ISSN: 0021-7557
assessoria@jped.com.br
Sociedade Brasileira de Pediatria Brasil
Dutra, Gisele F.; Kaufmann, Cristina C.; Pretto, Alessandra D.B.; Albernaz, Elaine P. Hábito de assistir a televisão e sua influência sobre a atividade física e o excesso de peso
infantis
Jornal de Pediatria, vol. 91, núm. 4, julio-agosto, 2015, pp. 346-351 Sociedade Brasileira de Pediatria
Porto Alegre, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=399741524007
Como citar este artigo Número completo Mais artigos
Home da revista no Redalyc
Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
www.jped.com.br
ARTIGO
ORIGINAL
Television
viewing
habits
and
their
influence
on
physical
activity
and
childhood
overweight
夽
,夽夽
Gisele
F.
Dutra
a,∗,
Cristina
C.
Kaufmann
b,c,
Alessandra
D.B.
Pretto
ae
Elaine
P.
Albernaz
a,daProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdeeComportamento,UniversidadeCatólicadePelotas(Ucpel),Pelotas,RS,Brasil bUniversidadeCatólicadePelotas(Ucpel),Pelotas,RS,Brasil
cFaculdadedeNutric¸ão,UniversidadeFederaldePelotas(Ufpel),Pelotas,RS,Brasil dUniversidadeFederaldePelotas(Ufpel),Pelotas,RS,Brasil
Recebidoem6deagostode2014;aceitoem12denovembrode2014
KEYWORDS Children; Cohortstudies; Physicalactivity; Sedentarylifestyle; Television Abstract
Objectives: Toassesstheprevalenceoftelevision(TV)viewinghabitsandtheirassociationwith childhoodsedentarylifestyleandoverweightin8-year-oldchildren,fromacohortinacityin SouthernBrazil.
Methods: Aprospectivecohortstudywithhospitalscreeningofallbirthsthatoccurredfrom Septemberof2002toMayof2003.Thisstudyreferstoacross-sectionalanalysisofdata collec-tedduringthecohort’sfollow-upconductedat8yearsofage.Toevaluatethelevelofphysical activity,aphysicalactivityquestionnaireforchildrenandadolescentswasused(PAQ-C),during theconsultationat8yearsofage.
Results: Ofthe616interviewedchildren,aprevalenceofsedentarylifestyle>70%wasfound, as wellas thehabit of watching TVfor more thantwo hours aday in60% ofthesample, regardlessofgender(p=0.30),income(p=0.57),orfamilysocioeconomiclevel(p=0.90).The daily time spent watching TV was inversely associated with physicalactivity (p<0.05) and positivelyassociatedwithexcessweight(p<0.01).Regardingphysicalactivity,runningwasthe mostfrequentlypracticedsportsmodalityamongthepopulation.
Conclusions: Consideringthehighprevalenceofsedentarylifestyleandchildren whowatch TV foranexcessiveperiod oftime, itisnecessary tomotivatesuch individualstoperform interactiveactivities,aswellaspromoteamoreactivelifestyle,bydecreasingthetimechildren spendinfrontoftheTV.
©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.11.002 夽
Comocitaresteartigo:DutraGF,KaufmannCC,PrettoAD,AlbernazEP.Televisionviewinghabitsandtheirinfluenceonphysicalactivity andchildhoodoverweight.JPediatr(RioJ).2015;91:346---51.
夽夽EstudofeitonoProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdeeComportamento,UniversidadeCatólicadePelotas(Ucpel),Pelotas,RS,Brasil. ∗Autorparacorrespondência.
E-mail:giselefd@yahoo.com.br(G.F.Dutra).
InfluenceofTVonexerciseandchildhoodweight 347 PALAVRAS-CHAVE Crianc¸as; Estudosdecoorte; Atividadefísica; Sedentarismo; Televisão
Hábitodeassistiratelevisãoesuainfluênciasobreaatividadefísicaeoexcesso depesoinfantis
Resumo
Objetivos: Avaliaraprevalência dohábito de assistira televisão(TV) e suarelac¸ão como sedentarismoinfantileoexcessodepesoemcrianc¸asaosoitoanospertencentesaumacoorte deumacidadedoSuldoBrasil.
