• Nenhum resultado encontrado

ASPECTOS DA POLÍTICA MONETÁRIA RECENTE NO BRASIL*

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ASPECTOS DA POLÍTICA MONETÁRIA RECENTE NO BRASIL*"

Copied!
52
0
0

Texto

(1)

ASPECTOS D A POLÍTICA MONETÁRIA RECENTE NO B R A SIL *

Affonso Celso Pastore **

1. INTRODUÇÃO

O p re se n te tra b a lh o se propõe trê s objetivos distintos. P ro c u ra -se in ic ialm en te c o n s tru ir u m m odelo que p e rm ita a id en tificação das v a riá v eis d o m in an tes n a explicação do com ­ p o rta m e n to da ta x a de inflação a cu rto prazo e a obtenção de in fo rm açõ es re fe re n te s à dinâm ica de resp o stas da ta x a de in flação aos estím u lo s de cada u m a dessas variáv eis. M ostra- -se qu e a ta x a de crescim ento do índice g e ra l de preços depende de v aria çõ es p re se n te s e p assad as da ta x a de expansão m o n e tá­ ria, dos re a ju sta m e n to s salariais e cam biais, e que as defasa- g en s de resp o sta dos preços são re la tiv a m e n te longas. E m seguida, te n ta-se u m a avaliação de eficácia da política m one­ tá ria , id e n tifica n d o os in stru m e n to s utilizados p a ra a redução g ra d u a l de ex p an são m o n e tá ria ao longo do tem po. F in a lm e n ­ te, em p reen d e-se o delin eam en to de u m m odelo ex p licativ o p a ra o co m p o rtam en to d a o fe rta re a l de em préstim os a b an cá­ rio s in d ag an d o de que fo rm a tem sido possível co m p atib ilizar re d u ç ã o g ra d u a l da ta x a de expansão m o n e tá ria com a elev a­ ção co n tín u a do estoque re a l de em préstim os bancários.

* U m a versão p relim in ar deste tra b a lh o foi ap resen tad a no I E ncontro N acional prom ovido pela Associação N acional dos C entros de P ó s-G ra ­ duação em Econom ia, realizada em São Paulo, em novem bro de 1973. O a u to r agradece a sugestões ap resen tad as pelos Professores Lance Taylor, M iguel Angel B roda e R uben D. Almonacid. N enhum deles é responsável por fa lh a s a in d a existentes no presente trab alh o .

** Do In s titu to de Pesquisas Econôm icas d a Faculdade de Econom ia e A dm inistração da U niversidade de São Paulo.

(2)

8

2. A DINÂM ICA D A INFLAÇÃO

C o n tra ria m e n te a v á ria s sugestões recen tes, no sentido de q u e o co m p o rtam en to dos preços d e p e n d e ria m u ito pouco ou q u ase n a d a da evolução da o fe rta de m oeda, o m odelo que se segue é e s tru tu ra d o d en tro da trad iç ão da T eo ria q u a n tita tiv a d a m oeda (1), p artin d o -se d a h ipótese in ic ia l de que a dem anda de m oeda de longo prazo é u m a função estáv el da re n d a e do custo de r e te r m oeda, cu ja com ponente d o m in an te é a tax a e sp erad a de inflação, e que pode ser e x p ressa n a fo rm a

(2 . 1) m td = a E t + / ? y t

D evido a razões que logo ficarão visíveis, adm ite-se que m d e y esteja m ex p ressas em logaritm os, E t sendo a ta x a esp era­ d a de inflação.

A dm ite-se que a inflação esp erad a seja fo rm ad a p o r um processo de e x p ectativ as ad ap tad as, n a fo rm a (2)

(2.2) (1-bL) E t = (1-b) jtt-i

(1) Sim onsen (1970) ap resen ta evidências de que, em períodos recentes, a ta x a de inflação g u ard aria apenas um a correlação m uito tênue com a ta x a de expansão m netária, e procura e n fa tiz a r o papel dos m eca­ nism os de realim entação n a fixação do com portam ento dos preços. Por outro lado, M orley (1970) sugere que as tensões de custos seriam re ­ lativ am en te m ais im p o rtan tes em certas fases do que a inflação pro­ vocada pelo “puxão de d em an d a”

(2) T ra ta -s e do modelo proposto por C agan (1956), que perm ite a expres­ são da ta x a de inflação esperada em t como um a m édia móvel de pesos geom etricam ente declinantes das ta x as de inflação efetivam ente verificadas no passado, isto é:

oo í

E = 2 d - b ) b K

t j = o t-j-1

M u th (1960) dem onstrou que, sob certas hipóteses q uanto à especifi­ cação estocástica do modelo, a equação acim a produz o m elhor previ- sor p erm an ente das ta x as de inflação fu tu ras, no sentido de m inim i- zação do erro q uadrático médio da previsão.

(3)

9

onde L é u m o p erad o r de d efasagens (3), e Jtt = log P t — log P t-i é a ta x a de inflação atu al.

Se, a cada m om ento, a caixa re a l efetiv am en te re tid a fo r ig u a l à desejad a, o m odelo se co m p letaria apenas com as re la ­ ções (2.1) e (2 .2 ). E xistindo, outrossim , u m a d iferen ça e n tre as caixas reais a tu a l e desejada, pode-se-lhe in c lu ir u m a equação de a ju sta m e n to n a fo rm a d (2.3) m - m = ( 1-d) (m - m ) + g(;jl - t t -1 t t -1 t d (- 1-L) log M ) t

onde m t é o lo g aritm o da caixa re a l a tu a l (log M t — log P t) M? é caixa n o m in al desejada, e p.t = log Mt — log M t-i é a ta x a de expansão da o ferta de m oeda.

O processo de aju stam en to proposto em (2.3) envolve dois te rm o s distintos. No p rim eiro term o do segundo m em bro, su ­ põe-se u m a ju stam en to “N erlo v ian o ”, onde sem pre que o estoque re a l desejado fo r m aio r (ou m enor) do que o estoque re a l em t-i, a população ac u m u la rá (ou se liv ra rá de) caixa re a l em u m a proporção 100 (l-d )% do que deseja ac u m u la r (ou liv rar-se) no novo eq u ilíb rio de longo prazo. É m ostrado que q u a lq u e r a lteraç ão na demanda de longo prazo não se v e rific a rá im e­ d ia tam en te , desdobrando-se no tem po com defasagens d is tri­ buídas.

O segundo m em bro indica que sem pre que o crescim ento do estoque n o m in al a tu a l de m oeda su p e ra r o crescim ento do estoque n o m in al desejado, a população re te rá in icialm en te u m a proporção 100g% desse excesso v o lu n ta riam en te, livrando-se do estoque em excesso nos m om entos subsequentes. Pode-se

(3) L é um operador que desloca p a ra trá s o índice de tem po de qualquer

2

variável d a ta d a do modelo. Assim, L x = x L x — x , e assim

t t-1 t t-2

por diante. Todas as operações com diferenças fin itas podem ser re a ­ lizadas com o operador L, pois (1-L)xt = a xt e de um modo geral

(l-L )n — A n- A vantagem do uso desta notação deriva de se poder operar com m aior desenvoltura os modelos de defasagens distribuídas que se seguirão. U m a exposição d e talh ad a da álgebra de L em modelos de defasagens distribuídas é d ada em G riliches (1967) e D hrym es

(4)

10

p a r tir de u m a situação in icial de e q u ilíb rio com y e E co n stan ­ tes, e com m d = m, supondo que no m o m en to t a ta x a de cres­ cim ento da oferta, ^t, su p e re a ta x a de crescim ento do estoque n o m in al desejado ( 1-L) log M d, v o lta n d o am b as a se ig u a la r nos m om entos subsequentes. Logo no p rim eiro in sta n te , u m a proporção g da d iferen ç a (ptt - (1-L) log Md) se rá v o lu n ta ­ ria m e n te re tid a (com (1-g) Ht (1-L) log Md) sendo d e stin a ­ dos à elevação da d em an d a de títu lo s ou de b en s e serviços). No período su bsequente, te r-se-á m t-i > m d e o te rm o N erlo-viano de (2 . 3) m o stra rá como se faz a convergência p a ra o novo eq u ilíb rio (4).

P a r a períodos de tem po su ficien tem en te curtos, é possí­ v e l que a população re te n h a, a cu rto prazo, todo o excesso de m oeda in je ta d o n a econom ia, e n este caso p a rtic u la r g = l . P a ra períodos u m pouco m ais longos, deve-se e s p e ra r 0 ^ g ^ 1, e é claro q u e se o período de tem po fo r su ficien tem en te longo p a ra que todo o a ju stam en to seja realizado, ter-se-á g e d ten d en d o a zero.

