados entre si, um deles fica eletrizado negativamente (ganha el´etrons) e outro positivamente (perde el´etrons). Quando h´a eletriza¸c˜ao por atrito, os dois corpos ficam com cargas de m´odulo igual, por´em com sinais opostos.

Por exemplo, ao se atritar uma barra de vidro num pano de l˜a, el´etrons passam do vidro para a l˜a. Em consequˆencia, a barra de vidro adquire carga el´etrica positiva (perde el´etrons) e o pano de l˜a adquire carga el´etrica negativa (recebe el´etrons). Se, em vez da barra de vidro, atritarmos com a l˜a uma barra de resina, haver´a a transferˆencia de el´etrons da l˜a para a resina. Ent˜ao, a barra de resina adquire carga el´etrica negativa (recebe el´etrons) e o pano de l˜a adquire carga el´etrica positiva (perde el´etrons).

(3)

2 Corpos Eletrizados e Processos de Eletrizac˜ao Prof. Elvis Soares

2.2

Eletriza¸

ao por Contato

Se dois corpos condutores, sendo pelo menos um deles eletrizado, s˜ao postos em contato, a carga el´etrica tende a se estabilizar, sendo redistribu´ıda entre os dois, fazendo com que ambos tenham a carga com mesmo sinal.

2.3

Eletriza¸

ao por Indu¸

ao

Este processo de eletriza¸c˜ao ´e totalmente baseado no princ´ıpio da atra¸c˜ao e repuls˜ao, j´a que a eletriza¸c˜ao ocorre apenas com a aproxima¸c˜ao de um corpo eletrizado (indutor) a um corpo neutro (induzido).

O processo ´e dividido em trˆes etapas:

1. Primeiramente um bast˜ao eletrizado ´e aproximado de um condutor inicialmente neutro, pelo princ´ıpio de atra¸c˜ao e repuls˜ao, os el´etrons livres do induzido s˜ao atra´ıdos/repelidos dependendo do sinal da carga do indutor.

2. O pr´oximo passo ´e ligar o induzido `a Terra por um fio condutor, ainda na presen¸ca do indutor.

3. Desliga-se o induzido da Terra, fazendo com que sua carga seja de sinal oposto `aquela do indutor.

Terra

Por fim, retira-se o indutor das proximidades do induzido que fica eletrizado com sinal oposto `

(4)

Prof. Elvis Soares 3 Lei de Coulomb

3

Lei de Coulomb

A partir de alguns experimentos, Coulomb pode generalizar as seguintes propriedades da for¸ca el´etrica entre duas cargas puntiformes em repouso. A for¸ca el´etrica

• ´e inversamente proporcional ao quadrado da distˆancia r entre as cargas e dirigida ao longo da linha que liga uma a outra.

• ´e proporcional ao produto das cargas das duas part´ıculas;

• ´e atrativa se as cargas s˜ao de sinais opostos e repulsiva se as cargas tem o mesmo sinal.

A lei expressa na forma vetorial para a for¸ca el´etrica exercida por uma carga q1 numa outra

carga q2, dita ~F2(1), ´e

~

F2(1)= k

q1q2

r2 r = − ~ˆ F1(2) (2)

onde k ´e a constante chamada constante de Coulomb e ˆr ´e o vetor unit´ario dirigido da carga q1 para a carga q2, conforme figura.

– + r F1(2) F2(1) q1 q2 F1(2) F2(1) q1 q2 + +

A constante de Coulomb ´e tamb´em escrita como k = 1/4π0, e seu valor no SI ´e

k = 8.987 5 × 109 N.m2/C2 ≈ 9.0 × 109 N.m2/C2 (3)

Como a for¸ca el´etrica obedece `a Terceira Lei de Newton, a for¸ca el´etrica exercida pela carga q2

em q1 ´e igual em intensidade a for¸ca exercida por q1 em q2, na mesma dire¸c˜ao mas em sentido

oposto, de modo que ~F1(2)= − ~F2(1)

Quando mais que duas cargas est˜ao presentes, a for¸ca entre qualquer par delas ´e dada pela Lei de Coulomb. Portanto, a resultante das for¸cas sobre qualquer uma delas ´e igual a soma vetorial das for¸cas exercidas pelas outras cargas.