Métodos: Estudodecoorteprospectivo,comtriagemhospitalardetodososnascimentos ocor-ridosentre setembro de 2002e maiode 2003. Opresente estudo refere-se auma análise transversaldosdadoscoletadosnoacompanhamentodacoorteocorridoaosoitoanos.Para ava-liaroníveldeatividadefísica,umquestionáriodeatividadefísicaparacrianc¸aseadolescentes foiusado(PAQ-C),duranteavisitaaosoitoanos.
Resultados: Nas616 crianc¸as entrevistadas,encontrou-se uma prevalênciade sedentarismo superiora70%eohábitodeassistiraTVporumperíodosuperioraduashorasdiáriasem60% daamostra,independentementedogênero(p=0,30),renda(p=0,57)ounívelsocioeconômico (p=0,90).Otempodiárioassistindoatelevisãoassociou-seinversamenteàpráticadeatividade física(p<0,05)epositivamenteaoexcessodepeso(p<0,01).Comrelac¸ãoàatividadefísica, corridafoiapráticaesportivamaisfrequentenapopulac¸ão.
Conclusões: Diantedaelevada prevalênciade sedentarismoe dejovensque assistem aTV porumperíodoexcessivo,faz-senecessáriooestímuloaatividadesinterativas,bemcomoa promoc¸ãodeumestilodevidamaisativo,comareduc¸ãodotempoquejovensdispensamem frenteàTV.
©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos reservados.
Introduc
¸ão
De acordo com dados da última Pesquisa de Orc¸amentos Familiares (POF), apopulac¸ãobrasileira, em todasas fai-xasetáriasapartirdoscincoanos,acompanhaatendência mundial de ganho de peso.1 Por outro lado, também na
populac¸ãodepré-escolares,dadosdaPesquisaNacionalde Saúde e Nutric¸ão (PNSN-1989) e das Pesquisas Nacionais deDemografiaeSaúdedaCrianc¸aedaMulher(PNDS-1996e 2006/07) apontamque oexcesso depeso aumentou dras-ticamente nos últimos 17 anos.2 Embora a proporc¸ão de
adultos obesos sejamaiordoque a decrianc¸as e adoles-centes,aprevalênciadeobesidadeinfantilcrescecontínua erapidamentenopaísetriplicounosúltimos20anos.1
A importância da prevenc¸ão da obesidade infantil é amplamentereconhecida, porémmuitasintervenc¸ões ten-dem a atingir apenas uma pequena parte da populac¸ão, especialmenteempaísesdesenvolvidos.Assim,estratégias deprevenc¸ãobaseadasnapopulac¸ãoprocuramapoiare faci-litaroaumentodaatividadefísicaedietasmaissaudáveis, porsetratardefatorespassíveisdeintervenc¸ão.3
Resultadossatisfatóriosnocontroledaobesidade infan-tiltêmsidopercebidospormeiodetáticasqueinvestemna reduc¸ão decomportamentos sedentários.4 Deacordo com
Santaliestra-Pasíasetal.,5crianc¸aseadolescentesocupam
grande parte do seu tempo de lazer com atividades de baixa intensidadeegastocalórico.Além disso,em estudo recente,Ghavamzadehetal.6evidenciaramrelac¸ãodireta
entre o hábito de assistir a televisão (TV) e o excesso de peso em adolescentes iranianos, independentemente daprática deatividade físicae do consumo dealimentos obesogênicos.
Poroutrolado,estudofeitoporGiammatteietal.7
evi-denciou que escolares mais sedentários consomem maior quantidadede refrigerantes e, por conseguinte,são mais obesos. Além disso, de acordo com Thivel & Chaput,8 o
tempo gasto em comportamentos sedentários é agravado pelaingestão excessiva decalorias. Dessaforma,o maior dispêndiodetempocomatividadesmenosvigorosas,como assistiratelevisão,usarcomputadorejogarvideogame,tem colaboradoparaoganhodepesodosadolescentes,umavez que a principal fisiopatologia desse distúrbio é o balanc¸o positivo na ingestão energética.9 Nesse sentido,Friedrich
etal.10sugerem,combaseemrevisãosistemática,que
pro-gramasdeintervenc¸ãonoâmbitoescolarpodemterefeitos positivosnareduc¸ãodotempoemfrenteàtela.