U m a análise m ais p o rm en o rizad a do m odelo proposto, con­ so an te com paração dos resu ltad o s em píricos com os derivados de especificações a lte rn a tiv a s d a d em an d a de m oeda, é re a ­ lizada em o u tro tra b a lh o (5). Os resu ltad o s obtidos m o stram

(4) T ra ta -se do modelo de aju stam en to nos moldes do proposto por N er- love (1956). U m a form ulação semelhante» a essa é a u tilizad a por Chow (1966) com a diferença de que ele propõe, além do a ju stam e n to d eri­ vado do desequilíbrio en tre m e md, um segundo tipo de ajustam ento, proporcional à ren d a tran sitó ria, ficando sua equação de aju stam en to expressa n a fo rm a:

d T

m — m = (1-d) (m — m ) - f ky

t t-1 t t-1 t

T

onde y é a ren d a tra n sitó ria . A hipótese subjacente à presença de T

y n a equação de a ju stam e n to é de que o consum o seja um a função d a ren d a perm anente, e variações n a re n d a tra n sitó ria seriam conse­ q uentem ente poupadas e acum uladas, em p arte, n a form a de ativos m onetários. Chow en fatiza os aju stes em m t que derivam de variações n a s variáveis que explicam a dem anda de m oeda. A equação (2.3) in ­ clui tam bém um term o que rep resen ta um a hipótese no que se refere a como a população a ju sta m t quando as A utoridades M onetárias m a ­ nipulam a o ferta de moeda, gerando um desequilíbrio en tre os esto­ ques a tu a l e desejado.

(5)

11

ta m b é m que a equação (2 . 3) pode ser sim plificada no desígnio de to m a r a m an ip u lação do m odelo b em m enos com plexa, q u an d o se an alisam suas im plicações sobre a dinâm ica da in ­ flação.

De fato, a d em an d a pelo estoque n o m in al de m oeda pode se r ex p ressa n a fo rm a

log M* = log P t - aE t + p y t e

onde P t é o n ív e l esperado de preços (no m om ento em que se e sp era r e te r Md). A ta x a de v ariação do estoque n o m in al de­ sejado se rá d ad a p o r

( 1-L) log Mt = ( 1-L) log Pt a ( 1-L) E t + p ( 1-L) y t

Se as ta x a s de variação da re n d a re a l e da ta x a esp erad a de inflação forem desprezíveis, e adm itindo-se que a ta x a de v ariação do n ív e l esperado de preços é a p ró p ria ta x a de

infla-d

ção esperada, então (1-L) M t = E t, e a equação (2.3) pode ser re e s c rita n a fo rm a (6)

d

(2.3) m - m = (1-d) (m m ) g ([x - E )

t t -1 t t -1 t t

que é a expressão n a q u al ela se incorpora ao modelo.

As im plicações desse m odelo sobre a dinâm ica da inflação podem ser analisadas fechando-o com a equação q u a n tita tiv a , que ex p ressa n a fo rm a de tax as m o stra

(2.4) jtt = ji.t - (1-L) m t De (2.1) e (2.3) vem

(2 . 5) ( 1-dL) m t = - a ( 1-d) E t + p ( 1-d) y t + g ([xt - E t ) e u tilizan d o (2 . 2), obtém -se

(6) As condições de utilização dessa aproxim ação são desenvolvidas no apêndice.

(6)

12

é o d e te rm in a n te associado à m a triz dos coeficientes das v a riá ­ veis endógenas, sendo ta m b ém a equação ca ra cte rístic as das d u as equações a d iferen ça fin ita (2 .7 ) e (2 .8 ). C on seq u en te­ m e n te, é ad eq u ad a ao estudo das condições de estab ilid ad e do m odelo.

(7)

13

P a ra a an álise dos efeitos iniciais de m ovim entos em (jl o u y,

u tilizam -se os v alo re s dos polinôm ios que ap arecem nos n u m e ­ ra d o s de (2.7) e (2 .8 ), dados resp e ctiv a m en te por

A i (L) = p (1-d) - pb (1-d) L

A 1 (L) = g - ]gb + [a (1-d) + g] (1-b) \ L 2

B* (L ) = p (1-d) + p (1-d) (1 + b ) L — pb (1-d) L2

B* (L) = (1-g) — [b + d -g (1 + b )] L + b (d -g ) L2 No eq u ilíb rio estacionário, quando y e pi tiv e re m p e rm a ­ necido co n stan tes p o r u m período de tem po su ficien tem en te longo p a ra qu e todas as v ariá v e is te n h a m convergido p a ra o eq u ilíb rio (se ele fo r estáv e l), ter-se-á

1 1 1 1

A (1) A ( 1) B (1) B (1)

1 2 1 2

--- = (3 ; --- = - a ; --- = 0; --- = 1

P ( l ) P ( l ) P ( l ) P ( l )

o q u e significa que 1% de expansão m o n e tária conduzirá a 1% de inflação. U m a elevação d a re n d a que passe de u m n ív el co n stan te p a ra o utro a p re s e n ta rá seu efeito som ente no período in te rm e d iá rio , pois, no eq u ilíb rio ele se rá nulo, a caix a re a l (d esejad a ig u al à a tu a l) te rá se alterad o de - <* (x e de f3 m u l­ tiplicado pelo novo n ív e l de renda.

A estab ilid ad e do eq u ilíb rio d ep en d erá das duas raízes de P ( L ) , d ad as p o r

< jb + d + (l-b ) [ q (l-d ) + g] [ ± 2

± V Í b + d + í f b T " Ia (1-d) + g] P - 4 fb d + (1-b) [a (1-d) + g ] [

* — 2

e c la ra m e n te as ta x a s de inflação oscilarão ou não d ep en d en ­ do de

-{b + d+ (l-b ) [ a ( l - d ) + g ] p | 4 -|bd + (l-b ) [ a (l-d ) +

g]J-D esde qu e b e d esteja m contidos e n tre zero e um , a con­ dição de estab ilid ad e do m odelo é d ad a p o r (?)

b d + ( 1-b) [a (1-d) + g] < 1

(8)

14

A su b stitu iç ão em (2.7) e (2.8) dos v alo re s de P (L ) e

1 1 -

dos polinôm ios A . e B. p e rm ite m d ed u z ir a tr a je tó r ia d a ta x a de inflação de u m a posição de eq u ilíb rio p a ra a o u tra. O m o­ delo p e rm ite o cálculo dos efeitos iniciais e as tra je tó r ia s de jt e m , em resp o sta a deslocam entos em y e \x , e serão essas as equações u tiliza d as n a an álise qu e se segue.

3. EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

A d em an d a de m oeda ex p ressa p o r (2.5) foi estim a d a in te- ran d o sobre o coeficiente de e x p e c ta tiv a s ( 1-b ), n a fo rm a

m t = - [a ( 1-d) + y ] Et + £ ( 1-d) y t + g [xt + d m t-i + w t onde w . é o te rm o aleatório, suposto se ria lm e n te in d ep en d en te.

TA B ELA I

DEM ANDA DE MOEDA NO MODELO REVISTO

Valor de d - b ) C oeficiente Cons­ ta n te s E t Y t m t- i R 2 D W 0, 2 0,759 -0,691 (3.756) 0,130 (2.077) 0,847 (10.027) 0,605 (3.874) 0,950 1,354 0,3 1,202 -0,917 (5.075) 0,178 (2.986) 0,773 (9.494) 0,666 (4.585) 0,958 1,530 0,4 1,505 -1,059 (5.917) 0,185 (3.342) 0,736 (9.391) 0,676 (4.953) 0,962 1,814 0,5 1,464 -0,945 (5.904) 0,177 (3.233) 0,745 (9.580) 0,640 (4.736) 0,962 1,932 0,6 1,384 -0,854 (5.810) 0,165 (3.041) 0,760 (9.850) 0,607 (4.504) 0,962 2,031 0,7 1,277 -0,777 (5.607) 0,150 (2.772) 0,779 (10.128) 0,571 (4.211) 0,960 2,118 0,8 1,160 -0,706 5.472 (2.525)0,135 (10.488)0,800 (4.101)0,561 0,959 2,180 0,9 1,040 -0,645 (5.300) 0,120 (2.261) 0,821 (10.822) 0,553 (4.000) 0,959 2,233

N o ta: Os núm eros en tre parênteses logo abaixo dos coeficientes corres­ pondem aos valores do de S tudent.

(9)

15

A d ificu ld ad e do em prego do m étodo in te ra tiv o n este caso consiste n a p resen ça do estoque re a l defasado de m oeda como v a riá v e l in d e p en d en te no m odelo, o que to rn a R 2 b a s ta n te in ­ sen sív el às variações em ( 1-b ), não o b stan te in v a lid a r a ap lica­ ção do m éto d o .(8)

Os resu lta d o s estão ap resen tad o s n a ta b e la I. Como se v e­ rifica, todos os coeficientes são a lta m e n te significantes, e o R 2 p assa p o r u m m áxim o ap ro x im ad am e n te em torno de (1-b) = 0,4, qu e é tom ado como e stim a tiv a do coeficiente de ex p ectativ as.

C onstata-se in e x istire m razões p a ra r e je ita r a hipótese de q u e o eq u ilíb rio seja estável, e de q u e a convergência se p ro ­ cesse oscilatoriam ente.

N a ta b e la II e no gráfico I ap resen ta-se a tra je tó ria típ ica d a ta x a de inflação n u m a situação h ip o té tica em que a eco­ no m ia foi rem o v id a de u m a situação p ré v ia de equ ilíb rio , com ta x a s de inflação de 0% p a ra u m a nova situação em que a ta x a de expansão m o n e tá ria se m a n te n h a em 1%. A p a rte (A) do gráfico ap o n ta a tra je tó ria seguida pelas ta x a s de inflação.