~ Fi = X i6=j ~ Fi(j) = X i6=j kqiqj r2 j ˆ rj (4)

(5)

3 Lei de Coulomb Prof. Elvis Soares

Exemplo: Atomo de Hidrogˆ´ enio

Um ´atomo de hidrogˆenio ´e composto por um el´etron, de massa me = 9.11 × 10−31 kg, e um

pr´oton, de massa mp = 1.67 × 10−27 kg, separados por uma distˆancia de aproximadamente

d = 5.3 × 10−11 m.

A intensidade da for¸ca el´etrica ´e dada pela Lei de Coulomb

Fe= k e2 d2 = (9.0 × 10 9)(1.60 × 10 −19)2 (5.3 × 10−11)2 = 8.2 × 10 −8 N

J´a a intensidade da for¸ca gravitacional ´e dada pela Lei da Gravita¸c˜ao Universal de Newton

Fg = G memp d2 = (6.67 × 10 −11 )(9.11 × 10 −31)(1.67 × 10−27) (5.3 × 10−11)2 = 3.6 × 10 −47 N

A raz˜ao Fe/Fg ≈ 2 × 1039. Ent˜ao, a for¸ca gravitacional entre essas part´ıculas subatˆomicas ´e

(6)

Prof. Elvis Soares 3 Lei de Coulomb

Exemplo: For¸ca Resultante

Consideremos trˆes cargas −q, q e √2q dispostas nos v´ertices de um triˆangulo retˆangulo, como mostra a figura. F3(1) q q -q a a y x – + + F3(2) 2 a √ √2

A for¸ca ~F3(1) exercida pela carga

√ 2q sobre a carga q ´e ~ F3(1)= k √ 2q2 (√2a)2rˆ1,

onde ˆr1 ´e o vetor posi¸c˜ao relativa que sai da carga

2q e aponta na dire¸c˜ao de q, sendo escrito facil-mente como ˆr1 = cos 45ox + sen 45ˆ oy, de modo queˆ

~ F3(1)= 1 2k q2 a2(ˆx + ˆy),

A for¸ca ~F3(2) exercida pela carga −q sobre a carga q ´e

~

F3(2) = −k

q2 a2rˆ2,

onde ˆr2 ´e o vetor posi¸c˜ao relativa que sai da carga −q e aponta na dire¸c˜ao de q, sendo escrito

na forma ˆr2 = ˆx, de modo que

~

F3(2) = −k

q2

a2xˆ

A for¸ca resultante ~F3 sobre a carga q ´e ent˜ao calculada como a soma das for¸cas ~F3(1) e ~F3(2)

sendo ~ F3 = ~F3(1)+ ~F3(2)= 1 2k q2 a2(−ˆx + ˆy)

(7)

4 Campo El´etrico Prof. Elvis Soares

4

Campo El´

etrico

O conceito de campo foi desenvolvido por Michael Faraday no contexto de for¸cas el´etricas. Nesse contexto, um campo el´etrico existe na regi˜ao do espa¸co ao redor de um objeto carregado, a carga fonte. Quando outro objeto carregado, a carga teste, entra nesse campo el´etrico, uma for¸ca el´etrica age sobre ele.

Sendo assim, o campo el´etrico produzido pela carga fonte ´e definido como a for¸ca el´etrica por unidade de carga situado num dado ponto do espa¸co

~ E = F~e

q2

= kq1

r2rˆ (5)

O vetor ~E tem no SI unidade de N/C. A dire¸c˜ao de ~E, como mostra a figura, ´e a dire¸c˜ao da for¸ca que uma carga teste positiva sentiria quando colocada nesse campo. Dizemos que um campo el´etrico existe num ponto se uma carga teste nesse ponto experimenta uma for¸ca el´etrica, dada por

~ Fe = q ~E (6) E q r P + – E q r P

O campo el´etrico num ponto P devido a um conjunto de cargas puntiformes pode ser ob-tido, atrav´es do princ´ıpio da superposi¸c˜ao, como a soma vetorial dos campos el´etricos devido, individualmente, a cada carga do conjunto no mesmo ponto P .

~ E =X i ~ Ei = X i kqi r2 i ˆ ri (7)

(8)

Prof. Elvis Soares 4 Campo El´etrico

Exemplo: Campo El´etrico de um Dipolo

Um dipolo el´etrico ´e definido como uma carga positiva q e uma negativa −q separadas por uma distˆancia 2a. Vamos obter o campo el´etrico ~E devido ao dipolo num ponto P situado a uma distˆancia y do centro do dipolo.

P θ E θ y E1 E2 y r θ a q θ a – qx +

No ponto P , os campos ~E1 e ~E2 devido `as duas

cargas s˜ao iguais em intensidades, pois o ponto P ´e equidistante das cargas, sendo assim

E1 = E2 = k

q (y2+ a2).