Dessaforma,oobjetivodesteestudo foiavaliara pre-valênciadohábitodeassistiratelevisão(TV)esuarelac¸ão comosedentarismoinfantileoexcessodepesoemcrianc¸as aosoitoanospertencentesaumacoortedeumacidadedo SuldoBrasil.
Métodos
Entresetembrode2002emaiode2003todososnascimentos hospitalaresocorridosnacidadedePelotasforam identifica-dos.Opresenteestudorefere-seaumaanálisetransversal dosdadoscoletadosnoacompanhamentodacoorteocorrido aosoitoanos.Detalhessobreametodologiaencontram-se descritosempublicac¸õesprévias.11,12
Nopresenteestudo,descreveram-seaspráticasde ativi-dadefísicanascrianc¸asaosoitoanos.Paraisso,foiusadoo questionáriodeatividadefísicaparacrianc¸aseadolescentes
(PAQ-C),13oqualcaracterizaoníveldeatividadefísicanos
sete dias anteriores a sua aplicac¸ão, que foi traduzido e adaptadoparaexcluiratividadesfísicaseesportivasnão pra-ticadasnoBrasil.14Oquestionárioécompostoporquestões
sobreapráticadeesportesejogos;asatividadesfísicasna escolaenotempodelazer,incluindoofimdesemana.Cada questão tem valor de1 a 5. O escore final é obtido pela médiadasquestões.Osescoresde1a5representam, res-pectivamente,ascategoriasmuitosedentário,sedentário, moderadamenteativo,ativoemuitoativo.Assim,podem-se classificarosindivíduoscomoativos(escore≥3)ou seden-tários(escore<3).Alémdisso,contémumaperguntasobre amédiadiáriadetempodespendidoemfrenteàtelevisão. Paraahomogeneidadedacoletadedados,os entrevis-tadores,previamentetreinados,receberamummanualde instruc¸ões.Aplicou-seo questionáriopadronizadoàsmães ouaoscuidadoreseàscrianc¸as,concernenteaaspectosda saúdeinfantil,incluindoafrequência,otipoeaintensidade daatividadefísicanaúltimasemana.Umaamostra aleató-riade10%respondeuaumquestionáriosintetizado,aplicado pelosupervisordotrabalhodecampo,comvistasaavaliar aqualidadeeaveracidadedasinformac¸õescoletadas.Para comparac¸ãodosresultados,usou-seocoeficientedeKappa (0,94).
Para o cálculo do tamanho da amostra do estudo de coorte, usou-se um nível de significânciade 95% e poder estatísticode80%eestimaram-seasexposic¸ões,que varia-ram entre15 e 80%e umrisco relativode2. Aotamanho inicialmente calculado acresceram-se 15% para possíveis perdas e controle dos fatores de confusão em potencial. Para a visita aos oito anos, tentou-se localizar todas as crianc¸asdosacompanhamentosanteriores,masdevidoaos novosobjetosdeestudoeaoelevadonúmerodeperdas fez--secálculoaposterioridopoderestatísticocomaamostra de616crianc¸as.Paraanálisedosprincipaisdesfechos ava-liados(sedentarismo,excessodepesoetempodespendido em frenteà TV), o poderestatístico foi superiora 80% e manteve-seumvaloralfade5%.