(8) A equação que está sendo estim ada é:

m = — Ca d - d ) -f g] E + $ (1-d) y -j- dm _i_ g n

t t t t-1 t-1

De (2.2) pode-se exprim ir E t como um a m édia móvel dos valores pas­ sados de j i , com pesos geom etricam ente declinantes. Pode-se estim ar b pelo m étodo interativo, gerando p a ra cada valor de b variando en ­ tre 0 e 1 um a série de E t, e tom ando-se como estim ativa o valor de b que m axim izou o coeficiente de determ inação d a função. Pode-se p ro ­ v ar que esta será um a estim ativa de m áxim a verossim ilhança de b (ver C agan (1956)), em p a rtic u la r apêndice.

De (2.2) vem :

E = (1-b) jt + b E

t t-1 t-1

e substituindo esse valor n a relação acim a, obtém -se:

m = — [o (1-d) -f g ] (1-b) ^ — a (l-d )b E + Q (1-d) y +

t t-1 t-1 t

+ dm -f g n + W

t-1 t t

N a hipótese extrem a de b = 0, a ta x a esperada de inflação seria igual à ta x a atu al, e E t-1 desapareceria d a relação acim a. Se b fo r d ife­ re n te de 0, m as excluirm os E t-1 errad am en te d a função, devido à correlação e n tre Et_1 e m t. 1, esta ú ltim a variável c a p ta rá p a rte d a ex­ plicação devida a E . . , viesando a estim ativa de MQ do coeficiente de

*2 2

m ^ j, e viesando o R p a ra cima. Isso nos m o stra que o R d a fu n ­ ção, quando m t-1 está incluída explicitam ente no modelo, será re la ti­ vam ente insensível à in teração sobre b.

(10)

16

É necessário u m período e n tre 3 e 4 trim e s tre s p a ra que a ta x a de inflação p e la p rim e ira vez ig u ale a ta x a de ex p a n são m o n e tá ria , o qu e significa qu e os efeitos iniciais da o ferta d e m oeda sobre os preços são re la tiv a m e n te p equenos e o p eram

com b a s ta n te lentidão.

O m odelo ad m ite u m a “equação re d u z id a ” (ex p an d in d o -se os polinôm ios em L em (2.8)) que ex p rim e a ta x a a tu a l de in ­ flação em função das ta x a s passadas de expansão m o n e tá ria e de crescim ento da re n d a real, n a fo rm a

00 i 00 2

j t = 2 w [ x - £ 2 w ( l- L ) y

t j = o j t-j j ——o j t-j

onde os Wj são os “pesos” do m odelo im plícito de defasagens d istrib u íd a s e n tre jz (v a riáv e l d e p e n d en te ), e os v alo re s p as­ sados de jt e ( l- L ) y (v ariáv eis in d e p en d en tes). O p e rfil dos pesos dos v alo res passados de é o ap resen tad o n a ta b e la II e n a p a rte B do gráfico, v erificando-se que, a p a r tir de c e rta defasagem , com eçam a a p a re c e r pesos negativos.

T al re su lta d o é consistente com a ex istên cia de u m a de­ m a n d a de m oeda n eg a tiv a m e n te in c lin ad a com relação ao cus­ to de r e te r m oeda. S uponha-se u m a situação inicial, em que a ta x a de inflação estivesse em eq u ilíb rio (com a re n d a re a l co n stan te, e p o rta n to com pi = jt) ao n ív e l de 0% ao trim e stre . Se as A u to rid ad es M o n etárias reso lv erem a lte ra r m o m e n ta­ n e a m en te pt, p a ra 1% ao trim e stre , fix an d o -a n este novo n í­ vel, a população se m o stra rá re la tiv a m e n te ineficiente, d e in í­ cio, no sentido de se liv ra r dos ativos m o n etário s re a is em ex­ cesso, o que significa que a ta x a de inflação não re sp o n d e rá im ed ia tam e n te ao “excesso de liq u id ez” gerado pelas A u to ri­ dades M onetárias. D ecorrido alg u m tem po, contudo, o a ju s ta ­ m en to se processa e a ta x a de inflação com eça a se elev ar, a u ­ m e n tan d o o custo de r e te r m oeda, red u zin d o o estoque re a l de­ sejado de m oeda, e adicionando novas tensões inflacionárias.

Ao fin al do processo obter-se-ão, n ecessariam en te, u m a ta x a de inflação m aio r e u m custo m ais elevado de r e te r ativos m o n e­ tários, im plicando em que o estoque a tu a l (ig u al ao desejado no novo eq u ilíb rio ) seja m e n o r qu e n a situação a n te rio r de equilíbrio. P a ra que isso se suceda, em alg u m m om ento do tem p o a ta x a de inflação tem de su p e ra r a ta x a de expansão m o n e tária, p erm an ecen d o acim a desta pelo tem po n e c e ssá ria

(11)

17

TA B ELA II

PESOS DO MODELO IMPLÍCITO DE DEFASAGENS DISTRIBUÍDAS E TRAJETÓRIA DE jtt

D E FA SA G E N S

i i

jtt COM RELAÇÃ O A

pesos w j tra je tó ria de jt

0 0,324 0,324 1 0,316 0,640 2 0,311 0,951 3 0,273 1,224 4 0,211 1,435 5 0,135 1,570 6 0,055 1,625 7 -0,020 1,605 8 -0,083 1,522 9 -0,129 1,393 10 -0,155 1,238 11 -0,161 1,077 12 -0,149 0,928 13 .0,123 0,805 14 -*P,087 0,718 15 -0,046 0,672 16 -0,006 0,666 17 0,029 0,695 18 0,056 0,751 19 0,074 0,825 20 0,082 0,907 21 0,080 0,987 22 0,070 1,057 23 0,054 1,111 24 0,034 1,145 25 0,013 1,158

Nota: Os pesos e as tra je tó ria s fo ram calculados com os se­

g u in tes valores p a ra os coeficientes:

p = 0,701; g = 0,676; d = 0,736;

b = 0,600; a = (1-d) + g = 1,059.

p a ra que o estoque re a l a tu a l de m oeda decline ao n ív e l do n o ­ vo estoque desejado. Esse m ecanism o de aju sta m e n to p ressu ­ põe que a expressão e n tre a ta x a de inflação em t e os v alo res

(12)

18

passados em |x p ro d u za u m m odelo de defasag en s d istrib u íd a s com pesos negativos, os q u ais já fo ra m en co n trad o s p o r Diz (1970) p a ra a A rg e n tin a , e p o r P a sto re (1973.a) p a ra o B rasil.

G R A F I C O - i

T R A J E T Ó R I A DE n E P A D R A O D A S D E F A S A G E N S D I S T R I B U Í D A S

E N T R E TX E O S V A L O R E S P A S S A D O S D E \i

(13)

19

4. A INFLAÇÃO BRASILEIRA

É possível ex p lic a r a inflação b ra sile ira apenas em função das v ariá v e is m o n etárias? A té que ponto “o u tras cau sas” não m o n e tárias, como as v á ria s tensões de custo, fre q u e n te m e n te a lu ­ didas em discussões a resp eito da m a téria, podem ser to m a­ das como responsáveis p o r elevação do n ív e l g eral de preços?

E x iste u m certo consenso em que a ta x a de inflação no B ra ­ sil é in flu en ciad a, pelo m enos, po r trê s v ariáv eis adicionais: a) os re a ju ste s salariais de um modo g eral e do salário m ínim o em p a rtic u la r; b) os re a ju ste s cam biais; c) as contrações e expansões da o ferta agrícola; às quais pode-se adicionar u m a q u a rta v ariá v el, que deve in eg av elm en te te r assum ido im p o r­ tâ n c ia n a p rim e ira fase do p ro g ra m a de estabilização e que con­ siste n a liberação de alguns preços que ficaram congelados pela p rá tic a de re p rim ir a inflação.

r

A lgum as dessas v ariáv eis podem te r seus efeitos sobre jt quantificados, en q u an to que o u tras não. Em p a rtic u la r, dispõe- -se apenas de dados re fe re n te s às ta x a s de re a ju ste do salário m ínim o e da ta x a cam bial, todavia in ex istem inform ações con­ c ern e n tes ao an d am en to da o ferta agrícola trim e s tra l e à form a de processam ento da “inflação c o rre tiv a ” em visando a re a ju s ­ ta r os preços reprim idos.

A

D enom inando p o r jt a ta x a de inflação estim ada apenas em

A A

função das com ponentes m onetárias, isto é nt = jj.t — ( 1-L) m t, onde m t é a caixa re a l estim ad a n a relação (2 .5 ), pode-se co­ locar a p rc v a a influ ên cia das dem ais v ariáv eis pela relação

A

(4.1) Jtt = f (jtt, Ct, Wt) + Vt

onde w e c são as ta x a s de variação do salário m ínim o e da

t t

ta x a cam bial, resp ectiv am en te.

N a ta b ela III encontram -se resum idos os p rin cip ais re s u l­ tados. A p rim e ira relação m o stra a regressão sim ples e n tre as ta x a s trim e stra is de inflação, atu ais e estim adas. A segunda m o stra a m esm a relação, porém definindo-se jt como ta x a a n u a l de inflação ao fin al do trim e stre t.

