Troféu Transparência 2015
Tema
Essência
e
forma
nos
contratos
jurídicos e o CPC 00.
Roberto Perez Fragoso Diretor Anefac
Objetivo
Utilização dos elementos da metafísica realista para
entendimento da substância econômica do negocio jurídico.
Conceitos-chave:
Ente;
Essência: forma e matéria;
Ser;
Substância e acidentes;
Causa;
Justificativa do trabalho
Afastamento entre o direito, contabilidade a e a
filosofia: O contrato é um ente real.
O real reduz o nível de erro, pois diminui a
subjetividade;
Nosso sistema positivo trabalha com elementos
da metafísica, sem determiná-los: causa,
Exemplo:
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos
Objeto de estudo da metafísica realista:
Estudo do ente real (aquilo que é):
Sua essência e seu ser;
Sua substância e os acidentes;
O ente de razão não possui essência; Apenas
fruto do intelecto. Risco do subjetivismo de outras
escolas!
Ente:
Diz-se de duas formas:
1. Verdade das proposições: qualquer coisa pode
ser dita dela; ex: sereia.
2. Pelos dez gêneros: somente pode ser o ente real.
• Substância;
• 9 acidentes.
Ente real:
Ponto de partida da indagação metafísica;
É o que é, o que existe, o que é real;
Parto do complexo que é fácil para conhecer o mais
simples, que é mais difícil.
Seus princípios fundamentais são:
• Essência: matéria e forma;
• Ser: ato.
É o todo, a unidade, o real onde estão reunidos todos os seus
elementos. Ex. Sujeito: Composto de matéria , forma e ato.
Ente real
Substância
• É ela em si mesma;
• É o modo de ser primário. Seu núcleo;
• É influenciada por seus acidentes;
• 2 aspectos fundamentais:
– É o sujeito onde os acidentes se assinalam;
– É o subsistente – ela em si mesma. Ex. um cachorro; • É onde a relação se dá,
determinando seu conteúdo fundamental;
Acidentes
• São realidades que se assinalam na substância;
• São o que de primeiro se observa: cor, tamanho;
• Se se alteram, nada muda na substância;
• Perfeição secundária e mutável; • Predicados do ente.
• Alguns são imprescindíveis – ex. inteligência.
x
Simples e
Substâncias e Acidentes:
Substância: é em si mesma - um homem;
Acidentes: são na substância
-Qualidade: é bom; Quantidade: é alto;
Relação: é filho de Paulo; Lugar: está na sala;
Posição: está na sala; Posse; tem papel e
caneta; Tempo: chegou às 7:00; Ação: está
escrevendo; Paixão: tem sede.
Qualidadessurgem da essência e fazem
que sejam de tal modo – cor,
Essência – o que é?
Faz com que a substância tenha
um modo de ser determinado;
É um princípio fundamental do
ente, junto com o ser;
Formada por dois princípios.
Composto:
• Matéria; • Forma.
Refere sempre a uma realidade
concreta;
Essência – o que é?
Conheço por abstração do ente;
Ao conhecer os entes, é a sua
essência
que
nos
permite
agrupálos em gênero e espécie
-lógica;
É aquilo que faz com que aquela
coisa seja o que ela é, sem ser a
própria coisa;
É o conteúdo de realidade da
coisa, o que torna esse ente e
não outro.
Matéria:
Matéria é potência pura, pois não é nada sem
a forma;
A matéria tem sua determinação na forma;
A matéria não existe sem a forma, pois seu
grau de perfeição não permite que esta
subsista sozinha.
Forma – como é?
O mais importante elemento da essência, pois a matéria se mostra pela forma;
Dá unidade à matéria. O ato quebra a indeterminação da matéria;
• O que não pertence a coisa, está
fora da forma.
Configura o ente como tal e não de outra forma:
• corpo humano, organismo de uma planta, matéria mineral;
• Não há forma humana e matéria
Forma – Como é?
Perfeição ou certeza de cada
coisa;
Conhecemos o ente pela sua
forma;
A forma atualiza a matéria;
A forma chega à matéria
para
a
constituição
da
Ser É ato:
Princípio fundamental que faz que todas as criaturas
sejam entes. Que a coisa seja o que é;
É a manifestação do ente;
Uma pedra é um ente tanto quanto o homem, pois
ambos têm o ser;
A forma e a matéria são a essência, porque
pressupõem um ato de ser.
Causa – o porquê; o fim último:
Só se conhece algo profundamente ao
conhecer suas causas.
Ex. Febre é consequência e não causa.
Causa em seu telos:
a causalidade da causa,
seu ponto de partida.
É aquilo em vista do que algo é feito e de forma última, e não de forma acidental, fortuita, mesmo materializado:
Ex: Prêmio Nobel, tesouro, prejuízo à terceiros.
A causa é anterior à consequência, mas é por meio desta última que conhecemos a primeira.
O resultado é mais fácil
enquanto que a causa mais difícil.
A causa é simples donde a consequência
é complexa.
Vontade:
A causa do ato de uma ou mais pessoas.
Capacidade legítima e livre para atuar;
É pela verificação da causa, essência e ser que
desvelamos a vontade.
Sentido das leis:
Essencial: “é assim”;
Direito positivo: “será desde
este momento assim”;
Direito natural – deve ser
assim.