Foram analisadas as seguintes variáveis: demográficas (sexo da crianc¸a e idade materna em anos completos) e socioeconômicas(rendafamiliar,classeeconômicasegundo a Associac¸ão Brasileira de Empresas de Pesquisa [Abep]15
e escolaridade materna), paridade (número de filhos, incluindoodoestudo),situac¸ãomarital(viverounãocom companheiro)ecaracterísticasdacrianc¸a(idade gestacio-nal,pesoaonasceremgramas,estadonutricional,prática deatividade física e hábito deassistir a TV).Para carac-terizar a amostra estudada, foi feita análise univariada (frequência e percentual). Com o objetivo de verificar a diferenc¸anafrequênciadeatividadesfísicaseotempogasto emfrenteàTV,entreosgêneros,rendaeestratos econô-micosesuaassociac¸ãocomoexcessodepeso,efetuou-se análisebivariada,cruzaram-seosdesfechoscomas referi-dasvariáveis,pormeiodotestedequi-quadrado,eforam consideradossignificativosvaloresdep<0,05.
Osdadosforamduplamentedigitados noprograma Epi--Info6.0(EpiInfoTMHelpDeskCentersfor DiseaseControl and Prevention, EUA) para identificac¸ão e correc¸ão dos erros de digitac¸ão. A análise dos dados foi feita a partir dopacoteestatísticoSPSSparaWindows,versão21.0(IBM Corp.SPSSStatisticsforWindows,EUA).Oprojetode pes-quisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
CatólicadePelotaseapósreceberinformac¸õesdetalhadas sobreapesquisa ospaisouresponsáveisconcordaramcom aparticipac¸ãodascrianc¸asnoestudoeassinaramoTermo deConsentimentoLivreeEsclarecido.
Resultados
Dos3.449nascimentosocorridosnoperíododetriagemdo estudo, 81%(2.799)eramrecém-nascidoscujasmães resi-diamnacidadedePelotas.Desses,10tiveramaltaprecoce, 26 mãeseramHIV positivo(foramexcluídas,poisos obje-tivos iniciaisda coorte eramrelacionados ao aleitamento materno)e22recusaram-seaparticipardoestudo. Chegou--se a 2.741 bebês, dos quais se selecionou uma amostra aleatóriade30%,ou973bebês.
No acompanhamento feito aosoito anos, 616 crianc¸as foramentrevistadas,asquaisrepresentaram63,3%da amos-tra inicial. As perdas foram atinentes a cinco recusas, 17 óbitos, 93mudanc¸as para outrosestados ou cidades e 242enderec¸osnãolocalizados.Apesardasperdas,aamostra visitada aosoito anos nãomostrou diferenc¸as estatistica-mentesignificativasaosercomparadacomacoorteinicial. Verificou-sequepouco maisdemetadedaamostraera dosexomasculino,cercade60%assistiaaTVmaisdeduas horas pordiae 71%eramsedentárias.Outras característi-casencontram-senatabela1.Pode-seobservarqueataxa desedentarismofoimaiorentreasmeninas(75,3%)doque entre os meninos (67,4%) (p<0,05). Entretanto, foi inde-pendentedarenda(p=0,95)oudoestratosocioeconômico (p=0,78)enãoseassociouaoexcessodepeso,comRazãode Prevalências(RP)1,12eIntervalodeConfianc¸a(IC95%) 0,86-1,46;p=0,38(dadosnãoapresentadosemtabela).Ohábito de assistir aTV por umperíodo maiordo que duas horas por dia nãomostrou associac¸ão com o gênero dacrianc¸a (p=0,30),arendafamiliar(p=0,57)ouonível socioeconô-mico(p=0,90),masapresentouassociac¸ãoinversaàprática de atividade física (RP=0,78; IC95% 0,61-0,99; p<0,05). Além disso, associou-sepositivamente ao excessode peso (RP=0,83;IC95%0,73-0,95;p<0,01).
Notocanteàatividadefísica,nafigura1percebe-seque a corridafoiamaisfrequentena populac¸ão geral.A aná-liseporsexodemonstraqueessapráticatambémfoiamais prevalenteemambosossexos.
Emrelac¸ãoàparticipac¸ãoemcada atividadeconforme o gênero, futebol (p<0,01), basquete (p<0,01) e skate (p<0,01) foram praticados com frequência significativa-mente maiorentre os meninos doque entre as meninas. Nosexofeminino,danc¸a(p<0,01)evôlei(p<0,01)foram asatividadespraticadascommaiorfrequência(fig.2).