(14)

20

TABELA I I I

TAXAS DE INFLAÇÃO OBSERVADAS E ESTIMADAS

Coeficientes Cons­ tan tes jt w c 2 R Dw V ariá­ vel D epen­ dente D efinição da tax a

E quação que deu origem a

0,028 0,668 — — 0,406 2,407 Jt trim e stra l (19) com (1-b) = 0,4

(5,782) a n u al em

fim de

0,015 0,966 — — 0,901 1,180 Jt trim estre (19) com (1-b) = 0,4

(21,094) A

0,031 0,607 — — 0,405 J t trim estra l (19) com (1-b) = 0,4

(5,782) A

0,031 0,479 0,151 — 0,577 Jt trim estra l (19) com (1-b) = 0,5

(5,091) (4,417)

0,022 0,494 0,126 0,120 0,648 2,070 JtA trim estra l (19) com (1-b) = 0,5

(5,694) (3,893) (3,080)

N o ta: Os núm eros en tre parênteses logo abaixo dos coeficientes são os v a­ lores do T de stu d en t

n = 51

A

C onstata-se que o coeficiente de regressão e n tre jt e jt cai abaixo da unidade, e som ente pela rd u ção d a significância a abaixo de 5%, é que o in te rv a lo de confiança p a ra o coeficiente de reg ressão co n terá a u n id a d e (no caso das ta x a s trim e stra is a p e n a s ).

A s duas ú ltim as relações da ta b e la m o stra m a introdução da ta x a de salários e da ta x a cam b ial e x p lic itam e n te no m o­ delo. É verificado o com parecim ento de am bas com coeficieru tes a ltam en te significantes, o que d em o n stra a in ex istê n cia de razões p a ra r e je ita r a hipótese de qu e pelo m enos estas duas v ariá v eis ex erçam in flu ên cia sobre a ta x a de inflação.

D estarte, o p o d er exp licativ o do m odelo p a te n te ia u m e n ri­ q uecim ento su b stan cial a tra v é s da inclusão dos salários e do

(15)

21

câm bio, logrando-se a tin g ir u m a descrição b a s ta n te su p e rio r d o co m p o rtam en to da ta x a de inflação (9>.

i E m v irtu d e das auto-alim entações do m odelo, evidencia-se ta m b é m qu e o efeito de u m re a ju sta m e n to sa larial ou cam b ial sobre a ta x a de inflação se ap rese n ta desdobrado p o r v ário s m o m en to s do tem po. De fato, podç-se re e scre v er (2.4) n a fo rm a :

(4.2) ftt — [^t — ( 1"D) m t + crt onde:

(4.3) at — &1 w t + a 2 ct + e t

é u m a com binação lin e a r dos efeitos das dem ais v ariáv eis que in flu en ciam n a ta x a de inflação, e estim ativ as dos coeficientes ai e a2 são a p resen tad as n a ta b ela III. O sistem a form ado po r

(4.2) e (4.3) pode ser expresso n a form a m atricial, obtendo-se:

f (1-dL) (1-bL) (1-b) [a (1-d) + g] L

(l-L )

<9) R econhece-se que a introdução de w e c no modelo se realizou de for­ m a ad-hoc, sem um a especificação do modelo que m ostrasse as hipó­ teses referentes aos m ecanism os através dos quais se observa a in ­ fluência desses reaju stes sobre os preços. T al form alização se pode­ ria te r in ten tad o por diversas vias, figurando-se como a m ais a tra e n te a sugerida por H arberger (1966), lem brando que, em um modelo de equilíbrio geral em que existam variáveis reais (a renda, por exem ­ plo) e nom inais (o nível geral de preços, por exemplo) como variáveis endógenas, e variáveis nom inais (oferta de moeda, salários e ta x a cam ­ bial) como exógenas, a “form a reduzida" do modelo gozará da p ro ­ priedade de a p re se n ta r equações hom ogêneas de grau um, exprim indo as endógenas nom inais em função das exógenas, e hom ogêneas de g rau zero, exprim indo as endógenas reais em função das exógenas. Neste caso, a relação (4.1) poderia ser in te rp re ta d a como um a das equações reduzidas do modelo, verificando-se que a soma das três elasticidades com relação a variáveis nom inais não cai m uito abaixo d a unidade, não se rejeitan d o a hipótese de que a relação é homogê­ n ea de grau um.

(16)

22

f p ( 1-d) ( 1-dL ) ( 1-bL ) 0 ] f Y« 1

I I I

q u e p e rm ite e n c o n tra r a expressão p a ra a ta x a de inflação d ad a por:

1 1 1

P (L ) jt = B (L) y + B (L) [x + B (L ) o

t 1 t 2 t 3 t

onde todos os polinôm ios já fo ram definidos a n te rio rm e n te , com excessão de (L) que é:

ó

1

(4.4) B (L) = 1 - (b + d) L + b d L 2 3

N ota-se facilm en te que P ( l ) / B 3 (1) = 1, o que indica que o efeito fin a l dos salários e do câm bio sobre jt será dado, em cada caso, pelo coeficiente resp ectiv o da relação (4 .1 ). E n tre ­ tan to , u m a alteraç ão n a ta x a de salários ou de câm bio provoca­ r á efeitos sucessivos, no tem po, sobre a ta x a de inflação, cuja tra je tó ria pode se r facilm en te calculada, ceteris p arib u s, por

1

(4.5) P ( L )jt = B (L) a

t 3 t

No gráfico II ap resen ta-se o p ad rão típico dessa tra je tó ria , utilizan d o como coeficientes os estim ados n a relação (2 .5 ).

C onstata-se o im pacto in icial do re a ju s te de custos sobre a ta x a de inflação, a q u a l todavia, em conseqüência da auto-ali- m entação provocada pelo efeito sobre as ex p ecta tiv a s, persiste ain d a positiva em alg u n s m om entos p o sterio res do tem po. P o sterio rm en te, passa a oscilar em to rn o de zero (supondo-se que zero fosse a ta x a de eq u ilíb rio in icial da inflação e que n ad a se te n h a a ltera d o com relação às dem ais v a riá v e is), con­ v erg in d o p a ra o equilíbrio.

(17)
(18)
(19)

25

U m a sucessão de choques pode p ro d u zir um efeito acen ­ tu a d o , não som ente no m om ento em que cada u m deles ocorre, m a s em alg u n s m om entos sucessivos do tem po, configurando, d e sta feita, o caso de u m a inflação co rretiv a, em que se lib e ra m os preços a n te rio rm e n te reprim idos. Se a inflação re p rim id a fo r su b stan cial, a econom ia certa m e n te d e v e rá e n fre n ta r u m processo in flacio n ário “au tô n o m o ”, o que se fa rá m ed ian te ele­ vações da ta x a de inflação em períodos sucessivos, e não apenas no qu e re g istro u a correção dos preços reprim idos.

No G ráfico III ap resen ta-se a com paração e n tre os v alo res a tu a is e estim ados, ta n to p a ra a ta x a de inflação como p a ra o esto q u e re a l de m oeda. C onstata-se com facilidade tra ta r-s e de u m m odelo b a sta n te poderoso, que p erm ite a apreensão dos g ran d e s m ovim entos das duas v ariáv eis endógenas.

5. ASPECTOS D A ESTRATÉGIA DE ESTABILIZAÇÃO

U m a conclusão im p o rta n te que decorre da análise a n te rio r é a que estabelece que a ta x a de expansão m o n e tária a tu a so­ b re a ta x a de inflação com defasagens re la tiv a m e n te longas. A s estim ativ as indicam que a u m a elevação da ta x a de expansão m o n e tá ria de um n ív el con stan te p a ra outro, seguir-se-á u m crescim ento da ta x a de inflação, a qual, contudo, re q u e re rá a p ro x im a d a m e n te u m ano p a ra a tin g ir pela p rim e ira vez a m a g n itu d e da nova ta x a de crescim ento da o ferta de m oeda, e alg u n s anos p a ra co n v erg ir p a ra o equilíbrio. A inda que não se deseje d isp u ta r a rd u am en te a precisão das defasagens esti­ m a d as (10), ex istem evidências de que tais defasagens são b as­ ta n te longas, fato esse que se constitui no p rin cip al responsável p ela verificação de ciclos de am p litu d e re la tiv am e n te g ran d e n a velocidade ren d a e n a p ró p ria caixa real, quando provoca­ dos p o r alteraçõ es a b ru p ta s e sensíveis da ta x a de crescim ento do estoque m onetário.

U m a elevação n a ta x a de expansão m onetária, au m en tan d o a caixa re a l a tu a l acim a do n ív el a n terio r, p ro v o cará in icialm en ­

<10) As análises de G riliches (1967) apresen tam a “defasagem m édia” e a “variân cia da distribuição de defasagens” como altam en te sensíveis a valores estim ados dos coeficientes do modelo, bem como a possibi­ lidade de o perfil dos pesos dos valores passados da variável in d e­ pendente se a lte ra r de form a significativa. U m a análise da sensibi­ lidade dos pesos à form a especificativa das funções, no contexto de modelos de dem anda de moeda, é realizada por P astore (1974).