As componentes y de ~E1 e ~E2 se cancelam, e as

componentes x s˜ao ambas positivas e de mesma in-tensidade, de modo que

E = 2E1cos θ = 2k

q (y2+ a2)

a (y2+ a2)1/2

Portanto, ~E ´e um vetor paralelo ao eixo x escrito na forma

~

E = k 2qa (y2+ a2)3/2xˆ

No limite em que o ponto P est´a muito distante do dipolo, dito y  a, podemos desprezar a2

comparado com y2 no denominador e escrever ~

E ≈ k2qa y3 xˆ

Obs: Em alguns livros ´e comum aparecer o vetor momento de dipolo el´etrico definido como ~

d = −2qaˆx, que ´e um vetor de intensidade igual a carga positiva q vezes a distˆancia entre as cargas 2a e aponta na dire¸c˜ao da carga negativa para a positiva, de modo que

~

E ≈ −k d~ y3

Ent˜ao, muito distante do dipolo el´etrico, o campo el´etrico varia com ∼ 1/r3 que cai mais

rapidamente que o campo de uma carga que varia com ∼ 1/r2. Isso se deve ao fato que os

campos das cargas positiva e negativa v˜ao se anulando ao longo da distˆancia, diminuindo a intensidade do campo el´etrico total.

(9)

5 Campo El´etrico de uma Distribui¸c˜ao de Cargas Prof. Elvis Soares

5

Campo El´

etrico de uma Distribui¸

ao de Cargas

Todo corpo ´e composto de cargas el´etricas (vindas da natureza at´omica da mat´eria), cujas distˆancias relativas s˜ao muito curtas se comparadas com os tamanhos t´ıpicos dos objetos. Sendo assim, para calcular o campo el´etrico criado por uma distribui¸c˜ao de cargas, usaremos o seguinte procedimento: primeiro, dividimos a distribui¸c˜ao de cargas em pequenos elementos de carga, cada um de carga infinitesimal dq (infinitesimal, por´em maior que a carga elementar). Depois, usamos o campo el´etrico devido a uma carga puntiforme para calcular o campo el´etrico devido a esse elemento dq no ponto P . E por ´ultimo, somamos as contribui¸c˜oes de todos elementos de cargas e obtemos o campo el´etrico total no ponto P devido `a distribui¸c˜ao de cargas (de acordo com o princ´ıpio de superposi¸c˜ao dos campos).

O campo el´etrico no ponto P devido a um elemento de carga dq ´e

d ~E = kdq r2rˆ

onde r ´e a distˆancia do elemento de carga at´e o ponto P e ˆr o vetor unit´ario que sai da carga e aponta na dire¸c˜ao de P .

O campo el´etrico total em P devido a todos os elementos na distribui¸c˜ao de carga ´e

~ E = Z V d ~E = Z V kdq r2rˆ (8)

e a integral aparece porque o corpo ´e modelado como uma distribui¸c˜ao cont´ınua de carga. De fato, podemos associar sempre a uma distribui¸c˜ao de cargas o conceito de densidade de carga.

• No caso de uma carga distribu´ıda ao longo de um volume tem-se dq = ρdV , onde ρ ´e a densidade volum´etrica de cargas.

• No caso de uma carga distribu´ıda ao longo de uma ´area tem-se dq = σdA, onde σ ´e a densidade superficial de cargas.

• No caso de uma carga distribu´ıda ao longo de uma linha tem-se dq = λdl, onde λ ´e a densidade linear de cargas.

(10)

Prof. Elvis Soares 5 Campo El´etrico de uma Distribui¸c˜ao de Cargas

Exemplo: Fio Carregado Uniformemente

Vamos estudar o caso de um fio de comprimento L e carga Q distribu´ıda uniformemente ao longo dele, como mostra a figura.

O campo el´etrico no ponto P devido a um elemento de carga dq do fio ´e dado por

d ~E = kdq r2r,ˆ

onde ~r ´e o vetor posi¸c˜ao relativa que sai da carga e aponta na dire¸c˜ao de P dado por ~r = −xˆx + a ˆy, onde seu m´odulo e o correspondente vetor unit´ario s˜ao

r =√x2+ a2 e r =ˆ ~r

r =

(−xˆx + a ˆy) (x2+ a2)1/2.