Discussão
A atividade mais praticada entre ambos os sexos nesta populac¸ãofoi acorrida,o que diferedoresultado encon-trado no estudo de Azevedo et al.,16 em adolescentes
tambémdacidadedePelotas,noqualamaioriarelatou pra-ticarfutebol.Naanálisedasatividadesmaisfeitasdeacordo comosexo,tambémacorridafoioesportemaispraticado tantopormeninoscomopormeninas.Esseresultadodiverge deestudosprévios,osquaisverificaramqueofuteboléa ati-vidadefísicamaisprevalentenosexomasculino,enquanto
InfluenceofTVonexerciseandchildhoodweight 349
Tabela 1 Características da amostra estudada, Pelotas
(RS),2011 Variável N % Rendafamiliara ≤1 85 13,8 1,01-3 308 50,0 3,01-6 144 23,4 >6 66 10,7 Ignorado 13 2,1
Classeeconômica(Abep)b
A1eA2 24 3,9 B1eB2 202 32,8 C1eC2 325 52,8 DeE 65 10,5 Idadematernac ≤25 52 8,4 26-35 311 50,5 >35 249 40,4 Ignoradod 4 0,6 Escolaridadematerna
Analfabeto/3asériefundamental 34 5,5 4asériefundamentalcompleto 176 28,6
Fundamentalcompleto 133 21,6
Médiocompleto 213 34,6
Superiorcompleto 53 8,6
Ignoradoe 7 1,1
Mãevivecomcompanheiro
Sim 480 77,9 Não 128 20,8 Ignoradoe 8 1,3 Númerodefilhos Um 143 23,2 Maisdeum 473 76,8 Idadegestacional <37semanas 66 10,7 ≥37semanas 550 89,3 Pesodorecém-nascido <2.500g 49 8,0 ≥2.500g 567 92,0
NúmerodehorasdiáriasqueassisteaTV
≤2horas 250 40,6
>2horas 366 59,4
Níveldeatividadefísica
Sedentário 439 71,2 Ativo 177 28,8 Excessodepeso Sim 231 37,5 Não 385 62,5 Total 616 100,0 a Emsaláriosmínimos.
b Classificac¸ão de acordo com a Associac¸ão Brasileira de EmpresasdePesquisa(Abep),enfatizaopoderdecompradas pessoas,semclassificá-lasemclassessociais.Classeeconômica Acompreendeaspessoascommaiorpoderaquisitivoeclasse econômicaEaquelascommenospoderdecompra.
c Emanoscompletos. d Óbitomaterno.
e Crianc¸asquenãomoramcomamãe.
100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
5 + vezes 1-4 vezes Nenhuma
Bicicleta Salto Playground Dança Ca ç ador Vôlei Basquete Natação Skate Ginástica Correr Futebol Esconder Caminhada
Figura1 Frequênciasemanaldediferentestiposdeatividade físicaaosoitoanos,Pelotas(RS).
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Meninos Meninas Bicicleta Salto Playground Dança Ca ç ador Vôlei Basquete Natação Skate Ginástica Correr Futebol Esconder Caminhada
Figura2 Percentualdediferentestiposdeatividadesfísicas deacordocomogênero,Pelotas(RS).