(20)

26

te alg u m “e n te so u ra m e n to ”, o q u e significa q u e a população ta r ­ d a rá em ~in& iar o processo de liv ra r-se dos ativ o s m o n e tá rio s em excesso s&bré' os desejados a longo p razo em fu n ção de y e E. Esse fenôm eno p ro d u z u m a defasag em de resp o sta n a ta x a de inflação, qu e to m a u m certo período de tem p o a té in ic ia r su a tr a je tó r ia ascen d en te. A o u tra d efasag em q u e a tu a no sistem a éiig erh d a p ela ta x a de in flação esp erad a, q u e som ente respondé cb ih -'retard o a v ariaçõ es n a ta x a a tu a l. A com bina­ ção de am bos os re ta rd a m e n to s o b serv a u m a tr a je tó ria de je em reação a [i, que deve re p ro d u z ir ap ro x im a d am e n te os padrões analisados n a s seções an terio re s.

E m s e J iniciando u m a inflação a b e rta , é m u ito p ro v áv el qu e a ta x a a e in flação cresça ab aix o do n ív e l d a ta x a de ex ­ pansão m o n etária. P o ste rio rm e n te as e x p e c ta tiv a s com eçam a se r re v ista s e a população liv ra -se dos esto q u es m on etário s re tid o s a^ q q rjo ;p ra z o e, no caso de as A u to rid a d e s M onetárias p ro ced e re m a u m a red u ção no crescim en to da ta x a de expansão m o n etária, a tra v é s de su a e v e n tu a l estabilização, reg istrar-se-á, em alg u m período fu tu ro , u m a su p era ção da ta x a de expansão m o n e tá ria £ p ela ta x a de inflação. T a n to em fases como essa, como em p erío d o s em q u e a ta x a de ex p an são m o n e tá ria se red u z sem que a ta x a d e in flação r e a ja im e d iatam e n te, as A u­ toridades^ M o n etárias podem se r p re sa s d a ilusão de que a o fer­ ta de m oedai n ã o d esem p en h a q u a lq u e r p ap e l n a d eterm in ação da ta x a de in fla ç ã o e diagnosticá-la como u m a inflação de custos.

t-E m rã z á d r da te n d ên cia g en eralizad a dos G overnos em co m b ater sC !m flação a tra v é s de suas m an ifestaçõ es e não de suas causks, g uase sem p re ocorre que, em alg u m período do tem po, a inflfação a b e rta com eça a ser rep rim id a , o que se faz p o r m eio dó* controle de v ário s preços (em g e ra l dos pro d u to s m ais “políticos*’ ou de m aio r pond eração em alg u n s índices que se acre d ita m eçam a inflação). É claro qu e esse procedim ento a c a rre ta u ip a distorção nos preços re la tiv o s e g era ineficiências, de onde ,-se in fere que, em alg u m ponto do tem po, essa inflação rep rim id a te m de se r ab so rv id a p ela econom ia.

No m om ento em qu e o G overno se propõe a e n fre n ta r o program â; de estabilização, d e v e rá a b so rv e r a in flação re p ri­ m ida, lib eran d o os preços a té en tão controlados e geran d o o qu e se convencionou c h a m a r de inflação co rretiv a . P ode-se acom ­ p a n h a r, com o au x ílio do gráfico IV as situações passíveis de o co rrên ciá nesse caso.

(21)
(22)

28

O gráfico IV -A re p re se n ta as e s tra té g ia s g ra d u a lista s e de tra ta m e n to de choque poupando à econom ia a necessidade de ab so rv e r a inflação re p rim id a . P a rte -se de u m a situação em que a ta x a de expansão m o n e tária esta v a e stab iliza d a em |x0, com a ta x a de inflação no m esm o n ív e l (supondo, p a ra sim plifi­ car, a re n d a re a l co n stan te ). A tra je tó r ia de (M /P ) e jt é ap re ­ se n tad a no gráfico e n tre os pontos a e b, com a ta x a de in fla­ ção e a caixa re a l seguindo u m p a d rão cíclico ap ro x im ad o ao do gráfico. Se as A u to rid ad es M o n etárias o b tiv e re m su sten ­ ta r [x no novo n ív e l pti p o r u m período su ficien te m en te lo n ­ go, lograr-se-á a redução da ta x a de inflação, porém , com o p reju ízo de g ran d es flu tu açõ es cíclicas n a caix a real. A e s tra ­ tég ia g rad u alista im plica em reduções a pequenos degraus, es­ perando-se que a ta x a de inflação a p ro x im a d a m e n te convirja p a ra cada ta x a de eq u ilíb rio an tes de p a r tir p a ra u m a nova redução. O processo de redução da ta x a de inflação se desen­ v o lv erá m ais le n tam en te , e n tre ta n to , as oscilações em (M /P ) serão n itid am e n te m enores.

O gráfico IV-B a p re sen ta p rim e ira m e n te o tra ta m e n to de choque em u m a econom ia que te m de ab so rv e r a inflação r e ­ prim ida. Se as A u to rid ad es M o n etárias p rim e ira m e n te libe­ ra re m os preços reprim idos, a ta x a de inflação se elev ará, de­ clinando m o m en tan eam en te a caix a real. D uas a lte rn ativ a s podem se d a r n este caso. N a p rim eira , a ta x a de expansão é m a n tid a no m esm o n ív e l jc0, esperando-se que a ta x a de in ­ flação co n v irja p a ra o eq u ilíb rio em to rn o do ponto a'. Nes­ te caso, ocorrerão alg u n s ciclos de liquidez, que podem , con­ tudo, ser aten u ad o s desde que a inflação re p rim id a v en h a a se ab so rv e r em período re la tiv a m e n te m ais longo. N a segunda a lte rn a tiv a , as A u to rid ad es M o n etárias p ro ced eriam à inflação co rretiv a, porém , n a te n ta tiv a de e v ita r u m a elevação ainda m aio r da ta x a de inflação, re d u z ira m a ta x a de expansão m o­ n e tá ria p a ra [Xj, com n e (M /P ) devendo oscilar em to rn o de b* O gráfico m o stra a tra je tó ria seguida p o r jt e (M /P ), v e rifica n ­ do-se que os ciclos nessas duas v a riáv eis são de am p litu d e bem m aior.

E nten d e-se que a inflação c o rre tiv a não pode se r aliada ao choque m onetário, devendo o G overno a n te s de tu d o ab so r­ v e r toda a inflação re p rim id a p a ra p o ste rio rm e n te p assar à redução g ra d u a l da ta x a de inflação.

(23)

29

6 . A OFERTA MONETÁRIA

A inscrição da o ferta m o n e tá ria n a q u alid ad e de elem en to im p o rta n te p a ra a explicação do com portam ento das ta x a s de in flação no B rasil im põe o estudo das causas do expansão m o­ n e tá ria , b em como dos in stru m e n to s utilizados pelo G overno p a ra seu controle. Inicialm ente, contudo, faz-se m ister u m a ex p licitação de alguns aspectos in stitu cio n ais que provocam , no caso b rasileiro , u m a definição de base m o n etária d iv ersa da en c o n trad a n a m aio ria dos dem ais países, e que não ad e q u ad a­ m e n te apreciada, a lte ra rá su b stan cialm en te o resu ltad o da a n á ­ lise que se segue (11).

Em m oldes diversos à m aioria dos países, em que a criação de m oeda a tra v é s da expansão de depósitos apenas se pode re a liz a r pelos Bancos Com erciais, no B rasil essa função é e x e r­ cida, sim u ltan eam en te, pelos Bancos C om erciais e pelas A u to ­ rid ad es M onetárias. Esse fato se explica a p a rtir da form a p ec u lia r que p resid iu à organização do conjunto das A u to rid a­ des M onetárias no país, com posto pela superposição de duas in stitu içõ es bancárias: o Banco do B rasil, que é sim u ltan eam en ­ te u m banco com ercial com um e o agente financeiro das A u ­ to rid a d e s M onetárias, e o Banco C entral.

U m a vez que as A u to rid ad es M onetárias recebem depósitos d ire ta m e n te do público (no Banco do B rasil), às exigibilidades m o n e tárias das A utoridades, detidas pelo público, deve-se acres­ c e n ta r esse m o n ta n te p a ra efeito de constituição do que se con­ vencionou d en o m in ar “base m o n e tá ria ”, a q u ai re su lta conse­ q u en te m e n te da som a dos depósitos do público no Banco do

BB BC

B rasil, D , da caixa p ró p ria dos bancos com erciais, Ri , das rese rv a s v o lu n tá rias dos bancos com erciais depositadas no B anco do B rasil, R 2, das rese rv a s com pulsórias em m oeda, R 3, e fin a lm en te do saldo do papel m oeda em poder do público, Mp, isto é:

BB BC

(6 .1 ) B r=r D + R + R + R + M

2 3 1 p

<11) Os argum entos desenvolvidos nesta seção resum em as idéias a p re­ sen tad as em outro trabalho, no qual se desenvolve um modelo expli­ cativo do com portam ento da o ferta m onetária no Brasil. Ver a esse respeito P asto re (1973).

(24)

30

Do p onto de v ista operacional, é esse o to ta l so b re o q u al e fe tiv a m e n te as A u to rid ad e s M o n etárias e x e rc e m controle. Em o u tro s term os, con tro lad o o to ta l d as aplicações (ou o ativo do B alanço C onsolidado d as A u to rid a d e s M o n e tá ria s), estab elecer- -se-á a fixação do to ta l das ex ig ib ilid ad es m o n e tárias, in d ep en ­ d e n te m e n te de como ev o lu a a su a com posição.