Natureza do negócio jurídico:
Antes de mais nada o negócio é;
Complexo ;
Real.
Relevância social: Os contornos do negócio sejam
determinados pelo legislador;
Busca evitar o prejuízo do terceiro de boa-fé.
Causa é a busca da mudança no estado de coisas.
por constituir, modificar ou extinguir relações:
Natureza do negócio jurídico:
É uno, indivisível e não múltiplo;
• Negócio jurídico único com pluralidade de declarações, e • Multiplicidade de negócios, ligados numa situação complexa;
Composto de substância e acidentes;
• A demarcação da substância denota a sua função econômico-social;
• Os acidentes são removíveis sem descaracterizá-lo.
É a partir das consequências que conhecemos as causas;
A forma utilizada deve estar alinhada com a matéria objeto
do negócio.
Negócio Jurídico – Ente real:
Essência: o que é? O modo de ser do contrato. Vontade e autonomia das partes.
• Compra e venda: transmissão onerosa da propriedade;
• Locação: transmissão onerosa da posse;
• Formação de sociedades: participação de sócios em negócio comum.
Forma – Como é?:
• O tipo do contrato utilizado, que delimita a matéria; • Manifestação da vontade de contratar;
• A vontade é ato interno e precisa ser materializada por uma forma conhecível; • Uma finalidade pré-determinada, pois que é sua função natural;
Matéria: objeto do contrato, que se atualiza pela forma;
Causa: Porque é? As razões pelas quais foi firmado o contrato.
• Pelas consequências conhecemos as causas.
• A reserva mental não é atingível.
Limitação da vontade:
Boa fé;
Dignidade humana;
Substância econômica do contrato:
Elementos:
• Substância: a realidade subsistente;
• Essência: Modo de ser. Sua função típica que altera
uma realidade pelo seu resultado natural;
– Forma: o contrato materializado; – Matéria: o objeto determinado.
• Causa: Direção para um fim, imposta pela vontade
livre das partes;
• Vontade Razão e causa típica da autonomia de
vontades;
• Ser: relação existente.
CPC_00_R1 Características qualitativas
da informação:
• Materialidade
-• QC11. A informação é material se a sua omissão
ou sua divulgação distorcida (misstating) puder
influenciar decisões que os usuários tomam;
• QC12(...) Para ser representação perfeitamente
fidedigna, a realidade retratada precisa ter três
atributos. Ela tem que ser completa, neutra e
livre de erro.
Elementos essenciais do Balanço
Patrimonial:
ativo é um recurso controlado pela entidade
como resultado de eventos passados e do qual
se espera que fluam futuros benefícios
econômicos para a entidade;
passivo é uma obrigação presente da entidade,
derivada de eventos passados, cuja liquidação se
espera que resulte na saída de recursos da
entidade capazes de gerar benefícios
econômicos;
Características essenciais:
• 4.6. Ao avaliar se um item se enquadra na
definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido,
deve-se atentar para a sua essência subjacente e
realidade econômica e não apenas para sua
forma legal.
– Ex: arrendamento mercantil financeiro – ativo.
• o arrendatário adquire os benefícios econômicos do uso do ativo arrendado pela maior parte da sua vida útil; CPC00
• Aceita pagar por esse direito valor próximo do valor justo do ativo e o respectivo encargo financeiro. CPC00
• todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade legal são transferidos pelo arrendador . CPC 06.
Elementos essenciais - passivo:
• Entidade tenha uma obrigação presente;
– Obrigação legal;
– Práticas usuais de negócio;
– Usos e costumes;
– Desejo de manter boas relações comerciais.
• Significativo grau de estimativa – provisão.
Elementos essenciais - DRE:
Receitas aumentos nos benefícios econômicos durante o período
contábil, por
• entrada de recursos; • aumento de ativos;
• diminuição de passivos,
despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o
período contábil, por:
• saída de recursos; • redução de ativos;
• assunção de passivos,
Vícios do negócio jurídico:
O uso anormal do tipo de contrato ou desrespeito
à lei ocorre de diversos modos:
1. Incongruência entre causa e finalidade; 2. Desrespeito à forma determinada;
3. Falta de unicidade na relação jurídica.
Exemplos utilizados:
1. Fraude a lei;2. Simulação;
3. Negócio indireto.
Fraude a lei:
Erro quanto a causa - proibição expressa que é contornada
por uso de outros expedientes
• Uso de uma norma ou conjunto de normas cujo resultado natural é estranho para atingir resultado proibido;
• Ponto de apoio: o teor literal da norma.
EX. DOAÇÃO INDIRETA PARA CONCUBINA FEITA POR MEIO DE VENDA E POSTERIOR DOAÇÃO.
Simulação:
Incongruência entre a finalidade típica e o resultado
que se busca atingir:
1. Relativa: Há o aparente e o real que é o dissimulado o
que representa vontade.
• Ex : uso de estruturas societárias complexas para evitar o
pagamento de tributos.
2. Absoluta: Fim distinto daquele que é da causa, sua
essência, mas a forma utilizada não é proibida.
• Ex : venda de bens para terceiros sem justificativa plausível, mas de fato buscava prejuízo a credores.