vôlei é o mais praticado pelas meninas.16,17 Entretanto,
neste estudo, ao analisar as atividades mais prevalen-tes em cada sexo, percebe-se que futebol foi praticado com frequência significativamente maior entre os meni-nos (p<0,01),da mesma formaque basquete(p=0,01) e skate (p<0,01). Por outro lado, o vôlei, que figurou nos estudossupracitadoscomoomaispraticadopelasmeninas, neste tambémfoi praticado com frequência significativa-mente maiorno sexofeminino, além dadanc¸a (p<0,01). ConvémressaltarquetambémnoestudodeAzevedoetal.16
a danc¸a foi das atividades maispraticadas pelas meninas e ficouatrás apenas dovôlei.Ainda deacordo comesses autores, essasdiferenc¸as entreo tipo de atividade prati-cadaconforme ogênero podemserexplicadas,em parte, por fatores culturais e sociais. A prática de futebol mais prevalenteentreosmeninosseriapelaforc¸adoesporteno país,enquantoqueovôleientreasmeninasestaria relaci-onadoaofatode,nopassado,existirumincentivomaiora essamodalidadedevidoaofatodenãohavercontatofísico entreospraticantes.16
Ofatodeacorridatersidooesportemaispraticadonesta amostrapodesedarpela menorvalidade doquestionário paraa nossacultura,uma vezque a conjuntura sociocul-turalinfluencia diretamentea práticadeatividade física, oque éumfatorlimitantedoestudo.14 Além disso,outra
limitac¸ãoéograndenúmerodeperdasemrelac¸ãoàamostra inicial.Mas,apesardisso, aamostravisitadaaosoitoanos foirepresentativa dapopulac¸ãooriginal. E nãoé possível descartarahipótesedequeaassociac¸ãoencontradaentre otempoassistindoaTVcomosedentarismoeoexcessode pesopossaserreflexodoviésdecausalidadereversa,jáque essasvariáveisforamcoletadassimultaneamente.
Emrelac¸ãoaotempodespendido assistindoaTV,cerca de 60% das crianc¸as gastam mais de duas horas diárias nessaatividade.Esse fatoépreocupante,pois, deacordo comaAcademiaAmericanadePediatria,18 crianc¸asdevem
assistiranãomaisdoqueduashoras diáriasdetelevisão. Alémdisso, divergedopropostopelaOrganizac¸ãoMundial daSaúde (OMS)com vistasà prevenc¸ão da obesidadeem crianc¸aseadolescentes,queimplica,entreoutraspráticas, a promoc¸ão deum estilo devida ativo, com restric¸ão do períododispensadoaotempodetela.19
Nesse contexto, estudos prévios já demonstraram a associac¸ãodiretaentreashorasgastasemfrenteàTVeo peso.20,21Essefatopodeestarassociadoàfaltadecontrole
dos pais sobre essehábito, o qual muitas vezes desperta a vontade das crianc¸as de adquirir guloseimas divulga-dasnaspropagandastelevisivas.22Em estudodesenvolvido
paraavaliarescolhasalimentaresdecrianc¸ase adolescen-tes expostos e não expostos a propagandas de alimentos veiculadas pela televisão, Mattos et al.23 demonstraram
que alimentos anunciados foram mais escolhidos do que osdemaisprodutos.Esse fatoé relevante,pois, emoutro estudoqueobjetivouanalisaraquantidadeeohoráriodas propagandasalimentíciasdifundidaspelatelevisão,os auto-residentificaram239propagandasem336horasdegravac¸ão e85%dessasdivulgavamprodutosfontedeac¸úcares,óleose gorduras,alémdatotalausênciadefrutasehortalic¸as.24
Afaltadeassociac¸ãoentretempogastoemfrenteàTVe sexo,nívelsocioeconômicoerendadivergedeestudos pré-vios. Vasconcellos etal.,25 ao avaliaro tempo detela de
escolaresdacidadedeNiterói (RJ),verificaramqueentre ogênerofemininosessapráticafoisignificativamentemais prevalente. Em relac¸ão ao nível socioeconômico, estudo anteriorevidenciouassociac¸ãopositivaentreessavariável eotempodetela.Deacordocomosautores,issosedeve, provavelmente,àdificuldade deacessodasclasses menos favorecidasa equipamentos eletrônicos.26 Por outro lado,
segundoKeihneretal.,27 ascrianc¸asdemenor renda
des-pendemmaistempoematividadescomoaassistirtelevisão quandocomparadascomaquelaspertencentesafamíliasde maiorrenda.