D enom inando p o r B a “b a se ” e p o r m o m u ltip licad o r, po­ de-se e x p rim ir

(6.2) M = m B

onde M e stá designando a o fe rta de m oeda e m o m u ltip licad o r m onetário.

A expressão p a ra o m u ltip lic a d o r pode se r o b tid a n a defi­ nição m ais sim ples de m oeda, isto é,

(6 .3 ) M = M + D

' ' p V

onde Mp corresponde ao saldo do p a p e l m oeda em p o d er do público e D* ao saldo dos depósitos a vista. E la é d ad a po r

_ (h + a ) ( 1+ b )____________ m r T + r c ( 1 — 9 ) + b + h (1+ b)

onde r v e r c definem as ta x a s de re se rv a s v o lu n tá ria s e com pul­ sórias, resp ectiv a m en te, 0 é a p ro p o rção dos depósitos com pul­ sórios, qu e podem se r recolhidos em títu lo s g o v ern am en tais, b é a relação e n tre os depósitos do público n o B anco do B rasil e nos Bancos C om erciais, h é a prop o rção de caix a d a população (a relação e n tre o p ap el m oeda em p o d er do público e o to ta l dos depósitos), e a é a relação e n tre depósitos a v ista e depósi­ tos a prazo (12).

N este m odelo podem se r catalogados como in stru m e n to s de política m o n e tá ria as v ariá v e is B, 0 e r c, q u e se fazem objeto de u m a ação d ire ta p o r p a rte do B anco C e n tral. A propensão p o r p a rte do público no sentido de d e p o sita r no B anco do B rasil b não pode se r d ire ta m e n te in flu en c iad a, co n q u an to p assív el de alg u m a m an ip u lação p o r p a rte das A u to rid ad e s M onetárias.

(12) A dedução porm enorizada dessa expressão pode ser en co n trad a em P asto re (1973. b), págs. 1007 a 1012.

(25)

31

Os d em ais coeficientes, r v, a e h dep en d em do co m p o rtam en to dos bancos e da população.

F ix ad o o v e to r dos in stru m e n to s sob controle, e p ro je ta n - do-se os v alo res dos coeficientes que d ependem do co m p o rta­ m en to da população, obtém -se a previsão do n ív e l da o ferta n o m in a l de m oeda.

P a rtin d o da relação (6 . 2), pode-se escrever

1 dM 1 dm 1 dB

M d t m d t ^ B d t

q u e decom põe a ta x a de v ariação da o ferta de m oeda n a ta x a de v aria ção d a base m o n e tá ria e do m u ltip lic ad o r (13).

Os dados dispostos no gráfico V m o stram as ta x a s de v a ria ­ ção da base m o n e tária do estoque de m oeda (n a definição m ais e stre ita , ex cluindo depósitos a prazo) e do m ultip licad o r.

V erifica-se que, em b o ra as variações devidas ao m u ltip li­ cad o r não sejam ab so lu tam en te desprezíveis, é in d u b itáv e l que a com ponente d o m in an te da ta x a de expansão m o n e tá ria con­ siste n a ta x a de v ariação da base m o n etária. A expansão de 1965, q u alificad a como excessiva, deveu-se essencialm ente ao co m p o rtam en to da base m o n etária, visto que, nesse ano em p a rtic u la r, as flu tu açõ es do m u ltip licad o r fo ra m b a sta n te pe­ quenas. D a m esm a form a, a contração n a ta x a de expansão m o n e tá ria v erifica d a em 1966 estev e fu n d am e n talm en te ligada ao co m p o rtam en to da base, e n a m edida em q u e as A u to rid ad es m a n te n h a m controle efetivo sobre esse to tal, não cabem d ú v i­ d as de q u e se tra ta sse de u m ato deliberado de política econô­ m ica.

J á a expansão de 1967 pode, em la rg a m edida, se r a trib u íd a ao co m p o rtam en to do m u ltip licad o r, q u e nesse período, e n tre ­ ta n to , é d eterm in ad o fu n d a m e n talm e n te pela p o lítica de re se r­ v as com pulsórias, cujo controle p ro v ém das A u to rid ad e s M o­ n e tá ria s (14).

(13) Essa decomposição é válida p a ra acréscim os infinitesim ais, enquanto que, obviam ente p a ra os cálculos práticos, aparecerá um erro que re ­ presentam os n a tab ela IV pelo term o “in teração ”.

(26)

g r a ' f ic o V D E C O M P O S Ã O OA T A X A T R IM E S T R A L DE E X P A N O M O N E T A 'R IA

(27)

33

Q uais as causas do crescim ento da base m o n e tária?

Q uais os m ecanism os de controle colocados em ação em v á ­ rio s m om entos do T em po? A ssum e im p o rtâ n cia p a ra fins dessa av aliação u m a análise aplicada aos iten s do A tivo do B alanço C onsolidado das A u to rid ad e s M onetárias, que tra ç a m a evolução d as p rin cip a is contas responsáveis pelo com portam ento da base m o n e tária. P arte-se de

n

B = % Bj

j = l

onde B é o to ta l da base e cada Bj re p re se n ta u m a das possí­ veis aplicações (as v á ria s contas do “A tiv o ” do B alanço Conso­ lidado) .

É possível decom por a ta x a de variação da base n a fo rm a

dB

1 dB n 1 j

= 2 ô (— )

B d t j = l j B d t

j

onde bj = B j/B é a p articip ação de cada aplicação no to ta l da base, e cada term o ôj(1/Bj) (d B j/d t) assinala a co ntribuição de cada u m a das aplicações n a expansão to ta l da base. A única inform ação p o rtan to , n ecessária p a ra a avaliação das causas do crescim en to econôm ico da base m o n e tária reside ev id en te m en te n a m o n tag em de u m a ta b ela com preendendo tais contribuições, período a período.

T ra ta r-se -á de esclarecer rap id a m e n te o significado das p rin cip ais contas, pois esses valores d iferem dos encontrados no B alanço C onsolidado das A u to rid ad es M onetárias, que segue u m a o u tra sistem ática de agrupam ento.

a . D éficit de C aixa do T esouro N acional: R ep resen ta o saldo líquido das operações de C aixa do G overno F ed eral, con­ sisten te n a d iferen ça líq u id a e n tre operações de R eceita e D es­

(28)

34

p esa (1S), e seu to ta l pode se r e x tra íd o d ire ta m e n te do B alanço C onsolidado d as A u to rid ad e s M onetárias.

b . Colocação de Títulos Junto ao Público: R e p re se n ta o

saldo de operações cu ja n a tu re z a se a lte ro u ao longo do tem po. A n tes da criação do In s titu to d a co rreção in fla c io n á ria não exis­ tia m títu lo s de v a lo r re a ju stá v e l, n e m e ra possível a colocação de obrigações de longo prazo, em v irtu d e d a e le v a d a ta x a de inflação e do congelam ento da ta x a de ju ro s. E x istiam , con­ tudo, L e tra s do T esouro N acional, qu e e ra m colocadas p rin ci­ p alm e n te a bancos com erciais em su b stitu iç ão aos depósitos com ­ pulsórios. A tu a lm e n te a co n ta in c lu i a colocação de ORTNs e de L e tra s do T esouro q u e c o n stitu e m o in stru m e n to das ope­ rações de m ercad o ab erto .

c. Em préstim os do Banco do B rasil ao Setor Privado: In*

clui-se n e s ta co n ta o to ta l dos re cu rso s em p re stad o s ao setor p riv ad o n a s d u as c a rte ira s, a de C réd ito G e ral (G R E G E ) e a de C réd ito A grícola e In d u s tria l (C R E A I). A diciona-se ta m b ém o to ta l dos em p réstim o s a A u ta rq u ia s, u m a vez que n ão se está d ire ta m e n te in te re ssa d o n e s ta seção, ao to ta l d e em préstim os concedidos em sep arad o ao se to r priv ad o . P o r o u tro lado, ex- cluem -se desse to ta l as operações de fin an c iam e n to a café e p reço s m ínim os.

d . Redescontos: É u m a co n ta que ta m b é m engloba v árias

sub-contas. C ontém todo o saldo de red esco n to s de liquidez, laborando, todavia, em p rá tic a c o rre n te a u tilização desse in s­ tru m e n to com o fo rm a de d irecio n am en to do crédito, a tra v é s de u m a discrim inação, p o r p a r te do B anco C e n tral, d as taxas, em fu n ção da destinação dos em préstim os, com o em operações de refin an ciam e n to ru ra l, exportações, etc. R etiro u -se o saldo dos

(15) A tualm ente a despesa de caixa é co n tro lada pela Comissão de P ro ­ gram ação F in an ceira, in te g ra d a por m em bros dos M inistérios d a F a ­ zenda e do P lan ejam en to . As despesas de caixa do Tesouro não re ­ presentam , necessariam ente, geração de re n d a por p a rte do Governo. Depois de devidam ente orçadas, as despesas a in d a n ão estão au to ri­ zadas, o que som ente ocorre quando elas são empenhadas. Conse­ quentem ente, contratos de início de obras som ente podem ser reali­ zados quando ocorre o em penho d a despesa. O a to do empenho, por conseguinte, corresponde ao início do processo de geração de ren d a no sentido das C ontas N acionais. O a to de liberação d as despesas por p a rte do M inistério d a F azen d a ap en as g era o desembolso de caixa, e tem , eventualm ente, um a pressão m onetária.