O campo el´etrico total produzido pelo fio no ponto P ´e ent˜ao calculado como a soma sobre todos os elementos de carga que comp˜oem o fio, indo de x = −L/2 at´e x = L/2, e assim tem-se

~ E(0, a, 0) = Z L/2 −L/2 kλdx (x2 + a2)3/2(−xˆx + a ˆy).

*Mostre que: As integrais necess´arias resultam em

Z L/2 −L/2 xdx (x2+ a2)3/2 = 0, Z L/2 −L/2 dx (x2+ a2)3/2 = L [(L/2)2+ a2]1/2,

e com esses resultados encontramos que

~

E(0, a, 0) = kQ

a [(L/2)2+ a2]1/2yˆ

usando que a densidade linear de carga do fio ´e λ = Q/L.

Obs1: No caso em que o fio ´e muito pequeno, ou o ponto P est´a muito distante do fio tem-se

lim

aL

~

E(0, a, 0) = kQ a2 yˆ

que ´e o campo de uma carga puntiforme a uma distˆancia a do ponto P .

Obs2: No caso em que o fio ´e muito grande, ou o ponto P est´a muito pr´oximo do fio tem-se

lim

La

~

E(0, a, 0) = 2kλ a yˆ que cai lentamente com a distˆancia a do ponto P .

(11)

5 Campo El´etrico de uma Distribui¸c˜ao de Cargas Prof. Elvis Soares

Exemplo: Aro Carregado Uniformemente

Consideremos um aro de raio R carregado uniformemente com uma carga positiva Q. Vamos determinar o campo el´etrico num ponto P situado a uma distˆancia a do centro do aro e ao longo do eixo perpendicular ao plano do mesmo, conforme a figura.

+ + + + + + + + + + + + + + + + θ P dEx dE dE a r dq R

O campo el´etrico no ponto P devido a um elemento de carga dq do fio ´e dado por

d ~E = kdq r2r,ˆ

onde ~r ´e o vetor posi¸c˜ao relativa que sai da carga e aponta na dire¸c˜ao de P . Esse campo tem uma componente dEx = dE cos θ ao longo do eixo x e

uma componente dE⊥ perpendicular ao eixo x.

Sabemos que o campo resultante no ponto P deve estar ao longo do eixo x pois a compo-nente perpendicular de todos os elementos de carga somados ´e zero. Isto ´e, a componente perpendicular do campo criado por qualquer elemento de carga ´e cancelada pela componente perpendicular criada por um elemento de carga no lado oposto do anel (diga-se diametralmente oposto).

Como r = (a2+ R2)1/2 e cos θ = a/r, temos que

dEx = dE cos θ =  kdq r2  a r = k a (a2+ R2)3/2dq

Todos os elementos do aro fazem a mesma contribui¸c˜ao para o campo el´etrico no ponto P porque todos s˜ao equidistantes desse ponto. Ent˜ao, integrando esse resultado obtemos

Ex= Z k a (a2+ R2)3/2dq = k a (a2+ R2)3/2 Z dq

Sendo Q a carga total do aro, o campo el´etrico total produzido por este aro no ponto P ´e ent˜ao escrito na forma vetorial como

~

E(P ) = k Qa (a2+ R2)3/2xˆ

Obs1: No caso em que o aro ´e muito pequeno, ou o ponto P est´a muito distante desse aro tem-se lim aR ~ E(P ) = kQ a2xˆ

(12)

Prof. Elvis Soares 5 Campo El´etrico de uma Distribui¸c˜ao de Cargas

Exemplo: Disco Carregado Uniformemente

Consideremos um disco de raio R carregado uniformemente com uma densidade superficial de carga σ. Vamos determinar o campo el´etrico num ponto P situado a uma distˆancia a do centro desse disco e ao longo do eixo perpendicular ao plano do mesmo, conforme a figura.

P a r R dq dr

Se considerarmos o disco como um conjunto de aros concˆentricos, podemos usar o resultado do exemplo anterior (o campo de um aro carregado uniformemente) e somamos as contribui¸c˜oes de todos aros formando o disco.

O aro de raio r e espessura dr, conforme a figura, tem ´area igual a 2πr dr. A carga dq desse aro ´e igual a dq = 2πσr dr. Usando o resultado do aro carregado, temos que o campo el´etrico no ponto P devido a um elemento de carga dq desse aro ´e dado por

dEx = k

a

(a2+ r2)3/2(2πσr dr).