Aaltaprevalênciadesedentarismo(71,2%entre seden-tários e muito sedentários) verificada na populac¸ão pode ser explicada,em parte, pelo hábito de assistira TV por um período maior do que duas horas diárias, visto que se observou associac¸ão significativa e direta entreambos (p<0,05).Esse resultado é semelhanteao constatado por Hallaletal.,17quetambémencontraramassociac¸ãopositiva
entreessasvariáveisao avaliara prevalênciade sedenta-rismoefatoresassociadosem adolescentesde10-12anos em Pelotas.Corroborandoesses resultados,Babeyetal.28
tambémconstataramemseuestudoqueadolescentesmais envolvidos em atividades físicas gastaram menos tempo assistindo a TV ou usando o computador. Além disso, a associac¸ãoencontradanesseestudoentreoexcessodepeso e horas diárias assistindo a TVratificao resultado encon-tradoporVasconcellosetal.,25osquaistambémverificaram
associac¸ãodiretaesignificativaentreessasvariáveis.Além domais,corroboraopropostoporSantaliestra-Pasíasetal.,5
dequeareduc¸ãodotempodespendido em comportamen-tos sedentáriospodeserusada comoformadecombate à obesidadeinfantil.
Deacordocomosresultados,encontrou-seumaelevada prevalência desedentarismoe decrianc¸asque assistema TVporumperíodoexcessivo.Alémdisso,aassociac¸ãodesse hábitocombaixosníveisdeatividadefísicaecomoexcesso de peso na amostraestudadaratifica estudosprévios que demonstramarelac¸ãoentrecomportamentossedentáriose o excesso de peso infantil.20,21 Dessa forma,intervenc¸ões
que objetivemareduc¸ãodetaishábitospodemajudarno combateàepidemiadaobesidade.
Assim,faz-senecessáriooestímuloaatividades interati-vas,bemcomoapromoc¸ãodeumestilodevidamaisativo, comareduc¸ãodotempoquejovensdispensamemfrenteà TV,paraareduc¸ãodosedentarismoe,portanto,doexcesso depesonessapopulac¸ão.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
ÀFundac¸ãodeAmparoàPesquisadoEstadodoRioGrande doSul(Fapergs)eàUniversidadeCatólicadePelotas(Ucpel) pelaconcessãodebolsasdeiniciac¸ãocientíficaeao Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)pelaBolsadeProdutividadeemPesquisa(EPA).
Referências
1.Brasil.MinistériodoPlanejamento,Orc¸amento eGestão. Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística. In: Pesquisa de orc¸amentosfamiliares2008-2009:análisedoconsumoalimentar pessoalnoBrasil.RiodeJaneiro:IBGE;2011.
2.SilveiraJA,ColugnatiFA,CocettiM,TaddeiJA.Seculartrends andfactorsassociatedwithoverweightamongBrazilian pres-choolchildren:PNSN-1989,PNDS-1996,and2006/07.JPediatr (RioJ).2014;90:258---66.
3.World Health Organization. In: Population-based prevention strategiesforchildhoodobesity.ReportoftheWHOforumand technicalmeeting.Geneva:WHO;2009.
4.CampbellK,WatersE,O’MearaS,KellyS,SummerbellC. Inter-ventionsforpreventingobesityinchildren.CochraneDatabase SystRev.2002;(2):CD001871.
5.Santaliestra-PasíasAM,Rey-LópezJP,MorenoAznarLA.Obesity andsedentarisminchildrenandadolescents:what shouldbe done?NutrHosp.2013;28:99---104.
6.GhavamzadehS, KhalkhaliHR,AlizadehM.TVviewing, inde-pendentof physicalactivity andobesogenic foods, increases overweightand obesity inadolescents. J Health Popul Nutr. 2013;31:334---42.
InfluenceofTVonexerciseandchildhoodweight 351 7.GiammatteiJ, BlixG, MarshakHH, WollitzerAO, PettittDJ.
Television watching andsoft drink consumption: associations withobesityin11-to13-year-oldschoolchildren.ArchPediatr AdolescMed.2003;157:882---6.
8.ThivelD,ChaputJP.Foodconsumptioninchildrenandyouth: effectofsedentaryactivities.RevEpidemiolSantePublique. 2013;61:399---405.
9.EnesCC,SlaterB.Obesityinadolescenceanditsmain determi-nants.RevBrasEpidemiol.2010;13:163---71.
10.FriedrichRR,PoletJP,SchuchI,WagnerMB.Effectof interven-tionprogramsinschoolstoreducescreentime:ameta-analysis. JPediatr(RioJ).2014;90:232---41.