(29)

35

R edescontos concedidos a café, que se englobam n a conta de operações de café.

e. P reços M ínim os: A b ran g e o saldo líquido das o p era­ ções de su sten tação de preços m ínim os. A fixação dos preços de su p o rte é p ro p o sta pela com issão de F in an ciam en to da P ro ­ dução, qu e é u m órgão do M inistério da A g ricu ltu ra, e cujos nív eis devem se r aprovados pelo Conselho M onetário. Toda a g erên cia dos fundos necessários p a ra a com pra de estoques ex w ced en tes é rea liza d a pelo p ró p rio B anco do B rasil d en tro dos te to s propostos e aprovados no Conselho M onetário.

f. O perações de Café: C om preende o Saldo líquido de operações sob a resp o n sab ilid ad e do M inistério da In d ú stria e C om ércio, ao q u a l se su b o rd in a o IBC (In stitu to B rasileiro do C afé).

A arrecad ação d eriv a da q u o ta de contribuição e das v en ­ das de café do IBC no e x terio r, en q u an to que as despesas são p ro v e n ie n tes de com pras de estoques, de redescontos e de créd ito concedido a essas operações.

g. R eserv as E stran g eira s L íquidas: é a conta que m os­ tr a o v a lo r em cruzeiros da com pra líq u id a (ou v en d a líquida) de m oeda e stra n g e ira d eriv ad a de um su p e ráv it (ou déficit) no B alanço de P agam entos. Seu saldo é influenciado não ape­ n as pelo déficit ou su p e rá v it em m oeda estra n g eira, como ta m b é m pela ta x a cam bial v ig e n te (16).

Todo u m conjunto de contas de m en o r v alo r foi om itido d a tabela. O Conselho M onetário pode p e rm itir ad ia n ta m e n ­ tos ao BN D E (Banco N acional do D esenvolvim ento Econômico) a fim de s u p rir fundos em certos tipos de operações, p o r exem ­ plo. D a m esm a form a, existem aplicações e recursos do r e ­ cen te P A S E P (P ro g ram a de A ssistência ao S erv id o r P ú ­ blico), etc.

(16) Os to tais dessa conta foram estim ados como se segue: a) tom a-se o valor das reservas em dólares publicadas m ensalm ente no In te rn a ­ tio n al F in an cial S tatistic. A série utilizada foi a de “foreign cu r­ ren cy ”, aqui denom inada R t ; calcularam -se os acréscimos m ensais dessa conta A R t’ m ultiplicando-se-os pela tax a cam bial vigente, Xt; e) esse produto fornece o fluxo em cruzeiros das reservas, fluxos es­ tes que efetivam ente exercem pressão m onetária. P a ra obter o saldo da conta ao longo do tempo, precisava-se apenas do saldo em um mês, tendo sido obtido no prim eiro trim estre de 1970, fornecido pelo D ep artam en to Econômico do Banco C entral.

(30)

36

F in a lm e n te é preciso m e n cio n a r qu e o C onselho M onetá­ rio pode c a p ta r recu rso s de q u a lq u e r u m a das in stitu içõ es do sistem a fin an ceiro n acio n al (l7) qu e a p re s e n ta r excesso de re ­ cursos sobre a capacidade de aplicações, ou, in v ersam en te, fo rn e ce r recu rso s a q u a lq u e r u m a delas. O in stru m e n to r e ­ servado p a ra este fim co rresp o n d e às O brigações R e aju stáv eis do Tesouro, dependendo, o b v iam en te, ap en as de u m a decisão do Conselho M onetário. D essa fo rm a enfatizam -se a flex ib ili­ dade co n stru íd a d e n tro do sistem a fin an c eiro e o au m en to dos g ra u s de lib e rd a d e p a ra o co n tro le da o fe rta m o n etária.

N a ta b e la IV a p resen ta -se a m e d id a em qu e cada aplica­ ção c o n trib u i p a ra a explicação da ta x a de crescim en to da base m o n e tária, e x p rim in d o ta x a s an u a is em fin a l de trim e stre .

H á alg u n s resu lta d o s b a s ta n te visíveis. P rim eiram en te , a té 1964 o elem en to d o m in a n te n a ex p an são m o n e tá ria con­ sistiu no déficit de caix a do T esouro N acional, secundado p e­ las expansões dos em p réstim o s ao se to r p riv ad o p o r p a rte do B anco do B rasil. V erifica-se que todas as contas incluídas n a ta b e la p ra tic a m e n te esgotam , a té esse período, a ta x a de crescim ento da base, som ente se co n statan d o no ite m “o u tras co n tas” re a lm e n te u m pequeno resíduo.

Isso co nfirm a o ponto de vista, já exposto p o r v á ria s vezes a n terio rm en te , m ed ian te o q u a l u m a das p rin c ip a is causas da expansão m o n e tá ria rep o u sa no “fin an c iam e n to in flac io n ário ” u tilizad o pelo G overno F ed eral. P ode-se o b se rv a r que, não obs­ ta n te fossem lançadas L e tra s do T esouro, seu efeito re su lto u re ­ la tiv a m e n te pequeno, não ex ercen d o q u a lq u e r co n tro le sobre a base. E v e n tu alm en te, a descoordenação e n tre o B anco do B rasil e a SUMOC, no qu e diz resp eito à p o lítica de aplicações do B anco do B rasil, pode te r configurado u m elem en to im p o rta n te p a ra a explicação do co m p o rtam en to da b ase m o n e tária.

De 1964 e m d ian te, dois fenôm enos se p assam a n o ta r. P r i­ m eira m en te, o im pacto e x p a n sio n ista do T esouro com eça a so­ f re r g ra d u a l declínio, de fo rm a que, ao fin a l do período, essa conta é resp o n sáv el p o r ap en as 1/5 d a ta x a de ex p an são da base. E m segundo lu g ar, as A u to rid ad e s M o n etárias com eçam a u ti­ liz a r a colocação de títu lo s ju n to ao público, com o u m a via

(17) Como o Banco N acional de H abitação (B N H ), a C aixa Econômica Federal (CEF), o P ro g ram a de In teg ração Social (P IS ), por exemplo.

(31)

T A B E L A IV

T A X A S A N U A IS (EM FIN A L DE TRIM ESTRE) DA VARIAÇAO DA BA SE E DE SU A S COM PONENTES P erío d o s B ase D eficit de C aix a do T esouro C oloca­ ção de T ítu lo s ju n to ao P ú b lico E m p ré sti­ m os do B anco do B rasil ao S e to r P riv a d o R ed es­ conto E xceto C afé P reço s M ínim os C onta C afé R eserv as E s tra n ­ g eiras líq u id as S aldo líq u id o da9 d e m a is c o n ta s 1962 I 0,451 0,317 -0,002 0,222 0,017 0.002 -0,027 0,078 -0,156 II 0,565 0,350 -0,002 0,227 0,014 0,007 -0,009 0,064 -0,085 III 0,648 0,379 -0,004 0,238 0,010 0,008 0,057 -0,008 -0,033 IV 0,626 0,391 -0,038 0,291 0.021 0,005 0,029 -0,049 -0,025 1963 I 0,687 0,462 -0,039 0,286 0,050 0,003 0,024 -0,003 -0,096 II 0.677 0.432 -0,054 0,301 0,042 0,011 0,003 -0,083 0,026 III 0,647 0,442 -0,083 0,252 0,044 0,012 -0,075 -0,049 0,103 IV 0,703 0,490 -0,056 0,210 0,015 0,011 -0,049 -0,015 0,087 1964 I 0,881 0,626 -0,061 0,265 0.021 0,006 -0,038 -0,040 0,102 TI 0,977 0,677 -0,015 0,308 0.042 0 -0,018 -0,012 -0,005 III 0,931 0,656 0,042 0,314 0,032 0,002 -0,009 0,057 -0,162 IV 0,887 0,423 0.029 0,316 0,060 0,004 -0,076 0,132 -0,017 1965 I 0,797 0,373 0,015 0,268 0,003 0,007 -0,066 0,214 -0,016 II 0,816 0,323 -0,016 0,208 -0,015 0,054 -0,072 0.275 0,059 III 0,819 0,244 -0.056 0,151 -0,007 0,108 -0,066 0,260 0,183 IV 0,675 0,184 -0,101 0.101 -0,015 0,079 0,042 0,212 0,174 1966 I 0,600 0,136 -0,124 0.099 0,016 0,064 0,039 -0,008 0,380 IT 0,458 0,101 -0,154 0,126 0,033 0,035 -0,009 -0,063 0,368 III 0,300 0,115 -0,131 0,121 0,041 0,013 -0,028 -0,084 0,253 IV 0,216 0,106 -0.094 0,155 0,031 -0,001 -0.0G6 -0,113 0,198 1967 I 0,274 0,194 -0,124 0,142 0.002 -0,005 -0,069 -0,012 0,147 IT 0,279 0,241 -0,088 0,121 -0,021 0,007 -0,060 -0,061 0,139 III 0.312 0,216 -0,132 0.145 -0.003 0,004 -0,018 -0,080 0,179 IV 0.264 0,198 -0,117 0,149 0.002 0,007 0,007 -0,082 0,099 1968 I 0,360 0,214 -0,064 0.186 0.016 0,008 -0,014 -0,027 0,041 I i 0,340 0,155 -0,026 0,224 0.021 0,009 -0,012 -0,022 -0,038 III 0,307 0,140 0,017 0.249 0.039 0,015 -0,035 0,013 -0,131 IV 0,435 0.149 -0,018 0,260 0,050 0,014 -0,072 0,024 0,029 1969 I 0,264 0,056 -0,017 0,210 C.062 0.011 -0,089 0,001 0,029 II 0,262 0,061 -0,119 0,215 0.051 0.004 -0,090 0,065 0,076 III 0,258 0,017 -0,183 0,200 0.036 0,003 -0,060 0.109 0,136 IV 0,267 0,064 -0,151 0,208 0,011 -0,001 -0,054 0,141 0,050 1970 I 0,208 0,035 -0,2?7 0,226 0,023 -0,006 -0,046 0,199 0,004 II 0,249 0,051 -0,187 0.234 0,004 0,022 0 0,198 -0,072 III 0,212 0,050 -0,154 0,207 0,018 0,030 -0,093 0,135 0,018 IV 0,183 0,055 -0,133 0,196 0,014 0,022 -0,074 0.110 0,006