Ent˜ao, integrando esse resultado sobre os limites r = 0 at´e r = R, notando que a ´e constante, obtemos Ex = kaπσ Z R 0 2r dr (a2+ r2)3/2 = kaπσ Z R 0 (a2+ r2)−3/2d(r2), de modo que Ex = kaπσ  (a2+ r2)−1/2 −1/2 R 0 = 2πkσ  1 − a (a2+ R2)1/2  .

Sendo assim o campo el´etrico total produzido por este disco no ponto P ´e ent˜ao escrito na forma vetorial como

~ E(P ) = 2πkσ  1 − a (a2+ R2)1/2  ˆ x

Obs1: No caso em que o disco ´e muito pequeno, ou o ponto P est´a muito distante tem-se

lim

aR

~

E(P ) = kQ a2x,ˆ

que ´e o campo de uma carga puntiforme a uma distˆancia a do ponto P .

Obs2: No caso em que o disco ´e muito grande, ou o ponto P est´a muito pr´oximo dele tem-se

lim Ra ~ E(P ) = 2πkσ ˆx = σ 20 ˆ x,

que ´e um campo constante nas proximidades do disco, sendo 0 a permissividade el´etrica do

v´acuo.

Desta forma, um plano infinito tem m´odulo do campo el´etrico igual a E = σ/20 nas suas

(13)

7 Movimento num Campo El´etrico Uniforme Prof. Elvis Soares

6

Linhas de Campo El´

etrico

Vamos agora explorar uma maneira de representar o campo el´etrico pictoricamente. Uma maneira conveniente de visualizar padr˜oes de campo el´etrico ´e desenhar linhas curvas paralelas ao vetor campo el´etrico em qualquer ponto do espa¸co.

O vetor campo el´etrico ~E ´e tangente a linha de campo el´etrico em cada ponto. A linha tem uma dire¸c˜ao, indicada por uma seta, que ´e a mesma do vetor campo el´etrico.

O n´umero de linhas por unidade de ´area que atravessa uma superf´ıcie perpendicular as linhas ´

e proporcional a intensidade do campo el´etrico nesse regi˜ao. Ent˜ao, as linhas de campo est˜ao mais pr´oximas onde o campo el´etrico ´e forte e mais distantes onde o campo ´e fraco.

q – q

+ –

As regras para desenhar as linhas de campo el´etrico s˜ao as seguintes:

• As linhas de campo come¸cam em cargas positivas e terminam em cargas negativas. • O n´umero de linhas desenhadas ´e proporcional a intensidade da carga.

• Duas linhas de campo nunca se cruzam.

+ – + +

(14)

Prof. Elvis Soares 7 Movimento num Campo El´etrico Uniforme

Exemplo: El´etron num Campo El´etrico Uniforme

Consideremos duas placas met´alicas carregadas de maneira oposta e um el´etron de carga −e lan¸cado horizontalmente dentro da regi˜ao de campo el´etrico uniforme, conforme a figura.

( 0 , 0 ) E(x,y)v x y – – – – – – – – – – – – + + + + + + + + + + + + v0

Sabendo que a velocidade inicial do el´etron era v0xˆ

no instante de tempo t = 0, e que o campo el´etrico ~

E = E ˆy ´e uniforme, as acelera¸c˜ao, velocidade e posi¸c˜ao do el´etron em fun¸c˜ao do tempo s˜ao

~a = −eE myˆ ~v = v0x −ˆ eE mt ˆy ~ r = ~r0+ v0tˆx − 1 2 eE mt 2yˆ

Referências

Documentos relacionados

A autuada deverá ser informado de que a não interposição de recurso ocasionará o trânsito em julgado, sendo o processo remetido ao Núcleo Financeiro para cobrança da multa.. O

Preliminarmente, alega inépcia da inicial, vez que o requerente deixou de apresentar os requisitos essenciais da ação popular (ilegalidade e dano ao patrimônio público). No

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

A Faculdade de Medicina de Marília, torna pública a abertura de inscrições para seleção de candidatos ao Programa de Aprimoramento Profissional da Secretaria de

Projeto de Atuação de Ensino de Ciências e Biologia I: relaciona as diferentes tendências educacionais com a área específica e com a vivência educacional do aluno. Estuda conceitos

Perspectiva antropológica das danças tradicionais da Lousã-Beira Baixa : análise contextual, coreográfica e musical da Dança das Virgens, Dança dos Homens e Dança das Tesouras /

Escrevendo aos filipenses, Paulo descreveu seu farisaísmo como “irrepreensível” no que se refere à justiça que está na Lei (Fp 3.6). Isso significa que Paulo