11.Mascarenhas ML, Albernaz EP, Silva MB, Silveira RB. Preva-lence of exclusive breastfeeding and its determiners in the first3monthsoflifeintheSouthofBrazil.JPediatr(RioJ). 2006;82:289---94.
12.FonsecaAL,AlbernazEP,KaufmannCC,NevesIH,FigueiredoVL. Impactofbreastfeedingontheintelligencequotientof eight--year-oldchildren.JPediatr(RioJ).2013;89:346---53. 13.CrockerPR,BaileyDA,FaulknerRA,KowalskiKC,McGrathR.
Measuringgenerallevelsofphysicalactivity:preliminary evi-denceforthePhysicalActivityQuestionnaireforOlderChildren. MedSciSportsExerc.1997;29:1344---9.
14.daSilva RC, Malina RM.Level ofphysical activity in adoles-centsfromNiteroi,RiodeJaneiro,Brazil.CadSaúdePública. 2000;16:1091---7.
15.Associac¸ão Brasileirade Empresas dePesquisa (ABEP).2008. Disponível em: http://www.abep.org. [Acessado em 1 abr 2013].
16.Azevedo MR, Araújo CL, Cozzensa da Silva M, Hallal PC. Tracking ofphysicalactivity from adolescenceto adulthood: a population-based study. Rev Saude Publica. 2007;41: 69---75.
17.HallalPC,BertoldiAD,Gonc¸alvesH,VictoraCG.Prevalenceof sedentarylifestyleandassociatedfactorsinadolescents10to 12yearsofage.CadSaúdePública.2006;22:1277---87.
18.AmericanAcademyofPediatrics,CommitteeonPublic Educa-tion. AmericanAcademyofPediatrics:children,adolescents, andtelevision.Pediatrics.2001;107:423---6.
19.WorldHealthOrganization(WHO).In:Population-based appro-achestochildhoodobesityprevention.Geneva:WHO;2012. 20.Rose D,BodorJN.Householdfood insecurityand overweight
statusinyoungschoolchildren:resultsfromtheEarlyChildhood LongitudinalStudy.Pediatrics.2006;117:464---73.
21.TassitanoRM,BarrosMVG,TenórioMCM,BezerraJ,HallalPC. Prevalênciaefatoresassociadosaosobrepesoeàobesidade em adolescentes, estudantes deescolas de Ensino Médio de Pernambuco,Brasil.CadSaúdePública.2009;25:2639---52. 22.RodriguesVM,FiatesGM.Hábitosalimentaresecomportamento
deconsumoinfantil:influênciadarendafamiliaredohábitode assistiratelevisão.RevNutr.2012;25:353---62.
23.MattosMC,NascimentoPC,AlmeidaSS,CostaTM.Influênciade propagandasdealimentosnasescolhasalimentaresdecrianc¸as eadolescentes.PsicolTeorPrat.2010;12:34---51.
24.SantosCC,StuchiRA,Arreguy-SenaC,PintoNA.Ainfluênciada televisão noshábitos,costumesecomportamento alimentar. CogitareEnferm.2012;17:65---71.
25.VasconcellosMB,AnjosLA,VasconcellosMT.Nutritionalstatus andscreentimeamongpublicschoolstudentsinNiterói,Riode JaneiroState,Brazil.CadSaúdePública.2013;29:713---22.Rio deJaneiro.
26.OliveiraTC,SilvaAAM,SantosC.deJ,SilvaJS,Conceic¸ãoSI. Physicalactivityandsedentarylifestyleamongchildrenfrom privateandpublicschoolsinNorthernBrazil.RevSaúdePúbl. 2010;44:996---1004.
27.KeihnerA,MitchellP,LinaresA,SugermanS.Low-income chil-drenfacehealthylifestylebarriers:topfactsfromCalifornia, 2009.Sacramento,CA:CaliforniaDepartmentofPublicHealth; 2011.
28.BabeySH,HastertTA,WolsteinJ.Adolescentsedentary behavi-ors:correlatesdifferfortelevisionviewingandcomputeruse. JAdolescHealth.2013;52:70---6.