(32)

38

e x tre m a m e n te efic ien te de co n tro le d a ex p an são da base m one­ tá ria , n eu tra liz a n d o v á ria s p ressõ es ex p a n sio n istas b a sta n te visíveis, a saber, as expansões d e e m p ré stim o s ao se to r priv ad o pelo Banco do B rasil, c u ja im p o rtâ n c ia n u n c a declinou efeti­ v am en te, e a e n tra d a de m oeda e stra n g e ira , p rin c ip a lm e n te depois de 1968.

É b a s ta n te v isív el o esforço de co n tro le do d éficit de caixa, q u e se inicia em 1965. É in e g áv el q u e a ta x a de expansão da b ase d e riv a d a do d éficit red u z-se su b stan cialm en te , m as nem p o r isso foi possível c o n te r a ex p an são d a base, m erc ê da signi­ fica tiv a elevação da e n tra d a de re se rv a s e stra n g eiras, no p erío ­ do. O que com efeito se v e rific a d u ra n te esse ano é u m a po­ lítica b a s ta n te co n tracio n ista da ex p an são dos ativ o s nacionais líquidos, com a fru stra ç ã o do co n tro le da base m o tiv ad a pela g ra n d e e n tra d a de recu rso s ex tern o s, o que d esem penhou o p a­ p el de e le v a r em c a rá te r su b sta n cia l as re se rv a s internacionais, m as ta m b é m de e x p a n d ir a b ase acim a da m e ta desejada.

No início de 1965 o G overno p u b lico u a In stru ç ã o 289 do Banco C e n tral, pela q u al p e rm ita operações fin an c eiras en tre firm a s sediadas no B rasil e firm as e stra n g eiras, g aran tin d o a com pra da m oeda e s tra n g e ira e a c o b e rtu ra cam b ial no m om en­ to da liquidação da operação. A briu-se, dessa form a, u m a v álv u ­ la p a ra operações fin an ceiras de c u rto prazo e n tre firm as. No m om ento em que se desvalorizou o câm bio, in stalan d o -se a cer­ teza de p ersistên c ia da nova ta x a p o r u m período re la tiv a m e n te longo, e no m om ento em que as A u to rid ad e s M o n etárias con- tra ira m a ta x a de expansão dos ativos nacionais líquidos com­ p o n en tes da base, tornou-se claro qu e se d e v e ria re g is tra r um a e n tra d a su b stan cial de reserv as.

A p ersistên cia da inflação ao lado da ta x a cam b ial fix a a b ri­ ga, contudo, efeitos b a s ta n te conhecidos. T ran sco rrid o algum tem po, as p arid ad es de preços in te rn o s e in te rn a c io n a is alte- ram -se p ela valorização im p lícita da ta x a d e riv a d a do processo inflacio n ário in tern o . G eneraliza-se a convicção de que a ta x a cam b ial não p o d erá p erm a n e ce r p o r u m período m ais longo ao n ív e l em que se en co n tra, e am p lia-se o risco de que, n a liquidação da operação fin an c eira c o n tra ta d a , te n h a de se r paga a nova tax a, o que elev a os ju ro s da operação. D esse modo, p a ten te ia-se u m a ten d ên cia n a tu r a l p a ra a a lte rn â n c ia de e n ­ tra d a s e saídas de re se rv a s estra n g e ira s, flu tu a n d o a liquidez in te rn a c io n a l do país e provocando ondas de ex p an são e con­ traç ão de o fe rta m o n etária.

(33)

39

O rev erso de 1965 ocorreu em 1966, verificando-se ao lado d a co n tração da ta x a de expansão dos ativos nacionais líquidos, u m a co n tração da b ase m o n e tá ria d eriv a d a da q u ed a do n ív e l d as re se rv a s in tern a cio n a is líquidas. A contração da ta x a de e x p an são d a b ase foi en tão b a s ta n te substancial. C onstatam -se em 1966 evidências b a s ta n te claras de u m a política visando de­ lib e ra d a m e n te u m a vigorosa contração da ta x a de expansão m o n e tá ria , o que se pode in fe rir c laram e n te a p a r tir de v ário s in d icad o res: a) a colocação de títu lo s de v alo r re a ju s tá v e l ju n ­ to ao público foi substancial, p o r si só te ria sido responsável p o r u m a co n tração de 10 a 15% n a base m o n etária; b) a e x ­ p an são do d éficit de caixa do T esouro foi contida a 1/3 do que o fo ra no ano an te rio r; c) a expansão dos em p réstim o s do B an ­ co do B rasil ao S eto r p riv ad o perm an eceu ap ro x im ad am e n te no m esm o n ív e l a n te rio r, porém , tom ando em consideração a saída de rese rv a s e o fato de que se ligavam a operações de créd ito , isso re p re se n to u u m a red u ção b a sta n te sensível d a o fer­ ta de créd ito ao seto r privado.

D u ra n te o ano de 1967 a expansão m o n e tária se elevou, m a s esse crescim ento não decorre u n icam en te do com p o rta­ m e n to da base, m as ta m b ém do m u ltip licad o r de m eios de p ag am en to , a tra v é s de u m afro u x am en to n a ta x a de reco lh i­ m e n to com pulsório. Do ponto de v ista da base, a m aio r e x ­ p an são d eriv o u do déficit de caixa do tesouro, m as em função de u m a d ilatação no prazo de recolhim ento dos im postos, o q u e se a c re d ita v a p ro v o caria u m a redução da d em anda de em p réstim o s bancários, ao se colocar n as m ãos das em presas u m a su b stan cial som a de recu rso s a u m a ta x a de ju ro s nula.

De 1968 em d ian te, esboçam -se j á as lin h as gerais da polí­ tic a m o n e tá ria em v ig o r a té hoje. A fim de elim in ar as e n ­ trad a s e saídas de rese rv a s estran g eiras, adotou-se a política d e re a ju sta m e n to cam b ial em d eg rau s curtos. Como a ta x a de ju ro s in te rn a p ersistiu d u ra n te todo o período acim a da ta x a de ju ro s in te rn a c io n a l (V er M artone (1972)), co n tin u a­ ra m a se e fe tu a r operações fin an ceiras in te rn a c io n a is(18), o

<18) A tualm ente as operações diferem d a sistem ática da Instru ção 289, sendo reg u lam en tad as pela Instrução 63 do Banco C en tral e pela Lei 4131. U m Banco é sem pre o interveniente n a operação, o que ten d e a generalizar o acesso a essas fontes de fundos, relativam ente lim itado no caso da In stru ção 289. D a m esm a form a, o B anco C en­ tra l tem regulam entado os prazos dessas operações, atualm ente, n a sua m aioria, superiores a 5 anos, o que estabiliza sensivelm ente o com portam ento do fluxo de reservas.

Referências

Documentos relacionados

Dentre os atos possíveis ao Ministério Público está a oitiva de testemunhas, contudo, não há previsão na Lei da Ação Civil Pública sobre o falso

A delegação acima transfere para o CISAB-RC o exercício das atividades de regulação e fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico, inclusive as competências

praecisione materiae designatae, quae est principium individuationis, sic se habebit per modum partis. Et hoc modo significa- tur nomine humanitatis; humanitas enim

13 Cf.. Porém, não se pode dizer que apenas um ou outro desses compostos é que é a essência. De facto, que a matéria sozinha não seja a essência de uma coisa é evi- dente, pois

Tabela 25 – Comparação do rendimento estimado e medido dos conversores elevadores de tensão Conversor Meia-ponte isolado alimentado em corrente Figura 3 Meia-ponte isolado alimentado

Será que Caraguatatuba tem virtudes, como cidade, que São José não tem.. Governo Federal desmente boato

Embora a solução seja bastante interessante como parte de uma política pública relacionada ao gerenciamento de dados de saúde dos usuários do sistema, esse

Para um melhor entendimento da doença, foram estudados 53 animais num período compreendido entre janeiro de 2008 e outubro de 2012 e uma diversidade de informações